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a b c d e A respeito da obra de Carlos Drummond de Andrade, é incorreto afirmar que a sua poética mantém uma relação ambígua com a memória, com traços de esperança, embora sem saudosismo ou idealização, como atestam os versos: “Pois de tudo fica um pouco./ Fica um pouco de teu queixo/ no queixo de tua filha.” (“Resíduo”). ( ) não é sua característica tratar do amor como luxúria carnal que intensifica a dor de amar, conforme atestam os versos: “Não cantarei amores que não tenho,/ e, quando tive, nunca celebrei.” (“Nudez”). não é marcada por terna evocação saudosista do passado, como atestam os versos: “E de tudo fica um pouco./ Oh abre os vidros de loção/ e abafa/ o insuportável mau cheiro da memória.” (“Resíduo”). o poeta jamais demonstra dúvidas relativamente ao amor, conforme atestam os versos: “Amarei mesmo Fulana?/ ou é ilusão de sexo?” (“O mito”). o poeta não evita o tema da memória e só trata da expectativa do futuro, como atestam os versos: “Amanhecem de novo as antigas manhãs/ que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.” (“Campo de flores”). Leia os poemas de Carlos Drummond de Andrade. Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar… as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. Considere as afirmações a seguir em relação aos poemas de Drummond: a b c d e I. “Cidadezinha qualquer” aborda a questão do cotidiano ao associar a rotina de uma pequena cidade a uma determinada condição existencial. II. “Poesia” se encontra dentre os textos metapoéticos do autor, quando a própria poesia é tematizada. III. “Quadrilha” trata da ordem social violenta e injusta, acentuada no traço trágico da finitude humana. Está o que se afirma em: I e III, apenas. II e III, apenas. I, II e III. I e II, apenas. I, apenas. a b c d e Atente para estes versos de Carlos Drummond de Andrade, compostos ao tempo da II Guerra Mundial, do poema “A noite dissolve os homens”. A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tampouco os rumores que outrora me perturbavam. [...] Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida, inexperiente das luzes que vais acender e dos bens que repartirás com todos os homens. O poeta expressa nesse conjunto de versos a fantasmagoria trevosa da guerra que se inicia em meio a um desengano geral. suspensão dos ideais de fraternidade para se passar a combater o cruel inimigo. dissolução sem remédio que a malignidade humana alimenta num tempo de violência. riqueza do momento histórico quando os homens já superaram o flagelo da guerra. sombra de uma época histórica à qual se contrapõe a expectativa de sua superação. TEXTO AMorte não existe para os mortos Os mortos não têm medo da morte desabrochada. [5] Os mortos conquistam a vida, não a lendária, mas a propriamente dita a que perdemos [10] ao nascer. A sem nome sem limite sem rumo (todos os rumos, simultâneos, [15] lhe servem) completo estar-vivo no sem fim de possíveis acoplados. A morte sabe disto [20] e cala. Só a morte é que sabe DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Vida depois da vida. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1979. p. 461. a b c d e Tomando-se o poema em questão e inserindo-o no todo da obra drummondiana, é procedente sobre sua criação literária o que se afirma em Pertenceu à primeira fase do Modernismo, junto com Oswald de Andrade, participando da Semana de Arte Moderna em São Paulo, em 1922. nsere-se como poeta da segunda fase do Modernismo, em que tenta entender o seu estar-no-mundo diante de si mesmo e das profundas transformações do mundo. Sua temática está concentrada nas questões metafísicas, como comprova o poema anterior, isolando-se das questões sociais, contrariando seus conterrâneos da Segunda Geração do Modernismo, como Jorge de Lima e Murilo Mendes. Apropria-se da linguagem cotidiana, renovando o modo de fazer poesia, o que compromete os princípios da Semana de 22. Seus versos apresentam reminiscência do Parnasianismo, cujo período primava pela rigidez formal e riqueza vocabular. O que há de mais importante na literatura, sabe? É a aproximação, a comunhão que ela estabelece entre seres humanos, mesmo a distância, mesmo entre mortos e vivos. O tempo não conta para isso. Somos contemporâneos de Shakespeare e de Virgílio. Somos amigos pessoais deles. (...) O maior prêmio de Estocolmo ou dos Estados Unidos não vale o telegrama de amor que alguém desconhecido, e que não conheceremos nunca, nos manda lá do Pará porque leu uma coisa nossa e ficou comovido e rendido. O telegrama não é para nós, é para o nosso amor próprio. É uma voz do coração e do espírito, solta no ar, que nos atinge e repercute em nós. Dito assim, fica meio grandiloquente, mas não sei dizer melhor, você entenderá. Quem já sentiu isso compreende sem explicação. Funciona. É. E constitui uma das grandes alegrias da vida. Palavra, música, arte de todas as formas: essas coisas têm sua magia. Ai de quem não a sente. Carlos Drummond de Andrade. Tempo, vida, poesia. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 58-59. a b c d e O Texto, de autoria do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, pelo seu teor, poderia constar como: um elogio aos dotes literários de autores como Shakespeare e Virgílio. um louvor à palavra escrita, que supera as barreiras do tempo e da distância. uma aprovação eloquente de quem consegue expressar-se corretamente. um testemunho de nossa adesão aos inventos tecnológicos criados na modernidade. um desabafo de quem espera ser agraciado com importantes prêmios literários. TEXTO: Sou entre flor e nuvem, estrela e mar. Por que havemos de ser unicamente humanos, limitados em chorar? [5] Não encontro caminhos fáceis de andar Meu rosto vário desorienta as firmes pedras que não sabem de água e de ar. E por isso levito. [10] É bom deixar um pouco de ternura e encanto indiferente de herança, em cada lugar. Rastro de flor e estrela, nuvem e mar. [15] Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido: a sombra é que vai devagar. MEIRELES, Cecília. In: MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através de textos. 