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Arte do Crochê em Inconfidentes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULA ANDREA CINTRA PRADO LIMA 
 
 
 
 
 
 AS ARTES VISUAIS COMO PRODUÇÃO CULTURAL E HISTÓRICA: A 
ARTE DO CROCHÊ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INCONFIDENTES 
2023
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
PAULA ANDREA CINTRA PRADO LIMA 
 
 
 
 
 
 AS ARTES VISUAIS COMO PRODUÇÃO CULTURAL E HISTÓRICA: A 
ARTE DO CROCHÊ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INCONFIDENTES 
2023 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado como requisito parcial à 
obtenção do título de 2ª LICENCIATURA 
EM ARTES VISUAIS. 
 
 
 
 
 
 
 AS ARTES VISUAIS COMO PRODUÇÃO CULTURAL E HISTÓRICA: A 
ARTE DO CROCHÊ 
 
Paula Andrea Cintra Prado Lima1, 
 
 
Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo 
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou 
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente 
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por 
mim realizadas para fins de produção deste trabalho. 
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e 
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos 
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
 
 
RESUMO- O crochê é obra de arte produzida manualmente e utilizada como decoração, vestuário, 
brinquedos. De origem incerta, o crochê é uma técnica produzida, inicialmente com as mãos para 
confecção de redes de pesca, sendo mais tarde aprimorada com a utilização de agulhas compridas 
terminadas por gancho, para fabricação de diversos objetos. O presente trabalho pretende apresentar as 
técnicas desse artesanato com seus materiais e fins, bem como apresentar a cidade de Inconfidentes 
localizada no sul de Minas Gerais, considerada a capital nacional do crochê. O crochê, que para muitos 
pode ser considerado apenas um artesanato, para algumas famílias dessa cidade é considerado um 
meio de vida. Na cidade há, na rua principal, um corredor de árvores decoradas com crochê, além de, a 
partir de 2021, contar com o Natal em crochê e também um festival intitulado “Crochemalhas” que, neste 
ano está em sua 15ª edição. A cidade também possui uma associação denominada MOCA (Mulheres 
Organizadas Crochetando Autonomia) na qual 50% das crocheteiras são provedoras do seu lar. 
Finalizando, em 2018 foi decretado a lei ordinária nº 22896 declarando o modo de fazer o crochê em 
Inconfidentes como patrimônio cultural. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Crochê. Inconfidentes. Cultura. Arte. Artesanato. (3 a 5 palavras, separadas e 
terminadas por ponto). 
 
 
 
 
 
1 paula.cintraplima@gmail.com 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente artigo irá abordar a temática das artes visuais, especificamente o 
crochê, artesanato apreciado por meio da visão. Trata-se de uma arte datada da 
antiguidade, passada de geração a geração. A história das agulhas também é 
comentada, pois, levando em consideração o longo percurso dessa forma artística, há 
de se concluir que elas, as agulhas, precisaram evoluir. 
A origem do crochê ainda é incerta, de acordo com Marcela Novaes (2020), mas 
o município de Inconfidentes, cidade situada no sul das Minas Gerais, é considerada a 
capital nacional do crochê. Com uma população de estimada em 7.358 habitantes, 
Inconfidentes possui o crochê como ponto forte em seu artesanato, meio de vida e 
cultura. Essa arte, que, para muitos, pode parecer simples, é rica em detalhes e 
delicadeza e, em Inconfidentes, muito difundida e praticada. 
O crochê pode ser considerado como um trabalho, serviço alternativo com 
geração de renda extra para muitas famílias, entretanto, nesta cidade, essa arte pode 
ser considerada um meio de vida para muitos profissionais. A cidade promove vários 
eventos no qual essa técnica é altamente utilizada, como o “Crochê Malhas”, o “Natal 
em Crochê”, árvores decoradas com crochê, entre outros. 
A cidade apoia de maneira prioritária a arte do crochê, com decretos; processos 
de credenciamento de artesãs para festividades; prestação de serviço de instrutor de 
artesanato em crochê; além de leis e editais sobre decorações em crochê. 
O objetivo dessa pesquisa é estabelecer a técnica do crochê como uma 
ferramenta essencial para o resgate histórico e cultural. Como objetivos específicos 
pode-se apresentar a história da técnica de crochê, bem como ilustrar com técnicas e 
objetos utilizados nessa arte; mostrar as relações entre a técnica do crochê e a 
economia da população local do município de Inconfidentes, Minas Gerais; apresentar e 
divulgar o artesanato como resgate até os dias atuais. 
Inconfidentes, cidade sul-mineira possui basicamente economia agropecuária, 
entretanto as técnica e obras de crochê têm relevância para o sustento e economia 
desse município. 
 
