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Céu azul e terras cor de sangue

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“Céu Azul e Terras Cor de Sangue” 
 
 
 
 
 
 
 
“Céu Azul e Terras Cor de Sangue” 
 
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 Gritos e gemidos se misturam ao relinchar de animais quando 
na tarde daquele dia, os capangas do Cel. Marconi César invadem as terras 
de Valmor Aquino. Com o corpo já sangrando por ser arrastado pelos 
campos é levado de volta para próximo do casarão da fazenda onde residia 
e antes de ser morto, recebe das mãos do Cel. Marconi César que se 
aproxima apeando do animal, um papel e uma caneta. 
Cel. Marconi César: Assine-o, pois, aqui está o nosso ultimo acordo! 
 Valmor Aquino frente às ameaças ainda fixa o olhar de ódio 
nos olhos do coronel e tremendo assina deixando manchas de sangue que 
escorre sobre parte do papel e balbuciando diz: 
Valmor Aquino: Cristhileide... Minha filha!!! – geme de dor. 
 O papel é arrancado violentamente das mãos de Valmor. 
 Cel. Marconi César voltando a montar no animal grita aos 
capangas. 
Cel. Marconi César: Minha ordem é ordem, cumpram-nos! 
 Valmor Aquino levanta lentamente escorando na velha árvore 
e ao ver os capangas correndo em direção ao velho casarão, tornando o em 
chamas, grita agonizante. 
 Valmor Aquino: Nããããããããão!!!!!! 
 Enquanto as chamas destroem o casarão Cel. Marconi César, 
após uma gargalhada grita. 
Cel. Marconi César: Cala-te – atirando em seguida contra Valmor que cai 
sem vida, corre ao encontro do bando que foge em disparada, causando 
grande algazarra. 
 
********* 
 
 3 
 Lentamente o carro de boi conduz algumas coisas que 
restaram da destruição, cortando a estrada segue o destino que a vida lhe 
proporcionou. Para trás somente as cinzas e a lembrança de uma vida que 
tombou. 
 No carro a mãe, dona Rosa acaricia os cabelos da filha que 
chora o drama, debruçada em seu colo, as lagrimas misturam entre as dores 
e os sentimentos de uma que aos doze anos, magra e de pele formosa, os 
cabelos compridos lhe tornavam ainda mais bonita. Era filha única do casal 
Aquino, criada na fazenda trazia uma simplicidade no olhar, porém, uma 
coragem que a deixava destemida. 
D. Rosa: Deus sabe o que faz minha filha! – procurava confortar diante a 
árdua realidade. 
Cristhileide: Eu sei mamãe. Papai não devia morrer dessa maneira. E as 
terras? 
D.Rosa: Calma filha um dia a vitória será nossa. – procurando disfarçar. 
 Por de trás de uma ramagem, a viagem é contemplada por 
Simão um velho criado da família que não suportando aquelas cenas, 
deixou que suas lágrimas caíssem por terra e saiu lentamente a caminhar, 
lembrando que muitas vezes carregou Cristhileide em seus braços. Simão 
desde que perdeu a esposa ao dar a luz uma criança, morava num pequeno 
ranchinho a beira de um riacho com Cosme o filho que lhe restara, pois, na 
verdade não pode criar a mais nova e ele resolveu doar para uma família e 
mantinha o segredo de quem a cuidava para evitar que Cosme fosse à busca 
de trazê-la de volta. 
 Na divisa da fazenda, Cristhileide desceu para abrir a porteira, 
sua mãe ficou a observar. 
Cristhileide: A cerca vai cair e será uma única fazenda – fala olhando para 
os quatro lados, em seguida grita bem alto como se tivesse avisando 
alguém. – Eu voltarei!!! Eu voltarei e a morte de meu pai eu a vingarei!!! 
 A porteira ela abre. 
 4 
 
********* 
 A lua clareava os verdes campos da Fazenda Rancho Velho, 
os galos já cantavam, era madrugada. 
 Cristhileide Aquino, agora com vinte anos de idade chega 
numa madrugada à propriedade de Agner, filho único em que vive com 
mãe D. Pedrosa, uma viúva. 
 O objetivo dela era o de vingar a morte do pai Valmor Aquino 
assassinado pelo grupo de Cel. Marconi César que procurou aumentar sua 
propriedade que fazia divisa com as terras de seu pai. 
 Agner dormia em seu quarto com poucas mobílias e alguns 
objetos atirados pelo chão quando de repente foi despertado pelo latir dos 
cachorros e percebeu de alguém montado a cavalo, levantou rapidamente 
acendendo a luz sobre o criado mudo e pegando a arma sob o colchão 
aproxima se da janela. 
Agner: Quem será nesta hora da madrugada? – pergunta para si próprio. 
********* 
 Galopeando entre o vento e o sereno da madrugada, de cabelos 
soltos e chapéu fortemente seguro, com uma das armas atravessada sobre o 
lombo do animal, segue em direção a casa de Agner em busca de refugio 
para passar o resto da noite. 
********* 
Agner: Quem é? De onde vem? – Ele pergunta enquanto espia por uma 
fresta da janela. 
********* 
Cristhileide: Sou de paz, me chamo Cristhileide Aquino e procuro um 
lugar para amanhecer o dia, já é tarde e o vento fortemente está soprando. – 
os cachorros continuam latindo. 
********* 
 5 
 Do quarto ao lado D. Pedrosa já ouvia o dialogo e 
atravessando a sala com o candeeiro acesso, leva a mão para abrir a tramela 
antes do filho. 
Agner: Mãe... – assustado com presença inesperado da D. Pedrosa, segura 
firme na porta. – não sabemos quem é e devemos tomar cuidado. 
D. Pedrosa: Filho... Pela Virgem Santíssima, cuidado. 
Agner: Eu sei mãe. 
********* 
 Do alpendre pergunta enquanto é cuidado pela mãe que 
observa com cuidado. 
Agner: O que queres por essas bandas? – Perguntou indo em direção da 
mesma que após a apear entrega as rédeas em suas mãos que procura um 
lugar próximo ao portão de entrada para amarrá-lo. – afinal uma jovem não 
trás consigo motivos para tal fim. 
Cristhileide: Sou filha de Valmor Aquino e venho para vingar a morte de 
meu velho pai e reconquistar as terras que foram tomadas pelos homens do 
Cel. Marconi César.. 
 D. Pedrosa ouvia as palavras da jovem e se benzia. 
D. Pedrosa: Cruz credo – balbuciava. – quantas loucuras na cabeça dessa 
mulher. 
 
********* 
 
 Já na sala da casa e sentados em volta da mesa enquanto 
D.Pedrosa serve um chá quente. 
Cristhileide: Sou filha única de Valmor Aquino e prometi que um dia eu 
voltaria e que a morte de meu pai eu teria que vingar. 
Agner: És muito jovem, muito bonita e... 
D. Pedrosa: Você não deve dizer assim meu filho... Afinal você nem a 
conhece. 
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 (Risos). 
Cristhileide: Nunca me esqueci dessa região – Comenta enquanto toma o 
café e anda pela sala – eu era muito criança quando meu pai perdeu a vida, 
passamos a viver a desigualdade que o mundo nos ofereceu, mas, eu jurei e 
nunca me esqueci do juramento em que fiz e por essa razão eu voltei para 
cumprir o que prometi. – O galo canta. 
 Pedrosa ouvia atentamente ao lado do filho. 
Cristhileide: Há alguns anos atrás, nessa região, próxima aos morros 
morava com meus pais e vivíamos da caça e da lavoura. Meu pai nunca 
temeu ao trabalho, - A estória se reprisava na mente de Cristhileide- porém, 
certa vez enquanto fui à vila junto com minha mãe, o grupo do Cel. 
Marconi César, invadiu a nossa terra e mataram a meu velho pai e ainda 
atearam fogo em nossa casa. 
 Agner como a participar da vida daquela jovem, e como um 
bom samaritano a acolheu, de repente uma fria neblina, parecia cobrir toda 
a região montanhosa. Levantou-se e saiu a caminhar pela varanda da velha 
casa, Pedrosa como abadessa nos seus quase oitenta quilos e não muito 
diferente na idade, porém conservada, acompanhou logo após a saída de 
Cristhileide. 
Cristhileide: O futuro decidirá pelo meu destino. - Cristhileide procurava 
não prever o seu amanhã, porém acreditava na possibilidade de resgatar as 
terras tomadas pela família Marconi. – meu pai não teve o privilegio de 
vencer, porque não tinha ninguém por ele, eu era criança e não tive ao 
menos um irmão. 
 Agner estendeu a mão direita e disse: 
Agner: Você não está só. Creia irei contigo nesta peleja. – um pequeno 
sorriso surgiu na face morena daquele que sem querer parecia unir numa 
guerra de vida ou morte. 
 O apoio de Agner renovou a coragem Cristhileide, que numa 
forma amável deu um simples toque no ombro de Agner. 
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Cristhileide: Não sepreocupe menino, sozinha sou capaz de vencer... 
Agora se me veres caída, ajude a me levantar. – sorriu e saiu a caminhar. 
 Por debaixo do chapéu Agner, ficou a contemplar a beleza de 
uma mulher, cujos cabelos vinham até o alto da cintura e vestida em uma 
roupa coutrin tinha uma beleza sem par. 
Cristhileide: O que te preocupou? – Perguntou a ele procurando se 
aproximar do jovem mancebo. 
Agner: Não é nada... – pensou um instante para continuar – Não sei como 
uma tão linda jovem busca vingar se de grupo de homens valentes... Onde 
encontras tanta coragem? 
Cristhileide: Muitas das vezes temos que desafiar a vida para poder 
contracenar com a morte... – Fazendo um gesto diferente - Afinal as 
mulheres precisam de coragem para vencer. 
 D. Pedrosa aproximou se deles trazendo consigo um 
candeeiro quase a apagar se. 
D. Pedrosa: Filhos vamos nos repousar, pois, ao saberem que estão sendo 
procurados podem eles nos procurar também. 
 Um olhou para o outro e como achassem alguma graça deram 
um pequeno sorriso. 
 
 
********* 
 O dia nem clareou ainda, quando Cristhileide já montado em 
seu cavalo levanta o chapéu e despedindo continuou sua viagem. D. 
Pedrosa pode perceber que Agner estava diferente observando a moça até 
que desapareceu na curva do caminho. 
D. Pedrosa: Alguma coisa meu filho? Ficou tão diferente. 
Agner: Não posso deixar que ela lute sozinha, mamãe. 
D. Pedrosa: Esqueça filho, pois você mal a conheceu. 
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Agner: Mãe eu estou lhe entendendo, porém, a beleza dela é muito maior 
do que a coragem. 
 Agner pela manhã encilhou o cavalo, pegando a matula 
despediu se da velha mãe; 
Agner: Não posso deixá-la que ela siga sozinha mamãe. Lutarei 
bravamente e no final quem sabe trago ela para morar conosco. – beijando-
a – adeus mamãe. 
 D. Pedrosa ao despedir do filho acena um adeus e chora. 
 
