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Figura 7.23 Determinação da taxa de sobreadensamento (OCR) a partir dos dados do CPTU. O CPT também pode ser usado para estimar as tensões horizontais in situ no terreno. A taxa entre a tensão horizontal efetiva in situ ( ) e a tensão vertical efetiva in situ ( ) é expressa por em que K0 é o coeficiente de empuxo lateral (em repouso). Kulhawy e Mayne (1990) apresentaram uma correlação empírica para K0 a partir dos dados do CPTU, significando que o CPT também pode fornecer informações sobre o estado de tensões in situ no interior do terreno: Uma vez determinado o valor de σ′h0 por meio das Equações 7.42 e 7.43, pode-se encontrar a tensão horizontal total adicionando a poropressão in situ (Princípio de Terzaghi). A correlação representada pela Equação 7.43 é mostrada na Figura 7.24. Há uma dispersão considerável nos dados, de forma que o CPT só pode ser usado para interpretar K0 se não houver outros dados disponíveis. Caso se exija um valor mais preciso, deve-se usar o PMT para Figura 7.24 medir de forma direta as tensões horizontais in situ, a partir das quais é possível determinar K0 usando a Equação 7.42. Estimativa de K0 a partir dos dados do CPTU. Da mesma maneira que nos solos grossos, o uso de um cone sísmico (SCPTU) permite medidas de G0 a partir da velocidade da onda de cisalhamento a ser feita, por meio da Equação 6.6. Exemplo 7.4 Os dados do CPTU são mostrados na Figura 7.25 para a argila Bothkennar do Exemplo 7.1. A Figura 7.26 mostra os dados do ensaio de laboratório, oriundos de um ensaio triaxial UU e de um ensaio oedométrico para o mesmo solo. Ambos os conjuntos de dados são fornecidos sob a forma eletrônica no site da LTC Editora complementar a este livro. Usando os dois conjuntos de dados: (a) determine o valor de Nkt apropriado para o CPT nessa unidade geológica; (b) determine a variação da taxa de sobreadensamento (OCR) com a profundidade a partir dos dados do CPTU e a compare com os dados do ensaio oedométrico. Figura 7.25 Figura 7.26 Exemplo 7.4: Dados do CPTU. Exemplo 7.4: Dados do ensaio de laboratório. Solução Inicialmente, são encontrados os valores de σv0, u0 e em cada profundidade amostrada com o CPTU usando o peso específico do solo e as informações do lençol freático (Exemplo 7.1). Os parâmetros CPT normalizados (Qt, Fr e Bq) podem, então, ser encontrados. Uma estimativa Figura 7.27 inicial para Nkt é fornecida e usada na Equação 7.38 para determinar o valor de cu em cada profundidade amostrada durante o ensaio. Em seguida, é feito um gráfico da resistência ao cisalhamento não drenada em função da profundidade tanto para os dados do ensaio CPT quanto para os do ensaio triaxial. O valor de Nkt pode ser ajustado de forma manual até haver uma boa correspondência entre os dois conjuntos de dados. Como alternativa a esse método manual de tentativa e erro, os valores de cu do CPT podem ser interpolados a cada uma das profundidades do ensaio triaxial. A diferença entre esses valores e os do ensaio triaxial pode, então, ser encontrada a cada profundidade, além de ser possível calcular a soma dos quadrados das diferenças. Dessa forma, o valor de Nkt que fornece o melhor ajuste pode ser encontrado pela minimização da soma dos quadrados das diferenças usando uma rotina de otimização (sujeita à restrição de Nkt ser positivo). Isso fornece Nkt = 14,4, e os dois conjuntos de dados de resistência não drenada são comparados na Figura 7.27. A taxa de sobreadensamento (OCR) é determinada diretamente a partir dos dados do CPT usando a Equação 7.41. O processamento dos dados do ensaio oedométrico é idêntico ao descrito no Exemplo 7.1 e é comparado aos dados do CPTU na Figura 7.27, mostrando boa concordância. Exemplo 7.4: Comparação de cu com a taxa de sobreadensamento (OCR) a partir do CPTU e de ensaios de laboratório. Figura 7.28 Tabela 7.3 Exemplo 7.5 A Figura 7.28 mostra dados de CPTU de um local no Canadá. Os dados do ensaio SPT desse espaço são apresentados na Tabela 7.3. Ambos os conjuntos de dados são fornecidos sob a forma eletrônica no site da LTC Editora que complementa este livro. O local foi identificado, tanto nos registros dos perfis de sondagem quanto no do ensaio CPTU, como consistindo em 15 m de areia de sílica sobrepondo-se a uma argila mole. O peso específico de ambos os solos foi estimado em γ ≈ 17 kN/m3, e o nível do lençol freático está 2 m abaixo do nível do terreno (BGL, below ground level). Determine a compacidade relativa e o ângulo de atrito de pico da camada de areia e a resistência ao cisalhamento não drenada da camada de argila usando ambos os bancos de