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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DANIEL PEREIRA LOPES CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL EM PEDRO VELHO - RN NATAL/RN 2017 DANIEL PEREIRA LOPES CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL EM PEDRO VELHO - RN Monografia apresentada ao Departamento de Geografia, Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientador: Prof.°. Dr. Fernando Moreira da Silva NATAL/RN 2017 DANIEL PEREIRA LOPES CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL EM PEDRO VELHO - RN Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Geografia. Aprovada em: _____/_____/_____. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Prof.°. Dr. Fernando Moreira da Silva – Orientador UFRN/CCHLA/DGE ____________________________________________________ Prof. Dr. Orgival Bezerrada Nóbrega Junior– Examinador UFRN/CCHLA/DGE ____________________________________________________ Prof. Dr. Paulo César de Araújo – Examinador UFRN/CCHLA/DGE Lopes, Daniel Pereira. Contexto socioambiental em Pedro Velho - RN / Daniel Pereira Lopes. - 2017. 81f.: il. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de Geografia. Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva. 1. Contexto socioambiental. 2. Aspectos geográficos. 3. Aspectos socioeconômicos. I. Silva, Prof. Dr. Fernando Moreira da. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 911.3(813.2) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Dedico este trabalho a Deus, pelo discernimento, paz no coração e tranquilidade quando mais precisei. Ao povo pedrovelhense por fazerem de Pedro Velho minha terra. A minha querida e amada mãe Severina e ao meu pai Antonio (in memorian) pois, foram rochas fundamentais para meu alicerce. A meus irmãos, pela cumplicidade e paciência, além do amor recíproco. E todos que diretamente e indiretamente contribuíram para esta vitória. O trabalho é meu, a vitória é de todos vocês. AGRADECIMENTOS Passados alguns anos de dedicação e esforços ininterruptos, agradeço imensamente a Deus, sem Ele nada seria possível. Agradeço ao professor Fernando Moreira da Silva pela confiança, paciência e pela satisfação de ter trabalhado com ele durante alguns anos da graduação e por ter me mostrado o caminho da pesquisa, sem ele este trabalho não teria chegado aonde chegou. Sou grato a minha progenitora, que mesmo não sabendo da importancia dos estudos me incentivou e incentiva atualmente. Alegro-me pela mulher guerreira e o quão forte ela se fez para criar seus 11 filhos. Agradeço a meu pai Antônio (in memorian) pelos conselhos e por ter me dado a armadura para enfrentar os desafios da vida, a fé em si mesmo e o amor-próprio e aos meus amigos. Agradeço a todos os mestres que passaram em minha vida, tia Luzia, tia Leila, professor José Carlos, Antônio Xixiu, Josivaldo, Josineide Freire, Tarso, Genilson, Andreia Arleide, Marcos Tavares e todos aqueles que me ensinaram a ser como sou hoje, eu. A meus amigos e amigas que juntos me alegraram durante anos, são eles: Genival Porfírio, Helderlane Carneiro, Reeskennedy Diácomo, Dário Trigueiro, Marcelo Pletitsch “neguinho”, Francisco de Assis, Hélder Jorge, David Wilkerson, Thalia Almeida, Anny Karininy, Gilmara Lima, Amanda Marques, e todos que não citei, mas, que sabem que tem um lugar enorme em meu coração. Agradeço ainda a todos os meus familiares, que mesmo não querendo, entenderam as minhas ausências em datas comemorativas, encontros semanais e alguns momentos difíceis. O meu saudoso avô Antônio de “Joca” in memorian, exemplo de homem e pai/avô, enorme são meus agradecimentos pelos ensinamentos e “puxões de orelha”. Agradeço a UFRN pela oportunidade de conhecer a ciência geográfica e dentro dela ter tido a possibilidade de fazer amizades verdadeiras, essas que levarei para toda a minha vida. Na oportunidade, me deparei com alguns anjos, são eles: Maria Josiane (em particular, me ajudou a compreender as nuanças da geografia e me ensinou a buscar mais e mais conhecimento, além de ser minha irmã na vida), José Johnatan (amigo/irmão de jornada), Leandro Lima pelas orientações e discussões acerca da ciência geográfica; Welton Paulo, Paula Caroline, Felipe Tinoco, Érick Jordan, Joselito Júnior, Ésio Medeiros, Harturo Oliveira, Jessica Costa, Priscila Costa, Nadeline Hevelyn, João Arthur, Ruy Pereira, Lucicleide Gabriel, Silvana Florêncio, Thales Augusto, Gal Figueiredo, Diogo Felipe e em especial, a Raimundo Júnior pelos conselhos de irmão. A dona Lígia, amiga da família e que, como uma mãe, me ajudou nas horas que mais precisei, sou eternamente grato. Todos, sem exceção, foram fundamentais para essa conquista e são anjos enviadas por Deus para iluminar meus caminhos e guiar meus passos. Agradeço a PROAE por ter me permitido ser residente no campus Central, no quarto 305 do campus III, piso 3. Foi neste quarto que descobri a graça da Engenharia Química com o sereno Pedro Henrique, a musicalidade da vida com Fernando Batista e as diversas facetas de brincar de ator no mundo (palco) da vida com Sebastião de Sales. Aos amigos, Paulo Victor, Paulo Sérgio (dois em um) e Gustavo. Em especial, meu agradecimento a Sebastião Carlos (Carlinhos) pessoa pela qual tenho uma admiração e apreço sem igual. Vocês representam muito mais do que imaginam em minha vida! Sem palavras, agradeço ao PET de Geografia pela oportunidade de estudar e aperfeiçoar meus conhecimentos acadêmicos e da vida, pelos amigos que fiz: em especial Daniel Nunes, fonte de inspiração e companheirismo, ao amigo Maciel da Paz, Jane Brajelone, Cláudio Fialho, Renata Calixta, Bruno Fernandes, Dyego Rocha, Tatiane Rafaela, Gabriela Lima, Anderson Geová, Lígia Tomaz, Tárcis dos Santos, Felipe Justino e todos os demais, estendo meus sinceros agradecimentos. Por fim, agradeço aos professores do Departamento de Geografia, pelos ensinamentos, pelos conselhos, pela paciência em ensinar esse jovem recém-chegado do campo. Dentre eles, expresso meu afeto pela professora Ione Rodrigues, sem suas orientações acadêmicas, este trabalho não teria tomado forma. Estendo os agradecimentos aos mestres, Marcelo Chaves, Orgival da Nobrega, Edilson de Carvalho, ao professor Alessandro, ao professor Ademir pelo pai que foi nesta caminhada e a todos os demais que me ajudaram a criar um pensamento crítico e um fortalecimento de uma mente cada vez mais geográfica. Amo vocês e obrigado por tudo! RESUMO O presente trabalho objetiva analisar o contexto socioambiental em Pedro Velho – RN, partindo da caracterização geográfica do município, discutindo o espaço urbano e rural, os aspectos físicos e socioeconômicos, bem como seu contexto socioambiental. Como materiais e métodos fez-se necessário um levantamento bibliográfico e trabalho de campo sobre a temática aqui abordada. Os resultados foram apresentados em mapas e relacionados aos aspectos físicos do município, bem como uma análise dos seus aspectos socioeconômicos. A discussão do contexto socioambiental foi de propor medidas mitigadoras aos problemas identificados no trabalho. Os resultados mostraramque há conflito nas questões ambientais envolvendo a produção de resíduos sólidos, a problemática do esgotamento sanitário e a questão do abastecimento de água. Os problemas ambientais requerem atenção por parte da gestão municipal, insta um cuidado também por parte da população, pois, todos são responsáveis pela produção dos resíduos sólidos, utilização dos recursos ambientais e geração de esgoto. PALAVRAS – CHAVE: Aspectos geográficos. Aspectos socioeconômicos. Contexto socioambiental. Resíduos sólidos. ABSTRACT The following paper seeks to analyze the social-environmental context in Pedro Velho – RN, starting from the geographical properties of the municipality, arguing their urban and rural areas and its physical and social-environmental aspects. As resources and methods, it was necessary a bibliographic survey and a fieldwork over the theme. The results were presented in maps and related to the physical aspects of the municipality as well as a study of its social-economic aspects. The discussion of the social- environmental context had the point of proposing attenuating measures in answer to the problems identified during the research. The results showed that there are conflicts around the environmental issues involving the output of solid wastes, the sanitary sewage and the matter of water supply. The environmental problems require the attention of the municipal management; the same applies for the population, since everyone is responsible for the output of solid wastes, use of environmental resources and sewage production. Keywords: geographical properties, social-economical aspects, social-environmental context, solid wastes. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa dos limites municipais de Pedro Velho/RN. ........................................ 17 Figura 2 - Vista panorâmica da cidade de Pedro Velho-RN. ......................................... 18 Figura 3- Mapa climático de Pedro Velho-RN. .............................................................. 24 Figura 4 - Mapa Hidrográfico de Pedro Velho-RN. ....................................................... 