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CENTRO DE ESTUDOS SINDICAIS CURSO DE ESTUDOS AVANÇADOS SOBRE A SOCIEDADE E O MOVIMENTO SINDICAL OBJETIVOS Promover maior compreensão científica das questões econômicas, políticas, sociais e sindicais, que possibilite aos participantes condições para uma análise mais profunda da realidade. Promover que a prática política e sindical se enriqueça e se qualifique frente aos desafios do cotidiano PARTE 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONHECIMENTO PARTE 3 OS CLÁSSICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS MITO FILOSOFIA TE0LOGIA CIÊNCIA KARL MARX EMILE DURKHEIM MAX WEBER PARTE 1 – INTRODUÇÃO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA PARTE 4 PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS ABORDAGEM DO CONFLITO ABORDAGEM FUNCIONALISTA ABORDAGEM INTERACIONISTA A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA PARTE 1 - INTRODUÇÃO Aprender a pensar sociologicamente cultivar a imaginação Libertar-se do imediatismo das circunstâncias pessoais e ver as coisas num contexto mais amplo. “A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para a vida intima e para a carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua experiência diária, adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais. Dentro dessa agitação, busca-se a estrutura da sociedade moderna e dentro dessa estrutura são formuladas as psicologias de diferentes homens e mulheres. Através disso, a ansiedade pessoal dos indivíduos é focalizada sobre fatos explícitos e a indiferença do público se transforma em participação nas questões públicas. O primeiro fruto dessa imaginação _ e a primeira lição da ciência social que incorpora _ é a idéia de que o individuo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele. (...) A imaginação sociológica nos permite compreender a história e a biografia e as relações entre ambas, dentro da sociedade. Essa é sua tarefa e sua promessa. A marca do analista social clássico é o reconhecimento delas [...].” (Mills, 1975, p.11-12, grifos meus) IMAGINAÇAO SOCIOLÓGICA capacidade de a pessoa poder ver a sua própria sociedade como uma pessoa de fora o faria, em vez de fazê-lo apenas da perspectiva das experiências pessoais e dos preconceitos culturais permite ir além das experiências e observações pessoais para compreender as questões com maior amplitude. é uma ferramenta que nos proporciona poder, pois nos permite olhar para além de uma compreensão limitada do comportamento humano. IMAGINAÇAO SOCIOLÓGICA Permite-nos ver que muitos acontecimentos que parecem dizer respeito somente aos indivíduos, na verdade, refletem questões sociais mais amplas. Ex. o divorcio, o desemprego, etc. Embora sejamos influenciados pelo contexto social em que nos encontramos, nenhum de nós está determinado em nosso comportamento por aquele contexto. Possuímos e criamos a nossa própria individualidade. Tente aplicar este tipo de perspectiva à sua própria vida. Use sua imaginação sociológica em relação a uma realidade social. Exemplo: considere o simples ato de tomar o café da manhã. A imaginação sociológica (Wright Mills) No capitalismo, a produção de cada objeto envolve uma complexa rede de trabalho e trabalhadores Veja as suas dimensões: O café tem um valor simbólico O café é uma droga O café cria relacionamentos sociais e econômicos Há um processo histórico de desenvolvimento social e econômico O café está ligado à globalização, comercio internacional, direitos humanos e destruição ambiental O café não é somente uma bebida. Ele possui um valor simbólico. às vezes o ritual associado a beber café é muito mais importante do que o ato de consumir a bebida. Considere o seu ritual ao longo do dia nas suas interações sociais. Valor simbólico O café é uma droga por conter cafeína que tem um efeito estimulante sobre o cérebro. Cria dependência mas é uma droga socialmente aceita, ao contrário, por exemplo, da maconha. Uma droga Um indivíduo que bebe uma xícara de café cria uma trama de relacionamentos sociais que se estendem pelo mundo. O café é uma bebida que conecta as pessoas das mais ricas e das mais pobres: é consumido nos países ricos mas cultivado nos países pobres. Relacionamentos sociais Ao lado do petróleo, o café é uma das mercadorias mais valiosas no comercio internacional. Relacionamentos econômicos Relacionamentos econômicos A produção supõe o plantio, a colheita, a secagem, o transporte e a distribuição que requerem relações contínuas entre pessoas a milhares de quilômetros de distância do consumidor. Colheita e secagem na Fazenda Cabral- Jacui – MG-2009 O ato de beber café pressupõe todo um processo passado de desenvolvimento social e econômico. O café só passou a ser consumido em larga escala a partir dos fins do século XIX. O legado colonial tem tido um impacto enorme no desenvolvimento do comercio mundial do café. Processo histórico de desenvolvimento social e econômico Processo histórico de desenvolvimento social e econômico No Brasil, no Vale da Paraíba, foi em torno da fazenda, como unidade básica da agricultura mercantil, que se articulou a vida social . A produção do café permaneceu dentro dos moldes coloniais, baseada no trabalho escravo e no plantio de grandes extensões de terra, segundo técnicas agrícolas rudimentares. Processo histórico de desenvolvimento social e econômico A expansão da cultura do café pelos “Oestes” paulistas, a partir de 1870, foi um momento fundamental para a formação da sociedade brasileira contemporânea. Provocou a decadência do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre. As riquezas acumuladas pelo café, o capital cafeeiro, foram o motor do desenvolvimento capitalista no Brasil 19 O café é um produto que permanece no centro dos debates contemporâneos sobre a globalização, direitos humanos e destruição ambiental. Passou a ser uma “marca” e foi politizado. Os consumidores podem boicotar o café que vem de paises que violam os direitos humanos e acordos ambientais Globalização,Comercio Internacional, Direitos Humanos e Destruição Ambiental Trigo Sal Água Fermento 21 Trigo Plantio Colheita Moagem Comercialização Sal Retirada do mar Processamento Embalagem 22 Água Fermento Captação Tratamento Distribuição Produção Comercialização Distribuição 23 Equipamentos Máquina para preparar a massa Forno para assar o pão Fabricados em indústrias Matéria prima Tipo de energia Fogo Madeira Carvão Energia elétrica Linhas de transmissão 24 Consumidor 25 Tempo de trabalho Tempo de trabalho Comparação de trabalho humano Equivalência 26 Se para tomar uma café da manhã, há tanta gente envolvida, direta ou indiretamente, você pode imaginar quanto trabalho é necessário para a fabricação de ônibus, bicicleta, automóvel, para a construção da casa em que você vive ou da Universidade onde estuda. 27 EXERCÍCIOS “ILHA DAS FLORES”, Brasil, Jorge Furtado (documentario) veja no site sociologialemos.pro.br/VIDEOS-MUSICA “RELATOS SELVAGENS”, Argentina, Damian Szifron”, segundo episodio “Os sete sábios e o elefante” O macaco e as bananas OS MACACOS E AS BANANAS https://youtu.be/iOJkTPiU3XY Veja no youtube: ‘Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro pôs uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de pancada. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subiu mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelo outros, que lhe bateram. Depois de algumas surras,o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto, e finalmente, o ultimo dos veteranos foi substituído.Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batia em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...” (Texto atribuído a Albert Einstein) In Sociologia para jovens do século XXI, Luiz F. de Oliveira/Ricardo C. Costa, Ed, Novo Milenio, 2ª edição, 2010) OS SÁBIOS E O ELEFANTE https://youtu.be/PTa_weeOPP4 OS SETE SÁBIOS CEGOS Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas os consultavam. Embora fossem amigos, havia certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio. Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna na montanha. Disse aos companheiros: - Somos cegos para que possamos ouvir e compreender melhor do que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí brigando como se quisessem ganhar uma competição. Não agüento mais! Vou-me embora. No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num elefante imenso. Os cegos jamais haviam tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele. O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou: - Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar os seus músculos e eles não se movem; parecem paredes... – Vejam só! - Todos vocês estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante - Este animal é como uma rocha com uma cordinha presa no corpo. Posso até me pendurar nele. E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou: - Assim os homens se comportam diante da verdade. Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo, e continuam tolos...! Lenda Hindu. Aletriam – Contos e Histórias Que bobagem! - disse o segundo sábio, tocando na presa do elefante - Este animal é pontudo como uma lança, uma arma de guerra... – Ambos se enganam - retrucou o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia... - Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia as orelhas do elefante - Este animal não se parece com nenhum outro. Seus movimentos são ondeantes, como se seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante... – PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ Bertold Brecht Quem construiu Tebas de sete portas? Nos livros estão os nomes dos reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída, Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima Dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio tinha somente os palácios para seus habitantes? Mesmo na legendária Atlântida os que se afogavam gritaram por seus escravos na noite em que o mar a tragou. O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho? César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro? Felipe da Espanha chorou quando sua armada Naufragou. Ninguém mais chorou? Frederico II venceu a guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele? Cada página uma vitória. Quem cozinhava o banquete? A cada dez anos uma grande homem. Quem pagava a conta? Tantas histórias. Tantas questões O açúcar – Ferreira Gullar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos plantaram e colheram a cana que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. A Verdade Autor: Carlos Drummond de Andrade A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com o mesmo perfil. E os meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. CENTRO DE ESTUDOS SINDICAIS PARTE 2- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO SOCIAL A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL Pré-História antes da escrita Mito Imaginação Idade Antiga Do aparecimento da escrita até 476 d. C. Filosofia Razão Idade Média de 476 d. C. até 1453 Teologia Fé Idade Moderna 1. Revolução Científica Dados da Realidade 1453 até ... 2. Ciências Humanas 41 ANTES DO APARECIMENTO DA CIÊNCIA COSMOCENTRISMO TEOCENTRISMO Pré-História Idade Antiga Idade Media A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA ANTROPOCENTRISMO Idade Moderna AS CIÊNCIAS HUMANAS POSITIVISMO Sec. XIX 42 DA FILOSOFIA SOCIAL (O QUE DEVE SER) PRÉ-HISTÓRIA IDADE ANTIGA MITO FILOSOFIA TEOLOGIA FATORES DETERMINANTES SOCIO-CULTURAIS INTELECTUAIS RELATIVOS AO SISTEMA DE CIÊNCIA Ascensão da Burguesia Formação do Estado Nacional Descoberta do Novo Mundo Revolução Comercial Reforma protestante Revolução Industrial Renascimento Racionalismo Iluminismo Revolução Francesa Aplicação do método cientifico ao conhecimento da sociedade CIÊNCIAS HUMANAS = CIÊNCIAS NATURAIS POSIT IVISMO Utopismo PARA CIÊNCIA SOCIAL (O QUE É) DIFICULDADES METODOLÓGICAS DAS CIÊNCIAS HUMANAS ANTES DEPOIS SECULOS XVI, XVII XVIII IDADE MEDIA 43 PRÉ-HISTÓRIA Mito – Pré-História Mito 1. História fantástica de transmissão oral, cujos protagonistas são deuses, semideuses, seres sobrenaturais e heróis que representam simbolicamente fenômenos da natureza, fatos históricos ou aspectos da condição humana; fábula, lenda, mitologia. 2. Interpretação ingênua e simplificada do mundo e de sua origem 3. Relato que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico. 4. FIG Uma pessoa ou um fato cuja existência, presente na imaginação das pessoas, não pode ser comprovada; ficção 5. FIG Um fato considerado inexplicável ou inconcebível; enigma. 6 SOCIOL Uma crença, geralmente desprovida de valor moral ou social, desenvolvida por membros de um grupo, que funciona como suporte para suas ideias ou posições; mitologia: O mito da supremacia da raça branca. 7 FIG Representação de fatos ou de personagens distanciados dos originais pelo imaginário coletivo ou pela tradiçãoque acabam por aumentá-los ou modificá-los. 8 FILOS Discurso propositalmente poético ou narrativo, cujo objetivo é transmitir uma doutrina, por meio de uma representação simbólica: O mito de Prometeu Mito – Pré-História Mito Histórias orais Identidade cultural de um povo Concepção de mundo 46 Mito – Pré-História Modelos antropomórficos e divinizados das relações humanas sobre os fenômenos naturais. A ideia da superioridade do homem sobre a mulher, como uma coisa natural e divina. O trabalho como castigo. O IMAGINARIO COLETIVO: Quem somos nós? De onde viemos ? Para onde vamos? 47 Mito – Pré-História O mito não é um estado de infantilidade da humanidade. O mito é o estado de consciência de um povo sobre si mesmo e sobre a realidade que o circunda Ele se manifesta como verdade , de origem intuitiva, pré-reflexiva, não havendo comprovações crítica e racionais Não pode ser apresentado como uma primeira forma de “ciência”, por ser de natureza pré-reflexiva. Mas é parte do saber acumulado de um povo, numa determinada época 48 O MITO DE PANDORA Os mitos revelam uma forte carga pedagógica pois as narrativas contem ensinamentos sobre o modo como as pessoas vivem e concebem o mundo 49 Mito ou Realidade ? ADÃO E EVA 50 IDADE ANTIGA Filosofia – Idade Antiga (até 476 d.C.) FIM DA ORGANIZAÇÃO TRIBAL – ORGANIZAÇÃO DAS CIDADES GREGAS o desenvolvimento do comercio o aparecimento da moeda a utilização da escrita a base econômica assentada no trabalho escravo Isto tudo criou condições para o aparecimento de pessoas ricas e liberadas do trabalho produtivo que podiam dedicar-se, “dar-se ao luxo” à cultura letrada. Filosofia – Idade Antiga (até 476 d.C.) A BUSCA DA EXPLICAÇÃO DA REALIDADE 2. O avanço dos conhecimentos matemáticos, astronômicos, criando modelos de racionalidade. 1. As formas míticas de representação não davam mais conta de “explicar” a complexa teia sócio-política-econômica da vida humana. 3. Nasce a Filosofia – no século V a. C., considerada pelos historiadores como a primeira forma de “ciência” (conhecimento). Filosofia – Idade Antiga (até 476 d.C.) A FILOSOFIA GREGA 1. foi um avanço em termos de de sistematização racional em face do antigo paradigma mítico, 2. não permitiu, porem, uma verificação empírica, o que tornava as conclusões desprovidas de utilidade prática para o 3. A filosofia grega revela um conteúdo ideológico relativo aos costumes e interesses sociais da época ao refletir o desprezo pelo trabalho manual. 4. A base aristocrática e escravagista do “modus vivendi” das elites helênicas explica o porquê de a “ciência” da época ser voltada para a especulação teórica e não ter desenvolvido a técnica. Filosofia – Idade Antiga (até 476 d.C.) A EXPLICAÇÃO DA SOCIEDADE 1. a filosofia propunha normas para melhorar a sociedade de acordo com seus princípios. 2. Os estudos sobre a vida social tinham sempre por objetivo propor formas ideais de organização da sociedade mais do que lhe compreender a organização real. 3. Eram normativos (buscavam estabelecer regras e normas) e finalistas (propunham uma finalidade para a organização social). Filosofia – Idade Antiga (até 476 d.C.) Filosofia Esses estudos eram fragmentários e o fator político sob o domínio de um interesse puramente ético tinha prioridade sobre o fator social Platão (427/347 a.C.) Republica Aristoteles (384/322 a. C.) Política 56 IDADE MEDIA Teologia – Idade Media 476 a 1453 SECULO V Desagregação do Império Romano Invasão dos bárbaros Fechamento da Europa sobre si mesma Economia de subsistência : os feudos a instituição mais bem estruturada no período. Livros e artes reunidos e conservados em mosteiros MONOPÓLIO DO SABER IGREJA CATÓLICA 59 Teologia – Idade Média (de 476 à 1453) A “CIÊNCIA”(conhecimento) tornou-se TEOCÊNTRICA Tudo era interpretado à luz da fé Tudo o que não fosse ligado à fé era falso A Igreja era detentora da verdade 60 Noção grega de verdade Verdade logico-racional Noção medieval de verdade Verdade revelada pela fé Teologia – Idade Média (de 476 à 1453) A“ciência”(conhecimento) continua distanciada da técnica e da experimentação As elites (nobreza e clero) levavam vida aristocrática, valorizavam o ócio, desprezavam as atividades práticas. O corpo era desprezado, castigado. A preocupação fundamental era a salvação da alma 62 Teologia – Idade Média (de 476 à 1453) Santo Agostinho (354/430) A Cidade de Deus : os homens viviam na cidade onde reinava o pecado e deveriam caminhar para a cidade da graça, a cidade de Deus. Teologia Santo Tomas de Aquino ( 1227/1274) A Suma Teológica : uma filosofia cristã, chamada filosofia escolástica, que estudava as relações do homem com Deus. Tais como os estudos da Antiguidade eram também finalistas e normativos 63 IDADE MODERNA ERA DAS REVOLUÇÕES Revolução Comercial, Revolução Cultural, Revolução Política Revolução Científica Revolução Industrial 65 Idade Moderna (1453 ...) Antecedentes Crise do sistema feudal (século XII) a estagnação da técnica e da agricultura, a falta de terras produtivas, o excesso de população nos feudos. misticismo religioso CRUZADAS 66 Idade Moderna (1453) Período de transição da progressiva substituição da concepção finalista e normativa da sociedade para uma representação positiva da vida social Séculos XVI, XVII e XVIII 67 Transição : Seculos XVI, XVI e XVIII FLORESTAN FERNANDES FATORES SOCIOCULTURAIS FATORES INTELECTUAIS FATORES RELATIVOS AO SISTEMA DE CIÊNCIA 68 Transição Ascensão da Burguesia Formação do Estado Nacional Descoberta do Novo Mundo Revolução Comercial Reforma