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Prisões: Conceito e Espécies

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Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
 
PRISÕES 
ROTEIRO IV 
 
 
■ INTRODUÇÃO 
CONCEITO DE PRISÃO E SEU FUNDAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
- A palavra “prisão" origina-se do latim prensíone, que significa 
prender. 
- Na nossa legislação o termo "prisão" é encontrado indicando a 
pena privativa de liberdade (detenção, reclusão, prisão simples), a 
captura em decorrência de mandado judicial ou flagrante delito, ou, 
ainda, a custódia, consistente no recolhimento de alguém ao cárcere, e, 
por fim, o próprio estabelecimento em que o preso fica segregado (CF, art. 
5°, inciso LXVI; CPP, art. 288, caput). 
 
ESPÉCIES DE PRISÃO 
No ordenamento jurídico pátrio há, fundamentalmente, 3 (três) 
espécies de prisão: 
a) Prisão extrapenal: tem como subespécies a prisão civil e a 
prisão militar; 
b) Prisão penal, também conhecida como prisão pena ou pena: é 
aquela que decorre de sentença condenatória com trânsito em julgado. 
(regimes fechado, semiaberto e aberto); 
Obs: Os Tribunais Superiores não admitem a execução provisória 
após um acórdão condenatório proferido por Tribunal de 2ª instância; 
c) Prisão cautelar, provisória, processual ou sem pena: tem 
como subespécies a prisão em flagrante*, a prisão preventiva e a prisão 
temporária. 
- Art. 283, caput, do CPP - Ninguém poderá ser preso senão em 
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude 
de condenação criminal transitada em julgado. - Redação dada pela Lei 
nº 13.964, de 2019. 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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■ PRISÃO EM FLAGRANTE 
- Modalidade de prisão processual expressamente prevista no art. 
5º, LXI, da Constituição Federal, e regulamentada nos arts. 301 a 310 
do Código de Processo Penal. 
- A expressão flagrante deriva do latim 'flagrare '(queimar), e 
'flagrans' (ardente, brilhante, resplandecente), que significa acalorado, 
evidente, notório, visível, manifesto. 
- Em linguagem jurídica, flagrante seria uma característica do 
delito, é a infração que está queimando, ou seja, que está sendo cometida 
ou acabou de sê-lo, autorizando-se a prisão do agente mesmo sem 
autorização judicial em virtude da certeza visual, é um mecanismo de 
autodefesa da própria sociedade. 
■ FUNÇÕES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
A prisão em flagrante tem as seguintes funções: 
a) Evitar a fuga do infrator; 
b) Auxiliar na colheita de elementos informativos; 
c) Impedir a consumação do delito, no caso em que a infração está 
sendo praticada (CPP, art. 302, inciso I); 
d) Preservar a integridade física do preso, diante da comoção que 
alguns crimes provocam na população, evitando-se, assim, possível 
linchamento. 
Obs: A prisão em flagrante, por si só, não autoriza que o agente 
permaneça preso ao longo de todo o processo (Lei nº 12.403/11). 
MUDANÇA PACOTE ANTICRIME - Art. 310 do CPP prevê que ao 
receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá 
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu 
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro 
do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá 
fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; 
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando 
presentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP, e se revelarem 
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inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da 
prisão; ou 
III- conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 
■ FASES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
- Na sistemática do CPP, o flagrante se divide em quatro momentos 
distintos: captura, condução coercitiva, lavratura do auto de prisão em 
flagrante e recolhimento à prisão ou arbitramento de fiança. 
- Em virtude de certos dispositivos legais, não se imporá 
prisão em flagrante: 
a) Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a 
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança 
(Lei n° 9.099/95, art. 69, parágrafo único); 
b) Tratando-se da conduta de porte de drogas para consumo 
pessoal, ou posse de planta tóxica para extração de droga com o escopo 
de consumo pessoal, não se imporá prisão em flagrante – será lavrado 
TCO; 
Obs: Se, todavia, o agente se recusar a comparecer imediatamente 
ao Juizado ou a assumir o compromisso de a ele comparecer, deve a 
autoridade policial proceder à lavratura do auto de prisão em flagrante; 
c) O CTB em seu art. 301, caput prevê que: ao condutor de veículo, 
nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a 
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral 
socorro àquela. 
 