********* 
 No rancho de sapé a beira do riacho Simão caminha 
lentamente pelo terreiro, mais adiante observa uma pequena sepultura e 
numa cruz o nome “Eulália”, aproxima e após ajoelhar, fala como se ela 
estivesse lhe escutando. 
Simão: Quantas lutas Eulália eu tenho passado nessas terras jacobinas, não 
posso beijar a minha filha e sei que ela está sofrendo, Cosme trabalhando 
para o Cel. Marconi tem visto apenas as horas passar no meio da plantação 
sem direito a reclamar... por, fim eu vi a família de Valmor se destruir no 
meio de tantas aflições. Mais eu guardei e bem guardado os documentos 
que provam que as terras pertencem à menina Cristhileide que nós 
carregamos nos braços. 
 
********* 
 
 Na sala da casa do Cel. Marconi César, bem ornamentada com 
tapetes e mobílias da época, além de um piano ao canto, D. Lucí desce 
rapidamente a escada que vem do pavimento superior ao perceber que algo 
de errado estava acontecendo com a criada Noemi. 
D. Lucí: O que há com você Noemi? – pergunta antes de terminar de 
descer a escada e deparar com a criada encolhida a um canto da sala. 
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Noemi: Nada senhora... – procurando se disfarçar – eu senti medo... Um 
calafrio. 
 D. Lucí procurava compreender e num gesto de abadessa 
procura acariciar a criada que a tem como filha. 
 
********* 
 
 Porém Cosme observava pela janela sem que ninguém lhe 
percebesse, e pode ver quando Noemi estava sendo atacada pelo Cel. 
Marconi César. 
Cosme: Esse velho ainda vai ter comigo – murmurava. 
Cel. Marconi César: O que está sondando ai negrinho – o velho 
surpreendia Cosme e ainda o ameaçava – ainda lhe manda pro raios que os 
partas. 
 Cosme se retira disfarçadamente. 
 
********* 
 
 Cel. Marconi César retorna a sala e depara com Noemi ainda 
na sala fazendo alguns afazeres e aproximando se dela. 
Cel. Marconi César: Ou você admite-me ou levarei para o campo cuidar 
da plantação, daí então aprenderá que recusar Cel. Marconi César terá um 
preço a pagar. 
Noemi: Faça o que lhe parecer melhor coronel. – ela sente se ameaçada, 
porém, consegue se livrar com a chegada de um dos peões da fazenda que 
entra apressadamente a fim de dar ao coronel uma noticia bombástica. 
Walace: Coronel. Trago uma noticia para lhe dar – as palavras e a presença 
de Walace, pois, fim ao martírio de Noemi, que aproveita para se livrar. – 
é importante que o senhor me escute. 
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 Cel. Marconi César ira com a presença do peão Walace e 
procura se desprezar a fala do mesmo vai para sair. 
Cel. Marconi César: Não tenho nada a lhe ouvir, volte para o campo. 
 Procurando impedir a saída brusca do coronel, Walace brada 
fazendo com que D. Lucí também ouça ao descer na escada. 
Walace: Cristhileide Aquino está de volta! – bradou. 
 Como um raio que cai de repente, fez com que o Cel. Marconi 
César parasse diante a porta, segurando se as costas de uma cadeira parecia 
ouvir repetidas vezes as frase dita por Walace. 
D. Lucí: O que disse Walace? – pergunta ela ao ver a repercussão das 
palavras – parece que ouvi dizer que a filha de Valmor Aquino está na 
região. 
Walace: Sim. Senhora, falo de Cristhileide Aquino que procura vingar pela 
morte do velho senhor seu pai. 
 Cel. Marconi César procura desviar a atenção da esposa 
dizendo. 
Cel. Marconi César: Devemos nos preparar, mulher para a chegada de 
nosso filho Hader César que breve estará chegando. –virando para Walace - 
reúnam todos os peões no galpão logo estarei lá. 
Walace: Sim patrão. – saiu. 
 
********* 
 
 A mensagem para o Cel. Marconi César, veio como uma 
grande punhalada, que lhe fez voltar a alguns anos atrás. Se pudesse 
apagaria de sua mente esta ardente recordação ou quem dera retornar ao 
tempo que ainda podia ter se livrado desta cruel realidade em que tirou a 
vida de Valmor Aquino. 
 Na sacristia da igreja segurando o seu chapéu procura 
confessar ao padre o seu grande sentimento 
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Cel. Marconi César: O homem se arrepende muito tarde! – Falava como 
arrependido, enquanto era ouvido por Padre Bento ao confessar. – eu não 
devia ter feito aquilo Padre... 
Padre Bento: É. Muitas vezes as ambições pelas coisas terrenas levam o 
homem à condenação na presença de Deus. – Cel. Marconi César, ouvia em 
lagrimas o sermão do Padre. – Mais ainda existe uma oportunidade de se 
arrepender, se você teme, faça a vontade do criador. 
 
********* 
 Mais tarde, Cel. Marconi César cavalgava lentamente com 
destino a Fazenda, num rústico e encurvado caminho, revivia cenas e 
pensava como seria o seu encontro com Cristhileide Aquino. 
 Num certo momento ele começou a sentir o vento assoprar lhe, 
assim como também assoprava a verde campina que ornamentava o cenário 
daquela fazenda. De repente em meio ao caminho, quando nuvens escuras 
cobriam o céu, um forte e inesperado trovão bradou no espaço, Cel. 
Marconi César procurou logo a se apressar, com uma das mãos firme na 
rédea do animal, a outra assegurava a aba de seu chapéu. 
 Cel. Marconi César cavalgava agora sob a chuva que caia e 
durante o percurso parecia estar ouvindo uma voz em que dizia. 
Voz: Ela vai te matar... ela vai te matar! 
Procurava se disfarçar, porém a voz não cessava e repetidamente era 
possível ele ouvir . 
Voz: Ela vai te matar... ela vai te matar! 
 A chuva parecia não dar tréguas, com a roupa toda molhada e 
lhe causando um grande frio, e isto cada vez mais lhe deixava irônico e 
pensativo na posição em que deveria tomar para barrar a fúria de 
Cristhileide Aquino. 
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Cel. Marconi César: esta guria me paga! – falou em forte estilo 
nordestino. - Ela vai ver o que ganha quem se atreve a mexer com a família 
Marconi. 
 Minutos depois, para se livrar da chuva em que não parava, 
Marconi César apeou amarrou o animal sob uma robusta arvore e se 
refugiou em um velho galpão de palha em que havia próximo a estradinha. 
 Ele podia contemplar os relâmpagos e temias ser atingido por 
algum raio. 
Cel. Marconi César: Valha-me virgem do socorro- clamava ele a cada 
relâmpago- tu me pagas raparigas do inferno.– de repente um forte 
relâmpago fez com que ele se benzesse- oh! Minha virgem do céu me 
ajude... – Nesta hora o cavalo relinchou - até você zombas de mim. - 
instantes depois, percebeu que a chuva havia cessado, pensou em sair olhou 
o tempo, esfregou as mãos no rosto e se jogou de joelhos por terra numa ira 
nunca antes visto e tirando da cintura um punhal, cravou em terra, como se 
cravasse em um ser vivente e fez um terrível juramento. 
Cel. Marconi César: De teu ventre oh donzela maldita eu farei o acalanto 
para meu punhal, e o seu sangue será derramado nas águas do riacho. 
 
********* 
 
 Areado o pequeno lugarejo, próximo às terras em conflito, 
estava se preparando para recepcionar o futuro advogado Dr. Hader César 
recém formado na França e que retornava para a terra natal, faixas e 
letreiros estavam sendo expostos em vários lugares da cidade. 
Sayonara: Mamãe, papai como o prefeito de Areado deve fazer o melhor 
para receber o Dr. Hader César. – falava ela para a mãe, enquanto ajudava 
um grupo de jovens a fixar uma faixa na entrada da estação. – afinal ele 
poderá ser muito útil para nossa cidade. 
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D. Alda: Não se preocupe minha filha o Cel. Marconi César tem grande 
admiração por isso combinou com o seu pai e deixou que você organizasse 
esse momento. Afinal Sayonara poderá ser a escolhida pelo novo 
advogado. 
 Ambas riram. 
Sayonara: Saberei eu aproveitar no momento certo mamãe, pois, nenhuma 
outra moça desta cidade será capaz de lhe acompanhar, todas são matutas e 
mal sabem conversar, enquanto isso tenho me preparado, desde, que fui 
chamada para ser professora. 
D. Alda: Amanhã nessas horas o trem apitará e você deverá estar pronta 
para recebê-lo. 
 
********* 
 
 No rancho dos Marconi, os peões estão sentados em círculos 
sobre arreios ou objetos diferentes no momento em que Cel. Marconi César 
dá as instruções, enquanto os animais estão já preparados. 
Cel. Marconi César: Todos, eu estou dizendo todos vocês – apontava com 
o dedo os mais de dez peões ali reunidos – deverão percorrer a fazenda por 
inteiro, e aonde encontrar quem quer que seja e que não faça parte de nosso 
grupo, deverá ser arrastado até aqui. – falando com mais autoridade ainda – 
principalmente se souberem de alguém envolvido com Cristhileide Aquino 
deverá estar aqui e aquele que se acovardar teremos uma conversar 
diferente... Ouviram? Eu perguntei ouviram? 
Peões: Ouvimos! –repetiram em coro. 
Cel. Marconi César: Então corram... – ordenou. 
 Todos correram cada qual em direção a seu animal e saíram 
em disparada. 
 
********* 
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 Na sala da casa de D. Alda parece haver uma pequena 
discussão entre ela e o esposo para defender os interesses dela e da filha 
Sayonara que também está na sala. 
Prefeito Raimundo: Isso é impossível Alda! – caminhando pela sala, 
enquanto Sayonara está sentada em uma das poltronas ao lado da mãe. – 
como deixar que nossa filha vá ao encontro deste jovem, uma vez que é 
uma festa de boas vindas onde contaremos com a presença de toda a 
comunidade. 
D. Alda: Sayonara é professora e ninguém melhor do que ela para entregar 
a ele a recordação que a cidade lhe dará. 
Prefeito Raimundo: Posso entender que entre você e Sayonara existe um 
lado de interesse e ambição e que eu não abrirei mão, pois, quem entregará 
a medalha de boas vindas será o Padre Bento após lhe abençoar. – Saiu 
rapidamente pela porta de acesso a cozinha. 
Sayonara: Calma mamãe... papai sempre me deixou para depois, somos 
apenas dois filhos eu e o Abimael e no entanto nunca interessou em nos 
ajudar. 
D. Alda: Tratarei eu mesma de falar com Marconi César. 
 
