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ED PRÉ - VANDERLEI SILVA DOS SANTOS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 1ª TURMA DO TRIBUNAL 
REGIONAL DO TRABALHO DA SEGUNDA REGIÃO - SP 
 
 
 
 
 
 
Processo nº 1001006-59.2021.5.02.0082 
 
 
 
CAFETERIA PADRISSIMO LTDA, já devidamente qualificada nos autos do 
processo movido por VANDERLEI SILVA DOS SANTOS, em curso perante esse D. Turma, vem, mui 
respeitosamente à elevada presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 897-A do texto 
consolidado, com o fito de PREQUESTIONAMENTO, opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
aos termos do v. acórdão proferido, proferido por esta r. Turma deste Egrégio Tribunal, conforme passa a 
expor: 
 
DO PREQUESTIONAMENTO 
 
Nos termos do artigo 896 da CLT, é cabível Recurso de Revista para 
Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio 
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, em diversas situações. Todavia, para que a controvérsia 
seja passível de exame pelo TST, é necessária que a matéria que se pretende levar ao conhecimento do 
Tribunal Superior tenha sido explicitamente analisada pelo acórdão prolatado pelo Tribunal Regional do 
Trabalho. 
 
 
 
Desse modo, se faz necessário o prequestionamento, uma vez que se 
mostra dissonante a decisão quanto ao artigo de lei federal supracitado, bem como fundamentação 
insuficientemente sólida que corrobore com tal dissonância. 
 
Desta feita, a Embargante pugna pela pronúncia específica do Tribunal 
sobre os artigos 482 e 818 da CLT, e 373, I e II do CPC, e aplicação da jurisprudência específica sobre a 
distribuição do ônus probatório e demais pontos inerentes às razões recursai já debatidas. 
 
Assim, nos termos do art.482 da CLT pode o empregador cominar a pena 
de demissão, sendo plenamente válida a demissão do reclamante. A sentença, portanto, deverá ser 
reformada para afastar a invalidade aplicada, bem como serem julgados improcedentes todos os pedidos 
decorrentes, como pagamento de haveres resilitórios e expedição de guias para levantamento do FGTS e 
habilitação junto ao Seguro Desemprego. 
 
De logo, observa-se do julgado, omissão aos apontamentos realizados 
pelo recorrente em relação ao comunicado da reclamada ao autor, em relação a dispensa por justa causa. 
 
No presente caso, os requisitos à demissão por justa causa não foram observados pela 1ª 
turma do TRT2, tampouco houve a devida prestação jurisdicional quanto ao alegado: 
 
 Prova de conduta grave: os documentos apresentados pela Reclamada são provas 
inequívocas e incontestáveis do ato improbo e do mau procedimento; 
 Nexo da conduta com suas atividades: resta evidente ante a natureza das atividades 
exercidas; 
 Proporcionalidade da penalidade: ora, não há falar em mera advertência quando o 
empregado atenta contra a vida de outrem sem mínima razoabilidade de risco iminente à 
sua integridade; 
 Imediatismo na punição: conforme se vislumbram dos documentos apresentados, logo 
que ocorridos os fatos, a Reclamada tomou imediatamente todas as cautelas decorrentes 
 
 
para investigação e inclusive afastou o Recorrido de suas funções, mantendo-o com o 
salário intacto. 
 
Portanto, o Autor incorreu em desacordo com a manutenção do contrato de trabalho, por 
diversas vezes, fato não observado pelo c. regional. 
 
Dessarte, mister requerer pela devolutiva para correção da OBSCURIDADE e OMISSÃO, 
debruçando-se sobre os pontos que foram elencados como falta grave. 
 
Ipso facto, pugna a Embargante pelo acolhimento destes embargos para que seja sanado 
o vício apresentado, impingindo-lhes efeito modificativo aos presentes embargos. 
 
Se assim não entender, deverá ser declarado preequestionada a matéria a rigor do já 
pronunciado art. 482 da CLT. 
 
