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SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR UNIDADE I SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR Elaboração Gizele Pereira Mota Atualização Neisiana Barbieri Zapellini Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE I SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ............................................................................................................5 CAPÍTULO 1 INFECÇÃO HOSPITALAR ............................................................................................................................................................. 5 CAPÍTULO 2 PLANEJAMENTO ........................................................................................................................................................................... 8 CAPÍTULO 3 IMPLEMENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 4 CONTROLE E VALIDAÇÃO ....................................................................................................................................................... 12 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................14 4 5 UNIDADE ISISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR CAPÍTULO 1 INFECÇÃO HOSPITALAR O que é uma infecção hospitalar? De que forma pode ocorrer a infeção? Existe uma forma de se evitar? 1.1. Bactérias As bactérias fazem parte de tudo que temos contato, assim como dos seres humanos e dos animais. Portanto, estão ligadas à nossa vida, ao nosso organismo e aos ambientes em que habitamos. Existem muitos tipos de bactérias, desde as benéficas ao hospedeiro, que promovem a nutrição ou a proteção contra alguns patógenos e doenças, até as bactérias que podem levar o indivíduo à morte. As bactérias podem responder às mudanças de ambientes, o que pode ocasionar, por exemplo, a resistência às drogas, como os antibióticos. Portanto, a resistência a antibióticos nada mais é do que a capacidade das bactérias de se adaptarem. O que aumenta esse fator é o uso indiscriminado de antibióticos, que amplia a exposição e a oportunidade de adaptação bacteriana, tornando-as mais resistentes. Infelizmente, a resistência bacteriana é irreversível, exatamente por ser produzida através da exposição natural e da adaptação das bactérias. O simples uso de antibióticos na produção de alimentos humanos já acarreta resistência a drogas, e isso ocorre no mundo todo. 6 UNIDADE I | SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR A saúde pública em todo o mundo vem lutando a tempos contra a resistência bacteriana, por esse ter se tornado um grande problema no âmbito da saúde, pois grande é o impacto das bactérias resistentes, e isso é ainda mais grave quando se trata de uma infecção hospitalar. Vários são os estudos para abordar a temática, e os profissionais da saúde tentam encontrar uma saída e medidas de controle para que esse risco fique cada vez menor, aumentando a segurança dos pacientes. Reduzindo, assim, os índices de morbidade e mortalidade. As instituições de saúde e as políticas públicas tentam, com campanhas e ações, conscientizar sobre medidas básicas que, se realizadas corretamente, podem reduzir os índices de infecções advindas da assistência à saúde, como a correta higienização das mãos e o uso prudente de antimicrobianos no ambiente hospitalar. As bactérias resistentes podem se desenvolver tanto em ambientes hospitalares, como nas comunidades. Entretanto, sabe-se que os hospitais, por terem uma gama maior de procedimentos que envolvem antimicrobianos, podem representar o grande centro para as bactérias viverem. 1.2. Infecção hospitalar A infecção hospitalar, desde seu surgimento nos albergueres de pessoas doentes, se tornou uma preocupação para a área da saúde, devido ao seu alto índice de mortalidade. Hoje em dia, ainda é um grande motivo de preocupação, mesmo com a melhora das condições sanitárias e o conhecimento sobre a ligação entre as práticas de higiene dos hospitais e profissionais e as taxas de infecção hospitalar. As medidas de assepsia, que foram introduzidas a partir do Século XIX, só vieram a comprovar o quanto são eficazes e muito importantes quando se pensa em prevenir e controlar as infecções hospitalares. Medidas como o uso de luvas, esterilização de materiais, utilização de vestimentas de paramentação e uso de máscaras se tornaram essenciais e indispensáveis, principalmente quando se pensa em ambientes como centros cirúrgico, obstétricos, unidades de terapia intensiva e berçário neonatal. As infecções hospitalares podem estar pautadas em três pilares: » uso indiscriminado de antimicrobianos nos hospitais; » falta ou falha de medidas de higiene dos profissionais da saúde; » pacientes com o sistema imunológico muito comprometido. 7 SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR | UNIDADE I O que é infecção hospitalar? O termo mais atual para infecção hospitalar se dá através da sigla IRAS, que é o significado de Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde, e trata-se de um processo infeccioso que é adquirido após a entrada do paciente no hospital, podendo ser manifestada durante a sua internação ou após a sua alta (DEMBRY et al., 1998). Como ocorre? Essas infecções aparecem através de complicações que ocorrem após procedimentos de saúde aos quais o paciente é submetido, devido a uma quebra na barreira de combate à infecção. A maioria dessas infecções é causada por falta de medidas básicas de higiene, ou por quebra nas medidas de prevenção associada à inserção ou à manutenção de dispositivos ditos como invasivos no tratamento ou exames dos pacientes, por exemplo, uma cânula de endoscopia contaminada, inserção de sonda, intubação etc. Dessa forma, os hospitais necessitam de vigilância epidemiológica constante e como rotina; bem como educação continuada aos profissionais de saúde em relação às barreiras de higienes que nunca devem ser quebradas, além de uma participação ativa da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. 