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ResuMapas de Literatura espaçodoaprovado espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 0 1 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O que você vai encontrar nesse e-book Introdução e avisos legais ............................................. Gêneros literários ........................................................... Trovadorismo .................................................................. Humanismo ..................................................................... Classicismo .................................................................... Quinhentismo................................................................... Barroco ............................................................................ Arcadismo ....................................................................... Romantismo em Portugal ................................................ Romantismo no Brasil: 1ª geração ................................... Romantismo no Brasil: 2ª geração .................................. Romantismo no Brasil: 3ª geração .................................. Romance Urbano ............................................................. Romance Indianista ......................................................... Romance Regionalista .................................................... Realismo .......................................................................... Naturalismo ..................................................................... Parnasianismo ................................................................. Simbolismo ...................................................................... Pré-Modernismo .............................................................. 3 10 19 18 26 31 35 42 51 55 58 63 69 73 77 80 90 95 99 105 Vanguardas Europeias ................................................... Modernismo em Portugal ............................................... Modernismo no Brasil: 1ª fase ........................................ Modernismo no Brasil: 2ª fase ........................................ Romance de 1930 ............................................................. Geração de 45 e Concretismo ........................................ Prosa pós-moderna ......................................................... Lista de Ilustrações ............................................................... Referências bibliográficas .................................................... 112 117 121 128 133 138 143 145 148 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 02 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Introdução Fig. 03 espaço do aprovadoespaço do aprovado Gostaríamos de te agradecer pela compra do material do Espaço do Aprovado (@espaçodoaprovado). Todo conteúdo foi feito com muito carinho e dedicação para que você, estudante, possa alcançar seus sonhos e estudar com mais facilidade. Esperamos que você se sinta satisfeito com o material, e por último, não esqueça de nos enviar um feedback em alguma das nossas redes sociais! Todo o conteúdo deste material, incluindo, mas não se limitando a textos, imagens, gráficos, logotipos, ícones, fotografias, aúdio, vídeo, software e outros materiais aqui contidos, são protegidos pela legislação brasileira de direitos autorais e propriedade intelectual. Estes direitos pertencem exclusivamente ao Espaço do Aprovado. É proibido copiar, reproduzir, distribuir, modificar, exibir, publicar, transmitir ou criar obras derivadas deste material sem a autorização prévia e expressa do titular dos direitos autorais. Qualquer meio de compartilhamento, seja por Google Drive, Torrent, Mega, WhatsApp, redes sociais ou quaisquer outros meios se classificam como ato de pirataria, conforme o art. 184 do Código Penal. Qualquer uso não autorizado do conteúdo deste material pode violar as leis de direitos autorais e outras leis aplicáveis, e pode resultar em sanções civis e criminais. 3Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com ResuMapas Reconhecer Passos para aproveitar melhor os Entender Memorizar Explicar espaço do aprovadoespaço do aprovado 4Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Primeiro dirija o seu foco para o que está escrito e depois, associe com as imagens A primeira forma de fixar um conteúdo é escrevendo e produzindo. Porém, como já fizemos essa etapa para você, seu passo a passo muda, e acaba se tornando o seguinte: Reconhecer Ler o material com calma Dê o tempo de alguns segundos observando a imagem e tente associá-la com o que está escrito. A cada novo ResuMapa que você ler, o ideal é que você repita a leitura pelo menos 2x, com calma. Nessa primeira etapa, não tente memorizar nada, apenas leia e releia, prestando atenção no que está escrito e tentando associar com as imagens e figuras. 5 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Essa etapa é bem autoexplicativa, e você vai tentar entender o que leu. Entender Uma forma legal de fazer isso é reescrever ao lado do que está escrito, só que dessa vez, usando as suas próprias palavras a forma como você entendeu aquilo. Você pode ler um tópico, a frase, o destaque e tentar repetir o que está escrito sem olhar para o ResuMapa. Você também pode ler o que acabou de escrever em voz alta ou mentalmente. 6 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Você pode usar e abusar dos mnemônicos ou da técnica de palácio da memória. Memorizar Essas técnicas foram feitas para você criar uma história ou palavra-chave (acrônimo) para te ajudar na memorização do que você esteja estudando. É importante você se atentar que essa etapa é muito mais uma "decoreba" de termos muito práticos e difíceis de serem memorizados, e você só está inserindo em sua cabeça por repetição, garantindo que vai lembrar sempre que precisar. 7 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com É claro que uma das melhores formas de aprender um conteúdo, é ensinando para alguém. Explicar Nessa etapa, pense que você é um professor administrando uma aula na sua turma e tente explicar sobre o assunto que está estudando nesse ResuMapa. Essa etapa é muito importante! Não sinta vergonha de falar sozinho, pode colocar o seu porta lápis, mochila ou almofada na sua frente e explique para ela, o efeito de ensinar continua. Como você assumirá o papel de professor, tente explicar cada passo a passo de forma concisa e eficiente, para que seu aluno fictício compreenda bem, e consequentemente, você fixe mais o conteúdo. 