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ROTEIRO VI

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Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
 
PRISÕES 
ROTEIRO VI 
 
PRISÃO PREVENTIVA 
 
- Trata-se de modalidade de prisão cautelar decretada em qualquer 
fase da investigação policial ou do processo penal, exclusivamente pelo 
juiz de direito, mediante representação da autoridade policial ou 
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, 
quando presentes os requisitos expressamente previstos em lei – Art. 311, 
CPP. 
- Nessa nova redação introduzida pela Lei 13.964/19, foi retirada 
a decretação de ofício pelo juiz. 
- Pressupõe a coexistência do fumus commissi delicti e do periculum 
libertatis. 
 Fumus commissi delicti - exigência de que o fato investigado seja 
criminoso, bem como da existência de indícios de autoria e prova da 
materialidade da infração em apuração (no processo civil é o fumus boni 
júris). 
Periculum libertatis - risco de que a liberdade do agente venha a 
causar prejuízo à segurança social, à eficácia das investigações 
policiais/apuração criminal e à execução de eventual sentença 
condenatória – Art. 312, CPP – parte final (perigo gerado pelo estado de 
liberdade do imputado). 
- Embasamento constitucional (art. 5º, LXI) – admite-se antes do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, a prisão por ordem escrita 
e fundamentada da autoridade judiciária competente (além da prisão 
em flagrante). 
- Trata-se de medida excepcional, por isso a decisão deve ser 
suficientemente fundamentada em uma das hipóteses legais, não 
bastando ao juiz, por exemplo, dizer, genericamente, que aquele tipo de 
crime é grave. 
- A insuficiência da fundamentação dará causa à revogação da 
prisão por meio de habeas corpus interposto em prol do acusado. 
Art. 312, § 2º: A decisão que decretar a prisão preventiva deve 
ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência 
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concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a 
aplicação da medida adotada. 
Obs: A carência de fundamentação é causa de nulidade da 
decisão nos termos do art. 564, V do CPP – incluído pela Lei 
13.964/19. 
Obs: Princípio da atualidade ou contemporaneidade – 
utilização da preventiva para situação fática atual, obstaculizando a 
utilização de fatos pretéritos. 
- Art. 315, §1º e §2º 
- Essa exigência existe para que as decisões possam ser 
controladas, de forma a ser avaliado o fundamento que embasa a 
decisão judicial. 
- Além disso, a fundamentação é essencial para permitir a 
ampla defesa, já que o prejudicado pela decisão deve saber 
exatamente os motivos que levaram o Juiz a proferir a decisão, a fim 
de que possa atacá-la. 
- Para fundamentar uma decisão, não basta reproduzir o texto 
jurídico, necessita demonstrar por qual motivo aquele texto jurídico 
incidiu sobre aquele caso concreto. 
- Não é permitido que se utilize de decisão de outros casos, a 
decisão é personalíssima. 
- O magistrado deverá dizer o motivo de rejeitar os argumentos 
levantados pelas partes e que vão de encontro com a decisão. 
- Não pode também o magistrado invocar um precedente, 
enunciado ou súmula sem fazer o devido cotejo analítico, mostrando que 
o verbete utilizado se ajusta ao caso concreto. 
- Quando a parte demonstrar um verbete ou jurisprudência, deverá 
o magistrado fundamentar informando o motivo daquela súmula, 
jurisprudência ou precedente não se amoldar ao caso concreto e por isso 
não o adotou. 
Obs: A prisão preventiva não viola a garantia constitucional da 
presunção de inocência. Afinal, não se trata de pena, mas de uma 
segregação com objetivos nitidamente processuais. 
■ Oportunidade de decretação da preventiva 
- Após as alterações trazidas pela Lei n. 12.403/2011, a decretação 
da prisão preventiva pode se verificar em três situações: 
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a) Quando o autor da infração tiver sido preso em flagrante e o 
juiz, ao receber a cópia do auto no prazo de 24 horas da prisão, 
convertê-la em preventiva. 
Obs: O Juiz só decretará a prisão preventiva se concluir que são 
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão, 
previstas nos arts. 319 e 320 do CPP. 
b) Quando o autor da infração não tiver sido preso em flagrante, 
mas as circunstâncias do caso concreto demonstrarem sua 
necessidade. 
Obs: O juiz não pode decretar a prisão de ofício durante as 
investigações policiais, apenas se houver requerimento da acusação ou 
representação da autoridade policial. 
Obs: Durante o tramitar da ação penal a decretação pode se dar 
em razão de requerimento de Ministério Público, do querelante ou do 
