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ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA EM ONCOLOGIA, HEMATOLOGIA E TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA UNIDADE III ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Atualização Neisiana Barbieri Zapellini Elaboração Alexandra Fontes da Costa Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE III ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS ...................................................................................................................................................................................5 CAPÍTULO 1 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS ....................................................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO DENTÁRIA ............................................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 3 PROTOCOLO DE ATENDIMENTO.......................................................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................21 4 5 UNIDADE III ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS CAPÍTULO 1 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS Além das condições hematológicas congênitas, também verificamos a presença de alterações adquiridas, que também poderão intervir no tratamento odontológico. A vitamina K é essencial para a formação dos fatores de coagulação II, VII, IX e X, sendo utilizada para o tratamento e/ou prevenção de sangramentos. A deficiência dos fatores de coagulação que dependem da vitamina K é a alteração adquirida mais comum. Os fatores II (protrombina), VII, IX e X são produzidos no fígado, e a síntese de suas formas ativas requer a vitamina K. Entre esses fatores, o fator VII é o que possui a meia-vida mais curta (três a cinco horas), e o prolongamento do tempo de protrombina é a primeira anormalidade laboratorial observada em pacientes com deficiência de fatores de coagulação dependentes da vitamina K. A deficiência pode resultar de uma inabilidade do fígado em sintetizar esses fatores ou da deficiência de vitamina K causada por anticoagulantes por via oral, da má absorção, ou de antibioticoterapia crônica. Alterações adquiridas Doença hepática Alterações graves no fígado podem comprometer a síntese de diversos fatores de coagulação, como os fatores II VII, IX e X, dependentes da vitamina K, bem como os fatores I e V. Nesses casos, a administração de vitamina K por via parenteral é 6 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS ineficaz, já que a deficiência dessa vitamina ocorre não pela falta da vitamina em si, mas pela incapacidade do fígado em sintetizá-la. Anticoagulantes orais Os anticoagulantes do tipo cumarínicos têm a função de inibir a ação da vitamina K por competição. A cumarina é usada na clínica para a prevenção de eventos tromboembolíticos. Os pacientes que devem utilizá-la são os com tromboflebite venosa profunda, fibrilação atrial crônica, embolia pulmonar, trombos murais e doenças cerebrovasculares. A terapia anticoaguladora é usualmente controlada pela determinação seriada do tempo de protrombina (RNI). Na maioria dos casos, o tempo de protrombina é mantido em uma faixa de uma e meia a duas vezes o valor-controle. O efeito desses anticoagulantes pode ser revertido por meio de transfusões de plasma fresco congelado ou pela administração de vitamina K. Terapia pela heparina A heparina é um anticoagulante administrado por via endovenosa. Tem ação de início rápido, sendo utilizada para pacientes hospitalizados com distúrbios tromboembolíticos. Age acelerando a inativação da trombina. A terapia com heparina pode ser orientada pelo controle do tempo de tromboplastina parcial. Na maioria dos casos, o tempo de tromboplastina parcial é mantido em 50 a 65 segundos, em comparação com o valor normal de 25 a 40 segundos. Má absorção Em pacientes acometidos por doenças intestinais, a absorção de vitamina K está comprometida, o que acarretará uma deficiência nos fatores dependentes dessa vitamina. Avaliação médica prévia A avaliação de pacientes com distúrbios hemorrágicos deve ser minuciosa, e a história de saúde pregressa é importante: história de sangramento anormal, espontâneo, pós-traumático ou pós-cirúrgico; história familiar de doenças hemorrágicas; número anormal de plaquetas, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ou tempo de sangramento anormais observados, geralmente, durante o preparo pré-operatório. 