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[Orgs.] José Reinaldo F. Martins Filho Gustavo Augusto da Silva Bianca Soares Magalhães Caderno de Resumos 2 3 Comissão Organizadora Corpo Docente José Reinaldo Felipe Martins Filho – PUC Goiás (Presidente) Clóvis Ecco – PUC Goiás Lorenzo Lago – PUC Goiás Rosemary Francisca Neves – PUC Goiás Valmor da Silva – PUC Goiás Secretaria Geral Bianca Soares Magalhães – PUC Goiás (Secretária) Gustavo Augusto da Silva – PUC Goiás Curadoria Artístico-Cultural Marcelo Gabriel de Freitas Veloso – PUC Goiás/IFITEG (Curador) Ana Kelly Ferreira Souto Pinto – PUC Goiás Elisabeth de Barros – PUC Goiás Natã Silva Nazareno – PUC Goiás Phelipe Augusto Silva Santos – PUC Goiás Certificados Natã Silva Nazareno – PUC Goiás Phelipe Augusto Silva Santos – PUC Goiás Ruan Fillipe da Silva Gomes – PUC Goiás Administração Financeira Daniel Carvalho da Silva – PUC Goiás Marcelo Gabriel de Freitas Veloso – PUC Goiás/IFITEG Pedro Vinícius Dias Alcântara – PUC Goiás Coordenação de Apoio (Monitores e Tecnologia) André Valva – PUC Goiás Helton Thyers Melo de Oliveira – PUC Goiás Phelipe Augusto Silva Santos – PUC Goiás Equipe Editorial José Reinaldo Felipe Martins Filho – PUC Goiás Bianca Soares Magalhães – PUC Goiás Daniel Carvalho da Silva – PUC Goiás Gustavo Augusto da Silva – PUC Goiás 4 Comitê Científico Dra. Carolina Teles Lemos (Pontifícia Universidade Católica de Goiás – Brasil) (Presidente da Comissão Científica) Dr. Abimar Oliveira de Moraes (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Brasil) Dra. Angela Ales Bello (Universtità Lateranense di Roma – Itália) Dr. Celso Gabatz (Faculdades EST) Dra. Clélia Peretti (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Brasil) Dr. Daniel Rodrigues Ramos (Universidade Federal do Tocantins – Brasil) Dra. Daniela Cordovil Corrêa dos Santos (Universidade Estadual do Pará – Brasil) Dr. Eurico Bacelar Satumbo (Universidade Católica de Angola – Angola) Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Brasil) Dr. Friedrich-Wilhelm von Herrmann (Albert-Ludwigs-Universität Freiburg – Alemanha – in memoriam) Dr. Jaime Laurence Bonilla Morales (Universidad San Buenaventura – Colômbia) Dr. José João Neves Barbosa Vicente (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – Brasil) Dra. Márcia Maria de Oliveira (Universidade Federal de Roraima – Brasil) Dra. Marta Luzie de Oliveira Frecheiras (Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil) Dr. Paulo Sérgio Lopes Gonçalves (Pontifícia Universidade Católica de Campinas – Brasil) 5 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião Pontifícia Universidade Católica de Goiás XI Congresso Internacional em Ciências da Religião da PUC Goiás / Caderno de Resumos. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. – Goiânia, Goiás, 2023. 310 p. DOI: 10.13140/RG.2.2.12762.21447 v. 5. n. 1 (jan./jun. – 2022) Semestral Disponível em: https://www.pucgoias.edu.br/eventos/xicicr/caderno-de-resumos- congresso-internacional-em-ciencias-da-religiao/ Diagramação: Gustavo Augusto da Silva; Bianca Soares Magalhães; José Reinaldo F. Martins Filho. 1. Pesquisa científica. 2. Ciências da Religião. 3. Teologia. 4. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás. http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.12762.21447 https://www.pucgoias.edu.br/eventos/xicicr/caderno-de-resumos-congresso-internacional-em-ciencias-da-religiao/ https://www.pucgoias.edu.br/eventos/xicicr/caderno-de-resumos-congresso-internacional-em-ciencias-da-religiao/ 6 PROGRAMAÇÃO 17 de Abril de 2023 19h30 – Conferência (Local: Paróquia Universitária | Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=3sldmjBo32E) Título: O traço sacramental da arte cristã Conferencista: Dom João Justino de Medeiros Silva (Presidente da Comissão Episcopal de Educação e Cultura da CNBB) Moderador: Dr. Wolmir Therezio Amado 20h30 – Concerto de Música Sacra (Local: Paróquia Universitária | Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=3sldmjBo32E) Orquestra Sinfônica de Goiânia, Coro Sinfônico e Coro Sinfônico Juvenil Regência: Maestro Vinícius Guimarães Programa do Concerto: - Anônimo Goiano (séc. XIX) - Te Deum (do Acervo Balthasar de Freitas, com edição de Marshal Gaioso) - Anônimo Goiano (séc. XIX) - Te Deum Festivo (do Acervo Balthasar de Freitas, com edição de Marshal Gaioso) - Fernando Cupertino - Missa Regina Coeli: Kyrie - Gloria - Sanctus - Benedictus - Agnus Dei - Jean Douliez - Missa in Honorem Beata Maria Virginis: Kyrie - Gloria - Credo - Sanctus - Benedictus - Agnus Dei 18 de Abril de 2023 19h30 – Cerimônia de Abertura do Congresso (Auditório da EFPH | Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=u7GZ-V8ncv4) 20h – Conferência Internacional 1 (Link: https://www.youtube.com/watch?v=u7GZ-V8ncv4) Título: Che cosa ci fa conoscere la bellezza? Conferencista: Dr. Costantino Esposito (Università degli Studi di Bari) Moderador: Dr. José Reinaldo Felipe Martins Filho https://www.youtube.com/watch?v=3sldmjBo32E https://www.youtube.com/watch?v=3sldmjBo32E https://www.youtube.com/watch?v=u7GZ-V8ncv4 https://www.youtube.com/watch?v=u7GZ-V8ncv4 7 19 de Abril de 2023 8h15 – Apresentação Cultural (Transmissão Virtual | Ver programação das mesas-redondas) Responsáveis: Curadoria Artístico-cultural do XI Congresso 8h30 às 10h – Mesa-Redonda 1: Expressões do princípio criativo (Link: https://www.youtube.com/watch?v=X7D-DEHWITQ) Dra. Suelma de Souza Moraes (PPG em Ciências das Religiões UFPB) – Criatividade e espiritualidade em diálogo com os arquétipos do feminino na Teologia, na Psicanalítica junguiana e na Literatura suassuniana para os desafios contemporâneos Dr. José Reinaldo Felipe Martins Filho (PPG em Ciências da Religião PUC Goiás) – Espiritualidade, autotranscendência e potência criativa: o singular exemplo da música Dr. Samuel Mendonça (PPG em Educação PUC Campinas) – Paradoxos e alargamento da concepção de educação católica Moderador: Dr. Clóvis Ecco 8h30 às 10h – Mesa-Redonda 2: Tessituras do sagrado na literatura e nas tradições orais (Link: https://www.youtube.com/watch?v=pmThNQ7zwMI) Dra. Ceci Maria Costa Baptista Mariani (PPG em Ciências da Religião PUC Campinas) – Mística, Teologia e Literatura: aproximação teopoética à obra de Paulina Chiziane Dra. Luana Martins Golin (UMESP e UNIFAI) – Tessituras do sagrado: “Se o grão de trigo, caindo na Terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24) – A epígrafe de “Os Irmãos Karamázov” e a literatura joanina. Dra. Rosemary Francisca Neves Silva (PPG em Ciências da Religião PUC Goiás) – Isaías 52,13-53,12: Brasil colonial e tessituras do cotidiano das mulheres negras Moderador: Dr. Mariosan de Sousa Marques 10h15 – Conferência Nacional (Link: https://www.youtube.com/watch?v=T4enSDJ_ytg) Título: Teopoética: uma conexão entre Teologia, mística e estética Conferencista: Dra. Maria Clara Lucchetti Bingemer (PPG em Teologia PUC Rio) Moderadora: Dra. Ivoni Richter Reimer 13h30 às 17h30 - Programação das ST (Atividade Remota – ACESSO) https://www.youtube.com/watch?v=X7D-DEHWITQ https://www.youtube.com/watch?v=pmThNQ7zwMI https://www.youtube.com/watch?v=T4enSDJ_ytg https://www.pucgoias.edu.br/eventos/xicicr/sessoes-tematicas-st-xi-religiao-internacional/ 8 19h às 21h – Instalações culturais (Visitação Pública - Local: Escola de Formação de Professores e Humanidades PUC Goiás) Responsáveis: Curadoria Artístico-cultural do XI Congresso 20 de Abril de 20238h15 – Apresentação Cultural (Transmissão Virtual | Ver programação das mesas-redondas) Responsáveis: Curadoria Artístico-cultural do XI Congresso 8h30 às 10h – Mesa-Redonda 3: Religião, arte e cultura material (Link: https://www.youtube.com/watch?v=IdG07fku6N8) Dr. João Damásio da Silva Neto (UFU) – Imagem, mídia e arte mediúnica no espiritualismo contemporâneo: reflexões a partir do caso dos Museus Espíritas Dra. Paola Lins de Oliveira (PPG em Sociologia e Antropologia UFRJ) – Criação da arte e do artista na Capela de Matisse Dr. Eduardo Gusmão de Quadros (PPG em Ciências da Religião PUC Goiás) – O duplo discurso teológico dos ex-votos do Pai Eterno Moderador: Dr. Luiz Antônio Signates Freitas 8h30 às 10h – Mesa-Redonda 4: O religioso e o artístico nos saberes tradicionais (Link: https://www.youtube.com/watch?v=A4UHvEdNvdA) Dr. Valmor da Silva (PPG em Ciências da Religião PUC Goiás) – Provérbios: saber artístico, religioso e popular Dra. Taissa Tavernard de Luca (PPG em Ciências da Religião UEPA) – Entre a Mediunidade e a Técnica: a Arte dos Ferros Sagrados nos Terreiros de Belém Dr. Clodomir Barros de Andrade (PPG em Ciências da Religião UFJF) – Teologia, imanência e estética nas espiritualidades gregas antigas: por uma semiótica do rastro divino no mundo Moderadora: Dra. Thaís Alves Marinho 10h15 – Conferência Internacional 2 (Link: https://www.youtube.com/watch?v=Pt-D8_5ZBDo) Título: – La reaparición de la imagen de Cristo en la Posmodernidad Conferencista: Dr. Pablo López Raso (Universidad Francisco de Vitoria – Madrid – Espanha) Moderadora: Dra. Carolina Teles Lemos 13h30 às 17h30 - Programação das ST (Atividade Remota - ACESSO) https://www.youtube.com/watch?v=IdG07fku6N8 https://www.youtube.com/watch?v=A4UHvEdNvdA https://www.youtube.com/watch?v=Pt-D8_5ZBDo https://www.pucgoias.edu.br/eventos/xicicr/sessoes-tematicas-st-xi-religiao-internacional/ 9 19h – Cerimônia de Encerramento do Congresso (Auditório da EFPH | Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=NwrOWbzOM- c) 19h30 – Conferência Internacional 3 (Link: https://www.youtube.com/watch?v=NwrOWbzOM-c) Título: Resonancia: naturaleza y sensibilidad en el daoísmo Conferencista: Dra. Claudia Lira Latuz (Pontificia Universidad Catolica de Chile) Moderador: Dr. Alberto da Silva Moreira 21h – Apresentação Cultural (show) (Auditório da EFPH) Artista: Xexéu https://www.youtube.com/watch?v=NwrOWbzOM-c https://www.youtube.com/watch?v=NwrOWbzOM-c https://www.youtube.com/watch?v=NwrOWbzOM-c 10 SUMÁRIO ST 01 – RELIGIÃO E CONSTRUÇÕES DE SENTIDO NAS ARTES E NA CULTURA ....... 