Autoridade coatora na prisão em flagrante - Impetração de 
habeas corpus. 
1- A autoridade coatora é o delegado de polícia - habeas corpus 
deve ser impetrado perante um juiz de 1º grau. 
2- A partir do momento em que o juiz é comunicado da prisão em 
flagrante, quedando-se inerte, seja quanto ao relaxamento da prisão 
ilegal, seja quanto à concessão da liberdade provisória, transforma-se em 
autoridade coatora, devendo o habeas corpus ser dirigido ao respectivo 
Tribunal. 
■ Hipóteses/Espécies de prisão em flagrante 
■ Flagrante próprio ou real 
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- Sob tal denominação estão abrangidas as hipóteses dos incisos I 
e II do art. 302 do CPP. 
Inciso I — Considera -se em flagrante delito quem está 
cometendo a infração penal. 
- Trata-se de situação em que o sujeito é visto durante a realização 
dos atos executórios da infração penal ou colaborando para sua 
concretização. 
Exemplo: Aquele que for visto efetuando os disparos contra a vítima 
do homicídio ou apontando a arma para a vítima do roubo. 
Obs: O partícipe deve estar em situação flagrancial para ser preso 
também. 
Ex.: Em um dia João incentiva Paulo a matar Antonio. Dias depois, 
Paulo é preso matando a vítima. O envolvimento de João é punível, mas 
sua participação ocorreu dias antes e ele não pode ser preso em flagrante. 
Situação peculiar - Ex: Policiais que prendam alguém em 
flagrante por crime de receptação por estar com um carro roubado 
em sua garagem. 
Observem que esse alguém não estava realizando qualquer dos 
atos executórios do art. 180 do Código Penal — adquirir, receber, 
ocultar, conduzir ou transportar. - guardar o carro na própria 
garagem não constitui ocultação. 
Ao contrário, a prisão seria considerada correta se o agente 
tivesse sido flagrado dirigindo o carro roubado, pois uma das 
condutas típicas previstas é exatamente a de “conduzir” veículo de 
origem ilícita. 
 
Inciso II — Considera-se em flagrante delito quem acaba de 
cometer a infração.- Nesta modalidade o sujeito é encontrado ainda no local dos 
fatos, imediatamente após encerrar os atos de execução do delito. 
Obs: É evidente, todavia, a necessidade de indícios veementes de 
que a pessoa encontrada no local é a autora do delito, já que pode se 
tratar de pessoa que chegou ao local após a fuga do criminoso. 
Ex: A prisão será possível, se a pessoa que estava ao lado da vítima 
morta estiver na posse da arma usada no crime, ou se os vizinhos 
disserem aos policiais que ninguém saiu ou entrou da residência após o 
crime ou até mesmo se a pessoa confessar ter sido a autora dos disparos. 
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■ Flagrante impróprio, imperfeito ou quase flagrante 
- De acordo com o art. 302, III, do CPP, considera-se em flagrante 
delito quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido 
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor 
da infração. 
- Nessa modalidade de prisão em flagrante a ideia é que o agente já 
tenha deixado o local do crime, após a realização de atos executórios, e 
que seja perseguido. 
- Tal perseguição pode se dar por parte da autoridade (policiais civis 
ou militares), do ofendido (vítima) ou de qualquer outra pessoa. 
Ex.: Mulher coloca sua bolsa sobre um balcão para efetuar o 
pagamento das compras e o ladrão rapidamente pega a bolsa e sai 
correndo, porém, um segurança da loja corre atrás e, após persegui-lo 
por algumas quadras, consegue alcançá-lo e prendê-lo. 
Obs: Não é necessário que a perseguição tenha se iniciado de 
imediato - O próprio texto legal esclarece ser também possível o flagrante 
impróprio quando a perseguição se inicia logo após o agente deixar o local 
dos fatos. 
Obs: A expressão “logo após” abrange o tempo necessário para que 
a polícia seja acionada, compareça ao local, tome informações acerca das 
características físicas dos autores do crime e da direção por eles tomada, 
e saia no encalço destes. 
Importante: Uma vez iniciada a perseguição logo após a prática 
do crime, não existe prazo para sua efetivação, desde que referida 
perseguição seja ininterrupta - pode durar vários dias, desde que os 
policiais estejam o tempo todo em diligências, no encalço dos 
criminosos; 
Importante: Inexiste o prazo de 24 horas para a efetivação da 
prisão em flagrante conforme a regra popular, se a perseguição é 
ininterrupta não há prazo. - O que existe na lei é um prazo de 24 horas 
para a lavratura do auto de prisão após esta ter se efetivado (art. 306, § 
1º). 
- O CPP, em seu art. 290, § 1º, cuida de esclarecer quando o 
executor está em perseguição ao autor do delito; 
Obs: Nessas hipóteses de perseguição, a prisão pode ser efetuada 
em qualquer local onde o capturando for encontrado, ainda que em outro 
Estado da federação, em sua casa ou em casa alheia (CPP, art. 290, caput, 
c/c art 293, caput, ele art. 294, caput). 
 