8 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Com esses passos, você assimilará mais de 80% do assunto e não terá grandes chances de se esquecer do que estudou. Antes de você partir para os ResuMapas, é importante que você saiba a extrema importância de praticar seu conhecimento estudado por meio dos exercícios. Já que o nosso foco é fazer com que você tenha um estudo de qualidade e aprenda de forma eficiente, não esqueça de esperar o acesso, após 7 dias da sua compra, às fichas de exercícios que disponibilizamos para o seu estudo ficar ainda mais completo. Pronto, agora que você entendeu nossa metodologia, vamos aos ResuMapas! DICA: Use e abuse do ZOOM para explorar os mapas digitalmente! 9 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S GÊNEROS LITERÁRIOS O primeiro a categorizar as formas de fazer literário foi o filósofo grego Aristóteles. Ele dividiu em gêneros literários em três: GÊNERO LÍRICO Corresponde ao gênero que abordaa emoção e a subjetividade de um eu, ou seja, o eu-lírico, utilizando recursos expressivos, como o metro, o ritmo e a rima, além da plurissignificação da linguagem. A poesia lírica é responsável por manifestar o mundo interior, conforme as necessidades do poeta. O lirismo se define como a expressão pessoal de uma emoção demonstrada através de vias ritmadas e musicais. @espaçodoaprovado 10 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 0 4 Além de exercer a função poética da linguagem, característica do gênero lírico, vale ressaltar que também se encontra a função de metalinguagem em vários poemas. Esse caráter metalinguístico permite que o poeta pense o próprio fazer poético. @espaçodoaprovado Fig . 05 Fig. 06 O soneto se configura como um poema de 14 versos: dois quartetos (conjuntos de quatro versos) e dois tercetos (conjuntos de três versos). Essa estrutura remete a forte influência do Renascimento. Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com ASPECTOS ESTRUTURAIS DA POESIA @espaçodoaprovado As estrofes de um poema podem ser nomeadas conforme a sua quantidade de versos pertencentes, como mostra a tabela abaixo: TIPO DE ESTROFE NÚMERO DE VERSOS Dístico 2 Terceto 3 Quarteto 4 Quinteto 5 Sexteto 6 TIPO DE ESTROFE NÚMERO DE VERSOS Sétima 7 Oitava 8 Novena 9 Décima 10 GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S 11 espaço do aprovadoespaço do aprovado Além disso, alguns aspectos são importantes para atribuir a sonoridade das palavras, com base na construção de recursos poéticos, como o ritmo, a rima e o metro. Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Ritmo: Ele é marcado principalmente pela alternância entre os acentos (sílabas átonas/tônicas) e as pausas. Metro: É o número de sílabas métricas pertencentes a um verso. Na sua contagem (metrificação), não se deve considerar as sílabas que ocorrem após a última sílaba tônica do verso. Os metros são nomeados conforme ao nome referente ao número de sílabas que o compõe: 4 sílabas = tetrassílabo; 6 sílabas = hexassílabo; 8 sílabas = octossílabo, e assim por diante. É quando os versos de um poema possuem número diferente de sílabas, ou seja, possuem irregularidade no número de sílabas métricas. @espaçodoaprovado O que são versos livres? Alguns metros possuem nomes especiais, como redondilha menor (5 sílabas métricas), redondilha maior (7sílabas), decassílabo (10 sílabas) e alexandrino ou dodecassílabo (12 sílabas). Nomes especiais. As redondilhas são conhecidas como medida velha porque era uma estrutura métrica utilizada na Idade Média. Já os versos decassílabos são conhecidos como medida nova, porque surgiram no Renascimento. Rima: É a coincidência ou a semelhança entre sons a partir da última vogal tônica no fim dos versos. As rimas podem se classificar como: GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S 12 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig . 07 Fig . 0 8 Fi g. 0 9 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Pobres: quando as palavras rimadas pertencem à mesma classe gramatical. Ricas: quando as palavras rimadas pertencem a classes gramaticais diferentes É quando os versos do poema não apresentam rimas. @espaçodoaprovado O que são versos brancos? Quando à distribuição da rima dos poemas, elas se classificam em: Emparelhadas ou paralelas (AABBCC): Chega-te a mim! Entra no meu amor (A) E à minha carne entrega a tua flor! (A) Preme contra o meu peito o teu seio agitado, (B) E aprende a amar o Amor, renovando o pecado! (B) Abençoo o teu crime, acolho o teu desgosto, (C) Bebo-te, de uma a uma, as lágrimas do rosto! (C) BILAC, Olavo. A alvorada do amor. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 11. (Fragmento). Intercaladas, interpoladas ou opostas (ABBA): Poeta fui e do áspero destino (A) senti bem cedo a mão pesada e dura. (B) Conheci mais tristeza que ventura (B) e sempre andei errante e peregrino. (A) Vivi sujeito ao doce desatino (A) que tanto engana, mas tão pouco dura; (B) e inda choro o rigor da sorte escura, (B) se nas dores passadas imagino. (A) ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).. GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S 13 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig . 10 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Cruzadas, entrecruzadas ou alternadas (ABAB): Porém, como me agora vejo isento (A) dos sonhos que sonhava noite e dia (B) e só com saudades me atormento, (A) entendo que não tive outra alegria (B) nem nunca outro qualquer contentamento (A) senão ter cantado o que sofria. (B) ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).. Encadeadas: o fim de um verso coincide com o interior do seguinte. E tresloucadas ou casadas com o som das baladas, (A) As fadas (A) são belas, e as estrelas (B) São delas... (B) ei-las alheadas. (A) PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; O eu profundo e outros eus: seleção poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 98. (Fragmento). GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S Misturadas: não se enquadram em nenhum dos esquemas apresentados. Nas ruas da feira (A) Da feira deserta (B) Só a lua cheia (C) Branqueia e clareia (C) As ruas da feira (A) Na noite entreaberta (B) PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; III/Pierrot Bêbado. O eu profundo e outros eus: seleção poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 96. (Fragmento).. @espaçodoaprovado 14 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig . 11 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com espaço do aprovadoespaço do aprovado GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S GÊNERO DRAMÁTICO Corresponde ao gênero da ação, do movimento e representa as ações num palco. A peça teatral é uma composição literária com a finalidade de ser apresentada por atores, num palco, eles dialogando entre si, dividida em atos e cenas. MODALIDADES MAIS COMUNS DO GÊNERO DRAMÁTICO: @espaçodoaprovado TRAGÉDIA Representa ações trágicas e que podem despertar medo ou piedade. Segundo o filósofo Aristóteles, a principal finalidade era tragédia era impressionar o público para fazê-los refletirem sobre as paixões e os vícios humanos. Os personagens eram sempre da alta estirpe (nobres, deuses e semideuses), e os conflitos que envolviam as questões de honra e de poder. Assim, a principal finalidade da tragédia era a catarse: correspondia a purificação da alma pelo terror e pela piedade que as tragédias podiam despertar, por conta da situações de dor e de sofrimento que eram representados. Dessa forma, o espectador se simpatizava com o herói, que, além da nobreza, reconhecia seu erro. Os principais textos definitivos da tragédia grega são: Prometeu acorrentado e a trilogia Orestíada, de Ésquilo; Édipo rei, Electra e Antígona, de Sófocles; Medeia, As troianas e As suplicantes, de Eurípedes. 15 Fi g. 1 2 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S COMÉDIA Representa os fatos comuns e cotidianos da vida das pessoas. O principal objetivo da comédia era fazer as pessoas sorrirem, por meio de críticas aos costumes. TRAGICOMÉDIA Representa a comédia misturada com elementos cômicos e trágicos. AUTO É uma peça curta que tem por finalidade o conteúdo religioso ou profano, com caráter moralizante. Surgiu na Idade Média. FARSA É uma pequena peça teatral com o objetivo de despertar o sorriso com situações ridículas, grotescas ou engraçadas, para satirizar os costumes. Surgiu por volta do século XIV. GÊNERO ÉPICO Se define como uma narrativa grandiosa em versos, contando os feitos heroicos pertencentes a formação de um povo ou de uma nação. Homero foi um poeta grego e autor das principais obras que influenciaram a literatura mundial: Ilíada e Odisseia.@espaçodoaprovado 16 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 3 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S A epopeia clássica é dividida em algumas partes, sendo elas: Proposição: é o momento em que o autor apresenta a matéria do poema. Invocação: é o momento em que as musas e outras entidades místicas são invocadas. Dedicatória: é o momento em que o autor dedica o poema a alguém. Essa etapa é facultativa. Narração: é o momento em que a ação começa no decurso dos acontecimentos, depois seguindo a ordem cronológica, tendo a parte inicial da narrativa contada por meio de uma retrospectiva, ou seja, por um “flashback”. Epílogo: é o momento em que se encerra a epopeia. Nas epopeias é comum a presença da mitologia greco-latina, ou seja, de heróis humanos contracenando com heróis mitológicos. GÊNERO NARRATIVO Tem como principal tipo o romance, surgindo como o meio de experiência, do conhecimento e da prática, para apresentar uma narrativa ficcional. O personagem do romance, ou seja, da narrativa de ficção em geral, não é heroico, e reúne diversos traços, positivos e negativos, sendo alguém se transforma e evolui, se configurando como um personagem com o qual o público pode se identificar. ELEMENTOS DA NARRATIVA @espaçodoaprovado Narrador: É quem narra a história, podendo ser onisciente, observador ou personagem. 17 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 14 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com GÊ NE RO S LI TE RÁ RI O S Tempo: É o determinado momento em que as personagens vivem as ações. Pode ser cronológico ou psicológico. Espaço: É o lugar em que ocorre e se desenvolve as ações. Enredo: É a trama da obra, a ação. Possui início, desenvolvimento, clímax e desfecho. Personagens: São os seres fictícios de uma trama. O personagem principal recebe o nome de protagonista e pode ser uma pessoa, animal ou objeto. TIPOS DE NARRATIVA @espaçodoaprovado Romance: É uma narrativa longa, que possui um enredo complexo e dividido em capítulos, com diversos personagens variados em torno das quais acontece a história principal. Novela: É um módulo mais complicado do romance e mais dinâmico, possuindo enredo simples dividido em episódios contínuos e sem interrupções. Conto: É uma narrativa curta que gira em torno de um conflito, possuindo poucas personagens. Crônica: É uma narrativa breve que objetiva comentar algo cotidiano; é um relato pessoal do autor sobre algum fato do dia a dia. 18 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig . 1 5 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com TR O VA DO RI SM O TROVADORISMO Durante o século XII, ressurgiram as cidades, o progresso econômico e o intercâmbio cultural, em detrimento do fim das grandes invasões na Europa. Os cavaleiros assumiram a posição social de vassalagem amorosa. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM DE VASSALAGEM AMOROSA O princípio básico da literatura medieval era o servilismo, ou seja, a subserviência dos vassalos ao seu suserano (senhor feudal) e dos fiéis a Deus. Assim, o trovador era subserviente à sua dama (no caso da poesia) e um cavaleiro era subserviente à sua donzela (no caso das novelas de cavalaria). ESTRUTURA @espaçodoaprovado A oralidade unia a música e poesia. Obediência a regras que definiam a vassalagem amorosa. Preferência aos principais valores da sociedade cortês. LINGUAGEM Utilizava metros regulares, com várias rimas para facilitar a memorização. Utilizava expressões para nomear a dama (senhor, mia senhor, senhor fremosa), correspondentes ao papel social ocupado por ela. O homem assumia o papel de servidor da dama, ou seja, lhe prestando generosidade, lealdade e principalmente, cortesia. 19 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 1 6 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O trovador abordava constantemente a mesura, ou seja, o mérito e o valor da sua dama. O trovador também pedia que a sua dama o reconhecesse por conta da sua cortesia, lhe garantindo um prêmio, já que seguia as regras da vassalagem amorosa. TR O VA DO RI SM O O NASCIMENTO DA LITERATURA PORTUGUESA A literatura portuguesa coincide com o nascimento de Portugal, no ano de 1140, quando se tornou independente do reino de Leão e Castela. O país não rompeu os laços econômicos, sociais e culturais com o restante da península Ibérica, por isso, a sua mais forte influência era a língua galego-português. Dessa forma, os trovadores desenvolviam sua lírica amorosa baseada na literatura provençal. O primeiro texto literário galego-português foi a “Cantiga da Ribeirinha” (ou “Cantiga da Guarvaia”), supostamente feita em 1198, de Paay Soares de Taveiroos. As cantigas galego-portuguesas se dividiam conforme o tema que abordaram: líricas: cantigas de amor ou de amigo. satíricas: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS @espaçodoaprovado O tema abordava o sofrimento pelo amor que não era correspondido e que o trovador dedicava a sua nobre senhora. CANTIGAS DE AMOR 20 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 