********* 
 Na cozinha da casa de Cel. Marconi César entre uma mobília 
ao gosto da época, outra vez Noemi está se sentindo coagida pelos desejos 
de seu senhor. 
Cel. Marconi César: Vai continuar me negando? – falava ele procurando 
disfarçadamente se aproximar dela – é a única chance que você tem de não 
ir para o campo. 
Noemi: Nunca me entregarei ao meu senhor. – falava ela entre medo e 
vergonha – deixe o campo para eu trabalhar. 
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Cel. Marconi César: Você vai se arrepender! Você vai se arrepender – 
repetia ele. 
 Cel. Marconi César ainda procura lhe agarrar quando percebe 
que alguém tosse quase que sem motivo. Era Cosme o criado que mais uma 
vez surpreendia com sua presença muito próxima, pois, estava no terraço 
ao lado de fora da cozinha. 
Cel. Marconi César: Raios que os partas esse negrinho – saia pisando 
forte e ainda antes de se ausentar quase esbarra em Cenira que ia entrando. 
 Noemi segura a vassoura e continua a fazer os afazeres no 
momento em que Cenira mulher sem piedade começa a lhe maltratar. 
Cenira: Olha, olha , olha... quem diria hein que a criadinha está tentando 
dar o golpe, procurando atacar o Coronel. 
Noemi: Falas como queiras, pois, eu não sei o que pensas. – tenta se 
justifica ainda segurando a vassoura. – não penso em nenhuma, afinal eu 
amo a senhora minha patroa. 
Cenira: Não parece. – Arranca com estupidez a vassoura das mãos de 
Noemi que cambaleia para um canto próximo a um armário. – seu lugar 
terá que ser mesmo no campo. 
 Noemi procura se equilibrar tentando arrumar o avental em 
seu corpo. Cenira tinha autoridade sobre toda a casa do Cel. Marconi César 
pois, era uma forma de mordomo e dessa forma procurava exigir decisões e 
até prejudicar os demais que trabalhavam naquele local. 
 Na maioria das vezes perseguia Noemi e o grande desejo era 
vê-la escravizada não nos trabalhos domésticos, porém, no campo 
labutando na lavoura. Noemi simplesmente uma criada que chegou ao seio 
da família como filha de criação, afinal seu pai não podia criar, tornou se 
órfã ao nascer e por essa razão D. Lucí a trouxe e nos primeiros anos de 
vida tudo parecia normal até que Cel. Marconi César contra a vontade da 
esposa a tornou como uma simples criada. Talvez a cor escura da pele foi a 
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grande razão de leva-la para a limpeza, porém, a beleza refletia em seus 
olhos e isso fazia com que fosse cobiçada e até maltratada. 
D. Lucí: O que está acontecendo? – Pergunta rapidamente ao entrar e 
perceber que algo não estava normal. 
Cenira: Nada, senhora... não está acontecendo nada. – disfarça. 
 
********* 
 
 Na fazenda por todos os lados era possível encontrar capangas 
armados na busca de rivais, alguns já cansados pelo sol, outros tomavam da 
água que trazia em suas matulas, outros arrumavam as armas e outros até 
descansavam sob uma moita. 
 
********* 
 
 Enquanto isso Cristhileide cavalga cortando os velhos trilhos 
deixados por criações pelo meio da mata, já cansada parecia olhar algumas 
frutas que havia na própria natureza... Porém, logo atrás sem que ela 
notasse era seguida por Agner que até aquele momento acampava um 
pouco distante sem ter o animo de se aproximar e dizer que estava na luta 
para lhe proteger, por isso, sempre a certa distancia armava a sua rede em 
arvores e repousava, o coração chorava a vontade de estar bem ao seu lado. 
Qual seria a reação de Cristhileide concordaria ou não? 
 Naquela tarde, no entanto soube estava balançando em sua 
rede enquanto o cavalo pastava a certa distancia, enquanto a sua mente 
percorria vários lugares, para ver ser pudesse contemplar Cristhileide se 
aproximando dele, quando de repente um pouco distante dali viu passando 
a montado Walace o peão mensageiro que havia avisado o Cel. Marconi 
César da chegada de sua rival. 
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Agner: É ele. – saltou rapidamente da rede e colocou o chapéu sobre a 
cabeça e montou seguindo de longe. – se pusseres as mãos em Cristhileide 
terás um acerto comigo. 
 
********* 
 Cristhileide ainda organizava suas coisas em uma barraca 
improvisada feito com lonas próximo à cerca sob uma árvore robusta e 
verde quando sem perceber estava já na mira de Walace que espreitava 
uma oportunidade para lhe atacar, ele andava a passos lentos quase seinclinando com a arma nas mãos enquanto o animal estava amarrado em 
palanque da cerca... A qualquer descuido da jovem ela seria atacada pelo 
capanga do Cel. Marconi César e entrega nas mãos do grupo. 
 Agner seguia o mesmo trajeto, pois, saberia que era o 
momento de encontrar a jovem que mexeu seu coração e quem sabe até 
livrá-la das mãos de um tirano e rebelde. 
 Agner percebeu que uma pequena fumaça em que avistava era 
o sinal de que Cristhileide Aquino não estava longe dali e que não estava 
longe para ser atacada, saltou um pequeno espaço que derramava água e 
que com certeza era o local em que a ela iria utilizar para saciar a sede. No 
entanto ele já percebia o perigo que a filha de Valmor estava para passar, 
aumentou os passos no intuito de defender e a certa distancia pode perceber 
a forma em que Walace a espreitava com grande chance de atingir a caça 
daquele dia. 
Walace: Ela é linda demais... - pensava ele enquanto procurava a melhor 
maneira de ataca-la – como podem querer destruir uma flor tão bonita 
quanto esta? 
 O pensamento de Walace começava a demonstrar que era mais 
um que se encantava com a beleza feminina dela. Antes de entrar o bote e 
fazendo com que Cristhileide perdesse a chance pensou em prendê-la 
apenas com as forças de suas mãos saltando sobre ela e em sem o uso das 
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armas e travando uma luta corporal a ponto de se enrolar pelo chão e após 
minutos acreditando que já conseguira dominar não percebeu de repente 
quando pensou que a tinhas em suas mãos foi surpreendido a golpes de 
ponta pés e soltando Cristhileide passa a ser vitima de Agner que torna a 
luta ainda mais violenta até que consegue se escapar e colocando a certa 
distancia cujas roupas já rasgadas, procura o arma para atirar quando por 
surpresa ele vê sua própria armas da mãos de sua rival. 
Cristhileide: Tome a arma – fala estendendo a mão para Walace e sorrindo 
para Agner que lhe admira- ela é sua só que sem munições. 
 Walace se aproxima e antes de receber a arma das mãos de 
Cristhileide. 
Cristhileide: Volte e diga ao Coronel que ainda está faltando homens no 
grupo dele. 
 Agner de braços cruzados assiste a cena com ar de risos e 
quando Walace se afasta procurando um caminho até seu animal e ao 
desamarrar ouve um tiro que faz com que o cavalo num rápido movimento 
sai em disparada deixando para trás seu triste cavaleiro. 
 Walace ao ver que foi Agner que atirou abaixou entristecido 
como tivesse perdido uma batalha, e lentamente sai a caminhar. 
 
********* 
 
 O sol já está se pondo quando todos os capangas retornam a 
sede da fazenda e é nesse momento que percebem a ausência de Walace e 
todos começam a comentar. 
Peão 1: O que será que está acontecendo? 
Peão 2: E se ele foi pego por Cristhileide Aquino. O que fazer? 
Peões (Todos): Eliminemo-lo. 
Peão 2: É verdade, pois, não devemos aceitar nenhum covarde em nosso 
meio. 
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********* 
 
 Cristhileide e Agner agora conversavam sentados sobre um 
tronco de árvore caído. 
Cristhileide: Você me disse que Hader César esta voltando? – perguntou 
ela surpresa. 
Agner: Sim. Ele está chegando amanhã pela manhã e o que tem isso? 
 Cristhileide levanta e se colocando em pé a frente de Agner 
disse: 
Cristhileide: Cuide de minhas coisas e não fuja... –Virando de costa - 
Devo ir a Areado. 
Agner: Não estou entendendo!? 
Cristhileide: Acalma você vai entender. 
 
********* 
 
 Na sala da casa do D. Alda entra porta adentro dando a noticia 
a filha Sayonara que está sentada ao lado do irmão Abmael lendo alguns 
livros que estão esparramados sobre as poltronas. 
D. Alda: Trago ótimas noticias a você minha filha. 
Sayonara: Qual mamãe – levanta indo ao encontro da mãe. – diga, por 
favor. 
D. Alda: Falei com o Cel. Marconi César e ele disse que você deverá 
entregar um belo buquê de flores ao Dr. Hader César quando ele descer na 
estação e... 
 A frase foi interrompida quando prefeito Raimundo vinha da 
cozinha para sala e ao ouvir o que a esposa havia dito deixou o copo com 
água que trazia as mãos cair ao chão e quebrar-se. 
 Abmael levantou rapidamente e correu para socorrer. 
 20 
Abmael: Machucou papai? – perguntou ele amparando. 
 Ambos os filhos do prefeito e D.Alda vestiam se de jalecos 
brancos e óculos, Sayonara a mais velha era professora na escola local e 
Abmael funcionário de uma farmácia, porém, ao contrario dela que era 
arrogante e detestada até pelas crianças da escola, ele humilde e alegre e 
nas suas horas de folga ajudava Padre Bento na paróquia de Areado. 
 
********* 
 
 No rancho dos Marconi os peões ainda olham na distancia o 
Coronel Marconi César já estava entre eles quando ansiosos de esperar 
vêem que ele esta voltando de um jeito cambaleante pelo cansaço e 
vergonha de ter sofrido uma derrota. Um dos peões foi ao seu encontro e 
colocando ele sobre o lombo do animal o trouxe até o galpão que sem 
tempo para justificar. 
Cel. Marconi César: Você não deve fazer parte de nosso grupo e... 
Walace: Por favor, deixe me justificar o que aconteceu. – colocado no 
meio do circulo ainda com voz cansada e sem forças para pronunciar 
muitas palavras. 
Cel. Marconi César: Cale se afinal você não deve falar. É um covarde! – 
Afastando do meio do grupo, ordena – façam o que ele merece. 
 Walace foi seguro fortemente e amarrado num tronco do lado 
de fora do rancho começou a ser chicoteado na forma de um escravo, 
marcas ficavam em seu corpo e enquanto o sangue o escorria ele gemia 
com grande dor. 
 
