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Figura 8.31 poros, estabelecida durante a cravação e incapaz de se dissipar imediatamente: o valor corrigido (N′) é dado por Relação entre a profundidade de influência e a largura da fundação (reproduzida de J.B. Burland e M.C. Burbidge, 1985, Proceedings Institution of Civil Engineers, Part 1, v. 78, com permissão de Thomas Telford Ltd.). Mais tarde, propôs-se que, no caso de pedregulhos e areias pedregulhosas, os valores medidos de N deveriam ser aumentados em 25%. Em uma areia normalmente adensada, o recalque médio s (mm) no final da construção para uma fundação com largura B (m) que suporte uma pressão de fundação q (kPa) é dado por Caso se possa estabelecer que a areia é sobreadensada e se possa fazer uma estimativa da pressão de pré-adensamento (σ′máx), o recalque será dado, em vez disso, por uma das seguintes expressões: A análise indicou que a profundidade da fundação não tem influência significativa no recalque para relações profundidade/largura menores do que 3. No entanto, foi encontrada uma correlação significativa entre o recalque e a relação comprimento/largura (L/B) da fundação; por conseguinte, o recalque dado pela Equação 8.65 deve ser multiplicado por um fator de forma Fs, expresso como Foi proposto, como experimentação, que, se a espessura (H) do estrato de areia abaixo do nível (ou cota) da fundação fosse menor do que a profundidade de influência (zI), o recalque deveria ser multiplicado por um fator FI, em que Embora se costume supor que o recalque em areias esteja virtualmente concluído ao final da construção e do carregamento inicial, os registros indicaram que pode ocorrer o recalque continuado (fluência ou creep); com isso, propôs-se que o recalque fosse multiplicado por um fator Ft para o tempo superior a três anos depois do final da construção, expresso como no qual R3 é o recalque que depende do tempo, como uma porcentagem de s, que ocorre durante os três primeiros anos depois da construção, e Rt é o recalque que ocorre durante cada ciclo logarítmico de tempo superior a três anos. Uma interpretação conservativa dos dados indica que, depois de 30 anos, Ft pode alcançar 1,5 para as cargas estáticas e 2,5 para as variáveis. Um exemplo do uso desse método no projeto de fundações será apresentado na Seção 8.9. Análise usando os dados do CPT Esse método de estimativa de recalque foi apresentado por Schmertmann (1970) e se baseia em uma distribuição simplificada da deformação vertical sob o centro, ou a linha de centro, de uma fundação rasa, expressa sob a forma de um fator de influência de deformação Iz. A deformação vertical εz é escrita como em que qn é a pressão líquida sobre a fundação, e E é o valor adequado do módulo de elasticidade longitudinal. As distribuições admitidas do fator de influência de deformação com a profundidade para fundações quadradas (L/B = 1) e longas (L/B ≥ 10) ou corridas é mostrada na Figura 8.32, sendo a profundidade expressa em função da largura dessas fundações. Os dois casos correspondem às condições de simetria axial e estado plano de deformações, respectivamente. Essas são distribuições simplificadas e baseadas em resultados teóricos e experimentais, nos quais se admite que as deformações se tornam insignificantes nas profundidades zf0 = 2B e 4B, respectivamente, abaixo das fundações. O valor máximo (de pico) do fator de influência de deformação Izp em cada caso é dado pela expressão em que σ′p é a pressão confinante efetiva na profundidade de Izp e ocorre a uma profundidade zfp = 0,25zf0. Para fundações retangulares com dimensões B × L, zf0 e zfp na Figura 8.32 são calculados de acordo com Lee et al. (2008) por meio de Deve-se observar que as deformações verticais máximas não ocorrem logo abaixo das fundações, como no caso da tensão vertical. Pode-se aplicar uma correção às distribuições de deformação de acordo com a profundidade da fundação abaixo da superfície. O fator de correção para a profundidade da sapata é dado por Figura 8.32 na qual σ′q = pressão confinante efetiva no nível da fundação, e qn = pressão líquida na fundação. Embora se admita, em geral, que o recalque em areias esteja praticamente concluído ao final da construção, alguns registros de casos indicam recalques que continuam com o passar do tempo, sugerindo, assim, um efeito de fluência ou creep. Isso pode ser corrigido por meio do uso da Equação 8.73; entretanto, isso costuma ser ignorado em projetos comuns: Distribuição do fator de influência das deformações. na qual t é o tempo em anos no qual se deseja saber o recalque. O recalque de uma sapata que suporte uma pressão