7 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O eu-lírico era sempre masculino e se denominava coitado e enlouquecedor, confuso. O cenário era o ambiente palaciano. TR O VA DO RI SM O A dama tinha sempre identificada as suas qualidades físicas (delgada, de bem parecer), morais (bondade, lealdade) e também sociais (bom senso, saber falar mui bien). Quando a dama era comparada às outras da mesma corte, o eu-lírico lhe representava com superior. As comparações também funcionam para o trovador, que dizia ter sua dor maior do que a dos outros. O tom era pessimista, já que o amor cantado era impossível de ocorrer, por conta da superioridade da posição do trovador e a que a dama ocupava. Costuma ser utilizada a redondilha maior (7 sílabas métricas). O refrão é uma inovação em relação aos provençais. O tema abordava uma relação amorosa concreta entre duas pessoas simples. CANTIGAS DE AMIGO O tema central das cantigas de amigo é a saudade. O eu-lírico é sempre feminino, representando a voz de uma mulher (amiga que está com saudades por conta da ausência do amigo, que poderia ser namorado ou amante. O cenário é o ambiente campesiano. Vários personagens participam do universo amoroso, além da donzela e do amante, existe também a mãe e algumas damas que são testemunhas do amor. Às vezes, a mãe representa um obstáculo para os enamorados se encontrarem. @espaçodoaprovado 21 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 8 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O tom das cantigas de amigo é mais otimista, já que, apesar da saudade, se configurava como um amor real entre pessoas de condição social semelhante. TR O VA DO RI SM O Apresenta refrão. Costuma ter redondilhas menores (5 sílabas métricas). O trovador critica alguém por meio de palavras com duplo sentido, ironias e trocadilhos. CANTIGAS DE ESCÁRNIO Elas ridicularizam o comportamento de nobres, sejam homens ou mulheres. A organização dos versos e das estrofes é mais regular do que as outras cantigas. O trovador critica alguém de modo explícito, por meio de linguagem ofensiva e de baixo calão. CANTIGAS DE MALDIZER Além disso, essas cantigas abordam as indiscrições amorosas de nobres e membros do clero. Todas as cantigas foram preservadas graças às coletâneas manuscritas, os cancioneiros. Os principais são: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional. NOVELAS DE CAVALARIA São os primeiros romances (longas narrativas em versos), que surgiram no século XII, contando as aventuras dos cavaleiros andantes. A origem das novelas de cavalaria se deu após o declínio do prestígio da poesia trovadoresca. @espaçodoaprovado22 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 9 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com HU M AN IS M O HUMANISMO 1434 é considerado o marco inicial do Humanismo em Portugal, por conta da nomeação de Fernão Lopes como cronista-mor do reino. Fernão Lopes assumiu o papel do povo e destacava a participação popular na história dos reis, o que contribuía para o seu espírito humanista lhe destacar dos outros cronistas da época. A POESIA PALACIANA @espaçodoaprovado Esta se passava nos serões do Paço Real. Abordava um amor menos idealizado. Usava a métrica regular, estrofes com menor número de versos e de glosas (estrofes que retomavam e desenvolve o mote, o tema do poema). As características citadas anteriormente permitiram ao poema não necessitar de um acompanhamento musical para sustentar o ritmo, já que a linguagem desempenhou aquela função. O TEATRO DE GIL VICENTE Ficou conhecido como o “pai do teatro português”, criando peças de caráter moralizante, em que a religião católica aparece como referência de comportamento a partir da qual são julgadas as virtudes e erros dos seres humanos. As peças são humorísticas e que denunciam o panorama da sociedade portuguesa, apresentando comportamentos ditos como inadequados, a chamada sátira de costumes. 23 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 20 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com HU M AN IS M O Suas obras se dividem em: Autos pastoris (éclogas): possuem caráter religioso, como o Auto pastoril português; e um caráter profano, como o Auto pastoril da serra da Estrela. Autos de moralidade: correspondem as obras mais famosas do autor, como o Auto da alma e a Trilogia das barcas, composta pelo Auto da barca do inferno, o Auto da barca do purgatório e o Auto da barca da glória. Farsas: são as peças populares e que discutem os problemas da sociedade. As mais conhecidas são a Farsa de Inês Pereira e O velho da horta. @espaçodoaprovado 24 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com CL AS SI CI SM O CLASSICISMO Renascimento cultural, passando a marcar a substituição do mundo teocêntrico (centrado em Deus) da Idade Média por uma visão de mundo regida pelo antropocentrismo (centrada no indivíduo). CONTEXTO HISTÓRICO @espaçodoaprovado Além disso, a prosperidade proporcionada pela economia mercantil fez com que as cidades proporcionassem vida nos espaços urbanos e a convivência naquela região fosse almejada. A VALORIZAÇÃO DAS REALIZAÇÕES HUMANAS O Classicismo resgata da Antiguidade Clássica os valores que privilegiavam a razão e ação humanas. No movimento classicista são valorizados termos como proporções, a harmonia das formas e o equilíbrio das composições. O Renascimento surge como um interesse dos artistas pela arte, pela cultura e pelo pensamento da Antiguidade Clássica. Dessa forma, o próprio nome “renascimento” define o projeto de recuperação dos valores do mundo clássico. A população desejava desfrutar de um conforto social e econômico trazido pelas cidades e assim, passavam a cultivar valores terrenos, ou seja, valorizando o pensamento racional e o esforço individual. Nessa época, como se valorizava o ser humano, surgia um interesse pictórico pelo corpo, o que passou a levar muitos artistas, como Leonardo da Vinci, a investigar a anatomia em seus estudos. 25 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 2 1 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O antropocentrismo é manifestado nas obras literárias do Classicismo. CL AS SI CI SM O A única exceção a essa regra se aplica a Camões, já que sua obra Os lusíadas transita entre o teocentrismo e o antropocentrismo. O soneto é muito utilizado, porque é uma forma prática de explicitar o raciocínio e acomodar um desenvolvimento argumentativo completo, por meio da simetria da forma. O soneto é definido como “doce estilo novo”, doce porque os poetas consideravam os versos de dez sílabas mais musicais do que os de sete. @espaçodoaprovado O soneto apresenta o ponto de vista desenvolvido nos quartetos e é sintetizado nos tercetos. O “estilo novo” se remete ao tema do amor que é visto de uma visão mais racional e questionadora, onde o poeta busca entender os seus sentimentos. CLASSICISMO EM PORTUGAL Portugal vivia um período de prosperidade porque expandia o seu território opor meio das grandes navegações. Através da leitura de Petrarca, na Itália, o poeta conhece as inovações humanistas. FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA Quando retorna a Portugal, Sá de Miranda escreve utilizando formas poéticas classicistas e introduz uma cena lusitana ao poema, marcado ainda por estruturas medievais. 