********* 
 
 No quarto da casa do Cel. Marconi César entre mobílias ao 
gosto da época e cortinas de cores clara o quarto o coronel caminha de um 
 21 
lado para o outro como se estivesse muito preocupado, enquanto D. Lucí 
estava sentada ao lado da cama com a bíblia nas mãos. 
D. Lucí: Você é muito rebelde Marconi seu coração é feito de pedra, por 
persegue tanto a Noemi, pobre menina, ela veio para nossa casa para ser a 
nossa filha e não uma escrava, uma criada. 
Cel. Marconi César: Minha palavra ainda é uma ordem em todas as terras 
de Areado e não permito que ninguém ultrapasse minhas ordens. 
D. Lucí: Estou falando de Noemi. 
 Cel. Marconi César vai até a janela e ao afastar a cortina 
percebe que Noemi esta conversando com Cosme próximo ao alpendre, o 
coronel irou fechando fortemente saindo rápido do quarto descendo ao 
pavimento inferior. 
D. Lucí: Meu Deus. – falava ela olhando pela janela o que o coronel havia 
visto - quanta rebeldia, no coração deste homem desceu em seguida para 
defender a criada. 
********* 
 
 No alpendre o coronel chega furiosamente e puxando Noemi 
pelos braços, empurra em seguida para trás enquanto ele investe contra 
Cosme que escapa por trás de uma coluna de matéria que dava sustentação 
a casa. 
Cenira: Mande a para o campo patrão e esse negrinho mande para longe da 
fazenda. – ela surgia de onde ninguém esperava, parecia já estar sondando. 
– daí...?! 
D. Lucí: Daí o que Cenira? – chega e aproxima se de Noemi que encontra 
amparo. – ela não irá para o campo, e ficará me ajudando em casa. 
********* 
 Pela manhã a cidade de Areado estava em clima de festa, 
muita gente caminhava pelas ruas, faixas e dizeres o sino da matriz tocava 
alegremente e a banda de musica estava já pronta para tocar. O carro de 
 22 
policia estacionado um pouco adiante enquanto os policiais faziam a 
guarda pelas ruas. 
 A chegada do Coronel Marconi César acompanhado pelo 
prefeito, era cumprimentado por todos que estava próximo à estação, ou 
seja, quase todos os habitantes de Areado e aonde ele ia passando era 
cumprimentado,pois, até o padre e o delegado se inclinou para saúda-lo. 
 
********* 
 
 
 Já próximo de Areado o trem deslizava sobre os trilhos e num 
de seus vagões Dr. Hader César contemplava a paisagem que a muito 
tempo não contemplava a não ser na memória, pois, deixara as casas dos 
pais ainda na infância, porisso percebia que muita coisas havia mudado. 
 
 23 
********* 
 
 Uma grande multidão se aproximava da estação, até 
vendedores de pipoca estavam no local a mãe de Dr. Hader César estava 
próxima a plataforma ao lado de padre Bento queria estar a frente para 
beijar o filho que a anos não via. 
 O que ninguém esperava era que entre a multidão bem 
próxima da parede uma jovem de olhar muito bonito estava presente... 
Afinal Cristhileide era criança quando deixou Areado e por isso ninguém 
imaginava que fosse ela a moça que ali estava e que roubava o olhar de 
muitos mancebos que passavam por ela. E qual o objetivo de Cristhileide 
Aquino naquele lugar. 
 No momento em que o trem apitou na estação Sayonara 
puxada pela mãe D. Alda corria para a plataforma trazendo em suas mão 
um buquê de flores vermelhas para entregar ao D. Hader César, pois, queria 
chamar a atenção dos presentes. O prefeito Raimundo não escondeu sua 
indignação e ao lado Cel. Marconi César limpou a garganta. 
 Cristhileide era a mais bonita entre os presentes do momento, 
provocava admiração, até Sayonara olhou para ela mesmo que depois olhou 
para sua mãe. 
Sayonara: Quem será essa donzela mamãe? 
Abmael: Quem é mamãe não sabe – comenta Abmael ao se aproximava de 
Sayonara - mas que está enfeitando a estação realmente está. 
 Sayonara fez uma careta e continuo vendo o trem se 
aproximar. Do lado de fora a banda começa a tocar uma musica que 
misturou se com o barulho da locomotiva. 
 Dr. Hader César desceu sorridente enquanto era aplaudido 
pelos presentes, beijou e abraçou sua mãe e seu pai, apertou as mãos do 
prefeito e do padre Bento e quanto Sayonara juntamente com sua mãe foi 
ao seu encontro com o intuito de entregar lhe as flores, porém, fez que não 
 24 
as visse. Quando passa em direção ao carro que lhe aguarda para levá-lo a 
fazenda, acompanhado pela mãe D. Lucí, sendo cumprimentado pelo padre 
e outras autoridades, ele nota a presença daquela jovem, que lhe 
acompanha com os olhos, a beleza lhe deixa fascinado ele volta até ela e 
cumprimenta a. 
Dr. Hader César: Obrigado por você estar aqui. – Falava ele como se a 
conhecesse e dela recebeu um papel dobrado. – nos veremos em breve. 
 Sayonara no vestido branco ainda segurando o buquê com 
uma das mãos e a outra segurava na de sua mãe... Passando por Cristhileide 
mostrou língua e atirou ao chão num acesso de raiva as flores que seria 
presente a Dr. Hader César. 
 Cristhileide era observada por muitos inclusive D.Lucí estava 
admirada sem quem era ela. Agner entrou no carro ao lado de seus pais e 
naquele momento muitas pessoas perceberam que Cristhileide desaparecera 
do local. Momentos depois a contemplavam quando passava a galope em 
seu lindo cavalo acenando o chapéu como uma deusa que voa entre as 
nuvens. 
********* 
 No ranchinho de Simão a beira a beira do fogão de lenha 
Cosme em pé enquanto seu velho pai assopra o fogo para cozinhar reclama. 
Cosme: É difícil suportar papai, ver a maneira em que o Cel. Marconi trata 
Noemi. Acredito que ela não mereça tão grande castigo. 
 As palavras parecia machucarem o coração de Simão, porém, 
ele se disfarçava para que o filho não notasse, o velho chorou e saiu para o 
terreiro, lembrou dos momentos do parto da esposa, quando Noemi nasceu, 
era bonita, mais ele teve que dar, prometendo nunca contar a estória da 
filha.. 
Simão: É normal meu filho, ela é apenas uma criada e isso a torna quase 
que uma escrava. Por fim ela é uma negra. 
 25 
Cosme: Ele quer me mandar embora das terras dele, não sei ler e nem para 
onde irei. 
Simão: Porque filho, ele quer ti mandar embora? 
Cosme: Ele sabe que eu a amo. Papai! 
 Simão parecia ouvir repetidas vezes 
Cosme: eu a amo, eu a amo, eu a amo, eu a amo. Eu a amo... 
 Simão olha rapidamente para Cosme e olha rapidamente para 
ele, enquanto Cosme para diante a porta. 
Simão: Ele pode lhe perseguir meu filho. – disfarçou. 
 
********* 
 Cristhileide segue beirando o riacho, talvez procurando outro 
lugar para acampar, às vezes se lembrava do que a filha do prefeito fez ao 
lhe ver falando com o advogado e sorria sozinha, outras vezes cantava uma 
canção no assobio. Ela se lembrava do sorriso de Hader César e parecia de 
sentido forte admiração, porém teria que ser forte, pois era filho de seu 
maior adversário. 
 
********* 
 Agner está deitado na rede quando ouve Walace que se 
aproxima. 
Walace: Estou em paz e quero falar contigo. 
 Ele vinha caminhando já cansado pelo sol que estampava o 
cenário da fazenda, Agner se levanta e ao vê-lo sente pena do peão e vai ao 
seu encontro. 
Agner: Diga-me o que queres? Ou ainda busca Cristhileide para entregá-
la? 
Walace: Por favor, ouça o que tenho para contar lhe e porque voltei aqui. 
********* 
 26 
 Após entrar no quarto onde tudo estava a seu gosto inclusive 
um bonito retrato em preto e branco que retratava o seu tempo de criança 
quando ainda usava calça curta alegrava o novo aposento de Dr. Hader 
César que saíra pequeno e agora volta homem formado e estudado, neste 
momento se lembrou da moça da estação, no lugar de seu retrato parece ver 
o retrato dela sorrindo para ele. 
 Joga-se sobre a cama como se fosse uma criança e ao olhar 
para trás vê a mãe e as criadas que vieram com as malas, sorrindo das 
façanhas do recém chegado. Elas saem uma após a outra, porém, na saída 
Cenira logo o pé a frente de Noemi fazendo com que ela cai. D. Lucí olha 
para trás e Dr. Hader César também percebe a estupidez de Cenira. 
Cenira: Desculpem, foi uma falha. 
 
********* 
 
 Cristhileide não imaginava o amor que estava sentindo pelo 
advogado Hader César, no bilhete em que lhe entregou, usando um outro 
nome para não ser descoberta ela marcava um encontro no riacho das 
pedras, seria a oportunidade de descobrir alguma coisa, assim pensando no 
encontro da estação ela continuava cavalgando. 
 
********* 
 Dr. Hader César se levanta olha para as malas e após fechar a 
porta do quarto pega o bilhete do bolso do paletó e começa a ler enquanto 
anda pelo quarto. 
Cristhileide - Bilhete: Nem mesmo a vida sabia desse momento, estava 
ansiosa para lhe conhecer, espero lhe encontrar depois de amanhã a tarde 
no riacho das pedras próximo ao mourão da antiga porteira. Por favor, não 
leve e não fale ninguém. Desta admiradora. Maria José. 
 27 
 Antes de guardar o bilhete ele beijou... Releu e tornou a beijar, 
em seguida guardou e pensou. 
Dr. Hader César: Quem será? 
********* 
Agner: E pretende então nos ajudar na luta contra os capangas do Cel. 
Marconi César? 
Walace: Sim é claro... E serei sincero. – virando de costa para Agner - 
Afinal ela é muito bonita. 
 Quando voltou o rosto para Agner assustou ao vê-lo com o 
revolver apontado. 
Walace: Desculpe – Falou levantando as mãos – Não falo mais. 
 Agner abaixou a arma e 
Agner: Se tocares nela... Morre! 
 
********* 
 
 Cristhileide continua a cavalgada quando olhou a frente 
avistou que Agner vinha ao seu encontro, percebeu que trazia alguém sobre 
a garupa do animal, parou sob uma sombra e esperou que chegasse, era 
Walace, pois, o mesmo ficou sem animal desde a luta que teve c Agner o 
espantou. 
********* 
 Na sala da casa do Cel. Marconi César, a visita do prefeito 
Raimundo e sua esposa tinham cheiro de interesse. 
D. Alda: Esperamos que o coronel esteja amanhã em nossa casa, 
pretendemos oferecer a sua família um jantar, pois, desde com a chegada 
de Dr. Hader César percebemos que a família vai estar cada vez mais 
atribuída aos negócios, porém, ainda a tempo de nos reunirmos. 
 28 
 Cel. Marconi César procurou uma alternativa parta se 
justificar, uma vez que percebera que havia interesses somados aquele 
jantar. 
Cel. Marconi César: Amanhã não será possível, pois, já temos 
compromisso anteriormente firmados. – sentado ao lado do piano deixou 
escorregar os dedos sobre uma das teclas. – desculpem –me.D. Lucí: É verdade, mas, não faltará uma outra ocasião. 
 