assistente de acusação – vedada a decretação de ofício. 
c) Quando o acusado descumprir, injustificadamente, medida 
cautelar diversa da prisão anteriormente imposta. 
Obs: O descumprimento da medida justificará a substituição por 
outra, a cumulação de medidas ou, em último caso, a decretação da 
prisão preventiva (art. 282, § 4º, do CPP). 
■ Pressupostos 
- Só é possível a prisão preventiva se, no caso concreto, houver 
indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do crime. 
■ Fundamentos 
- Refere-se aos motivos (às razões de fato) que autorizam o juiz a 
decretar a prisão preventiva; 
- De acordo com o art. 312 e seu §1º, pode ela ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da 
instrução criminal, para assegurar a aplicação da lei penal ou em caso 
de descumprimento das obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares. 
- Garantia da ordem pública (art. 312, caput, do CPP) 
- Não é interpretada literalmente no sentido de estar a sociedade 
em pânico ou promovendo arruaças em razão de determinado crime. 
- Entende-se justificável a prisão preventiva para a garantia da 
ordem pública quando a permanência do acusado em liberdade, pela sua 
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elevada periculosidade, importar intranquilidade social em razão do 
justificado receio de que volte a delinquir. 
Obs: O clamor público provocado por determinado delito, 
geralmente explorado à exaustão por certos órgãos da imprensa, não 
justifica, por si só, a decretação da preventiva. 
Obs: A orientação do STF, tem sido que a mera afirmação de 
gravidade do crime e de clamor social, de per si, não são suficientes para 
fundamentar a constrição cautelar, sob pena de transformar o acusado 
em instrumento para a satisfação do anseio coletivo pela resposta penal. 
- Garantia da ordem econômica (art. 312, caput, do CPP) 
- Trata-se de prisão decretada a fim de coibir graves crimes contra 
a ordem tributária (arts. 1º a 3º da Lei n. 8.137/90), o sistema 
financeiro (Lei n. 7.492/86), a ordem econômica (Lei n. 8.176/91; arts. 
4º a 6º da Lei n. 8.137/90) etc. 
- São os crimes de “colarinho branco” de grande repercussão que 
podem gerar prejuízos disseminados a investidores da bolsa de valores, 
a instituições financeiras e até mesmo aos órgãos do Governo. 
- Conveniênciada instrução criminal (art. 312, caput, do CPP) 
- Imprescindibilidade da segregação do agente para que a instrução 
criminal se desenvolva regularmente. 
- É decretada, por exemplo, quando o agente, em liberdade, 
ameaça testemunhas ou a vítima para que prestem depoimento favorável 
a ele em juízo, etc. 
- Também se decreta a preventiva com base nesse fundamento 
quando o réu está forjando provas em seu favor (pagou para alguém 
confessar o crime que ele cometeu, por exemplo) ou destruindo provas 
que existem em seu desfavor etc. 
- Sendo a custódia decretada unicamente com base no fundamento 
in examen, uma vez esgotada a instrução, não há mais razões para que 
subsista o decreto, impondo-se a revogação, 
- Garantia da futura aplicação da lei penal (art. 312, caput, do 
CPP) 
- Baseia-se na existência de indícios de que o acusado está prestes 
a se evadir ou de que já fugiu para furtar-se ao cumprimento da pena 
em caso de condenação. 
Ex.: Réu que se esconde para não ser citado dando causa à 
suspensão do processo, nos termos do art. 366 do CPP, ou réu acusado 
de homicídio que alugou avião para fugir do país etc. 
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- Descumprimento de obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares (art. 312, §1°, do CPP) 
- Suponha-se que o juiz proíba o acusado de manter contato com 
determinada pessoa relacionada ao fato criminoso (art. 319, III, do CPP) 
e ele, em liberdade, descumpra a medida; 
- Ou que o juiz determine o monitoramento eletrônico do réu e ele 
destrua a tornozeleira eletrônica. 
Art. 282, §4º: No caso de descumprimento de qualquer das 
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério 
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a 
prisão preventiva (...) – Novidade Lei nº 13.964, de 2019. 
Importante - Primariedade, bons antecedentes, residência e 
emprego fixo. 
- A lei não prevê nenhum desses fatores como causa impeditiva da 
prisão (por si só), se, por outro lado, estiver presente algum dos 
fundamentos autorizadores da decretação. 
- É de ressalvar, por sua vez, que, se ausentes os motivos 
autorizadores da prisão, não poderá ela ser decretada apenas com o 
fundamento de que o réu é morador de rua ou está desempregado. 
■ Condições de admissibilidade 
- O art. 313 do CPP esclarece que não basta a presença de um dos 
