Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O que foi o Holocausto? O Holocausto foi a perseguição sistemática e o assassinato de 6 milhões de judeus europeus pelo regime nazista alemão, seus aliados e colaboradores.1 O Museu Estadunidense Memorial do Holocausto define 1933-1945 como os anos do Holocausto. A era do Holocausto começou em janeiro de 1933, quando Adolf Hitler e o Partido Nazista chegaram ao poder na Alemanha, e terminou em maio de 1945, quando as Potências Aliadas derrotaram a Alemanha nazista no fim da Segunda Guerra Mundial. O Holocausto também é às vezes referido como “a Shoah”, palavra hebraica que significa “catástrofe”. Quando chegaram ao poder na Alemanha, os nazistas não começaram a realizar assassinatos em massa de imediato. No entanto, rapidamente começaram a usar o governo para atacar e excluir os judeus da sociedade alemã. Dentre outras medidas antissemitas, o regime nazista alemão promulgou leis discriminatórias e realizou/apoiou atos de violência organizada contra os judeus alemães. A perseguição nazista aos judeus tornou-se cada vez mais radical entre os anos de 1933 e 1945. Essa radicalização culminou na elaboração de um plano ao qual os líderes nazistas se referiam como a “Solução Final da Questão Judaica”. A “Solução Final” foi um eufemismo para designar o assassinato em massa, organizado e sistemático, dos judeus europeus. O regime nazista alemão implementou este processo de genocídio entre os anos de 1941 e 1945. Por Que os Nazistas Tinham como Alvo os Judeus? Os nazistas tinham como alvo os judeus porque eram radicalmente antissemitas. Isto significa que eles tinham preconceito e ódio contra os judeus. Na verdade, o antissemitismo foi um princípio básico da sua ideologia, bem como a base de sua visão-de-mundo. Os nazistas acusaram falsamente os judeus de causar os problemas sociais, econômicos, políticos e culturais pelos quais passava a Alemanha na ocasião antecedenete à eclosão da Guerra. Em particular, eles os culparam pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Muitos alemães receberam bem estas declarações nazistas. A raiva pela derrota na Primeira Guerra Mundial e as sucessivas crises econômicas e políticas contribuíram para o aumento do antissemitismo na sociedade alemã. A instabilidade da Alemanha sob a República de Weimar (1918-1933), o medo do comunismo e os choques econômicos originários do impacto da Grande Depressão também tornaram muitos alemães mais receptivos às ideias nazistas, dentre elas o antissemitismo. No entanto, não foram os nazistas que inventaram o antissemitismo. O antissemitismo é um preconceito antigo e generalizado que tem assumido muitas formas ao longo da história. Na Europa, ele remonta aos tempos antigos. Na Idade Média (500-1400), os preconceitos contra os judeus baseavam-se principalmente nas primeiras crenças e pensamentos cristãos, particularmente no mito de que os judeus foram responsáveis pela morte de Jesus. A suspeita e a discriminação enraizadas em preconceitos religiosos continuaram a existir no início da Europa moderna (1400-1800), e os líderes de grande parte da Europa cristã isolaram os judeus da maioria dos aspectos da vida econômica, social e política de seus domínios. Esta exclusão contribuiu para gerar o estereótipo do judeu como estrangeiro. À medida em que a Europa se tornou mais secular, muitos locais suspenderam a maioria das restrições legais contra os judeus, mas isso não significou o fim do antissemitismo. Além do antissemitismo religioso, outros tipos de antissemitismo se instalaram na Europa nos séculos 18 e 19. Essas novas formas incluíam o antissemitismo econômico, o nacionalista e o racial. No século 19, os antissemitas alegaram falsamente que os judeus eram responsáveis pelos muitos males sociais e políticos da sociedade industrial moderna. As teorias de então sobre raça, a eugenia e o Darwinismo Social justificavam tais ódios. O preconceito nazista contra os