Protestante REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Fatores socio-culturais: 69 Transição: Fatores Socio-culturais Rompimento com a formação social da Idade Media, constituída de sacerdotes, senhores feudais e servos, apresentando um novo quadro social, com a emergência de uma nova classe social. Ascensão da Burguesia 70 Transição: Fatores Socio-culturais Pacto da Burguesia com o Rei, quebrando o poder dos senhores feudais com o aparecimento de um poder central Formação do Estado Nacional 71 Transição: Fatores Socio-culturais Abertura para uma nova realidade, diferente do mundo europeu, com novos modos de pensar e de organização social. Descoberta do Novo Mundo 72 Transição : Fatores Socio-culturais Formação de grandes potências nacionais, grandes companhias de navegação e desenvolvimento do mercantilismo. Revolução Comercial 73 Transição : Fatores Socio-culturais Ruptura da unidade católica do Ocidente, rompendo com a concepção passiva do homem, entregue unicamente aos desígnios divinos Reforma Protestante 74 Transição : Fatores Socio-culturais Desagregação da sociedade feudal consolidação da sociedade capitalista, com mudanças na ordem tecnológica, econômica e social, com um novo modo de produção e novas relações de produção Sec. XVIII Revolução Industrial 75 Conseqüências: a produção agrícola destinada ao abastecimento de matérias primas fluxo migratório para as cidades industriais, expulsão dos camponeses, Inchaço urbano,miséria,mendicância,prostituição, alcoolismo, promiscuidade, epidemias, Revolução Industrial 76 Revolução Industrial Conseqüências: o aparecimento de uma nova camada social, o operariado, a consciência de classe, a formação de associações e sindicatos, o enriquecimento da burguesia. 77 Transição : Fatores Intelectuais Mudanças nas formas de pensar Nos modos de conhecer a natureza e a sociedade Elaboração de um novo tipo de conhecimento baseado na objetividade e no realismo Separação entre fé e razão Transição : Fatores Intelectuais 1. O Renascimento 2. O Utopismo 3. O Racionalismo4. A Filosofia da História 5. O Iluminismo 6. A REVOLUÇÃO FRANCESA 79 Transição : Fatores Intelectuais Renascimento DO TEOCENTRISMO PARA O ANTROPOCENTRISMO VALORIZAÇÃO DO CORPO VALORIZAÇÃO DO TRABALHO E NÃO DO ÓCIO SUPERAÇÃO DA RELIGIÃO QUE PROMETIA O PARAÍSO NO CÉU (CATOLICISMO) POR OUTRA QUE CONSIDERAVA A RIQUEZA TERRENA UMA BÊNÇÃO (PROTESTANTISMO). 80 Transição : Fatores Intelectuais O Renascimento inspirou-se no Humanismo , movimento de artistas e intelectuais que defendia o estudo da cultura greco-romana e o retorno a seus ideais de exaltação do homem. 81 Transição : Fatores Intelectuais O florescimento de utopias (descrições de sociedades ideais aqui na terra). Exemplo : A Utopia, de Thomas Morus (1478/1535). Utopismo 82 Transição : Fatores Intelectuais O emprego sistemático da razão, como conseqüência de sua autonomia diante da fé. O Príncipe, de Maquiavel (1469/1527), estudo sobre a origem do poder. Racionalismo 83 O Leviatã, de Thomas Hobbes (1588/1679) que sustenta a necessidade de um poder absoluto para manter os homens em sociedade e que impeça que eles se destruam mutuamente. Transição : Fatores Intelectuais 84 Transição : Fatores Intelectuais Novum Organum, de Francis Bacon (1561 - 1626), que apresenta um novo método de conhecimento, baseado na experimentação. 85 Transição : Fatores Intelectuais Discurso sobre o método, de Descartes (1596/1650), afirmando que para conhecer a verdade é preciso inicialmente colocarmos todos os nossos conhecimento em dúvida: se eu duvido, eu penso, penso, logo existo. 86 Transição : Fatores Intelectuais A idéia geral de progresso dos filósofos da Historia influiu na concepção que o homem começou a ter do tempo: é o homem que produz a história Filosofia da Historia: 87 Transição : Fatores Intelectuais Iluminismo SÉCULO XVIII – SÉCULO DAS LUZES OS FILÓSOFOS PRETENDIAM NÃO SOMENTE TRANSFORMAR AS FORMAS DE PENSAMENTO MAS A PRÓPRIA SOCIEDADE AFIRMAVAM QUE À LUZ DA RAZÃO É POSSÍVEL MODIFICAR A ESTRUTURA DA VELHA SOCIEDADE FEUDAL. 88 Transição : Fatores Intelectuais Condorcet (1772/1794) queria aplicar os estudos matemáticos ao estudos dos fenômenos sociais. 89 Montesquieu (1689/1755), em O Espírito das Leis, defendia a separação dos poderes do Estado, definia a idéia geral de lei (uma relação necessária que decorre da natureza das coisas) e afirmava que os fenômenos políticos estavam sujeitos às leis naturais, invariáveis 90 Transição: Fatores Intelectuais Rousseau (1712/1778), em O Contrato Social, expunha a teoria de que o soberano deve conduzir o Estado segundo a vontade geral de seu povo, tendo em vista o bem comum. 91 Adam Smith (1723/1790), em A Riqueza das Nações, criticou o mercantilismo, afirmando que a economia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura. 92 Transição : Fatores Intelectuais Revolução Francesa (1789): mudanças na estrutura política. 93 CONSEQÜÊNCIAS novas relações de poder democracia liberdade, igualdade, fraternidade. cidadania, poder político à burguesia, Destruição dos fundamentos da sociedade feudal. 94 Quadros comparativos: Idade Media e Idade Moderna Em relação ao desenvolvimento econômico FEUDALISMO A produção era restrita aos feudos Propriedade : a terra Servo: obrigações A produção sustentava o senhor feudal e a Igreja O povo vivia no campo Duas classes sociais : senhores e servos DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO Produção de excedentes com objetivos de mercado Propriedade : o capital Trabalhador livre, mas vende a sua força de trabalho Produção com objetivo de lucro Desenvolvimento das cidades Duas classes : burguesia e assalariados Em relação à organização política FEUDALISMO Senhores feudais e Igreja dominavam os servos e camponeses Surge o Estado Nacional patrocinado pela burguesia DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO Ausência de Estado e Nações Aparecimento das Nações e da figura do Estado Ausência de teorias políticas Surgem as teorias políticas que sustentavam a idéia de Estado Nacional As teorias que justificavam o poder do senhor e da Igreja se baseavam na “vontade de DEUS” Baseadas no Iluminismo, as teorias políticas ganham força e se tornam justificações para a existência do Estado e das leis Em relação às mentalidades e conhecimento FEUDALISMO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO Teocentrismo Antropocentrismo A verdade estava na Bíblia e na autoridade da Igreja A verdade obtida pela razão e pelos métodos científico A religião era tudo. A realidade era explicada pela “vontade de Deus” A realidade explicada a partir do que acontecia na terra entre os homens Qualquer mudança era contrária à “vontade de Deus” O progresso passou a ser o objetivo humano O conhecimento significava contemplar a realidade criada por Deus O conhecimento significava transformar a natureza e dominá-la. A Revolução Científica – Idade Moderna (1453 ...) A burguesia, um novo modo social de viver, financiava os cientistas para o desenvolvimento da técnica, necessária para o desenvolvimento da economia. Ciência A ciência vai aos poucos substituindo a filosofia e a teologia, na explicação dos fenômenos da natureza, constituindo as denominadas ciências naturais 98 o uso da razão como meio de alcançar o conhecimento. Revolução Cientifica (séculos XVI e XVII) O fundamento da ciência moderna consiste na afirmação da necessidade de observar todos os fatos e o fenômenos e demonstrar as explicações propostas para eles. Fica excluída qualquer possibilidade de especulação sem um experimento que comprove sua plausibilidade. A ciência moderna se caracteriza como um saber não dogmático, critico, aberto, reformulável, suscetível de correções ou refutações È um saber universal que utiliza provas (experiências) para que se possam testar resultados Burguesia A origem da palavra remonta ao século XII: burguês era o habitante do burgo, povoação formada em torno de um castelo ou mosteiro fortificado. Burguesia era o conjunto de mercadores e artesãos que habitavam o burgo e desfrutavam de direitos especiais dentro da sociedade feudal. A partir do século XVIII, a palavra passou a ser gradualmente empregada para designar os empregadores do ramo da manufatura, do comercio e das finanças, que se consolidavam como nova classe dominante, concomitantemente ao declínio da nobreza. o saber era desligado das questões práticas e era voltado para a contemplação teórica, ANTES AGORA As necessidades econômicas do capitalismo e a valorização do trabalho redirecionaram o conhecimento rumo à técnica 101 o critério da verdade limitava-se à coerência conceitual o saber continha concepções finalistas sobre o mundo ANTES AGORA deveria se submeter ao crivo da observação empírica à matematização e à comprovação experimental. o saber passa a ser descritivo e utilitarista. 102 o critério da verdade limitava-se à coerência conceitual o saber continha concepções finalistas sobre o mundo ANTES AGORA deveria se submeter ao crivo da observação empírica à matematização e à comprovação experimental. o saber passa a ser descritivo e utilitarista. 