********* 
Cristhileide: E qual a certeza de que Walace não nos trairá? 
 Agner olhou para ele em busca de uma resposta enquanto 
segurava a rédea do animal imitando Cristhileide. Walace caminhou cerca 
de dez metros a frente tirou um punhal da cintura estando um tanto 
cortando fez um corte no braço esquerdo na altura do punho e virando para 
eles que observavam. 
Walace: Meu sangue que está derramando por terra será o sinal de minha 
fidelidade contigo Cristhileide. 
 Agner aproximou se dele e ainda pode ver de perto o sangue 
que escorria, rasgou um pedaço da camisa que vestia e juntamente com 
Cristhileide ajudou a improvisar um curativo. 
 
********* 
 
 Noemi, enquanto limpava o alpendre da casa, observava 
Cosme que fazia a limpeza do jardim, enquanto isso ela cantava uma 
cantiga. 
Noemi: “da laranja quero um gomo”. 
 Do limão quero um pedaço, 
 Do menino mais bonito 
 Quero um beijo e um abraço”. 
 29 
 Antes de terminar a cantiga percebeu que Cosme saiu andando 
e quando olhou para trás era observada por Cenira e pelo Cel. Marconi 
César, Que aproximou se dela agarrou em seus braços e arrastou para 
dentro. Cenira começou a rir. 
********* 
 D. Lucí está na sala e nada viu do que estava acontecendo, 
pois, conversava com o filho. 
Dr. Hader César: Pensava eu que a senhora pudesse me dizer quem é essa 
jovem por nome Maria José, sim aquela da estação. 
D.Lucí: Maria José? Na verdade não sei filho, até admirei ela estar ali, 
pois, ninguém se mostrou conhecer. 
Dr. Hader César: Vou falar com ela mamãe. – se levanta. 
 D. Lucí ouve o Cel. Marconi César fociferando na cozinha 
parecia estar repreendendo alguém... Dr. Hader César já se ausentara da 
sala no momento em que Cenira ela como se nada estivesse acontecendo. 
D. Lucí: O que está acontecendo Cenira? – pergunta ao levantar para ir até 
a cozinha. 
Cenira: É nada não D. Lucí é o coronel gritando com os peões no campo. – 
mentiu 
D. Lucí: Mesmo assim vou até lá. – até ela atravessar toda a sala ouve 
Cenira que brada em tom de arrogância. 
Cenira: É Noemi querendo atacar Cel. Marconi César. 
 D. Lucí para e Cenira sobe a escada disfarçadamente. 
 
********* 
 
 De volta ao acampamento enquanto desarreava os animais 
Walace permanecia sentado talvez com dores e pensando no que tanto 
vinha acontecendo com ele. 
Walace: desculpem por eu não estar ajudando os nesse momento. 
 30 
Cristhileide: Fique tranqüilo – dizia ela enquanto tirava o arreio – estamos 
bem... há esqueci de contar a vocês. 
Agner: Então nos conte. 
Cristhileide: Esqueci de contar a vocês que Dr. Hader César é muito 
bonito e agora tenho que lutar para conquistar não somente as terras , mas... 
 Agner disfarçou e caminhou a passos contados e assentou se 
ao lado de Walace como sofresse uma grande derrota. 
Cristhileide: Não se preocupem, pois, ele é herdeiro de meu inimigo. 
 
********* 
 Na igreja Abmael ajudava o padre Bento a organizar os 
materiais na livraria. 
Padre Bento: Sua irmã parece ter ficado chateada com o que aconteceu na 
estação. 
Abmael: É verdade Padre ela parece não ter entendido, porém, minha irmã 
é igual mamãe só pensa nas coisas materiais. 
Padre Bento: Sua mãe tem falado em montar um armazém o que acha 
disso Abmael? 
Abmael: Mamãe não tem dinheiro – desfolhando um livro – ela acredita 
que o Dr. Hader César vai se interessar por Sayonara minha irmã e daí 
poderão abastecer o armazém. 
 
********* 
 No quarto de Sayonara apenas as marcas de desilusão é capaz 
de ser visto. Roupas jogadas ao chão, calçados esparramados e papel caídos 
em todos os lados. Vestida num roupão de dormir e um lenço estampado 
amarrado na cabeça ainda se mostra irada. 
 Ao pegar um perfume sobre a cômoda sente uma ira na hora e 
atira o vidro contra a parede. 
 31 
Sayonara: Você me paga Hader César... Você me paga. - Ela começa 
a se lembrar dele falando com Cristhileide. – quem era aquela eu 
descobrirei. 
 Os pais de Sayonara entram correndo no quarto da filha. 
D. Alda: O que está acontecendo minha filha? 
Sayonara: Nada mamãe... Nada papai eu estou bem, foi apenas um vidro 
em que caiu. 
 
********* 
 No quarto Hader César lia e relia que recebera da 
desconhecida. 
********* 
 Cosme naquela tarde encontrou o pai de joelhos dobrado e 
chorando ao lado da sepultura de Eulália sua mãe, ficou cabisbaixo até que 
o pai após fazer o sinal da cruz se levantou e lhe viu. 
Simão: Filho desculpa, pois, eu estava falando com sua mãe. 
Cosme: Quanto rezares meu pai, não esqueça da criada Noemi, pois, está 
sofrendo as afrontas do Cel. Marconi César e da mordoma Cenira. 
 Simão olha para o filho parecia querer dizer algo. 
Cosme: Eu a amo papai e nada posso fazer para livrar das garras daquelas 
serpentes. 
 Simão põe a mão sobre o ombro direito do filho e caminham 
para o rancho. 
Simão: Eu tenho todas as provas que poderá fazer o Cel. Marconi César 
calar para sempre e Noemi reconquistar uma nova família... Tenha 
paciência meu filho... Paciência. 
 
********* 
 Logo pela manhã Noemi é arrastada para o campo, puxada a 
força pelas mãos de um capanga de olhar carrancudo, alto, magro, calvo e 
 32 
de cavanhaque e ao chegar numa terra de varjão empurra a pobre menina 
que cai como uma trouxa ao chão. 
Capanga: Por ordem do Cel. Marconi César daqui para frente este será o 
teu lugar. Terá quer arar a terra com a ajuda desse cavalo – aponta para o 
animal que está preparado para puxar o arador. – Vamos levanta, o dia está 
apenas começando. 
 Noemi se esforça para levantar os seus dezoito anos de idade 
começa a ter um preço de dor e angustia. 
Capanga: Ainda há tempo de se arrepender – falava ele enquanto ela 
segurava firme o arado – aceite as propostas do Coronel e ele te fará uma 
linda princesa. 
Noemi: Viverei como escrava e morrerei sem nenhum valor – falava ela 
enquanto o cavalo começava a caminhar – mas, não venderei a minha 
honra e nem trairei a senhora minha patroa. 
 
********* 
 Na delegacia de Areado Cel. Marconi César conversa com 
Dr.Maciel. 
Cel. Marconi César: Eu preciso que seja feito uma averiguação entre as 
pessoas que chegam nesta cidade delegado, afinal muitas pessoas estranha 
estão andando pelas ruas. 
Dr. Maciel: Eu sei Coronel – Levanta serve um café para ele e para o 
coronel e entre um gole e outro - mas a cidade é livre e por mais que 
respeitamos as suas palavras fica mesmo difícil. – olha o relógio que está 
no bolso. 
Cel. Marconi César: Então Dr. Maciel –levantando da cadeira – minhas 
ordens começam a deixar de respeitadas, por essa razão se não pode me 
ouvir pedirei ao prefeito Raimundo que faça sua transferência. 
Dr. Maciel: Calma Coronel! – mudando a proposta – podemos avaliar a 
situação e até quem sabe... 
 33 
Cel. Marconi César: Cumprir todas as minhas ordens... – esta seria a 
forma que o Cel. Marconi César descobrir a filha de Valmor Aquino. 
********* 
 Cosme fica observando e quando Cenira sai em direção ao 
trabalho de Noemi que com certeza será para zombar ele entra rapidamente 
pela porta da cozinha e vai até a sala, chamando pelo nome de D. Lucí dá a 
noticia que fere seu coração. 
D. Lucí: O que foi menino – pergunta ela levantando ao encontro. – 
aconteceu alguma coisa? 
Cosme: Sim patroa! Venho para dizer lhe que o coronel mandou ela para o 
trabalho na lavoura. 
D. Lucí: Meu Deus... Que tamanha crueldade? 
********* 
 
 Dr. Hader César cavalgava pelos campos apreciando a beleza 
da fazenda sentia gostoso o que a natureza lhe proporcionava, contemplava 
o verde das matas, os pássaros que voavam e os morros que cercavam a 
 34 
propriedade... meio distante viu os peões que faziam a segurança do 
coronel que cavalgavam de dois em dois, porém, Hader César não entendia 
o significado, não sabia da estória das terras e nem quem era Cristhileide 
Aquino. 
********* 
 Na saídada escola, um prédio bastante gasto pelo tempo da 
construção, Sayonara vai saindo segurando os matériais abraçados ao peito 
quando dois pequenos alunos com aproximadamente dez anos cada um e 
uniformizados, saem correndo e acidentalmente causam uma queda da 
professora que esparramam todos os materiais. Aquelas crianças fogem 
mais dezenas de outras começam a vaiar como se ela fosse a pior de todas 
as professoras. 
 Nervosa ela se levanta, limpando os óculos e batendo as mãos 
nas roupas, uma senhora que vai passando chega para ajudar e as crianças 
ficam quietas. 
Sayonara: Obrigada senhora por ter me ajudado. 
Mulher: Estou sempre às ordens. – antes de sair de perto de Sayonara – hei 
a senhora não é a professora que o advogado lhe deixou chorando com as 
flores nas mãos? 
 Sayonara sai ainda mais nervosa e a mulher segue outro 
caminho, da farmácia aonde trabalha Abmael podia contemplar a cena. 
 
********* 
 No campo aonde trabalha sob o ardente sol daquela manhã, 
Noemi recebe a visita de Cenira que colocando as mãos na cintura. 
Cenira: Trocou o patrão pelo cavalo Noemi. 
Noemi: Com certeza ele se comporte melhor do que o senhor meu patrão. 
Cenira: hum! Então faça bom proveito. – virou as costas e se retirou.. 
 