judeus uniu todos estes elementos, em especial o antissemitismo de cunho racial. O antissemitismo racial é a ideia discriminatória de que os judeus são uma raça em separado e inferior. Chart with the title: "Die Nürnberger Gesetze." [Nuremberg Race Laws]. [LCID: n13862] Cartaz com o título: "Die Nurnberger Gesetze" [As Leis Raciais de Nuremberg] Cartaz com o título: "Die Nurnberger Gesetze" [As Leis Raciais de Nuremberg]. O cartaz mostrava colunas que explicavam quem eram os "Deutschbluetiger" [cidadãos de sangue alemão], os "Mischling 2.Grades" [mestiços em 2º grau], os "Mischling 1. Grades" [mestiços em 1º grau], e "Jude" [judeu]. US Holocaust Memorial Museum O Partido Nazista promoveu uma forma particularmente virulenta de antissemitismo racial, sendo ela central para sua visão-de-mundo baseada em uma hierarquia racial, cuja crença era apoiada pelo Partido. Os nazistas acreditavam que o mundo estava dividido em diferentes raças e que algumas delas eram superiores às demais. Eles consideravam os alemães como membros da raça “ariana”, supostamente superior a todas as outras, e que os “arianos” estavam tolhidos por uma luta pela sobrevivência contra as raças inferiores. Além disso, os nazistas acreditavam que a chamada “raça judaica” era a mais baixa e perigosa de todas. De acordo com os nazistas, os judeus eram uma ameaça que precisava ser removida da sociedade alemã. Caso contrário, insistiam os nazistas, a “raça judaica” corromperia e destruiria permanentemente o povo alemão. A definição nazista, baseada na crença em raça, sobre quem era judeu, incluía muitas pessoas que se identificavam como cristãs ou que sequer praticavam o judaísmo. Onde Ocorreu o Holocausto? O Holocausto foi uma iniciativa nazista alemã que ocorreu em toda a área da Europa controlada pela Alemanha e pelos países do Eixo. Ela atingiu quase toda a população judaica da Europa, que em 1933 contava com 9 milhões de pessoas. O Holocausto começou na Alemanha após Adolf Hitler ter sido nomeado chanceler em janeiro de 1933. Quase que de imediato, o regime nazista alemão (que se autodenominou o “Terceiro Reich”) excluiu os judeus da vida econômica, política, social e cultural alemã. Ao longo da década de 1930, o regime pressionou cada vez mais os judeus a saírem da Alemanha. Mas a perseguição nazista aos judeus espalhou-se para além do território alemã. Ao longo da década de 1930, a Alemanha nazista seguiu uma política externa agressiva, a qual culminou na eclosão da Segunda Guerra Mundial, que começou na Europa em 1939. A expansão territorial pré-Guerra, e também durante a Guerra, acabou por colocar vários milhões de judeus sob o controle do Estado alemão. A expansão territorial da Alemanha nazista começou em 1938-1939. Nesse período, a Alemanha anexou a vizinha Áustria e a área dos Sudetos, e também ocupou as terras tchecas. Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista iniciou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atacando a Polônia. Durante os dois anos seguintes, a Alemanha invadiu e ocupou grande parte da Europa, incluindo as partes ocidentais da União Soviética. A Alemanha nazista ampliou ainda mais seu controle militar ao formar alianças com os governos da Itália, Hungria, Romênia e Bulgária, e criando também Estados fantoches na Eslováquia e na Croácia. Juntos, estes países europeus formaram os membros do Eixo, o qual também incluía o Japão, na Ásia. Em 1942, como resultado de anexações, invasões, ocupações e alianças, a Alemanha nazista controlava a maior parte da Europa continental e partes do norte de África. O controle nazista criou políticas antissemitas duras e, por fim, gerou assassinatos em massa de civis judeus por toda a Europa. Como a Alemanha Nazista, Seus Aliados e Colaboradores Perseguiram o Povo Judeu? Entre 1933 e 1945, a Alemanha nazista, seus aliados e colaboradores implementaram uma ampla gama de políticase medidas antissemitas, mas essas políticas variavam