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valores G = 32,3 e 27 MPa para o primeiro e o segundo ciclos, respectivamente. Para obter a resistência ao cisalhamento não drenada, as deformações específicas da cavidade são convertidas em deformações específicas volumétricas (dV/V) por meio da Equação 7.28, e os dados são recolocados em um gráfico na forma da Figura 7.13. Isso também é demonstrado na planilha disponível no site deste livro. É ajustada uma linha reta aos dados, cujo gradiente fornece cu = 111 kPa. Isso é melhor do que o cu medido em ensaios triaxiais a essa profundidade na Figura 5.38a. Interpretação dos dados do PMT em solos grossos (G, φ′, ψ) A análise do ensaio de pressiômetro em um solo drenado é similar à descrita na seção anterior para solo não drenado, envolvendo a formação de equações de compatibilidade, equilíbrio e comportamento constitutivo, mas com as tensões expressas em termos de componentes efetivos em vez de totais. No entanto, não se pode mais fazer uso do critério de “não haver variação de volume”, uma vez que a dilatância do solo precisa ser levada em consideração. Isso torna a lei constitutiva mais complexa. Uma análise completa é apresentada por Hughes et al. (1977). A análise permite que sejam determinados valores para o ângulo de resistência ao cisalhamento (φ′) e para o ângulo de dilatação (ψ), e a obtenção desses parâmetros a partir dos dados do ensaio de pressiômetro está descrita a seguir. É comum, assim como para solos finos, fazer um gráfico da pressão da cavidade em função de sua deformação específica. Uma curva típica de ensaio é mostrada na Figura 7.16. Se a pressão total da cavidade for desenhada em um gráfico (Figura 7.16a), a pressão de elevação definirá σh0 como antes. Se, após a expansão da cavidade, o pressiômetro for completamente descarregado, a pressão na cavidade na qual εc retorna a zero representa a poropressão inicial no interior do terreno (u0). Esta é constante ao longo de todo o ensaio, já que não são gerados excessos dela durante a resistência drenada de cisalhamento do solo (ver Capítulo 5). Os ciclos de descarregamento–recarregamento costumam ser conduzidos para determinar G. O gradiente desses ciclos é 2G como antes (Equação 7.30). O solo permanecerá completamente elástico durante esses estágios, contanto que a redução da pressão no estágio de descarregamento satisfaça à equação Figura 7.16 Determinação direta de G, σh0 e u0 em solos grossos a partir dos dados do ensaio de pressiômetro: (a) curva não corrigida; (b) curva corrigida para poropressão u0. É comum corrigir posteriormente todas as pressões da cavidade subtraindo o valor de u0 para obter a pressão efetiva na cavidade p – u0 (Figura 7.16b). A pressão de elevação identificada a partir desse gráfico representa, então, a tensão efetiva horizontal in situ σ′h0. A fim de determinar os parâmetros de resistência (φ′ e ψ), os dados são colocados outra vez em um gráfico em eixos diferentes (ver a Figura 7.13). No caso da análise drenada, os dados são recolocados como log(p – u0) em função de log(εc); caso contrário, os dados corrigidos podem ser recolocados em eixos log–log. Os dados devem, então, situar-se aproximadamente em uma linha reta, cujo gradiente é definido como s (Figura 7.17). Uma vez determinado o valor de s, φ′ e ψ podem ser estimados usando O ângulo de resistência ao cisalhamento φ′ da Equação 7.33 representa o valor de pico (φ′máx). Foi feito um gráfico das Equações 7.33 e 7.34 na Figura 7.18 para se encontrar uma solução gráfica. A interpretação dos dados de resistência se baseia no conhecimento do ângulo de estado crítico da Figura 7.17 Figura 7.18 resistência ao cisalhamento do solo (φ′cv). É recomendado que isso seja encontrado a partir de ensaios triaxiais drenados em amostrar soltas do solo, de forma que as resistências de pico e de estado crítico sejam coincidentes (φ ′cv é independente da compacidade; Capítulo 