26 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 2 2 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com A volta de Sá de Miranda marca o início do Classicismo português. Em sua obra, a medida nova (versos com dez sílabas poéticas, os decassílabos), convivem com a medida velha (versos de sete a cinco sílabas poéticas, as redondilhas). A obra de Camões é dividida em poesia épica e poesia lírica. LUIZ VAZ DE CAMÕES Sua obra mais conhecida é a epopeia Os lusíadas: poemas épicos em que o autor canta os feitos do povo português. CL AS SI CI SM O Comigo me desavim Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo; Não posso viver comigo Nem posso fugir de mim. Com dor da gente fugia, Antes que esta assicrescesse: Agora já fugiria De mim, se de mim pudesse. Que meo espero ou que fim Do vão trabalho que sigo, Pois que trago a mim comigo Tamanho imigo de mim? MIRANDA, Sá de. In: LAPA, Rodrigues (Sel., pref. e notas). Sá de Miranda: poesias escolhidas. Lisboa: Seara Nova, 1970. p. 1. Nessa época de produção, o império português estava em declínio, então Camões decidiu escrever sua obra para exaltar as glórias do povo lusitano. @espaçodoaprovado 27 espaço do aprovadoespaço do aprovado Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com A obra Os lusíadas é estruturada em dez cantos, apresentando um total de 1.102 estrofes e 8.816 versos, todos eles decassílabos. O esquema de rima da obra Os lusíadas é ABABABCC, conhecido como oitava rima ou oitava real. CL AS SI CI SM O O poema desenvolve dois principais temas: a glória do navegador português e a reconstituição da história dos reis de Portugal. No enredo do poema, o herói é Vasco da Gama. Os 10 cantos da obra Os lusíadas são divididos em cinco partes: Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói. Invocação: o poeta pede às musas que lhe deem inteligência e “um som alto e sublimado” para cantar as glórias dos lusíadas. Dedicatória: o poema é oferecido em tributo a D. Sebastião, rei de Portugal na época de sua publicação. Narração: desenvolvimento do tema, com o relato da viagem de Vasco da Gama, além da narrar os episódios da história de Portugal. Epílogo: encerramento do poema, em que o poeta se mostra desiludido com sua pátria e pede às musas que silenciem sua lira. @espaçodoaprovado Na poesia lírica, Camões aborda diversas formas de produção, utilizando metros da medida nova e da medida velha. Nos sonetos de Camões, se desenvolvem três principais temas: o desconcerto do mundo, as mudanças constantes e o sofrimento amoroso. 28 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 2 3 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Nos sonetos de desconcerto do mundo, se abordam o descompasso entre a aparência e a realidade. O eu-lírico aborda a falta de lógica presente no mundo e a confusão e o sofrimento que o causa. CL AS SI CI SM O O soneto abaixo aborda o tema de desconcerto do mundo: Verdade, Amor, Razão, Merecimento Qualquer alma farão segura e forte; Porém, Fortuna,Caso, Tempo e Sorte Têm do confuso mundo o regimento. Efeitos mil revolve o pensamento, E não sabe a que causa se reporte; Mas sabe que o que é mais que vida e morte, Que não o alcança o humano entendimento. Doutos varões darão razões subidas; Mas são experiências mais provadas, E por isso é melhor ter muito visto Cousas há i que passam sem ser cridas E cousas cridas há sem ser passadas... Mas o melhor de tudo é crer em Cristo. CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 152. Perceba que, além de Camões, ocorre o resquício de uma religiosidade medieval e o racionalismo do Renascimento. No primeiro terceto, o eu-lírico aborda a valorização do conhecido dos “doutores varões”. No segundo terceto, o eu-lírico aborda que “o melhor de tudo é crer em Cristo”. @espaçodoaprovado 29 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 24 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Já o sofrimento amoroso em Camões costuma ser associado a um conflito entre o amor material (aquele profano e carnal) e o amor idealizado (aquele puro e espiritualizado). Esse embate entre o amor espiritualizado e o sentimento mais profano se trata do neoplatonismo amoroso, a forma de amor que por ser tão idealizada, não deseja realização carnal. CL AS SI CI SM O Chorai, Ninfas, os fados poderosos daquela soberana fermosura! Onde foram parar na sepultura aqueles reais olhos graciosos? Ó bens do mundo, falsos e enganosos! Que mágoas para ouvir! Que tal figura jaza sem resplendor na terra dura, com tal rosto e cabelos tão fermosos! Das outras que será, pois poder teve a morte sobre cousa tanto bela que ela eclipsava a luz do claro dia? Mas o mundo não era digno dela; por isso mais na terra não esteve: ao Céu subiu, que já se lhe devia. CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 74. Perceba que existe a visão neoplatônica sobre o amor. O eu-lírico lamenta a morte da amada, mas se reconforta porque ela transcendeu aos “bens do mundo, falsos e enganosos”. O soneto abaixo aborda o tema de sofrimento amoroso. @espaçodoaprovado 30 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 25 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Q UI NH EN TI SM O QUINHENTISMO O principal projeto do império português era realizar a expansão territorial. O PROJETO COLONIAL PORTUGUÊS O rei D.Manuel I continuou com o projeto iniciado no século XV e enviou uma armada de Cabral até a África para encontrar especiarias, já ciente de que poderia encontrar terras a noroeste de Açores. Assim, o “descobrimento” do Brasil fez parte desse processo de exploração e ocupação. @espaçodoaprovado Pero Vaz de Caminha é o primeiro a descrever o Novo Mundo de modo idealizado, onde as matas, a água abundante, os animais exóticos e os índios se configurar como um paraíso tropical. @espaçodoaprovado Paraíso Esse olhar estrangeiro sobre o Brasil define os principais símbolos de nacionalidade brasileira: a exuberância da terra e dos homens nativos, passando a configurar temas literários muito explorados mais tarde por escritores de diferentes épocas. Nacionalidade A Carta de Caminha revela os principais interesses do projeto colonialista português: encontrar ouro, metais preciosos e “salvar” os índios, esse último trabalho destinado aos padres jesuítas. 