dados. Exemplo 7.5: Dados do CPTU. Exemplo 7.5: Dados do SPT Profundidade (m) 1,3 3,4 5,1 6,7 8,2 9,8 11,3 12,8 14,3 15,2 17,3 19,0 21,2 22,6 N60 2 3 6 17 15 24 19 17 6 4 4 4 6 6 Solução Inicialmente, os dados do CPTU são processados como no Exemplo 7.4 (são encontrados σv0, u0, σ′v0, Qt, Fr e Bq). Para os dados do que está abaixo da profundidade de 15 m (areia), a compacidade relativa (ID) é encontrada em cada profundidade amostrada usando a Equação 7.35 com D = –1,21 e E = 0,584 (são usados os parâmetros de melhor ajuste, porque não há informações a respeito da compressibilidade da areia). O ângulo de atrito de pico é encontrado de maneira similar usando a Equação 7.36. Abaixo da profundidade de 15 m (na argila), cu é determinado a cada profundidade amostrada, sendo Nkt encontrado a partir de Bq por meio da Equação 7.39. Para os dados do SPT, em primeiro lugar, são determinados σv0, u0 e σ′v0 a cada profundidade do ensaio. Em seguida, os valores de σ′v0 são usados para determinar os fatores de correção (CN) a cada profundidade por meio da Equação 7.3, com A = 200 e B = 100 (na ausência de qualquer informação mais detalhada a respeito da granulometria). Esses valores são usados para determinar o número de golpes corrigido (N1)60, a partir do qual se tem um valor aproximado da compacidade relativa para ensaios até a profundidade de 15 m usando (N1)60/ID 2 = 60, seguido da determinação dos valores de φ′máx com base na Figura 7.4. Para os pontos do ensaio abaixo de 15 m que estão na argila, as resistências não drenadas ao cisalhamento são determinadas diretamente a partir do número de golpes normalizados (N60) usando cu/N60 ≈ 10 (isto é, admitindo uma argila mole, não fissurada e insensível na ausência de quaisquer informações mais detalhadas). Os parâmetros obtidos a partir dos dados do CPTU e do SPT são comparados na Figura 7.29 e mostram concordância razoável. Os dados do SPT indicam uma previsão um pouco menos correta de φ′máx se comparados com os do CPTU (embora a tendência seja similar), sugerindo que a areia seja sobreadensada (ver Figura 7.4). Figura 7.29 Exemplo 7.5: Interpretação das propriedades do terreno a partir do CPTU e do SPT. 7.6 Seleção do(s) método(s) de ensaio in situ A Seção 6.4 descreveu os parâmetros que poderiam ser determinados a partir dos vários ensaios de laboratório para ajudar no projeto de um programa de investigação de terreno. É possível fazer o mesmo com os ensaios in situ descritos neste capítulo e no anterior. A Tabela 7.4 resume as características mecânicas que podem ser obtidas a partir de cada tipo de ensaio in situ, incluindo aqueles mencionados na Seção 7.1, mas que não foram descritos com detalhes (DMT, PLT). Será mostrado na Parte 2 deste livro (Capítulos 8–13 inclusive) que os métodos modernos de design exigem que tanto os parâmetros de rigidez quanto os de resistência verifiquem se um nível apropriado de desempenho será atingido de forma rigorosa. Isso é um contraste com os métodos “tradicionais” mais antigos, que confiavam apenas nos parâmetros de resistência e aplicavam fatores globais altamente empíricos de segurança para garantir o desempenho adequado. A prevalência Tabela 7.4 dos métodos “tradicionais” até pouco tempo atrás explica a popularidade do SPT, pois ele pode determinar os parâmetros de resistência necessários, ainda que seja simples, rápido e barato. Espera-se que, ao longo dos próximos anos, oCPT e o PMT tornem-se mais populares no uso geral, já que podem fornecer dados confiáveis tanto de resistência quanto de rigidez do solo. Obtenção das propriedades principais do solo por meio de ensaios in situ Parâmetro SPT FVT PMT CPT DMT PLT Características de adensamento: mv, Cc Propriedades de rigidez: G, G0 G G0* (SCPTU) G, G0* SIM Propriedades de resistência drenada: ϕ′, c′ SIM SIM SIM SIM SIM Propriedades de resistência não drenada: cu (in situ) SIM SIM SIM SIM SIM SIM Propriedades do estado do solo: ID, OCR, K0 ID K0(via σh0) ID OCR (K0) TODOS Permeabilidade: k SIM† SIM‡ Notas: * Usando um instrumento sísmico (isto é, SCPTU ou SDMT). †Por meio de um ensaio de dissipação em um piezocone (CPTU ou SCPTU) — isto é, interrompendo a penetração e medindo o decaimento de u2 (ver Leituras Complementares). ‡ Interrompendo a expansão DMT e medindo o decaimento da pressão da cavidade (ver Leituras Complementares). O uso final também deve ser levado em consideração para determinar a técnica in situ a ser utilizada. Para o projeto de fundações rasas (Capítulo 8), o PLT é útil, uma vez que o procedimento de ensaio é representativo da construção final (em particular, em termos da definição da rigidez