5). Se esses dados não estiverem disponíveis, pode-se estimar um valor com base nos ensaios de índices físicos e caracterização do solo usando a Figura 5.35. Determinação do parâmetro s a partir dos dados dos ensaios de pressiômetros. Determinação de φ′ e ψ a partir do parâmetro s. Exemplo 7.3 A Figura 7.19 mostra os dados de um ensaio de pressiômetro autoperfurante realizado em um Figura 7.19 depósito de areia. Os dados brutos são fornecidos em formato eletrônico no site da LTC Editora deste livro. Determine os seguintes parâmetros: σh0, u0; σ′h0; φ′máx; e ψ. Indique ainda se os ciclos de descarregamento–recarregamento foram conduzidos em uma faixa de tensões adequada (completamente elástica). Exemplo 7.3. Solução A tensão total horizontal in situ pode ser estimada diretamente a partir da observação da curva p–εc na Figura 7.19, na qual a pressão de elevação (lift-off) σh0 ≈ 107 kPa. A poropressão in situ é dada pela interseção com o eixo horizontal da parte de descarregamento da curva em εc = 0 (isto é, a pressão na cavidade ao final do ensaio), fornecendo u0 = 63 kPa. A tensão horizontal efetiva é, então, encontrada usando o Princípio de Terzaghi: σ′h0 = 107 – 63 = 44 kPa. Para obter os parâmetros de resistência, as pressões na cavidade são corrigidas para u0, e os dados são colocados em um novo gráfico sob a forma da Figura 7.17. Isso é mostrado na planilha disponível no site da LTC Editora que acompanha este livro. É ajustada uma linha reta aos dados, cujo gradiente fornece s = 0,50. A seguir, esse valor será usado tanto nas Equações 7.33 e 7.34 quanto na Figura 7.18 a fim de fornecer φ′ = φ′máx = 41,2° e ψ = 14,5°. Por fim, calcula- se Δp pela Equação 7.32 para cada ponto dos dados que empregue a pressão corrigida da cavidade (p′ = p – u0) e o valor de φ′ encontrado na etapa anterior. Isso é subtraído dos valores de p (ignorando os próprios ciclos de descarregamento–recarregamento) para fornecer um local curvo, deslocado dos dados de teste por um valor Δp (mostrado na planilha no site da LTC Editora). Os ciclos de descarregamento–carregamento não são realizados abaixo dessa linha, portanto o comportamento esperado é o completamente elástico. 7.5 Ensaio de Penetração de Cone (CPT, Cone Penetration Test) O ensaio de CPT foi descrito no Capítulo 6, no qual seu uso na identificação e determinação do perfil dos diferentes estratos no interior do terreno foi demonstrado. Os padrões que definem seu uso como ferramenta de ensaio in situ são EN ISO 22476, Parte 1 (Reino Unido e Europa) e ASTM D5778 (EUA). Os dados coletados pelo CPT durante a determinação do perfil do terreno podem ser usados mais tarde a fim de estimar várias propriedades do solo por meio de correlações empíricas. O CPT é um ensaio muito mais sofisticado do que os SPT ou FVT descritos antes, que medem apenas um único parâmetro (número de golpes e torque máximo, respectivamente); até mesmo o cone básico (CPT) mede dois parâmetros independentes (qc e fs), enquanto um piezocone (CPTU) amplia essa quantidade para três (u2, além dos dois parâmetros mencionados), e o cone sísmico mais sofisticado (SCPTU) mede quatro (qc, fs, u2 e Vs). Em consequência, o CPT pode ser usado para estimar de modo confiável uma grande variedade de propriedades do solo, incluindo resistência, rigidez, estado e parâmetros de adensamento. Além disso, ao contrário do SPT, do FVT e do PMT, em que as medidas só podiam ser feitas em pontos discretos, o CPT faz medidas contínuas, de forma que, usando o perfil interpolado do solo, também se pode determinar a variação completa das propriedades do solo correlacionadas com a profundidade. Interpretação dos dados do CPT em solos grossos (ID, φ′máx, G0) Um grande banco de dados de ensaios CPT em solos grossos está disponível na literatura. Em tais solos, qc costuma ser usado em correlações conforme o aumento de compacidade ou da resistência do solo aumenta a resistência à