Buscar

ROTEIRO I (1)

Prévia do material em texto

_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
 
QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 
 
ROTEIRO I 
 
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
- Em sentido jurídico, as questões e os processos incidentes são 
questões e procedimentos secundários que surgem ao longo do processo 
principal, interferindo neste de tal forma que devem ser solucionados pelo 
juiz antes da decisão da causa principal. 
- Reclamam uma solução prévia 
Subdividem-se em: 
a) Questões prejudiciais: resolução prévia, pois são ligadas ao 
mérito da questão principal (CPP, arts. 92 a 94); 
b) Processos incidentes em sentido estrito: relacionados ao 
processo - podem ser resolvidos pelo próprio juízo criminal. 
Compreendem as exceções (CPP, arts. 95 a 111), as 
incompatibilidades e impedimentos (CPP, art. 112), o conflito de 
competência (CPP, art. 113 a 117), a restituição de coisas apreendidas 
(CPP, arts. 118 a 124), as medidas assecuratórias (CPP, arts. 125 a 144), 
o incidente de falsidade (CPP, arts. 145 a 148) e o incidente de insanidade 
mental do acusado (CPP, arts. 149 a 154). 
- Em regra estes processos incidentes devem tramitar em autos 
apartados (para não comprometer o curso normal do processo principal). 
Importante: Questões incidentais devem, portanto, incidir no 
processo, ou seja, surgir entre o marco inicial (denúncia ou queixa) 
e o marco final (sentença) do processo. 
 
 EXCEÇÕES 
Introdução 
- O acusado pode exercer sua defesa de modo direto (alegações 
quanto elementos constitutivos do crime) - mérito 
 - Impugnação contra o processo (objetivo de extinguir, modificar, 
impedir ou retardar o exercício da ação penal) - defesa indireta; 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
Exceção: mecanismo processual por meio do qual o acusado 
exerce a defesa indireta, provocando a apreciação de matéria que 
pode levar à extinção da ação ou ao retardamento de seu exercício. 
- As exceções classificam-se em: 
I - Dilatórias – não extinguem o processo - procrastinam seu 
desenvolvimento. 
Exs: exceção de suspeição e de incompetência; 
II - Peremptórias - se procedentes, determinam a extinção do 
processo. 
Exs: exceção de coisa julgada e de litispendência. 
- O art. 95 do Código de Processo Penal prevê cinco modalidades 
de exceção: 
1) suspeição; 
2) incompetência de juízo; 
3) litispendência; 
4) ilegitimidade de parte; 
5) coisa julgada. 
 
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO 
 - Tem caráter dilatório e em regra tem como intuito afastar o juiz 
do processo. 
- Tratam-se de fatos e circunstâncias capazes de afetar a 
imparcialidade do julgador; 
- Motivos ensejadores estão elencados no art. 254 do CPP. 
Obs: A pessoa em face de quem se alega uma exceção é 
denominada de excepto. 
- Podem ser exceptos: os magistrados (art. 98, CPP); os membros 
do MP (art. 104, CPP); os peritos, intérpretes, funcionários da justiça e 
serventuários (art. 105) e os jurados (artigos 448 e 449, CPP). 
Obs: A autoridade policial nunca assume a condição de excepto, 
nos termos do art. 107 do CPP. 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
- Delegado entendendo-se suspeito ou impedido, poderá declarar-
se ex officio - Se não o fizer caberá recurso administrativo ao Chefe de 
Polícia. 
Obs: A exceção de suspeição é prioritária em relação às demais (art. 
96 do CPP) - eventuais outras exceções serão apreciadas por juiz isento. 
 
ARGUIÇÃO 
- O juiz, espontaneamente, declara-se suspeito, indicando o motivo 
legal (art. 97) - Essa decisão é irrecorrível 
- O autor e o acusado poderão arguir a suspeição do juiz - por meio 
de petição assinada pela parte ou por procurador com poderes especiais 
(art. 98, do CPP). 
 Esta exceção deve ser proposta por meio de petição fundamentada, 
acompanhada de prova documental e do rol de testemunhas, caso 
necessário. 
- Momento para argüição: 
Ministério Público - no oferecimento da denúncia – regra; 
Acusado - no prazo da resposta escrita (causa superveniente - 
arguir a suspeição na primeira oportunidade em que se manifestar nos 
autos) – regra. 
Importante: Se as razões da suspeição decorrerem de fato 
superveniente, o ingresso da exceção poderá ocorrer a qualquer tempo, 
mesmo descobrindo-se, em momento posterior à sentença, que o juiz 
que conduziu o processo era suspeito. 
Poderá a parte prejudicada buscar a anulação de todos os atos 
praticados por ele e dos que lhe foram decorrência ou consequência por 
meio de preliminar de recurso, se ainda não transitada em julgado a 
sentença, se houve o trânsito em julgado a parte poderá utilizar o habeas 
corpus ou revisão criminal. 
Exceção poderá ser arguida na fase inquisitorial? 
Ex: Providências cautelares; 
 