103 o critério da verdade limitava-se à coerência conceitual o saber continha concepções finalistas sobre o mundo ANTES AGORA deveria se submeter ao crivo da observação empírica à matematização e à comprovação experimental. o saber passa a ser descritivo e utilitarista. 104 OS MÉTODOS CIENTÍFICOS ressaltam mais a historicidade do conhecimento (métodos experimentais e técnicos) refletem os valores empiristas Refletem o modo de pensar (utilitarista) Expressam os interesses (produção e comercio) Desenvolvem uma cultura das novas classes dominantes 105 Fatores relativos ao sistema de ciência As revoluções mudança da sociedade feudal para a sociedade capitalista. reaparecimento das cidades o surgimento das indústrias transformações não apenas no mundo natural, mas também nas relações sociais A CRISE DAS EXPLICAÇÕESRELIGIOSAS O processo de secularização Anticlericalismo A Igreja como objeto de pesquisa A sacralização da ciência Razão Separada da Fé 107 GALILEU GALILEI 1564-1642 HELIOCENTRISMO EPPUR SI MUOVE 108 A Revolução Científica – Idade Moderna (1453 ...) A burguesia, um novo modo social de viver, financiava os cientistas para o desenvolvimento da técnica, necessária para o desenvolvimento da economia. Ciência A ciência vai aos poucos substituindo a filosofia e a teologia, na explicação dos fenômenos da natureza, constituindo as denominadas ciências naturais 109 FEURBACH 1804-1872 Não foi Deus que criou o homem mas o homem que criou Deus. NIETZSCHE 1844-1900 O cristianismo é uma religião de escravos. Deus está morto. VOLTAIRE 1694/1778 Deus criou o homem à sua imagem e este lhe pagou na mesma moeda 110 As Ciências Humanas O Renascimento e o Iluminismo As Revoluções do século XVIII As crises e desordens sociais O desenvolvimento das ciências da natureza Necessidade de compreender o que ocorria na sociedade, para controlá-la e modificá-la Utilização do método científico POSITIVISMO CIENTIFICISMO Crença no poder dominante e absoluto da razão em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis científicas POSITIVISMO A primeira forma de pensamento social 112 CONCEPÇÃO CIENTIFICISTA DO POSITIVISMO Justificativa ideológica da superioridade cultural européia e da sua expansão colonialista sobre os continentes africano e asiatico. 113 As Ciências Humanas APLICAÇÃO DO MÉTODO DAS CIÊNCIAS NATURAIS AO ESTUDO DOS FENÔMENOS SOCIAIS POSITIVISMO SOCIOLÓGICO 114 Positivismo Sociológico 1. a sociedade é regulada por leis semelhantes às da natureza, isto é, leis invariáveis e independentes da vontade humana. Daí deve haver na sociedade uma ordem natural. 115 2. os métodos e procedimentos para conhecer a sociedade são exatamente os mesmos que são utilizados para conhecer a natureza. Positivismo Sociológico 116 3. Da mesma maneira que as ciências da natureza são ciências neutras, objetivas, livres de ideologias, de juízo de valor, as ciências humanas devem funcionar segundo esse modelo de objetividade científica Positivismo Sociológico 117 A QUESTÃO METODOLÓGICA NAS CIÊNCIAS HUMANAS 118 Os resultados das ciências humanas são realmente científicos ou não passam de opiniões particulares dos cientistas? 119 As Ciências Humanas Crise das Ciências Humanas Inadequação do método das ciências naturais Busca de cientificidade Conceito de verdade 120 OBJETO Dificuldades Metodológicas das Ciências Humanas Ciências Naturais têm como objeto coisas materiais que são exteriores ao universo humano Ciências Humanas têm um objeto que se identifica com o próprio sujeito do conhecimento, o que torna difícil a objetividade. DELIMITAÇÃO DO OBJETO Nas Ciências Naturais é relativamente fácil isolar e delimitar seu objeto de conhecimento, Nas Ciências Naturais é relativamente fácil isolar e delimitar seu objeto de conhecimento, Nas Ciências Naturais é relativamente fácil isolar e delimitar seu objeto de conhecimento Para as Ciências Humanas tal recorte é, muitas vezes, inviável, porque os fenômenos humanos são imensamente complexos: não há como separar o psíquico do histórico, o econômico do social, do político, do cultural, etc. EXATIDÃO DO MÉTODO Nas Ciências Naturais, o controle das interferências ideológicas do cientista é facilitado pela exatidão do método No campo das Ciências Humanas tal controle é impossível por causa da inserção social do cientista no próprio fenômeno estudado: a sociedade. EXPERIMENTAÇÃO Outra grande dificuldade consiste no problema da experimentação, viável nas Ciências Naturais, que conseguem isolar situações de laboratorio Tal procedimento é inaplicável e, não raras vezes, inútil para as Humanidades porque as reações e motivações das pessoas diante dos eventos da vida social são variáveis, subjetivos, imprevisíveis. LINGUAGEM CIENTÍFICA Há ainda o problema da linguagem científica. As Ciências Naturais se caracterizam pelo rigor e exatidão dos conceitos. Entretanto os fenômenos humanos não são redutíveis a quantificações e cálculos em razão de sua forte carga valorativa, simbólica, psíquica, etc. DETERMINISMO A busca de causalidades é procedimento típico das Ciências Naturais para explicar os fenômenos da natureza porque estes são regulares, constantes, repetitivos, denotando determinismo. Já os fenômenos humanos são complexos e livres. As Ciências Humanas Necessidade da construção de uma metodologia própria. As relações humanas passaram a ser concebidas não mais como objeto em si ou como fato, mas sim como um fenômeno dotado de totalidade, complexidade e significado. Tendência humanista das ciências humanas 127 Fenômeno Humano A noção de verdade se afasta dos ideais gregos e latinos que pressupõem a verdade como algo absoluto. Tem como verdade o consenso da comunidade científica, sempre provisória e precária que durará até que o curso histórico do próprio conhecimento promova a sua superação. 128 Ciências Naturais Ciências Humanas Determinismo absoluto Determinismo relativo Necessidade Liberdade Distinção entre sujeito e objeto Identificação entre sujeito e objeto Isolamento,quantificação e delimitação do objeto Complexidade do objeto Linguagem científica exata Linguagem simbólica e significativa Constância Probalidade Previsibilidade Previsilidade com uma dose de imprevisibilidade 129 CENTRO DE ESTUDOS SINDICAIS PARTE 3 – OS CLÁSSICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS No século XIX, três pensadores desenvolveram teorias buscando explicar a sociedade capitalista: Karl Marx , Emile Durkheim que continuou o positivismo de Augusto Comte e Max Weber . Estes três pensadores são denominados os clássicos da Sociologia. Os Clássicos das Ciências Sociais 1818-1883 1858-1917 1864-1920 A Sociologia ingressou na época do globalismo. [...] As três teorias sociológicas que mais influenciam as interpretações da globalização são o funcionalismo, o marxismo e a teoria weberiana. [...] Essas são três poderosas matrizes do pensamento científico na Sociologia, exercendo influências diretas e indiretas. Mesmo porque essas teorias nunca deixaram de contemplar o indivíduo, a ação social, o cotidiano e outras manifestações das diversidades da vida social. Estas teorias “fertilizam a maior parte de tudo o que se produz e se discute sobre as configurações e movimentos da sociedade global” Octavio Ianni Para que estudar os Clássicos? Qual a real importância de Marx, Durkheim e Weber? Têm somente um valor histórico para compreender o processo de formação da sociologia? São fundamentais para compreender a sociedade atual? Têm apenas um valor didático ou realmente são importantes para a compreensão da vida social moderna? “Considero classico um escritor ao qual possamos atribuir as seguintes caracteristicas: Que seja considerado interprete autêntico e único de seu tempo, cuja obra seja utilizada como instrumento indispensável para compreendê-lo. Que seja sempre atual, de modo que cada época, ou mesmo cada geração, sinta a necessidade de relê-lo e, relendo-o, de reinterpretá-lo. Que tenha construído teorias-modelo das quais nos servimos continuamente para compreender a realidade, até mesmo uma realidade diferente daquela a partir da qual as tenha derivado e à qual as tenha aplicado, e que se tornaram, ao longo dos anos, verdadeira e proprias categorias mentais.” Norberto Bobbio, Teoria Geral de Política Do ponto de vista teórico: as obras dos clássicos possuem um valor muito maior do que os clássicos das rígidas ciências naturais. POR QUE OS CLASSICOS? Os Clássicos da Sociologia Emile Durkheim (1857 – 1917) Max Weber (1864 – 1920) Karl Marx (1818 – 1883) Objeto da Sociologia Método Classes Sociais Fato Social Ação Social Dialética Explicação Compreensão Social OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA KARL MARX arnaldolemos@uol.com.brCONCEITOS BÁSICOS Socialismo Comunismo Dialética Forças de Produção Relações de Produção Infra-estrutura Super-estrutura Estado Classes sociais Ideologia Alienação Mercadoria Fetichismo da Mercadoria Força de Trabalho Valor de Uso Valor de troca Mais-valia Modo de produção ANÁLISE DA MERCADORIA O duplo valor dos bens materiais A determinação do valor de troca Os processos históricos de troca A força de trabalho como mercadoria O processo da mais valia O fetichismo da mercadoria Valor de uso Valor de troca O duplo valor dos bens materiais Valor de uso Valor de troca homem necessidades satisfação produção de bens materiais valor dos bens Utilidade do bem material para o seu produtor Quando o bem produzido não tem valor de uso para o seu produtor e este o coloca no mercado para troca: MERCADORIA Toda mercadoria é essencialmente valor de troca, mas tem embutido nela um valor de uso 2. A determinação do valor de troca O que determina o valor de troca de uma MERCADORIA ? QUANTIDADE ? NECESSIDADE ? FINALIDADE ? EQUIVALÊNCIA (valores iguais) 2. A determinação do valor de troca trabalho 02 horas 04 horas 02 horas tempo de trabalho necessário para a sua produção equivalência equivalência 2. A determinação do valor de troca Socialmente Tempo médio Tempo social Tempo de trabalho SOCIALMENTE necessário para a sua produção Trabalho da sociedade: ao trocar as mercadorias, há uma comparação de trabalho humano. Logo toda mercadoria expressa relações sociais Exemplo : compra no supermercado Pacote de arroz = 10 reais O preço é o que aparece. O que significa? “Ao equiparar os seus diversos produtos na troca como valores, os homens equiparam os seus diversos trabalhos como trabalho humano. Não se dão conta, mas fazem-no”. O que é comum a todas as mercadorias não é trabalho concreto de um ramo de produção determinado,não é o trabalho de um gênero particular, mas o trabalho humano abstrato, o trabalho humano geral. 