de um local a outro. Assim, nem todos os judeus vivenciaram o Holocausto da mesma forma mas, em todos os casos, milhões de pessoas foram perseguidas e mortas simplesmente porque eram identificadas como judias. Em todos os territórios controlados pela e alinhados com a Alemanha, a perseguição aos judeus assumiu uma variedade de formas: Discriminação legal sob a forma de leis antissemitas. Essas incluíam as Leis Raciais de Nuremberg e inúmeras outras leis discriminatórias. Várias formas de identificação e exclusão pública. Essas incluíam propaganda antissemita, boicotes a empresas de propriedade judaica, humilhação pública e sinais diacríticos obrigatórios (tais como o uso crachá com a Estrela de Davi, que era usado como braçadeira ou costurada em roupas dos judeus). Violência organizada. O exemplo mais notório foi a Kristallnacht (Noite dos Vidros Quebrados). Houveram também incidentes isolados e muitos pogroms (motins sangrentos). Deslocamento físico. Os perpetradores usaram a emigração forçada, o reassentamento, a expulsão, a deportação e a guetização para deslocar fisicamente indivíduos e comunidades judaicas inteiras. Internação. Os perpetradores internavam forçadamente os judeus em guetos superlotados, campos de concentração e campos de trabalho escravo onde muitos morreram de fome, por doenças e por outras condições desumanas de tratamento. Roubo e saque generalizado. O confisco de bens, objetos pessoais e de valor dos judeus foi uma parte fundamental do Holocausto. Trabalho forçado. Os judeus eram obrigados a realizar trabalhos escravos para ajudar no esforço de guerra dos países do Eixo ou para o enriquecimento das organizações nazistas, militares e/ou empresas privadas. Muitos judeus morreram como resultado dessas políticas. Mas até 1941, o assassinato sistemático, em massa, de todos os judeus não era ainda parte da política nazista. A partir daquele ano, os líderes nazistas decidiram implementar o plano de assassinato em massa dos judeus. Eles designaram tal plano como a “Solução Final da Questão Judaica”. Qual foi a “Solução Final da Questão Judaica”? A “Solução Final da Questão Judaica” nazista (Endlösung der Judenfrage) foi o assassinato deliberado e sistemático, em massa, dos judeus europeus. Foi a última etapa do Holocausto e foi levada a cabo de 1941 a 1945. Embora muitos judeus tenham sido mortos antes do início da “Solução Final”, a grande maioria das vítimas foi assassinada durante este período. A group of young girls pose in a yard in the town of Eisiskes. The Jews of this shtetl were murdered by the Einsatzgruppen on September 21, 1941. Photo taken before September 1941. Meninas Posam em um Quintal na Cidade de Eisiskes Um grupo de meninas posa em um quintal na cidade de Eisiskes. Os judeus deste shtetl [pequena aldeia judaica] foram massacrados por membros de um Einsatzgruppen [esquadrões-de-morte paramilitares] no dia 21 de setembro de 1941. Esta foto foi tirada antes de setembro de 1941. United States Holocaust Memorial Museum, courtesy of The Shtetl Foundation Ver detalhes arquivísticos Como parte da “Solução Final”, a Alemanha nazista cometeu assassinatos em massa em uma escala sem precedentes usando dois métodos. Um deles foi o fuzilamento em massa; unidades militares e militarizadas alemãs efetuaram fuzilamentos em massa nos arredores de aldeias, cidades e capitais na Europa Oriental.; o segundo deles foi através da asfixia das vítimas por gáses venenosos. As operações de gaseamento foram conduzidas em campos de extermínio e em caminhões que matavam por gaseamento. Fuzilamentos em Massa O regime nazista alemão efetuou fuzilamentos em massa de civis em uma escala nunca dantes vista. Após a Alemanha haver invadido a União Soviética, em junho de 1941, as unidades alemãs começaram a fuzilar em massa os judeus locais. No início, tais grupos visavam homens judeus em idade de prestação de serviço militar mas, em agosto de 1941, eles iniciaram o massacre