7 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS | UNIDADE III O histórico de saúde do paciente é de extrema importância. Sangramentos anormais em procedimentos cruentos ou traumas (incluindo procedimentos dentários) e sangramento menstrual excessivo fornecem indícios da possível existência de um distúrbio hemorrágico. O tipo de sangramento pode, também, fornecer informações sobre a etiologia do distúrbio. O sangramento, em virtude de uma alteração plaquetária, geralmente envolve pequenos vasos superficiais e produz petéquias na pele e nas mucosas. Os defeitos da coagulação estão associados a sangramento mais proeminente nos tecidos profundos, como o sangramento em uma articulação após um mínimo traumatismo. O estudo da história familiar também pode ser revelador, já que pode auxiliar no diagnóstico de doenças hereditárias, tais como deficiências dos fatores de coagulação e a doença de Von Willebrand. Os pacientes que apresentam história familiar positiva de distúrbios hemorrágicos necessitam de uma avaliação adicional. Na suspeita de um distúrbio hemorrágico, uma reavaliação deve ser realizada. Pacientes com doença hepática podem ter dificuldades na síntese de fatores de coagulação. Pacientes com diferentes problemas gastrintestinais podem apresentar má absorção e deficiência de vitamina K. Os pacientes com deficiências dietéticas podem ter deficiências de Vitamina B12 ou folato e produção reduzida de plaquetas devido a comprometimento da função da medula óssea. Alcoolismo também é um sinal de alerta, pois esses pacientes, assim como os que possuem cirrose, estão sujeitos a distúrbios hemorrágicos, pois podem possuir disfunção hepática, limitando a síntese dos fatores da coagulação; apresentar uma deficiência dietética de vitamina K, vitamina B12 ou folato; e revelar um aumento da destruição das plaquetas, em virtude de um hiperesplenismo. Em vários outros casos, a hemostasia pode estar comprometida por uma enfermidade. Os pacientes com lesões malignas disseminadas podem apresentar insuficiência da medula, causada pela infiltração tumoral. Os pacientes com uremia e doenças mieloproliferativas podem revelar disfunção plaquetária. Esses pacientes devem ter toda a sua prescrição de medicamentos revista e estudada, já que algumas drogas, como os anticoagulantes, possuem efeitos óbvios na hemostasia. Outras, como a aspirina, têm efeitos menos previsíveis. 8 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Alguns indivíduos são sensíveis à aspirina e apresentam sangramento anormal após sua ingestão, anormalidade que persiste durante todo o tempo de vida das plaquetas afetadas (sete a dez dias). Outros medicamentos que podem afetar a hemostasia incluem as drogas citotóxicas e os anti-inflamatórios não esteroides. Como avaliação complementar, deve-se incluir uma avaliação laboratorial com a contagem plaquetária, o tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial (TTP) eo tempo de sangramento, exames que podem detectar quase todos os defeitos hemostáticos significativos. Nos pacientes com uma contagem plaquetária diminuída (menos de 100.000/mm3), é importante avaliar se isso ocorre devido à redução na produção de plaquetas ou ao aumento de sua destruição. Os pacientes com tempo de protrombina prolongado apresentam anormalidades na via extrínseca. Na maioria dos casos, o defeito é secundário à deficiência de fatores da coagulação, hereditária ou adquirida. Os pacientes com tempo de tromboplastina parcial prolongado apresentam anormalidades na via intrínseca. Novamente, o defeito é, em geral, secundário a uma deficiência de fatores da coagulação. Nos pacientes com tempo de sangramento prolongado, exames especiais podem ajudar na determinação da natureza do defeito plaquetário. Nos pacientes com coagulopatia, podem ser feitos ensaios de fatores específicos, tanto para identificar o fator deficiente como para determinar o grau de deficiência. Com uma história cuidadosa e avaliação laboratorial, é possível determinar a natureza do distúrbio hemorrágico e permitir o tratamento médico. 