3. Os processos históricos de troca I) Processo Pré-Capitalista a) Processo de circulação simples (troca direta) b) Processo de circulação complexa (troca indireta) M M M D (equivalente geral) M A troca direta não dinamiza a troca Há necessidade de um equivalente geral O processo Pré-Capitalista não tem como objetivo o LUCRO II) Processo Capitalista Qual a vantagem ? D M D D M D+ Dinheiro tem valor de uso ? D M D+ M D++ M D+++ ... 3. Os processos históricos de troca O processo pré-capitalista começa com M a mercadoria é produto do trabalho O processo capitalista começa com D o dinheiro é necessariamente produto do trabalho ? 3. Os processos históricos de troca “Se o dinheiro .... vem ao mundo com uma mancha congênita de sangue numa das faces, o capital vem pingando da cabeça aos pés, de todos os poros, sangue e lama” (Marx, O Capital, vol 1) Comércio = troca de mercadoria, conquista, pirataria, saque, exploração, suborno, fraude ... De onde veio o dinheiro para o início do capitalismo? Questão Básica 148 D máquina matéria prima força de trabalho (Capital constante) (Capital variável) M D + + capitalismo Camponeses = expulsos do campo Artesãos = destituídos de suas ferramentas No capitalismo a força de trabalho tornou-se uma mercadoria. Antes, o trabalhador era dono de sua força de trabalho: camponeses e artesãos capitalismo 4. A força de trabalho como mercadoria Qual o valor desta mercadoria ? a) o valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho necessário para que ela exista b) ora, a força de trabalho é uma mercadoria c) logo, o valor da força de trabalho é determinado pelos meios necessários para que ela exista d) ora, a força de trabalho não existe desvinculada de seu dono, o trabalhador f) ora, um dia o trabalhador vai morrer g) logo o valor da força de trabalho é determinado pelos meios necessários à subsistência do trabalhador e sua reprodução e) Logo, o valor da força de trabalho é determinado pelos meios necessários para que o trabalhador exista Enquanto cresce, estuda e trabalha, o homem consome uma certa quantidade de mercadorias, que pode ser medida em tempo de trabalho. MEDINDO ESTE VALOR, ESTAREMOS MEDINDO, INDIRETAMENTE, O VALOR DA FORÇA DE TRABALHO PORTANTO, O VALOR DA FORÇA DE TRABALHO É IGUAL AO VALOR DOS MEIOS DE SUBSISTÊNCIA, PRINCIPALMENTE GÊNEROS DE PRIMEIRA NECESSIDADE, INDISPENSÁVEIS À REPRODUÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA Esse valor é pago no salário, que deve dar apenas para o estritamente necessário ao futuro trabalhador. capitalismo (…) mais desmoralizante que a miséria é, para os operários, a insegurança de sua vida, a necessidade de viver cada dia com um salário sem saber o que lhe acontecerá na manhã seguinte – em suma, aquilo que faz deles proletários. (…) O proletário, por seu turno, que só possui de seus próprios braços, que consome à noite o que ganhou durante o dia, que está inteiramente sujeito ao acaso, que não tem nenhuma garantia futura de assegurar-se os meios mais elementares de subsistência – em função de uma crise ou de um capricho do patrão pode ficar desempregado -, está reduzido à condição mais revoltante, mais desumana que se pode imaginar (…) o proletário está abandonado a si mesmo e, ao mesmo tempo, está impossibilitado de empregar sua força de modo a valer-se dela para viver (…) Ele sofre todas as combinações possíveis e deve ser grato à sorte se, por algum tempo, conseguir salvar sua pele”[2]. ENGELS, situação dos trabalhadores É esse o circulo vicioso do capitalismo, em que o assalariado vende a sua força de trabalho para sobreviver e o capitalista lhe compra a força de trabalho para enriquecer. A razão do circulo vicioso esta no processo de MAIS VALIA capitalismo Primeiro Modo Hipótese: 08 horas 5. O processo da mais valia Tempo Necessário: o tempo de trabalho necessário para produzir mercadorias cujo valor é igual ao valor da força de trabalho Tempo Excedente: o tempo de trabalho que excede, que vale mais que a força de trabalho: mais valia. O trabalhador, embora tenha feito juridicamente um contrato de trabalho de 08 horas, trabalha 04 horas de graça Mais Valia Absoluta: Se o capitalista exigir aumento das horas, ainda que pague mais, estará aumentando a mais valia: Mais Valia Relativa: Se o capitalista investir em novas tecnologias diminuirá o tempo necessário estará aumentando a mais valia Segundo Modo Exemplo Produção de um par de sapatos 100 unid de moeda Matéria Prima = Desgaste Instrumentos Salário Diário Como o capitalista obtém o lucro? 5. O processo da mais valia 20 unid de moeda 30 unid de moeda O valor de um par de sapatos é a soma de todos os valores representados pelas diversas mercadorias que entraram na produção Não é no âmbito da compra e venda É no âmbito da produção = = 09 horas de trabalho 01 par a cada 03 horas Nessas 03h o trabalhador cria uma quantidade de valor correspondente ao seu salário Nas outras 06h produz mais mercadorias que geram um valor maior do que lhe foi pago na forma de salário 5. O processo da mais valia + salário Meios de Produção 120 30 150 + = + salário Meios de Produção 120 30 390 + = x 03 03 130 = 5. O processo da mais valia MAIS VALIA Ao final da jornada, o trabalhador recebe 30 unidades de moeda e o seu trabalho rendeu o dobro ao capitalista: 20 unidades de moeda em cada um dos pares de sapato. Este valor a mais não retorna ao operário: incorpora-se ao produto e é apropriado pelo capitalista Assim como um boi produz mais do que consome e enriquece o seu dono, a classe trabalhadora produz mais valia do que consome e enriquece os proprietários dos meios de produção. Os trabalhadores são os bois do sistema capitalista Síntese de muitas determinações A realidade social é feita de contradições Mas a árvore não pode esconder o arvoredo Vem um grande analista e revela o segredo Da acumulação de capital É mais valia pra cá É mais valia pra lá Capitalismo é selvagem e global É mais valia pra cá Émais valia pra lá Tempo roubado do trabalho social Mercadoria é alienação Trabalho e salário, a danação A grana diz: trabalho sozinha A fórmula é d –m - d’ Síntese de muitas determinações a realidade brasileira é feita de contradições Mas o grande analista indicou o caminho Ninguém pode vencer esta luta sozinho É luta de classe e exploração Tem a novela, meu bem, E tem a Xuxa também SAMBA DA MAIS VALIA Sergio Silva Pro demitido tem no Jornal Nacional Tem desemprego, meu bem, E tem a dengue também Desigualdade e tortura federal No Brasil tudo foi ti-ti-ti Todo mundo pensando do Gianotti à Chauí Mas agora é hora de transformação O Carnaval traz nossa revolução Síntese de muitas determinações A realidade social é feita de contradições Mas a árvore não pode esconder o arvoredo Vem o grande analista e revela o segredo Da acumulação de capital O Manifesto falou, O comunista escutou Tem que seguir o movimento popular O grande mestre mostrou A grande escola ensinou De ver o samba no pé se revoltar Lá no Rio, os herdeiros da filosofia Descobriram o pandeiro e a cuíca vazia Mas agora é hora de transformação O Carnaval traz nossa revolução Tem a novela, meu bem, E tem a Xuxa também https://youtu.be/l5Il0h5scIY O FETICHISMO DA MERCADORIA FETICHISMO FETICHE FREUD Adoração ou culto de fetiches Objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela natureza, ao qual o homem da o caráter de sagrado e presta culto A aplicação do processo de fetichismo ao comportamento individual: fetiches sexuais MARX A aplicação do processo do fetichismo ao comportamento social: a mercadoria e o dinheiro são fetiches (1856 – 1939) (1818 – 1883) “...nas condições da produção mercantil baseada na propriedade privada dos meios de produção desenvolve-se a ilusão ou representação ideológica de que as mercadorias são dotadas de propriedades inatas, forças extra-humanas que terminam por influir no destino das pessoas.” O que é MERCADORIA ? Trabalho humano concentrado e não pago. Ao trocar mercadorias, o homem