de comunidades judaicas inteiras. Tais massacres eram frequentemente realizados sob plena luz do dia e à vista e audição dos residentes locais. Operações de fuzilamento em massa ocorreram em mais de 1.500 aldeias, cidades e capitais regionais de toda a Europa Oriental. As unidades alemãs encarregadas de assassinar a população judia local se deslocaram por toda a região, cometendo massacres horríveis. Tipicamente, essas unidades entravam em uma cidade e obrigavam os civis judeus a se reunirem em um ponto demarcado. Eles então levavam os os judeus para a periferia das cidades e, em seguida, os obrigavam a cavar uma vala comum ou os levavam para valas comuns já abertas, preparadas com antecedência. Por fim, as forças alemãs e/ou unidades auxiliares locais atiravam em todos os homens, mulheres e crianças dentro ou nas bordas dessas valas. Por vezes, esses massacres envolviam o uso de caminhões de gás especialmente projetados para matar os judeus por asfixia. Os perpetradores utilizavam tais veículos para asfixiar as vítimas com o escapamento do monóxido de carbono expelido pelo motor. Os alemães também levaram a cabo fuzilamentos em massa nos campos de extermínio nas áreas ocupadas da Europa Oriental. Tipicamente, os campos estavam localizados junto a grandes cidades. Esses locais incluíram o Forte IX em Kovno (Kaunas), as Florestas Rumbula e Bikernieki em Riga e Maly Trostenets perto de Minsk. Nestes campos de extermínio, os alemães e seus colaboradores locais assassinaram dezenas de milhares de judeus dos guetos de Kovno, Riga e Minsk. Nestes mesmos locais, eles também fuzilaram dezenas de milhares de judeus alemães, austríacos e checos. Em Maly Trostenets, milhares de vítimas também foram assassinadas em caminhões de gás. As unidades alemãs que cometeram os fuzilamentos em massa na Europa Oriental incluíam os Einsatzgruppen (forças especiais das SS e da polícia), batalhões da Polícia da Ordem e unidades das Waffen-SS. O exército alemão (Wehrmacht) fornecia o apoio logístico e a mão de obra. Algumas unidades da Wehrmacht também efetuaram massacres. Em muitos lugares, unidades auxiliares locais, que trabalhavam com as SS e a polícia, participaram dos fuzilamentos em massa. Estas unidades auxiliares eram constituídas por civis ,não alemães, militares e oficiais da polícia. Cerca de 2 milhões de judeus foram assassinados através de fuzilamentos em massa ou nos caminhões de gás em territórios tomados das forças soviéticas. Os alemães chamaram isto de “a solução final para a questão judaica”. Judeus e sobreviventes de língua iídiche nos anos imediatamente seguintes à sua libertação chamaram o assassinato dos judeus de Ḥurban, a palavra usada para descrever a destruição do Primeiro Templo em Jerusalém pelos babilônios em 586 AC e a destruição do Segundo Templo pelos Romanos em 70 D.C. Shoʾah (“Catástrofe”) é o termo preferido pelos israelitas e pelos franceses, especialmente depois do magistral documentário cinematográfico de Claude Lanzmann, de 1985 , com esse título. Também é preferido por pessoas que falam hebraico e por aqueles que querem ser mais específicos sobre a experiência judaica ou que se sentem desconfortáveis com as conotações religiosas da palavra Holocausto. Menos universal e mais particular, Shoʾah enfatiza a aniquilação dos judeus, não a totalidade das vítimas nazistas. Termos mais específicos também foram usados por Raul Hilberg, que chamou seu trabalho pioneiro de A Destruição dos Judeus Europeus , e Lucy S. Dawidowicz, que intitulou seu livro sobre o Holocausto A Guerra Contra os Judeus . Em parte, ela mostrou como a Alemanha travou duas guerras simultaneamente: a Segunda Guerra Mundial e a guerra racial contra os judeus. Os Aliados lutaram apenas na Guerra Mundial. A palavra Holocausto é derivadado grego holokauston , uma tradução da palavra hebraica ʿolah , significando um sacrifício queimado oferecido inteiro a Deus. Esta palavra foi escolhida porque na manifestação final do programa de matança nazista – os campos de extermínio – os corpos das vítimas eram consumidos inteiros em crematórios e fogueiras. Como Hitler discriminou sistematicamente os judeus Mesmo antes de os nazis chegarem ao poder na Alemanha em 1933, eles não faziam segredo do seu anti-semitismo. Já em 1919Adolf Hitler tinha escrito: “O anti- semitismo racional, no entanto, deve levar a uma oposição legal sistemática.