12 ST 02 – LO MÍTICO E LO SAGRADO: EN TORNO A LO TRASCENDENTE EN EL ARTE ACTUAL .................................................................................................................... 29 ST 03 – ESPIRITUALIDADES PAGÃS E DA TERRA: ARTE, CULTURA, IDENTIDADE E MATERIALIDADE ...................................................................................................... 35 ST 04 – “E O VERBO SE FEZ BELEZA E HABITA NO MEIO DE NÓS”: AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS COMO DIVULGAÇÃO DOS VALORES SAGRADOS ................................................................................................................................. 44 ST 05 – ARTE, ARQUITETURA E CONTEMPORANEIDADE: RELIGIÃO, CULTURA E EXPERIÊNCIA DO SAGRADO .................................................................................. 56 ST 06 – NAZARENO CONFALONI: TEÓLOGO DA LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA PINTURA E ARTE ....................................................................................................... 62 ST 07 – CULTURA VISUAL E RELIGIÃO ..................................................................... 71 ST 08 – ESTÉTICA, CAPITALISMO E RELIGIÃO ......................................................... 80 ST 09 – JESUS NAS ARTES E NAS CULTURAS ............................................................ 89 ST 10 – FILOSOFIA DA RELIGIÃO .......................................................................... 107 ST 11 – CULTO E LITURGIA ..................................................................................... 127 ST 12 – NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS E ESPIRITUALIDADES LAICAS ......... 140 ST 13 – JUVENTUDES E RELIGIOSIDADES: INTERFACES, CENÁRIOS E TENDÊNCIAS ............................................................................................................................... 154 ST 14 – RELIGIÃO, ESPIRITUALIDADE E SAÚDE: A BUSCA DE SENTIDOS QUANDO A VIDA ESTÁ EM RISCO ............................................................................................ 163 ST 15 – ESPIRITUALIDADES NO CONTEXTO EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEO 180 ST 16 – ESPIRITISMOS, ESPIRITUALISMOS E ESPIRITUALIDADES ............................ 194 ST 17 – LINGUAGEM RELIGIOSA: ACONTECIMENTO, NARRATIVA E REPRESENTAÇÃO ................................................................................................... 207 ST 18 – DA EUROPA PARA AS AMÉRICAS: O ESPIRITISMO EM PERSPECTIVA ..... 218 ST 19 – DIREITO, JUSTIÇA SOCIAL E SOCIEDADE ................................................. 234 ST 20 – MULHERES NEGRAS RELIGIOSIDADES E FEMINISMOS ............................. 247 11 ST 22 – RELIGIÃO E GÊNERO ................................................................................. 260 ST 23 – CULTURA POP E RELIGIÃO ........................................................................ 283 ST 24 – DIÁLOGOS COM A INICIAÇÃO CIENTÍFICA ........................................... 295 ST 25 – NARRATIVAS VISUAIS, LINGUAGENS ARTÍSTICAS E RELIGIÃO ............... 304 12 ST 01 – RELIGIÃO E CONSTRUÇÕES DE SENTIDO NAS ARTES E NA CULTURA Dr. José Reinaldo F. Martins Filho (PUC Goiás) jreinaldomartins@gmail.com Dr. Edson Matias Dias (IFITEG) ed.matias@gmail.com Me. Marcelo Gabriel de Freitas Veloso (PUC Goiás; IFITEG) yosihing@gmail.com Embora a relação entre “religião” e “sentido” tenha sido realçada ao longo das últimas décadas por áreas como a Psicologia e/ou a Antropologia Cultural, muito pouco desse enlace pôde destacar-se a partir da articulação entre o campo religioso e as diferentes expressões artístico-culturais. Trata-se de um esforço ainda mais tímido caso se considere a produção na área de Ciências da Religião a esse respeito, mesmo que historicamente se tenha cogitado uma espécie de fronteira alargada para o acesso ao sagrado para além dos limites da racionalidade ou da descritividade. A essa dimensão de contato com um sentido radical, que não se mostra completamente disponível aos mecanismos operadores do discurso racional, chamou-se “apofática”, “negativa” ou “inefável”. Justamente essa parece ser a condição da arte em sua capacidade de tradução dos sentidos por vias ainda não totalmente exploradas, mas que, em geral, consideram o ser humano desde um ponto de vista da integração entre corpo – e, por isso, os sentidos exteriores – e espírito – o nível da potência criativa. Por um lado, chega-se ao que há de referencial transcendente nas expressões artísticas. Por outro, e sobretudo em meio ao crescimento do fenômeno da desinstitucionalização religiosa, fala-se da “arte como religião”, ou, quem sabe, como veículo expressivo e de (re)significação para mailto:jreinaldomartins@gmail.com mailto:ed.matias@gmail.com mailto:yosihing@gmail.com 13 indivíduos e grupos, permitindo-lhes a constituição da totalidade ordenada (mundo) em que experienciam a vida. A presente ST busca aglutinar investigações que toquem esse horizonte, congregando-as num espaço qualificado de discussão, de crítica e de troca de experiências, com possibilidadede crescimento para todas as partes envolvidas. A ETNICIDADE DO POVO GOIANO NA OBRA DO FREI CONFALONI: COLONIZADOR OU DECOLONIZADOR? Ana Kelly Ferreira Souto Pinto PUC Goiás souto-ana@hotmail.com RESUMO: Constata-se a partir dos documentos e relatos como foi o impacto da pintura do Frei Nazareno Confaloni nas paredes da igreja do Rosário na Cidade de Goiás. O artista, frei dominicano católico e europeu, chega à antiga capital de Goiás e representa nos mistérios do Rosário as cenas bíblicas, porém colocando como personagens o próprio povo da cidade. Utilizando traços largos para expressar nariz, pés, e cores como o vermelho e o marrom para mostrar a simplicidade e o matiz da pele. A comunidade local não recebeu bem essa representação. Neste estudo investiga-se qual é a identidade que o povo local tinha de si mesmo, como ele se via, como o frei italiano o enxergou e o retratou. Haveria nessa expressão um choque entre como as pessoas locais se viam e como foram vistas? Residiria aí uma tensão entre a visão do europeu colonizador e o povo refém de um processo colonizador? Teria o frei, por meio de sua arte, promovido uma decolonização? Ou, à luz da teoria da etnicidade de Barth, cometido um ato de supressão da identidade ao colocar a sua visão sobre a comunidade? O presente artigo objetiva refletir sobre tais questões. A partir das leituras realizadas mais especificamente, quatro artigos, em um primeiro momento o de Diego Villar (2004) - Uma abordagem crítica do conceito de Etnicidade na obra de Frederick Barth, e o de Thais Marinho (2015), que mantém como referência o conceito de etnicidade de Barth, essas duas leituras têm o potencial de deslocar o olhar para um modo de compreender a etnicidade não como uma categoria que o estudioso/pesquisador chega e cataloga dizendo quem é o que. Barth apresenta uma abordagem mais terna e gentil com o “objeto” estudado, permitindo que a categorização da identidade seja dita pela própria pessoa que é estuda pelo antropólogo. Num segundo momento, o texto de Aníbal Quijano (2005) Colonialidade do poder, mailto:souto-ana@hotmail.com 14 eurocentrismo e América Latina, assim como o texto de Rita Segato Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico decolonial, nos amplia a compreensão de que devido ao processo de colonização que teve como referência o modo de vida e o estereótipo europeu, faz-se necessário libertarmo-nos desses paradigmas num processo de decolonização. Dessarte, tais leituras nos levaram a pensar o objeto da tese – a arte de Frei Nazareno Confaloni em Goiás – à luz dessas teorias, culminando em algumas questões que refletimos neste trabalho, tais como: seria a arte de Confaloni, em Goiás, um meio para o processo de decolonialismo? Ou, à luz da teoria de Barth, ela infringiria a construção da etnicidade goiana? Palavras-chave: Etnicidade; Decolonialismo; Povo goiano; Arte de Confaloni. A MULTISSENSORIALIDADE NA AÇÃO RITUAL E SUAS PERFORMANCES Daniela Oliveira dos Santos UFG daniela.oliveira@discente.ufg.br RESUMO: Esta comunicação pretende discutir a multissensorialdade na experiência religiosa durante a ação ritual a partir de um estudo em andamento no campo das Performances Culturais. A investigação tem por propósito compreender as performances que ocorrem nas celebrações do Ofício Divino das Comunidades em suas ações, símbolos, corpos, cheiros, sons, com destaque aos aspectos culturais presentes. Para tanto, as memórias, os corpos, os cheiros, os sons e seus entrelaçamentos com o rito adentram a investigação proporcionando reflexões sobre as performances reveladas na ação celebrativa. Esta comunicação tem por objetivo apresentar reverberações sobre os aspectos voltados à multissensorialidade e à sinestesia vislumbrados durante a celebração do Ofício Divino das Comunidades realizada em Goiânia no ano de 2022. Na ocasião, realizei a observação participante da celebração realizando o seu registro fotográfico e anotações em um diário de campo. O pensamento de estudiosos, tal como, Langdon (2006), Ingold (2012), Bonaccorso (2015), Pallasmaa (2011) adentram as reflexões descortinando os elementos percebidos nas performances dos celebrantes. As performances despontam no Ofício Divino das Comunidades desde o seu início, nisto, corpos, gestos e ações dos revelam-se simultaneamente no e pelo rito. Entrelaçados às palavras, ao canto, à dança e ao silêncio imersos pela penumbra e envoltos pelo mailto:daniela.oliveira@discente.ufg.br 15 cheiro do incenso que invadia o espaço, os celebrantes vivenciaram experiências significativas e afloraram seus sentidos. Os gestos e corpos são citados por Bonnacorso (2015) na tentativa de se compreender como o ritual recorre às linguagens não verbais que são formas de comunicação mais antigas que a linguagem verbal. O acúmulo de atividades e o tempo, cada vez mais escasso, tem prejudicado a busca pela inteireza de nosso ser durante a celebração religiosa. Para além disso, Pallasma (2011) chama a atenção para a separação dos sentidos humanos em nosso cotidiano e como isso tem afetado as nossas vidas e nossas experiências estéticas. Seria, então, a celebração religiosa capaz de despertar em nós a multissensorialidade e a experiência estética? Palavras-chave: Multissensorialidade; Performances; Ação Ritual; Ofício Divino das Comunidades. MÃOS QUE NARRAM MUNDOS: A QUIROPRÁXIS NAS PARTEIRAS DA FLORESTA AMAZÔNICA Helton Thyers Melo Oliveira PUC Goiás thyerscssr@gmail.com RESUMO: Separadas e distantes geopoliticamente do mundo hospitalar citadino, imersas no útero da floresta, as parteiras da floresta amazônica são as testemunhas de um saber ancestral que as tornam as “mães da pegação” ou as “mães pelo umbigo”. O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir um tipo específico de tradição e de prática memorial na incursão da oralidade atravessada pela quiropráxis do partejar. Mantivemos uma abordagem fenomenológica de nosso objeto em questão, qual seja, as mãos das mães de parto representadas como guardiães de cultura, na tentativa de compreender e interpretar a reportagem de imersão na “Floresta das parteiras”, tal qual a descreveu e registrou a jornalista Eliane Brum (2017). Como balizadores conceituais do nosso trabalho, articulou-se como lente teórica sobre nosso objeto de estudo conceitos provindos da sociologia da religião – memória, tradição, rito e identidade narrativa – a partir dos estudos realizados por Sukaranaho (2011), Urbaniak (2015) e Duque (2018). Nesse percurso realizado, concebemos as parteiras e suas mãos na prática de seu ofício artesanal como encadeadoras de memória cultural, tratando-se de mãos que visibilizam um mundo, demarcam um tempo de acontecimento (o nascimento), definem outro corpo identitário, mailto:thyerscssr@gmail.com 16 guardam uma história. A tradição das parteiras abriga não só a narrativa do início das vidas que suas mãos amparam, mas seus corpos conjugam com o verbo partejar todo um modo cosmogônico de se situar na vida, na existência e em seus laços. Os corpos de uma “mãe de umbigo”, aparadora de menino, partejam uma relação da própria floresta como corpo, como ambiência receptiva onde se inscreve a comunidade e suas identidades. Palavras-chave: Parteiras; Floresta amazônica; Eliane Brum; Narrativa. A MÚSICA COMO VIA PARA A INTERIORIDADE – UM ESTUDO A PARTIR DE AGOSTINHO DE HIPONA Gustavo Augusto da Silva NOVA de Lisboa gustavo85031342@gmail.com RESUMO: Na ótica agostiniana, o canto não é propriamente/somente um ato linguístico, visto que existe a possibilidade de cantar sem palavras. O mesmo acontece com a oração, há a contingência de cumpri-la a sós, em silêncio. Com as palavras, aprende-se apenas signos, isto é, sinaissonoros, que, deliberadamente, foram carregados de sentido ao longo do desenvolvimento da humanidade. Deste modo, as palavras da oração ou do canto, como ato interior, funcionam como lembretes para as operações do pensamento. Por esse silêncio, o fazer musical se aproxima bastante da oração, e, como ato litúrgico, o canto também era utilizado como modalidade de reza. Agostinho desenvolve que o canto na liturgia é um ato de interiorização e conexão com a comunidade. A experiência que os crentes fazem do Sagrado parte sempre de uma linguagem. Mesmo na oração silenciosa a linguagem aparece como fruto da consciência de si. Em Agostinho esta consciência é conhecida como interioridade. Agostinho declarou que Deus se encontra no mais íntimo do homem e que para encontrá-lo é preciso tecer um caminho interior rumo ao Sumo Bem. Este trabalho tem como proposta prescrutar o conceito de interioridade agostiniano e estudar a música como uma via privilegiada para tal. Palavras-chave: Música; Interioridade; Filosofia; Agostinho de Hipona. mailto:gustavo85031342@gmail.com 17 UMA PROPOSTA POÉTICA/ESTÉTICA COMO EXERCÍCIO ESPIRITUAL A PARTIR DO LIVRO O VÉU DE ÍSIS NO PENSAMENTO DE PIERRE HADOT Marcelo Gabriel de Freitas Veloso PUC Goiás yosihing@gmail.com RESUMO: A comunicação presente tem como proposta em apresentar a possibilidade de uma percepção estética da natureza pelo intermédio da atitude órfica como exercício espiritual a partir da obra O véu de Ísis, do filósofo francês Pierre Hadot (1922-2010). De acordo com Hadot, a natureza sofreu um processo de mecanização que, de certa maneira, corroborou o distanciamento do próprio homem. Tal processo, o filósofo francês denomina de atitude prometeica. Esta atitude – mas não somente ela – parece estender-se e ganhar fôlego na contemporaneidade, reforçada pelo avanço intensificador do processo tecnológico mercadológico/capitalista. Nesse sentido, em resposta a essa mecanização e exploração mercadológica frente à natureza, propomos neste artigo, a partir do pensamento de Hadot, discutir e compreender o que ele denomina por atitude órfica, problematizando a seguinte questão: será possível pelo intermédio da percepção estética da natureza, a “renaturalização” do homem? Seria a atitude órfica uma proposta de nos entendermos como sujeitos perceptíveis, enquanto também participantes da natureza? Partindo deste pressuposto, recorremos ao pensamento de Hadot arriscando-nos a uma aproximação sobre o despertar de uma percepção espiritual de filosofia na senda da perspectiva estética em relação à natureza. Palavras-chave: Natureza; Percepção Estética; Pierre Hadot; Exercícios Espirituais. LEODEGÁRIA BRAZÍLIA DE JESUS: A POESIA COMO CHAMA E PROCEDIMENTO Cristiano Santos Araujo PUC Goiás umcristiano@gmail.com RESUMO: Esta comunicação científica tem por objeto a obra da poeta goiana Leodegária Brazília de Jesus (1889-1978) nos seus dois livros: Corôa de Lyrios (1906) e Orchideas (1928). Objetiva-se realizar uma metacrítica literária a partir de três críticos: um inglês, um francês e um mailto:yosihing@gmail.com mailto:umcristiano@gmail.com 18 russo. Terry Eagleton (2006) no conceito sobre O que é literatura; Viktor Chklovski (1984) no texto A Arte como procedimento; Gaston Bachelard (1989), na obra A chama de uma vela. Metodologicamente, propõe-se uma revisão bibliográfica, e de narrativa, no esforço conjunto de co- labor-ação conceitual através do eixo epistemológico da arte poética e construções de sentido na religião e cultura goiana. Dessa forma, sendo Leodegária de Jesus uma matrinarrativa cerradesca há pertinências sociais, acadêmicas e científicas no olhar mais atento sobre a obra da pioneira da poesia em Goiás, com a perspectiva de auscutar a visibilidade da chama e do procedimento de uma escrita das imagens simbólicas e de uma particular poesia do mundo na tentativa autoral de explicar o desconhecido pelo conhecido naquilo que há entre a chama e o pavio. Palavras-chave: Leodegária de Jesus; Poesia; Chama; Procedimento. COMICIDADE E SIMBOLISMO: RELAÇÕES ENTRE O HUMOR DA CARICATURA E NARRATIVAS RELIGIOSAS Natã Silva Nazareno PUC Goiás lapiseborracha@gmail.com RESUMO: Este trabalho pretende abordar o aspecto do humor propositalmente elaborado na construção da caricatura e equiparar os fundamentos simbólicos criados, apropriados ou reinventados pelo específico estilo de arte e os mecanismos não menos importantes para a impetração da memória e linguagens adotadas pela religião. De tal feito, apresentamos em três capítulos nos quais são distribuídos a questão relacional entre dois horizontes, do cômico e da religião, em seguida os elementos são reconectados com novas perspectivas e interpretações, sutis jogos de linguagem, releituras de questões populares e religiosas convertidos pela arte da caricatura, em armadilhas risíveis, o que iremos ilustrar com recurso gráfico/imagético. Rir é próprio e exclusivamente dos humanos e, constatações ou afirmações como essas nos acompanham desde a antiga Grécia, no entanto os valores atribuídos ao riso oscilam na história. Elementos do cômico são ajuizados ou valorados, mas estão caminhando com a evolução humana e no ethos da sociedade. Assim como os mitos são constituídos, elementos que fundamentam, atendem um propósito e replicam uma história para um povo, a experiência vivenciada através do humor, pode estar no mesmo patamar de elaboração racional e se mailto:lapiseborracha@gmail.com 19 valer dos mesmos elementos, em perspectivas peculiares, para organizar mecanismos cômicos e, imortalizar memórias através do riso na cultura. Acreditamos, levantar um questionamento de suma relevância para os tempos hodiernos em que a sensibilidade da arte, filosofia, religião e do humor são desconsideradas do cerne da formação social. Autores de grande relevância serão elencados para o debate e nos anseia provocações substanciais para novos saberes em futuros próximos. Palavras-chave: Caricatura; Humor; Riso; Cômico; Religião. RELIGIÃO, ARTE E