PROCEDIMENTO 
1º - Recebida a exceção - pode o juiz acolhê-la de plano (art. 
99): 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
- Sustará a marcha do processo; 
- Juntará aos autos a petição e documentos que a instruem; 
- Fará despacho nos autos declarando a suspeição; 
- Determinará a remessa do feito ao substituto. 
Obs: Em regra os atos anteriores não serão anulados (presunção 
de boa-fé); 
E se a parte observar que já sofreu prejuízos por conta da 
parcialidade? 
HC; MS ou Apelação futura; 
 
2º - Juiz rejeita a argüição (art. 100): 
- Determinará a autuação em apartado; 
- Em 3 dias, oferecerá resposta; 
- Remete os autos, no prazo de 24 horas, ao Tribunal de Justiça; 
 - Julgamento pelo tribunal: 
- Tribunal rejeita liminarmente a arguição se considerá-la 
manifestamente improcedente (art. 100, § 2º, do CPP). 
- Doutro lado considerando relevantes os fundamentos da argüição 
- determinará a citação das partes e designará data para oitiva de 
testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais 
alegações (art. 100, § 1º, do CPP). 
Efeitos 
 - Argüição procedente: 
- Processo será encaminhado ao substituto legal do excepto, 
declarando-se nulos os atos processuais praticados (arts. 101 e 564, I, 
do CPP) 
Obs: Erro inescusável do juiz - sanção de pagamento das custas 
referentes ao processamento da exceção. 
- Argüição rejeitada: 
- Devolução dos autos ao juiz excepto 
Obs: Evidente malícia do excipiente (imposição de multa). 
 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
 
 
 
 
- Na suspeição de magistrado aos ministros, desembargadores e 
juízes que oficiam em tribunais, aplicam-se as regras relativas à 
abstenção e recusa dos juízes de primeiro grau de jurisdição (art. 103 do 
CPP). 
 Impedimento e incompatibilidade 
- Será regulado pelo mesmo procedimento estabelecido para a 
exceção de suspeição (art. 112, fine). 
 - Diferenças entre as situações: 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
Suspeição: vínculo subjetivo do julgador com qualquer das partes 
(v.g. amizade íntima) (art. 254); 
Impedimento: razões de ordem objetiva ex: fato de estar atuando 
no feito, como advogada, cônjuge do juiz. (art. 252); 
Incompatibilidade: CPP não definiu tais situações, doutrina 
considera como causas de incompatibilidade todas aquelas hipóteses 
que, não classificadas como impedimento ou suspeição, que reflitam na 
imparcialidade do juiz. Ex: foro íntimo; 
 
Suspeição do membro do Ministério Público 
- Deverá abster-se, espontaneamente, de oficiar em processo em 
que seja suspeito. 
- Se não o fizer – a parte irá argüir a suspeição do membro do 
Ministério Público: 
I - Juiz do processo ouvirá o promotor; 
II - Colherá as provas; 
III - Julgará a exceção no prazo de 3 dias (art. 104 do CPP). 
Obs: Juiz não poderá arguir, de ofício, a suspeição do órgão do 
Ministério Público. 
IV - Acolhida a exceção - substituto legal 
Obs: Alguns doutrinadores entendem que a própria instituição 
(MP) deve deliberar sobre a exceção – órgão possui autonomia. 
Obs: Não serão invalidados os atos do qual participou o órgão 
suspeito, já que se cuida de hipótese de nulidade relativa, cuja decretação 
pressupõe a demonstração de prejuízo; 
 
Suspeição de peritos, intérpretes e de servidores da Justiça 
- Podem se abster espontaneamente; 
- Poderão ser recusados por qualquer das partes; 
Obs: Deve ocorrer a indicação dos motivos legais (art. 254 do CPP 
c/c art. 280, 281 e 274) e (art. 252 c/c art. 112), e instruir suas alegações 
com as provas necessárias. 
Obs: Provas deverão acompanhar a argüição (não poderá requerer 
produção de provas); 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
Obs: Ouvido o excepto, o juiz decidirá de plano, sendo esta decisão 
irrecorrível. 
 
