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Figura 2.20 Por isso, A curva representada pela Equação 2.38 é conhecida como parábola básica de Kozeny e é mostrada na Figura 2.20b, com a origem e o foco localizados em A. Quando z = 0, o valor de x é dado por Transformação para a seção transversal da barragem de terra: (a) plano w; e (b) plano r. em que 2x0 é a distância diretriz da parábola básica. Quando x = 0, o valor de z é dado por Figura 2.21 Substituindo a Equação 2.39 na Equação 2.38, obtém-se A parábola básica pode ser desenhada com a Equação 2.40, contanto que as coordenadas de um ponto da parábola sejam inicialmente conhecidas. Surge uma inconsistência devido ao fato de que a transformação conforme da linha reta φ = –kh (que representa a linha equipotencial de montante) é uma parábola, ao passo que a linha equipotencial de montante na seção transversal da barragem de terra é o talude de montante. Com base em um amplo estudo do problema, Casagrande (1940) recomendou que o ponto inicial da parábola básica deveria ser G (Figura 2.21), em que GC = 0,3HC. As coordenadas do ponto G, substituídas na Equação 2.40, permitem que o valor de x0 seja determinado; assim, o gráfico da parábola básica pode ser desenhado. A linha de fluxo superior deve interceptar o talude de montante segundo ângulos retos; portanto, é necessário que se faça uma correção CJ (usando bom senso pessoal) na parábola básica. A rede de fluxo pode, então, ser concluída, conforme a Figura 2.21. Se a superfície de descarga AD não for horizontal, como nos casos mostrados na Figura 2.22, é exigida mais uma correção KD na parábola básica. Usa-se o ângulo β para descrever a direção da superfície de descarga em relação a AB. A correção pode ser feita com a ajuda de valores da razão MD/MA = Δa/a, dados por Casagrande para o intervalo de valores de β (Tabela 2.4). Rede de fluxo para a seção transversal da barragem de terra. Figura 2.22 Tabela 2.4 Correção de jusante da parábola básica. Correção de jusante da parábola básica; reproduzida de A. Casagrande (1940). Seepage through dams. Contributions to Soil Mechanics 1925–1940, com permissão da Boston Society of Civil Engineers β 30° 60° 90° 120° 150° 180° Δala (0,36) 0,32 0,26 0,18 0,10 0 Exemplo 2.4 A seção transversal de uma barragem de terra homogênea e anisotrópica está detalhada na Figura 2.23a; os coeficientes de permeabilidade nas direções x e z são 4,5 × 10–8 e 1,6 × 10–8 m/s, respectivamente. Construa a rede de fluxo e determine a quantidade de percolação através da barragem. Qual é a pressão da água nos poros (poropressão) no ponto P? Figura 2.23 TABELA E Exemplo 2.4. Solução O fator de escala para a transformação na direção x é A permeabilidade isotrópica equivalente é A seção transversal é desenhada na escala transformada na Figura 2.23b. O foco da parábola básica está no ponto A. Esta parábola passa pelo ponto G de forma que isto é, as coordenadas de G são Substituindo essas coordenadas na Equação 2.40: Em consequência, Usando a Equação 2.40, são calculadas, agora, as coordenadas de vários pontos da parábola básica: x 1,90 0 –5,00 –10,00 –20,00 –30,00 z 0 3,80 7,24 9,51 12,90 15,57 A parábola básica está desenhada na Figura 2.23b. É feita a correção de montante (JC), e a rede de fluxo é concluída, assegurando que haja intervalos iguais entre os pontos de interseção das linhas equipotenciais sucessivas e a linha de fluxo superior. Na rede de fluxo, há quatro canais de fluxo e 18 quedas equipotenciais. Em consequência, a quantidade de percolação (por unidade de comprimento) é A quantidade de percolação também pode ser determinada com base na Equação 2.39 (sem a necessidade de desenhar a rede de fluxo): Para determinar a pressão da água nos poros em P, inicialmente, é selecionado o Nível AD como referência. Desenha-se uma linha equipotencial RS pelo ponto P (posição transformada). Por inspeção visual, a carga total em P é 15,60 m. Em P, a carga altimétrica é 5,50 m, então, a carga piezométrica é 10,10 m, e a pressão de água nos poros é Alternativamente, a carga piezométrica em P é dada de forma direta pela distância vertical de P abaixo do ponto de interseção (R) da equipotencial RS com a linha de fluxo superior. Controle da percolação em barragens de terra O projeto da seção transversal de uma barragem de terra e, quando possível, a escolha dos solos visam reduzir ou eliminar os efeitos