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■ Flagrante presumido ou ficto 
- Nos termos do art. 302, IV, do CPP, considera -se ainda em 
flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, 
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da 
infração. 
- Nessa modalidade, o sujeito não é perseguido, mas localizado, 
ainda que casualmente, na posse das coisas mencionadas na lei, de 
modo que a situação fática leve à conclusão de que ele é autor do delito. 
Exemplo: Quando alguém rouba um carro e, algumas horas depois 
é parado em uma blitz de rotina da polícia que constata a ocorrência do 
roubo e, levado a delegacia ou pelotão a vítima o reconhece; 
- O alcance da expressão “logo depois” deve ser analisado no caso 
concreto, com razoabilidade para não desvirtuar a prisão em flagrante. 
- Em termos jurisprudenciais é possível verificar que têm sido 
plenamente aceitas as prisões ocorridas várias horas após o crime - 
Casos como nos de homicídio, já se admitiu o flagrante ficto até no dia 
seguinte ao do crime; 
Vejamos: “não há falar em nulidade da prisão em questão, pois, 
apesar das peculiaridades do caso, restou configurada a hipótese 
prevista no art. 302, IV, do CPP, que trata do flagrante presumido. A 
expressão ‘logo depois’ admite interpretação elástica, havendo 
maior margem na apreciação do elemento cronológico, quando o 
agente é encontrado em circunstâncias suspeitas, aptas, diante de 
indícios, a autorizar a presunção de ser ele autor de delito, 
estendendo o prazo a várias horas, inclusive ao repouso noturno até 
o dia seguinte, se for o caso” (STJ — RHC 7.622 — 6ª Turma — Rel. 
Min. Fernando Gonçalves — DJU 08.09.1998 — p. 118 -119), 
- A doutrina e a jurisprudência criaram várias outras 
denominações para se referir a situações específicas que envolvem a 
questão do flagrante para definir se são ou não válidas. 
■ Flagrante provocado, preparado, crime de ensaio ou delito de 
experiência; 
- Nessa espécie de flagrante, agentes provocadores (que podem 
ser da autoridade, vítima etc.) induzem ou instigam alguém a praticar 
um suposto delito com objetivo de prendê-lo em flagrante, tomando, ao 
mesmo tempo, providências para que se torne impossível sua 
consumação. 
Ex: Suponha-se que, após prender o traficante de uma pequena 
cidade, e com ele apreender seu computador pessoal no qual consta um 
cronograma de distribuição de drogas, a autoridade policial passe a 
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efetuar ligações aos usuários, simulando uma venda de droga. Os 
usuários comparecem, então, ao local marcado, efetuando o pagamento 
pela aquisição da droga. Alguns minutos depois, são presos por agentes 
policias que se encontravam à paisana, sendo responsabilizados pela 
prática do crime do art. 28 da Lei no 11.343/06 – (crime impossível) 
Ex: Policial se torna amigo de determinado assaltante de banco e o 
instiga a furtar determinada agência bancária com intuito de 
posteriormente efetuar sua prisão em flagrante - apesar de o assaltante 
ter demonstrado sua má -fé ao aceitar tomar parte no roubo, em 
verdade, deverá ser solto — o flagrante deve ser relaxado — pois não 
houve efetivo ilícito penal, já que tudo não passou de uma encenação 
por parte dos policiais, desconhecida do investigado. 
- Em tais casos o flagrante é nulo por ter sido preparado por agente 
provocador - Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal: “não há crime, 