Suspeição de jurado 
- Deve ser alegada oralmente (art. 106 do CPP) imediatamente após 
a leitura da cédula com o nome do juiz leigo (art. 468 do CPP). 
Obs: Juiz fará o sorteio dos sete jurados que deverão compor o 
conselho de sentença. 
- Defesa e acusação poderão recusar, cada qual, imotivadamente, 
até três jurados (art. 468 do CPP). 
- Recusas em número superior deverão ser motivadas - dessas 
recusas motivadas por razões de suspeição ou impedimento que 
trata o art. 106; 
- Juiz deverá ouvir o jurado que se quer afastar e decidirá de plano, 
à luz de eventuais provas que o interessado apresentar. 
Aceita a recusa - jurado será dispensado pelo juiz-presidente. 
Não aceita/comprovada a suspeição - ele participará do conselho 
de sentença, salvo se, em relação a ele, for ainda possível a realização de 
recusa injustificada (três facultadas em lei) 
Obs: A decisão, acolhendo ou rejeitando a arguição, é irrecorrível. 
 
Suspeição da autoridade policial 
- Não se pode opor suspeição às autoridades policiais nos autos do 
inquérito, 
- Porém, o delegado de polícia tem o dever de declarar-se suspeito 
(art. 107 do CPP); 
Obs: Se não o fizer poderá sofrer sanções disciplinares. 
- E se o delegado não se declarar suspeito? 
 Parte interessada solicita o seu afastamento da ao Chefe de Polícia 
Civil 
- Feito isso designará outro delegado para o prosseguimento das 
investigações. 
 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO 
- Diz a Constituição Federal que ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII). 
 - Objetiva a prevalência das regras que definem qual órgão 
jurisdicional deve julgar determinada causa. 
- Tem caráter dilatório - provoca a remessa do processo a outro 
órgão e, não ocasiona a extinção do feito. 
- Art. 111 – exceções serão processadas em autos apartados (regra); 
Obs: Competência relativa (ratione loci) ou absoluta (ratione 
materiae ou ratione personae); 
- Juiz sabe a delimitação de sua própria competência - deve 
declarar, de ofício, sua incompetência (art. 109 do CPP). 
 
Arguição de incompetência 
- Se o juiz não declarar sua incompetência - defesa poderá opor 
exceção, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa (art. 108, CPP). 
Importante – Momento para argüição: 
- Incompetência relativa – primeira defesa (resposta escrita; 
defesa preliminar) inobservância desse momento torna a faculdade 
preclusa - ocorre a prorrogação da competência do juízo pelo qual tramita 
o feito. 
- Incompetência absoluta - poderá ser alegada a qualquer tempo; 
(preliminar de resposta escrita; memoriais ou alegações orais). 
Obs: A incompetência absoluta independe de exceção 
Obs: Pelo teor do art. 108 do CPP, a exceção de incompetência 
somente poderia ser oposta pela defesa. Porém, doutrina e jurisprudência 
também têm admitido que a parte acusadora possa arguir a 
incompetência do órgão jurisdicional mesmo antes do oferecimento da 
peça acusatória. 
Procedimento 
- Recebida a exceção – juiz ouvirá o MP (se ele não for o propositor). 
- O incidente não implica suspensão do processo principal, que 
mantém sua tramitação normal. 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
 
_____________________________________________________________________________________ 
Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
I - Julgada procedente a exceção - remeterá o processo ao juízo 
que entende competente. 
Obs: O art. 567 do Código prevê que “a incompetência do juízo 
anula somente os atos decisórios”. 
Obs: Jurisprudência do STF vem admitindo a ratificação dos atos 
decisórios, desimportando, para tanto, se praticados por órgão 
jurisdicional absoluta ou relativamente incompetente. 
II - Se julgada improcedente a exceção - o processo continuará 
tramitando no juízo de origem. 
Recursos 
- Da decisão que reconhece a incompetência do juízo cabe recurso 
em sentido estrito (art. 581, II, do CPP). 
Obs: Ainda que haja interposição desse recurso, o juiz deve 
encaminhar imediatamente os autos ao órgão que entende competente, 
pois o recurso processa-se por instrumento (art. 583 do CPP) e não tem 
efeito suspensivo (art. 584 do CPP). 
- Rejeitada a exceção - a impetração de habeas corpus ou 
preliminar de futura apelação. 
 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br

Continue navegando