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Transtorno de Humor

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1 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 
Transtorno de Humor 
 
Introdução 
• Humor → Tônus afetivo basal e difuso em 
que se encontra uma pessoa em 
determinado momento. 
o É um estado de espírito e facilita o 
ânimo da pessoa. 
• O humor se torna patológico quando há 
prejuízo na rotina do paciente e daqueles 
que o cercam. 
• As variações de tonalidade nos estados 
afetivos que manifestam transições entre 
sensações de bem estar e mal estar são 
normais. 
 
ALTERAÇÕES DO HUMOR 
• Eutímico → Sem alteração do humor. 
• Elado (expansão do eu) → Grandiosidade 
de si próprio. Autoestima extremamente 
elevada. Se acha acima de todos. 
o Pode ou não estar associado com 
delírio. Há delírio quando está 
associado com alguma mentira, 
alguma coisa que ele não é (ex. dizer 
que é um rei e acreditar nisso). 
• Exaltado, eufórico (hipertimia) → 
Paciente inquieto, sem exaustão. Não se 
cansa com nada. 
• Deprimido (Hipotimia) → Paciente com 
extrema tristeza, sem vontade fazer nada. 
• Qualitativamente → Irritado, disfórico 
(inquietação extrema), alegre, triste. 
 
Transtorno Depressivo Maior (TDM) 
FATORES DE RISCO 
• Idade → Comum entre 20 e 50 anos 
• Sexo feminino → Maior prevalência em 
mulheres, sendo 3 casos a cada 1 homem. 
• Estado civil 
• Genética 
• Socioeconômicos 
• Estresse ambiental 
• Personalidade 
 
QUADRO CLÍNICO 
• Paciente com TDM precisa apresentar 
obrigatoriamente um dos sintomas: 
o Humor deprimido: tristeza e choro 
fácil, labilidade. Tristeza patológica. 
o Perda de interesse (anedonia) por 
coisas que antes eram prazerosas. 
• Angústia e/ou ansiedade 
• Insônia → Principalmente intermediária ou 
terminal. 
• Sensação de vazio 
• Desesperança e/ou culpa 
• Irritabilidade 
• Prejuizo na concentração 
• Lentificação ou agitação psicomotora 
• Sintomas físicos 
• Ideação suicidas 
• Diminuição do apetite 
• Sintomas psicóticos → Principalmente 
delírios (de perda, de culpa, de morte e 
etc.) e/ou alucinações (auditivas). 
• Sintomas físicos → Somatização: fadiga, 
cansaço, dores, sensação de moleza. 
 
Obs.: Para ser diagnóstico com TDM precisa 
ter os dois sintomas iniciais ou ter pelo menos 
um dos sintomas iniciais e 4 dos outros 
sintomas restantes. 
 
DIAGNÓSTICO - DSM V 
A. 5 ou mais sintomas, com duração 
mínima de duas semanas → Sendo 
obrigatório apresentar Humor deprimido 
ou Perda de interesse. 
B. Os sintomas provocam sofrimento clínico e 
prejuízo da funcionalidade social 
C. Excluir outras causas (substâncias, 
condições médicas) 
D. Nunca ter tido um episódio maníaco ou 
hipomaníaco → Caso haja, o diagnóstico 
muda para Transtorno bipolar. 
o Episódio maníaco do transtorno 
bipolar. 
 
ESPECIFICADORES DO TDM 
• Episódio único ou recorrente → O 
paciente pode apresentar TDM apenas 
uma vez na vida ou pode acontecer mais 
vezes. 
• Gravidade: leve, moderada ou grava 
• Sintomas ansiosos → TDM pode cursar 
com sintomas de ansiedade. 
• Características melancólicas → Fator de 
prognóstico desfavorável (grave). 
o Precisa apresentar pelo menos 4 
sintomas melancólicos 
o Perda de prazer; falta de reatividade; 
desespero, prostração profunda, 
 
 
2 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 
humor vazio; despertar muito cedo; 
piora do humor pela manhã; agitação 
ou retardo psicomotor; anorexia ou 
perda acentuada; culpa excessiva. 
• Características atípicas → Quando está 
em desacordo com quadro clínico. 
o Ex.: Hipersonia, agitação motora, 
apetite exagerado (compulsão), etc. 
• Características psicóticas → Delirium e 
alucinações humor congruentes. 
• Catatonia → Alterações psicomotoras 
predominantes. 
o Ex.: flexibilidade de cera (se manter 
numa posição por horas, por vontade 
própria ou por comando), assume 
posições, movimentos repetitivos, 
ticks, imitar movimentos de outras 
pessoas. 
• Início no periparto → “Depressão pós-
parto”, os sintomas aparecem durante a 
gravidez e principalmente no puerpério. 
• Curso: em remissão parcial ou completa 
o A remissão só é completa quando o 
paciente passa mais de 3 meses sem 
apresentar sintomas do TDM. 
 