31 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 2 6 Fig . 2 8 Fig . 2 9 Fig . 2 7 Fig. 30 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com A LITERATURA DAS VIAGENS Após descoberta das terras americanas, toda a geometria medieval mudou. Além disso, o contato com culturas e religiões permitiu a Europa a mudar de mentalidade, muito embora os colonizadores passassem a impor seus valores às populações nativas dos novos territórios. @espaçodoaprovado Q UI NH EN TI SM O A LITERATURA DE CATEQUESE A Companhia de Jesus foi fundada em 1534 e foi um instrumento da Igreja Católica para lidar com a diminuição do seu poder, causada pela Reforma Protestante. A função dos jesuítas era levar o catolicismo a outros territórios e converter fiéis No Brasil, entre 1549 e 1605 os jesuítas fundaram várias cidades e inauguravam escolas com o objetivo de educação. José de Anchieta chegou ao Brasil, em 1553 e fundou, o Colégio de São Paulo de Piratininga. Ele escreveu diversos poemas líricos, a maior parte de cunho religioso, quase sempre dicados à Virgem Maria, sendo também autor de diversas peças de teatros, com a função religiosa e pedagógica em território brasileiro. Uma obra de grande importância escrita por Anchieta é a Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de 1595, a primeira gramática da língua tupi. 32 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 3 1 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com PRINCIPAIS LITERATURAS PRODUZIDAS NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO NOVO MUNDO @espaçodoaprovado Q UI NH EN TI SM OOs textos dos viajantes abordaram a nova terra como um paraíso tropical, sendo a manifestação da bondade divina, a fim de estimular a colonização do território descoberto. LITERATURA DE VIAGENS OU DE INFORMAÇÃO Os autores apresentam perfis diferentes e entre eles existem representantes tanto do teocentrismo quanto do humanismo renascentista. O que une os tipos de autores é o mesmo contexto de produção. A produção textual aborda tratados, diários e relatos de viagens essencialmente informativas, ou seja, trazendo informações sobre o povo nativo, a fauna e a flora. A produção textual se caracteriza como crônica histórica. Na linguagem, se utilizam estruturas descritivas dos relatos, com uso frequente de comparações dos achados exóticos com os elementos conhecidos pelos europeus. Os textos de Vespúcio tiveram ampla circulação na Europa. A Carta de Caminha foi mantida em segredo, já que continha informações preciosas sobre a rota de navegação da esquadra de Cabral. 33 @espaçodoaprovado espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 3 2 Fig. 3 3 Fi g. 3 4 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com @espaçodoaprovado Q UI NH EN TI SM O O principal objetivo dos textos era catequizar os índios e manter presente a fé cristã. LITERATURA DE CATEQUESE Os autores possuíam o mesmo perfil, sendo religiosos e buscavam formas de contato com a população nativa para convertê-los ao catolicismo. Os poemas e as peças de teatro foram produzidas para converter os índios ao catolicismo. As cenas bíblicas eram dramatizadas e a vida dos santos era feita, muitas vezes, em tupi, para garantir a assimilação do conteúdo moral. Além das cenas, também eram utilizadas formas mais populares de linguagem, como o canto, o diálogo e as narrativas, utilizando mitos indígenas. A circulação dos textos era feita de forma essencialmente oral. 34 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 3 5 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com BA RR O CO BARROCO A Reforma Protestante surgiu com o objetivo de contestar algumas práticas da Igreja Católica. CONTEXTO HISTÓRICO João Calvino, que seguia as ideias de Lutero, introduziu a tese de que a prosperidade alcançada por meio do trabalho não era pecado, e isso abria caminho, pela primeira vez na religião, para que o lucro não fosse visto como algo negativo. Por meio disso, vários fiéis trocavam a Igreja Católica pelo luteranismo. No ano de 1545, a Igreja Católica instalava o Concílio de Trento, reagindo à propagação da Reforma Protestante. A reação da Igreja Católica é chamada de Contrarreforma. As principais medidas tomadaspelo Concílio de Trento foram: Reativou o Tribunal do Santo Ofício Criou o Índice dos livros proibidos Fundou a Companhia de Jesus As visões de mundo se contrapõem: a antropocêntrica x a teocêntrica. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A tensão de mundo é expressada pela corrente barroca, sob a forma de uma consciência atormentada por grandes dúvidas existenciais. @espaçodoaprovado 35 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 3 6 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com BA RR O CO Nas principais obras barrocas, existe a tendência de unir os contrários, como o paganismo e o cristianismo, o racional e o irracional, etc. No movimento barroco, existe a tentativa de fundir as visões de mundo antagônicas (medieval e renascentista), ocorrendo o fenômeno de fusionismo. O Barroco também objetiva representar um mundo instável. A ornamentação excessiva é uma típica característica do Barroco e tem como finalidade exaltar a glória de Deus e de convencer o público a seguir a fé cristã. Agudeza: é o que acontece quando se diz o que se pretende dizer, se forma inusitada e inteligente. @espaçodoaprovado Na literatura Toda essa ornamentação em excesso leva os poetas a apreciarem uma linguagem rebuscada e valorizem a agudeza e o engenho. Palavras rebuscadas Na literatura barroca, a ornamentação excessiva está presente na abundância de figuras de linguagem e nos jogos de palavras. Engenho: é a capacidade de apontar as semelhanças inesperadas entre ideias e expressar um pensamento em forma concisa. 36 @espaçodoaprovado espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig . 3 8 Fi g. 3 9 Fig. 40 Fig. 37 Fig . 