CULTURA: A CAPACIDADE HUMANA DE REINVENTAR Claudio Antonio Delfino PUC São Paulo claudiodelfino72@yahoo.com.br RESUMO: A tradição judaico-cristã tem de comum em suas raízes a doutrina da Criação. O verbo barah é um indicativo que somente a Deus compete criar. Mas isto não implica que ao homem, mesmo que analogamente, seja concedido a tarefa de, mediante a arte, de um tipo de criação aparente, inventiva. E essa realidade cultivada é verdadeira. Ela entra no mundo dos homens, isto é, na história, possuindo uma gama de significados, que por vezes, expressa o inefável, o apofático, o indizível conceitualmente. Desta maneira, utilizando o método explorativo bibliográfico, objetiva-se com esta reflexão mostrar que a fertilidade da interface entre religião, arte e cultura são capazes de produzir sentidos que alarguem o horizonte da experiência humana com o sagrado, em meio as alegrias e sofrimentos da sua existência. Os elementos desta interface são como três vias que, interagindo-se através da atividade humana, convergem na mesma direção, visando alcançar o mesmo fim. Ademais, sendo o homem um mistério para si e para os outros, ele é desafiado constantemente a se descobrir e se manifestar. Sendo assim, no cultivo de si, da sociedade e da natureza, e aberto ao Totalmente Outro, o homem é chamado a emitir significado a tudo isso que o rodeia. E, se por vezes, lhe faltam palavras para exprimir tudo o que o envolve. Mediante a sensibilidade estética que lhe é própria, ele é naturalmente vocacionado a encontrar condições de possibilidades para realizar esta sua missão. Com isso, os elementos religiosos, culturais e artísticos funcionam também, como um fundamento comum, onde erguer este edifício.A construção se dá no seu quotidiano. Para se realizar tal empresa, se deve buscar o apoio da mailto:claudiodelfino72@yahoo.com.br 20 iniciativa pública, privada e do terceiro setor e da comunidade local com o objetivo de obter recursos para a realização de tais projetos. Além disso, se deve valorizar as expressões artísticas e culturais de cada povo, consciente de que cada um tem algo a oferecer. Por fim nada impede de utilizar tais atividades como inclusivas no meio social. Sendo assim, o sagrado, o humano, a arte e a cultura como expressões deste podem coabitarem num universo paradoxal, isto é, multifacetado e simultaneamente, com o rosto belo. Palavras-chave: Sagrado; Humano; Arte; Cultura. A INFLUÊNCIA DE SÃO JOÃO DA CRUZ PARA A CATEGORIA DO NOTURNO NA FILOSOFIA DE VLADIMIR JANKÉLÉVITCH: O ENCONTRO ENTRE A TEOLOGIA APOFÁTICA E A FILOSOFIA NEGATIVA DO SÉCULO 20 Felipe Marçal Anunciação PUC Minas felipeanunciacao@outlook.com RESUMO: Vladimir Jankélévitch, filósofo francês do século 20, foi deveras influenciado pela mística cristã para a concepção de sua filosofia, esta não sistemática, antibabélica e simpática ao inefável, concebendo às verdadeiras respostas como o fruto do encontro com a experiência do inexprimível. Sua filosofia se afasta do positivismo e cientificismo contemporâneos, convidando os seus leitores para uma espécie de experiência mística, mas sem religião dogmática, com predileção para às experiências inexplicáveis que podem ser vivenciadas através da música, o amor e a abertura do ser para a vida como mistério infinito em possibilidades. Independente do não pertencimento a uma filiação religiosa, Jankélévitch nos aponta para experiências transbordantes. Por isso, visando uma investigação sobre à grandeza que às experiências religiosas promovem, por ser à constatação do transbordamento para além da racionalidade instrumental, esta comunicação tem o objetivo de apresentar às influências da mística de São João da Cruz para à categoria do Noturno na filosofia jankélévitchiana. Para tal intento, apresentaremos â categoria do Noturno para o filósofo a partir do seu livro A música e o inefável e os dois primeiros volumes da obra Le je ne sais quoi et le présque rien, com o apoio do livro Ressonâncias Noturnas: do indizível ao inefável do intérprete do autor prof. Dr. Clóvis Salgado Gontijo, relacionando e demonstrando como a teologia noturna de São João da Cruz foi a principal influência para o pensador francês quanto ao tema. Utilizaremos os livros Subida ao Monte Carmelo e Obras mailto:felipeanunciacao@outlook.com 21 Completas do místico João da Cruz, como também de citações de místicos como Pseudo-Dionisio Areopagita do seu livro Teologia Mística. Palavras-chave: Noturno; Mística; Religião; Jankélévitch; São João da Cruz. A SIMBÓLICA DO DIONISÍACO NO CINEMA CONTEMPORÂNEO Camila Cavalcanti Pordeus UFPE camilapordeus@gmail.com RESUMO: Uma palavra como "dionisíaco" pode parecer ao leitor tão familiar quanto estranha. Pode fazê-lo lembrar do dionisíaco tal qual Nietzsche elaborou em seu "O nascimento da Tragédia". Pode também lhe parecer familiar como adjetivo, sinônimo de algo carnavalesco. Nesta proposta, quando falamos de "dionisíaco", nos valemos desse lugar-comum, mas pretendemos ir além dele. Entendemos que apesar da religião e mitologia greco-romana terem existido enquanto fato religioso na antiguidade clássica, não é desta mesma maneira que ele se apresenta na contemporaneidade. Isto pois o fato religioso é um fato histórico, e portanto depende de sua historicidade para existir enquanto religião, que proporciona sentido e verdade para aqueles que neles crêem. Defendemos aqui a possibilidade de sobrevivência daquilo que chamamos "simbólica do dionisíaco", um conjunto de elementos visuais que se relacionam com o imaginário construído a partir dos mistérios dionisíacos. Este imaginário, palavra que utilizamos para nos referir a um certo repertório cultural, aponta para sentidos que se relacionam com temas recorrentes no estudo da religião que seguia o deus do vinho: a presença do bestial, o rompimento das barreiras sociais, o erotismo, e, principalmente, a dissolução do indivíduo. Como principal objeto deste estudo, escolhemos o cinema contemporâneo, filmes como "Clímax" (Noé, 2018), "Os demônios" (Russel, 1971) e "Suspiria" (Guadagnino, 2018) que possuem cenas em que enxergamos que este arcabouço foi reportado, cujo sentido aproxima-se de valores partilhados por tal religião. Compreendemos que o imaginário acerca de algo não reporta-se necessariamente apenas a realidades históricas.Estas cenas não buscavam retratar fielmente esta religião, mas ainda assim conectam-se com a ideia que o ocidente formou acerca deste deus e seu culto. Para este trabalho, utilizo autores como Paul Ricoeur, Mircea Eliade e Georges Bataille, buscando na recorrência da produção destas imagens compreender o sentido do dionisíaco no modo como o mailto:camilapordeus@gmail.com 22 homem contemporâneo do mundo secular vivencia sua existência. A partir deles, foi possível compreender a religiosidade para além da religião, a busca pelo sentido e pela verdade que norteia a existência humana, e como esses valores não se dissiparam pós-secularização. Interligamos a noção de dionisíaco com a experiência erótica tal qual descrita por Bataille, uma experiência que busca simbolicamente derrotar o abismo entre os seres descontínuos que somos, descontinuidade esta que pode ser bem representada pela morte (pois quando "eu" morro, estou sozinha, "você" não morre também). As cenas as quais nos reportamos buscam transmitir visualmente a quebra da barreira dessa descontinuidade, um momento que, por mais que dure apenas alguns minutos para o espectador, transmitem que para o participante algo de eterno ali ocorreu - a morte foi esquecida, o mundo e suas regras também. Ali formou-se uma esfera, no sentido de Peter Sloterdijk, onde o desconhecido - a morte- não os alcança. Ao negar as regras e a ordem do mundo, simbolicamente cria-se um outro espaço, que, como na religião dionisíaca, é preciso estar iniciado para adentrar -aqueles que morrem e renascem simbolicamente. É nessa mesma lógica em que categorizo essas produções visuais: a negação da morte e a celebração extática da vida. Palavras-chave: Dionisíaco; Símbolo; Cinema. CONSTRUÇÃO DE SENTIDO NA POESIA DE ADÉLIA PRADO: UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA DO POEMA BENDITO Edson Matias Dias FAJE ed.matias@gmail.com RESUMO:A vida não precisa ser explicada para se manifestar. Nas modalidades dos poderes que nosso corpo comporta, a vida se expressa em tudo que ela é: suas alegrias, dores, contentamentos e dessabores. Os contraditórios no nosso viver só são considerados assim pois esbarram em nossa mentalidade idealista de tudo querer objetivar. Tudo aponta para a compreensão que a construção de sentido somente se produz quando há um espaço de interação entre os opostos. O caminho da poesia, desde os textos sagrados antigos à poesia contemporânea, revela um ‘fundo’ articulador que escapa sempre a qualquer racionalização. Refletir a partir da poesia, num caminho que passa pela fenomenologia e pela psicologia profunda, parece ser um trajeto possível de aclaramento do valor poético para a mailto:ed.matias@gmail.com 23 construção de sentido da vida humana. Para que a investigação seja possível, opta-se pela análise do poema Bendito da poetisa mineira Adélia Prado. Toma-se como auxílio para investigação a fenomenologia de Michel Henry, em sua crítica à cultura e à tradição filosófica. Como também a psicologia de Carl Gustav Jung em seus pressupostos sobre a constituição psíquica do indivíduo e seu processo de desenvolvimento, deixando emergir outra concepção de cultura e de arte.A partir das categorias da fenomenologia e da psicologia foi possível perceber que o ser humano, na busca de encontrar um chão que pertença, pela