9 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO DENTÁRIA Todos os pacientes devem ser avaliados rotineiramente em relação a possíveis distúrbios hemorrágicos. O questionário médico deve incluir perguntas sobre equimoses fáceis, sangramento ou problemas de coagulação. O sangramento menstrual excessivo, epistaxes frequentes ou sangramento inusitado após trauma ou cirurgia fornecem indicação de possíveis distúrbios hemorrágicos. É necessário ainda incluir perguntas específicas sobre sangramento excessivo após exodontia ou cirurgia periodontal. A história familiar de distúrbios hemorrágicos também precisa ser registrada. Além disso, os medicamentos do paciente devem ser revistos, fazendo-se perguntas específicas em relação à ingestão de aspirina e a tratamento com anticoagulante. Os pacientes, muitas vezes, esquecem-se de relatar a aspirina como medicamento. Além disso, como existem mais de 200 compostos que contêm aspirina disponíveis no mercado, os pacientes podem não saber que a estão tomando. No questionário dentário, é necessário que o paciente relate todos os medicamentos utilizados para que se exclua a possibilidade de estar ocorrendo o uso de aspirina como um composto secundário. Durante o exame dentário, o dentista precisa estar alerta para os dados físicos sugestivos de distúrbios hemorrágicos. Equimoses, petéquias e sangramento sem causa aparente são motivos para a realização de exames que podem revelar possíveis distúrbios hemorrágicos. Finalmente, antes de cirurgias dentárias de médio e grande porte, os pacientes devem ser submetidos a exames de rotina para identificação de possíveis diáteses hemorrágicas. Em caso de dados clínicos ou histórias que levem à suspeita de sangramento, é recomendada a avaliação laboratorial. Os exames devem incluir a contagem das plaquetas, o TP, o TTP e o tempo de sangramento. Esses exames podem ser executados em ambulatórios de hospitais ou em laboratórios comerciais e poderão identificar quase todas as diáteses hemorrágicas significativas. Com base na história, nos exames clínicos e de laboratório, os pacientes podem ser agrupados em três categorias, conforme veremos nos próximos itens. 10 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Pacientes de baixo risco » Ausência de histórico de distúrbios hemorrágicos, exame e parâmetros de sangramento normais. » História inespecífica de sangramento expressivo, mas com parâmetros de sangramento normais (a contagem plaquetária, TP, TTP e tempo de sangramento normais excluem clinicamente distúrbios hemorrágicos significativos). Pacientes de moderado risco » Uso crônico de anticoagulantes por via oral e TP na faixa terapêutica (uma e meia a duas vezes o valor-controle). » Uso contínuo de aspirina. Pacientes de alto risco » Histórico conhecido de distúrbios hemorrágicos: trombocitopenia, trombocitopatia e defeitos dos fatores da coagulação. » Pacientes com distúrbios hemorrágicos revelados, mas que apresentam contagem plaquetária, TP, TTP ou tempo de sangramento anormais. Quando o dentista atende um paciente que possui um distúrbio hemorrágico, o médico do paciente deve ser consultado, e a conduta para o tratamento dentário discutida em detalhe. A gravidade do defeito hemorrágico desempenha um papel importante no tratamento do paciente. O que apresenta trombocitopenia leve é tratado diferentemente do que tem uma contagem plaquetária inferior a 10.000/mm3. O paciente com 40% de atividade do fator VIII é tratado diferentemente daquele com atividade de menos de 3%. A natureza do defeito também influencia nas decisões terapêuticas. Um paciente com trombocitopenia secundária a um período recente de quimioterapia terá recuperação da medula óssea em poucas semanas. Por outro lado, um paciente com trombocitopenia como resultado de hiperesplenismo provavelmente não terá melhora na contagem de plaquetas, com o tempo. 