26 Figura 5 – Fotografia do “Açude Grande” – Sentido Pedro Velho – Montanhas. ......... 27 Figura 6 – Fotografia do Açude de Zeze – Sentido Pedro Velho – Montanhas. ............ 28 Figura 7 - Mapa de Solos do município de Pedro Velho-RN. ........................................ 30 Figura 8 - Mapa Geológico de Pedro Velho-RN. ........................................................... 32 Figura 9 - Mapa de Topografia de Pedro Velho-RN. ..................................................... 35 Figura 10 – Fotografia de uma pequena fração do relevo de Pedro Velho-RN. ............ 36 Figura 11 - Mapa Unidades Geomorfológicas de Pedro Velho-RN. .............................. 37 Figura 12 - Mapa de Vegetação de Pedro Velho-RN. .................................................... 39 Figura 13 – Fotografia da vegetação semidecidual no município de Pedro velho/RN. . 40 Figura 14 – Fotografia de uma Samaumeira, popularmente conhecida “Pau – Grande”. ........................................................................................................................................ 41 Figura 15 – Fotografia de savana arborizada – Pedro Velho-RN................................... 42 Figura 16 – Fotografia de vegetação de caatinga em Pedro Velho-RN. ........................ 43 Figura 17 – Fotografia de uso do solo por agricultura tipo milho e feijão no município de Pedro velho/RN.......................................................................................................... 44 Figura 18 - Comparação percentual entre população urbana e rural no município de Pedro Velho/RN. ............................................................................................................ 46 Figura 19 – Pirâmide etária da população de Pedro Velho/RN – 2000. ......................... 47 Figura 20 – Pirâmide etária da população de Pedro Velho/RN – 2010. ......................... 47 Figura 21 – População residente de Pedro Velho - 2010. .............................................. 48 Figura 22 – Principais produtos agrícolas produzidos (2000-2010)............................... 50 Figura 23 – Culturas agrícolas produzidas (2000-2010). ............................................... 50 Figura 24 – Produção agropecuária – 2014. ................................................................... 51 Figura 25 – Fotografia da Casa de Farinha no distrito no Alecrim. ............................... 52 Figura 26 – Fotografia da Casa de Farinha no processo de transformação da farinha. .. 52 Figura 27 – Fotografia da Panificadora São Francisco. .................................................. 53 Figura 28 – Fotografia do Material de Construção CMM. ............................................. 54 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924515 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924517 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924518 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924519 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924520 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924521 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924522 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924523 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924524 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924525 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924526 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924527 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924528 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924528 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924529 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924531 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924531 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924532 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924532 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924539 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924540 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924542 Figura 29 – Fotografia da casa Comercial Galvão. ........................................................ 54 Figura 30 – Fotografia da casa Comercial Pereira. ........................................................ 55 Figura 31 – Fotografia do Mercado Público. .................................................................. 56 Figura 32 – Fotografia do Hospital e Maternidade Municipal. ...................................... 57 Figura 33 - Estatística do ensino escolar para o ano 2015 em Pedro velho/RN. ............ 58 Figura 34 – Evolução temporal do ensino pré-escolar (2005 – 2015). ........................... 58 Figura 35 - Evolução temporal do ensino fundamental (2005-2015). ............................ 59 Figura 36 - Evolução temporal do ensino médio (2005-2015)....................................... 59 Figura 37 – Fotografia do Lixão a céu aberto no município de Pedro velho/RN........... 61 Figura 38 – Fotografia do Lixão próximo às residências no município de Pedro velho/RN. ........................................................................................................................ 63 Figura 39 – Fotografia da Estação de tratamento de esgoto - CAERN .......................... 64 Figura 40 - Fotografia da Estação de tratamento de esgoto – Prefeitura ........................ 64 Figura 41 – Fotografia de esgoto sem tratamento no município de Pedro Velho/RN.... 65 Figura 42 - Fotografia do Banco do Brasil. .................................................................... 75 Figura 43 – Fotografia da Caixa Econômica. ................................................................. 75 Figura 44 – Fotografia dos Correios. .............................................................................. 76 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924543 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924544 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924545 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924546 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924547 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924548 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924549 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924550 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924551 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924553 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924554 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924556 file:///C:/Users/Daniel/Desktop/Finais_Monografia/FInal/MONOGRAFIA_QUASE_FINAL.docx%23_Toc485924557 LISTA DE TABELAS Tabela 1– Comparação entre os censos de 2000 e 2010. ............................................... 45 Tabela 2 - Tipos de substâncias extraídas ...................................................................... 55 Tabela 3 - Ensino escolar – 2015................................................................................... 57 LISTA DE SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ASAS – Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul CAERN – Companhia de Águas e Esgotos CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CPRM – Serviço Geológico do Brasil DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FUNASA – Fundação Nacional de Saúde FUNCEME – Fundação Cearence de Meteorologia IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente NBR – Norma Brasileira RN – Rio Grande do Norte SERHID – Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos SRTM - Shuttle Radar topography Mission UBS – Unidade básica de saúde UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte USGS – United States Geological Survey ZCIT – Zona de Convergência Intertropical SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14 2.MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 15 3. ASPECTOS GEOGRÁFICOS DE PEDRO VELHO/RN .............................................. 16 3.1 ESPAÇO URBANO E RURAL DE PEDRO VELHO/RN ............................................... 19 3.2 ASPECTOS FÍSICOS DE PEDRO VELHO/RN ............................................................... 22 3.2.1 Clima ............................................................................................................................... 22 3.2.2 Hidrografia ..................................................................................................................... 25 3.2.3 Solos ................................................................................................................................ 29 3.2.4 Geologia .......................................................................................................................... 31 3.2.5 Geomorfologia ................................................................................................................ 34 3.2.6 Vegetação ........................................................................................................................ 38 4. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DE PEDRO VELHO/RN ................................... 