 
 
 
Como metodologia, foram aplicadas as pesquisas bibliográficas e de campo com 
o contato com produtores de artigos de crochê, funcionários da Prefeitura de 
Inconfidentes responsáveis pela cultura, turismo e economia da cidade. 
O presente trabalho apresentará um histórico da arte do crochê com os materiais 
utilizados e as técnicas mais marcantes até os dias atuais. Após essa etapa a arte do 
crochê na cidade, considerada capital nacional do crochê, o município de Inconfidentes 
no sul de Minas Gerais. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
O crochê é uma arte considerada por muitos por popular, entretanto pelo lado 
das Artes Visuais é algo que pode ter outras considerações. De acordo com o dicionário 
brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, o crochê é um artesanato manual realizado 
com agulhas que terminam em ganchos, as quais tecem linhas em forma de rendas ou 
malhas. Dizem que seu início era apenas para vestuário masculino, realizado somente 
pelas mãos e fios e usados para caça e pesca. 
O crochê, assim como qualquer forma de artesanato, transmite ideias, paixões, 
sentimentos de pessoas e suas comunidades. Assim, o artesanato não se trata de 
enfeites, objetos, ferramentas, mas também formas de comunicar suas inspirações, 
ideais, sua fé. Baudrillard destaca: 
 
Admitamos que nossos objetos cotidianos sejam, com efeito, os objetos 
de uma paixão, a da propriedade privada, cujo investimento afetivo não fica 
atrás em nada àquele das paixões humanas. [...] os objetos nesse sentido são, 
fora da prática que deles temos, num dado momento, algo diverso, 
profundamente relacionado com o indivíduo, não unicamente um corpo material 
que resiste, mas uma cerca mental onde reino, algo de que sou o sentido, uma 
propriedade, uma paixão (BAUDRILLARD, 2000, p. 93-94). 
 
 
 
 
 
2.1 ORIGEM DA ARTE DE CROCHETAR 
De acordo com Marcela Novaes, redatora da Escola de Artes Manuais, a origem 
do crochê ainda é incerta. Há quem diga que essa arte teve início na pré-história e 
outros que acreditam que iniciou em 1.500 a.C. Entretanto, o crochê conhecido 
atualmente teve início no século XVI e outras teorias sobre a localização indo da Arábia 
até a China, passando pela América do Sul. Em seguida, espalhou-se pelo mundo por 
volta do século XIX. 
O considerado primeiro livro de receitas foi elaborado pela francesa Riego de La 
Branchardière que resolveu desenhar inúmeros padrões posteriormente publicados em 
mais de 100 livros com o intuito de propagar a técnica. Foi então que surgiu o “crochê 
no ar” o qual era realizado em um “tambour”, como se faz um bordado. (fig.1) 
 
Figura 1 - Francesa Riego de La Branchardière 
 
 
Fonte: História do crochê: da origem à atualidade (2020) 
 
Por serem produzidos por pessoas mais humildes, essa técnica acabousendo 
desvalorizada até o momento em que a rainha da Inglaterra, rainha Vitória, comprou 
peças e começou a reproduzi-las, elevando o crochê a patamares mais altos. Com a 
Revolução Francesa, as elites da nobreza passaram a crochetar como forma de 
passatempo. 
 