…O seu objectivo final deve ser inabalavelmente a remoção total dos judeus.” EmMein Kampf (“Minha Luta”; 1925–27), Hitler desenvolveu ainda mais a ideia dos judeus como uma raça maligna lutando pela dominação mundial. O anti-semitismo nazi estava enraizado no anti-semitismo religioso e reforçado pelo anti-semitismo político. A isto os nazis acrescentaram uma dimensão adicional: o anti-semitismo racial. A ideologia racial nazistacaracterizou os judeus como Untermenschen (alemão: “subumanos”). Os nazistas retrataram os judeus como uma raça e não como um grupo religioso. O anti-semitismo religioso poderia ser resolvido pela conversão, o anti-semitismo político pela expulsão. Em última análise, a lógica do anti-semitismo racial nazi levou à aniquilação. A visão de mundo de Hitler girava em torno de dois conceitos: expansão territorial (isto é, maior Lebensraum — “espaço vital” — para o povo alemão) e supremacia racial. Após a Primeira Guerra Mundial, os Aliados negaram à Alemanha colónias em África, por isso Hitler procurou expandir o território alemão e garantir alimentos e recursos – escassos durante a Primeira Guerra Mundial – na própria Europa. Hitler via os judeus como poluidores raciais, um cancro na sociedade alemã, no que foi denominado pelo sobrevivente do Holocausto e historiador Saul Friedländer de “anti- semitismo redentor”, centrado em redimir a Alemanha dos seus males e livrá-la de um cancro no corpo político . O historiador Timothy Snyder caracterizou a luta como ainda mais elementar, como “zoológica” e “ecológica”, uma luta das espécies. Hitler se opôs aos judeus pelos valores que eles trouxeram ao mundo. A justiça social e a assistência compassiva aos fracos impediam o que ele considerava a ordem natural, na qual os poderosos exercem um poder irrestrito. Na opinião de Hitler, tal restrição no exercício do poder levaria inevitavelmente ao enfraquecimento, e até mesmo à derrota, da raça superior. Quando Hitler chegou legalmente ao poder em 30 de janeiro de 1933, como chefe de um governo de coalizão , seu primeiro objetivo era consolidar o poder e eliminar a oposição política. O ataque contra os judeus começou em 1º de abril com um boicote às empresas judaicas. Uma semana depois, os nazistas demitiram os judeus do serviço público e, no final do mês, a participação dos judeus nas escolas alemãs foi restringida por uma cota. Em 10 de maio, milhares de estudantes nazistas, juntamente com muitos professores, invadiram bibliotecas universitárias e livrarias em 30 cidades por toda a Alemanha para remover dezenas de milhares de livros escritos por não- arianos e por aqueles que se opunham à ideologia nazista . Os livros foram jogados em fogueiras num esforço para limpar a cultura alemã de escritos “não-germânicos”. Um século antes, Heinrich Heine — um poeta alemão de origem judaica — havia dito: “Onde alguém queima livros, no final queimará pessoas”. Na Alemanha nazista, o tempo entre a queima de livros judaicos e a queima de judeus foi de oito anos. À medida que a discriminação contra os judeus aumentava, a lei alemã exigia uma definição legal de judeu e de ariano . Promulgada no comício anual do Partido Nazista em Nuremberg , em 15 de setembro de 1935, aAs Leis de Nuremberga — a Lei para a Protecção do Sangue Alemão e da Honra Alemã e a Lei do Cidadão do Reich — tornaram-se a peça central da legislação antijudaica e um precedente para definir e categorizar os judeus em todas as terras controladas pelos alemães. O casamento e as relações sexuais