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o nível do lençol freático. Os trados de caçamba (Figura 6.2c) consistem em um cilindro de aço aberto no topo, mas equipado com uma placa-base na qual são montados os cortadores, adjacentes aos entalhes na placa: o trado é unido à haste de aço (barra kelly). Quando ele é girado e pressionado para baixo, o solo removido pelos cortadores passa através dos entalhes para dentro da caçamba. Quando esta fica cheia, ela é levantada até a superfície para ser esvaziada por meio da liberação da placa-base articulada. Os furos com diâmetro igual ou superior a 1 m feitos no trado podem ser usados para a análise dos estratos do solo in situ, por meio da descida de uma câmera remota de CCTV (circuito fechado de televisão) no furo de sondagem. Trados manuais e portáteis Os trados manuais podem ser usados para escavar furos de sondagem com profundidades de até cerca de 5 m, empregando um jogo de hastes de extensão. O trado é girado e pressionado para baixo no solo por meio de uma manivela em T na haste superior. Os dois tipos comuns são o trado Iwan ou trado de “pós-furação” (Figura 6.2d), com diâmetros de até 200 mm, e o trado helicoidal pequeno, com diâmetros de mais ou menos 50 mm. Em geral, os trados manuais são usados apenas se as laterais do furo não exigirem sustentação alguma e se estiverem ausentes partículas do tamanho de areia grossa ou superiores. O trado deve ser retirado em intervalos frequentes para a remoção do solo. Podem ser obtidas amostras indeformadas (não perturbadas) cravando-se tubos de pequeno diâmetro abaixo da base do furo de sondagem. Pequenos trados portáteis motorizados, em geral, transportados e operados por duas pessoas, são apropriados para a perfuração até as profundidades de 10–15 m; o diâmetro do furo pode variar de 75 a 300 mm. O furo de sondagem pode ser revestido, se necessário, e, como consequência, o trado pode ser usado na maioria dos tipos do solo, contanto que não haja tamanhos maiores de partículas. Perfuração com circulação de água Nesse método, a água é bombeada por uma série de hastes de perfuração ocas e injetada por pressão, através dos furos estreitos, em uma ponteira na forma de talhadeira ou cinzel, que é adaptada à extremidade inferior das hastes (Figura 6.3). O solo é afofado e desagregado pela ação dos jatos de água e pelos movimentos ascendente e descendente da ponteira. Há também adaptação para a rotação manual da ponteira por meio de uma barra horizontal presa às hastes de perfuração acima da superfície. As partículas do solo são levadas pela água até a superfície, entre as hastes e a lateral do furo de sondagem, e deixadas ali para que se depositem em um poço. O equipamento consiste em uma torre de elevação (tripé) com uma unidade de força, um guincho e uma bomba d’água. O guincho transporta um cabo leve de aço, que passa através da roldana da torre e é preso ao topo das hastes de perfuração. A série de hastes é levantada e liberada para cair livremente por meio da unidade de guincho, produzindo a ação de corte da ponteira do cinzel. O furo de sondagem costuma ser revestido, mas é possível usar esse método em furos sem revestimento. Nele, pode-se usar lama (fluido) de perfuração como uma alternativa à água, eliminando a necessidade de revestimento. A perfuração com circulação de água pode ser usada na maioria dos tipos de solo, mas o progresso se torna lento se estiverem presentes partículas do tamanho de cascalho grosso ou superior. A identificação exata dos tipos do solo é difícil em consequência da quebra das partículas pela ponteira e da mistura que ocorre quando o material é levado pela água até a superfície; além disso, ocorre a segregação das partículas quando elas se depositam no poço. No entanto, às vezes, pode-se detectar uma mudança na sensibilidade da ferramenta de perfuração, alterando-se também a cor da água que é levada até a superfície, quando são atingidos os limites entre estratos diferentes. O método é inadequado como forma de obter amostras do solo. Ele é usado somente como um meio de