********* 
 35 
Era chegado o momento e Dr. Hader César iria ao encontro da deusa 
desconhecida, ele não poderia contar a ninguém ele se lembrava muito bem 
aonde ficava o riacho das pedras ele estava balançando em sua rede de 
descanso na varanda da casa quando Cosme chegou para lhe avisar. 
Cosme: Doutor aqui está o cavalo que o senhor me pediu. 
Dr. Hader César: Obrigado – recebeu as rédeas das mãos de Cosme 
montou no animal e ainda sobre os olhares de sua mãe que estava sempre 
por perto disse. – adeus mamãe, pois, não tardo a voltar vou ao encontro de 
uma princesa. 
 D. Lucí e Cosme acenaram um adeus com sorrisos nos lábios. 
********* 
 
 No acampamento de Cristhileide Aquino, a expectativa é 
grande cada um arruma uma coisa, possivelmente terão que mudar o 
esconderijo, após o encontro que terão com o Dr. Hader César. 
 Um amarra as matulas, outro as ferramentas e enquanto isso 
Cristhileide ainda tem tempo para servir um rápido no café num velho bule 
esmaltado e em pequenas canecas improvisadas de latinha. 
Cristhileide: Meu coração está machucado, tenho que ser sincera a vocês, 
porém, não vim aqui para amar o filho de meu rival, sou obrigada a mudar 
os planos, tenho planos maiores que é o de vingar a morte de meu velho pai 
Valmor Aquino e reconquistar as terras que um dia foi nossa. – Agner e 
Abmael ouvem a entre olhares e observações. – Dr. Hader César é apenas 
mais um fato que está acontecendo se um dia eu vencer os adversários 
poderei quem sabe ser uma com o sobrenome César. 
 Agner ouve essas palavras como uma punhalada em seu 
coração, pois, na realidade está defendendo uma pessoa que define o seu 
amor por ninguém. 
 36 
Agner: Então diga o queres que nós façamos. – Ele não conseguiu 
disfarçar seu olhar de ira e ódio naquele momento, pois ele estava 
apaixonado por ela. E Walace? – já estamos preparado para guerrear. 
Cristhileide: Vou até Areado, tenho que colocar uma carta no correio para 
mamãe, afinal, desde em que sai de lá não lhe mando mais noticias, por 
favor, tendo pegar o máximo de informações da boca desse doutor mais, 
por favor, solte ele vivo... – olhando de lado – porque das feridas eu 
cuidarei. 
Walace: Levaremos uma blusa de Cristhileide e vamos por sobre uma 
galha próxima ao riacho e ele pensará que ela está lá. E ai nós o 
atacaremos. 
 Cristhileide concorda e entrega uma blusa vermelha para 
Walace, que disfarçadamente ele leva ao rosto e beija. 
********* 
 
 No varjão Noemi continua empurrando o arado que é puxado 
pelo cavalo, às vezes passa as mão no rosto e sente o suor que escorre na 
pele que arde pelo sol, mais adiante Cosme a contempla com um olhar de 
piedade. 
Cosme: Eu ainda vou tirar você daí, Noemi. – Pensava ele. 
 
********* 
Na casa do Cel. Marconi César uma discussão gira em torno do 
nome de Noemi. 
Cel. Marconi César: Nesta casa sou quem tenho que dar as ordens, a partir 
de agora Cenira é quem cuidará dos afazeres domésticos e Noemi tem que 
ficar na lavoura. 
D. Lucí: Você nunca teve coração Marconi... Essa menina só não foi 
gerada no meu ventre, mais é minha filha e você Cenira não precisa se 
preocupar com o trabalho da casa eu mesma farei. 
 37 
Cenira: Estou aqui para cumprir as ordens do patrão senhora Lucí. – falou 
com audácia. 
Cel. Marconi César: E onde está Hader César? 
D. Lucí: Foi percorrer a fazenda, quem sabe descobrir a verdadeira estória 
que nós mantemos as escondidas. 
Cel. Marconi César: Isso não pode, se ele tentar se atrever mandarei de 
volta para a França e quanto ao Cosme vou despedir em breve, pois, não 
tem motivos de ficar por aqui. – saiu e Cenira lhe acompanha, D. Lucí triste 
senta se numa poltrona ao canto. 
********* 
 
 Cristhileide montou em seu cavalo com a carta na mão e saiu 
rumo à cidade, Agner e Walace ficaram a observar. 
Walace: Essa fera não se cansa, Agner, e tem muita força para lutar. 
Agner: Mas é uma flecha que está ferindo o coração de muitos homens. 
 
********* 
 No gabinete do prefeito em Areado ele está atendendo um 
determinado político quando sua secretaria entra. 
Secretaria: Sr. Prefeito sua filha está ai e quer falar com o senhor e disse 
que tem ser agora. 
Prefeito Raimundo: Diga a ela que estou ocupado, assim que o deputado 
sair... 
 A secretaria se retira. 
********* 
 Na recepção da prefeitura além de Sayonara existem outras 
pessoas, ela, porém, está eufórica. 
Secretaria: Seu pai pede que o aguarde um momento – falou dirigindo a 
Sayonara. 
 38 
Sayonara: Ele é antes de ser prefeito é meu pai e tem que me atender 
agora. – furiosa e sob olhares de muito ela segue em direção ao gabinete do 
prefeito. 
********* 
 
 No gabinete o prefeito está se despedindo do deputado. 
Prefeito Raimundo: Filha... – pergunta envergonhado diante ao deputado 
que se retira diante a situação. - o que está acontecendo eu estou 
trabalhando. 
Sayonara: Nada dá certo para mim, papai, - fala atirando alguns papéis 
sobre a escrivanhia – o senhor não faz nada para melhorar nossa situação, 
mamãe acredita que se abrirmos um armazém teremos condições melhores 
para sermos reconhecidos por Dr. Hader César que até agora não nos tem 
olhado. 
Prefeito Raimundo: Filha, o Dr. Hader César está comprometido com os 
estudos ele não tem nenhum interesse com assuntos amorosos. 
Sayonara: Eu não posso lhe negar papai, sou uma professora, filha de um 
prefeito posso ficar esperando um matuto... Quem melhor para ajudar ele 
eu ou aquela caipirinha da estação? 
********* 
 
 Dr. Hader César está chegando ao riacho das pedras, com 
certeza acreditando que vai ter o encontro esperado com a bela moça da 
estação que tem aos poucos ferido o seu coração... De longe já é possível 
ouvir o som das águas que batem ao cair nas pedras. 
 Um pequeno barulho do vento ao mexer numa galha a beira do 
caminho parece fazer com que o cavalo pretenda refugar, porém, Dr. Hader 
César consegue controlar o animal. 
 
********* 
 39 
 Escondidos por de trás de algumas pedras e ramos próximo ao 
riacho Agner e Walace armados e encarapuçados com meias que cobrem o 
rosto comentam. 
Walace: A surpresa será grande quando ele souber que é a Cristhileide que 
lhe espera. 
Agner: Para ele é não é Cristhileide Aquino e sim Maria José. 
(Riram) 
********* 
Simão: Filho, espere com paciência mais uma vez eu lhe peço, tenha 
paciência você tirar Noemi daquele lugar. – falava ele ao filho enquanto 
estava na lavoura carpindo. 
Cosme: Eu sei papai, mas está demorando demais... 
 Simão olha para o filho e com olhar de piedade ele disse: 
Simão: Sua mãe Eulália vai lhe ajudar meu filho. 
Cosme: Eu tenho pensado em fugir com ela papai. Oque pensas disso? 
 O velho se benze, fazendo o sinal da cruz, deixa a enxada cair 
no chão e implorando. 
Simão: Pensa isso não filho, -levando a mão ao peito- até dói meu coração 
só em ouvir isso. 
Cosme: Então conte uma coisa para mim papai. – Pondo a mão sobre o 
ombro direito de Simão. – Onde está minha irmã que foi dada quando 
mamãe morreu? 
 Depois de pensar por um instante sobre a pergunta do filho. 
Simão: Um dia tu irás saber meu filho. 
 
********* 
 Cristhileide vai saindo na porta do correio de Areado, quando 
de repente ela passa por uma jovem que lhe olha e parece reconhecê-la é 
Sayonara a filha do prefeito que ao esbarrar em Cristhileide na porta diante 
ao olhar de algumas pessoas. 
 40 
Sayonara: Hei quem é você? Parece que eu já lhe vi em algum lugar. 
Cristhileide: Tire os óculos garota. –falou segurando firme a bolsa. – sem 
eles talvez você enxergue melhor e quem sabe até lembrar de mim na 
estação. 
 Sayonara agarrada aos livres pisa forte e ainda pronuncia 
palavras. 
Sayonara: Você é um animal. 
 Cristhileide puxa a pelo cabelo e se retira rapidamente. 
Sayonara: Você é uma louca – falou ela procurando se equilibrar para não 
cair. –Louca!!! – virando para as pessoas. – Vocês não podem me ajudar. – 
todos se retiram. 
 Cristhileide procura seu animal, após montar ainda faz com 
que ele levante as patas da frente e relincha para depois sair a cavalgar. 
********* 
 Dr. Hader César acredita estar vendo algo que seja de 
Cristhileide sobre um palanque de cerca para dar sinal de que ela está 
esperando por ele, porém, na realidade a cilada está preparada. 
 Chegando onde está à peça de roupa pendurada como isca, ele 
desce do animal, amarra no mesmo palanque pegando blusa nas mãos 
acaricia, sente o cheiro do perfume olha para os quatro cantos e leva 
consigo seguindo a pé o caminho estreito que conduz as margens do riacho. 
 Porém, não ouvindo nenhum barulho vai descendo o barranco, 
ora equilibrando, ora escorregando até alcançar as águas e molhar as mãos. 
Após alguns minutos as margens do riacho e contemplando a beleza 
daquele lugar começa a sentir se preocupado pela ausência de Cristhileide. 
Será que ela desistiu? Cansou e foi embora? Talvez pensasse assim. 
Dr. Hader César: Maria José... – Gritava olhando para os lados. – Maria 
José... Onde está você? 
 41 
 Depois de alguns minutos Dr.Hader César sentiu pela primeira 
vez a angustia e o desespero ao olhar para trás e ver aqueles dois homens 
encarapuçados. 
Dr. Hader César: Quem são vocês? Eu não sei de nada? O que querem 
comigo? 
 Dr. Hader César foi virando o corpo vagarosamente e 
procurando se afastar caminhado de costa, mais Agner e Walace foi se 
aproximando cada vez mais, até que num rápido movimento agarraram ele, 
que mesmo tentando ser ágil acabou preço e derrubado pela dupla, alguns 
pancadas foram dadas nele e em seguida amarrado em tronco de árvore. 
Dr. Hader César: O que vocês querem comigo? Não sei de nada. 
Agner: Aqui não tem nenhuma Maria José, o que temos aqui é a filha de 
Valmor Aquino que seu matou para conquistar as terras que a ele pertencia. 
Dr. Hader César: Eu não sei de nada... Juro... Fui embora ainda criança de 
Areado e só voltei agora acreditem. 
Walace: Você sabe que a maior parte das terras pertence à Valmor Aquino 
– apertou forte o pescoço de Dr. Hader César com as mãos até ele gemer. - 
e não a seu pai. Entendeu? 
Dr. Hader César: Confesso ainda não sei da verdade... Quem são vocês? 
Agner: Amigos de Cristhileide Aquino, a Maria José que você pensava 
encontrar. 
Dr. Hader César: Ela me traiu... Eu sinto sede... Soltem-me e deixe me ir 
embora. 
Walace: Espere ela chegar. – Joga água no rosto dele. – e ouvirá da boca 
dela que o seu pai matou Valmor Aquino. 
Agner: Nós iremos te soltar, o caminho é longo e não olhe para trás. – 
começa a desamarrar, tirando de Hader César o chapéu. – por que se tentar 
alguma coisa todos vocês serão destruídos. 
 Dr. Hader César cambaleia para andar e quando vai à direção 
ao cavalo. 
 42 
Walace: Não... é bom saber que o cavalo não vai, pois, eu e Agner iremos 
usar de agora em diante. 
Agner: Não diga meu nome. – Repreendeu Walace. – devemos manter ele 
cativo agora. 
 Agner temeu ser descoberto naquele momento a partir do 
nome dele, mas desistiu de segurar e fez um gesto com a mão para que ele 
fosse andando. 
 Dr.Hader César saiu caminhando afinal foi vitima de uma 
grande cilada, não devia estar pagando o preço em lugar de seu pai, pois, na 
realidade nem conhecia a estória real do que estava acontecendo. 
Caminhando como ébrio devido a dor e o cansaço, misturado com o ódio e 
o medo de sofrer ainda mais além da humilhação que sofreu naquele 
momento. Vingar não seria o melhor remédio. 
Dr. Hader César: Deus fará justiça em meu lugar. – pensava em voz 
baixa. – porém, eu ouvi seu nome Agner... Agner. 
 Ele temeu quando ouviu tropel de animais que corria como 
que lhe seguindo, eram os homens que lhe maltrataram, agora cada um 
num determinado animal, pois, o dele passou a ser de Walace. 
 No entanto passaram por ele em disparada e nenhuma palavra 
sequer lançaram contra ele, que continuou a caminhar e de quando em vez 
parava para descansar sentando a beira do caminho. 
********* 
 