 
 
 
Essa arte foi muito difundida na Irlanda devido ao Período da Grande Fome, 
decorrente da impossibilidade de plantio, levando a população a buscar outras formas 
de sobrevivência. 
O trabalho com o crochê ao longo das décadas sofreu mudanças e seguiu 
tendências. Com o objetivo de vendas os artesãos buscam oferecer ao público-alvo 
produtos autênticos e atuais, mesclando materiais variados com técnicas antigas. 
Segundo Canclini: 
 
Sabemos que para que ocorram mudanças na produção e na circulação 
devem ter atualizações correlatas na esfera do consumo. O crescimento da 
produção artesanal depende de um novo tipo de demanda motivada pela 
avidez turística, pelo pitoresco, por um certo nacionalismo que é mais 
simbólico do que efetivo e pela necessidade de se renovar, oferecendo 
variação e rusticidade dentro da padronização industrial. (CANCLINI, 1982, 
p.100) 
 
Pode-se resumir que o crochê, como é hoje conhecido, teve início na Inglaterra, 
com nome de origem francesa (crochê significa gancho) e popularização na Irlanda, 
independentemente de sua origem, o crochê é uma arte manual transmitida, 
geralmente, de geração em geração. 
 
2.2 AGULHAS 
Tratando-se de arte antiga de, mais ou menos, 1.500 a.C., as agulhas iniciais 
eram rudimentares, sendo as primeiras peças sendo produzidas entrelaçando linhas 
com as próprias mãos. Mas segundo Marcela Novaes (2020), as agulhas existentes na 
antiguidade eram feitas de ossos e madeira. 
Com o passar dos anos, devido à modernidade tecnológica, foram surgindo 
outras formas de agulhas, até mesmo com pontas removíveis, fabricadas com outros 
materiais, como aço, bambu, alumínio, acrílico e seus formatos também diferenciaram e 
há modelos inclusive com cabo ergonômico. (fig.2) 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Modelos de agulhas de crochê 
 
Fonte: História do crochê: da origem à atualidade (2020) 
 
2.3 TÉCNICAS MARCANTES 
Devido a sua longa história, há de convir que diversas técnicas foram criadas, 
aperfeiçoadas e utilizadas até os dias atuais. Como primeira técnica temos o crochê 
grampo: uma espécie de trançado com pontos mais leves e soltos, usado para 
confecção de vestimentas. Em seguida, podemos mencionar o “Granny square”, ou os 
famosos quadradinhos da vovó. Essa técnica era utilizada para produzir colchas, 
almofadas e objetos de decoração, entretanto, com o movimento hippie, começou a ser 
usada para fabricação de peças de roupas. Atualmente, essa técnica voltou à moda e é 
muito produzida em Inconfidentes, cidade no sul de Minas Gerais cujo artesanato de 
crochê é seu forte. 
Outro estilo de crochê é o Clothesline no qual os pontos são trabalhados com 
fios mais grossos para confecção de cestas, tapetes e enfeites de parede. O crochê 
Bruges é conhecido por suas semelhanças às rendas, produzido com fios mais finos e 
usados como enfeites em roupas, caminhos de mesa e xales intrincados. 
Há também o crochê tunisiano o qual combina técnicas de crochê e tricô, a 
agulha é mais longa e a crocheteira trabalha com vários pontos ao mesmo tempo na 
agulha. Finalizando com a técnica mais atual e consequentemente mais famosa, tem-se 
o crochê amigurumi. Essa técnica surgiu no Japão e permite a criação de peças 
tridimensionais para confecção de bonecos variados (fig. 3) 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Pinguins em amigurumi 
 
Fonte: https://www.vivadecora.com.br/ (2023) 
 
3 O CROCHÊ NO BRASIL 
Quando se fala em artesanato, há uma imensa gama de técnicas e formas, como 
por exemplo: tricô, cerâmica, cartonagem, bordado, entre outras. O crochê é uma delas 
e de acordo com a Base Conceitual do Artesanato Brasileiro, o crochê é: 
 
Técnica desenvolvida com o auxílio de agulha especial terminada em gancho e 
que produz um trançado semelhante a trama de uma renda. Os trabalhos 
podem ser realizados com fios ou outros materiais, com mínimo de 50 por cento 
da técnica aplicada na peça a ser executada. É usada na confecção de 
vestuário, mantas, tapetes e acessórios artesanais. (BRASIL, Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 2012, p. 41) 
 