compara trabalho humano. A mercadoria expressa, pois, relações sociais Aparece como uma coisa dotada de valor de uso (utilidade) e de valor de troca (preço) Exemplo de relações: a mercadoria 3,00 se relaciona com a mercadoria sabonete X a mercadoria 500,00 se relaciona com a mercadoria menino-que-faz-pacotes A mercadoria 400,00 se relaciona com uma consulta medica As coisas-mercadorias começam a se relacionar umas com as outras como se fossem sujeitos sociais, dotados de vida própria: 01 apartamento estilo “mediterrâneo” = um modo de viver 01 cigarro marca X = um estilo de vida 01 calça jeans griffe X = um vida jovem 166 O Fetiche da Mercadoria “...numa economia em que a divisão social do trabalho alcançou grande complexidade e na qual os produtores (trabalhadores) não têm nenhum controle sobre o produto de seu trabalho, os vínculos entre os indivíduos e entre os grupos sociais aparecem sob a forma de troca de coisas-mercadorias e não claramente como relações sociais entre classes.” As coisas-mercadorias aparecem como sujeitos sociais, dotados de vida própria e os homens-mercadorias aparecem como coisas A mercadoria é um fetiche no sentido religioso da palavra: uma coisa que existe por si e em si A mercadoria, como fetiche, tem poder sobre seus crentes O FETICHISMO DA MERCADORIA As relações sociais de trabalho aparecem como relações materiais entre as pessoas e como relações sociais entre coisas COMO ENTÃO APARECEM AS RELAÇÕES SOCIAIS DE TRABALHO ? Os homens são transformados em coisas e as coisas são transformadas em “gente” O FETICHISMO DA MERCADORIA trabalhador trabalho proprietário Os homens são transformados em coisas: uma coisa chamada mercadoria que possui outra coisa chamada preço uma coisa chamada capital que possui outra coisa chamada capacidade de ter lucros. Produzir, distribuir, comerciar, acumular, consumir, investir, poupar, trabalhar = funcionam e operam sozinhas, por si mesmas, independente dos homens que as realizam Desaparecem os seres humanos, ou melhor, eles existem sob a forma de coisas: reificação (Lucaks) Uma coisa chamada força de trabalho E a coisas são transformadas em “gente”: 169 O Fetiche da Mercadoria “...as mercadorias não se apresentam como resultado do trabalho humano apropriado pelo capitalista, mas como coisas dotadas de vida própria, sujeitas às oscilações da lei da oferta e da procura. As relações entre objetos, coisas, mercadorias mascaram as relações sociais, as formas de propriedade, a alienação real que existe entre o trabalhador e os objetos por ele criados.” 171 172 O Fetiche da Mercadoria “... revela-se com maior intensidade no dinheiro, que se apresenta, nas relações sociais, dotado de uma força sobrenatural que proporciona poder a seus possuidores. Supõe-se que a capacidade de tudo poder comprar é uma propriedade natural da moeda, do ouro, quando na realidade essa força estranha é determinada não pelo dinheiro em si (ele também é uma mercadoria), mas pelas relações sociais entre os produtores de mercadorias.” “Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia vender-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram coparticipadas mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas jamais compradas — virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc — em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral, da venalidade universal, ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal, é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo valor”. Karl Marx, A Miséria da Filosofia EU, ETIQUETA Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Veja o poema na interpretação de Paulo Autran : https://youtu.be/acS-frwDdBI Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim mesmo, ser pensante, sentinte e solidário com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente). E nisto me comparo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam e cada gesto, cada olhar cada vinco da roupa sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser nãoeu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente. Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Obra poética, Volumes 4-6. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989. CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE Textos Básicos: 1848 1859 1863 O Manifesto Comunista O Capital Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política PRESSUPOSTOS PARA O CONHECIMENTO DA SOCIEDADE Conceito de Homem Conceito de História Conceito de Trabalho CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE HOMEM ser de necessidades satisfação das necessidades produção de bens materiais produção de bens materiais TRABALHO CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE Relações A ) com a Natureza Forças de Produção (instrumentos de produção) B ) dos Homens entre si Relações de Produção (divisão do trabalho) Modo de Produção + História Capitalista Antigo Feudal “A história humana é a história das relações dos homens com a natureza e dos homens entre si.” Nesses dois tipos de relação aparece como intermediário um elemento essencial: O TRABALHO HUMANO Assim como Darwin havia descoberto a lei da evolução das espécies, Marx descobriu as leis da HISTÓRIA Forças de Produção O trabalho do homem, o trabalho do animal a serviço do homem, a natureza, os instrumentos de produção. Toda capacidade humana de produzir. Relações de Produção (materiais) São os modos específicos de organização do trabalho e da propriedade, devido a divisão do trabalho. (sociais) Modo de Produção Cada época histórica possui um conjunto de forças produtivas a que correspondem determinadas relações de produção. INFRA-ESTRUTURA ECONÔMICA CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE SUPER ESTRUTURA IDEOLÓGICA POLÍTICA ESTADO JURÍDICA DIREITO FORÇAS DE PRODUÇÃO + RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (MODO DE PRODUÇÃO) INFRA ESTRUTURA ECONÔMICA IDEOLÓGICA CONSCIÊNCIA EXISTÊNCIA CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE SUPER ESTRUTURA IDEOLÓGICA POLÍTICA ESTADO JURÍDICA DIREITO FORÇA DE PRODUÇÃO + RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (MODO DE PRODUÇÃO) INFRA ESTRUTURA ECONÔMICA IDEOLÓGICA “O modo de produção da vida material CONDICIONA o processo da vida social, política e espiritual em geral” “Não é a consciência do homem que DETERMINA a sua existência, mas ao contrário, é a sua existência que determina a sua consciência” “Ao mudar a base econômica revoluciona-se, mais ou menos, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela” Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política A explicação das formas jurídicas, políticas, espirituais e de consciência encontra-se na base econômica e material da sociedade, no modo como os homens estão organizados no processo produtivo CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE RELAÇÕES DE PROPRIEDADE PROPRIETÁRIOS CLASSE DOMINADA CLASSE DOMINANTE PROLETARIADO BURGUESIA NÃO PROPRIETÁRIOS RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO MPC CONSCIÊNCIA EXISTÊNCIA CONCEPÇÃO MARXISTA DE SOCIEDADE SUPER ESTRUTURA IDEOLÓGICA POLÍTICA ESTADO JURÍDICA DIREITO FORÇA DE PRODUÇÃO + RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (MODO DE PRODUÇÃO) INFRA ESTRUTURA ECONÔMICA IDEOLÓGICA MODO DE PRODUÇÃO Prefacio à Contribuição à Crítica da Economia Política A determinadas forças de produção correspondem determinadas relações de produção que se expressam em relações jurídicas e que constituem um modo de produção As forças de produção são dinâmicas porque são dialéticas e as relações de produção não acompanham o ritmo de seu desenvolvimento As forças de produção se chocam com as relações de produção existentes, ou o que não é senão sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se abrem assim na época de revolução social. FORÇAS DE PRODUÇÃO (FP) RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (RP) CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE DETERMINISMO OU CONDICIONAMENTO ? Determinismo: (relação de causalidade) : relação mecanicista e não dialética Condicionamento : é uma variável. corre o risco de ser flexível demais Questões Finais Por que os homens conservam essa realidade ? Como se explica que não percebam a reificação ? Como entender que o trabalhador não se revolte contra uma situação na qual não só lhe foi roubada a condição humana, mas ainda é explorado naquilo que faz ? Como explicar que essa realidade nos apareça como natural, normal, racional, aceitável ? De onde vem o obscurecimento da existência das contradições e dos antagonismos sociais ? De onde vem a não percepção da existência das contradições e dos antagonismos sociais ? A resposta a essas questões nos conduz diretamente ao fenômeno da ALIENAÇÃO e da IDEOLOGIA ALIENAÇÃO alienum = alheio - outro Alienar um imóvel ALIENAÇÃO ECONÔMICA Os trabalhadores são expropriados dos seus meios de produção da vida material e do saber do qual dependia a fabricação de um produto e a própria posição social do artesão Vender = separar o proprietário da propriedade CAPITALISMO O capitalismo reduziu o trabalhador à execução de tarefas simplificadas, parciais e repetitivas na linha de produção da fábrica O trabalhador só aprende que deve