45 4.1 ASPECTOS POPULACIONAIS ....................................................................................... 45 4.2 ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................................. 49 4.2.1 Setor primário ................................................................................................................ 49 4.2.2 Setor secundário ............................................................................................................ 51 4.2.3 Setor terciário ................................................................................................................ 56 5. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEDRO VELHO/RN...................................... 60 5.1 RESÍDUO SÓLIDO: UMA PROBLEMÁTICA A SER LEVANTADA .......................... 60 5.2 ESGOTAMENTO SANITÁRIO: FACES DO (DES) CASO ........................................... 63 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 67 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 68 APÊNDICE ............................................................................................................................. 74 14 1. INTRODUÇÃO Devido ao rápido processo de urbanização, cabe aos gestores dos municípios a compreensão e planejamento da cidade. A pesquisa sobre o município de Pedro Velho/RN, surgiu devido aos problemas socioambientais oriundos do esgotamento sanitário, que apesar de ser realizado em partes, não supre a necessidade da cidade como um todo. Questões relacionadas ao destino dos resíduos sólidos produzidos pelos munícipes, tanto do espaço urbano como no rural, o que gerou discussões acerca da falta de planejamento, bem como as questões ligadas ao abastecimento de água do município. O presente trabalho teve origem a partir da iniciativa em buscar solucionar os problemas aqui elencados, bem como oferecer aos gestores ferramentas de análise geográfica, para que possam utilizar para um melhor planejamento do município. Nesse sentido, buscou-se colaborar através de pesquisas e da produção de conhecimentos, alguns elementos que resultassem em uma melhor gestão municipal. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetivou analisar o contexto socioambiental em Pedro Velho – RN e suas potencialidades a partir da caracterização dos aspectos geográficos do município, discutindo o espaço urbano e rural, bem como a elaboração de mapas relacionados aos aspectos físicos do município, assim como a análise dos aspectos socioeconômicos e por fim, a discussão do contexto socioambiental propondo medidas mitigadorasaos problemas identificados no trabalho. Já os objetivos específicos tiveram a preocupação de descrever os aspectos geográficos e naturais de Pedro Velho, discutir o espaço urbano e rural, elaborar mapas dos aspectos físicos do município, analisar os aspectos socioeconômicos e por fim discutir o contexto socioambiental propondo medidas mitigadoras aos problemas identificados no trabalho. 15 2.MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do trabalho aqui exposto, precisou-se dividi-lo em duas partes. A primeira parte correspondeu a levantamentos bibliográficos que dessem suporte a temática tratada (artigos, monografias, teses, livros e periódicos on-line) bem como a consulta, análise de documentos e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), objetivando melhor compreender o tema em estudo, assim como suas variáveis e inter-relações, pois, a compreensão da geografia do município facilitará uma melhor gestão municipal por parte dos gestores. Para fazer uma análise do contexto socioambiental em Pedro Velho – RN e suas potencialidades utilizou-se a visão integrada, espaço urbano e rural, da paisagem na perspectiva de Bagli (2006); Bispo e Mendes (2012); Carlos (2006); Fonseca (2006) e Ponte (2004). Levou-se em consideração os levantamentos de dados realizados em gabinete e em campo, utilizando cartas topográficas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas e imagens de satélite, tendo como ferramenta de manipulação e modelagem dos dados o software DigitalGlobe obtidas no Google Earth e posteriormente vetorizados no ArcGIS 10.2. Além das imagens de satélite, foram necessários alguns arquivos vetoriais em formato shapefile, estes, obtidos no Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), IBGE e do United States Geological Survey (USGS) e do IBGE. A elaboração cartográfica, foi a respeito do clima, hidrografia, solos, geologia, geomorfologia, topografia e vegetação, que serviram de embasamento para a caracterização geográfica em questão. Já a segunda etapa, constitui-se do trabalho de campo. Esta, foi primordial para a obtenção dos dados primários, bem como a aferição da realidade no que diz respeito aos problemas socioambientais encontrados no município e que serviram de análises para a confecção do presente trabalho. Nesse sentido, foram entrevistados os responsáveis pela CAERN do município, assim como os responsáveis pela secretaria de Meio Ambiente, a fim de obter dados referentes aos resíduos sólidos, ao sistema de esgotamento sanitário do município e o abastecimento de água. Nessa perspectiva, trata-se de um trabalho investigativo, de cunho exploratório e descritivo. 16 3. ASPECTOS GEOGRÁFICOS DE PEDRO VELHO/RN O município de Pedro Velho/RN está localizado na zona litoral oriental, subzona da mata, litoral sul, com altitude de 22 metros acima do nível do mar e distante da capital Natal com cerca de 88km. Limita-se ao Norte com os distritos de Canguaretama e Espírito Santo. Ao Sul, delimita-se com o estado da Paraíba e o município de Montanhas. A Leste com Canguaretama e a oeste, os municípios de Nova Cruz e Montanhas (Figura 1). Esses limites foram estabelecidos pelo Decreto de 24 de maio de 1890, que segundo Fonseca (2006), permanecem os mesmos, com exceção do município de Montanhas, que se emancipou em 1962.Seu geocentro está situado entre 6°27'24.45"S e 35°14'14.96"O. Possuindo uma extensão territorial equivalente a 192,708 km2 e uma população com cerca de 14.114 habitantes, e possui atualmente uma densidade demográfica igual a 73,24 hab./km2, segundo dados do (IBGE, 2010). 17 1 Fonte: IBGE adaptado pelo autor, 2017. 1O mapa apresenta a localização do município de Pedro Velho no Brasil e no Rio Grande do Norte e os limites municipais – 2017. Figura 1 - Mapa dos limites municipais de Pedro Velho/RN. 18 Para ter acesso ao município de Pedro Velho, são necessárias as seguintes vias de acesso: BR-101 ao sul, sentido Natal/João Pessoa, sendo esta a principal. Como secundárias temos a RN-269, que liga a cidade de Montanhas ao sul, e ao norte com a cidade de Canguaretama (IDEMA, 2012) (Figura 1). Figura 2 - Vista panorâmica da cidade de Pedro Velho-RN. Fonte: IDEMA, 2013. Quanto aos aspectos naturais as principais características registradas para o município de Pedro Velho/RN são: vegetação subcaducifólia, com presença de gramíneas, arbustos espaçados e capins. Enquanto os solos são erodidos e profundos, com presença de seixos rolados. Em relação a pluviometria, a ocorrência de chuvas geralmente acontece entre os meses janeiro a agosto, com precipitação média anual de 95,8mm, insolação média de 2.700 horas de luz solar anuais. Tais condições climáticas favorecem para uma umidade relativa média do ar de 76% anual e com temperaturas médias anuais de 32,0 °C (máxima), 21,0 °C (mínima) e com média de 25,6 °C, e um lima tropical chuvoso (IDEMA, 2008). 19 3.1 ESPAÇO URBANO E RURAL DE PEDRO VELHO/RN A discussão do espaço urbano e espaço rural, se sobressai em diversos estudos realizados por Carlos (2007), Sposito (2006), dentre outros autores. Para tanto, o que distingue ambos são as “forças produtivas e a divisão do trabalho determinaram uma organização social e econômica entre cidade e campo, especificando o campo como responsável pela produção agrícola, e a cidade, pela produção industrial, pelo comércio e pelos serviços” (SOUZA, 2013, pág. 37). Contudo, no atual período técnico científico informacional, não existe essa barreira campo x cidade, ou seja, algumas atividades que antes eram tidas como da cidade, como por exemplo as fábricas, desenvolvimento de tecnologias aplicadas a agricultura, na pecuária, hoje já se encontram no espaço rural. Como afirma Ponte (2004), Não se pode mais entender o rural e o urbano a partir de uma perspectiva de divisão social e espacial do trabalho em que as cidades são reconhecidas pela indústria e o campo pela agricultura, o que não é verdadeiro, pois está havendo uma mudança das relações de produção e trabalho em ambos os territórios. Tem-se um rural não mais atrelado essencialmente à produção agropecuária, mas sim, à outras atividades industriais e de serviços. (PONTE, pág. 26). Com isso, ressaltamos um pouco da história do surgimento da cidade. Sua formação surgiu quando uma enchente do rio Curimataú obrigou os ribeirinhos moradores da então vila de cuitezeiras, a se deslocarem a uma região mais elevada e reconstruírem suas vidas. Para isso, Fonseca (2006) relata que O contexto da formação da cidade de Pedro Velho remonta ao novo lugar construído socialmente após a enchente do rio Curimataú e à procura por um chapadão