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389Movimentos sociais, políticos e culturais na sociedade contemporânea: é proibido proibir? História O primeiro disco de Rap que se tem notícia foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram piratas) por volta de 1978, contendo a célebre “King Tim III” da banda Fat- back. O Rap, a princípio chamado de “tagarela”, ascende e os breakers formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea “Hip-Hop Cultura de Rua”, pe- la gravadora Eldorado. Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e ou- tros grupos iniciantes. Nesse período de ascensão do Rap, a capital paulista passou a ser governada por uma prefeitura petista, o que muito auxiliou na divulgação do movimento Hip-Hop e na organização dos grupos. Por esse motivo foi criado, em agosto de 89, o MH2O – Movimento Hip-Hop Organizado, por iniciativa e sugestão de Milton Salles, produtor do grupo Racionais MC’s até 1995. O MH2O organizou e dividiu o movimento no Brasil. Ele definiu as posses, gangues e suas respectivas funções. Nesse trabalho de divulgação do Hip-Hop e organização de oficinas culturais para profissionaliza- ção dos novos integrantes, não podemos esquecer de citar a participação do músico de reggae Toni- nho Crespo. Este trabalho teve sua continuidade no município de Diadema com o profissionalismo de Sueli Chan (membro do MNU - Movimento Negro Unificado). Desde seu surgimento, nos anos 70, numa Nova Iorque violenta como nunca, o rap impôs a dis- cussão de questão negra. Os Estados Unidos viviam então a ressaca de conflitos raciais que incluíram desde o pacífico movimento pelos direitos civis de Martin Luther King até a militância armada dos Pan- teras Negras. No Brasil, o debate se intensificou após a projeção do grupo americano Public Enemy, na segunda metade dos anos 80. Seus clipes mostraram um novo mundo de idéias para os rappers brasi- leiros. Grupos como Racionais e DMN admitem Chuck D & Cia. como influência maior. Os ícones Mal- colm X e Martin Luther King tornaram-se leitura de cabeceira. (Extraído de: http://www.cuca.org.br/musicarap.htm . Acesso em: 17 dez. 2005).n No final dos anos 1960, surgiu nas ruas pobres de Nova Iorque, produzido por jovens negros e latinos, um movimento cultural chama- do Hip Hop. Porém, o Hip Hop só tornou-se conhecido para a maio- ria da população a partir da década de 1980, quando passou a ser va- lorizado pela indústria cultural. O Hip Hop conquistou uma parcela grande dos jovens das perife- rias das grandes cidades atualmente, por constituir-se um espaço de expressão livre para os excluídos de outros circuitos de lazer, arte e educação. A maioria dos integrantes do movimento Hip Hop buscam denunciar sua dura realidade com o objetivo de gerar consciência e a transformação da sociedade. São três os elementos que compõe o Hip Hop: o gênero musi- cal do Rap – nome formado pelas iniciais rhythm and poetry (ritmo e poesia); a dança break, que significa “quebrar” em inglês, caracteri- zados por movimentos “quebrados”, animados pelo som dos DJs , ou Disc-Jóqueis, presentes nos bailes e festas; e o último elemento esta- va identificado com a liberdade da arte de rua, o Graffiti, que realiza- va pinturas coloridas nos murros das cidades. 390 Relações Culturais Ensino Médio Texto 3 Graffiti e educação No Projeto Quixote, na zona sul de São Paulo, o Hip Hop tornou-se um valioso aliado na constru- ção da cidadania entre os adolescentes em situação de exclusão social. Numa iniciativa inovadora, o projeto lançou, em maio do ano passado, a Agência Quixote Spray Arte, que une a arte do graffiti e a educação para o trabalho. No papel de aprendizes, os adolescentes recebem uma bolsa-auxílio e par- ticipam de um completo programa pedagógico, conduzidos por educadores, psicólogos e grafiteiros profissionais. Ligado a Universidade Federal de São Paulo, o Quixote dedica-se a prevenção do uso de drogas entre crianças e adolescentes através da promoção do direito à saúde, arte e educação. Entre outros desafios, busca criar oportunidade de renda e trabalho para garotos e garotas que têm baixa escolari- dade.(...) (Adaptação de LOPES, 2002, p.19). • Relacione a realidade e os respectivos projetos dos jovens das periferias das grandes cidades com o documento 7 e o texto 3 referentes ao rap e ao hip hop. ATIVIDADE O Movimento Negro e a luta por direitos civis Na década de 1950, a população de afrodescendentes dos EUA, principalmente nos estados do sul do país, viviam em regime de se- gregação racial. Não tinham direito ao voto; de freqüentar as mesmas escolas que a população branca e universidades; de usar instalações públicas; os vagões de trens e ônibus urbanos eram separados. Jun- tamente com outros movimentos sociais deste período surgiu o Movi- mento pelos Direitos Civis, que lutava para que estes direitos fossem estendidos aos negros e outras minorias. O pastor protestante Martin Luther King (1929-1968) liderou protes- tos e passeatas seguindo alguns princípios de Gandhi, na luta pela in- dependência da Índia, como a desobediência civil e a não-violência. Com isto, em 1963, o presidente John Kennedy (1917-1963) apresen- tou ao Congresso americano um projeto sobre as Leis dos Direitos Ci- vis. Com a morte de Kennedy, neste mesmo ano, a questão racial agra- vou-se, dividindo o Movimento Negro em duas correntes: a pacifista (liderada por Martin Luther King) e a radical (liderada pelos Panteras Negras - que utilizavam a violência como recurso de luta). No Brasil, o Movimento Negro intensificou-se na década de 1970, motivado pelo acompanhamento dos movimentos nos EUA, pelas lu- tas de libertação na África e por acontecimentos internos, como a re- pressão dos governos militares. Neste contexto, os movimentos negros Martin Luther King (1929-1968)n ww w. fa co m .u fb a. br n Documento 8
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