líquida qn é escrito como ou, aproximadamente, Schmertmann obteve as correlações seguintes, baseadas em ensaios de carga in situ, entre o módulo de deformação e a resistência de penetração do cone para areias normalmente adensadas, como segue: E = 2,5qc para fundações quadradas (L/B = 1) E = 3,5qc para fundações longas (corridas; L/B ≥ 10) Para argilas sobreadensadas, os valores anteriores devem ser duplicados. Para aplicar a Equação 8.74, o perfil qc–profundidade, até uma profundidade de 2B ou 4B (ou interpolada) abaixo da fundação, é inicialmente dividida em camadas adequadas de espessura Δz, admitindo-se, no interior de cada uma delas, o valor de qc como constante. O valor de Iz no centro de cada camada é obtido a partir da Figura 8.32. A Equação 8.74 é, então, calculada a fim de fornecer o recalque da fundação. Exemplo 8.6 Uma sapata de 2,5 m × 2,5 m suporta uma pressão líquida da fundação de 150 kPa, a uma profundidade de 1,0 m em um depósito profundo de areia fina normalmente consolidada e de peso específico 17 kN/m3. A variação da resistência de penetração do cone ao longo da profundidade é apresentada na Figura 8.33. Faça uma estimativa do recalque da sapata. Figura 8.33 Exemplo 8.6. Solução Solução O gráfico qc–z abaixo da cota (ou nível) da fundação é dividido em várias camadas de espessuras Δz, admitindo-se, para cada uma, o valor de qc como constante. O valor de pico do fator de influência de deformação ocorre a uma profundidade de 2,25 m (isto é, B/2 abaixo do nível da fundação) e é dado por A distribuição do fator de influência de deformação ao longo da profundidade é superposta ao gráfico qc–z, conforme ilustrado na Figura 8.33, e o valor de Iz é determinado no centro de cada camada. O valor de E para cada uma é igual a 2,5qc. O fator de correção para a profundidade da fundação (Equação 8.72) é O fator de correção para a fluência ou creep (C2) é tomado como igual a 1. Tabela 8.8 Os cálculos são apresentados na Tabela 8.8. Dessa forma, o recalque é dado pela Equação 8.74: Exemplo 8.6 Δz qc E Ic IcΔzIE (m) (MPa) (MPa) (m3IMN) 1 0,90 2,3 5,75 0,41 0,064 2 0,50 3,6 9,00 0,68 0,038 3 1,60 5,0 12,50 0,50 0,064 4 0,40 7,5 18,75 0,33 0,007 5 1,20 3,3 8,25 0,18 0,026 6 0,40 9,9 24,75 0,04 0,001 0,200 8.9 Dimensionamento nos estados limites As Seções 8.3 e 8.4 descreveram as ferramentas analíticas básicas para determinar a resistência do solo no limiar da falha estrutural (resistência de carga). Se a carga vertical aplicada for igual ou maior do que a resistência de carga, isso representará um estado limite último que causa falha/colapso estrutural. Na prática, o objetivo principal é assegurar que a resistência de uma fundação rasa seja sempre maior do que o carregamento aplicado, conservando alguma margem, de forma que a fundação seja segura. As Seções 8.6–8.8 desenvolveram ferramentas analíticas simples para avaliar a resposta de deslocamentos de uma fundação submetida a uma carga aplicada para condições de carregamento abaixo do estado limite último (isto é, no estado limite de serviço). No material apresentado até aqui, deu-se ênfase à análise (ou verificação), isto é, caracterizando a resposta de fundações existentes (de tamanho/propriedades conhecidos). Com base nisso, é possível determinar a quantidade de carga que pode ser suportada, a fim de que a fundação não sofra colapso (estado limite último, ELU) ou ultrapasseo recalque especificado (estado limite de serviço, ELS). Esse processo não o mesmo que o design (ou dimensionamento), no qual o carregamento aplicado é conhecido (por exemplo, de uma estrutura suportada), e o objetivo é dimensionar a fundação para fornecer uma margem de segurança suficiente contra colapso e evitar movimento excessivo. Esta seção descreverá como as ferramentas analíticas mencionadas anteriormente podem ser usadas no projeto de fundações rasas dentro de um contexto de design ou dimensionamento nos estados limites. Isso será realizado no contexto do Eurocode 7, embora os princípios sejam diretamente transferíveis para outros contextos de dimensionamentos (ou design) nos estados limites com uma modificação de fatores parciais. Dimensionamento no estado limite último Para satisfazer ao estado limite último, a soma das ações aplicadas (cargas) na fundação deve ser menor ou igual à resistência disponível. A resistência (suporte), R, de uma fundação rasa é sua capacidade de carga multiplicada por sua área plana, Af, (isto é, R = qfAf), e será uma função de várias propriedades do material (por exemplo, cu para condições não drenadas; φ′, c′ e γ para condições drenadas). Definindo as ações por Q e as propriedades do