prolongar um furo de sondagem para permitir que sejam retiradas amostras tubulares ou que sejam realizados ensaios in situ abaixo do fundo do furo. Uma vantagem desse método é que o solo logo abaixo do furo permanece relativamente indeformado (não perturbado). Figura 6.3 Perfuração com circulação de água. Sondagem rotativa Embora destinado principalmente à investigação em rocha, esse método também é usado com solos. A ferramenta de perfuração, que está presa à extremidade inferior de uma série de hastes ocas de perfuração (Figura 6.4), pode ser ou uma broca de corte ou uma broca (coroa) para recuperação de testemunhos; esta última permanece fixada à extremidade inferior de um barrilete amostrador, que, por sua vez, é transportado pelas hastes de perfuração. Água ou lama de perfuração é bombeada para baixo pelas hastes ocas, passando, sob o efeito da pressão, através de orifícios estreitos na broca ou no amostrador; esse é o mesmo princípio utilizado na perfuração com circulação de água. A lama de perfuração refrigera e lubrifica a ferramenta de perfuração e transporta os fragmentos soltos para a superfície entre as hastes e as laterais do furo. O fluido também fornece algum suporte para as laterais do furo se não for usado revestimento algum. O equipamento consiste em uma torre (tripé), uma unidade de força, um guincho, uma bomba e uma cabeça de perfuração para aplicar impulso rotativo de alta velocidade e pressão para baixo nas hastes de perfuração. Uma conexão de cabeça rotativa pode ser fornecida como um acessório ao equipamento de perfuração por percussão. Há duas formas de sondagem rotativa: a sondagem de furo (tubo ou poço) aberto e a sondagem com retirada de testemunhos. A primeira, que costuma ser usada em solos e rochas fracas, usa uma broca (coroa) de corte para quebrar todo o material dentro do diâmetro do furo. Assim, esse tipo de sondagem só pode ser usado como um meio de prolongar o furo; as hastes de perfuração podem, então, ser removidas, de modo a permitir que se retirem amostras por meio de um tubo amostrador ou que se realizem ensaios in situ. Na perfuração com retirada de testemunhos, que é usada em rochas e argilas duras, a broca de diamante ou de carboneto de tungstênio corta um furo anular no material, e um núcleo intacto entra no amostrador para ser removido como uma amostra. No entanto, é provável que o teor de umidade natural do material aumente devido ao contato com o líquido (lama) de perfuração. Os diâmetros comuns de amostrador são 41, 54 e 76 mm, mas podem chegar a até 165 mm. Figura 6.4 Sondagem rotativa. A vantagem da sondagem rotativa em solos é que o progresso é muito mais rápido do que com outros métodos de investigação, e a perturbação do solo abaixo do furo de sondagem é pequena. O método não é indicado se o solo tiver uma porcentagem elevada de partículas com tamanho de cascalho (ou maiores), uma vez que elas tendem a girar abaixo da broca e não são decompostas (quebradas). Observações da água subterrânea Uma parte importante de qualquer investigação do terreno é a determinação do nível do lençol freático e de qualquer pressão artesiana em um determinado estrato. Também pode ser necessário determinar a variação de nível ou pressão da água nos poros durante certo período de tempo. As observações da água subterrânea assumem particular importância quando é necessário realizar escavações profundas. O nível do lençol freático pode ser determinado pela medição da profundidade até a superfície da água em um furo de sondagem. Os níveis de água em furos de sondagem podem levar um tempo considerável para se estabilizar; esse tempo, conhecido como tempo de resposta, depende da permeabilidade do solo. Dessa forma, as medições devem ser feitas em intervalos de tempo regulares até que o nível da água se torne constante. É preferível que o nível seja determinado assim que o furo de sondagem atingir o nível do lençol freático. Se o furo de sondagem for mais aprofundado, pode penetrar em um estratosob a ação da pressão artesiana (Seção 2.1), fazendo com que o nível de água no furo