8 CAPÍTULO 2 PLANEJAMENTO Depois de abordar a temática sobre infecção hospitalar, precisamos entender como funcionam as ações que visam minimizar esse evento. A presença de índices de infecções hospitalares pode comprometer não somente a saúde individual, como também o sistema de saúde em sua totalidade. Esses índices podem elevar a morbidade e também a mortalidade dos clientes. Além desses aspectos, é importante citar que altos índices de infecções hospitalares em uma instituição podem acarretar em aumento do número de leitos hospitalares utilizados, aumentar os custos envolvidos em internação, entre outros. O importante desta análise é que, com base na literatura atual, com a implementação de um Sistema de Controle de Infecção Hospitalar – SCIH – a maioria dos objetivos é alcançada. E estes objetivos podem ser assegurados, em grande parte, principalmente pelas características específicas deste serviço (SANTOS, 2002). A SCIH é um núcleo executivo da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e é quem atua de forma mais ativa para o controle e para a prevenção de IH, tendo como objetivo principal implementar medidas que ajudam a reduzir índices. As competências do Sistema de Controle de Infecções são: » Planejar e colocar em prática, além de avaliar o programa destinado ao controle de infecção hospitalar. » Realizar e manter a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares da instituição. » Em casos de surtos, investigar e propor medidas de controle. » Deve supervisionar e estipular as medidas necessárias em situações de isolamento. » Realizar educação continuada. » Realizar relatórios sobre o controle de infecções hospitalares e divulgá-los. A implementação de um SCIH requer planejamento. Estudosrelatam que a implementação desse serviço sem um adequado planejamento gera resultados insatisfatórios. Estes erros podem ser exemplificados por profissionais mal treinados ou com pouco conhecimento na área, altos custos utilizados e, acima disso tudo, uma baixa qualidade dos serviços dispensados aos pacientes (SANTOS, 2002). 9 SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR | UNIDADE I Planejar é um dos requisitos preliminares da administração em saúde. Busca-se com o planejamento alcançar ótimos resultados em períodos determinados de tempo, preferencialmente em pouco tempo. Esses resultados geralmente visam modificar uma situação que não está adequada (SANTOS, 2002). O processo de planejamento é indispensável na função administrativa, para adequar qualquer que seja o evento. Este inclui também o planejamento executado dentro dos serviços de controle de infecção (SANTOS, 2002). São necessidades do planejamento para o controle de infecções (SANTOS, 2002): » Definição de objetivos. » Ordenação de recursos financeiros, materiais, humanos e institucionais. » Determinação de métodos e formas de organizações. » Estabelecimento de medidas de tempo, recursos. » Localização espacial e conduta de uma pessoa ou grupo. São condutas prejudiciais na administração do controle de infecção (SANTOS, 2002): » Ausência de clareza sobre os propósitos principais. » Priorização de técnicas e métodos em detrimento dos objetivos primordiais. » Fixação de objetivos de forma frágil. » Presença de metas conflitantes. Com isso, encontra-se, nas instituições, planejamentos formais e limitados ao papel. Fato este recorrente nas instituições pela ausência de observação dos fatores citados acima. (SANTOS, 2002). Como planejar o controle de infecção? A adequada implementação de um serviço de controle de infecção necessita da existência de alguns requisitos favoráveis. Estes devem estar presentes no aspecto institucional, administrativo e técnico (SANTOS, 2002). » Aspecto institucional: › apoio político; 10 UNIDADE I | SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR › compreensão e participação dos profissionais; › fundamentação técnica; › fundamentação legal. » Aspecto administrativo (ANVISA, 1998; SANTOS, 2002): › criação de uma comissão específica; › as ideias fundamentais devem incorporar as competências administrativas; › nomeação de todos os participantes da Comissão de Controle de IH; › propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH; › cabe ao administrativo aprovar o regimento interno da CCIH e fazer todos os funcionários cumprirem; › assegurar que todas as recomendações aprovadas pela coordenação de Controle de Infecção sejam seguidas; › fomentar a educação e o treinamento de toda a equipe hospitalar. » Aspecto técnico: › profissionais com qualificação específica para seu gerenciamento; › educação continuada. Por fim, com um adequado planejamento, pode-se encontrar um verdadeiro programa de controle de infecção hospitalar (SANTOS, 2002). 11 CAPÍTULO 3 IMPLEMENTAÇÃO Para implementar e executar as ações mínimas requeridas por um sistema de Controle de Infecção Hospitalar com vistas à adequação de normas, conforme prevê o Art. 4o da Portaria n. 2616/GM, de 12 de maio de 1998, os hospitais deverão constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), para a implementação de um Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH), com o objetivo de reduzir os índices de infecção para um tratamento de segurança e excelência ao paciente. Cabe a CCIH um papel normativo, apontando as normas de prevenção e controle de infecção hospitalar. Essa Comissão deve realizar reuniões periódicas, no mínimo bimensal, obrigatoriamente registrada em ata (ANVISA, 1998). A CCIH deve formular um programa de prevenção, controle e assistência das IH, que entrem em acordo com as leis vigentes e também com as características do hospital. Sendo que este programa deve ser continuamente reavaliado (ANVISA, 1998). Ler o anexo na biblioteca sobre a PORTARIA N. 2616, de 12 DE MAIO DE 1998, que será abordada nas aulas. 