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação”. Trata -se de hipótese de crime impossível, que não é 
punível nos termos do art. 17 do Código Penal. 
Importante: Quando policiais disfarçados compram algumas 
doses da droga que estavam no bolso do traficante a prisão em 
flagrante é considerada legal em razão de peculiaridades do tipo 
penal do crime de tráfico (art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006) - 
referido delito possui inúmeras condutas típicas; 
Na situação em análise, a venda da droga constituiu encenação, 
porém ele tinha anteriormente a droga em seu poder para fim de 
tráfico (crime permanente), o que torna legal a prisão em flagrante. 
Caso os policiais se aproximem de um usuário que não tem 
drogas em seu poder e o convençam a ir até o traficante pegar um 
pouco de drogas para vender a eles, estamosdiante de flagrante 
provocado. 
■ Flagrante esperado 
- Flagrante esperado é uma forma de flagrante válido e regular, 
no qual agentes da autoridade, cientes, por qualquer razão (em geral 
notícia anônima), de que um crime poderá ser cometido em determinado 
local e horário, sem que tenha havido qualquer preparação ou 
induzimento, deixam que o suspeito atue, ficando à espreita para 
prendê-lo em flagrante no momento da execução do delito. 
Exemplo: Mediante uma interceptação telefônica autorizada 
judicialmente, descobre a autoridade policial que determinado navio 
atracará ao porto com grande carga de drogas camuflada em forma de 
mercadorias lícitas. Chegando a embarcação e iniciado o 
descarregamento, aproximam-se os policiais e, constatando a veracidade 
da informação, procedem à voz de prisão aos traficantes. 
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- Note-se que em tal caso não há qualquer farsa ou induzimento, 
apenas aguarda-se a prática do delito no local. 
■ Flagrante forjado 
- Trata-se de hipótese de flagrante nulo, que deve ser relaxado, 
porque foram criadas provas de um delito inexistente exatamente para 
viabilizar a prisão. 
- O autor da farsa deve responder por crime de denunciação 
caluniosa e também por abuso de autoridade se for funcionário público. 
Exemplos: 
a) Policiais colocam droga no carro de alguém para prendê-lo por 
crime de tráfico; 
b) Pessoa coloca pertences na bolsa de outrem e aciona a polícia 
dizendo que foi furtada e convence os policiais a revistar todos os 
presentes, de tal forma que os policiais encontrem os bens e dão voz de 
prisão ao inocente. 
■ Flagrante retardado 
- A ação controlada consiste no retardamento da intervenção 
policial, que deve ocorrer no momento mais oportuno do ponto de vista 
da investigação criminal ou da colheita de provas. Também conhecida 
como flagrante prorrogado, retardado ou diferido. 
- Está atualmente regulamentado no art. 8º da Lei n. 12.850/2013 
– Lei das organizações criminosas; 
- Tem previsão também no art. 53, II, da Lei n. 11.343/2006 (Lei 
de Drogas), que permite a “não atuação policial sobre os portadores de 
drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua 
produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de 
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações 
de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível”. 
- Em suma, o flagrante retardado, também chamado de diferido, 
consiste em atrasar o momento da prisão, mantendo acompanhamento 
sobre os criminosos, para que se consigam melhores provas contra os 
envolvidos em organizações criminosas ou tráfico de drogas. 
 