O artesanato no Brasil é uma combinação de lugares, povos e suas culturas. 
Para o SEBRAE: 
 
 
 
 
 
A relevância do artesanato também se dá na medida em que se apresenta 
como contrapartida à massificação e uniformização de produtos globalizados, 
promovendo o resgate cultural e o fortalecimento da identidade regional. 
Com um custo de investimento relativamente baixo, o setor artesanal utiliza, em 
grande parte das categorias existentes, matéria-prima natural; promove a 
inserção da mulher e do adolescente em atividades produtivas; estimula a 
prática do associativismo e fixa o artesão rural no seu local de origem, evitando 
o crescimento desordenado dos centros urbanos. 
Além disso, a característica de ocupar mão de obra sem qualificação formal, 
onde muitas pessoas buscam um meio alternativo de sobrevivência, 
especialmente em comunidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), dá ao setor um papel estratégico para a diminuição da desigualdade 
social no país. (SEBRAE, 2010, p.08) 
 
 
3.1 O CROCHÊ EM INCONFIDENTES, A “CAPITAL NACIONAL DO CROCHÊ” 
Inconfidentes, cidade mineira localizada no sul das Minas Gerais, tendo como 
vizinhos os municípios de Ouro Fino, Bueno Brandão, Tocos do Moji, Pinhalzinho dos 
Góes. De acordo com o censo de 2022, a cidade conta com aproximadamente 7.000 
pessoas e densidade demográfica em torno de 40 habitantes por quilômetro quadrado 
em uma área territorial de 149,611 km². 
Em se tratando de cidade interiorana, sua economia é basicamente agrícola, 
porém o turismo ecológico e religioso também oferece muita contribuição. A cidade faz 
parte do famoso “Caminho da fé”. Além desse, há outros como: “Caminhe de Nhá 
Chica”; “Caminho Graças e Prosas”; “Caminho das Capelas” e “Caminho da Prece. 
Por esse motivo, Inconfidentes atrai muitos turistas que aproveitam seus tempos 
livres para apreciar a cidade com suas árvores forradas de crochê, que, de acordo com 
o jornal Terra do Mandu (2021), as árvores dos canteiros centrais estão forradas de 
crochê desde 2014, bem como lojas e feiras repletas de produtos desse artesanato. A 
decoração dica a cargo de empresas de comércio locais que “adotam” árvores e cuidam 
da decoração (fig.4). 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Árvores dos canteiros centrais de Inconfidentes 
 
Fotos: Jornal “Terra do Mandu” (2021) 
 
Desde o ano de 2021, a cidade faz toda a decoração de Natal com objetos de 
crochê, desde grandes árvores de Natal como outras peças de adorno da casa do 
Papai Noel, enfeites no coreto da praça Tiradentes (fig. 5). 
 
Figura 5 – Enfeites natalinos de 2022. 
 
 
 
Foto: Instagram Visite Inconfidentes (2022) 
 
 
 
 
 
Inconfidentes; graças a um Projeto de Lei nº 5.105/2023 no Congresso Nacional 
pedido pelo vereador de Ouro Fino, Paulo Henrique Chiste, ao senador Carlos Viana 
(Podemos-MG); está a caminho de se tornar a Capital Nacional do Crochê. 
No que se refere à legislação, o modo de fazer crochê em Inconfidentes foi 
decretado, através da Lei Ordinária Nº 22896, de 11 de janeiro de 2018, como 
patrimônio cultural do estado: 
 
Art.1º Fica declarado patrimônio cultural do Estado o modo de fazer crochê do 
Município de Inconfidentes; 
Art.2º Compete ao Poder Executivo a adoção das medidas cabíveis para o 
registro do bem cultural de que trata esta lei, nos termos da legislação em vigor. 
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. (MINAS GERAIS, 
2018, p.1) 
 