poesia encontra um mar que pode navegar ao fragor dos ‘ventos da vida’. O que fica patente é a necessidade urgente de viver a vida num fluxo mais poético e menos objetivista, abrindo espaço assim para todos os poderes da vida em suas mais variadas manifestações artísticas e culturais. Palavras-Chave: Poesia; Psicologia; Fenomenologia; Sentido. O PERDÃO E O “AUTOPERDÃO” COMO VIOLÊNCIA Bianca Soares Magalhães PUC Goiás biancasoaresmagalhães@gmail.com RESUMO: O narrar, literário ou de qualquer outra espécie, evidencia, em especial a olhares mais profundos, a máxima/norma, como conduta, daquilo que deve ser considerado e protegido. O fato é que, por vezes, a violência e a revitimização se transverte da boa virtude do perdoa e “autoperdoar-se”. Soa como um processo de superação da dor, e talvez seja em alguma medida. Mas, para além da experiência pessoal, o espaço público adoecido não protege nem considera o bem da vida e a própria vida. Por via literária, narraremos um conto, que apesar de fictício sabe-se fatível, para conduzirmos a reflexão de como o perdão e o “autoperdão” nem sempre representa uma virtude, mas sim processos de legitimação da violência. A vítima ou a pessoa ofendida toma para si a culpa do dano que lhe fora causado. Deste modo, somasse o dano, a dor e o sofrimento a culpa de ter sido ofendida e vitimada. Resultando em nova modalidade de violência, aquela que faz calar os efeitos da ação ofensora sem necessariamente findar os efeitos práticos da ofensa. Silenciar e romantizar a dor que não pode ser sentida/reclamada, já que não se pretende findar/punir o que de fato gerou a ofensa. Sequer há promessa ou acordo mútuo de evitar mailto:biancasoaresmagalhães@gmail.com 24 conduta danosa posterior e, caso ocorra, basta levantar novamente a sinalização de virtude da vítima, que deve ser sempre boa vítima. Palavras-chave: Perdão; “autoperdão”; violência. O SENTIDO RESSENTIDO DO OURO NAS PEÇAS SACRAS Daniel Carvalho da Silva PUC Goiás dancarvalho90@gmail.com RESUMO: O emprego dos metais nobres, sobretudo do ouro, para a confecção de objetos em função do culto e dos sacramentos cristãos remonta a um passado longínquo. Cálices e alianças são peças remanescentes na contemporaneidade, mas, são conhecidas, por exemplo, as talhas de ouro que, por influência da arte sacra portuguesa, adornavam presbitérios barrocos no Brasil Colônia. O uso de ouro em tais peças resguarda o sentido da nobreza: predicado do metal e desígnio dos objetos litúrgicos. No entanto, com o advento da mineração em larga escala e dos recorrentes crimes ambientais atrelados a ela – como os rompimentos das barragens de rejeitos de minérios e a contaminação de populações indígenas e ribeirinhas por mercúrio –, e considerando os apelos do Papa Francisco na Laudato Si’ por uma conversão ecológica, a nobreza do ouro e seu emprego em peças sagradas tem sido questionada. Em lugar de metal, sugere-se para os cálices o uso de madeira ou cerâmica. Em substituição às alianças, desde a ordenação do prelado de São Félix do Araguaia – MT, Pedro Casaldáliga, em 1971, paira, sobre a Igreja Católica latino- americana, a sugestão do uso do anel de tucum. A presente comunicação quer trazer à baila os sentidos – teológico, sobretudo bíblico, e antropológico – que sustentam o emprego do ouro a tais peças, bem como os ressentimentos que a mineração suscita em suas vítimas de modo que assimilem o ouro como uma causa mortis. A pesquisa, de cunho bibliográfico, baseia-se nos documentos da Igreja que orientam o emprego de metais preciosos e dos questionamentos que tanto a Igreja quanto os movimentos populares impõem à mineração e ao resultado dela. Os resultados sugerem que os sentidos, as nuanças sublinhadas quando da opção por um ou por outro tipo de material, enraízam-se na experiência pessoal ou comunitária com os diferentes elementos da natureza e, ainda, com a relação que cada sujeito estabelece entre eles e as peças finais utilizadas nos cultos cristãos. mailto:dancarvalho90@gmail.com 25 Palavras-chave: Arte Sacra; Mineração; Conversão Ecológica. CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E ESPIRITUALIDADE VIVENCIAL EM CORA CORALINA José Reinaldo F. Martins Filho PUC Goiás jreinaldomartins@pucgoias.edu.br Resumo: A religião está estreitamente ligada à possibilidade de construção de um sentido radical, profundo e determinante sobre a mundividência de indivíduos e suas comunidades. Nisso tem sintonia com as artes e, entre elas, especialmente com a literatura. Pretende-se, aqui, dar destaque para o “artesanato de sentidos” articulado a partir da produção literária, sobretudo poética, de Cora Coralina, uma das principais escritoras goianas do último século, realçando dois tipos de influências sobre a sua produção: a) uma religiosidade herdeira do catolicismo institucionalizado (oficial e popular) na Cidade de Goiás de sua época de infância e b) uma espiritualidade – ou mística – que chamaremos “vivencial”, pois ancora-se nas experiências pessoais da literata, sobretudo na possibilidade sempre disponível de significação dos acontecimentos cotidianos, revestidos de novo sentido e, por isso, com influência sobre a autopercepção da autora e das gerações que estabeleceram contato com seu texto. A literatura, como fonte de sentido e expressão de uma espiritualidade vivencial, seria, por isso, reflexo das vivências, refratadas e devolvidas ao contexto social de que se originaram, determinando-o em muitos de seus aspectos fundamentais. Esse é o lugar a partir do qual se procurará perceber a correlação entre religião, arte e cultura. Palavras-chave: Sentido; Espiritualidade vivencial; Literatura goiana; Cora Coralina. ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: ANÁLISE DE DOIS COMERCIAIS PROTAGONIZADOS PELO PADRE FÁBIO DE MELO Paulo Afonso Tavares UFG jor.pauloafonso@gmail.com mailto:jreinaldomartins@pucgoias.edu.br mailto:jor.pauloafonso@gmail.com 26 RESUMO: A religião, enquanto instituição social, vem progressivamente experienciando um processo de “midiatização”, termo cunhado para compreender as amplas consequências da mídia para a vida cotidiana e organização prática (social, política, cultural, econômica) e, mais particularmente, da disseminação generalizada de conteúdos e plataformas de mídia através de todos os tipos de contexto e prática. Hodiernamente, é patente a inserção das mais diversas instituições e sujeitos religiosos no tecido de uma sociedade mediatizada: as práticas sociais, pautadas na lógica midiática, tornam o fenômeno religioso mais complexo, sobretudo no meio digital. Novas modalidades de percepção e expressão do sagrado são formadas em novos ambientes sociais: o fenômeno religioso, gradualmente, transfere-se para ambientes públicos, como as redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, etc.). A mediatização da religião vê-se com mais clareza, por exemplo, no caso católico, com inúmeros marcos comunicacionais da Igreja Católica: em 1896, registrou-se, em um filme, a primeira imagem de um papa, Leão XIII; em 1931, houve a primeira transmissão da voz papal na rádio, quando se fundou a Rádio Vaticana por Pio XI; em 1949, ocorreu a primeira transmissão de imagens papais na televisão, também de Pio XII, entre outros casos. Nesse contexto, em 1963, o Concílio Vaticano II emite um documento, o Decreto Inter Mirifica, que trata da comunicação social da Igreja Católica. O objetivo do documento é afirmar a importância dos meios de comunicação de massa na sociedade moderna e encorajar a Igreja a usá-los para espalhar a mensagem cristã. Entre os principais pontos do Decreto Inter Mirifica, estão a necessidadede formação de pessoas capacitadas para trabalhar com a comunicação dentro da Igreja, a promoção do uso dos meios de comunicação para fins educacionais e evangelizadores, e a necessidade de garantir a liberdade de imprensa, desde que esta esteja em conformidade com os princípios cristãos. O documento aborda, ainda, a responsabilidade dos meios de comunicação de massa em relação à verdade e à justiça, e a necessidade de proteger a privacidade das pessoas e evitar a difamação. Nessa conjuntura, produzem-se fenômenos como o dos “padres popstar”, a exemplo de Marcelo Rossi e Fábio de Melo. Como o avanço do pentecostalismo, produziu-se uma “reação católica” no campo midiático, paradoxalmente, valendo-se de estratégias características do televangelismo, mais comum entre evangélicos neopentecostais. A partir dos anos 90, sobretudo com o Pe. Marcelo Rossi, elabora-se uma estratégia de difusão da fé católica adaptada à lógica das mídias (algumas celebrações eram até mesmo chamadas de “showmissas” pela imprensa). O Pe. Fábio de Melo, com uma estratégia semelhante, 27 passou a ganhar espaços da mídia na metade da década de 2000. Em ambos os casos, ocorre a exposição em programas de televisão e rádio laicos, o lançamento regular de CDs, DVDs e de livros de autoajuda, a apresentação própria de programas de rádio e televisão – Fábio de Melo, por exemplo, apresenta o programa Direção Espiritual, transmitido pela TV Canção Nova. Em face dessas considerações, neste artigo, objetiva-se analisar dois vídeos publicitários, protagonizados pelo Pe. Fábio de Melo e divulgados nas redes sociais. No primeiro, o presbítero divulga um produto da indústria de vitaminas e suplementos Ekobé. No segundo, ele divulga o produto emagrecedor 100Peso. Assim, este trabalho adota uma abordagem qualitativa e faz-se mediante análise documental. A abordagem qualitativa é uma das principais abordagens utilizadas em pesquisa, em que o foco é a compreensão aprofundada e detalhada