I. DA OBSCURIDADE – NULIDADE DO JULGADO POR CERCEAMENTO DE DEFESA. 
 
Ocorre que o v. acórdão foi obscuro quando aduz que: 
 
Nulidade por Cerceamento de Defesa 
Suscita a reclamada, em sede preliminar, nulidade por cerceamento de 
defesa. Aduz que o magistrado indeferiu, indevidamente, a oitiva de 
testemunha que não conseguiu conexão para entrar na sala de audiência, 
realizada de forma telepresencial. Afirma ainda que caberia ao magistrado 
a designação de audiência presencial. Não é ocioso ressaltar que o Juiz é 
o destinatário da prova e somente a ele cumpre aferir sobre a necessidade 
ou não de sua realização. Por essa razão, o artigo 130 do CPC confere ao 
julgador a faculdade de indeferir as perguntas e diligências inúteis ao 
deslinde da controvérsia, ou meramente protelatórias, velando pela 
celeridade processual sem afronta ao princípio constitucional da ampla 
 
 
defesa. No caso dos autos, não vislumbro qualquer indício ou elemento 
que permita concluir que houve cerceamento de defesa no caso em tela. 
Sequer tais fatos trazidos pelo recorrente foram consignados na ata de 
audiência. Ademais, conforme dispõe o art. 794 da CLT: "Nos processos 
sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando 
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes". 
Deixou a recorrente de fazer constar em ata o suposto indeferimento. Além 
disso, concordou com o encerramento da instrução processual, sem 
consignar protestos. Assim, na primeira oportunidade que teve em juízo, a 
reclamada quedou-se silente sobre a questão, eis que não invocou 
qualquer nulidade, pelo que preclusa a matéria (artigo 795 da CLT). Rejeito 
a preliminar, portanto. 
 
A decisão quanto ao presente assunto não merece prosperar, visto que o 
Acórdão não refletiu a realidade presente nos autos. 
 
Contudo, o indeferimento da prova testemunhal não foi aplicada da melhor 
sorte, uma vez que a testemunha tolhida não pode assumir o risco da falha técnica encontrada para o seu 
acesso a justiça. 
 
Diante disso, considerando que estes argumentos, requer a Embargante o 
pronunciamento fundamentado acerca dos motivos, causas e circunstâncias que levaram este Ilmo 
.Desembargador Relator a superá-los, nos termos do artigo 93, IX da CF/88, uma vez que não há, data 
vênia, de forma clara e coesa a razão a qual a testemunha é indispensável para o convencimento do juízo. 
 
Ipso facto, deveras turvas restam as alegações autorais sobre as reais 
condições laborais do Obreiro, além de trazer ao juízo, testemunha que é imprescindível para contrapor a 
prova do reclamante. 
 
Requer o saneamento do vício apontado nos aclaratórios. 
 
 
 
DAS HORAS EXTRAS - VALIDADE DOS CARTÕES DE PONTO- 818, 840, § 1º da CLT e SÚMULA 338 
do TST. 
 
Em que pesem as doutas aduções consignadas pelo Juízo Prolator e 
Tribunal Originário, resta à Embargante pre questionar a matéria acerca da invalidade dos 
controles de ponto. 
 
A tal despeito, concessa vênia, a Recorrente cita este brilhante 
posicionamento do Egrégio Tribunal da 3ª Região, em que o Magistrado apresenta exultante 
cognição a respeito da validade dos controles de jornada: 
 
CARTÕES DE PONTO. VALIDADE. O DILEMA INSOLÚVEL DA 
PROVA DA JORNADA DE TRABALHO EM FACE DA HODIERNA 
JURISPRUDÊNCIA TRABALHISTA. A prova da jornada de trabalho é 
realizada, primordialmente, pelos controles de frequência de ponto, 
conforme dispõe o § 2º do artigo 74 da CLT. Nos últimos tempos o 
problema de controle da jornada de trabalho tornou-se insolúvel graças 
à atuação excessivamente protecionista e diletante que tem 
preponderado na jurisprudência da Justiça do Trabalho. Se os cartões 
de ponto contêm horários simétricos de entrada e saída, não se prestam 
à prova porquê são "britânicos", distanciados da realidade do trabalho 
diário; quando o exibem pequenas variações nos horários também não 
servem, porque teriam sido produzidos com o intuito de escamotear a 
similaridade de horários; se estiverem anotados à mão, ou foram pelo 
gerente, pelo encarregado, ou quem mais seja, de modo a prejudicar o 
trabalhador ; se são eletrônicos, também não são legítimos, porque o 
empregado"pula a catraca", ou porque o gerente os manipula; se 
provado que o sistema é inviolável , afirma-se que não se permite ao 
empregado registrar a jornada verdadeira. Não há o que fazer, pois da 
maneira como vão as coisas, e com a habitual inversão do ônus da 
 
 
prova, o pagamento de horas extras independerá da comprovação de 
sua existência, bastando que seja elencado o pedido no rol da inicial de 
todas as reclamações trabalhistas. (TRT-3 RO:00109640220185030135 
0010964-02.2018.5.03.0135, Nona Turma). 
 