Inconfidentes, além das crocheteiras que produzem peças para suas lojas ou 
para os lojistas há também um grupo intituladoMOCA (Mulheres Organizadas 
Crochetando Autonomia). Legalmente aberta em 18 de setembro de 2023, situada à rua 
Sargento Mor Toledo Piza, 178 e número de CNPJ 52.223.226/0001-55, esse grupo 
visa dar oportunidade a mulheres que, muitas vezes, sustentam sua família com artigos 
confeccionados em crochê. DANTAS, Caroline Silva, em sua dissertação “Mulheres, 
crochê e desenvolvimento local: um olhar para a sustentabilidade da vida”, afirma: 
 
Das mulheres que compõem o grupo MOÇA, 50% delas são provedoras do lar, 
41% delas têm como única atividade de geração de renda o crochê, uma possui 
emprego formal e 50% restantes conciliam o crochê com outra prática informal 
(cuidadora, faxineira ou venda de produtos diversos). Das 12 participantes, 
apenas duas delas têm filhos menores de 10 anos de idade, as demais 
possuem filhos adultos, e apenas uma crocheteira tem uma filha que seguiu o 
ofício, ou seja, que também trabalha com o crochê atualmente. Uma delas é 
negra e as demais brancas, 41,67% (cinco) delas possuem renda familiar 
menor ou igual a meio salário mínimo, 41,67% (cinco) possuem até dois 
salários mínimos, 8,33% (uma) possui renda de um salário e 8,33% (uma) 
possui renda familiar maior que dois salários mínimos. Apenas uma delas 
 
 
 
 
estudou até o ensino médio, uma não foi alfabetizada e as demais estudaram 
até o ensino fundamental, completo ou incompleto. (DANTAS, 2022, p.59) 
 
No ano de 2023, a famosa feira de crochê e malhas da região voltou a ser 
realizada na cidade, a “15ª edição da Crochemalhas”, promovida entre os dias 07 a 11 
de junho. O evento contou com a presença de artistas famosos como Toni Garrido e 
Vanessa da Mata, além de desfiles de modas em crochê e malhas e estandes com 
produtos de artesanato em crochê, malha, teares e peças de artesanato (fig. 6). 
 
Figura 6 - 15ª edição da Crochemalhas 
 
 
Foto: Prefeitura de Inconfidentes (2023) 
 
Esse ano de 2023, a comemoração com enfeites natalinos confeccionados em 
crochê voltou com algumas novidades. Além da árvore em frente à igreja, há também 
árvores menores iluminadas e a casa do Papai Noel recebeu novos enfeites. (fig. 7) 
 
Figura 7 – Natal de 2023 
 
 
 
 
 
Foto: Fonte própria (2023). 
 
Inconfidentes, além de tudo o que foi comentado, apresenta um rico turismo rural 
que deveria ser apreciado, vale a pena conhecer. 
4 CONCLUSÃO 
A técnica do crochê é algo maior do que se imaginava, por sua história antiga, 
suas agulhas e suas técnicas variadas. Passada de geração em geração, o crochê 
pode ser considerado um ramo das Artes Visuais por se tratar de artesanato apreciado 
por meio da visão. 
De origem incerta, constatou-se que pode datar de 1.500 a. C. com técnicas pré-
históricas de confecção de redes de pesca crochetadas com as mãos. Em sua história, 
o crochê nem sempre foi visto apenas como uma renda extra, como foi observado no 
Período da Grande Fome, na Irlanda. 
O mesmo ocorre em Inconfidentes que conta com uma associação de mulheres 
que produzem suas peças de crochê para sustento de suas famílias. A cidade 
apresenta diversas lojas desse artesanato, bem como estabelecimentos para adquirir 
matéria-prima (fios, agulhas). 
Com esse trabalho foi estabelecida a técnica do crochê como resgate cultural e 
histórico, além da apresentação das técnicas do crochê e sua relação com a economia 
da população local do município. 
Observou-se que, apesar de Inconfidentes ser uma cidade basicamente 
agropecuária, o crochê auxilia o município em sua economia local, além de atrair 
turismo devido as belas decorações nas árvores da rua principal. 
Esse artigo é apenas uma pequena explanação da rica cultura artística que a 
cidade possui, com isso, considera-se interessante uma abordagem mais aprofundada 
sobre o tema em questão. 
 