21. ed. rev. e aum. São Paulo: Cultrix, 1998. p. 454. a b c d e O texto de Cecília Meireles representa a primeira fase modernista, porque prega a ruptura com os valores tradicionais. a primeira fase modernista, pela utilização do verso livre, que inaugura esse período. a segunda fase do modernismo brasileiro, por ser de cunho intimista e apresentar uma reflexão sobre a condição humana. a segunda fase do modernismo brasileiro, por revelar-se engajado, denunciando problemas sociais. a terceira fase modernista, pela preocupação com o fazer artístico, a construção da produção literária em si. O tempo seca a beleza. seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a saudade, seca as lembranças e as lágrimas. Deixa algum retrato, apenas, vagando seco e vazio como estas conchas das praias. O tempo seca o desejo e suas velhas batalhas. Seca o frágil arabesco, vestígio do musgo humano, na densa turfa mortuária. Esperarei pelo tempo Com suas conquistas áridas. Esperarei que te seque, não na terra, Amor-Perfeito, num tempo depois das almas. Cecília Meireles. Arte Literária Brasileira, Clenir Bellezi de Oliveira. São Paulo: Moderna 2000. A poesia de Cecília Meireles parece ansiar por atingir um mundo atemporal e imaterial, em que a relatividade não existe e tudo é a b c d e absoluto; daí o desprezo pela matériacomo algo que impede a perfeição e a ascese espiritual, ou seja, a plenitude da alma. negação da vida. dúvida existencial. carência afetiva. exaltação da morte. a b c d e Encostei-me em ti, sabendo bem que eras somente onda. Sabendo bem que eras nuvem, depus minha vida em ti. Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil, fiquei sem poder chorar, quando caí. MEIRELES, Cecília. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 Acerca do poema acima, pode-se afirmar que constitui um desabafo exagerado de dor e tristeza, decorrente do fim de um envolvimento amoroso. expressa o rompimento de duas pessoas, que, por já ser previsto, não causou dor no sujeito lírico. registra o término de um envolvimento afetivo superficial, pois os amantes não se entregaram totalmente. contém ambiguidade, pois, apesar de o sujeito lírico dizer que não chorou, o poema exprime tristeza. garante que a forma mais aconselhável de lidar com as desilusões é estarmos de antemão preparados para ela. Leia o TEXTO para responder às questão. Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. MORAES, Vinícius. A rosa de Hiroxima. Disponível em:< http://www.viniciusdemoraes.com.br/ptbr/poesia/poesias-avulsas/rosa-de- hiroxima>. Acesso em: 21 out. 2018. a b c d e Vinícius de Moraes fez parte da Segunda Geração do Modernismo brasileiro, marcada pela consciência social. Acerca do projeto literário dessa Geração e de outras características que marcaram o Modernismo no Brasil, em suas três Gerações, analise as proposições a seguir e assinale a alternativa CORRETA. I. Os autores propunham, entre outros temas, refletir sobre o sentido de estar no mundo, motivados pela instabilidade social e política que marcou a década de 30 no Brasil e no mundo. II. A preocupação com a renovação da linguagem e com a construção de uma literatura que tivesse “a cara do Brasil” era o principal objetivo da Segunda Geração modernista brasileira, uma vez que os artistas da Geração anterior não dedicaram atenção a esse aspecto. III.A literatura proposta pela Segunda Geração modernista do Brasil promoveu a consolidação de uma estética que refletia a construção de uma identidade para a arte nacional, envolvendo os escritores e demais artistas brasileiros. IV. A análise do ser humano e de suas angústias, bem como a necessidade de compreender a relação entre o indivíduo e a sociedade na qual estava inserido constituíam temáticas recorrentes tanto na poesia da Segunda Geração modernista brasileira quanto da Primeira. V. Em relação ao uso da linguagem, os poetas da Segunda Geração do Modernismo brasileiro optavam, muitas vezes, pela simplicidade na escolha vocabular, apesar de apresentarem, em seus versos, uma estrutura sintática mais complexa e elaborada. Estão CORRETAS, apenas, as proposições I, II e III. II, IV e V. I, II, e IV. I, III e V. III, IV e V. a b Leia o poema “Soneto de fidelidade”, de Vinicius de Moraes De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Hei de vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure, Quem sabe a morte, angústia de quem vive, Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, Mas que seja infinito enquanto dure Fonte: MORAES, Vinicius de. Antologia poética. 2. ed., Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. p. 113. Embora se distinga da perspectiva romântica, o poema tematiza o arrebatamento amoroso. Sobre os versos, é correto afirmar que eles trazem um olhar otimista e alvissareiro sobre o sentimentalismo. enfatizam o zelo e o devotamento do sujeito lírico ao seu amor, inclusive na morte. c d descuidam da métrica e do emprego de recursos que dão sonoridade ao texto. enfocam a efemeridade do amor, a despeito da sua intensidade, por meio da aproximação entre o sentimento amoroso e e a chama. ressaltam a imortalidade do amor verdadeiro, ideia reforçada pelo título.
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