entre judeus e cidadãos de “sangue alemão ou parente” foram proibidos. Apenas os alemães “raciais” tinham direito aos direitos civis e políticos. Os judeus foram reduzidos a súditos do Estado. As Leis de Nuremberga dividiram formalmente alemães e judeus, mas nem a palavra alemão nem a palavra judeu foram definidas. Essa tarefa foi deixada para a burocracia . Duas categorias básicas foram estabelecidas em novembro: judeus, aqueles com pelo menos três avós judeus; e Mischlinge (“mestiços” ou “raças mistas”), pessoas com um ou dois avós judeus. Assim, a definição de judeu baseava-se principalmente não na identidade que um indivíduo afirmava ou na religião que praticava, mas na sua ascendência. A categorização foi o primeiro estágio da destruição. Respondendo com alarme à ascensão de Hitler, a comunidade judaica procurou defender os seus direitos como alemães. Para os judeus que se sentiam totalmente alemães e que lutaram patrioticamente na Primeira Guerra Mundial , a nazificação da sociedade alemã foi especialmente dolorosa. A atividade sionista intensificou-se. “Use-o com orgulho”, escreveu o jornalista Robert Weltsch em 1933 sobre a identidade judaica que os nazistas tanto estigmatizaram. Filósofo religiosoMartin Buber liderou um esforço na educação judaica de adultos , preparando a comunidade para a longa jornada que tinha pela frente. RabinoLeo Baeck divulgou uma oração para Yom Kippur (o Dia da Expiação) em 1935 que instruía os judeus sobre como se comportar: “Nós nos curvamos diante de Deus; permanecemos eretos diante do homem.” No entanto, embora poucos, se é que algum, pudessem prever o seu eventual resultado, a condição judaica era cada vez mais perigosa e esperava-se que piorasse. No final da década de 1930, houve uma busca desesperada por países de refúgio. Aqueles que conseguiram obter vistos e se qualificarem sob cotas rigorosas emigraram para os Estados Unidos . Muitos foram para a Palestina , onde a pequena comunidade judaica se dispôs a receber refugiados. Outros ainda procuraram refúgio em países europeus vizinhos. A maioria dos países, contudo, não estava disposta a receber um grande número de refugiados. Respondendo com alarme à ascensão de Hitler, a comunidade judaica procurou defender os seus direitos como alemães. Para os judeus que se sentiam totalmente alemães e que lutaram patrioticamente na Primeira Guerra Mundial , a nazificação da sociedade alemã foi especialmente dolorosa. A atividade sionista intensificou-se. “Use-o com orgulho”, escreveu o jornalista Robert Weltsch em 1933 sobre a identidade judaica que os nazistas tanto estigmatizaram. Filósofo religiosoMartin Buber liderou um esforço na educação judaica de adultos , preparando a comunidade para a longa jornada que tinha pela frente. RabinoLeo Baeck divulgou uma oração para Yom Kippur (o Dia da Expiação) em 1935 que instruía os judeus sobre como se comportar: “Nós nos curvamos diante de Deus; permanecemos eretos diante do homem.” No entanto, embora poucos, se é que algum, pudessem prever o seu eventual resultado, a condição judaica era cada vez mais perigosa e esperava-se que piorasse. No final da década de 1930, houve uma busca desesperada por países de refúgio. Aqueles que conseguiram obter vistos e se qualificarem sob cotas rigorosas emigraram para os Estados Unidos . Muitos foram para a Palestina , onde a pequena comunidade judaica se dispôs a receber refugiados. Outros ainda procuraram refúgio em países europeus vizinhos. A maioria dos países, contudo, não estava disposta a receber um grande número de refugiados. Ocampos de extermínio Em 20 de janeiro de 1942,Reinhard Heydrich convocou oConferência Wannsee em uma villa à beira do lago em Berlim paraorganizar o “solução final para a questão judaica.” À volta da mesa estavam 15 homens representando agências governamentais necessárias para implementar uma política tão ousada e abrangente. A linguagem da reunião foi clara, mas as notas da reunião