elevado, tendo em vista construir uma nova sociedade [grifo nosso]. (FONSECA, p. 122). Assim, a construção da cidade remete a uma questão de deslocamento, e necessidade de uma população, que diante dessa adversidade natural, migra em busca de melhorias de qualidade de vida. Para se compreender essa dinâmica populacional relacionada a cidade em detrimento ao campo, basta a comparação entre a população total para o município em tela, considerando os dois últimos censos do IBGE. O município detinha no censo de 2000 uma população rural de 7.705 e uma população urbana de 5.813 habitantes, ou seja, uma diferença de 1.892 habitantes. Já no censo de 20 2010 a população rural era de 6.866 habitantes e a população urbana com 7.248, com uma diferença de 382 habitantes. Com esse crescimento da população urbana, a cidade se reinventa para comporta essa demanda, tanto que hoje conta com 3 bairros (Loteamento, Centro e Acampamento). Para além dos bairros, conjuntoshabitacionais foram implantados, em virtude das políticas governamentais de acesso a moradia, princípio básico da constituição brasileira. Um fato curioso é como os conjuntos habitacionais são chamados pela população, por exemplo, Terezinha Torres, Vilma de Farias “(Portelinha)”, José Agripino “(Iraque)”, Novo Bairro “(Cemitério)” e Brasil Novo “(Brogodó)”. Com isso, pode-se denotar um atrativo pelo espaço urbano em detrimento ao espaço rural, isso porque, segundo Carlos (2006) a cidade é “uma reflexão sobre a prática sócio-espacial que diz respeito ao modo pelo qual se realiza a vida na cidade, enquanto formas e momentos de apropriação do espaço como elemento constitutivo da realização da existência humana”. Não distante da configuração do espaço urbano, enquanto categoria de análise da geografia, o espaço rural também apresenta suas particularidades. No seio dessa discussão, cabe destacar que, quando se trata da configuração do espaço rural do município de Pedro Velho, pode-se destacar a presença de dois povoados2 principais (Carnaúba e Cuité), que desempenham papeis importantes no que tange o apoio a cidade, no oferecimento nos quesitos: educação e saúde, aqui elencados como mais importantes. Compreendendo ainda o espaço rural, existe 26 distritos, sendo eles: Alecrim, Arisco, Boa Vista, Bocas, Cajueiro, Campestre, Carnaúba dos Limas, Carnaúba dos Padres, Casaca, Côrte, Cuité, Cuité dos crentes, Estrada Nova, Moreiras, Mucuri, Nova Descoberta, Nova Floresta, Olho D'água, Pau D'óleo, Porteiras de Baixo, Porteiras de Cima, Reta, Rua do Toco, Tamantaduba, Timbó e Três Aroeiras, que juntos somam o equivalente a 6.866 habitantes que compreendem o espaço rural. Além do contingente 2Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de bens de consumo frequente e 2 (dois) dos seguintes serviços ou equipamentos: 1 (um) estabelecimento de ensino de 1º grau em funcionamento regular, 1 (um) posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo religioso de qualquer credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou que não está vinculado a um único proprietário do solo, cujos moradores exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou, mesmo secundárias, na própria localidade ou fora dela (IBGE, 2010). 21 populacional, Bispo e Mendes (2012, pág. 12), revelam que outra maneira de se diferenciar o espaço urbano do espaço rural é através da paisagem. Para essa diferenciação, Bagli (2006) elenca três tipos de paisagens: a) visível; b) sonora; e c) sensível, que apresentam diferencialidades de acordo com a realidade, rural ou urbana que representam. Na paisagem visível, muitas são as características que se combinam para construí-la: tamanhos, aparências formatos e coloridos. A paisagem urbana se caracteriza por aquilo que sobre o solo está construído. Nela, há uma multiplicidade de formas: a) edifícios com poucos ou muitos andares, grandes ou pequenos; b) casas; c) sobrados; d) prédios comerciais e públicos; e) ruas largas ou estreitas; f) avenidas; g) alamedas; h) vielas; i) travessas; j) monumentos; l) obeliscos; m) praças. Tais formas apresentam variedade de tamanho, de cores e de formatos. Delineados geométricos ou não, traçados curvos ou retilíneos. Formas variadas e numerosas que comportam as tantas funções existentes nos espaços urbanos. (BAGLI, pág.101). Diferentemente da paisagem visível, a paisagem sonora mostra os sons que são percebidos na natureza, a) o canto dos pássaros; b) o barulho das águas de um rio ou cachoeira; c) o relinchar dos cavalos entre outros. Na paisagem urbana, a intensa movimentação de pessoas e veículos automotores, concomitantes a conversas, apitos e barulhos de máquinas provocam confusão de sons (BAGLI, 2006, pág. 104). Bagli (2006), ainda acrescenta que, na paisagem urbana, o sensível nos revela o mosaico de cores: nas pinturas dos imóveis ou dos veículos, nas roupas das pessoas que transitam pelas ruas, nos banners e outdoors. Colorido que se ostenta de maneira prodigiosa, esbanjando diversidade nas tonalidades. Colorido que encanta pela variedade, mas que também macula quando se apresenta de maneira excessiva [...]. (2006, pág.103). Com isso, apreende-se que a não exclusão e sim concomitância entre o espaço urbano e espaço rural, faz-se necessária no atual período técnico-científico- informacional, pois, à medida que a sociedade vai evoluindo, urbano e rural tendem a se manterem em constante mutualidade. 22 3.2 ASPECTOS FÍSICOS DE PEDRO VELHO/RN Entender o mundo sempre foi parte essencial da vida humana. Compreender como os aspectos físicos estão relacionados a vida, tornou-os essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Nesse sentido, buscou-se nesse trabalho depreender como o sistema Terra – com seu dinamismo endógeno3 e exógeno4 –, formou o clima, a hidrologia, a geologia, geomorfologia, os solos e a vegetação do município em tela. Segundo (GUERRA), No planeta Terra, as forças geodinâmicas externas e internas interagem para produzir distintas topografias. A interação da litosfera móvel terrestre com os fluidos da atmosfera e hidrosfera guia a formação de uma variada paisagem, única no sistema solar. Nessa condição, as forças exógenas e endógenas derivadas de diferentes fontes de energia modelam a superfície do planeta, numa constante busca de equilíbrios que já monta mais de quatro bilhões de anos. (GUERRA, 2011, p. 51). Neste sentindo, serão apresentadas as principais características dos aspectos físicos do município de Pedro Velho – RN, tais como o clima predominante, a geologia encontrada, a hidrologia, os solos, a vegetação, a geologia e geomorfologia. Valendo ressaltar que o levantamento geológico e geomorfológico do município de Pedro Velho foi realizado de acordo com a litologia presente territorialmente e de como estão relacionados com a vida dos munícipes. 3.2.1 Clima Os fatores climáticos atuantes no município, influenciam diretamente no regime pluviométrico. Em escalas maiores, dois fatores têm relevância; a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), (SILVA et al., 1998). Segundo Melo et.al. (2009), A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é considerada o sistema mais importante gerador de precipitação sobre a região equatorial dos 3 Também chamados agentes internos ou ainda forças subterrâneas, tem origem no calor que permanece no interior da terra e provocam fenômenos como: vulcanismo e tectonismo. 4 São fatores externos a crosta terrestre e que modificam a paisagem, tais como, calor, vento, gravidade, água, gelo, seres biológicos etc. 23 oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, assim como sobre áreas continentais adjacentes. (2009, p. 25). Além da ZCIT, temos alguns fatores que estão associados as chuvas, que se formam devido as condições locais favoráveis (temperatura, relevo e pressão (FUNCEME s/d apud Diniz e Pereira, 2015). Baseando-se em estudos do (IDEMA, 2008), percebeu-se que clima predominante na área territorial de Pedro Velho – RN corresponde ao clima tropical chuvoso, com até 5 meses sem chuvas. As temperaturas médias anuais correspondem a máxima de 32,0 °C, mínima de 21,0 °C e a média anual fica em torno de 26,5 °C, contando também com 2.700 horas de insolação anual e uma umidade relativa do ar com uma média de 76%. Essas condições influenciam diretamente na agricultura, pecuária e o nível pluviométrico dos corpos d’água presentes no município. Na Figura3, pode-se observar que o município de Pedro Velho se encontra na faixa correspondente ao semiúmido5. 5 Clima com chuvas de verão e seca no inverno, apresentando temperaturas médiasque variam de 20ºC a 28ºC. 24 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 3- Mapa climático de Pedro Velho-RN. 25 Apesar dos fatores climáticos supracitados influenciarem diretamente no abastecimento dos corpos d’água, não encontramos no município presença se grandes reservatórios de água. Para tanto, a agricultura e pecuária do município, utilizam a irrigação nos meses que não chove para manter essas atividades funcionando durante o ano todo e assim abastecer o mercado local. 