de um fenômeno social. Essa abordagem é usada para coletar e analisar dados não estruturados, como entrevistas, observações e documentos. A análise documental é uma técnica comum dentro da abordagem qualitativa e envolve a coleta e análise de documentos relevantes para a pesquisa. Os documentos podem incluir artigos, relatórios, leis, regulamentos, atas de reuniões, diários, vídeos, entre outros. A análise documental envolve uma leitura cuidadosa dos documentos para identificar temas, padrões, conceitos e outras informações relevantes para a pesquisa. Palavras-chave: Padre Fábio de Melo; Comercial; Evangelização; Catolicismo Midiático; Midiatização da Religião. O MITO COMO MODO DE EXPRESSÃO DO SENTIDO RELIGIOSO Luciano Silva Reis PUC Goiás lucianoreisoficial@gmail.com RESUMO: O mito evidencia a origem. Em toda construção ideológica do Oriente e do Ocidente, há elementos simbólicos relativos à construção mitológica, feitos presentes dentro do tempo e do espaço em forma de registro e oralidade. Em razão disso, essa comunicação tem como objetivo possibilitar uma visão atemporal do mito, que está intrinsicamente vinculado ao conhecimento religioso de localidades distintas. A metodologia adotada é bibliográfica. O texto se constrói a partir da revisão da discussão de autores especializados no tema e consagrados pela sua trajetória investigativa. É apresentada uma ênfase nas noções preliminares de mito e sua articulação com rito, que mailto:lucianoreisoficial@gmail.com 28 com destaque para sua origem e utilização. Refere-se também a uma análise tipológica, que segmenta a forma estrutural que o mito reproduz. Os resultados esperados são a compreensão das relações internas e consequentes acerca das construções ideológicas do saber religioso de várias temporalidades. Não obstante, a comunicação também quer contribuir para uma nova tradição do uso do mito como forma de decodificação de determinada identidade desde suas origens, com pauta na desconstrução de eventuais incompreensões sobre o papel do mito e das mitologias na história humana, no passado e no presente. Palavras-chave: Mito; Religião; Sentido; Origem; História. ENTRE A SAUDADE E O SONHO: DUAS CANÇÕES DE TOM JOBIM NUMA PROSA COM RUBEM ALVES Arnaldo Érico Huff Júnior UFJF huffjr_@hotmail.com RESUMO: O artigo pretende interpretar duas canções de Antônio Carlos Jobim, “Garota de Ipanema” (em parceria com Vinícius de Moraes) e “Sabiá” (em parceria com Chico Buarque), pensadas em diálogo com a teopoética de Rubem Alves. Aspectos melódicos, harmônicos, históricos e estético-poéticos da canção são, nesse sentido, interpretados e discutidos sob inspiração das noções alvesianas de beleza, saudade e sonho. Palavras-chave: Tom Jobim; Rubem Alves; Canção popular brasileira; Religião. mailto:huffjr_@hotmail.com 29 ST 02 – LO MÍTICO E LO SAGRADO: EN TORNO A LO TRASCENDENTE EN EL ARTE ACTUAL Paloma Rodera Martinéz UFV Madrid paloma.rodera@ufv.es Pablo López Raso UFV Madrid p.lopez@ufv.es Desde principios de este siglo XXI podemos observar en el arte contemporáneo ciertas manifestaciones vinculadas a lo sagrado y lo sobrenatural. Frente al tradicional inmanentismo que caracterizó a la revolución moderna, se detecta en la cultura posmoderna una mirada hacia narrativas que van de lo mitológico a lo trascendente. Ciertamente no es una manifestación nueva si sondeamos la historia de la humanidad, pero en el ámbito de la escena de la creación más actual es algo novedoso. La secularización de la cultura del siglo XX liderada por una modernidad que rechazaba el fenómeno religioso apartó de la escena artística a toda propuesta que se relacionara con la expresión de lo divino. PRESENCIA DE LO SAGRADO EN LA OBRA ELOGIO DEL HORIZONTE DE EDUARDO CHILLIDA Cristina López de Corral UFV Madrid cristina.lopez@ufv.es mailto:paloma.rodera@ufv.es mailto:p.lopez@ufv.es mailto:cristina.lopez@ufv.es 30 RESUMO: El panorama artístico español de posguerra cuenta con una de las mejores y más fructíferas generaciones de artistas del siglo XX. Tras la Guerra Civil, este grupo de artistas silenciados y aislados por la situación política logra acceder y apropiarse de una modernidad totalmente ajena y de difícil acceso, impulsando la apertura al mundo, no sólo del aspecto cultural, sino del país entero. Sus obras conquistan la escena internacional tras abordar el nuevo aspecto moderno desde un carácter único y propio español. Se trata de un estilo sobrio, austero, heredero de Velázquez y de Goya con tendencia expresionista y toque surreal que materializa una generalizada búsqueda existencial que en ciertos casos va a revelar una profunda carga espiritual. Eduardo Chillida, figura referente de este periodo, representa uno de estos casos. Chillida, y por consiguiente su escultura, se pregunta por lo inalcanzable, lo absoluto, lo verdadero desde la sencillez, la humanidad, la belleza y la dignidad cualidades no siempre fáciles de ejercitar y poco comunes en un mundo dominado por el rechazo a todo lo relacionado con lo artístico-espiritual. Como escultor profundamente apasionado y volcado en su trabajo, entiende su obra como mediadora entre el hombre y el misterio. Preocupado por el mundo que rodea y conforma sus esculturas, más que en la pieza en sí, traduce todos sus intereses a conceptos duales y complementarios como el espacio-vacío, materia- espíritu, peso-gravedad. A través del diálogo y la alternancia de dichos conceptos consigue generar en sus obras un ritmo propio que logra desprender al observador del orden frenético de la vida cotidiana, invitándolo a la contemplación y el recogimiento al crear «lugares sagrados» en los queda manifiesto de fondo el catolicismo de búsqueda,propio del autor. El artista entabla un diálogo con lo mistérico y nos proporciona con sus esculturas los materiales que cree necesarios para semejantes enfrentamientos, siendo capaz de producir una experiencia tanto estética como religiosa. Su Elogio del Horizonte abarca toda esta intención de mediación, en este caso entre el horizonte símbolo de lo inmenso, lo inconmensurable, patria y lugar de toda la humanidad, y el espectador. Chillida consigue a través de esta escultura hacer presente lo sagrado, al abrirnos una ventana a lo esencial, desde lo material. Palavras-chave: Arte contemporáneo; Arte y trascendencia; Eduardo Chillida; Escultura abstracta monumental; Elogio del Horizonte. 31 BUSCANDO LO TRASCENDENTE: INSTALACIONES DE ARTE CONTEMPORÁNEO EN ESPACIOS SAGRADOS Maribel Castro Díaz UFV Madrid mi.castro.prof@ufv.es RESUMO: Mientras que en el siglo XX se dio un proceso de secularización en la sociedad (generando una separación entre arte contemporáneo y cristianismo), hoy en día encontramos que los artistas vuelven a retomar en sus obras la tradición del diálogo entre la creación visual y los lugares de culto. Este compromiso de los artistas con lo espiritual y lo religioso ofrece nuevas posibilidades para los espacios sagrados. Esta investigación plantea explorar el potencial de la instalación artística dentro del diálogo entre arte contemporáneo y espiritualidad, señalando el giro conceptual e interpretativo de un foco casi exclusivo en el contenido y la imagen (que definió el enfoque artístico anterior al siglo XX) a las dimensiones experienciales e inmersivas para el espectador. Propone exponer algunas de las características y utilidades más relevantes de un tipo de arte que puede ser descrito como espiritual en virtud de sus capacidades reveladoras, revitalizadoras y contemplativas, así como analizar el papel mediador de la instalación en la experiencia estética de lo sublime. La metodología para este estudio se basará, por un lado, en una revisión bibliográfica y la elaboración de un marco conceptual a partir de textos y publicaciones como On the Strange Place of Religion in Contemporary Art (1994), de James Elkin, Art & Religion in the 21st century (2015), de Aaron Ronsen, o The Sublime: Documents of Contemporary Art (2010), editado por Simon Morley, además de artículos académicos y catálogos razonados. Seleccionaremos un conjunto propuestas artísticas recientes creadas para espacios religiosos, y estructuraremos su análisis a partir de las nuevas formas de encuentro que permite la utilización de lo multimedia. Así, realizaremos un estudio comparado de la utilización de la palabra en las instalaciones de Jenny Holzer en la Iglesia de San Juan el Divino, Nueva York (2004) y de Tracey Emin en la Catedral Anglicana de Liverpool (2008), el empleo de la luz y el color en las instalaciones de Dan Flavin en la Chiesa di Santa Maria Annunciata en Milán (1996) y de James Turrell en la capilla del Cementerio de Dorotheenstädtischer, en Berlín (2016), o la revisión de iconografía simbólica en obras de Bill Viola para la Catedral de San Pablo en Londres o Alison Watt en la Old St. Paul´s Church, en Edimburgo (2004). El resultado pone en relación una serie de enfoques, intenciones y el impacto de una creación artística mailto:mi.castro.prof@ufv.es 32 actual que no elude la complejidad y diversidad de maneras de acercarse a lo sagrado y a lo trascendente. Los espacios intervenidos se convierten en destinos de peregrinación no solo para creyentes o para amantes del arte, sino también para personas de diferentes contextos que buscan algún tipo de vía para buscar la verdad y lo espiritual. Finalmente, se constata cómo las propuestas estudiadas aprovechan el potencial estético de diferentes medios, formulan nuevas opciones de percepción y de interacción con el espacio sagrado, y subrayan la presencia renovada de lo espiritual en el arte del siglo