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1 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA Transtorno de Ansiedade Introdução CIRCUITOS ESTRESSORES • Amigdala → Estrutura com mais influência na ansiedade. Está ligado ao sistema límbico, responsável por situações de estresse, prazeres e angústias. o Sem estressores → Reação normal ao estresse. Sem transtornos psiquiátricos o Estresse leve → Redução da reação ao estresse. Menor risco de depressão e ansiedade. o Estresse maior/maus tratos → Aumento da reação ao estresse e maiores riscos de desenvolver depressão e ansiedade. Obs.: Crianças que passaram por situações de maus-tratos apresentaram mais sintomas psiquiátricos relacionados a ansiedade e depressão. ESTRESSE E HORMÔNIOS • Cortisol (glicocorticoides) → Principal hormônio relacionado ao estresse. o A concentração influencia na alteração do humor. o Concentrações excessivas podem provocar atrofia hipocampal e aumentar o nível de estresse. CIRCUITOS E SINTOMAS • 1º Circuito: córtico-talâmico-estriado- cortical o Sentimentos ligados a preocupação o Sentimentos de infelicidade, apreensão, expectativa e obsessão. • 2º Circuito: córtex dorso-látero-pré- frontal o Responsável pelo sentimento de preocupação → Excessiva. o Hiperativação: Sintomas de irritabilidade, descontrole. • 3º Circuito: Núcleo parabraqueal o Sintomas de hiperventilação → Dispneia, aumento da FR. o Hiperativação autonômica simpática: comum nas fobias e transtorno de pânico. Aumenta FC e Pressão arterial. • Medo → Resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida. Associada a pensamentos perigo imediato e não futuros. Excitabilidade autonômica aumentada; apresenta comportamento de fuga. • Ansiedade → Antecipação de uma ameaça futura. Pode ser normal diante de algo novo ou de algo já vivenciado no passado. Provoca tensão muscular, vigilância na preparação do futuro e comportamento de cautela ou esquiva. Superposição de depressão e ansiedade • Depressão: Humor deprimido; perda do prazer (anedonia); culpa; ideação suicida; irritabilidade e culpa. • Ansiedade: Preocupação e Medo; evitação fóbica; tensão muscular; ataques de pânico e irritabilidade. • Sintomas em comum: Sono; fadiga; concentração e lentificação/agitação. PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE • Transtorno de ansiedade generalizada • Transtorno de pânico • Agorafobia • Transtorno de ansiedade social (fobia) • Fobias específicas • Transtorno de estresse pós-traumático Transtorno de Ansiedade Generalizada CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: DSM - V A. Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos ou atividades. B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com 3 (ou mais) dos sintomas: o Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele; o Fatigabilidade; o Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente; o Irritabilidade; o Tensão muscular; o Perturbação do sono D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas provocam prejuizo social ou em outras áreas importantes. 2 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (drogas) ou outra condição médica. F. A perturbação não é bem explicada por outro transtorno mental. Obs.: Apesar do DSM-5 preconizar o diagnóstico de TAG com pelo menos 6 meses, a presença dos sintomas e/ou critérios já indica início de tratamento. FATORES DE RISCO • Temperamentais → Neuroticismo, evitação de danos e inibição comportamental. • Psicossociais → Psicanalíticos: Conflitos inconscientes não resolvidos. Cognitivos: Resposta incorreta aos perigos percebidos. • Sem associação a fatores ambientais específicos • Genética → Muito associado a outros transtornos de ansiedade e ao TDM CURSO E PROGNÓSTICO • Prevalência de 3,6% • Ocorre com maior frequência em países desenvolvidos e em mulheres. • Idade média entre 30 anos, porém quanto mais cedo maior o prejuizo e a comorbidade. • Mais grave em adultos jovens • Apresenta curso crônico e flutuante Obs.: Biomarcadores do TAG (neuroimagem): Aumento da substância cinzenta na amigdala; Aumento do volume do córtex pré-frontal. Transtorno de Pânico CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Surto abrupto de medo ou desconforto intenso. Alcança um pico em minutos. Ocorre pelo menos quatro dos seguintes sintomas: o Palpitações; taquicardia; sudorese; tremores; sufocamento; sensação de asfixia; dor; náuseas; tontura; irritabilidade; vertigem; desmaio; calafrios; parestesias; desrealização ou despersonalização; medo de morrer; medo de perder o controle. B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês de uma onda de ambas as seguintes características. 1. Preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou de suas consequências. 