fique acima do nível do lençol freático. É importante que um estrato de baixa permeabilidade abaixo de um lençol freático superposto (ou empoleirado; Seção 2.1) não seja penetrado antes que o nível de água se estabeleça. Se houver um lençol freático superposto, o furo de sondagem deve ser revestido a fim de que o nível principal do lençol freático seja determinado de forma correta; se o aquífero superposto não for vedado (selado), o nível de água no furo de sondagem estará acima do nível principal do lençol freático. Quando for necessário determinar a pressão neutra em um determinado estrato, deve-se usar um piezômetro. Este consiste em um elemento preenchido com água desaerada e incorporando uma ponteira porosa, que fornece continuidade entre a água dos poros no solo e a água no interior do elemento. O elemento é conectado a um sistema medidor de pressões. Uma ponteira cerâmica com alta entrada de ar é essencial para medir a pressão neutra em solos parcialmente saturados (por exemplo, aterros compactados), sendo o valor da entrada de ar a diferença de pressões na qual o ar formaria bolhas através de um filtro saturado. Dessa forma, o valor da entrada de ar deve superar a diferença entre a pressão do ar e a da água dos poros, caso contrário, esta última seria registrada. Uma ponta porosa grossa só pode ser usada caso se saiba que o solo está completamente saturado. Se a pressão da água nos poros for diferente da pressão da água no sistema de medição, ocorrerá um fluxo de água entrando ou saindo do elemento. Isso, por sua vez, resultará em uma variação da pressão adjacente à ponteira e na consequente percolação da água dos poros em direção à ponteira ou se afastando dela. A medição envolve o equilíbrio entre a pressão no sistema de medição e a pressão neutra nas vizinhanças da ponteira. No entanto, o tempo de resposta para que as pressões se igualem depende da permeabilidade do solo e da flexibilidade do sistema de medição. O tempo de resposta de um piezômetro deve ser o mais curto possível. Os fatores determinantes da flexibilidade são a variação de volume para acionar o dispositivo de medição, a expansão das conexões e a presença de ar aprisionado. Uma unidade de desaeração forma uma parte essencial do equipamento: a desaeração eficiente durante a instalação é fundamental se for necessário evitar erros de medidas das pressões. Para conseguir um tempo de resposta rápido em solos de baixa permeabilidade, o sistema de medição deve ser o mais rígido possível, exigindo o uso de um sistema hidráulico fechado no qual não se exija virtualmente nenhum fluxo de água para o funcionamento do dispositivo de medição. O tipo mais simples é o piezômetro de tubo aberto (Figura 6.5), que é usado em um furo de sondagem revestido e adequado se o solo estiver saturado por completo e a permeabilidade for relativamente alta. Em geral, o nível da água é determinado por intermédio de um imersor elétrico, uma sonda com dois condutores na extremidade de uma trena; o circuito alimentado por uma bateria se fecha, acionando um indicador, quando os condutores entram em contato com a água. Normalmente, a coluna (bureta) é um tubo de plástico com 50 mm de diâmetro ou menos, cuja extremidade inferior é perfurada ou adaptada a um elemento poroso. Um volume mais ou menos grande de água deve passar através do elemento poroso para haver mudança no nível da coluna, portanto um tempo de resposta curto somente será obtido em solos de permeabilidade relativamente alta. Coloca-se areia fina ou média em torno da extremidade inferior, e a coluna é selada no furo de sondagem com argila (em geral, pelo uso de pelotas de bentonita) logo acima do nível no qual a pressão neutra deve ser medida. O restante do furo de sondagem é preenchido com areia, exceto nas proximidades da superfície, onde é colocado um segundo selo para evitar um fluxo de entrada de água dali. O topo da coluna recebe uma cobertura para impedir também a entrada de água. Além disso, foram desenvolvidos piezômetros de tubo aberto que Figura 6.5 podem ser cravados ou enterrados no