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in situ. O inchamento desse núcleo ocorrerá de forma gradual, em virtude da água que está sendo extraída da zona exterior mais perturbada e resultando na dissipação do excesso de poropressão negativa; a zona exterior do solo se adensará graças à redistribuição da água no interior da amostra. A dissipação do excesso de poropressão negativa é acompanhada por uma redução correspondente das tensões efetivas. Assim, a estrutura do solo da amostra oferecerá menos resistência ao cisalhamento e será menos rígida do que o solo in situ. Uma amostra deformada (ou perturbada) é aquela que tem a mesma distribuição de tamanho de partículas que o solo in situ, mas na qual a estrutura do solo foi danificada de forma significativa ou destruída por completo; além disso, o teor de umidade pode ser diferente daquele do solo in situ. As amostras deformadas, que são usadas principalmente para ensaios de classificação do solo (Capítulo 1), classificação visual e ensaios de compactação, podem ser escavadas em poços de inspeção ou obtidas das ferramentas usadas para avançar furos de sondagem (por exemplo, de trados e cortadores de argila). O solo recuperado do barrilete de sondagem por percussão apresentará deficiência de finos e não será adequado para o uso como uma amostra deformada. As amostras nas quais o teor de umidade natural foi preservado devem ser colocadas em recipientes herméticos e não corrosivos; todos devem ser completamente preenchidos, de modo que o espaço de ar acima da amostra seja insignificante. Devem ser retiradas amostras nas mudanças de estratos (conforme observado no solo recuperado por trados/perfuração) e em um espaçamento especificado no interior do estrato de não mais do que 3 m. Todas elas devem ser claramente etiquetadas para mostrar o nome do projeto, a data, a posição, o número do furo de sondagem, a profundidade e o método de amostragem; além disso, cada amostra deve receber um número de série exclusivo. É necessário um cuidado especial na manipulação, no transporte e no armazenamento das amostras (em particular, das não perturbadas ou indeformadas) antes dos ensaios. O método de amostragem utilizado deve estar relacionado com a qualidade da amostra exigida. Essa qualidade pode ser classificada de acordo com a Tabela 6.2, com a Classe 1 sendo a mais útil e de maior qualidade, e a Classe 5 sendo útil apenas para a identificação visual do tipo de solo. Para as Tabela 6.2 Classes 1 e 2, a amostra deve ser indeformada. As das Classes 3, 4 e 5 devem ser deformadas. Os principais tipos de tubos amostradores são descritos a seguir. Qualidade da amostra em relação ao uso final (de acordo com o EC7-2:2007) Propriedade do solo Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Sequência de camadas • • • • Limites dos estratos • • • • Distribuição granulométrica (tamanhos das partículas) • • • • Limites de Atterberg, conteúdo orgânico • • • • Teor de umidade • • • Compacidade (relativa), porosidade • • Permeabilidade • • Compressibilidade, resistência ao cisalhamento • Amostrador de tubo aberto Um amostrador de tubo aberto (Figura 6.7a) consiste em um tubo de aço longo com uma rosca de parafuso em cada extremidade. Uma sapata do corte é unida a uma das extremidades. Na outra, é aparafusada a uma cabeça do amostrador, à qual, por sua vez, são conectadas as hastes de perfuração. Essa cabeça incorpora também uma válvula de retenção (non-return) para permitir que o ar e a água escapem à medida que o solo penetra no tubo e para ajudar a reter a amostra enquanto o tubo é retirado. O interior deste deve ter uma superfície lisa e ser mantido limpo. O diâmetro interno da borda cortante (dc) deve ser em torno de 1% menor do que o do tubo para reduzir a resistência de atrito entre este e a amostra. Essa diferença de tamanho também permite uma pequena expansão elástica da amostra ao entrar no tubo e auxilia sua retenção. O diâmetro externo da sapata cortante (dw) deve ser um pouco maior do que o do tubo para reduzir a força exigida para retirá-lo. O volume do solo deslocado pelo amostrador, expresso como uma proporção do volume da amostra, é representado pela Figura 6.7 relação de área (Ca) do amostrador, na qual Tipos de amostradores: (a) amostrador de tubo aberto; (b) amostrador de