penetração. Em geral, o atrito da luva (fs) é pequeno e pouco útil na interpretação, exceto por identificar o solo em questão como grosso. Como a permeabilidade de depósitos grossos costuma ser alta (Tabela 2.1),não é necessário corrigir qc para os efeitos da poropressão (Equação 6.2), de forma que qt ≈ qc, e um cone básico é adequado para a maioria dos ensaios. Na maior parte das correlações, é normal ajustar a resistência do cone de acordo com o valor das tensões causadas pelas camadas superiores de solo usando o parâmetro qc/(σ′v0)0,5 A Figura 7.20 mostra as correlações entre ID e qc/(σ′v0)0,5 para um banco de dados de aproximadamente 300 ensaios em um intervalo de areias de sílica e carbonáticas normalmente adensadas (NC), coletados por Jamiolkowski et al. (2001) e Mayne (2007). Há uma quantidade considerável de dispersão presente, que é, sobretudo, uma função da compressibilidade do solo. As linhas de melhor ajuste a serem usadas na interpretação de novos dados são dadas por na qual qc e σ′v0 estão em kPa. Para areias de sílica de compressibilidade média, D = –1,21 e E = 0,584 (linha de melhor ajuste mostrada na Figura 7.20). Para areias de sílica altamente compressíveis, D pode ter um valor alto como –1,06 (limite superior da envoltória para os dados de ensaios), enquanto, para solos de muito baixa compressibilidade, D pode ter um valor baixo como –1,36 (limite inferior da envoltória para os dados dos ensaios); o valor de E (o gradiente da linha) independe da compressibilidade do solo. Areias carbonáticas são mais altamente compressíveis do que as de sílica devido ao fato de seus grãos serem muito quebradiços e de, portanto, os dados de tais solos se situarem acima dos de sílica (isto é, no lado altamente compressível do gráfico). A relação entre ID e qc para esses solos pode ainda ser caracterizada usando a Equação 7.35, mas com D = –1,97 e E = 0,907 (linha também mostrada na Figura 7.20). Assim como ocorre com o ensaio SPT, os dados do CPT em solos grossos pode ser relacionado ainda com φ′máx, conforme mostra a Figura 7.21. Os dados usados para determinar essa relação são os de Mayne (2007) e mostram uma dispersão muito baixa para solos com pouco conteúdo de finos. As linhas de melhor ajuste a serem usadas na interpretação de novos dados são dadas por Figura 7.20 Figura 7.21 em que φ′máx está em graus, e qc e σ′v0 estão em kPa, como antes. Determinação de ID a partir dos dados de CPT/CPTU. Determinação de φ′máx a partir dos dados de CPT/CPTU. O uso de um cone sísmico (SCPTU) permite fazer sondagens sísmicas discretas durante um ensaio CPT, de modo que a velocidade da onda de cisalhamento também seja determinada. O pequeno módulo de elasticidade transversal (G0) pode, então, ser determinado da mesma maneira que os métodos geofísicos descritos na Seção 6.7 usando a Equação 6.6: Interpretação dos dados de CPT em solos finos (cu, OCR, K0, φ′máx, G0) Em solos finos, os dados do CPT são mais usados para avaliar a resistência ao cisalhamento não drenada in situ do solo. Conforme mencionado, o CPT fornece esses dados de maneira contínua ao longo de toda a profundidade de tal camada, ao contrário dos ensaios triaxiais em amostras não perturbadas, que só podem fornecer um número limitado de valores discretos. Os dados do CPT sempre devem ser calibrados em relação a uma outra forma de ensaio (por exemplo, ensaios triaxiais de compressão UU ou dados de FVT) em um dado material, mas, uma vez feito isso, o CPT pode, então, ser usado de forma direta para determinar cu em outros locais dentro da mesma unidade geológica. O processo de calibração descrito anteriormente varia um pouco dependendo do tipo de cone utilizado, embora o princípio seja idêntico em cada caso. Se estiverem disponíveis apenas os dados do CPT básico, cu é determinado usando em que Nk é o “fator de calibração”. Isso é determinado pelo uso dos resultados de uma série de ensaios de laboratório (por