11 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS | UNIDADE III Portanto, será conveniente adiar a terapia dentária eletiva no primeiro paciente, até a recuperação da medula óssea, e é mais apropriado tratar o segundo paciente com transfusão de plaquetas imediatamente antes dos procedimentos dentários. Finalmente, os planos cirúrgicos devem ser traçados de modo a permitir hemostasia ótima. Deve-se cuidar para a remoção de fragmentos ósseos, a reposição de tábuas alveolares lingual e vestibular após exodontias, manipulação cuidadosa de tecidos moles, sutura firme de retalhos mucoperiosteais e emprego judicioso da pressão local e dos auxiliares da coagulação (Gelfoam, anestésicos locais com vasoconstritor e trombina tópica). Em todos os pacientes com distúrbios hemorrágicos, devem ser evitados a aspirina, os medicamentos contendo aspirina e os anti-inflamatórios não esteroides. Orientações específicas O tratamento dentário deve obedecer à etiologia do distúrbio hemorrágico e à categoria de risco do paciente. Pacientes de baixo risco Não correm grande risco de sangramento e podem ser tratados no esquema normal. Pacientes de moderado risco Encontram-se em terapia que pode afetar a hemostasia, sendo necessárias modificações no regime terapêutico antes do tratamento dentário eletivo. Pacientes em tratamento com anticoagulantes Os anticoagulantes estão entre os tipos de medicamentos mais utilizados na clínica médica. Normalmente são prescritos para pacientes de risco para o tromboembolismo venoso ou para os que apresentam doença cardíaca isquêmica, fibrilação atrial, acidente vascular encefálico e portadores de próteses valvares cardíacas (VOLPATO, 2016; BREIK, 2014). Sua classificação ocorre de acordo com a via de administração, podendo ser orais ou parenterais. Os de uso parenteral são representados pela heparina sódica e seus derivados, empregados quase que exclusivamente em ambiente hospitalar. Já no grupo dos anticoagulantes orais, podemos citar a varfarina sódica, que é, por sua vez, 12 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS antagonista da vitamina K. No Brasil, é comercializada com os nomes de Marevan, Coumadin e Varfine. Apesar de sua eficácia na prevenção de eventos tromboembólicos, o uso clínico da varfarina apresenta algumas desvantagens para o médico e paciente, tais como: » seus níveis terapêuticos são atingidos de forma lenta, manifestando-se dentro das primeiras 24 horas após sua administração, embora o efeito máximo possa ser retardado em 72 a 96 horas, mantendo-se por quatro ou cinco dias; » necessidade frequente de monitorizar o estado de anticoagulação e, consequentemente, de se ajustar a dose do medicamento; » risco de múltiplasinterações adversas com outros fármacos e certos alimentos, especialmente os ricos em vitamina K (aspargo, brócolis, couve, espinafre, repolho etc.). Novos anticoagulantes orais estão sendo considerados como possíveis substitutos da varfarina. São eles a dabigatrana (Pradaxa), um inibidor direto da trombina, rivaroxabana (Xarelto) e apixabana (Eliquis), que agem inibindo o fator Xa da coagulação sanguínea. Todos já foram aprovados pela Anvisa, com base nos resultados de ensaios clínicos bem controlados em todo o mundo, sendo indicados para reduzir o risco de AVC em pacientes com fibrilação atrial e tratar o tromboembolismo venoso (VOLPATO, 2016; LITTLE, 2012). Como vantagens em relação à varfarina, esses novos anticoagulantes orais atingem níveis sanguíneos terapêuticos de forma rápida, não necessitam de monitoramento, agem diretamente contra apenas um dos fatores da coagulação (trombina ou fator Xa) e possuem interações limitadas com medicamentos e alimentos. Porém, apesar de boas alternativas terapêuticas, também apresentam desvantagens, como a necessidade do acompanhamento da função renal, o que pode até mesmo contraindicar seu uso. A literatura científica já dispõe de artigos recentes com recomendações acerca do manejo cirúrgico odontológico de pacientes fazendo uso desses novos anticoagulantes (VOLPATO, 2016; BREIK, 2014; LOPES-GALINDO, 2015). Apesar disso, até o presente momento, não há consenso entre os diferentes Conselhos de Medicina e Odontologia sobre protocolos para o atendimento dos usuários desses medicamentos em relação aos procedimentos odontológicos invasivos. 