 Na casa do Cel. Marconi César, D. Lucí vai a todos os 
momentos no coberto para ver se o filho está retornando, pois, as horas 
estão passando e nem mesmo um sinal de voltar. 
Cenira: Preocupe não patroa deve já ter encontrado algum rabo de saia e 
logo virá para buscar a mala dele, melhor do que morrer sozinho. 
D. Lucí: Não lhe convidei a vir me fazer companhia Cenira. 
 43 
 Cenira faz uma carranca e volta para o interior da casa, D. 
Lucí continua no alpendre. 
 
********* 
 
 O Cel. Marconi César visita o Simão e lhe faz propostas 
indecentes diante os olhos e a dignidade do velho. Mesmo sem descer do 
animal encontra com Simão próximo a entrada da casa, onde existem 
algumas criações que perambulam de um lado para o outro, próximo a 
porta um pilão velho que ele usava para socar o arroz. 
Simão: Novidade coronel. – perguntava ele indo ao encontro – ou vem 
tentar incomodar o velho? 
Cel. Marconi César: Vim trazer avisar a você velho Simão que o seu 
tempo em nossas terras já chegou ao fim, e tanto você quanto seu filho 
Cosme deverá sair o quanto antes. 
Simão: Será melhor que o senhor coronel comece a pensar um pouco 
melhor, pois, se nos mandar embora poderá pagar um preço muito grande. 
Cel. Marconi César: Está me ameaçando Simão? 
Simão: Não, isso não é ameaça, pois, homem para ser ameaçado ele tem 
que ter valor de homem, estou apenas lhe falando. 
Cel. Marconi César: Quero ver até quando terá coragem de me enfrentar. 
– vai para sair quanto ouve. 
Simão: E Noemi ela fica ou vai? 
 Sem resposta ele sai a cavalgar. 
 
********* 
 Os capangas de Cel. Marconi César estava descansando diante 
a uma reserva de mato sob a sombra de uma árvore, havia possivelmente 
um grupo de doze homens quando um deles se levanta ao ouvir que alguém 
 44 
vinha assobiando. Olhou despertando a atenção dos demais e notaram que 
realmente havia uma presença estranha naquele lugar. 
 Não demorou muito para perceberem que a caça estava na 
mira, ajeitaram se nos animais para tentar surpreender, era Cristhileide 
Aquino que retornava da cidade. E agora? 
 O vento soprava e o cabelo da bela princesa desenhava ainda 
mais o cenário naquela tarde, o traje sempre demonstrava que estava 
preparada quando chegava ao campo para a batalha, já na cidade preferia 
usar as roupas que uma senhora sempre admira, para que não causasse 
desconfiança em que a visse. 
 Não demorou muito para que ela sentisse que estava sendo 
vista, para o animal a certa distancia, procurou firmar os olhos a distancia e 
calculou que estava na mira dos inimigos. 
 Arrumou a arma sob o colo, a outra arrumou na cintura e 
conferiuas munições, na verdade os capangas procuravam a melhor forma 
de se colocar para o ataque. Cristhileide num rápido corrupio levantou 
poeira e procurou correr ao contrario, porém, o grupo já se posicionava 
muito perto e quase a conseguiram pegar. 
 Para Cristhileide empreender fuga naquele momento parecia 
mesmo um grande desafio, mais o certo que é ele deveria fugir ou morrer. 
Alcançou, porém, a porteira velha próxima à antiga casa de Valmor Aquino 
onde havia um mangueiro já destruído pelo tempo e ali ela conseguiu 
esconder o animal, pois, percebe que apenas dois dos capangas estão 
seguindo diretamente ao seu encalço, outros procuram por outra parte, por 
isso, deita por detrás de uma parte mangueiro e quando os capangas vão 
passando ela atira contra um deles que cai ferido e o cavalo sai em 
disparada. 
 Cristhileide alcança novamente seu animal e procura fugir... 
Tiros se ouvem por todos os lados, os capangas não se cansam é a primeira 
luta travada que a filha de Valmor Aquino está enfrentando, ela tem que 
 45 
fugir, o bando é grande, enquanto isso um deles volta a socorrer o ferido 
que é colocado deitado atravessado sobre o lombo de seu animal enquanto 
seu companheiro conduz para o socorro. 
 As palavras ela fugiu, eram ouvidas entre eles que retornam 
sem êxito ao vê-la sumindo na distancia daquele dia. 
 
********* 
 D. Alda e Sayonara são vistas entrando na igreja de Areado 
ajoelham uma ao lado da outra, Abmael está ajudando Padre Bento a 
organizar os últimos preparativos para a missa, todos olham para elas que 
procuram o primeiro banco para se sentarem. 
 Padre Bento faz questão de ir até elas para saudar e desejar 
boas vindas em voz baixa. 
********* 
 Noemi está retornando do trabalho, o sol já está se pondo, no 
caminho encontra com Cenira que lhe entrega uma pequena trouxa de 
roupas. 
Cenira: Aqui estão suas roupas e essa marmita de comida, que o coronel 
mandou lhe entregar, lá no galpão tem alguns pelegos aproveita para fazer 
de colchão. É ordem do coronel durma bem. 
 Noemi não falou uma única palavra, recebeu as coisas e 
seguiu para pernoitar no galpão da fazenda, onde procurou um quartinho 
onde eram depositadas coisas de arreios para organizar sua pousada. Estava 
às coisas puxava um pelego daqui, uma estopa dali e jogava no canto para 
fazer sua cama. 
 