Obs.: Sempre acrescentar os especificadores 
do TDM no diagnóstico → Se é com episódios 
melancólicos, se é com catatonia, se é com 
ansiedade. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Transtorno de humor devido a outra 
condição médica 
• Transtorno depressivo induzido por 
substância ou medicamento 
• Episódio maníaco ou misto com humor 
irritável 
• Transtorno de adaptação com humor 
deprimido 
• Transtorno do déficit da atenção (TDAH) e 
hiperatividade 
• Distimia, tristeza ou luto. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Solicitado para descartar outras causas e 
definir um tratamento. 
• Hemograma 
• Eletrólitos 
• TSH e T4 livre 
• Colesterol total e frações 
• Glicemia de jejum 
• Ureia e creatinina 
• Vitamina D e B12 
• Ácido úrico 
 
PROGNÓSTICO 
• Recuperação começa de 3 meses a 1 ano, 
em 80% dos casos. 
• Risco de recorrência maior em jovens e 
menor se a remissão for prolongada 
• Pode evoluir para o transtorno bipolar 
• Gravidade dos sintomas 
• Episódio atual longo 
• Ansiedade predominante 
• Características psicóticas 
• Múltiplos episódios e cronicidade 
 
Transtorno Depressivo Persistente (Distimia) 
• Humor deprimido por 2 ANOS no mínimo. 
o Humor deprimido na maior parte do dia, 
na maioria dos dias. 
• Deve apresentar, enquanto deprimido, 
pelo menos dois dos sintomas: 
o Baixa energia ou fadiga 
o Apetite diminuído ou em excesso 
o Insônia ou hipersonia 
o Concentração pobre ou dificuldade em 
tomar decisão 
o Autoestima baixa 
o Sentimentos de desesperança 
• O paciente não deve ficar sem apresentar 
os critérios acima por mais de 2 anos. 
 
Obs.: A remissão só ocorre após 2 meses 
sem a presença de sintomas e, caso volte a 
apresentar os sintomas, deve-se esperar mais 
2 dois para fechar diagnóstico novamente de 
distimia. 
 
Obs.: Não é TDM persistente. Mas, o paciente 
com distimia pode apresentar TDM, o que é 
chamado de depressão dupla pois apresenta 
os dois tipos de depressão. 
 
Tratamento 
• Fase aguda → Compreende os 2/3 meses 
iniciais, em que se espera que o paciente 
obtenha resposta clínica. 
• Fase de continuação → Período de 6/9 
meses que se segue à fase aguda. Seu 
objetivo é manter a melhora e prevenir 
recaídas. Pode manter as doses ou tentar 
diminuir. 
 
 
3 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 
• Fase de manutenção → Visa evitar novos 
episódios. Duração depende da 
probabilidade de recorrência. 
 
ANTIDEPRESSIVOS 
ISRS → Primeira escola 
• Paroxetina 
• Fluoxetina 
• Sertralina 
• Escitalopram 
 
ISRSN → Depressão com Ansiedade 
• Venlafaxina 
• Desvenlafaxina 
• Duloxetina 
 
ADT → Em altas doses 
• Amitriptilina 
• Nortriptilina 
• Imipramina 
 
Nova geração 
• Bupropiona 
• Mirtazopina 
• Trazodona 
• Vortioxetina 
 
Fármacos potencializadores 
• Estabilizadores do humor 
o Lítio 
o Lamotrigina 
• Antipsicóticos atípicos 
o Quetiapina 
o Risperidona 
o Aripiprazol 
o Olanzapina 
• Hormônios tireoidianos 
• Associação de AD 
 
Escolha do AD de primeira linha → Aumento 
da dose → Troca para outro AD ou faz 
associação, se não houver melhora → Fazer 
potencialização do AD e combinações → 
IMAO, ECT, EMT, Cetamina. 
 
Outros tratamentos 
• Psicoterapia 
• Hospitalização 
• Mudanças no estilo de vida 
• Eletroconvulsoterapia 
 
 
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual 
• Antes do início da menstruação e na 
maioria dos ciclos menstruais. 
• Sintomas mínimos ou ausentes na 
semana pós-menstrual; 
• Deve apresentar pelo menos 5 sintomas: 
o Labilidade afetiva acentuada 
o Instabilidade ou raiva acentuada ou 
aumento nos conflitos interpessoais 
o Humor deprimido acentuado, 
sentimentos de desesperança 
o 2º grupo (adicionais) 
o Interesse diminuído pelas atividades 
habituais 
o Sentimento subjetivo de dificuldade na 
concentração 
 
Tratamento 
• ISRS → Fluoxetina 
• ISRSN → Venlafaxina 
• Psicoterapia 
 
Transtorno Afetivo Bipolar 
• Início precoce apresenta pior prognóstico 
• Comorbidades:Ansiedade e TUS 
• Maior risco de suicídio 
• Grande herdabilidade: familiares de 1º 
grau. 
• História de traumas 
• Participação de dopamina, noradrenalina e 
glutamato na fisiopatia. 
 