3.2.2 Hidrografia No que diz respeito a hidrografia de Pedro Velho, o município encontra-se com 90,96% do seu território inserido na bacia hidrográfica do rio Curimataú e 9,04% na Bacia Hidrográfica do rio Guajú. Tendo como rios principais Curimataú, Pirari, Limoeiro, Mucuri, Piquiri (IDEMA, 2008). Sendo que este último é um rio perene6 que abastece o município, tornando-se de grande importância para a população, onde este tem sua nascente na divisa entre os municípios de Espírito Santo – RN e Pedro Velho –RN e percorre cerca de 44 quilômetros até desaguar no Oceano Atlântico. Já o rio Curimataú que é um rio intermitente7, nasce na divisa entre os municípios de Cacimba de Dentro –PB e Nova Cruz –RN e percorre cerca de 68 quilômetros até desaguar no Oceano Atlântico. Ainda fazem parte de sua bacia hidrográfica riachos como: travessia; piquiri e piniço pau (IDEMA, 2008). A rede de drenagem que compõem a bacia hidrográfica do município podem ser mais bem observados no mapa hidrográfico (Figura 4). 6 São rios que não secam, mesmo com um longo período de estiagem. 7 São rios que passam boa parte do ano secos, possuindo algum tipo de vasão em tempos de chuva. 26 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 4 - Mapa Hidrográfico de Pedro Velho-RN. 27 Para além dos reservatórios, existem no município cinco (5) poços artesianos perfurados pela Secretaria de Recursos Hídricos (SERHID) e um (1) poço perfurado pelo Serviço Geológico do Brasil (IDEMA, 2008). Além dos rios que banham o município e os poços perfurados, não se apercebe outros reservatórios significantes, o que existe são alguns açudes com capacidades mínimas, que servem de fonte de subsistência dos moradores da zona rural do município, a saber: “o açude Grande” (Figura 5) e o açude de “Zezé” (Figura 6), como são chamados popularmente. Estes corpos d’água estão localizados no sítio Riacho Limpo, estando entre os municípios de Pedro Velho – Montanhas. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Figura 5 – Fotografia do “Açude Grande” – Sentido Pedro Velho – Montanhas. 28 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. A água fornecida pela CAERN, não serve apenas para o consumo diário da população, mas também para as atividades agropecuárias, desde a irrigação, no cultivo de feijão, milho, capim e mandioca, como também na criação de bovinos, caprinos etc. Tais aspectos serão detalhados no capítulo referente aos aspectos socioeconômicos do município. Ainda se tratando do aspecto da hidrologia, vale salientar a importância que os mananciais representam para a população, pois, boa parte dos que moram próximos a eles, sobrevivem da pesca e abastecimento familiar, como é o caso do distrito de Tamantaduba. No entanto, cresce alguns fatores preocupantes que circundam os corpos hídricos do município, a possível poluição devido a presença do lixão a céu aberto próximo ao rio piquiri – manancial que abastece a cidade –, localizado no distrito do Mucuri, bem como, lavagens de carros, animais etc. Tais fatores serão mais bem explorados no capítulo 4, que tange os aspectos socioambientais de Pedro Velho-RN. Figura 6 – Fotografia do Açude de Zezé – Sentido Pedro Velho – Montanhas. 29 3.2.3 Solos Vários sãos os estudos relacionados ao solo8 e ao seu uso. No município de Pedro Velho, segundo a (EMBRAPA, 2007) os tipos de solos encontrados são: Neossolo Quartzarenico9, Latossolo Amarelo10 e Neossolo Flúvico11, uns mais ricos que outros em termos de nutrientes. Podendo ser melhor analisando na Figura 7, que tange sobre os tipos de solos. 8Solo é uma mistura de matéria mineral composta de produtos físicos e químicos provenientes do intemperismo (conjuntos de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e decomposição das rochas (Guerra e Guerra,2011) juntamente com matéria orgânica, oriunda de resíduos mais ou menos decompostos de vegetais e, em menor proporção, por restos e secreções de animais. 9 São solos minerais, derivados de sedimentos arenoquartzosos do Grupo Barreiras do período do Terciário e sedimentos marinhos do período do Holoceno (Silva e Neto, 2011). 10 São solos profundos, de coloração amarelada, muito homogêneos, boa drenagem e baixa fertilidade natural em sua maioria. São cultivados com grande diversidade de lavouras (IBGE, 2015). 11São solos minerais não hidromórficos, oriundos de sedimentos recentes referidos ao período Quaternário (Silva e Neto, 2011). 30 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 7 - Mapa de Solos do município de Pedro Velho-RN. 31 Observando-se o mapa dos solos de Pedro Velho, nota-se que a maior parte do território pedrovelhense é composto pelo Latossolo Amarelo, com materiais argilosos ou areno-argilosos, sendo utilizado para o cultivo de culturas de cana-de-açúcar e pastagens, assim como para cultivo de mandioca. Com as terras agricultáveis, a cultura temporária (feijão verde, mandioca, milho) é a mais predominante, sendo cultivada principalmente nos períodos chuvosos. Vale ressaltar que a cultura permanente também é cultivada por sistema de irrigação ao longo do ano como dito anteriormente. Mesmo para um município que apresenta solos ricos e com alta fertilidade natural, os agricultores utilizam fertilizantes industriais para “melhorar” a qualidade das lavouras, o que gera problemas ambientais de possível contaminação do solo e do lençol freático. 3.2.4 Geologia As formações das rochas dependem diretamente dos processos endógenos e exógenos do planeta. Tais processos movimentam a matéria (rocha) do interior para a superfície terrestre e vice-versa, constituindo o que conhecemos de ciclo das rochas. Com isso, sabe-se que o Rio Grande do Norte (RN) apresenta uma litologia diversificada que vai desde rochas do paleoarqueano (3,6-3,2Ga) até rochas mais recentes do Cenozoico (23,03Ma). Nesse sentido, as rochas encontradas no município estão presentes na Formação Barreiras; Depósitos Aluvionares; Depósitos Coluvio- eluviais; Serrinha – Pedro Velho, Unidade 1; Serrinha – Pedro Velho, Unidade 2 e Serrinha – Pedro Velho, Unidade 3, sendo destacadas as rochas na Figura 8, referente a litologia (ANGELIM et al. 2007). 32 Fonte: CPRM, adaptado pelo autor, 2017. Figura 8 - Mapa Geológico de Pedro Velho-RN. 33 Geologicamente a área do município abrange terrenos pertencentes ao Grupo Barreiras. O grupo Barreiras, de Idade Terciária (7 milhões de anos), é caracterizado por arenitos finos a médios, ou conglomeráticos, com intercalações de siltitos e argilitos, dominantemente associados a sistemas fluviais. Encontra-se também os Depósitos Aluvionares, caracterizado por apresentar material superficial com sedimentos inconsolidados (areia, cascalho e silte). Nos vales dos leitos dos rios Pirari e Curimataú encontram-se Depósitos Aluvionares compostos de areias e cascalhos, com intercalações pelíticas, associados aos sistemas fluviais atuais, formando uma planície fluvial12. Localmente encontra-se os Depósitos colúvio-eluviais, sendo estes compostos por materiais superficiais com sedimentos inconsolidados (areia, argila e conglomerado), que formam solos arenosos inconsolidados,altamente lixiviados e de boa drenagem. Do mesmo modo, temos as Unidades Serrinha – Pedro Velho. Estas foram definidas segundo Santos et.al (2002) apud Angelim et. al. (2006) como complexos Serrinha-Pedro Velho, formados por três associações litológicas (sp1, sp2 e sp3). Segundo Angelim (2006), O Complexo Serrinha-Pedro Velho ocorre no extremo sudeste do Estado do Rio Grande do Norte, encerra as cidades de Serrinha, Nova Cruz e Pedro Velho e estende-se para sul além das fronteiras do território potiguar. Constitui um segmento crustal de alto grau metamórfico formado por migmatitos e ortognaisses diversos. (ANGELIM et. al. 2006, p. 27). O complexo Serrinha-Pedro Velho 1, correspondem a rochas metamórficas (granulito félsico, rocha calcissilicática, migmatito, metatonalito. Enquanto o complexo Serrinha-Pedro Velho 2, correspondem a rochas metamórficas com presença de tipos rochosos de migmatito, ortognaisse granodiorítico. Já o complexo Serrinha-Pedro Velho 3, apresenta rochas metamórficas com tipos rochosos de migmatito e metagranito. (PFALTZGRAFF et al. 2010). 12Área plana resultante da acumulação fluvial sujeita a inundações periódicas (IDEMA, 2008). 34 3.2.5 Geomorfologia Na análise da paisagem, o relevo é fundamental tanto para a geomorfologia, quanto para a própria ciência geográfica. No que se refere a geomorfologia, as feições encontradas no território de Pedro Velho possuem um relevo predominantemente ondulado e com poucas depressões e uma boa drenagem, sendo relativamente raso com altitudes variando de -16 a 694 metros em relação ao nível do mar (Figura 9). 35 Fonte: IDEMA, USGS, adaptado pelo autor, 2017. Figura 9 - Mapa de Topografia de Pedro Velho-RN. 36 Pode-se observar a partir da Figura 9, o município apresenta suas particularidades em termos topográficos, que por sua vez cominam com a rede hidrográfica presente. Tais feições são representadas pelo que é constatado na Figura 10 onde retrata bem as formas do relevo do município. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Ainda nesse limiar, cabe destacar a presença de uma Unidade Geomorfológica diversificada no município, que vão desde a depressão sertaneja a planície de inundação (Figura 11). Figura 10 – Fotografia de uma pequena fração do relevo de Pedro Velho-RN. 37 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 11 - Mapa Unidades Geomorfológicas de Pedro Velho-RN. 38 As depressões encontradas no território pedrovelhense fazem parte da Depressão Sertaneja, onde esta, por sua vez, corresponde a quase todo o município e apresenta formas tabulares. Há ainda tabuleiros, relevo de topo plano e com cobertura vegetal. Encontramos também planície fluviomarinha13. É na planície de inundação fluvial que encontramos ao centro urbano14 da cidade, o que nos remota pensar que em tempos antigos, o rio Curimataú teve suas extensões onde encontramos a zona urbana. Há ainda formas tabulares, relevo de topo plano e com cobertura sedimentar. 3.2.6 Vegetação A vegetação como parte integrada da paisagem, denota uma percepção imediata do observador. Estudá-la torna-se fundamental para a compreensão da relação homem x natureza. Levando em consideração que o homem é um agente modificador da paisagem, seja para a construção de moradias, estradas ou até mesmo campos de futebol, isso faz com que o homem seja, “o principal agente modelador da paisagem, pois nela imprime sua marca retratando como a sociedade local está organizada e quais suas formas de relação com a natureza” (SANTOS, 2004, p. 18). A vegetação assume o papel fundamental como espaço de re(produção) do homem e para o homem. Como pode-se observar na Figura 12 que versa sobre a vegetação do município, existe uma floresta estacional semidecidual15. 13As Planícies Fluviomarinhas do Rio Grande do Norte estão assentadas, geologicamente, sobre a Bacia Sedimentar Potiguar, em área de ocorrência da Formação Barreiras (PFALTZGRAFF, 2010). 14 O centro urbano é preenchido até a sua saturação; ele apodrece ou explode. Às vezes, invertendo seu sentido, ele organiza em torno de si o vazio, a raridade. Com mais frequência, ele supõe e propõe a concentração de tudo o que existe no mundo, na natureza, no cosmos: frutos da terra, produtos da indústria, obras humanas, objetos e instrumentos, atos e situações, signos e símbolos. (Lefèbvre, 1999, p. 46). 15 É constituída por fanerógamos com gemas foliares protegidas da seca por escamas, tem folhas esclerófilas deciduais e a perda de folhas do conjunto florestal (não das espécies). 39 Fonte: IDEMA adaptado pelo autor, 2017. Figura 12 - Mapa de Vegetação de Pedro Velho-RN. 40 A vegetação de floresta estacional semidecidual presente no município (Figura 13), indica as formações de ambientes menos úmidos do que aqueles onde se desenvolve a floresta ombrófila densa. (Araújo Filho, 2010). Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. No município, existe uma árvore que embora não faça parte desse segmento da vegetação, a sumaumeira16, conhecida popularmente como “Pau-grande” (Figura 14), é símbolo do município e representa um dos pontos de turismo ecológico. Isso porque é uma árvore que chama bastante atenção por ser uma árvore exótica (não natural da região) e o seu porte e raízes enormes serem diferentes das árvores endêmicas presentes no território pedrovelhense. 16Samaumeira (do tupi), representa uma grande árvore da família das Bombáceas, de madeira branca, vive em regiões com bastante umidade. O imenso tronco é apoiado em enormes raízes e seus frutos produzem paina, usada para travesseiros e outros estofados domésticos. Figura 13 – Fotografia da vegetação semidecidual no município de Pedro velho/RN. 41 Fonte: trabalho de campo. Janeiro de 2017. De acordo com o mapeamento, também existe no município uma savana arborizada17, caracterizada por uma fisionomia nanofanerofítica rala e outra hemicriptofítica graminoide contínua, sujeito ao fogo anual (Figura 15). 17 Caracteriza-se como sendo uma vegetação xeromorfa, de clima estacional e que reveste solos lixiviados aluminizados. É constituída por vegetação herbácea, intercalada por plantas lenhosas de pequeno porte. Figura 14 – Fotografia de uma Samaumeira, popularmente conhecida “Pau – Grande”. 42 Fonte: Trabalho de campo. Janeiro de 2017. Também é possível identificar a presença de um Contato Savana- Estépica/Floresta Estacional, sendo esta última um termo empregado para tratar da caatinga. A caatinga é um tipo de vegetação característica da região Nordeste. Segundo Rodrigues, representada por um estrato rasteiro, composto por gramíneas, acima do qual emerge arbustos e árvores de porte baixo apresentando cactáceas e bromeliáceas em algumas áreas (RODRIGUES ET AL. 2009, p.453). Porém, esse tipo de vegetação não é tão representativo no município, pois, por estar em uma região climática em que o período de estiagem é de cinco meses, não se propaga tanto essa vegetação. Isso porque a perda das folhagens, dão lugar aos espinhos, característicos de cactos presentes na caatinga, reque um período prolongado sem chuva (Figura 16). Figura 15 – Fotografia de savana arborizada – Pedro Velho-RN. 43 Figura 16 – Fotografia de vegetação de caatinga em Pedro Velho-RN. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Atualmente, a cobertura vegetal em Pedro Velho encontra-se bastante devastada. Um dos fatores que contribuíram para essa degradação é o desmatamento desenfreado por parte dos grandes latifundiários do município, seja para a construção de açudes ou para agricultura em larga escala. Essas atividades representampráticas que degradam o solo e devem ser revistas. Como exemplo temos a agricultura do milho e do feijão (Figura 17). 44 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Em relação as agriculturas plantadas, os agricultores desmatam e queimam as folhagens, o que poluem o ar e consequentemente empobrece o solo, uma vez que, o essencial seria que houvesse a decomposição e não a queima, ou seja, um processo natural. Porém, o tempo é determinante para os agricultores, e dessa forma, a queima acelera o processo para o plantio agrícola. Essas práticas podem ser minimizadas, com ações ambientais que visem a preservação dos recursos naturais do município, bem como a conservação do solo – este utilizado também pela agricultura –, o que melhorará a qualidade de vida dos citadinos. Podem ser realizados trabalhos de naturezas diversas, a começar com ciclos de palestras que visem a preservação dos recursos naturais, para que se possa passar uma visão de que são bens finitos e não infinitos como muitos pensam e de que, uma boa gestão faz toda a diferença. Figura 17 – Fotografia de uso do solo por agricultura tipo milho e feijão no município de Pedro velho/RN. 45 4. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DE PEDRO VELHO/RN 4.1 ASPECTOS POPULACIONAIS Os estudos populacionais são importantes para compreender a dinâmica demográfica da população, seja na escala global, nacional ou na escala local. Não sendo diferente das demais cidades do Brasil, Pedro Velho-RN, geralmente, seguiu a mesma tendência populacional. Tal tendência, mostrava que existia uma tendência da população rural de sobressair em relação a urbana. No entanto, com o passar dos anos, essa diferença foi mudando, como mostram os estudos realizados pelos IBGE. De acordo com o censo demográfico de 2000, a população de Pedro Velho era de 13.522 habitantes, sendo que 5.813 habitavam a zona urbana e 7.705 na zona rural. Já no último censo do ano de 2010, a população total era de 14.114 habitantes, sendo que 7.248 habitavam a zona urbana e 6.866 habitavam a zona rural. Tal diferença é mais bem evidenciada na Tabela 1 e na Figura 18, que tratam sobre uma comparação entre os dois últimos censos realizados pelo IBGE. Tabela 1– Comparação entre os censos de 2000 e 2010. Censo - 2000 Censo - 2010 (%) P o p u la çã o Urbana 5813 Urbana 7.248 19,8% Rural 7705 Rural 6.866 -12,2% Total 13.522 Total 14.114 4,8% Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. 46 Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. Como percebido na Tabela 1 e Figura 18 houve um aumento significativo da população urbana do município em detrimento a população rural. Havendo acréscimo de cerca de 19,8% da população urbana e um decréscimo da população rural em cerca de -12,2%, fato esse que se apercebe nos municípios brasileiros devido ao processo de urbanização, não sendo exclusivo para Pedro Velho – RN. Tal mudança está relacionada ao declínio das atividades agrícolas e um aumento das atividades do setor terciário, além de algumas políticas governamentais, tais informações serão tratadas mais adiante no subcapítulo que versa sobre os aspectos socioeconômicos. No que tange o crescimento total da população do município de Pedro Velho, entre os censos (2000-2010), houve um aumento de cerca de 592 habitantes, totalizando um acréscimo de 4,8% de sua população total. Os dados, podem ser mais bem observados nas figuras19 e 20 das pirâmides etárias, que tratam sobre o crescimento populacional nas diferentes faixas etárias. Figura 18 - Comparação percentual entre população urbana e rural no município de Pedro Velho/RN. 47 Figura 19 – Pirâmide etária da população de Pedro Velho/RN – 2000. Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 20 – Pirâmide etária da população de Pedro Velho/RN – 2010. Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Quando observado as pirâmides etárias do município, constatou-se que a faixa etária que teve maior taxa de crescimento foi a de idosos. No entanto, predomina uma população de crianças, adolescentes e jovens. Ou seja, não houve uma mudança significativa no que diz respeito as faixas etárias. Tal constatação exige com que os 48 gestores do município tenham uma maior preocupação no que tange aos aspectos da saúde pública e principalmente da educação, com investimentos em unidades estudantis que viabilizem uma formação completa desse público. Um dado relevante, diz respeito a percentagem da população residente para o último censo (2010) realizado pelo IBGE, tanto da zona rural como na urbana (Figura 21). Figura 21 – População residente de Pedro Velho - 2010. Fonte: IBGE, 2015. Elaboração do autor, 2017. Como se percebe na Figura 21, é destacada a presença jovens e adultos na faixa etária compreendida entre 25-39 apresentando um total de 22% do total da população residente na área urbana. No que se refere a população rural, temos a mesma faixa etária e com uma pequena diminuição cerca de 21% do total. Pode-se observar, que existe uma tendência de evolução urbana continuar se sobressaindo anos após anos, isso devido ao atrativo que a cidade vem oferecendo aos residentes da zona rural, bem como, a escassez do trabalho no campo. Nesse sentido, cabe destacar que é na cidade que todos os bens utilizados são produzidos, obviamente que provém do campo a matéria prima utilizada na manufatura de produtos agrícolas comercializados na feira livre, como é o caso dos produtos alimentícios de origem não industrializada, feijão, milho, batata-doce, dentre outros produtos. 49 4.2 ASPECTOS ECONÔMICOS A base econômica do município está voltada para o desenvolvimento das atividades ligadas ao setor primário18, secundário19 e terciário20, assim como boa parte dos municípios brasileiros. As atividades do setor primário estão ligadas ao plantio das culturas permanentes21e temporárias22, está primeira cultivada nos por longos períodos, quase o ano todo, enquanto a segunda é cultivada no período de chuva. Enquanto as atividades secundárias, estão ligadas a presença de indústrias no município. Este setor não é tão expressivo no município, no entanto, pode ser representado pelas casas de farinha e pequenas fábricas de confecção de roupas. Já as atividades relacionadas ao setor terciário, temos a presença dos comércios, escolas, hospitais, dentre outros componentes. Ambos os setores serão abordados nos itens que se seguem. 4.2.1 Setor primário As atividades ligadas ao setor primário dizem respeito as culturas permanentes, que são as que não necessitam de um novo plantio durante o ano, significando colheita por quase todo o ano. Destacando-se no município, a banana, castanha de caju, coco da baía, laranja, limão, mamão e manga, como lavouras permanentes. Também se sobressaem as culturas temporárias no município, tais como a batata-doce, a cana-de- açúcar, feijão, mandioca e o milho, segundo dados do (IBGE, 2015). A partir dos dados de produção dos principais produtos agrícolas de Pedro Velho, observou-se que o único cultivo que aumentou, segundo os dados do IPEA (2000-2010) foi o cultivo do feijão, sendo no município comercializado o feijão verde (Figura 22), principalmente na feira do município. 18 São atividades ligadas a exploração da natureza por meio do cultivo da terra, criação de animais etc. 19 São atividades em que a matéria prima é transformada em matérias para uso humano, por exemplo: roupas, alimentos industrializados, casas etc.). 20 São atividades ligadas ao oferecimento de serviços, como por exemplo, na sua maioria são chamados de bens intangíveis, educação, saúde, comércio etc. 21 Culturas de longo ciclo vegetativo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio. 22 Culturas de curta ou média duração, geralmente com ciclo vegetativo inferior a umano, que após a colheita necessita de novo plantio para produzir (IBGE, 2013). 50 Figura 22 – Principais produtos agrícolas produzidos (2000-2010). Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. As demais culturas como: cana-de-açúcar, milho, mandioca, laranja, banana, tiveram queda acentuada, como observado na Figura 23. Figura 23 – Culturas agrícolas produzidas (2000-2010). Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. Um dos fatos que podem ter acarretado esse desequilíbrio na produção agrícola, foi o fato da mão de obra que antes era empregada na agricultura, passou a migrar para o centro da cidade e outra parte para a capital em busca de melhores condições de vida e renda. 51 Tratando-se ainda do setor primário, cabe destacar a importancia que agropecuária assume no município. De acordo com IBGE (2015), existe a criação de bovino, equino, suíno, caprino, ovino e alguns galináceos (Figura 24). Figura 24 – Produção agropecuária – 2014. Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. Pode-se observar que, no ano de 2014, a produção que mais se destacava era a bovina, com cerca de (52%), em seguida vem galináceas (32%), ovino (8%), suíno (4%), ovino e equino com (2%). Boa parte da produção abastece os mercados locais e é vendida na feira livre do município. 4.2.2 Setor secundário O setor secundário do município não é tão expressivo. No entanto, existem algumas casas de farinha que se localizam na zona rural (Figuras 25), onde a população transforma a mandioca (matéria prima) na própria farinha, beiju, goma, bolo preto e outros produtos derivados, que por sua vez são vendidos na feira livre do município. 52 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. O processo de transformação da mandioca em farinha é de forma tradicional (Figura 26), o que exige por parte do produtor um esforço considerável, pois, fica parte do tempo em pé, mexendo a massa da mandioca ralada, para que o produto depois de pronto (farinha) chegue até ao mercado local, abastecendo-o. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Figura 25 – Fotografia da Casa de Farinha no distrito no Alecrim. Figura 26 – Fotografia da Casa de Farinha no processo de transformação da farinha. 53 Ainda se tratando de produção, destaca-se também a cooperativa de confecção de roupas. A cooperativa é recente no município, no entanto, a fabricação de roupas abastece também o mercado local, bem como o mercado de cidades vizinhas. Cabe destacar outra atividade do setor secundário presente no município, que é a indústria de panificação (Figura 27). Figura 27 – Fotografia da Panificadora São Francisco. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. A título de exemplo, mostra-se na figura a Panificadora São Francisco, umas das maiores do município. Esta por sua vez ela abastece o comercio local, com vários produtos, tais como: o pão, bolachas, farinha, bolos etc. Tratando-se ainda do setor secundário, podemos destacar as empresas de material de construção que se encontram no município (Figuras 28, 29 e 30). 54 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. A Figura 28 – Fotografia do Material de Construção CMM. Figura 29 – Fotografia da casa Comercial Galvão. 55 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Essas empresas fornecem os mais variados produtos para a construção civil do município e para cidades vizinhas. Os materiais variam desde fios de cobre, lâmpadas, tijolos a lajes, cimento etc. Apesar de não ser tão expressiva, no município são extraídos alguns bens minerais, onde estes são utilizados na própria cidade e outros por compradores externos. Dentre as principais substâncias encontra-se: areia, argila, calcário, zircão, saibro, ilmenita e rutilo (Tabela 2). Tabela 2 - Tipos de substâncias extraídas Substâncias Tipos de Uso Areia Construção civil Argila Industrial e cerâmica vermelha Calcário Correção de solo e fabricação de cimento Saibro Construção civil Ilmenita Construção civil Zircão Construção civil Rutilo Construção civil Fonte: DNPM, adaptado pelo autor, 2017. Figura 30 – Fotografia da casa Comercial Pereira. 56 De certo modo, pode-se afirmar que, essa atividade é recente no município e que aos poucos vai se inserindo na economia local. Como ressalta (Oliveira, 2015, pág. 39) “O setor da indústria no município de Pedro Velho, não muito forte, como o de serviços e agricultura. A cidade não possui, grandes concentrações industriais”. 4.2.3 Setor terciário O setor terciário representa as atividades ligadas ao oferecimento de serviços, como por exemplo, educação, saúde, comércio etc. O comércio do município é representado pelos supermercados, algumas mercearias, bares, lojas de roupas, restaurantes, lojas de móveis e eletrodomésticos, pousadas, lan houses, lanchonetes e algumas cigarreiras, além do mercado público municipal (Figura 31). Nesses espaços é possível se comprar os itens necessários a manutenção da família pedrovelhense, sendo o caso, os alimentos básicos (arroz, feijão, carne, legumes, dentre outros produtos). Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. No que se refere aos serviços oferecidos, o município dispõe de 1 agência dos Correios, 2 agências da Caixa Econômica Federal, 1 agência do Branco do Brasil. No quesito saúde, tem-se o Hospital e Maternidade de Maria do Carmo Bezerril da Costa (Figura 32), bem como 4 Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde cada uma atende um público específico dentro da área urbana e 3 UBS na área rural. Figura 31 – Fotografia do Mercado Público. 57 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Embora o município disponha das UBS e o hospital, ainda não o suficiente para atender a demanda, o que faz com que a população busque atendimento médico em outros municípios e até mesmo na grande Natal capital do estado. Tratando-se de educação, o município dispõe desde ao ensino pré-escolar até o ensino médio. Mais precisamente existe, cerca de 19 escolas para o ensino pré-escolar; 21 escolas para o ensino fundamental e 2 escolas para o ensino médio (IBGE, 2015). Ainda segundo dados do IBGE (2015), para o ano de 2015, apresentavam-se os seguintes valores para a educação municipal (Tabela 3 e Figura 33): Tabela 3 - Ensino escolar – 2015. Ensino Matrículas Docentes Escolas Ensino pré-escolar 446 36 19 Ensino fundamental 2.310 126 21 Ensino médio 630 25 2 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 32 – Fotografia do Hospital e Maternidade Municipal. 58 Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. Para tanto, cabe destacar que esses números tendem a mudar com o passar dos anos. Tal afirmação é possível se comparado durante os anos de 2005 até o ano de 2015, a relação de matriculados nas escolas do município (Figuras 34, 35 e 36). Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Figura 33 - Estatística do ensino escolar para o ano 2015 em Pedro velho/RN. Figura 34 – Evolução temporal do ensino pré-escolar (2005 – 2015). 59 Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Fonte: IBGE, adaptado pelo autor, 2017. Analisando-se as figuras, pode-se notar que existe uma tendência para a diminuição das matrículas do ensino fundamental em detrimento as matrículas do ensino médio. Não existe preocupação com tal declinação dos números, isso significa que boa parte dos alunos se concentram hoje no ensino médio e não no ensino fundamental. Isso denota uma importância do ensino médio na vida dos jovens pedrovelhenses e que estes, por sua vez almejam ser futuros profissionais. Figura 36 - Evolução temporal do ensino médio (2005-2015). Figura 35 - Evolução temporal do ensino fundamental (2005-2015). 60 5. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEDRO VELHO/RN O contexto socioambientalem que o município está inserido vai além da utilização dos bens materiais para o desenvolvimento da sociedade pedrovelhense. Os desafios encontrados residem na queima do resíduo sólido urbano e rural, bem como, o problema em relação ao esgotamento sanitário que não suprem todas as necessidades do município, e para além, também se insere nesta conjuntura a presença do balneário que fica a jusante da estação de capitação de água que abastece o espaço urbano e rural do município. Para que se compreenda cada desafio aqui exposto, faz-se necessários alguns apontamentos. 5.1 RESÍDUO SÓLIDO: UMA PROBLEMÁTICA A SER LEVANTADA Na sociedade atual, é impossível desassociar a produção de resíduo sólido23, pois, o crescimento da população está diretamente ligado ao consumo, o que de imediato remete-nos a produção desses resíduos. Como afirma (PINHEIRO, 2000, p. 2) “a partir do momento que os seres humanos deixam a vida nômade convivendo, inicialmente, em tribos, depois em cidades, passaram a ter problemas com a produção de resíduos”. O município em tela, não foge a dura realidade dos pequenos municípios do interior do estado, neles não existem aterro sanitário24, o que já dificulta o gerenciamento desses resíduos. No entanto, existe em Pedro Velho/RN um lixão a céu aberto (Figura37) que fica no distrito do Mucuri. 23 Segundo a (NBR 10004/2004, pág. 7) resíduo sólido é definido como “resíduos no estado sólido e semi-sólido resultante de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição lodos provenientes dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isto soluções técnicas e economicamente viáveis em face da melhor tecnologia disponível”. 24 Segundo a NBR 8419/1992, p. 1) aterro sanitário é uma “Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário”. 61 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Como se observado na imagem, os resíduos sólidos ficam dispostos de forma aleatória e sem nenhuma preocupação em separá-los. Diversos são os materiais presentes no lixão (garrafas pet, sacos plásticos, colchões, sofás velhos etc.). No entanto, não se pôde observar um acúmulo considerável, levando-se em consideração que o munícipio existe a 127 anos. Um fato que gera contradição diz respeito a coleta dos resíduos sólidos no espaço rural. Segundo o Secretário de Meio Ambiente, já acontece de forma periódica, ele não especificou a periodicidade em entrevista. Conquanto, vale salientar que, parte da população desconhece o destino dos seus resíduos, outros nem sabem que existe um lixão, muito menos a sua localização. Para tanto, vale salientar que todo o resíduo sólido segundo o Secretário de Meio Ambiente do município, “é queimado”. Tal medida é tomada para que seu volume seja constantemente diminuído. Ainda nesse contexto, pode-se afirmar que existe a poluição do solo, uma vez que, sendo um lixão a céu aberto e não um aterro sanitário, não há Figura 37 – Fotografia do Lixão a céu aberto no município de Pedro velho/RN. 62 proteção do solo e o chorume produzido pela decomposição dos resíduos, possivelmente está poluindo o lençol freático. Nessa perspectiva, uma solução seria uma parceria entre os municípios vizinhos de Pedro Velho, para que juntos, visassem a construção de um aterro sanitário para comportar todos os resíduos sólidos produzidos por cada cidade. Essa ação conjunta, faz parte da gestão integrada desses resíduos, que por sua vez, fazem parte da Lei Federal nº 12.305/2010 e no seu art. 3º ressalta que o gerenciamento dos resíduos seria um, conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. Para isso, será necessário um estudo do solo da região, bem como as características hidrológicas e climáticas, para que seja escolhida uma melhor área para instalação do aterro, contendo uma distância mínima de 200 metros de qualquer coleção hídrica ou curso de água, inibindo a ação de vetores de doenças (mosquitos, baratas, ratos etc.). Essa preocupação surge da premissa de que, o lixão hoje, encontra-se em uma localidade próxima a residências (Figura 38), fazendo com que, possíveis doenças acometidas por estes vetores venham a acontecer, tais como: dengue, leptospirose, malária, dentre outras. 63 Figura 38 – Fotografia do Lixão próximo às residências no município de Pedro velho/RN. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Ainda no tocante da discussão sobre os problemas ambientais, um outro fator que merece destaque diz respeito ao sistema de esgotamento sanitário municipal. 5.2 ESGOTAMENTO SANITÁRIO: FACES DO (DES) CASO Quando se trata de esgotamento sanitário25, observou-se no município que existe duas estações de tratamento dos efluentes domésticos. Segundo o responsável pela CAERN do município, quando perguntado se existia esgotamento sanitário, ele respondeu: “sim, temos aqui, duas estações de tratamento, sendo que a cidade é dividida em duas partes, uma tomada de conta pela prefeitura e outra pela CAERN, onde a da CAERN existe a lagoa de tratamento (Figura 39), e a da prefeitura não está operando mais (Figura 40). 25 Segundo a Lei 11.445/07, esgotamento sanitário “é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente”. 64 Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Segundo informações do Chefe de Escritório, a CAERN “faz todo o trabalho de tratamento e depois lança no rio Curimataú”. Ao contrário da estação gerida pela prefeitura, que, segundo a imagem, mostra o verdadeiro descaso, abandono. Vale salientar esta situação vem desde as administrações passadas, ou seja, a despreocupação com o destino dos efluentes não existe no agora, e sim, de outrora. Na Figura 40 – Fotografia da Estação de tratamento de esgoto - CAERN Figura 39 - Fotografia da Estação de tratamento de esgoto – Prefeitura 65 entrevista com o responsável pela CAERN, ele desconhecia o destino dos efluentes da outra estação de tratamento gerida pela prefeitura. Em campo, constatou-se que, todo os efluentes recebidos de parte da cidade, seguem “in natura” para o rio, sem nenhum tipo de tratamento (Figura 41). Figura 41 – Fotografia de esgoto sem tratamento no município de Pedro Velho/RN. Fonte: Trabalho de campo, janeiro de 2017. Fotos do autor. Como observado, existem duas estações de tratamento, a CAERN administra 50% dos efluentes da cidade (compreendendo bairros centrais) e os outros 50% são de bairros periféricos que poluem o manancial que é muito importante para os agricultores que ficam a jusante dessa estação de tratamento. Esse problema requer urgência, pois, segundo a (Resolução CONAMA 430/ 2011, pág.1), “Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições,
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