 
 
 
 
5 REFERÊNCIAS 
ARTESANATO E DIY. O que é, Como Fazer e +88 Modelos Lindos. Equipe Viva 
Decora. 11 Mar. 2020. Disponível em: 
<https://www.vivadecora.com.br/revista/amigurumi/> Acesso em: 09 nov. 2023. 
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. Tradução de Zulmira Ribeiro 
Tavares. São Paulo: Perspectiva, 2000. 
BRASIL, Minas Gerais, Inconfidentes. Sobre o Município. 2021. Disponível em: 
<https://inconfidentes.mg.gov.br/o-municipio/sobre-o-municipio/> Acesso em: 02 ago 
2023. 
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 2012 
BUENO, José Valmei. Árvores em Inconfidentes recebem novos revestimentos em 
crochê. 
CANCLINI, Néstor García. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: 
Brasiliense, 1982. 
CROCHÊ. In: Michaelis, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: 
Melhoramentos, 2023. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-
portugues/busca/portugues-
brasileiro/croche#:~:text=1%20Trabalho%20manual%2C%20feito%20com,e%20banho
%20ou%20em%20decora%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 23 nov 23. 
DANTAS, Caroline Silva, Mulheres, crochê e desenvolvimento local: um olhar para 
a sustentabilidade da vida. Tese pós-graduação em Desenvolvimento, Tecnologias e 
Sociedade, Universidade Federal de Itajubá, Minas Gerais, p. 66-82. 2022. Disponível 
em: <https://repositorio.unifei.edu.br/jspui/bitstream/123456789/3382/1/Disserta%c3%a 
7%c3%a3o_2022130.pdf> Acesso em 20 nov 2023. 
IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Panorama de 
2023. Minas Gerais, Inconfidentes: IBGE, 2023. Disponível em: 
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/inconfidentes/panorama> Acesso em: 04 nov 
2023. 
 
 
 
 
MASCÊNE, Durcelice Cândida. Termo de referência: atuação do Sistema SEBRAE 
no artesanato / Durcelice Cândida Mascêne, Mauricio Tedeschi. -- Brasília: SEBRAE, 
2010. 
MELO, Andressa. Características do crochê. Clube Paineiras do Morumby, 2022. 
Disponível em: <https://clubepaineiras.org.br/caracteristicas-do-croche/> Acesso em: 09 
nov 2023. 
MINAS GERAIS. Lei nº 22.896, de 11 de janeiro de 2018. Declara patrimônio cultural do 
Estado o modo de fazer crochê do Município de Inconfidentes. Belo Horizonte: Palácio 
Tiradentes. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/legislacao-
mineira/texto/LEI/22896/2018/> Acesso em: 09 nov 2023. 
NOVAES, Marcela. História do crochê: da origem à atualidade. Escola de Artes 
Manuais, 2020. Disponível em: <https://escoladeartesmanuais.com.br/blog/a-historia-
do-croche#:~:text=J%C3%A1%20o%20croch%C3%AA%20como%20conhecemos,tribo 
s%20na%20Am%C3%A9rica%20do%20Sul>. Acesso: 23/10/2023. 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Francesa Riego de La Branchardière, História do crochê: da origem à 
atualidade (2020), p. 5. 
Figura 2 - Modelos de agulhas de crochê, História do crochê: da origem à atualidade 
(2020), p. 7. 
Figura 3 - Pinguins em amigurumi, https://www.vivadecora.com.br/ (2023), p. 8. 
Figura 4 - Árvores dos canteiros centrais de Inconfidentes, Jornal “Terra do Mandu” 
(2021), p. 10. 
Figura 5 - Enfeites natalinos de 2022, Instagram Visite Inconfidentes (2022), p. 10. 
Figura 6 - 15ª edição da Crochemalhas, Prefeitura de Inconfidentes (2023), p. 12. 
Figura 7 - Natal de 2023, Fonte própria (2023), p. 12.

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