Neste sentido, igualmente cabe mencionar que cabia efetivamente ao 
reclamante comprovar suas alegações, nos termos dos artigos 818 da CLT e 373, I do CPC, uma vez que, 
ante os depoimentos diametrais das testemunhas, temos ocorrida a divisão da prova. Assim, o pedido 
deveria ser julgado em desfavor do Recorrido, ante seu dever de comprovar o fato supostamente 
constitutivo de seu direito, conforme preconiza a jurisprudência: 
 
HORAS EXTRAS. PROVA DIVIDIDA. ÔNUS PROBATÓRIO. Restando 
dividida a prova oral, a questão deverá ser julgada em desfavor de quem 
detinha o ônus probatório, no caso a reclamante, a teor dos artigos 818 da 
CLT e art. 373, I do CPC. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(TRT-2 10002694620195020011 SP, Relator: NELSON NAZAR, 3ª Turma 
- Cadeira 1, Data de Publicação: 12/08/2020) 
 
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE - HORAS EXTRAS - PROVA 
DIVIDIDA. Estando a prova dividida com a contraposição de versões, o 
exame do conjunto probatório deve ser norteado pelas regras de 
distribuição do ônus da prova (arts. 818 da CLT e 373 do CPC) e pelo 
princípio da imediatidade por meio do qual o juiz instrutor, em virtude da 
proximidade com os litigantes e testemunhas, detém, a princípio, condição 
privilegiada de aquilatar a probidade das informações coligidas. Recurso 
improvido, no aspecto. 
(TRT-20 00008971820185200001, Relator: RITA DE CASSIA PINHEIRO 
DE OLIVEIRA, Data de Publicação: 29/06/2020) 
 
 
 
HORAS EXTRAS. PROVA DIVIDIDA. Revelando-se contraditórias as 
testemunhas ouvidas nos autos, a questão deve ser apreciada em 
desfavor daquele a quem incumbia o ônus probatório, por não ter se 
desincumbido satisfatoriamente de seu encargo. 
(TRT-1 - RO: 01008916820165010243 RJ, Relator: RAQUEL DE 
OLIVEIRA MACIEL, Data de Julgamento: 29/08/2017, Primeira Turma, 
Data de Publicação: 05/09/2017) 
 
Dessarte, porque não efetivamente demonstrada a veraz existência de 
horas extras realizadas e não pagas ao Embargado, contraditório o Acórdão quando da aplicação 
dos institutos mencionados nestes embargos. 
 
Desta feita, pugna a Embargante ao Tribunal para que se sane a omissão 
do Acórdão, para que reste devidamente sanadas as contradições prolatadas pela Sentença de Piso e pelo 
Acórdão exarado 
Outrossim, também não há quaisquer diferenças de hora extra a ser paga: 
DIFERENÇAS. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO 
EM FÉRIAS. ÕNUS DA PROVA. Nos termos do art. 818 da CLT, c.c., art. 373, I, 
CPC/15, ao autor compete o ônus de comprovar os fatos constitutivos de seu 
direito, in casu, a existência de diferenças de reflexos das horas extras e adicional 
noturno nos valores do terço constitucional e do abono pecuniário. Pelo 
provimento do recurso do reclamado. 
(TRT-2 10006365320185020319 SP, Relator: MERCIA TOMAZINHO, 3ª Turma - 
Cadeira 4, Data de Publicação: 05/02/2020) 
Por sua vez, a r. decisão colegiada quedou silente quanto ao supra exposto, 
motivo pelo qual pugna-se pela elucidação e prequestionamento da matéria. 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
EX POSITIS, servem os presentes embargos de declaração para requerer 
que Vossa Excelência se digne a: 
• Conhecê-los, vez que preenchidos os requisitos legais; 
• Ao final sejam ACOLHIDOS INTEGRALMENTE os presentes embargos, para sanar os vícios 
apontados e prequestionar a matéria alegada supra. 
 
Termos em que, pede deferimento. 
São Paulo, 22 de abril de 2024. 
 
PAULO ROBERTO VIGNA 
OAB/SP 173.477

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