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques. Obs.: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. FATORES DE RISCO • Temperamentais → Neuroticismo, sensibilidade à ansiedade, história de medo. • Ambientais → Abuso físico e sexual na infância; tabagismo; estressores; doença ou morte na família. • Genéticos → Múltiplos genes; história familiar de ansiedade, depressão ou bipolar; história de distúrbios respiratórios. • Amídala e estruturas relacionadas CURSO E PROGNÓSTICO • Raro na infância e mais prevalente em mulheres. • Idade média: 20 a 24 anos • Mais incapacitante na presença de agorafobia. • Maior risco de ideação suicida. Fobias • Agorafobia • Fobia social • Fobia específica Características comuns às fobias: • Medo ou ansiedade desproporcionais ou acentuados, de um objeto ou situação, que pode assumir a forma de um ataque de pânico. • Ansiedade antecipatória ao estímulo fóbico • Evitação ao objeto ou situação temida → O objeto ou situação é ativamente evitado ou suportado com muita ansiedade e sofrimento. • Duração mínima de 6 meses dos sintomas. 3 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA Agorafobia CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações: 1. Uso transporte público 2. Permanecer em espaços abertos 3. Permanecer em locais fechados 4. Permanecer em filas ou multidões 5. Sair de casa sozinho B. O paciente tem pensamentos de que pode ser difícil escapar ou receber auxilio no caso de desenvolver sintomas de pânico ou incapacitantes ou constrangedores. C. As situações quase sempre provocam medo ou ansiedade D. As situações são ativamente evitadas, necessitam de ajuda ou suportam com muito sofrimento. E. O medo e a ansiedade são desproporcionais a situação real. F. Os sintomas são persistentes por mais de 6 meses. G. Há sofrimento clinico ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou outras áreas. H. Piora do medo e ansiedade em condições médicas I. Os sintomas não são bem explicados por outros transtornos mentais. CURSO E PROGNÓSTICO • Maior associação com hereditariedade • Comum em jovens e mulheres • Associado a ataques ou transtornos de pânico • Idade média: 17 anos • Curso persistente e crônico COMORBIDADES E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Sintomas depressivos, abuso de álcools, substâncias e medicamentos, com risco de desenvolver tais transtornos. • Diagnostico diferencial com outras fobias, transtorno de pânico e depressivo maior, estresse ou outras condições médicas. • Grande comorbidade com outros transtornos. Transtorno de Ansiedade Social A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. B. Teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade C. Situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.D. Evita ou suporta as situações com muito sofrimento E. Sintomas desproporcionais à ameaça real F. Sintomas persistentes por mais de 6 meses G. Provoca sofrimento clínico ou prejuizo na rotina H. Não é decorrente do efeito fisiológico de alguma substância I. Os sintomas não são explicados por outros transtornos ou por uma condição médica. Obs.: Em crianças a ansiedade pode ser expressa por: ataque de raiva, choro, imobilidade, encolher-se, não conseguir falar. Obs.: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos. CURSO E PROGNÓSTICO • Idade média de início: 13 anos • Mais prevalente em mulheres • Diagnóstico diferencial: timidez normal, outras fobias ou outros transtornos • Comorbidades com outros transtornos • Pode evoluir para TDM Transtorno de Estresse Pós-Traumático QUADRO CLÍNICO • Exposição a evento traumático → As respostas permanecem por mais tempo ou aparecem 1 mês depois do ocorrido. • Sintomas intrusivos → Sonhos e pesadelos; Lembranças; Reações dissociativas (flashbacks); sofrimento psicológico e reações fisiológicas. • Sintomas evitativos • Alterações negativas de cognição e humor → Amnésia seletiva; culpa; pessimismo; anedonia. • Hiperexcitabilidade → Hipervigilância; sobressalto; surtos de raiva e insônia. 4 PSIQUIATRIA | LUCAS SILVA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: o Vivenciar o evento traumático o Testemunhar o evento o Saber que o trauma ocorreu com familiar ou alguém próximo o Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (policiais, paramédicos, médicos). B. Presença de um (ou mais) sintoma intrusivo associado ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento. D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento. E. A perturbação dura mais de um mês. F. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social. Tratamento • Tratamento para tentar reverter as alterações cerebrais → Medicação + Psicoterapia Antidepressivos: • ISRS → Paroxetina; Fluoxetina; Sertralina e Escitalopram. o Inicia com 20mg e depois aumenta para 40mg. • ISRN → Venlafaxina; Duloxetina • ADT → Amitriptilina; Nortriptilina; Imipramina. Obs.: Esses medicamentos levam cerca de 2 semanas para começar a fazer efeito. Benzodiazepínicos • Clonazepam; Alprazolam e Diazepam. • Não é o tratamento de primeira escolha, nem deve ser utilizado como tratamento isolado. Obs.: Na crise deve ser usado Clonazepam 0,25mg, sublingual. Antipsicóticos • Quetiapina; Risperidona; Olanzapina. • São utilizados em baixas doses • Nunca deve ser utilizado como primeira escolha. Anticonvulsivante • Pregabalina - TAG
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