foram circunspectas: Os participantes entenderam que “evacuação para leste” significava deportação para centros de extermínio. No início de 1942, os nazis construíram centros de extermínio em Treblinka , Sobibor e Belzec, na Polónia ocupada . Os campos de extermínio seriam o instrumento essencial da “solução final”. Os Einsatzgruppen viajaram para matar suas vítimas. Com os centros de extermínio o processo foi inverso. As vítimas foram levadas de trem, muitas vezes em vagões de gado, até seus assassinos. Os campos de extermínio tornaram-se fábricas de produção de cadáveres, de forma eficaz e eficiente, com um custo físico e psicológico mínimo para o pessoal alemão. Auxiliados por colaboradores e prisioneiros de guerra ucranianos e letões , alguns alemães poderiam matar dezenas de milhares de prisioneiros todos os meses. Em Chelmno , o primeiro dos campos de extermínio, os nazistas usaram vans móveis de gás. Noutros locais construíram câmaras de gás permanentes ligadas aos crematórios onde os corpos eram queimados. O monóxido de carbono era o gás preferido na maioria dos campos.O Zyklon-B , um agente letal especialmente letal, foi empregado principalmente em Auschwitz e mais tarde em Majdanek. Auschwitz , talvez o mais notório e letal dos campos de concentração , era na verdade três campos em um: um campo de prisioneiros (Auschwitz I), um campo de extermínio (Auschwitz II–Birkenau) e um campo de trabalho escravo (Auschwitz III– Buna-Monowitz). ). Ao chegarem, os prisioneiros judeus enfrentavam o que era chamado de Selektion . Um médico alemão presidiu a seleção de mulheres grávidas, crianças pequenas, idosos, deficientes, doentes e enfermos para morte imediata nas câmaras de gás. Conforme necessário, os alemães selecionaram prisioneiros saudáveis para trabalhos forçados nas fábricas adjacentes a Auschwitz, onde uma empresa alemã,A IG Farben investiu 700 milhões de Reichsmarks só em 1942 para tirar partido do trabalho forçado, um investimento de capital. O conglomerado presumia que o trabalho escravo seria uma parte permanente da economia alemã. Privados de alimentação adequada, abrigo, vestuário e cuidados médicos, estes prisioneiros trabalharam literalmente até à morte. Periodicamente, eles enfrentariam outra Selektion . Os nazistas transfeririam aqueles que não pudessem trabalhar para as câmaras de gás de Birkenau. Enquanto os campos de trabalho forçado de Auschwitz e Majdanek utilizavam presos para trabalho escravo para apoiar o esforço de guerra alemão, os campos de extermínio de Belzec , Treblinka e Sobibor tinham apenas uma tarefa: matar. Em Treblinka, uma equipe de 120 pessoas, das quais apenas 30 eram SS (o corpo paramilitar nazista) , matou cerca de 750 mil a 925 mil judeus durante os 17 meses de operação do campo. Em Belzec, os registros alemães detalham uma equipe de 104 pessoas, incluindo cerca de 20 SS, que mataram cerca de 500 mil judeus em menos de 10 meses. Em Sobibor assassinaram entre 200.000 e 250.000. Estes campos começaram a funcionar durante a primavera e o verão de 1942, quando os guetos da Polónia ocupada pelos alemães estavam cheios de judeus. Depois de terem completado as suas missões – assassinato por gaseamento, ou “reassentamento no leste”, para usar a linguagem dos protocolos de Wannsee – os nazis fecharam os campos. Havia seis campos de extermínio, todos na Polónia ocupada pelos alemães, entre os milhares de campos de concentração e de trabalho escravo em toda a Europa ocupada pelos alemães . O impacto do Holocausto variou de região para região e de ano para ano nos 21 países que foram directamente afectados. Em nenhum lugar o Holocausto foi mais intenso e repentino do que emHungria . O que aconteceu durante vários anos na Alemanha ocorreu durante 16 semanas na Hungria. Ao entrar na guerra como aliada alemã, a Hungria perseguiu os seus judeus, mas não permitiu a deportação de cidadãos húngaros. Em 1941, refugiados judeus estrangeiros foram deportados