prejudiciais da água de percolação. Onde existirem altos gradientes hidráulicos, há a possibilidade de que a água de percolação cause erosão interna dentro da barragem, especialmente, se o solo estiver mal compactado. A erosão pode forçar seu caminho no corpo da barragem, criando vazios na forma de canais ou “tubos”, prejudicando, assim, a estabilidade da barragem. Essa forma de erosão é denominada piping (erosão interna ou, ainda, erosão tubular regressiva). Uma seção com um núcleo central de baixa permeabilidade, que se destina a reduzir o volume da percolação, é mostrada na Figura 2.24a. Quase toda a carga total é perdida no núcleo, que, se for estreito, faz surgirem altos gradientes hidráulicos. Há um perigo particular de erosão na interface entre o núcleo e o solo adjacente (de maior permeabilidade) sob um alto gradiente de saída do núcleo. Pode-se obter proteção contra esse perigo por meio de um dreno de “chaminé” (Figura 2.24a) na interface de jusante do núcleo. O dreno, projetado como um filtro (ver Seção 2.10) para fazer barreira às partículas de solo do núcleo, também serve como um interceptor, mantendo o paramento de jusante em um estado não saturado. A maior parte das seções transversais de barragens de terra é não homogênea por causa das zonas de diferentes tipos de solo, tornando mais difícil construir uma rede de fluxo. A construção da parábola para a linha de fluxo superior se aplica somente às seções homogêneas, mas a condição de que deve haver distâncias verticais iguais entre os pontos de interseção de linhas equipotenciais e a linha de fluxo superior se aplica também à seção não homogênea. A condição de transferência (Equação 2.32) deve ser satisfeita em todas as interfaces de zonas. No ca so de uma seção com núcleo central de baixa permeabilidade, a aplicação da Equação 2.32 significa que, quanto menor o índice de permeabilidade, menor a posição da linha de fluxo superior na zona de jusante (na ausência de um dreno de chaminé). Se o solo da fundação for mais permeável do que a barragem, o controle da percolação sob a fundação será essencial. Ela pode ser virtualmente eliminada por meio de uma parede (ou cortina) “impermeável”, como uma cortina de injeção (Figura 2.24b). Outra forma de vedação é a parede diafragma de concreto (ver a Seção 11.10). Qualquer medida destinada a alongar o caminho da percolação, como um colchão impermeável de montante (Figura 2.24c), diminuirá parcialmente a percolação sob a fundação. Um excelente tratamento de controle da percolação é dado por Cedergren (1989). Figura 2.24 (a) Núcleo central e dreno de chaminé; (b) cortina de injeção; e (c) colchão impermeável de montante. Exemplo 2.5 Considere o vertedouro da barragem de concreto do Exemplo 2.2 (Figura 2.10). Determine o efeito do comprimento da parede de vedação sobre a redução do fluxo de percolação abaixo do vertedouro. Determine também a redução do fluxo de percolação devida a um colchão impermeável de montante de comprimento Lb e compare a eficácia dos dois métodos de controle da percolação. Solução O fluxo de percolação pode ser determinado usando-se a ferramenta de planilha disponível no site da LTC Editora complementar a este livro. Repetindo os cálculos para os diferentes comprimentos, Lw, da cortina de vedação (ou cut-off; Figura 2.25a) e, separadamente, para os diferentes comprimentos do colchão impermeável, Lb, conforme ilustrado na Figura 2.25b, os resultados da figura podem ser encontrados. Comparando os dois métodos, pode-se ver que, para camadas finas como a desse problema, as cortinas de vedação (cut-off) são, em geral, mais Figura 2.25 eficientes parareduzir a percolação e, na maioria das vezes, exigem um volume menor de material (apresentando, portanto, menor custo) para conseguir a mesma redução do fluxo de percolação. Exemplo 2.5. 