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_____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br ROTEIRO III INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO - Art. 149 do Código de Processo Penal; - Havendo dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará a instauração do incidente para submetê-lo a exame médico - legal. - A verificação do estado de saúde mental do acusado é de fundamental importância, seja para aferir a capacidade de culpabilidade do acusado (imputabilidade), seja para o próprio prosseguimento do processo penal. - Se constatado que o acusado era, ao tempo da conduta delituosa, incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado (CP, art. 26, caput) - será reconhecida sua inimputabilidade com a consequente aplicação de medida de segurança por meio de sentença absolutória imprópria (CPP, art. 386, parágrafo único, III). - Se os problemas de saúde mental do acusado vierem à tona durante o curso da persecução penal, e não à época do crime - o processo penal deverá permanecer suspenso até que o acusado se restabeleça ou até que ocorra a prescrição (CPP, art.152). OBS: É necessário que haja dúvida fundada sobre a capacidade mental do acusado, não bastando requerimento injustificado ou fundado em meras suposições. Obs: Os tribunais têm rechaçado haver cerceamento de defesa no indeferimento da providência, dentre outras hipóteses, quando o requerimento baseia-se em: 1- Atestado médico que faz menção a tratamento de saúde mental, mas não afirma a incapacidade do agente para entender o caráter ilícito da conduta; 2- Quando se funda em meras alegações, prestadas no interrogatório pelo réu, de que teria sido vítima de abuso sexual na infância, ou, 3- Ainda, quando decorre de mera alegação do réu de que é dependente de drogas. mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br _____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br Obs: É necessário verificar o estado de saúde mental do acusado no momento da ação ou omissão (art. 26, caput, do CP), sendo assim não é possível que a realização do exame médico-legal seja substituída pela juntada de laudo médico referente a outra ação penal ou a procedimento administrativo, nem, tampouco, por prova de que o réu fora previamente interditado. Obs: A incapacidade civil não autoriza o trancamento ou a suspensão da ação penal. Obs: Decisão do juiz sobre instaurar ou não o incidente é irrecorrível, mas pode ensejar a impetração de habeas corpus (se manifestamente ilegal). Oportunidade e legitimidade - O incidente pode ser instaurado, sempre por determinação judicial, em qualquer fase da investigação ou do processo. (Art. 149, §1º, CPP) - Importante: Supremo Tribunal Federal tem entendido que a arguição tardia afasta a obrigatoriedade da providência: “A jurisprudência deste Supremo Tribunal é firme no sentido de ser inadmissível a instauração de incidente de insanidade mental em sede de apelação se a defesa permaneceu inerte ao longo da instrução criminal, não estando o juiz obrigado a determiná-la, notadamente quando a alegada insanidade se contrapõe ao conjunto probatório. Precedentes” (HC 105.763/MG — 1ª Turma — Rel. Min. Cármen Lúcia — DJe 01.06.2011). - Porém, a jurisprudência tem admitido a instauração do incidente quando já interposta apelação na hipótese de surgir dúvida razoável a respeito da integridade mental do réu. Nesse caso, caberá ao tribunal, ao apreciar o recurso, converter o julgamento em diligência para que, em Primeiro Grau, seja instaurado o incidente de insanidade mental. O incidente pode ser instaurado: a) pelo juiz, de ofício (art. 149, caput, do CPP); b) a requerimento do Ministério Público (art. 149, caput, do CPP); c) a requerimento do defensor, de ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado (art. 149, caput, do CPP); d) na fase do inquérito, por representação da autoridade policial (art. 149, § 1º, do CPP). mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br _____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br Obs: Na visão da 2ª Turma do STF, o incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que houver resistência da defesa à sua realização. Processamento - Após a instauração do incidente, o juiz determinará a autuação em apartado do procedimento, e nomeará curador ao indiciado ou acusado, podendo o encargo recair sobre o próprio defensor. - No momento da instauração, o juiz determinará a suspensão da ação penal até a conclusão do incidente. - Sendo instaurado na fase de inquérito, este tramitará normalmente. - Juiz nomeará um perito oficial para realização do exame, na falta nomeará duas pessoas idôneas portadoras de diploma de curso superior, após notificará as partes, para oferecimento de quesitos. - Durante o período em que o processo principal permanecer suspenso, serão realizadas apenas as diligências inadiáveis e imprescindíveis; Importante: O art. 149, § 2°, do CPP, prevê a suspensão do processo, e nada diz acerca da prescrição, que não tem seu curso suspenso ou interrompido em virtude da instauração do incidente de insanidade mental. Obs: Se o acusado estiver respondendo a vários processos criminais relacionados a infrações penais distintas, deve haver a instauração de incidente de insanidade mental em cada um dos processos, mesmo que os crimes tenham sido praticados na mesma época, sendo vedada a utilização em