exemplo, ensaio triaxial UU), do qual cu é conhecido, e pela interpolação do valor de qc e σv0 a partir do registro de CPT nas profundidades das quais foram retiradas as amostras dos ensaios de laboratório (ver Exemplo 7.4). Uma vez determinado o valor médio apropriado de Nk para uma dada unidade de solo, a Equação 7.37 é aplicada ao registro completo do CPT a fim de determinar a variação de cu com a profundidade. A Figura 7.22a mostra os valores registrados de Nk como função do índice de plasticidade para diferentes solos finos destinada à orientação geral e à verificação de Nk. Veremos que Nk = 15 costuma ser uma boa aproximação inicial, embora, em argilas fissuradas (essas mostradas são Figura 7.22 oriundas do Reino Unido), o valor possa ser significativamente maior (isto é, usar um valor de Nk = 15 superestimaria cu em uma argila fissurada). Se os dados do CPTU estiverem disponíveis, o processo será o mesmo; no entanto, qt substituirá qc para que o excesso de poropressão gerado durante a penetração seja corrigido. Com essa mudança, os fatores de calibração não serão os mesmos já descritos, e é convencional modificar a Equação 7.37 para ler Banco de dados de fatores de calibração para determinar cu: (a) Nk; (b) Nkt. em que Nkt é o fator de calibração para os dados do CPTU. A Figura 7.22b mostra os valores registrados de Nkt que podem ser vistos como uma função do parâmetro de poropressão Bq (definido na Figura 6.12). A dispersão dos dados aqui é muito mais baixa, já que, entre eles, qt e Bq incluem de maneira implícita os efeitos do sobreadensamento (ver análise a seguir). A linha de melhor ajuste para os dados é expressa por Deve-se observar que, na Figura 7.22a, o valor de referência de cu é aquele dos ensaios triaxiais de compressão UU; para argilas fissuradas, esses ensaios foram realizados em grandes amostras (100 mm de diâmetro) para levar em conta os efeitos das fissuras. Em argilas não fissuradas, deve haver pouca diferença entre os valores de Nk e Nkt para diferentes tamanhos de amostras triaxiais. Se houver diferentes unidades de argila indicadas em um único registro (por exemplo, argila marinha mole depositada sobre argila fissurada), pode ser necessário usar diferentes valores de Nk e Nkt nos diversos estratos. Além de determinar as propriedades de resistência não drenada de solos finos, os dados do CPTU também podem ser usados para estimar o parâmetro de resistência da tensão efetiva φ′máx. Mayne e Campanella (2005) sugeriram que esse parâmetro talvez esteja relacionado com a resistência de cone normalizada Qt = (qt – σv0) / σ′v0 e com o parâmetro da poropressão Bq por meio de A Equação 7.40 é válida para 0,1 < Bq < 1,0. Para solos com Bq < 0,1 (isto é, areias), deve-se usar a Equação 7.36 em seu lugar. Os dados do CPT também podem ser confiáveis na maioria dos solos finos para determinar a OCR com a profundidade de forma detalhada e, assim, quantificar a história de tensões do solo. Com base em um grande banco de dados de ensaios para argilas não fissuradas, Mayne (2007) sugeriu que a OCR pode ser estimada usando Na Figura 7.23, a Equação 7.41 é comparada com os dados das argilas marinhas depositadas de Lunne et al. (1989), e pode-se ver que o método é confiável em solos não fissurados. Também está ilustrada na Figura 7.23 uma zona para argilas fissuradas baseada em um banco de dados adicional menor de Mayne (2007), no qual o coeficiente na Equação 7.41 deve ser aumentado para um valor entre 0,66 e 1,65. Dada a larga extensão dessa zona, o CPT deve ser considerado menos confiável para determinar a taxa de sobreadensamento (OCR) em solos fissurados e sempre deve ser confirmado por dados de outros ensaios (por exemplo, dados de ensaios oedométricos). Parte 1 - Desenvolvimento de um modelo mecânico para o solo 7 Ensaios in situ 7.5 Ensaio de Penetração de Cone (CPT, Cone Penetration Test)
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