paredes finas; (c) amostrador bipartido; e (d) amostrador de pistão estacionário. Em geral, a relação de área é expressa como uma porcentagem. Havendo igualdade entre os outros fatores, quanto menor for o valor da relação de área, menor será o grau de perturbação da amostra. O amostrador pode ser cravado dinamicamente, por meio da queda de um peso ou de um martelo deslizante, ou estaticamente, pela ação de macacos hidráulicos ou mecânicos. Antes da amostragem, todo o solo solto deve ser removido do fundo do furo de sondagem. Deve-se ter o cuidado de assegurar que o amostrador não seja cravado além de sua capacidade, caso contrário, a amostra ficará comprimida de encontro à cabeça dele. Alguns tipos de cabeça de amostrador têm um espaço extra abaixo da válvula para reduzir o risco de danos à amostra. Após a retirada, a sapata de corte e a cabeça do amostrador são destacadas, e as extremidades da amostra são seladas. O tubo amostrador usado com mais frequência tem um diâmetro interno de 100 mm e um comprimento de 450 mm: a relação de área é em torno de 30%. Esse amostrador é apropriado para todos os solos argilosos. Quando usado para obter amostras da areia, deve-se adaptar um retentor de testemunhos (core-catcher), um trecho curto de tubo com abas (aletas) movidas por molas, entre o tubo e a sapata do corte para evitar a perda do solo. A classe da amostra obtida depende do tipo de solo. Amostrador de paredes finas Os amostradores de paredes finas (Figura 6.7b) são usados em solos sensíveis (sensitivos) à perturbação, tais como argilas moles e médias e os siltes plásticos. O amostrador não emprega uma sapata cortante separada, a própria extremidade inferior do tubo é biselada na forma de uma borda cortante. O diâmetro interno pode variar de 35 a 100 mm. A relação de área é por volta de 10%, e podem ser obtidas amostras com a qualidade da Classe 1, contanto que o solo não seja perturbado durante o avanço do furo de sondagem. Em poços de inspeção e furos de sondagem rasos, com frequência, o tubo pode ser cravado de forma manual. Amostrador bipartido Os amostradores bipartidos (Figura 6.7c) consistem em um tubo dividido de forma longitudinal em duas metades; uma sapata e uma cabeça de amostrador com orifícios para liberação de ar são aparafusadas nas extremidades. As duas metades do tubo podem ser separadas quando a sapata e a cabeça forem retiradas, a fim de permitir que a amostra seja removida. Os diâmetros interno e externo são 35 mm e 50 mm, respectivamente, sendo a relação da área em torno de 100%, resultando em um distúrbio considerável da amostra (Classe 3 ou 4). Esse amostrador é usado principalmente em areias, sendo a ferramenta especificada no Ensaio de Penetração Dinâmica (SPT, Standard Penetration Test, ver Capítulo 7). Amostrador de pistão estacionário Os amostradores de pistão estacionário (Figura 6.7d) consistem em tubos de paredes finas adaptados a um pistão. Este é preso a uma haste longa, que passa através da cabeça do amostrador e se movimenta no interior das hastes de perfuração ocas. O amostrador é abaixado no furo de sondagem com o pistão posicionado na extremidade inferior do tubo. O tubo e o pistão são unidos entre si e travados por meio de um dispositivo de fixação situado no alto das hastes. O pistão impede que a água ou o solo solto entrem no tubo. Em solos moles, o amostrador pode ser pressionado até uma profundidade abaixo do fundo do furo de sondagem, evitando qualquer solo perturbado. O pistão é mantido de encontro ao solo (em geral, fixando a haste de pistão ao revestimento), e o tubo é empurrado além dele (até que a cabeça do amostrador se nivele com o topo do pistão) para obter a amostra. A seguir, o amostrador é retirado, enquanto um dispositivode travamento localizado na cabeça dele prende o pistão no topo do tubo. O vácuo entre o pistão e a amostra ajuda a reter o solo no tubo; o pistão serve, assim, como uma válvula de retenção (non-return). Os amostradores de pistão devem sempre ser abaixados por macacos hidráulicos ou mecânicos, nunca ser cravados. O diâmetro do amostrador costuma medir entre 35 e 100 mm, mas pode ter medidas grandes de até 250 mm. Em geral, os amostradores são usados em argilas macias e podem produzir amostras com qualidade da Classe 1 e comprimento de até 1 m. Amostrador