material por X, o critério que deve ser satisfeito no design pode ser expresso por A Equação 8.75 somente será satisfeita quando ΣQ = R; entretanto, isso não deixará margem para erro associado aos três termos da equação, incluindo as hipóteses implícitas na equação de capacidade de carga, a variabilidade potencial nas propriedades reais do solo a partir daquelas obtidas em laboratório e a determinação precisa dos valores das cargas aplicadas. Em consequência, serão usados coeficientes parciais de ponderação (ou de segurança) para modificar os três termos da Equação 8.75 a fim de fornecer a equação de design: • • • na qual γA são os coeficientes de ponderação aplicados às ações Q, γX são os aplicados às propriedades do material X, e γR são os aplicados à resistência R. Os coeficientes de ponderação não devem ser confundidos com os pesos específicos, apesar de compartilharem o mesmo símbolo. Os parâmetros Q, R e X representam as “melhores estimativas” das ações, das propriedades do material e das resistências ― essas também são conhecidas como valores característicos, e sua determinação será vista no Capítulo 13. Todos os coeficientes de ponderação terão valor absoluto maior ou igual a 1,0, portanto γA aumentará o módulo das ações (isto é, a fundação deverá suportar um pouco mais carga do que o esperado), γX reduzirá os valores das propriedades do material (isto é, o solo será mais fraco do que o valor medido), e γR reduzirá a resistência (isto é, a capacidade de carga poderá ser menor do que a prevista usando os métodos das Seções 8.3 e 8.4). Um valor característico que tenha sido modificado por um coeficiente de ponderação é conhecido como valor de projeto (isto é, γAQ representa uma ação de projeto, X/γX é a propriedade de projeto do material, e R/γR é a resistência de projeto). Os três conjuntos de coeficientes de ponderação não são todos aplicados necessariamente ao mesmo tempo, dependendo da norma de design de estado limite que estiver sendo seguida. No EC7, são propostos três métodos possíveis de design: Método de Projeto 1 (Design Approach 1, DA1): (a) uso de coeficientes de ponderação apenas nas ações; (b) uso de coeficientes de ponderação apenas nos materiais. Método de Projeto 2 (Design Approach 2, DA2): (a) uso de coeficientes de ponderação nas ações e nas resistências (mas não nos materiais). Método de Projeto 3 (Design Approach 3, DA3): (a) uso de coeficientes de ponderação apenas em ações estruturais (ações geotécnicas do solo não recebem coeficientes de ponderação) e materiais. Variados métodos de projeto podem ser adotados por diferentes países incluídos na zona do Eurocode, embora seja prudente (e exija um pouco de esforço adicional) verificar todos eles e dimensionar as fundações a fim de satisfazer a todos. Isso pode ser implementado com facilidade por meio de uma planilha, a fim de realizar de forma automática os cálculos dos diferentes métodos de projeto. Na prática, os valores dos coeficientes de ponderação são Tabela 8.9 Tabela 8.10 aplicados a todas as ações, propriedades do material e resistências, de forma que a mesma equação geral possa ser usada para todos os métodos de projeto; às propriedades sem coeficientes de ponderação, atribui-se o valor 1,0. Deve- se observar que o DA2 representa o método usado no LRFD (isto é, uso de coeficientes de ponderação nas cargas/ações e resistências). A Tabela 8.9 descreve os conjuntos de coeficientes de ponderação usados nos três métodos de projeto do EC7. Os valores deles para os diferentes conjuntos que serão usados ao longo deste livro são dados nas Tabelas 8.10 e 8.11 para ações e propriedades dos materiais, respectivamente. O coeficiente γR = γRv para resistência de suporte é 1,00 para os conjuntos R1 e R3 (isto é, sem coeficientes de ponderação) e 1,4 para o conjunto R2. Seleção dos coeficientes de ponderação para uso no projeto de ELU do EC7 Coeficientes de ponderação a serem tomados do conjunto ... Ações (γA) Resistências (γR) Propriedades do material (γX) Método de Projeto (Design Approach) 1a A1 R1 M1 Método de Projeto (Design Approach) 1b A2 R1 (R4 para estacas) M2 Método de Projeto (Design Approach) 2 A1 R2 M1 Método de Projeto (Design Approach) 3 A2 R3 M2 Coeficientes de ponderação das ações para uso no projeto de ELU do EC7 Conjunto Ação (Q) Símbolo A1 A2 Ação permanente desfavorável γA 1,35 1,00 Ação variável desfavorável 1,50 1,30 Ação permanente favorável 1,00 1,00 Ação variável favorável 0 0 Ação acidental 1,00 1,00 Parte 2 - Aplicações em engenharia geotécnica 8 Fundações rasas 8.9 Dimensionamento nos estados limites
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