********* 
 O mesmo capanga que levou Noemi para trabalhar no arado 
agora conversava com Cel. Marconi César, na porta da casa, enquanto D. 
Lucí anda apreensiva de um lado para o outro. 
 46 
D. Lucí: já é tarde e meu filho não voltou até agora... oh minha virgem 
tenha misericórdia dele. 
Cel. Marconi César: Junte mais uns três – falava com o capanga que 
escutava atentamente as ordens. – e vão à procura de Hader César e volte 
somente quando o encontrar, amanhã falarei sobre o que ocorreu hoje a 
tarde. 
********* 
 O céu mostrava um bonito cenário, as estrelas bailavam no 
espaço e o vento daquela noite transmitia uma bonita canção. No quarto 
improvisado de Noemi antes dela se deitar ela dobre seus joelhos ao lado 
da cama feita de pelegos e começa a rezar em voz baixa e na luz da lua que 
refletia pela janela. 
 Ao deitar começou a escutar pisado, teve medo, pensou em 
gritar, porém suportou calada. Ela viu quando a porta se abriu. 
Noemi: Quem é? – pergunta ela sentando rapidamente – quem é ou eu vou 
gritar. 
 O vulto se aproximava cada vez mais, de repente é atacada por 
Cel. Marconi César que sem piedade tenta fechar lhe a boca, ele luta contra 
ele mais sem forças algumas sente a sua roupa rasgar. 
 Mais para sua sorte e descontentamento do Cel. Marconi César 
ele é surpreendido por Cosme que entra correndo sem camisa. 
Cosme: O que está acontecendo com você, Noemi? Escutei movimentos e 
me apavorei. 
 Cel. Marconi César se levanta e tenta fugir, porém, Cosme o 
empurra e lhe faz um juramento. 
Cosme: O senhor ainda vai pagar Coronel. 
 O Cel. Marconi César sentindo se desafiado, procurar fixar 
mesmo no escuro os olhos em Cosme e sai em seguida. Instante depois, 
Cosme também deixa Noemi e sai. 
********* 
 47 
 Dr. Hader César cansado se senta a beira do caminho, a 
camisa semi aberta, depois de alguns minutos deita se de costa, deixando os 
pés para o meio da estradinha. Instante depois escuta pisada de animais e 
quando se levanta percebe que alguém salta do animal talvez surpresa por 
vê-lo ali. 
Dr. Hader César: Por favor, sai de perto de mim... Ai... Ai, - ele sente 
dores ao mexer com o corpo, e teme ao ver que é Cristhileide. – o que você 
quer comigo Maria José. 
Cristhileide: Eu não me chamo Maria José – falava ao se aproximar dele 
ainda segurando a rédea nas mãos. – meu nome é Cristhileide, sou a moça 
da estação, talvez você não conheça a estória dessas terras, foi seu pai 
quem matou o meu, tomou tudo o que tínhamos e ainda me persegue para 
matar, se soubesse teria me matado quando criança. O destino foi quem lhe 
traiu. 
Dr.Hader César: Eu não sei de nada, não devia querer me destruir, fui 
enganado por você, mesmo assim, meu coração não consegue ter ódio, eu 
vejo algo em seus olhos e vou sofrer tenho certeza... Deixa me ir embora. 
Cristhileide: Eu ti levarei – estende a mão para ajudar a levantar. – Diga a 
todos que a filha de Valmor Aquino está aqui para vingar. 
Dr. Hader César: Não. Pode deixar que agüento a caminhar, os capangas 
de meu pai já deve estar me procurando e se ti achar poderá lhe destruir. 
Cristhileide: Deixe de ser covarde e... – ouve barulhos de animal. – São 
eles, estão vindo lhe buscar. Montando no cavalo faz uma declaração – por 
mais que és filho de meu maior adversário posso dizer que o meu coração 
só deseja lhe amar. – sai a galope e Dr. Hader César é reencontrado, porém, 
a frase marcou seu pensamento. – o meu coração só deseja lhe amar. 
********* 
 No seu quarto Dr. Hader César estava deitado em torno de sua 
cama, rodeado por seus pais, pela criada Cenira. 
 48 
Dr. Hader César: Não posso dizer nada além dessa verdade, só posso lhe 
garantir que é uma jovem muito bonita. 
Cel. Marconi César: Não podemos nos quietar, afinal eles lhe 
espancaram, eu acredito que Cristhileide Aquino não está em nossas terras, 
e... 
Dr. Hader César: E nas terras dela papai. E se o senhor quer saber melhor 
o senhor a viu ela assim e quase toda a cidade de Areado também viu... – 
levantando – ela é a moça que eu cumprimentei na estação. 
D. Lucí: Por favor, não grite com teu pai meu filho. 
Dr. Hader César: E Agner? Quem é essa pessoa, afinal Cristhileide 
Aquino não está sozinha. 
********* 
 É dia está amanhecendo e na casa de D.Pedrosa, de joelhos 
dobrados ela reza com o rosário nas mãos frente a uma imagem da virgem 
Maria que está ao lado da fotografia do filho e quando rezava a saudade 
dele, parecia ter um despertamento levantar e ir até a porta da sala. 
 Ao abrir a porta foi segura por uma mão forte, era dois dos 
capangas do Cel. Marconi César. 
Capanga 01: Queremos saber onde está seu filho Agner? 
 Puxando ela para fora, ela implora. 
D. Pedrosa: Por favor, eu estou igual a vocês eu também não sei onde meu 
filho está. 
 Um dos capangas olha para ela e sente se penalizado e fala 
para o outro. 
Capanga 2: Realmente esta mulher não sabe de nada... Vamos embora. 
Capanga 1: E como iremos ficar com o Cel. Marconi? 
Capanga 2: Esqueça dele e pensa que essa mulher nada deve e precisa ser 
respeitada até pela própria idade. 
D. Pedrosa: Eu juro moço eu não sei de nada. 
 49 
 Os capangas sem dizer nenhuma outra palavra e sem se 
despedir viram as costa e saem, D. Pedrosa volta dobrar o teu joelho e 
agradecer o grande livramento. 
********* 
 Cosme está rachando lenha a machado quando ele vê Noemi 
passando para o trabalho, ele para e começa a observar, parece que 
lagrimas caem de seus olhos, até quando Noemi irá sofrer? 
 Noemi escuta alguém chamar pelo seu nome ela olha 
apreensivo éD. Lucí que vem trazendo um algo para ela, ao desenrolar ela 
vê que é um pedaço de pão. 
D. Lucí: Breve você abandonar esse trabalho minha filha, acredite muito 
breve você voltará para casa. 
 Noemi não falou nenhuma palavra pegou o embrulho e desceu 
para o trabalho, D. Lucí retornou para dentro, Cosme deu continuação ao 
trabalho que fazia. 
********* 
 O jornal “Diário de Areado”, naquele dia divulgou noticia 
sobre o acontecido com o filho do Cel. Marconi César, no dia anterior e até 
a radio de uma cidade vizinha noticiava. 
 D.Alda leu o jornal ao da filha Sayonara que se preparava para 
ir a escola, colocando o jaleco branco que todas as professoras da época 
gostava de usar. 
D. Alda: Olha – aproximando da filha, mostra – a filha de Valmor Aquino 
está na região e ontem atacou o Dr. Hader César. 
Sayonara: Misericórdia mamãe esta mulher tem que ser presa, ela vai 
destruir até nossos sonhos. Se Hader César estivesse do meu lado com 
certeza ele estaria livre desta mazela. 
********* 
 Numa rapidez a noticia tomou conta da cidade, o padre de 
batina atravessou a rua quase que correndo e foi a farmácia mostrar a 
 50 
Abmael que não demorou a mostrar ao dono da farmácia um senhor gordo 
e bigodudo que fez questão em mostrar a um casal de clientes que acabava 
de entrar ali. 
********* 
 Um velho senhor e uma criança caminhava pela rua em frente 
a padaria, quando de repente o menino com idade de dez anos mais ou 
menos, viu um pedaço de jornal caído, agachou para pegar. 
Homem: Não pega lixo menino. – mesmo assim o menino insistiu, soltou 
da mão do homem e pegou o jornal já rasgado, admirado o homem viu a 
noticia que mostrou para uma mulher grávida que passava no momento. 
********* 
 Um soldado entra apressado na delegacia, para mostrar o 
jornal ao delegado, mais se depara com o Cel. Marconi César de pé frente à 
escrivanhia com o jornal na mão. 
Cel. Marconi César: E, ai delegado, o senhor tem que tomar uma decisão 
aumente o policiamento, faça busca nos vagões de trem, precisamos acabar 
com essa estória de uma vez por toda. 
********* 
 Sayonara estava indo para escola quando percebeu que o carro 
da policia, um jipe, que vinha ao seu encontro resolveu para, arrumou o 
óculo e. 
Sayonara: Pois, não gostaria de falar comigo ou foi algum engano? 
Policial: Sim, meu nome é Mateus e gostaria de falar com você em 
particular é possível? 
Sayonara: Depois que eu falar com o meu pai. Quem sabe. 
Mateus: Esquece de seu pai professora é com você que eu quero falar. 
Sayonara: Ridículo. Você sabe de quem eu sou filha? 
Matheus: Isso é impossível saber quem teve coragem de fazer algo assim 
como você. 
 Mais uma vez Sayonara sentiu um grande insulto. 
 51 
 
********* 
 
 Enquanto os filhos saíram para o trabalho, D. Alda saiu em 
viagem ao lado do esposo o prefeito Raimundo, porém, não esqueceu de 
levar sobre o banco traseiro do carro uma copia do famoso jornal que 
reportava o triste momento do Dr. Hader César e durante a viagem ela 
comentava a respeito do armazém que pretendia abrir em Areado. 
D. Alda: Se eu abrir o armazém em breve será o maior comercio de nossa 
cidade e poderemos vender até para cidades vizinhas. 
Prefeito Raimundo: Não temos como comprar mercadoria para suprir esse 
seu comercio Alda – retrucava-o enquanto dirigia. – será um escândalo 
para nós. 
D. Alda: Você se esquece Raimundo que temos chance de casar nossa filha 
Sayonara com o filho do Cel. Marconi César e sendo assim ela será dona da 
grande fortuna e nos ajudarão a movimentos os negócios. 
Prefeito Raimundo: Você pensa longe demais, Alda, é uma idéia ridícula 
tentar usufruir das coisas alheias. 
********* 
 No esconderijo do grupo de Cristhileide surge então um inicio 
de discussão. 
Agner: Nós lutamos por você Cristhileide e ainda você tem a coragem de 
dizer com todo o carinho o nome de seu principal rival, o filho do Cel. 
Marconi César, porque nos mandou lutar contra ele então? 
Walace: Agner, pensando bem estou pensando em ir-me embora, vou 
seguir para a capital, percebi que Cristhileide está pensando além da nossa 
imaginação. 
 Cristhileide se levanta alterada no meio do grupo e define sua 
estratégia. 
 52 
Cristhileide: Não vim aqui para construí uma estória de amor, e percebo 
que vocês dois lutam por um interesse em comum, faço questão que sigam 
o caminho de vocês, pois, sou capaz de guerrear sozinha este foi plano que 
tracei a muitos anos atrás e a partir de agora rejeito o apoio de ambos. – 
começou a juntar suas coisas e colocar em uma bolsa separada. 
Agner: devemos conversar melhor Cristhileide e chegaremos a um acordo. 
Cristhileide: Para mim já está decidido, montar acampamento em outro 
lugar, Agner volta para casa de D. Pedrosa e você Walace tome o destino 
que a vida lhe propor. 
********* 
 
 
 Na delegacia Sayonara se mostra desesperada e fala com o 
delegado tentando acusar o policial Mateus. 
Sayonara: Ele me humilhou delegado. 
Mateus: Ela está pirata delegado. 
Delegado: Ele está dizendo que não lhe fez mal nenhum Sayonara. 
Sayonara: O soldado Mateus me humilhou, e eu quero que o senhor o 
prenda senhor delegado. 
Delegado: Calma quando você sair eu tomarei uma decisão. 
Sayonara: não... Eu quero que seja agora, se não eu irei chamar meu pai. 
 O próprio delegado pega um molho de chave que está sobre a 
escrivanhia dá sinal a Mateus que lhe segue e é posto na cela junto a outros 
presos, voltando onde está Cristhileide. 
Delegado: Pronto D. Sayonara agora pode ir, pois, o policial Mateus já está 
preso. 
 Ela sorriu e saiu o delegado voltou correndo para a cela e 
libertou Mateus. 
Delegado: Não faças mais isso Mateus, se não na próxima tranco de 
verdade. 
 53 
********* 
 Naquela tarde Cosme olhou para o local onde Noemi 
trabalhava e percebeu que ela não estava ali, sentiu que algo estranho 
pudesse estar acontecendo então resolveu aproximar do local não viu nada 
a não ser os ferramentas de trabalho e o cavalo pronta para labuta. O que 
teria acontecido ficou sem saber. 
********* 
 Dr. Hader César está desfolhando algum livro sentado ao lado 
de uma escrivanhia que tem no próprio quarto, quando de vez enquanto 
recordas as cenas do que aconteceu com ele, o braço esquerdo colocado em 
tibórna certa faixa que ajuda para apoiar o braço ao pescoço por ter levado 
possível distorção na luta que teve com Agner e Walace. 
 A lembrança de Cristhileide se via o todo o instante os 
momentos, parecia que a beleza daquela moça era maior do que qualquer 
problema enfrentado ou a enfrentar, ao olhar no seu próprio retrato 
acreditava estar vendo o retrato dela estampado. 
 Pensou em fechar o livro, mas, prendeu as paginas com os 
dedos, foi para se levantar da cadeira, e teve forte intuição, Cristhileide 
parece que entrava em seu quarto e veio para abraçar, e respondeu com 
lisonjeiro encontro de braços abertos, porém, recobrar os sentidos percebeu 
que era mordoma Cenira que trazia um recado do senhor seu pai. 
 Era tarde, não conseguiu disfarçar Cenira foi abraçada, por ele, 
envergonhado tentou justificar. 
Dr. Hader César: Desculpa Cenira. – Passou as mãos no rosto. Virando de 
costa para ela - eu estava sonhando. O que veio fazer aqui? 
Cenira: O coronel senhor seu pai manda lhe chamar na sala, precisa falar 
contigo. Ao sair antes de fechar a porta ela. – Adorei o seu abraço Dr. 
Hader César. 
 Sentiu vontade que o mundo se acabasse nessa hora, em 
seguida desceu para atender seu pai que já lhe esperava na sala. 
 54 
********* 
 Resolve tomar uma decisão enquanto os pais estão ausentes 
vai até a farmácia onde trabalha seu irmão Abmael. 
Sayonara: Quando papai e mamãe chegarem diga a eles que fui à casa do 
Cel. Marconi César, vou fazer pessoalmente o convite para jantar em nossa 
casa. 
Abmael: Sozinha? Papai não vai gostar afinal você sabe que é longe e será 
muito perigoso andar a essa distancia.

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