trabalhar para receber o salário e viver, pois esta é a percepção que tem da realidade na vida cotidiana O trabalho é percebido pelo trabalhador como algo fora de si, que pertence a outros. Daí adquire uma consciência falsa do mundo em que vive: IDEOLOGIA IDEOLOGIA É aquele sistema ordenado de idéias e concepções, de normas e de regras (com base no qual as leis jurídicas são feitas) que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade do “sistema”, como se estivessem se comportando segundo sua própria vontade A ideologia dominante numa dada época histórica é a ideologia da classe dominante nessa época. Ao contrário de outras épocas históricas (escravidão e servidão), no capitalismo o trabalhador acha que é justo que ele seja separado do produto de seu trabalho, mediante o pagamento de seu salário. Para Marx, o salário não remunera todo o trabalho, pois uma parte é apropriada pelo capitalista e se transforma em lucro. O trabalhador não percebe isso por causa da ideologia que é uma concepção de mundo gerada pela classe dominante e assumida pela classe dominada como se fosse sua. EMILE DURKHEIM CONCEITOS BÁSICOS FATO SOCIAL COERÇAO SOCIAL CONSCIÊNCIA COLETIVA DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO SOLIDARIEDADE MECÂNICA SOLIDARIEDADE ORGÂNICA DIREITO REPRESSIVO NORMAL E PATOLÓGICO DIREITO RESTITUTIVO SUICÍDIO ANOMIA A preocupação em estabelecer normas que justifiquem a manutenção da sociedade capitalista A Divisão do Trabalho Social “O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema que tem sua vida própria; podemos chamá-lo consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; é, por definição, difusa em toda extensão da sociedade” ( A Divisão do Trabalho Social) CONSCIÊNCIA COLETIVA Em sua obra A Divisão do Trabalho Social procura compreender as repercussões da divisão do trabalho e do aumento do individualismo na integração social. Durkheim tenta entender o funcionamento da sociedade da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento de um corpo. Cada indivíduo tem uma função a cumprir que é importante para o funcionamento de todo o corpo social. A Divisão do Trabalho Social Daí o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o seu aspecto econômico (aumento de produtividade) mas a integração e a união entre os membros, que Durkheim denomina SOLIDARIEDADE. Quanto mais for especializada sua atividade, mais o membro de uma sociedade passa a depender dos outros membros. Divisão Social do trabalho vem a ser a especialização de funções entre os indivíduos de uma sociedade. A Divisão do Trabalho Social SOLIDARIEDADE SOCIAL SOCIEDADE PRE-CAPITALISTA SOCIEDADE CAPITALISTA Tradicional Não diversificada Pré-industrial Semelhanças de funções: união Simples Causa da coesão social:união Pouca divisão do trabalho Solidariedade mecânica Moderna Diversificada Industrial Especialização de funções: dependência Complexa Causa da coesão social: dependência Muita divisão do trabalho Solidariedade orgânica Solidariedade Mecânica divisão do trabalho pouco desenvolvida Não havia um grande número de especializações As pessoas se uniam não porque dependiam do trabalho das outras mas porque tinham a mesma religião, as mesmas tradições, os mesmos sentimentos, os mesmos valores consciência coletiva era forte e pesava sobre o comportamento de todos. Predominava o Direito Repressivo (Penal) pois o crime feria os sentimentos coletivos. Solidariedade Orgânica Há divisão de trabalho porque há mais especialização de funções.. O que une as pessoas é a interdependência das funções sociais. A consciência coletiva é fraca pois é difusa, difundindo-se pelas diversas instituições Predomina o Direito Restitutivo (Civil) , pois a função do Direito mais do que punir o criminoso, é restabelecer a ordem que foi violada. As causa sociais do aumento da divisão do trabalho nas sociedade complexas decorre de uma combinação de fatores que envolvem : o volume populacional e a densidade natural e moral da população Causas do aumento da divisão do trabalho um aumento do volume da população uma maior aproximação dos membros da sociedade no espaço físico uma maior comunicação e interdependência dos indivíduos no espaço social Durkheim admite que a Solidariedade Orgânica é superior à Mecânica, pois ao se especializarem as funções , a individualidade de certo modo é ressaltada, permitindo maior liberdade de ação Segundo Durkheim, o aumento da diferenciação social e das especializações é fruto de um processo de evolução das sociedades mais simples e tradicionais para as sociedades modernas FATO PATOLÓGICO E ANOMIA O crescente desenvolvimento da industria e da tecnologia faz com que Durkheim tivesse uma visão otimista sobre o futuro do capitalismo. O capitalismo é uma sociedade perfeita, pois a maior divisão de trabalho aumenta a especialização de funções que aumenta a dependência, tendo maior solidariedade. Como explicar os problemas sociais, tais como favela, criminalidade, suicídio, fome, miséria, poluição, desemprego? A crise da sociedade é moral. Ou as normas estão falhando (fato patológico) ou há ausência de normas (anomia) A sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos, saudáveis e doentios. Fato Social Normal quando se encontra generalizado na sociedade ou desempenha alguma função social importante. Fato Social Patolológico aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente FATO PATOLÓGICO Para Durkheim, um fenômeno quando agride os preceitos morais, pode ser considerado normal desde que encontrado na sociedade de forma generalizada desde que não coloque em risco a integração social.. Considerou o crime um fato social normal porque é encontrado em todas as sociedades e serve de parâmetro para a sociedade. Se o crime põe em risco a integração social é considerado patológico ANOMIA E REGRAS SOCIAIS Significa uma mudança social, crise de valores (contestação de regras de comportamento) e crise de legitimidade do poder político e do sistema jurídico. Situação de falta de normas num contexto social. 210 ANOMIA Carência de regulamentação social, ausência de regras sociais. As crises econômicas e conflitos capital-trabalho se devem a uma situação de anomia.. Atribui essa crise moral às mudanças rápidas ocorridas na sociedade no final do século XIX e ao descompasso entre o avanço material e as normas morais e jurídicas. Ao estudar o suicidio, refere-se ao suicídio anômico que acontece devido ao enfraquecimento das regras morais. Tal estado deanomia se deve à propria sociedade que apresenta uma situação de desregramento levando os indivíduos a pedrderem a noção dos fins individuais e dos limites ANOMIA EM DURKHEIM Aparece na análise que Durkheim faz do suicídio: as causas do suicídio seriam sociais, dependendo do maior ou menor grau de coesão social. Três tipos de suicídio: EGOÍSTA ALTRUÍSTA ANÔMICO Falta de integração Excesso de integração Falta de limites e regras MAX WEBER arnaldolemos@uol.com.br CONCEITOS BÁSICOS AÇÃO SOCIAL COMPREENSÃO SOCIAL PATRIMONIALISMO TIPO IDEAL TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGITIMA BUROCRACIA RACIONALIDADE CARISMA ÉTICA PROTESTANTE VALORES SENTIDO ETICA CALVINISTA arnaldolemos@uol.com.br TIPO IDEAL É um instrumento de análise proposto por Weber para a compreensão das ações sociais Na construção de um tipo ideal, o sociólogo seleciona aspectos da ação humana que considera culturalmente relevantes para o estudo. E o faz segundo seus próprios valores. É uma construção teórica abstrata - tipo ideal = tipo puro 3. TIPOLOGIA arnaldolemos@uol.com.br TIPOLOGIAS TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGITIMA WEBER arnaldolemos@uol.com.br AÇÃO TRADICIONAL AÇÃO AFETIVA AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS determinada por um costume arraigado” Exs. – Trocas de presentes no Natal, Dia da mães, Dia dos namorados especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais atuais”. Ex. Torcida de futebol determinada pela crença consciente em valores (ético, estético, religioso ou qualquer outra forma)” ex. trabalho voluntario determinada por expectativas, condições ou meios para alcançar fins próprios, racionalmente perseguidos. Ex. Empresa Capitalista TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL arnaldolemos@uol.com.br Esses tipos de ação se apresentam com intensidade diferenciada em diferentes sociedades: tradição e afetividade são dominantes : família e religião. racionalidade em relação aos valores e aos fins Sociedades antigas Sociedades modernas arnaldolemos@uol.com.br TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGITIMA A QUESTÃO DO PODER Por que um determinado indivíduo ou conjunto de indivíduos detém a capacidade de dirigir a sociedade? Por que ao Estado é dado o direito de estabelecer e aplicar as leis e controlar os meios de controle social ? arnaldolemos@uol.com.br O Estado ou alguém detem a capacidade de dominar a sociedade porque são reconhecidos como legítimos pelos indivíduos. arnaldolemos@uol.com.br TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGÍTIMA DOMINAÇÃO TRADICIONAL refere-se à autoridade pessoal do governante, investida por força do costume. DOMINAÇÃO CARISMÁTICA É baseada no carisma. Ou seja, na capacidade