13 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS | UNIDADE III Como a varfarina sódica ainda é o anticoagulante mais empregado na clínica médica atualmente, suscitando maior interesse por parte da classe odontológica, esse artigo é direcionado exclusivamente aos cuidados para com os pacientes que dela fazem uso de forma crônica. Inicialmente, o cirurgião-dentista deve ter ciência de que a varfarina sódica provoca alterações no tênue equilíbrio da balança hemostática, ou seja, entre a coagulação e a anticoagulação sanguínea. Qualquer mudança expressiva nesse equilíbrio pode proporcionar, por um lado, maior risco de fenômenos tromboembólicos e, por outro, graves hemorragias (MAFFEI, 2002). Por esse motivo, os médicos devem fazer um acompanhamento dos efeitos da varfarina para manter um nível ideal de anticoagulação, o que é feito, em geral, a cada 30 a 60 dias. O tempo de protrombina (TP), ou tempo de atividade da protrombina (TAP), e seu derivado, o índice internacional normalizado, também conhecido como razão normalizada internacional (RNI), são exames laboratoriais para avaliar a via extrínseca da coagulação, ou seja, para determinar a tendência de coagulação do sangue. Como teste de referência para o acompanhamento da anticoagulação oral, o TAP não fornecia a padronização desejada. As tromboplastinas utilizadas (inicialmente de tecido humano, hoje provenientes de tecido animal) geravam resultados que variavam de forma importante em comparações entre os laboratórios de análises clínicas. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde, o Comitê Internacional de Trombose e Hemostasia e a Comissão Internacional de Padronização em Hematologia estabelecem a recomendação para a utilização mundial do ISI (International Sensibility Index) e a conversão dos resultados obtidos em RNI (MAFFEI, 2002). Portanto, a RNI é obtida por meio de um cálculo que divide o valor do TAP encontrado na amostra do paciente pelo resultado do TAP de um pool de plasmas normais, elevados ao ISI. Na prática, ele passa a funcionar como um TAP padronizado para todos os laboratórios de análise clínica. Uma RNI igual a 1 indica que o sangue apresenta coagulação normal. Já uma RNI igual a 3 significa que a droga está exercendo uma ação anticoagulante três vezes maior que o normal. A maioria dos pacientes tratados com anticoagulantes precisa manter a RNI entre 2 e 4, um estado que reduz o risco de trombose sem 14 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS causar uma anticoagulação perigosa. Valores acima de 5 indicam anticoagulação exagerada e, a partir daí, quanto maior o valor da RNI, maior o risco de hemorragia espontânea, inclusive de acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos (MAFFEI, 2002). 15 CAPÍTULO 3 PROTOCOLO DE ATENDIMENTO O protocolo apresentado a seguir leva em consideração as opiniões e os achados de alguns autores (VAN DARMIEN, 2009; CARTER, 2003; SVESSON, 2013), bem como as recomendações do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP/Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, com as devidas adaptações para a clínica odontológica (D’AMICO, 2003). Planejamento inicial Na anamnese, obter informações sobre o estado de saúde geral do paciente, por meio de história médica completa, para saber se a condição é estável. Avaliar a presença de comorbidades, como doença hepática ou renal, desordens da medula óssea etc. No planejamento do tratamento cirúrgico odontológico, a troca de informações com o médico é imprescindível, que deverá avaliar o risco/benefício da manutenção, alteração ou suspensão da terapia anticoagulante. Em pacientes que apresentam RNIs estáveis, é aceitável que a RNI seja avaliada 72 horas antes das cirurgias bucais. Caso contrário, ela deve ser avaliada no dia anterior ou no mesmo dia da intervenção. Quando a RNI for menor do que 3,5, em geral, não é necessário alterar a dose ou suspender o uso da varfarina, em caso de procedimentos cirúrgicos de menor invasividade. Quando a RNI for igual ou maior do que 3,5, e um procedimento cirúrgico mais complexo estiver sendo planejado, ou nas urgências odontológicas, quando a expectativa é de que a intervenção possa gerar sangramento excessivo, deve-se considerar o atendimento em ambiente hospitalar, após avaliação médica. Medidas pré e transoperatórias » Por se tratar de pacientes de risco para eventos cardiovasculares, considerar o uso de um benzodiazepínico para o controle da ansiedade (midazolam 7,5 mg ou alprazolam 0,5 mg), em dose única, 30 minutos antes do início do procedimento. Nos idosos, optar pelo lorazepam 1 mg, duas horas antes da consulta, pela menor incidência de efeitos paradoxais. » Para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema e a êmese, prescrever dexametasona (dose única de 4 a 8 mg), uma hora antes do procedimento. 