XXI. Palavras-chave: Experiencia estética; Espacio sagrado; Instalación artística; Espiritualidad; Intermedialidad. PRESENCIA AUSENTE. TRASCENDENCIA EN TORNO AL CONCEPTO INFRALEVE EN MARCEL DUCHAMP Y OTROS ARTISTAS CONTEMPORÁNEOS. Elisa de la Torre UVF Madrid elisa.delatorre@ufv.es RESUMO: Marcel Duchamp propone el concepto infraleve en 1014 como una apreciación por realidades cotidianas que escapan a la percepción. El análisis formal que he trabajado en los últimos años sobre este concepto esconde una tensión constante hacia la desaparición de bien por ser de naturaleza fugaz, como una presencia leve, o por estar, de facto, no presente, calificándolo presencia ausente. La presencia ausente manifiesta una realidad oculta que se palpa a partir de una huella o señal que lo delata. El uso de estos indicios en arte contemporáneo para dirigir la mirada del espectador a una realidad superior o externa de manera poética es una herramienta de alto poder persuasivo pero que requiere una sensibilidad y atención por parte de un espectador moderno que no siempre está dispuesto. En el presente trabajo se estudiará el uso y pretensión trascendente de la presencia ausente en diversas propuestas artísticas contemporáneas en relación con el espectador actual. Palavras-chave: Infraleve; Presencia; Ausencia; Arte. mailto:elisa.delatorre@ufv.es 33 LO TRASCENDENTAL EN LA OBRA DE ESCULTORAS ESPAÑOLAS ACTUALES: ESTUDIOS DE CASO Paloma Rodera Martínez UFV Madrid paloma.rodera@ufv.es RESUMO: En la siguiente comunicación hacemos un recorrido por la obra de las escultoras españolas más influyentes del arte actual. Buscamos el concepto de trascendencia en piezas de tres dimensiones que conjugan un diálogo con el espacio e interpelan al espectador que es parte de la experiencia artística como un elemento más. No sólo, como elemento fundamental del eje vertebrador que da sentido a la obra en sí misma. Analizamos los casos de artistas como Dora García, Cristina Iglesias, Lara Almarcegui y Naia del Castillo, entre otras. EL CRISTO BIZANTINO TATUADO EN LA ESPALDA DE PARKER: UNA EXPERINENCIA CATÁRTICA PARA EL PERSONAJE DE FLANNERY O’CONNOR Susana Miró López UFV Madrid s.miro@ufv.es RESUMO: En el contexto actual secularizado las manifestaciones religiosas quedan circunscritas al ámbito personal. Este ocultamiento provoca una dificultad a la hora de encontrar un sentido a la existencia humana más allá del inmanente. Con esta comunicación pretendemos, a través del relato Parker’s Back de la autora sureña Flannery O’Connor, mostrar el valor de la literatura y del arte contemporáneo como agentes catárticos de la sociedad. Ejemplificar la relación entre la estética y la experiencia religiosa. Analizar si la mística y la estética son las dos grandes vías para el encuentro de dos seres trascendentes: Dios y el ser humano, partícipe de la divinidad por la salvación de un Dios encarnado. Metodológicamente se estudian las fuentes primarias del relato y las cartas de la autora donde se explicita el sentido del relato en cuestión y otras fuentes secundarias en las que se interpreta el uso del cuerpo humano como lienzo y como camino en la búsqueda de sentido en el personaje de Parker. Como resultado de la investigación se podrá probar que el anhelo de un sentido en la vida acompaña a toda persona y es irrenunciable el dar una respuesta a esta cuestión. En un mundo que pretende apartar a Dios de la cotidianeidad, surgen con fuerza manifestaciones artísticas, a veces en formatos que sorprenden mailto:paloma.rodera@ufv.es mailto:s.miro@ufv.es 34 como la técnica del tatuaje, donde se materializa la experiencia religiosa del ser humano. Esta visión estética, permite elevar los ojos hacia arriba y encontrar una respuesta que da plenitud a la persona. Belleza y Verdadse vinculan para desde las maneras tocar el misterio, expresión utilizada por Flannery O’Connor con la que pretende lanzar un mensaje de esperanza a la sociedad. A lo largo de la historia, el ser humano se siente incompleto si no es capaz de responder a quién es, qué sentido tiene este mundo y si hay algo, alguien o Alguien más allá de lo que captan nuestros sentidos. Pues bien, desde la misma contemplación sensorial de lo que nos rodea, el arte surge como vínculo con esa otra realidad trascendente que parece ofrecer una respuesta a la inquietud del corazón humano. Parker no encontraba sentido en su vida por mucho que se tatuara su cuerpo hasta que se encontró con los ojos de un Cristo bizantino que replicó en su espalda. La pieza que faltaba le permite encajar, completar y reconstruir su vida. Parker se entendió a la luz de unos ojos que le miran a la cara y que le acompañan no solamente como tinta impresa grabada en su espalda sino como una presencia que le abraza y sostiene. Palavras-chave: O’Connor; Cristo Bizantino; Estética; Catarsis; Mística. 35 ST 03 – ESPIRITUALIDADES PAGÃS E DA TERRA: ARTE, CULTURA, IDENTIDADE E MATERIALIDADE Dartagnan Abdias Silva NGCR/UFS dartagnan.abdias@academico.ufs.br Rodrigo Nogueira Martins PUC Minas rodrygovirtual@hotmail.com Esta ST tem por objetivo acolher pesquisas que abordem temáticas em torno das espiritualidades pagãs e de sacralidade da terra como um todo. Tendo como objetivo principal a análise religiosa a partir das lentes da Ciência da Religião, esta ST propõe trabalhar as diferentes formas religiosas e espirituais de sacralidade na terra independente de sua vertente e atuação na atualidade, encontrando na pluralidade religiosa os pontos de encontro entre suas agendas na arte, cultura, materialidades, militâncias e reflexões sócio-antropo-filosóficas e religiosas. Desse modo, pretende-se costurar diálogos entre essas tradições ao observar seus pontos comuns e sua relevância no cenário pluralista da modernidade. Helmut Renders observa que as diferentes linguagens experimentadas e imaginadas promovem uma sistematização humana da Religião. E Brigth Meyer aponta para a construção das identidades, grupos, crenças ou comunidades religiosas nas quais podemos encontrar vestígios de sua cultura através de sua dimensão material. Logo, Helmut e Meyer também ajudam a pavimentar a abordagem das religiões pagãs através de sua arte e cultura, sentidos e identidades. Sendo justamente este contexto a mola propulsora para a articulação de diferentes configurações religiosas abrangidas por esta ST. Destarte, também se intenciona que esta ST seja a reunião possível de pesquisadores que terão a oportunidade de mailto:dartagnan.abdias@academico.ufs.br mailto:rodrygovirtual@hotmail.com 36 apresentarem seus estudos e realizarem conexões entre a Ciência da Religião e as espiritualidades pagãs e da terra em suas múltiplas formas, trabalhando a cultura como forma indissociável da religião. ARQUEOLOGIA E RELIGIÃO: POSSIBILIDADES PARA UMA INTERPRETAÇÃO DAS MATERIALIDADES RELIGIOSAS ATRAVÉS DE DAVID MORGAN E ALFRED GELL Rodrigo Nogueira Martins UFRJ-MUSEU NACIONAL rodrygovirtual@hotmail.com RESUMO: Esta comunicação pauta-se nas premissas da Ciência da Religião aplicada ao Patrimônio Cultural (Passos e Usarski, 2013), através dos conceitos da Religião Material (Morgan, 2009, 2010; Vasques, 2011 e Meyer, 2012). Mediante a isto, alço mão da possibilidade multidisciplinar ofertada por este campo de estudos que oportuniza a possibilidade de uma abordagem do Patrimônio Cultural Religioso, também chamado de Religião Material, a partir de suas materialidades. Apresentarei o entrelaçamento de questões conceituais utilizadas durante o desenvolvimento de minha dissertação, defendida em 2023, no PPG-CR da PUC-Minas, que tinha como foco identificar possíveis heranças do Islã no Terreiro do Bogum, em Salvador. A pesquisa teve como ponto de partida o histórico e reconhecido entrelaçamento ocorrido entre os Malês e os negros adeptos aos cultos nativos africanos, que culminou da Revolta dos Malês e a partir de então localizar possíveis heranças dialógicas através dos vestígios materiais. Para que tenhamos um entendimento mais amplo sobre essas questões teremos como autores de referência David Morgan através de sua teoria do “Olhar Sagrado”, Sacrad Gaze (2005) e de sua tríade interpretativa sobre a materialidade através dos artefatos, dos corpos e da espacialidade (2009, 2010). Aliado a estes pressupostos realizarei uma associação do pensamento de Morgan com o de Alfred Gell (1998) e suas importantes contribuições sobre “Arte e Agência”, indissociáveis para a Arqueologia. Com vistas a uma possibilidade de engendramentos futuros, apresentarei como vias de apoio, o emergente conceito de “Materialismo não Reducionista” de Manuel Vásquez (2011), que o aproxima dos conceitos da Arqueologia Sensorial e a Tese de uma “Antropologia Fenomenológica” de Birgit Meyer (2012), sendo essas duas últimas possibilidades oriundas da Religião Material. Esta comunicação terá como foco a apresentação de uma possibilidade epistemológica real entre a Ciência da Religião e a Arqueologia, com mailto:rodrygovirtual@hotmail.com 37 vistas a semear futuras possibilidades de análises e compreensões das “materialidades religiosas”, a partir dos autores citados. Com isso evidenciarei a importância das diversas formas de classificação das materialidades a partir de Morgan, organizadas através dos artefatos, das emoções e dos sentimentos e até mesmo da orientação espacial, bem como suas possíveis produções de sentido (2009, 2010). Contudo, esta comunicação pretende participar da cena dos estudos sobre Religião Material e materialidade demonstrando a viabilidade de realizar uma análise a partir de um discurso polifônico oriundo de uma interface multifacetada