excepcional de liderança de alguém DOMINAÇÃO RACIONAL-LEGAL baseada no direito que se liga a aspectos racionais e técnicos de administração arnaldolemos@uol.com.br FORMAS TÍPICAS DE DOMINAÇÃO TRADICIONAL CARISMÁTICA RACIONAL-LEGAL PATRIMONIALISMO CARISMA BUROCRACIA arnaldolemos@uol.com.br PATRIMONIALISMO Culto à personalidade Não há distinção entre o público e o privado Compromissos de fidelidade e honra Nepotismo - compadrio Relações sociais de poder : familiares Ex. o coronelismo político “O Brasil é um Estado Patrimonial”( Raymundo Faoro) arnaldolemos@uol.com.br CARISMA Surgimento num momento de uma ruptura: utilizado na subversão ou na abolição de um regime tradicional ou legal Nem todas as revoluções são carismáticas e nem todos os domínios carismáticos são revolucionários Fanatismo de seus seguidores : relações sociais quase que religiosas. Dificuldades na sucessão: não há continuidade Ex. Che Guevara, Eva Peron, Vargas, Hitler, Aiatolá Khomeini. João Paulo II, Lula. arnaldolemos@uol.com.br BUROCRACIA Caráter estatutário : todos devem basear seu comportamento em estatutos e normas Racionalidade técnica : os cargos são preenchidos por competência, a promoção é por mérito e tempo de serviço Relações sociais formais : impessoalidade Distinção entre o público e o privado Dificuldade : pode se tornar uma “gaiola de ferro” arnaldolemos@uol.com.br POR QUE O CAPITALISMO SE DESENVOLVEUAPENAS NO OCIDENTE ? 4. RELIGIÃO E CAPITALISMO arnaldolemos@uol.com.br E NO OCIDENTE O CAPITALISMO SE DESENVOLVEU MAIS NOS PAÍSES PROTESTANTES? arnaldolemos@uol.com.br RELIGIÃO E CAPITALISMO “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (1904) ÉTICA PROTESTANTE ETICA DA SALVAÇÃO ETICA CALVINISTA ETICA DA PREDESTINAÇÃO ASCETISMO RACIONALIDADE BUSCA RACIONAL DO LUCRO VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO DISCIPLINA PARCIMÔNIA DISCRIÇÃO POUPANÇA ESPIRITO DO CAPITALISMO Ascese: exercicio prático que leva à efetiva realização da virtude, à plenitude da vida moral Parcimonia: qualidade de parco: que poupa ou economiza, moderado nos gastos, modesto arnaldolemos@uol.com.br Lembra-te que tempo é dinheiro Lembra-te de que credito é dinheiro Lembra-te de que dinheiro gera mais dinheiro Lembra-te de que o o bom pagador é senhor da bolsa alheia Maximas de Benjamin Franklin arnaldolemos@uol.com.br RACIONALIDADE É marca da cultura ocidental O “impulso para o ganho” ou a “ânsia de lucro” nada tem a ver em si com o capitalismo Há dois elementos no capitalismo ocidental: a formação de um mercado de trabalho formalmente livre o uso da contabilidade racional Sem estes dois elementos, a moderna organização racional da empresa capitalista não seria viável no Ocidente. O ESPIRITO DO CAPITALISMO arnaldolemos@uol.com.br “Espírito do Capitalismo” : um conjunto de convicções e valores defendidos pelos primeiros mercadores e industriais capitalistas Para Weber, as atitudes envolvidas no espírito capitalismo tinham sua origem na teologia protestante O ESPIRITO DO CAPITALISMO RACIONALIDADE arnaldolemos@uol.com.br ETICA CALVINISTA levou, ao extremo, a noção de predestinação : o homem é salvo por vontade de Deus. Nenhum homem merece a salvação porque ninguém é digno dela. A salvação existe para a maior glória de Deus. Weber relaciona o papel do protestantismo, principalmente da ética calvinista, na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno. ETICA PROTESTANTE arnaldolemos@uol.com.br ETICA CALVINISTA No protestantismo, o termo “vocação” passou a significar “profissão” O homem é “chamado” por Deus não apenas para que tenha uma atitude contemplativa, mas sim para cumprir sua missão no mundo através do trabalho e de sua profissão O calvinismo difunde uma ética segundo a qual o homem deve manter uma contabilidade diária de seu tempo. O desperdício do tempo é pecado pois o homem deve empregá-lo para servir a Deus e assegurar o seu lugar de “eleito” arnaldolemos@uol.com.br A ETICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO A vivência espiritual da doutrina e da conduta religiosa exigida pelo protestantismo organizou uma maneira de agir econômica, necessária para a realização de um lucro sistemático e racional. Weber descobre que os valores do protestantismo, como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos arnaldolemos@uol.com.br A ETICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO O objetivo do capitalismo é aumentar a riqueza alcançada, aumentar o capital. Esse processo de enriquecimento constitui uma indicação segura de que se está “predestinado” O calvinismo traz a formação de uma nova mentalidade, um ethos (visão de mundo) propício ao capitalismo, em oposição ao “alheamento” e à atitude contemplativa do catolicismo. arnaldolemos@uol.com.br CATOLICISMO Desprendimento dos bens materiais deste mundo Trabalho como verdadeira maldição, somente para sobrevivência e não como meio de salvação A contemplação como elemento fundamental arnaldolemos@uol.com.br PROTESTANTISMO A vocação como sinônimo de profissão A realização de uma vocação por meio do trabalho Renúncia de todos os prazeres do desperdício do tempo e da ociosidade Valorização positiva do trabalho e da riqueza criada pelo trabalho Reinvestimento da riqueza: assegurar o lugar de eleito, de “salvo” arnaldolemos@uol.com.br O capitalismo é a cristalização objetiva destas premissas teológicas e éticas, segundo as quais o homem, em virtude de seu trabalho e da riqueza criada por este trabalho, encontra um modo completo e sensível de conquistar sua salvação individual. arnaldolemos@uol.com.br arnaldolemos@uol.com.br - O importante neste mundo é trabalhar para criar riqueza e criar riqueza não para o desfrute pessoal e esbanjamento, mas para que se crie novamente trabalho. Esta é a base da salvação do homem. - Esta mentalidade acabou configurando a tipologia do empresário moderno. PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS Fontes Giddens, Anthony. Sociologia. 6ªed, Porto Alegre:AMGH,2012 Witt, Jon.Sociologia. Porto Alegre,AMGH,2016 Machado, Igor. Sociologia Hoje. São Paulo:Atica,2017 Sell, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica. Vozes, 2009 O fim do século XX e o início do século XXI foram marcados por um conjunto de transformações econômicas, políticas e ideológicas que pareciam apontar para a construção de uma nova sociedade, regida por princípios distintos daqueles que haviam sido hegemônicos até as décadas de 1960 e 1970 Mundialização da economia e da sociedade Crise ambiental Mercantilização da cultura Revolução Informacional Sociedade pós-industrial Mudança de comportamento Fim da União Soviética Queda do Muro de Berlim Financeirização da economia Engenharia Genética Redes Sociais Novas Tecnologias Pós-Modernidade Reavaliação dos clássicos Novas interpretações Um exemplo REVOLUÇÃO INFORMACIONAL “Em uma manhã de 2016, um sociólogo acorda com o despertador de seu smartphone. Ao desligá-lo, se depara com as atualizações na tela do equipamento. Durante a rotina matinal, começa a ouvir os sons da chegada de e-mails e mensagens instantâneas até que se senta diante do computador portátil e o liga, dando início a um novo dia de trabalho. Ao abrir o navegador para responder e-mails, também abre, na aba de trás, uma rede social que usa para divulgar pesquisas de sua área. Divide sua atenção entre os correios eletrônicos, as mensagens no smartphone, as da rede social, assim como lê notícias nos sites dos principais jornais. Cumprida a primeira tarefa do dia, a de responder as mensagens de trabalho, volta-se para um artigo ao qual se dedica há algumas semanas. Precisa de fontes que busca online, acessa e lê em periódicos disponíveis em portais científicos até que sua agenda eletrônica o avisa – pelo smartphone integrado ao computador – que tem uma reunião dentro de uma hora. Começa a se preparar enquanto recebe mensagens de texto de uma colega de trabalho atualizando-o sobre a pauta. A reunião é por videoconferência e versa sobre um projeto que integra uma rede de pesquisa espalhada pelo país e com colaboradores no exterior. O dia e horário fora programado por causa do fuso distinto em que cada um se encontra. Na reunião, trocam apresentações, arquivos e consolidam um projeto conjunto. Tal descrição de algumas horas no cotidiano de um/a pesquisador/a em nossos dias mostra algo que já se tornou trivial: nossa prática profissional é inseparável do uso das tecnologias comunicacionais. Desde 1995, quando a Internet passou a ser disseminada comercialmente, começamos a adentrar – em diferentes velocidades e intensidades – em uma realidade social em que as relações mediadas por plataformas comunicacionais em rede ganham centralidade na vida de um número cada vez maior de pessoas mundo afora. Na perspectiva de Manuel Castells (2011), entramos definitivamente na sociedade em rede, a era em que vivemos sob a hegemonia das tecnologias da informação e comunicação “ Sociologia Digital: notas sobre pesquisa na era da conectividade Richard Miskolci Os seres humanos nunca estiveram tão próximos uns dos outros e tão distantes entre si. Dois pessoas separadas por milhões de quilômetros podem se comunicar a um simples toque de uma tecla.
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