16 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS » Após a antissepsia extrabucal, fazer bochecho com 15 ml de uma solução de digluconato de clorexidina 0,12%, durante um minuto. » Empregar pequenos volumes de uma solução anestésica local com epinefrina, nas concentrações de 1:100.000 ou 1:200.000. » Evitar bloqueios anestésicos regionais. » Na mandíbula, prefira a técnica infiltrativa ou intraligamentar, com o uso da articaína 4% (com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000). » Evitar traumatismos físicos desnecessários. » Restringir a instrumentação periodontal e cirurgias de acesso para áreas menores. » Quando houver indicação de inserção de implantes múltiplos, agendar um maior número de sessões. » Em caso de sangramento aumentado, o tamponamento com gaze geralmente é suficiente para contê-lo. Caso contrário, pode ser considerado o uso de esponja hemostática de gelatina liofilizada (Gelfoam, Hemospon), reabsorvível pelo organismo. » As suturas devem ser oclusivas. Cuidados pós-operatórios » Higienização bucal cuidadosa (mas eficiente), evitar esforço físico e exposição ao sol, alimentação líquida ou pastosa (hiperproteica). » Para o controle da dor pós-operatória, optar pela dipirona sódica ou pelo tramadol. » Remover as suturas não reabsorvíveis após quatro a sete dias. » Não prescrever ouaplicar medicamentos via intramuscular, pelo risco de hemorragia e formação de equimoses ou hematomas. » Em caso de sangramento excessivo, em ambiente domiciliar, caso o tamponamento com gaze estéril não dê resultado, prescrever uma solução de ácido tranexâmico 4,8% (Transamin, Hemoblock), um inibidor da fibrinólise, para a realização de bochechos, durante um período de 48 horas. 17 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS | UNIDADE III Uso de antibióticos Em pacientes portadores de próteses valvares cardíacas ou outras condições de risco para a endocardite bacteriana, o emprego de uma única dose profilática de amoxicilina ou clindamicina não requer alterações na terapia anticoagulante. Pacientes que requerem terapia antibiótica com maior duração de tempo devem ter a RNI avaliada após dois ou três dias (VOLPATO, 2016). Interações medicamentosas adversas Alguns medicamentos de uso odontológico podem interagir com a varfarina sódica, potencializando ou reduzindo sua ação, ou seja, podem aumentar os riscos de sangramento excessivo ou favorecer a trombose e suas consequências, respectivamente. Deve-se evitar o uso de ácido acetilsalicílico e paracetamol, anti-inflamatórios não esteroides, cefalosporinas, eritromicina, azitromicina, tetraciclinas, ciprofloxacina e metronidazol. O médico que trata do paciente deve ser consultado antes da prescrição desses medicamentos (VOLPATO, 2016). Cirurgia em paciente com anticoagulantes Segundo estudo realizado por MOUCHEREK et al. (2015), a literatura consultada revela o quanto é controversa a conduta terapêutica que se deve tomar diante de pacientes odontológicos usuários de anticoagulante oral. A relação risco-benefício vem sendo estudada, e o risco de tromboembolismo versus o risco de hemorragia trouxe diversas dúvidas e levou à busca pela melhor opção de tratamento para o paciente. Diante dos estudos revisados, observa-se uma nova conduta no que diz respeito aos tratamentos cirúrgicos orais em pacientes usuários de anticoagulantes orais. A manutenção da terapia anticoagulante vem sendo priorizada, associada ao uso dos princípios de técnica cirúrgica atraumática, ao valor de INR do paciente dentro do considerado aceitável, de maneira geral, inferior a 4,0, e ao uso de medidas hemostáticas locais, para reduzir o risco de acidentes hemorrágicos. 18 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Pacientes em terapia crônica pela aspirina O uso crônico da aspirina pode ocorrer por diversos motivos. Ela pode ser usada como um analgésico para controlar a sintomatologia dolorosa com diversas causas, pode ser usada em pacientes com artrite, ataques isquêmicos passageiros e, em alguns casos, para prevenir o infarto do miocárdio. Esses pacientes devem passar por uma determinação do tempo de sangramento antes do tratamento dentário eletivo. A ingestão de aspirina aumenta muito pouco o tempo de sangramento na maioria dos pacientes, e o efeito hemostático, em geral, é relativamente ligeiro. Porém, em alguns pacientes, pode ocorrer uma sensibilidade