MANIA/HIPOMANIA 
• Manifestações do humor hipertímico 
• Humor exaltado 
• Aumento da energia 
• Taquipsiquismo 
• Taquilalia (curso rápido da fala) 
• Hipersexualização 
• Grandiosidade 
• Bem-estar 
• Irritabilidade 
• Redução da necessidade de sono 
• Fuga de ideias 
 
Esses sintomas estão presentes tanto na 
mania quanto na hipomania, o que difere um 
do outro é a intensidade, a frequência e o 
prejuízo na rotina. Pacientes em quadro de 
mania, na maioria das vezes, necessitam de 
internação. 
 
 
 
4 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 
• TAB Tipo 1 → Apresenta obrigatoriamente 
quadro de mania. 
• TAB Tipo 2 → Apresenta hipomania e 
depressão. Se apresentar mania vira tipo 
1. 
 
DIAGNÓSTICO 
Quadros de Mania 
• Duração mínima de 1 semana 
• Apresentar no mínimo 5 sintomas, sendo 
obrigatório a presença de humor exaltado 
e aumento da energia. 
• Provocar prejuízo funcional 
• Pode necessitar de hospitalização 
• Sintomas psicóticos → Presente apenas 
na mania. 
 
Hipomania 
• Duração mínima de 4 dias 
• Menor intensidade dos sintomas 
• Mudança na funcionalidade (menor 
prejuizo) 
• Não apresenta quadros psicóticos, se 
houver é caracterizado como mania. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
• Transtorno bipolar tipo I: É caracterizado 
pela apresentação da mania. Apresenta 
episódios maníacos. 
o Pode ser precedido ou antecedido de 
episódios hipomaníacos ou depressão. 
o A presença de pelo menos um episódio 
maníaco já é classificado como bipolar 
tipo I. 
o Mesmo se apresentar apenas um 
episódio de mania durante toda a vida 
e o resto de hipomania é tipo I. 
• Transtorno bipolar tipo II: É 
caracterizado pela ausência de quadros 
maníacos. Apresenta apenas episódios de 
hipomania associado com depressão. 
 
 
 
Obs.: Quando o paciente apresenta um 
episódio maníaco com características 
psicóticas, há maior probabilidade de os 
episódios maníacos subsequentes incluírem 
características psicóticas. 
FATORES DE RISCO 
• Genética → Recorrência de até 80% 
• Epigenética → Estressores ambientais e 
Metilação 
• Fatores ambientais 
 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• Média de início nos 18 anos, podendo 
ocorrer até os 70 anos. 
• Episódio maníaco: Na maior parte dos 
casos é seguido de episódio depressivo 
maior. 
• Característica psicóticas: maior 
probabilidade de presença nos episódios 
subsequentes; e remissão incompleta se 
incongruentes com o humor. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Outros transtornos bipolares 
• Transtorno ciclotímico 
• Esquizofrenia e outros transtornos 
psicóticos 
• Transtorno depressivo maior 
• Transtorno por uso de substâncias 
• Transtorno de pânico e outras ansiedades 
• Transtornos da personalidade 
• TDAH 
 
TRANSTORNO CICLOTÍMICO 
• Diagnóstico: Vários períodos de sintomas 
hipomaníacos e vários períodos de 
sintomas depressivos, durante 2 anos, 
com intervalos menores que 2 meses. 
• Os sintomas não satisfazem episódio 
de TDM, maníaco ou hipomaníaco → Ou 
seja, não preenche os critérios 
diagnósticos para esses transtornos. 
• Prejuízo significativo social, 
profissional ou em área importante. 
• Durante o período de dois anos (um ano 
em crianças e adolescentes), os períodos 
hipomaníaco e depressivo estiveram 
presentes por pelo menos metade do 
tempo, e o indivíduo não permaneceu sem 
os sintomas por mais que dois meses 
consecutivos. 
• A oscilação de humor é crônica e 
frequente, porém o paciente nunca faz 
episódios de mania, TDM ou hipomania. 
 
 
 
 
 
 
5 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA 
TRATAMENTO 
Estabilizadores do humor: 
• Carbonato de lítio (padrão ouro) 
o Necessita de acompanhamento devido 
ao risco de toxicidade. 
• Ácido valproico 
• Carbamazepina 
 
Outros tratamentos 
• Antipsicóticos → Efetivos principalmente 
em episódios de mania. 
o Quetiapina 
o Aripiprazol 
o Risperidona 
• Antidepressivos → Pode ser utilizado nas 
fases depressivas, porém não é indicado, 
principalmente no tratamento de TAB1. 
• Psicoterapia 
• Mudanças no estilo de vida 
• Hospitalização 
• Eletroconvulsoterapia

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