2.10 Projeto de filtros Os filtros usados no controle da percolação devem satisfazer a determinadas exigências fundamentais. Os poros devem ser suficientemente pequenos para evitar que partículas do solo adjacente sejam transportadas. Ao mesmo tempo, a permeabilidade deve ser alta o bastante para assegurar uma drenagem livre da água que entrar no filtro. A capacidade de um filtro deve ser tal que ele não se torne completamente saturado. No caso de uma barragem de terra, um filtro colocado a jusante do núcleo deve ser capaz de controlar e vedar qualquer vazamento que se desenvolva no núcleo em consequência de erosão interna. O filtro também deve permanecer estável sob um gradiente hidráulico excepcionalmente alto que possa se desenvolver 1 junto a tal vazamento. Com base em uma grande quantidade de testes de laboratório realizados por Sherard et al. (1984a, 1984b) e na experiência em projetos, foi demonstrado que o desempenho do filtro pode estar relacionado ao tamanho D15 obtido da curva de distribuição granulométrica do material do filtro. O tamanho médio dos poros, que é bastante influenciado pelas partículas menores no filtro, é bem representado por D15. Um filtro com graduação uniforme irá reter todas as partículas maiores do que aproximadamente 0,11D15; aquelas menores do que esse tamanho serão transportadas através do filtro em suspensão na água de percolação. As características do solo adjacente, no que diz respeito à sua retenção pelo filtro, podem ser representadas pelo tamanho D85 para esse solo. O critério a seguir é recomendado para um desempenho satisfatório do filtro: no qual (D15)f e (D85)s referem-se ao filtro e ao solo adjacente (montante), respectivamente. No entanto, no caso de filtros para solos finos, o limite a seguir é recomendado para o material do filtro: Deve-se tomar cuidado para evitar a segregação das partículas componentes do filtro durante a construção. Para assegurar que a permeabilidade do filtro é suficientemente grande para permitir a drenagem livre, é recomendado que: Também podem ser usados filtros graduados constituídos de duas (ou mais) camadas com diferentes graduações, sendo a mais fina colocada do lado de montante. O critério anterior (Equação 2.41) também seria aplicado às camadas componentes do filtro. Resumo A permeabilidade do solo é grandemente afetada pelo tamanho dos vazios. Em consequência, a permeabilidade dos solos finos pode ser muitas ordens de grandeza menor 2 3 4 2.1 2.2 2.3 do que aquela dos solos grossos. Testes de carga variável são usados normalmente para medir a permeabilidade de solos finos, enquanto testes de carga constante são usados para solos grossos. Esses podem ser realizados no laboratório com amostras indeformadas removidas do terreno (ver o Capítulo 6) ou in situ. A água do solo fluirá sempre que existir um gradiente hidráulico. Para o fluxo em duas dimensões, pode-se usar uma rede de fluxo para determinar a distribuição da carga total, a pressão da água nos poros e a quantidade de percolação. Essa técnica também leva em consideração solos em camadas ou anisotrópicos em relação à permeabilidade; esses dois parâmetros influenciam significativamente a percolação. Problemas complexos ou grandes de percolação, para os quais o traçado da rede de fluxo não se mostraria prático, podem ser resolvidos de forma precisa e eficiente pelo método das diferenças finitas. Uma implementação em planilha desse método está disponível no site da LTC Editora complementar a este livro. A percolação através de barragens de terra é mais complexa quando elas não estão confinadas. A transformação conforme fornece um método simples e eficiente para determinar as quantidades de fluxo e desenvolver a rede de fluxo para tal caso. A percolação através e abaixo das barragens de terra, que podem influenciar em sua estabilidade, pode ser controlada usando-se uma variedade de técnicas, incluindo um núcleo de baixa permeabilidade, cortinas de vedação (cut-off) ou colchões impermeáveis. A eficácia desses métodos pode ser determinada por meio das técnicas mencionadas neste capítulo. Problemas Em um ensaio de permeabilidade de carga variável, a carga inicial de 1,00 m caiu para 0,35 m em 3 h, sendo o diâmetro do tubo de 5 mm. A amostra de solo tinha 200 mm de comprimento e 100 mm de diâmetro. Calcule o coeficiente de permeabilidade do solo. A seção transversal de parte de uma ensecadeira está apresentada na Figura 2.26, sendo o coeficiente de permeabilidade do solo 2,0 × 10–6 m/s. Desenhe a rede de fluxo e determine a quantidade de percolação. A seção transversal de uma longa ensecadeira está apresentada na Figura 2.27, sendo o coeficiente de permeabilidade do solo 4,0 × 10–7 m/s. Desenhe a rede de fluxo e determine a quantidade de percolação que entra na ensecadeira. Parte 1 - Desenvolvimento de um modelo mecânico para o solo 2 Percolação 2.10 Projeto de filtros Resumo Problemas
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