anormal à aspirina, levando a um tempo de sangramento prolongado, ultrapassando o limite da normalidade. Em casos de um prolongamento mínimo (menos de dois minutos além do limite normal), alguns procedimentos odontológicos sem trauma e que não provocarão sangramento excessivo podem ser realizados após uma avaliação médica do paciente. Procedimentos como bloqueio do nervo mandibular, raspagem, procedimentos que podem induzir a um sangramento gengival significativo, assim como as cirurgias dentárias, devem ser adiados. Um tempo de sangramento dentro dos limites normais permite a execução da terapia dentária. A aspirina só deve ser recomeçada depois da cicatrização adequada dos tecidos moles e da redução, ao mínimo, do risco de sangramento pós-operatório, o que geralmente requer proibição do uso de aspirina durante alguns dias a uma semana após a cirurgia. E poderá ser necessário usar substitutos da aspirina, como o salicilato de sódio ou outros analgésicos brandos, devendo os anti-inflamatórios não esteroides ser evitados, pois podem provocar efeitos similares sobre a função das plaquetas. Os anti-inflamatórios não esteroides também podem ter um efeito semelhante ao da aspirina. A função plaquetária alterada é mais passageira e pode passar dentro de seis horas após a ingestão do medicamento. O controle apropriado dessas drogas pode envolver a suspensão por um dia antes do tratamento planejado, a determinação do tempo de sangramento no dia do procedimento, e a conduta segundo o resultado. É importante salientar que a ingestão de álcool, após uma dose de ácido salicílico ou anti-inflamatório não 19 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS | UNIDADE III esteroide, pode aumentar sensivelmente o impacto dessas drogas no tempo de sangramento. Achados bucais As equimoses e as petéquias são as manifestações bucais comuns nos pacientes com distúrbios hemorrágicos. Sua localização mais frequente é em uma superfície mucosa. Nos distúrbios hemorrágicos, o sangramento gengival espontâneo pode ser o sintoma que o cirurgião-dentista pode encontrar. Em resumo, é necessário o uso do conhecimento adquirido para realização de uma boa anamnese inicial, um estudo da história familiar, a análise do histórico de saúde do paciente, para que haja respaldo no tratamento odontológico. Evita-se, assim, a exposição a riscos desnecessários. Ao menor indício de doenças hematológicas, devemos lançar mão de uma avaliação laboratorial que poderá esclarecer as dúvidas pendentes. Em se observando alterações, esse paciente deve ser encaminhado para o médico especialista para seu tratamento e acompanhamento de sua enfermidade. Avaliação em relação à terapia também deve ser realizada, lembrando-se que algumas medicações podem levar a um quadro temporário de distúrbios na hemostasia sanguínea dos pacientes, o que mesmo assim pode ser prejudicial e perigoso no exercício de nossa profissão e também um risco de problemas aumentado para a saúde do paciente. Tabela 10. Fatores gerais, sistêmicos e locais que elevam o risco de sangramento pós operatório. Fatores gerais, sistêmicos e locais que elevam o risco de sangramento pós-operatório em pacientes anticoagulados Tipo Fatores gerais Nível terapêutico RNI>4 Instabilidade dos níveis terapêuticos de anticoagulação Duração de tratamento anticoagulantes orais Doenças Diabetes Mellitus Anemia Coagulopatias Infecção por HIV Doenças renais 20 UNIDADE III | ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS E AVALIAÇÃO MÉDICA E ODONTOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Fatores gerais, sistêmicos e locais que elevam o risco de sangramento pós-operatório em pacientes anticoagulados Tipo Fatores gerais Doenças hepáticas Neoplasias malignas Alteração na absorção da vitamina K Idade > 65 anos Medicamentos Ácido acetilsalicílico Antibióticos (cefalosporina, amoxicilina, penicilina, azitromicina, rifampicina, sulfonamidas) Ácido mefenâmico Salicilatos Anti-inflamatórios não esteroidais Diazepan Valproato sódico Antiplaquetários Medicamentos que interferem com absorção da vitamina K Haloperidol Clorpromazina Antidepressivos tricíclicos Fatores locais Doença periodontal Processos infecciosos Instabilidade do coágulo Fonte: Beirne, 2005. 21 REFERÊNCIAS ABOULEISH, A. 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