solo. Os piezômetros também podem ser usados para coletar amostras de água para análises químicas adicionais em laboratório nos locais com possível contaminação (Seção 6.8). Piezômetro de tubo aberto. Figura 6.6 Ponteiras de piezômetros. O piezômetro de tubo aberto tem um tempo de resposta longo em solos de baixa permeabilidade, e, nesses casos, é preferível instalar um piezômetro hidráulico com um tempo de resposta relativamente curto. Para conseguir isso em solos de baixa permeabilidade, o sistema de medição deve ser o mais rígido possível, exigindo o uso de um sistema hidráulico fechado no qual não seja necessário fluxo de água para acionar o dispositivo de medição. Três tipos de piezômetro para uso em um sistema hidráulico fechado são ilustrados na Figura 6.6. Os piezômetros consistem em um corpo de latão ou plástico, no qual é selada uma ponteira porosa de cerâmica, bronze ou pedra. Dois tubos saem do dispositivo, um dos quais é conectado a um transdutor, permitindo que os resultados sejam registrados de forma automática. Os tubos são de náilon revestido por polietileno, sendo o náilon impermeá vel ao ar, e o polietileno, à água. Os dois tubos permitem que o sistema seja mantido livre de ar pela circulação periódica de água desaerada. Admitir uma tolerância para a diferença de nível entre a ponteira e o instrumento de medição, que deve estar localizado abaixo da ponteira sempre que possível. 6.3 Amostragem Uma vez que se faça uma abertura (poço de inspeção ou furo de sondagem) no terreno, muitas vezes, é desejável recuperar amostras do solo até a superfície para ensaios em laboratório. As amostras do solo são divididas em duas categorias principais: indeformadas (ou não perturbadas) e deformadas (ou perturbadas). As amostras indeformadas, necessárias em especial para ensaios de resistência ao cisalhamento e adensamento (Capítulos 4 e 5), são obtidas pelas técnicas que visam preservar a estrutura in situ e o teor de umidade do solo tanto quanto possível. Nos furos de sondagem, é possível obter amostras indeformadas (não perturbadas) retirando as ferramentas de sondagem (exceto quando são usados os trados de hélice contínua) e cravando ou introduzindo um tubo amostrador no solo do fundo do furo de sondagem. Em geral, o amostrador é unido a um trecho da haste de sondagem que pode ser abaixado e levantado pelo cabo do equipamento de percussão. Quando o tubo é trazido à superfície, remove-se uma parte de solo de cada extremidade, e é aplicada cera derretida, em camadas finas, para formar um selo impermeável com espessura aproximada de 25 mm; as extremidades do tubo são, então, cobertas por tampas protetoras. Os blocos de amostras indeformadas podem ser cortadas à mão do fundo ou das laterais de um poço de inspeção. Durante o corte, as amostras devem ser protegidas da água, do vento e do sol para evitar qualquer mudança no teor de umidade; também devem ser cobertas com cera derretida assim que trazidas à superfície. É impossível obter uma amostra completamente indeformada, não importa o quão minuciosas ou cuidadosas sejam a investigação do terreno e a técnica de amostragem. No caso das argilas, por exemplo, ocorrerá o inchamento (expansão) junto ao fundo de um furo de sondagem, em consequência da redução das tensões totais, quando o solo for removido, podendo a perturbação estrutural ser causada pela ação das ferramentas de sondagem; após isso, quando uma amostra for removida do terreno, as tensões totais serão reduzidas a zero. As argilas moles são muito sensíveis à perturbação da amostragem, sendo os efeitos mais acentuados naquelas de baixa plasticidade do que nas de plasticidade elevada. A parte central de uma amostra de argila mole estará relativamente menos perturbada do que a zona exterior junto ao tubo de amostragem. Logo depois da amostragem, a pressão neutra no núcleo relativamente indeformadoserá negativa, graças à liberação das tensões totais Parte 1 - Desenvolvimento de um modelo mecânico para o solo 6 Investigação do terreno 6.3 Amostragem
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