fundamentos da prisão preventiva, só podendo ela ser decretada em 
determinadas espécies de infração penal ou sob certas circunstâncias. 
São as chamadas condições de admissibilidade, só permite a 
preventiva: 
I — Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de 
liberdade máxima superior a 4 anos. 
- São inúmeros os crimes que estão nesta faixa como o homicídio, 
o furto qualificado, o aborto sem consentimento da gestante, a lesão 
corporal de natureza grave, o roubo, a extorsão, a extorsão mediante 
sequestro, o estelionato, a receptação qualificada, o estupro, a 
falsificação de documento público, a concussão, a corrupção passiva e a 
ativa, a tortura, o tráfico de drogas etc. 
Obs: Leva-se em conta as qualificadoras, causas de aumento e 
diminuição de pena, bem como o concurso de crimes para calcular a pena 
máxima do delito. 
Obs: Exclui na redação crimes culposos e contravenções. 
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II — Se o réu ostentar condenação anterior definitiva por outro 
crime doloso no prazo de 5 anos da reincidência. 
- Ainda que se trate de crime com pena máxima não superior a 
quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se o réu for 
reincidente em crime doloso e o magistrado entende que, por tal razão, 
ele coloca em risco a ordem pública pela considerável possibilidade de 
tornar a delinquir. 
III — Se o crime envolver violência doméstica ou familiar 
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa 
deficiente, quando houver necessidade de garantir a execução de 
medidas protetivas de urgência. 
- É irrelevante, nesta modalidade de custódia, a pena máxima 
cominada ao crime. 
Exemplos de medidas protetivas: suspensão do direito à posse de 
arma de fogo, afastamento do lar, proibição de aproximação da vítima, 
seus familiares ou testemunhas, restrição ou suspensão de visitas aos 
dependentes menores etc. 
IV - Hipótese de dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou 
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la 
(art. 313, §1º, do CPP) 
- O art. 313, §1º, do CPP possibilita, ainda, a prisão preventiva, 
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando 
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o 
preso ser imediatamente solto tão logo seja obtida a identificação. 
Obs: No artigo 313 houve a inclusão do parágrafo segundo, que 
também veio consolidar jurisprudência dominante dos tribunais. A 
prisão provisória não possui caráter de antecipação de pena. Tampouco 
o fato de ter investigação gerará obrigatoriamente uma prisão preventiva. 
- Será sempre necessário a devida fundamentação lastreada em 
elementos concretos. 
■ Indícios de causa excludente da ilicitude 
- É vedada a decretação de prisão preventiva se o juiz verificar, 
pelas provas constantes dos autos, que o agente praticou o ato sob o 
manto de uma das excludentes de ilicitude - art. 314 do Código de 
Processo Penal. 
■ Revogação e nova decretação 
- O juiz pode a todo tempo revogar a prisão preventiva caso 
desapareçam os motivos que a ensejaram e também, redecretá-la se os 
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mesmos motivos ressurgirem ou, ainda, com base em novos argumentos 
(art. 316 do CPP). 
■ Revisão periódica da prisão preventiva 
Art. 316, Parágrafo único: Decretada a prisão preventiva, 
deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua 
manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão 
fundamentada, de oficio, sob pena de tornar a prisão ilegal. 
- A revisão é extremamente necessária para verificação das 
validades dos motivos que ensejaram a prisão preventiva, se permanecem 
os motivos, se não é o caso de substituição por outra medida cautelar. 
- Frise-se que esta revisão deve ser realizada de ofício pelo Juiz, 
ainda que não seja requerida por qualquer das partes. 
- Quem deve revisar a prisão? – Para o STJ deve ser o JUIZ ou 
TRIBUNAL que a decretou; 
- A REVOGAÇÃO É INSTANTANEA? 
- STF - ADIns 6.582 e 6.581 - O ministro Edson Fachin, relator, 
votou no sentido de que a inobservância da reavaliação prevista na lei 
anticrime, após o prazo legal de 90 dias, não implica a revogação 
automática da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado 
a reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos. 
Quem concordou com tal posicionamento foram os ministros 
Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e as ministras Rosa 
Weber e Cármen Lúcia. 
 
■ Duração da prisão preventiva 
- Após a decretação da prisão preventiva, o réu não pode ficar preso 
por tempo indeterminado. 
- O juiz observará o critério da razoabilidade e proporcionalidade 
para se observar a duração. 
 
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