da Hungria e baleados por alemães em Kam'yanets-Podilskyy , na Ucrânia. Depois que a Alemanha invadiu a Hungria em 19 de março de 1944, a situação mudou dramaticamente. Em meados de abril, os nazistas confinaram os judeus em guetos. Em 15 de maio, começaram as deportações e, nos 55 dias seguintes, os nazistas deportaram mais de 437 mil judeus da Hungria para Auschwitz em 147 trens. As políticas diferiam amplamente entre os aliados da Alemanha nos Balcãs . EmRoménia foram principalmente os próprios romenos que massacraram os judeus do país. No entanto, perto do final da guerra, quando a derrota da Alemanha era quase certa, o governo romeno encontrou mais valor nos judeus vivos que poderiam ser detidos para resgate ou usados como alavancagem junto do Ocidente.A Bulgária deportou judeus das vizinhas Trácia e Macedónia , que ocupou, mas os líderes governamentais enfrentaram forte oposição à deportação de judeus búlgaros nativos, que eram considerados concidadãos. Ocupado pelos alemãesA Dinamarca resgatou a maioria dos seus próprios judeus, transportando-os para a Suécia por mar em Outubro de 1943. Isto foi possível em parte porque a presença alemã na Dinamarca era relativamente pequena. Além disso, embora o anti-semitismo na população em geral de muitos outros países levasse à colaboração com os alemães, os judeus eram uma parte integrada da cultura dinamarquesa . Nestas circunstâncias únicas, o humanitarismo dinamarquês floresceu. EmOs judeus da França sob a ocupação fascista italiana no sudeste tiveram melhor desempenho do que os judeus da França de Vichy , onde as autoridades e a polícia francesas colaboracionistas forneceram apoio essencial às forças alemãs com falta de pessoal. Os judeus nas partes da França sob ocupação direta alemã tiveram os piores resultados. Embora aliados da Alemanha, os italianos não participaram no Holocausto até a Alemanha ocupar o norte de Itália, após a derrubada do líder fascista Benito Mussolini em 1943. Em todo o território ocupado pelos alemães, a situação dos judeus era desesperadora. Eles tinham recursos escassos e poucos aliados e enfrentavam escolhas impossíveis. Algumas pessoas vieram em seu socorro, muitas vezes arriscando suas próprias vidas. Diplomata suecoRaoul Wallenberg chegou a Budapeste em 9 de julho de 1944, num esforço para salvar a única comunidade judaica remanescente na Hungria . Durante os seis meses seguintes, ele trabalhou com outros diplomatas neutros, com o Vaticano e com os próprios judeus para evitar a deportação destes últimos judeus. Em outros lugares, Le Chambon-sur-Lignon, uma vila huguenote francesa, tornou-se um refúgio para 5.000 judeus. Na Polónia ocupada pelos alemães, onde era ilegal ajudar os judeus e onde tal acção era punível com a morte, oZegota (Conselho de Ajuda aos Judeus) resgatou um número semelhante de homens, mulheres e crianças judeus. Financiado pelo governo polaco no exílio com sede em Londres e envolvendo uma vasta gama de organizações políticas clandestinas , Zegota forneceu esconderijos e apoio financeiro e falsificou documentos de identidade. Alguns alemães, até mesmo alguns nazistas, discordaram do assassinato dos judeus e vieram em seu auxílio. O mais famoso foiOskar Schindler , um empresário nazista, que montou operações utilizando trabalho involuntário na Polônia ocupada pelos alemães para lucrar com a guerra. Eventualmente, ele agiu para proteger seus trabalhadores judeus da deportação para campos de extermínio. Em todos os países ocupados, houve indivíduos que vieram em socorro dos judeus, oferecendo um lugar para se esconderem, alguma comida, ouabrigo durante dias ou semanas ou mesmo durante a guerra. A maioria dos socorristas não considerou as suas ações heróicas, mas sentiu-se ligada aos judeus por um senso comum de humanidade. Mais tarde, Israel reconheceu as equipes de resgate com cidadania honorária e comemoração emYad Vashem , memorial de Israel ao Holocausto.
Compartilhar