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FLAGRANTE 
PROVOCADO 
■ Alguém é 
induzido a 
cometer uma 
infração, ao 
mesmo tempo 
que o indutor 
toma 
providências 
para prendê-lo, 
inviabilizando a 
consumação do 
delito. 
 
FLAGRANTE 
ESPERADO 
■ Policiais 
tomam 
conhecimento 
de que um delito 
será praticado 
em determinado 
local e para lá se 
dirigem, 
aguardando o 
momento da 
execução para 
prender o 
agente em 
flagrante. 
 
FLAGRANTE 
FORJADO 
■ Quando são 
criadas provas 
de um crime 
inexistente 
apenas para se 
prender alguém 
em flagrante. 
 
FLAGRANTE 
RETARDADO 
■ Consiste em 
aguardar 
melhor 
momento para 
efetuar a prisão 
em crimes 
praticados por 
organizações 
criminosas ou 
no tráfico de 
drogas, a fim de 
obter mais 
provas ou 
identificar 
maior número 
de criminosos. 
 
■ É nulo por ser 
o fato 
considerado 
atípico, nos 
termos da 
Súmula n. 145 
do 
STF. 
 
■ É válido. 
 
■ É nulo e os 
responsáveis 
cometem crime. 
 
■ É válido, nos 
termos das Leis 
n. 
12.850/2013 e 
11.343/2006. 
 
 
■ Apresentação espontânea do agente 
- Se o autor do delito não foi preso no local da infração e não está 
sendo perseguido, sua apresentação espontânea perante o delegado de 
polícia impede sua prisão em flagrante, já que a situação não se 
enquadra em nenhuma das quatro hipóteses de flagrância elencadas no 
art. 302 do CPP, devendo o infrator ser liberado após sua oitiva. 
Obs: Se, todavia, a autoridade policial entender necessário, em 
razão da gravidade do delito ou para viabilizar a investigação, poderá 
representar para que o juiz decrete a prisão preventiva ou a temporária. 
 
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■ Sujeito ativo do flagrante 
- Art. 301 do CPP – dispõe que: 
1- Qualquer do povo pode prender quem se encontre em flagrante 
delito (flagrante facultativo); 
 2- Enquanto as autoridades policiais e seus agentes têm o dever 
de efetuar a prisão em flagrante. (flagrante obrigatório) 
■ Sujeito passivo 
- Em regra, qualquer pessoa que se encontre em uma das situações 
elencadas no art. 302 do Código de Processo Penal pode ser presa em 
flagrante. 
- Algumas importantes exceções: 
 a) Presidente da República 
- Não pode ser preso em flagrante por mais grave que seja o 
crime praticado, ainda que na presença de diversas pessoas. - art. 86, 
§ 3º, CF 
- Chefe do Executivo pode ser preso após sentença condenatória 
transitada em julgado. 
b) Deputados Federais e Senadores 
- Só podem ser presos em flagrante pela prática de crime 
inafiançável, sendo que, nas 24 horas seguintes, os autos serão 
remetidos à respectiva Casa (Câmara ou Senado), para que esta, pelo voto 
da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão, podendo até mesmo 
soltar o infrator. 
c) Deputados Estaduais 
- O art. 27, § 1º, da CF diz que se aplicam a eles as mesmas regras 
atinentes aos Deputados Federais no que concerne às imunidades. 
- Os Deputados Estaduais também só podem ser presos em 
flagrante por crime inafiançável, devendo os autos ser encaminhados, 
em 24 horas, à Assembléia Legislativa para que decida sobre a prisão. 
d) Membros do Poder Judiciário e do Ministério Público 
- Também só podem ser presos em flagrante em caso de prática de 
crime considerado inafiançável. 
e) Advogados 
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- O art. 7º, § 3º, da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB) diz que o 
advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de 
exercício da profissão, em caso de crime inafiançável. 
- Se o crime não for cometido no desempenho da profissão, será 
plenamente possível a prisão em flagrante, aplicando-se as regras 
comuns do Código de Processo Penal. 
f) Diplomatas estrangeiros 
- Em razão da Convenção de Viena de 1961 sobre Relações 
Diplomáticas, ratificada pelo Decreto n. 56.435/65, os agentes 
diplomáticos, como os Embaixadores, não podem ser objeto de nenhuma 
forma de prisão (art. 29 da Convenção). 
g) Menores de idade 
- Os menores de 18 anos são inimputáveis, não se sujeitam às 
regras prisionais do Código de Processo Penal. 
h) Inimputáveis em razão de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
- Podem ser presos em flagranteporque se sujeitam às regras do 
Código de Processo Penal para eventual aplicação de medida de 
segurança. 
i) Eleitor 
- O art. 236, caput, da Lei n. 4.737/65 (Código Eleitoral) dispõe que 
nenhuma autoridade poderá prender o eleitor nos cinco dias que 
antecedem as eleições, até quarenta e oito horas após o encerramento 
da votação, salvo na hipótese de flagrante delito ou em virtude de 
sentença condenatória por crime inafiançável. 
j) Membros das mesas receptoras e fiscais de partido 
- Quando estiverem no desempenho de suas funções no dia das 
eleições e da respectiva apuração, só poderão ser presos em situação 
de flagrância (art. 236, § 1º, do Código Eleitoral). 
k) Candidatos 
- Nos quinze dias que antecedem as eleições, o candidato só pode 
ser preso em flagrante. Nenhuma outra forma de prisão pode ser 
cumprida nesse período. 
 
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