contínuo O amostrador contínuo é um tipo bastante especializado de amostrador, que é capaz de obter amostras indeformadas com comprimento de até 25 m; ele é usado, sobretudo, em argilas macias. Os detalhes da estrutura (textura) do solo podem ser determinados de maneira mais fácil se uma amostra contínua estiver disponível. Uma exigência essencial de amostradores contínuos é a eliminação da resistência por atrito entre a amostra e o interior do tubo do amostrador. Em um tipo de amostrador, desenvolvido por Kjellman et al. (1950), isso é conseguido sobrepondo-se tiras finas de lâminas de metal entre a amostra e o tubo. A extremidade inferior do amostrador (Figura 6.8a) tem uma borda cortante afiada, acima da qual o diâmetro externo é alargado para permitir que sejam encaixados 16 rolos de lâmina (folha) de metal nos rebaixos do interior da parede do amostrador. As extremidades das folhas são unidas a um pistão que se localiza, com folga, dentro do amostrador; o pistão é preso a um cabo que se encontra fixo na superfície. Trechos do do tubo amostrador (com 68 mm de diâmetro) são unidos, de acordo com a necessidade, à extremidade superior do amostrador. Conforme o amostrador é introduzido no solo, a folha se desenrola e envolve a amostra, sendo o pistão mantido em um nível constante por meio do cabo. Quando ele é retirado, os trechos do tubo são desacoplados, e é feito um corte, entre tubos adjacentes, através da lâmina (folha) de metal e da amostra. Em geral, a qualidade da amostra é da Classe 1 ou 2. Outro tipo é o amostrador contínuo Delft, com diâmetro de 29 ou 66 mm. A amostra é introduzida em uma luva de malha de náilon impermeável, que, por sua vez, é colocada em um tubo plástico de paredes finas preenchido por um líquido. Amostrador de ar comprimido O amostrador de ar comprimido (Figura 6.8b) é usado na obtenção de amostras indeformadas de areia (em geral, da Classe 2) abaixo do lençol freático. O tubo amostrador, que costuma ter 60 mm de diâmetro, é unido a uma cabeça de amostrador com válvula de escape que pode ser fechada por um diafragma de borracha. Presa à cabeça do amostrador, há uma haste de guia oca com uma cabeça-guia no topo. Um tubo externo (também chamado de invólucro ou camisa, bell) envolve o tubo amostrador e está unido a um peso que desliza na haste de guia. As hastes de perfuração são colocadas com folga em um soquete liso no topo da cabeça-guia, sendo o peso do invólucro e do amostrador suportado por meio de uma corrente que se engancha em um pino no trecho inferior da haste de perfuração; um cabo leve, ligado à superfície, é preso à corrente. O ar comprimido, produzido por uma bomba de pé, é fornecido por meio de um tubo que conduz à cabeça-guia, com o ar passando pela haste de guia oca até o invólucro. O amostrador desce pelas hastes de perfuração até o fundo do furo de sondagem, que conterá água abaixo do nível do lençol freático. Quando o amostrador se apoiar no fundo do furo de sondagem, a corrente soltará o pino, eliminando a conexão entre o amostrador e as hastes de perfuração. O tubo é introduzido no solo por meio dessas hastes, com um batente na haste de guia impedindo a cravação excessiva; as hastes de perfuração são, então, retiradas. Nesse instante, introduz-se ar comprimido, a fim de expelir a água do invólucro e fechar a válvula na cabeça do amostrador, pressionando o diafragma para baixo. O tubo é retido dentro do invólucro por meio do cabo, e, então, os dois juntos são levantados ao mesmo tempo para a superfície. A amostra da areia permanece no tubo em virtude do efeito de arqueamento e da pequena poropressão negativa no solo. Uma tampa é colocada no fundo do tubo antes de a sucção ser liberada, e o tubo é retirado da cabeça do amostrador. Figura 6.8 (a) Amostrador contínuo; (b) amostrador de ar comprimido. Amostrador de janela Esse amostrador, que é o mais adequado para solos finos secos, emprega uma série de tubos, que costumam ter 1 m de comprimento e diâmetros diferentes (em geral, 80, 60, 50 e 36 mm). Os tubos com mesmo diâmetro podem ser acoplados entre si. Uma sapata de corte é conectada à extremidade do tubo inferior. Os tubos são cravados no solo por percussão, utilizando um dispositivo manual ou mecânico, e extraídos de forma manual ou por meio de Tabela 6.3 um equipamento. O de maior diâmetro é o primeiro a ser cravado e extraído com sua amostra no interior. A seguir, é cravado o tubo de menor diâmetro, abaixo do fundo do furo aberto deixado pela extração do tubo maior. A operação é repetida com tubos de diâmetros sucessivamente mais baixos, e podem ser alcançadas profundidades de até 8 m. Há entalhes ou “janelas” longitudinais nas paredes de um lado dos tubos para permitir que o solo seja examinado e que sejam coletadas amostras deformadas da Classe 3 ou da 4. 