12 CAPÍTULO 4 CONTROLE E VALIDAÇÃO 4.1. Controle O sistema de Controle de Infecção em Serviços de Saúde deve ser sinônimo de controle de qualidade. Baseado nisso, essa atividade está sendo desenvolvida pela Anvisa com muito empenho, em parceria com Vigilâncias Sanitárias estaduais, municipais, hospitais públicos e privados, instituições de ensino e profissionais de saúde. O objetivo principal é divulgar ações que atuem na prevenção das infecções adquiridas nas unidades de saúde - hospitais, clínicas e ambulatórios (ANVISA, 2010). 4.2. Validação A validade de conteúdo aborda o reconhecimento da maneira pela qual uma medida incorporada reflete o domínio do fenômeno que está sendo estudado. Ela gera representatividade ou relevância dos tópicos ou componentes do instrumento de medida da mesma forma que pode assegurar que os itens de um instrumento representam e cobrem adequadamente aquilo que se pretende mensurar. A validade de conteúdo acontece quando este estiver em consenso com o que se propõe a medir. Portanto, trata-se de um julgamento à clareza e compreensibilidade dos itens do instrumento, realizado por meio de um comitê de especialistas (SES-SP, 2006). O processo de validação pode ser executado observando-se as seguintes etapas (SES-SP, 2006): » Fundamentação teórica e científica. » Ajuste e padronização dos indicadores (utilizados para mensurar as ações, serão eles os marcadores de qualidade e dependem de cada item julgado. Ex: Para avaliação de esterilização dos instrumentais hospitalares utilizados, os indicadores serão: limpeza, preparo, acondicionamento, esterilização, armazenamento e distribuição). » Quantificação de julgadores (depende da técnica empregada, o motivo da validação e o conteúdo que será avaliado). A atuação dos julgadores deve ser diretamente ligada à área de controle de infecções, seja acadêmica, hospitalar ou órgão governamental e entidade associada. » Julgamento. 13 SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR | UNIDADE I Um exemplo de como pode ser executado o processo de validação é o que foi executado pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, seguindo as seguintes etapas (SES-SP, 2006): » Composição dos grupos de especialistas para realizar o julgamento dos indicadores. » Técnica de trabalho de grupo dos especialistas para o julgamento dos indicadores. » Técnica de julgamento pelos especialistas. » Técnica de consenso do julgamento dos especialistas. 14 REFERÊNCIAS BRASIL, Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 306, de 7 de dezembro de 2004. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em serviços de saúde. Brasília: Anvisa, 2007. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Infecção de Corrente Sanguínea: Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea. Brasília: Anvisa, 2010. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manuais de Orientação para Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde – Corrente Sanguínea, setembro 2010. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/servicosdesaude. Acesso em: 26 mar. 2021. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações técnicas para o funcionamento dos Estabelecimentos funerários e congêneres. Brasília: Anvisa, 2007. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 29, de 13 de janeiro de 1998. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância sanitária. Resolução RDC n. 68, de 10 de outubro de 2007. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília: Anvisa, 2010. BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de lavanderia hospitalar. Brasília, 1986. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria n. 2616, de 12 de maio de 1998. Regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar no país, em substituição a Portaria MS n. 930/92. Disponível em: http// http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html. BRASIL, Ministério da Saúde. Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. Brasília, 2012. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar. 3. ed. Brasilia: Ministério da Saúde, 2002. BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n. 358, de 29 de abril de 2005. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 15, de 15 de março de 2012. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 93, de 26 de maio de 2006. http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/servicosdesaude 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RE n. 515, de 15 de fevereiro de 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica para o controle de infecção hospitalar: Módulo I/Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar – Brasília, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual brasileiro de acreditação. 3. edição. Brasília 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo clínico para o Novo Coronavírus (2019 – nCoV). Brasília, 2020. BRASIL. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 41, n. 4, Aug. 2008. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA. 2005. Resolução Conama n. 358, de 29 de abril de 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=462. Acesso em: 26 maio 2021. CONTANDRIOPOULOS, A. 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