um processo de exame de insanidade mental produzido em outro a título de prova emprestada. Obs: Na jurisprudência, tem prevalecido o entendimento de que, quando a defesa der causa à instauração do procedimento, não se caracterizará o constrangimento ilegal por excesso de prazo de prisão para a formação da culpa: “É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a verificação da ocorrência de excesso de prazo para formação da culpa não decorre da simples soma dos prazos processuais, devendo ser examinadas as peculiaridades de cada caso, sempre observado o princípio da razoabilidade. Não há como se considerar a possibilidade de relaxamento da prisão, tendo em mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br _____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br consideração as especificidades da hipótese em exame, pois o excesso de prazo não foi causado pelo Magistrado ou pelo Ministério Público, mas, sim, pela própria defesa, em virtude da instauração de incidente de insanidade mental por ela requerido. Logo, a morosidade processual decorrente de pedidos da defesa vai ao encontro do entendimento sumulado desta Corte Superior de Justiça, segundo a qual ‘não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa’ (Súmula n. 64/STJ)” (STJ — RHC 38.671/RJ — 5ª Turma — Min. Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do TJ/SE) — julgado em 27.08.2013 — DJe 13.09.2013). - Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação,ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. - Art. 150, caput, CPP; - O exame deve ser realizado no prazo de 45 dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior prazo, situação em que poderá o juiz prorrogá-lo (art. 150, § 1º, do CPP). - Apresentado o laudo pericial pelo perito oficial, dele terão vista as partes, oportunidade em que poderão apresentar quesitos suplementares ou até mesmo a oitiva do expert para esclarecer o exame de insanidade mental. Obs: A autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo em caso de omissão, obscuridade ou irregularidade. Obs: O juiz também poderá ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente (CPP, art. 181, parágrafo único). - Se não houver controvérsia sobre o laudo, será homologado pelo juiz, e os autos principais retomarão seu curso normal. - Quando os peritos apresentarem o laudo, o juiz determinará o apensamento do incidente ao processo principal (art. 153 do CPP). Obs: O juiz não proferirá decisão no incidente acerca da responsabilidade ou irresponsabilidade do indiciado ou acusado, já que tal matéria deve ser objeto da sentença a ser lançada nos autos da ação penal. Importante: O juiz, assim como os jurados, não está vinculado à conclusão pericial, podendo aceitá-la ou rejeitá-la, no todo ou em parte, nos termos do art. 182 do CPP. mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br _____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br Prosseguimento do processo principal após o incidente. - Se o réu for considerado imputável - o processo principal terá normal tramitação; - Se os peritos concluírem por sua inimputabilidade ou pela semi-imputabilidade ao tempo da conduta - a ação penal seguirá em seus ulteriores termos com intervenção necessária do curador, a quem cumprirá acompanhar os atos processuais (art. 151 do CPP). - Se houver conclusão de que a doença mental sobreveio à infração - o processo continuará suspenso, aguardando o restabelecimento do acusado ou a ocorrência da prescrição. Obs: Nessa hipótese, poderá o juiz ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário, desde que presentes os requisitos para a aplicação da medida cautelar pessoal prevista no art. 319, VII, do Código de Processo Penal. Sentença - Se houver sentença reconhecendo a inimputabilidade à época da infração (medida de segurança); Duração da medida de segurança - Súmula 527 do STJ: ''O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado; STF: Continua com o entendimento que já sustenta há vários anos, no sentido de que a medida de segurança fica jungida ao período máximo previsto no art. 75 do Código Penal em relação ao cumprimento da pena privativa de liberdade. - Se na sentença o juiz estiver convencido que o indivíduo era semi- imputável (art. 26, p. único, CP) à época do fato deve proferir sentença condenatória, fazendo incidir a causa de diminuição de pena de 1 (um) a 2/3 (dois terços) – excepcionalmente esta pena poderá ser convertida em medida de segurança, nos termos do art. 98 do Código Penal. Execução da pena - Se a doença ou perturbação mental sobrevier no curso da execução da pena privativa de liberdade, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público ou da autoridade administrativa, mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br _____________________________________________________________________________________ Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br determinar a substituição da pena por medida de segurança (art. 183 da LEP). Obs: Insanidade mental do réu arguida em plenário do júri: Impõe-se ao juiz-presidente dissolver o Conselho de Sentença, instaurar o incidente de insanidade e, depois de realizada a perícia e homologado o respectivo laudo, sendo designado novo julgamento pelo Tribunal do Júri. mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
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