6.4 Seleção do(s) método(s) de ensaio em laboratório O objetivo final de uma amostragem cuidadosa é obter as características mecânicas do solo para uso em análises e projetos geotécnicos subsequentes. Essas características básicas e os ensaios em laboratório para sua determinação foram descritos com detalhes nos Capítulos 1–5. A Tabela 6.3 resume as características mecânicas que devem ser obtidas de cada tipo de ensaio de laboratório analisado usando amostras indeformadas (não perturbadas; isto é, Classes 1 e 2). A tabela demonstra por que o ensaio triaxial é tão popular na mecânica dos solos, com equipamentos modernos controlados por computador sendo capazes de conduzir vários estágios diferentes do ensaio em uma única amostra de solo, fazendo, assim, melhor uso do material retirado do terreno. As amostras deformadas podem ser usadas de maneira efetiva para fornecer suporte aos ensaios descritos na Tabela 6.3 por meio da determinação das propriedades de índices físicos (w, wL, wP, IP e IL para solos finos; emáx, emín e e para solos grossos) e do uso das correlações empíricas apresentadas na Seção 5.9 (isto é, as Equações 5.43– 5.47, inclusive). Obtenção das propriedades principais dos solos a partir de amostras indeformadas testadas em laboratório Parâmetro Oedômetro (Capítulo 4) Caixa de cisalhamento (Capítulo 5) Célula triaxial (Capítulo 5) Permeâmetro (Capítulo 2) Distribuição granulométrica (tamanho das partículas; Capítulo 1) Características de adensamento: mv, Cc SIM Cc de λ Propriedades de deformabilidade: G, G0 SIM Propriedades da SIM Ensaios CD/CU resistência drenada: φ′, c’ Propriedades da resistência não drenada: cu (in situ) Ensaios UU Permeabilidade: k FH* – areias & pedregulhos FH – areias & pedregulhos Areias & pedregulhos (Eq. 2.4) CH* – solos mais finos CH – solos mais finos Notas: * FH = Ensaio de carga variável (falling head); CH = Ensaio de carga constante (constant head). Esses ensaios podem ser realizados em células modernas de trajetória de tensões, controlando a contrapressão e mantendo uma condição de deformação específica lateral nula. 6.5 Perfil de sondagem Depois de a investigação no terreno ser concluída e de os resultados de todos os ensaios de laboratório estarem disponíveis, as condições do terreno descobertas em cada furo de sondagem (ou poço de inspeção) são resumidas na forma de um perfil de sondagem (ou de poço de inspeção). Um exemplo de tal perfil aparece na Tabela 6.4, mas os detalhes desse layout podem variar. São deixadas algumas poucas colunas ao final originalmente sem os títulos (cabeçalhos) para permitir alteraçõesnos dados apresentados. O método de investigação e os detalhes do equipamento utilizado devem ser declarados em cada perfil. A posição, o nível do terreno e o diâmetro do furo devem ser especificados, junto aos detalhes de todo o revestimento utilizado. Os nomes do cliente e do projeto precisam ser indicados. O perfil de sondagem deve permitir que seja feita uma estimativa rápida do perfil do solo e é preparado com referência a uma escala vertical de profundidade. É dada uma descrição detalhada de cada estrato, e os níveis dos limites dos estratos são mostrados de forma clara; deve-se indicar o nível no qual a perfuração foi encerrada. Os tipos diferentes de solo (e rocha) são representados por meio de uma legenda que usa símbolos-padrão. As profundidades (ou as faixas de profundidades) nas quais as amostras foram coletadas ou nas quais foram realizados ensaios in situ são registradas; o tipo de amostra também é especificado. Os resultados de determinados ensaios de Parte 1 - Desenvolvimento de um modelo mecânico para o solo 6 Investigação do terreno 6.4 Seleção do(s) método(s) de ensaio em laboratório 6.5 Perfil de sondagem
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