entre conceitos solidificados na Arqueologia e os conceitos emergentes da Ciência da Religião, como forma de encurtar caminhos para os demais pesquisadores que possam se interessar pelos estudos pautados na Religião Material. Palavras-chave: Arqueologia; Materialidade; Religião Material; David Morgan; Alfred Gell. IDENTIDADES DE GÊNERO NO PAGANISMO: PROBLEMATIZAÇÕES NA WICCA E NO CELTISMO IRLANDÊS Dartagnan Abdias Silva UFS dartagnanabdias@gmail.com Dra. Sanny Caldas Araujo UFPA veronyka_sanny16@hotmail.com RESUMO: O (Neo)Paganismo como uma corrente religiosa revivida ou de inspirações nas vivências dos antigos povos pagãos, sobretudo da Europa, hoje precisam dar conta de agendas e problemáticas contemporânea que não necessariamente eram pautas em suas épocas culturais ancestrais. A realidade moderna condiciona os (neo)pagãos a responderem às demandas e agendas, mas algumas críticas ainda apontam no horizonte recorrente, face às agendas de identidade e gênero. Uma visão reconstruída ou inspirada das culturas e povos pagãos da antiguidade dá base às teorias e aplicações mitologicorreligiosa para as condutas morais e as conceituações de identidade e gênero do passado, mas o pertencimento ou enquadramento da comunidade LGBTQIAP+ ainda permanece difusa e desorientada nesse campo. Em alguns casos, como na Wicca, a questão parece ainda mais delicada se compararmos o binarismo da mailto:dartagnanabdias@gmail.com mailto:veronyka_sanny16@hotmail.com 38 oposição feminino x masculino encenados pelas duodeidades: A Deusa e o Deus. Em outros, como na mitologia irlandesa, alguns pontos podem estar discretamente condensados em seus textos mitológicos, mas passíveis de pluri-interpretação. A definição da identidade parte da compreensão da atuação ou da vinculação do ser humano no mundo, e com isso se articula tanto na direçãodo sentido e interpretação de mundo e identidade fornecida pela religião, quanto na relação entre o humano e seu ambiente político-sócio-cultural. Através da revisão das pesquisas de campo sobre a Wicca realizada de 2017 a 2022, revisão bibliográfica e análise mitológica, este trabalho busca problematizar as questões de reconhecimento e identidade no (Neo)Paganismo a partir da contraposição da wiccanologia (SILVA, 2022) com as possibilidades interpretativas em alguns mitos e passagens míticas da Irlanda, a fim de iluminar a questão que se coloca de forma difusa e velada sobre a comunidade (neo)pagã sobre a identidade de gênero e sua interpretação pela religião / sagrado. Desse modo, espera-se compreender ou problematizar como se articulam hoje as polêmicas e compreensões acerca das identidades e dos gêneros modernos numa religiosidade que recria e busca sua inspiração em um mundo antigo. Palavras-chave: Paganismo; Identidade; Gênero; Mitos. A ESPIRITUALIDADE COMO BUSCA DE SENTIDO: DO ATEÍSMO À LIBERTAÇÃO José Flávio Mamede PUC Minas mamedej38@gmail.com RESUMO: A presente pesquisa pretende abordar a espiritualidade como busca de sentido, fazendo uma interface entre o ateísmo de Comte- Sponville (1952) e a teologia da libertação em Jon Sobrino (1938). Objetivamos encontrar uma interface não suprimindo as diferenças entre as correntes espirituais ateias e libertadoras. Os ateus são portadores de espiritualidade, praticando-a como vida espiritual laica, material e com espírito. Os ateus têm espírito como todo ser humano. O que é espírito? É algo que pensa, gosta e não gosta, que quer e não quer, imagina e sente. Por isso, o espírito engloba tudo ou quase tudo da vida humana, isto é, o mental e o psíquico. A corrente da teologia da libertação apresenta a espiritualidade como dimensão da pessoa humana que é portador de espírito. Todo ser humano é espírito como sua corporeidade, socialidade e praxicidade. Esse espírito está referido mailto:mamedej38@gmail.com 39 ao material e ao histórico dando-lhe criatividade não mecanicamente, mas proporcionando-lhe direção, ministrando conteúdo, valores para alimentar o projeto de libertação. A espiritualidade é uma dimensão que pode nomear o humano como ser-com-espírito. Essa dimensão responde ao que na teologia da libertação se chama de uma libertação integral ou libertação com espírito. Por isso, não há separação entre material e espiritual de tal maneira que a libertação acontece na vida material e histórica em sintonia com sua espiritualidade. Para a teologia da libertação, a espiritualidade é o exercício da prática libertadora que acontece na materialidade da vida histórica. Percorremos as obras destes dois autores para elucidar que a espiritualidade está para além da religião ou da transcendência. A espiritualidade é uma busca de sentido que tem um potencial libertador tocando toda expressão do humano, possibilitando uma abertura para a diversidade, abrangendo arte, cultura, identidade e materialidade. Palavras-chaves: Espiritualidade; Ateísmo; Libertação. ASPECTOS FUNERÁRIOS DO ANTIGO EGITO: AS REPRESENTAÇÕES DE ÍSIS DE ACORDO COM O LIVRO PARA SAIR À LUZ DO DIA Helinny Laurrany Machado da Silva PUC Goiás helinnymachado@gmail.com RESUMO: Ísis foi uma das deusas mais cultuadas durante os períodos monárquicos do Egito. O seu culto se difundiu e se perpetuou pelos séculos, transformado e reestruturado em diferentes lugares do mundo antigo. Sua prática sofreu mudanças dentro do próprio Egito e foi adaptada em outros territórios da bacia do Mediterrâneo. Durante o Reino Antigo, de acordo com os Textos das Pirâmides, Ísis desempenhava uma função auxiliar na religião egípcia, lamentando o destino de Osíris ou assistindo na proteção de Hórus. Já no Reino Médio, conforme Os Textos dos Sarcofagos, Ísis ganha protagonismo na religião, sendo creditada pela prática de mumificação e chegando no Reino Novo como uma divindade protetora do faraó e não somente como esposa e mãe. Conforme podemos perceber na longa duração, entendemos que Ísis sempre esteve presente dentro da cultura egípcia, porém nunca foi cultuada e representada pelas mesmas características, principalmente nas produções textuais e imagéticas. Por isso, nosso objetivo nesta comunicação é investigar os aspectos mailto:helinnymachado@gmail.com 40 funerários e as representações da deusa no Reino Novo. Para essa investigação, utilizaremos o Livro para Sair à Luz do Dia ou como popularmente conhecido Livro dos Mortos para identificar essas representações, assim como aspectos da religião e as próprias funções da deusa nestes textos. Palavras-Chave: Representação; Imaginário; Religião Funerária; Ísis. HENRY DAVID THOREAU E O PAGANISMO GRECO-ROMANO Letícia Ferreira Lamha UFJF leticialamha.phoenix@gmail.com RESUMO: Poeta, naturalista, crítico da civilização industrial e, primordialmente, um amante das aparições cósmicas e seus encantamentos, Henry David Thoreau (1817-1862) legou notáveis contribuições para a compreensão da atualmente denominada era do Antropoceno. Pressentindo as consequências calamitosas, para a totalidade do cosmo, dos agenciamentos humanos autorreferenciados, ele buscou transmitir, pela via literária, seu vislumbre individual da sacralidade da Natureza e suas inúmeras moradas. O escritor norte- americano construiu as bases de seu pensamento a partir, sobretudo, de duas correntes intelectuais: (i) o Transcendentalismo da Nova Inglaterra e (ii) o estudo empírico dos fenômenos naturais ao modo dos cientistas da época, então denominados “naturalistas”. Por um lado, do ambiente transcendentalista ele herdou tanto os pressupostos da relação filosófico-estética, anteriormente tecida pelos românticos europeus, entre o divino e os fenômenos naturais, quanto o mote do estudo comparado das mitologias sob os prismas histórico e poético. Por outro lado, do contato com a metodologia dos naturalistas o intelectual de Massachusetts desenvolveu suas habilidades para a observação do comportamento de plantas e animais autóctones e para a coleta e registro de espécimes. Constituída a partir de um alicerce multidisciplinar, sua obra, em meio à diversidade de interesses, tinha a Natureza como eixo centralizador. Nesse sentido, também nas reflexões por ele delineadas acerca dos mitos de diferentes tradições religiosas percebe-se que um de seus principais intuitos era examinar o lugar das manifestações terrenas no horizonte espiritual em questão. Não por acaso, o autor afirmou sua simpatia e sua própria pertença às perspectivas panteístas e pagãs dos povos arcaicos. Tendo em vista o panorama mais amplo da conexão espiritualidade-Natureza, a mailto:leticialamha.phoenix@gmail.com 41 presente comunicação objetiva versar a respeito da reverberação da tradição mitológica greco-romana no pensamento thoreauviano. Pautando-nos em passagens dos livros A Week on the Concord and Merrimack Rivers (1849) e Walden (1854), buscaremos demonstrar (i) como o erudito emprega alguns dos mitos da Grécia e Roma antigas para tecer sua concepção quanto à presença divina nas movimentações da terra e (ii) em que sentido essas narrativas mitológicas fundamentam sua crítica à secularização do universo natural operada pela sociedade de seu contexto. Veremos que é valendo-se desses cenários míticos nos quais as divindades são inseparáveis das dinâmicas telúricas que H. D. Thoreau expressa seu posicionamento frente à cultura estadunidense contemporânea, e que suas ponderações em torno dessa temática mostram-se relevantes também para o tempo presente. Palavras-chave: Thoreau; Natureza; Paganismo greco-romano. ESPIRITUALIDADE PURI: EXTINÇÃO, SINCRETISMOS E RETOMADA Kigéw Puri (André da Silva Muniz) UFABC andre.muniz@ufabc.edu.br
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