apropriada). Para fundações profundas (Capítulo 9), o CPT costuma ser o preferido, em virtude da grande semelhança entre uma sonda CPT e uma estaca prensada. No caso de estruturas de contenção (Capítulo 11), são preferidos o PMT e o DMT por ser muito importante definir de forma precisa as pressões laterais de terra em tais problemas, e esses ensaios são mais confiáveis para conseguir isso. 1 2 3 Resumo Os ensaios in situ podem ser um instrumento precioso para avaliar as propriedades constitutivas do terreno. Em geral, uma massa muito maior de solo é influenciada durante tais ensaios, o que pode ser vantajoso em relação aos ensaios em laboratório em pequenas amostras de determinados solos (por exemplo, argilas fissuradas). Os ensaios também podem remover muitas das questões associadas à amostragem, embora, em vez disso, se deva dedicar atenção à perturbação do solo que pode ocorrer durante a instalação do dispositivo do ensaio. Os dados coletados em ensaios in situ complementam (em vez de substituir) os ensaios em laboratório e o uso de correlações empíricas (Capítulo 5). O uso dos ensaios in situ pode reduzir de maneira drástica a quantidade de amostragem e de ensaios em laboratório exigidos, desde que eles sejam calibrados de acordo com, pelo menos, uma pequena quantidade de ensaios de alta qualidade em laboratório. Dessa forma, eles podem ser bastante valiosos para a investigação do custo-benefício de grandes locais. Os quatro ensaios in situ principais realizados na prática são (sem dúvida) o Ensaio de Penetração Dinâmica (SPT, Standard Penetration Test), o Ensaio de Palhetas (FVT, Field Vane Test), o Ensaio de Pressiômetro (PMT, Pressuremeter Test) e o Ensaio de Penetração de Cone (CPT, Cone Penetration Test). Os dois primeiros são os mais simples e mais baratos e são usados para determinar as características de resistência de solos grossos (SPT) e finos (FVT); o SPT também pode ser usado em solos finos mais rijos com grande cautela. Os dois últimos ensaios (PMT e CPT) representam dispositivos modernos fazendo uso de sensores miniaturizados e registros de dados/controle computacional para medir vários parâmetros, fornecendo dados mais detalhados e aumentando sua faixa de aplicação. Esses ensaios são aplicáveis tanto em solos grossos quanto em finos e podem ser usados para determinar de maneira confiável as características de resistência e as de rigidez do solo por meio de modelos teóricos (PMT) ou correlações empíricas (CPT). Demonstrou-se que, por meio da aplicação de dados reais de ensaios em solo, as planilhas são uma ferramenta útil para o processamento e a interpretação de um conjunto detalhado de dados de ensaios in situ; além disso, elas são essenciais para o processamento de dados de dispositivos computadorizados de PMT e CPT, que fornecem saída digital. No site da LTC Editora que complementa este livro, foram fornecidos modelos digitais dos exemplos detalhados e discutidos neste capítulo, utilizando dados de todos os quatro ensaios mencionados. 7.1 Tabela 7.5 7.2 7.3 Problemas A Tabela 7.5 apresenta o número de golpes SPT corrigido para um local que consiste em 5 m de silte sobreposto a um depósito espesso de areia de sílica limpa. Esses dados são fornecidos sob a forma eletrônica no site da LTC Editora complementar a este livro. O peso específico saturado de ambos os solos é γ ≈ 16 kN/m3, e o lençol freático está 1,6 m abaixo do nível do terreno (BGL, below ground level). Determine a compacidade relativa média e o ângulo de atrito de pico da areia entre 10 m e 20 m abaixo do nível do terreno (BGL). Problema 7.1 Profundidade (m) N60 (golpes) Profundidade (m) N60 (golpes) Profundidade (m) N60 (golpes) 1,32 4 11,27 23 21,06 35 2,50 10 12,29 22 22,21 27 3,29 7 13,39 30 23,16 28 4,30 2 14,34 29 24,32 24 5,34 8 15,20 19 25,20 30 6,44 11 16,34 9 26,08 30 7,31 10 17,33 30 27,10 30 8,41 12 18,28 30 28,12 32 9,29 18 19,23 34 29,25 11 10,40 24 20,25 30 30,22 22 A Figura 7.30 apresenta os resultados de um ensaio de pressiômetro autoperfurante realizado a uma profundidade de 10,4 m abaixo do nível do terreno (BGL) no depósito de areia descrito no Problema 7.1. Os dados são fornecidos sob a forma eletrônica no site da LTC Editora complementar a este livro. Determine os seguintes parâmetros: σh0, u0, σ′h0, φ′máx e ψ. Encontre também o valor de G do ciclo de descarregamento–carregamento. A Figura 7.31 apresenta os resultados de um ensaio CPT realizado no Parte 1 - Desenvolvimento de um modelo mecânico para o solo 7 Ensaios in situ 7.6 Seleção do(s) método(s) de ensaio in situ Resumo Problemas
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