41 Fi g. 4 2 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Achando-se um braço perdido do Menino Deus de N. S. das Maravilhas, que desacataram infiéis na Sé da Bahia O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a gente o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. Em todo o sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E, feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo. O braço de Jesus não seja parte, Pois que feito Jesus em partes todo Assiste cada parte em sua parte. Não se sabendo parte deste todo, Um braço que lhe acharam, sendo parte, Nos diz as partes todas deste todo. MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 289.. Nesse poema, Gregório de Matos transforma, de maneira engenhosa, um acontecimento observado (acha- se o braço perdido de uma imagem, do Menino Jesus) como uma forma de reflexão sobre a relação entre a parte e o todo para a fé cristã. @espaçodoaprovado CORRENTES DO BARROCO É comum na poesia. CULTISMO OU GONGORISMO BA RR O CO 37 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 44 Fig. 43 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Aqui, a linguagem é bastante rebuscada, ocorrendo um uso intenso de jogos de palavras, jogos de imagens e jogos de construção, além de apelar aos estímulos sensoriais que se obtém, por exemplo, com o uso de sons e de cores no texto. No sermão que pregou na Madre de Deus, dom João Franco de Oliveira, pondera o poeta a fragilidade humana Na oração que desaterra .......................................... a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado ......................dado Pregue, que a vida é emprestado ............................estado, Mistérios mil que desenterra .................................. enterra. Quem não cuida de si, que é terra ...............................erra, Que o alto Rei, por afamado....................................amado, É quem lhe assiste ao desvelado ................................. lado, Da morte ao ar não desaferra, ...................................aferra. Quem do mundo a mortal loucura.............................. cura A vontade de Deus sagrada......................................agrada, Firma-lhe a vida em atadura........................................dura. Ó voz zelosa, que dobrada .........................................brada, Já sei que a flor da formosura, ................................... usura, Será no fim desta jornada............................................ nada. MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 290. Nesse poema de Gregório de Matos, ele cria uma estrutura em que o final da penúltima palavra de cada um dos versos é duplicado, originando outra palavra. @espaçodoaprovado Essa estrutura é realizada de forma que as palavras finais de cada verso são retiradas das anteriores, passando a sintetizar o que foi dito no verso que o concluem. Ocorre a valorização do conteúdo, em lugar da forma e da linguagem. CONCEPTISMO OU QUEVEDISMO É comum em textos em prosa. Está presente, por exemplo, nos sermões do padre Antônio Vieira. BA RR O CO 38 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 45 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Estão essas praças no verão cobertas de pó; dá um pé de vento, levanta-se o pó no ar e o que faz? O que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela; já vai adiante, já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra; em tudo e por tudo se mete, sem aquietar, nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento, cai o pó, e onde o vento parou, ali fica, ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é. E que pó e que vento é este? O pó somos nós: Quia pulvis es; o vento é a nossa vida: Quia ventus es vita meã. Deu o vento, levantou-se o pó; parou o vento, caiu. Deu o vento, eis o pó levantado: esses são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído: estes são os mortos. Os vivos pó, os mortos pó; os vivos, pó levantado, os mortos, pó caído; os vivos, pó com vento, e por isso vãos; os mortos, pó sem vento, e por isso sem vaidade. Esta é a distinção, e não há outra. VIEIRA, Antônio. In: PÉCORA, Alcir (Org. e intr.). Sermões: padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2000. p. 60. (Fragmento). O BARROCO NO BRASIL @espaçodoaprovado BA RR O CO Como os protestantes e os católicos estavam em constante disputa, no século XVII, o sermão surge como uma estrutura para propagar a doutrina cristã, utilizado pelos padres católicos. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Nos sermões barrocos, há a presença de uma posição moral defendida por meio do uso de uma imagem, muitas vezes associada a uma passagem bíblica, que a ilustre. Os sermões do padre Antônio Vieira ficaram famosos por conta da sua engenhosidade de argumentação e pela destreza com que o autor manuseava os recursos da retórica. Perceba como, no Sermão da Quarta- Feira de Cinzas, padre Antônio Vieira utiliza a imagem do pó para exemplificar a fragilidade da vida humana. Aqui, ocorre o desenvolvimento do conceptismo. @espaçodoaprovado 39 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 4 6 Fi g. 4 7 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com BA RR O CO Ele é considerado o primeiro grande poeta brasileiro. GREGÓRIO DE MATOS Sua poesia é dividida em lírica, sacra e satírica. Na poesia lírica, ele retoma temas clássicos privilegiando o desenvolvimento de um raciocínio exemplar. Abaixo está presente um exemplo de poesia lírica de Gregório de Matos: A uma dama dormindo junto a uma fonte À margem de uma fonte que corria, Lira doce dos pássaros cantores, A bela ocasião das minhas dores. Dormindo estava ao despertar do dia. Mas como dorme Sílvia, não vestia O céu seus horizontes de mil cores; Dominava o silêncio entre as flores, Calava omar, e rio não se ouvia. Não dão o parabém à nova aurora Flores canoras, pássaros cantantes, Nem seu âmbar respira a rica flora. Porém abrindo Sílvia os dois diamantes, Tudo a Sílvia festeja, tudo a adora, Ave cheirosa, flores ressonantes. MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 203. Canoras: melodiosas, sonoras. Âmbar: cheiro suave; aroma. Os dois diamantes: referência aos olhos de Sílvia. @espaçodoaprovado 40 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 48 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com BA RR O CO Em sua poesia sacra, os temas abordados são o senso do pecado, a ideia da fragilidade humana e o medo da morte e da condenação eterna. O poema citado anteriormente, “Achando-se um braço perdido do Menino Deus…” é um exemplo da poesia sacra de Gregório de Matos. O tipo de poesia que fez Gregório de Matos ficar conhecido foi a satírica, que retratava aspectos negativos da sociedade em que vivia. Isso fez com que ele fosse apelidado de “Boca do Inferno”. Abaixo está presente um exemplo de poesia satírica de Gregório de Matos: Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia A cada canto um grande conselheiro Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um bem frequente olheiro Que a vida do vizinho e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para o levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos os que não furtam muito pobres: E eis aqui a cidade da Bahia. MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 31. Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”. (Nota de rodapé.) Picardia: esperteza, sagacidade. Usura: lucro exagerado; avareza, mesquinharia, sovinice. @espaçodoaprovado 41 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 49 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com AR CA DI SM O ARCADISMO A população começa a mudar de mentalidade no final do século XVII CONTEXTO HISTÓRICO A pesquisa científica ganhou forte impulso e o ser humano passa a recuperar o seu desejo em encontrar explicações racionais para os fenômenos. No início do século XVIII, surgem grandes pensadores e que passam a organizar pesquisas, proporcionando a razão ser metaforicamente apresentada como a luz interior, assumindo uma postura iluminista. O Iluminismo é o conjunto das tendências ideológicas, científicas e filosóficas, resultantes do espírito racional. A primeira expressão do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma obra com 28 volumes e que objetivava reunir todos os conhecimentos filosóficos e científicos da época. @espaçodoaprovado @espaçodoaprovado Visão diferente Para isso, o ser humano se tornava o senhor do próprio destino, passando a compreender, na ciência, os acontecimentos do mundo. Centro das atenções Deus passa a ser visto como uma razão superior, criador do universo, mas não o responsável por todos os pequenos acontecimentos da vida. 42 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 5 0 Fig . 5 2Fig . 5 1 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Esse cenário de produção permitiu um ambiente de igualdade, e assim, a produção era aberta aos artistas burgueses, sem que eles precisassem do serviço de um senhor ou mecenas para publicar a sua obra. Arcádia significa uma região quase mítica da Grécia antiga, onde se habitavam pastores e que cantavam o paraíso que viviam. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Cada uma das arcádias literárias possuam doutrinadores, ou seja, os estudiosos da poética clássica, e que tinham como função julgar os princípios da produção artística dos seus membros. @espaçodoaprovado Produção AR CA DI SM O Esse termo foi utilizado para identificar as academias ou agremiações de poetas, com o objetivo de resgatar o estilo dos poetas clássicos e renascentistas e combater toda a ornamentação excessiva do Barroco. A principal característica do Arcadismo é a idealização da vida no campo. Por conta da idealização da vida no campo, a produção do período nos poemas era feita de forma convencional: nas obras, era sempre mostrado campos verdes, árvores, ovelhas e gados tranquilos. O Arcadismo também recebeu o nome de Neoclassicismo, por seguir as regras da poesia clássica. Essas arcádias eram compostas por membros da nobreza e da burguesia. @espaçodoaprovado 43 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 5 3 Fig . 5 4 Fig. 56 Fi g. 5 9 Fig . 55 Fig. 58 Fig. 57 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O cenário acolhedor e natural era constantemente presente nas obras do Arcadismo, representando uma vida simples dos pastores no campo. PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO @espaçodoaprovado AR CA DI SM O Essa característica foi o modo como os autores conseguiram divulgar seus ideais de uma sociedade mais justa e igualitária. Assim, no final de cada poema árcade, eles objetivavam mudar a mentalidade das elites do período, para combater a futilidade da época. Bucolismo: era uma representação idealizada da natureza como um espaço primaveril e alegre, dando sentido a tranquilidade e harmonia de viver. O adjetivo “bucólico” se refere a tudo que é relativo a pastores e os seus rebanhos, ou seja, uma vida no campo. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA POESIA ÁRCADE Pastoralismo: é o uso constante de nomes de pastores e pastoras, para identificar o poeta e as suas musas, nas obras árcades. O uso de pseudônimos é algo que eliminava as marcas de origem nobre ou plebeia, passando a neutralizar as diferenças sociais, apagando tudo aquilo que pudesse associar à hipocrisia de uma vida na corte. @espaçodoaprovado Simplicidade da linguagem: o principal objetivo do Arcadismo é combater com a ornamentação excessiva do Barroco, e por isso, os poetas passam a escrever textos de linguagem mais acessível aos leitores, para que a sua simplicidade fosse mais facilmente alcançada da literatura. Essa característica proporcionou aos textos uma circulação mais ampla, e a poesia deixava de ser aristocrática, passando a atingir espaços públicos. 44 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 6 0 Fi g. 6 1 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com AR CA DI SM O Resgate de temas clássicos: os temas abordados pelos clássicos gregos e latinos é retomado, passando a expressar as filosofias de vida do mundo antigo. PRINCIPAIS TEMAS CLÁSSICOS ABORDADOS PELOS ÁRCADES Era a necessidade de se afastar da urbanização, passando a afirmar as qualidades de vida no campo. FUGA DA CIDADE (FUGERE URBEM) Era a valorização das coisas mais simples da vida cotidiana, enaltecendo a razão e o bom senso. MEDIOCRIDADE ÁUREA/DOURADA (AUREA MEDIOCRITAS) Era a descrição de um ambiente calmo e agradável, no qual as pessoas pudessem desfrutar a tranquilidade da natureza. LUGAR AMENO (LOCUS AMOENUS) Era a exclusão dos excessos presentes na linguagem, a fim de aproximar os textos literários da perfeição que a natureza possuía. CORTAR O INÚTIL (INUTILLA TRUNCAT) Era o aproveitamento do momento atual, já que o tempo passa, trazendo a velhice, a fragilidade da vida. CANTAR O DIA (CARPE DIEM) @espaçodoaprovado 45 @espaçodoaprovado espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 6 2 Fi g. 6 3 Fi g. 6 4 Fig . 6 5 Fi g. 6 6 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O poema abaixo é um exemplo de um modelo árcade e lírico, trazendo características como o bucolismo, o pastoralismoe a caracterização do locus amoenus. Olha, Marília, as flautas dos pastores Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre flores? Vê como ali beijando-se os Amores Incitam nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores. Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folgas a abelhinha para, Ora nos ares sussurrando gira: Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira, Mais tristeza que a morte me causara. BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 39. Ósculos: beijos Zéfiros: os ventos do Ocidente, na tradição greco-latina. @espaçodoaprovado ARCADISMO EM PORTUGAL Marquês de Pombal foi uma figura importante, porque ele buscou elevar Portugal às condições dos outros países europeus. Para isso, ele tornou o ensino laico, já que, até o momento, os jesuítas comandava a educação. AR CA DI SM O 46 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 67 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com AR CA DI SM O Isso proporcionou uma volta dos estrangeiros para Portugal, aqueles intelectuais que sofreram e fugiram por conta da Inquisição. @espaçodoaprovado O ideário iluminista chegou a Portugal. A Arcádia Lusitana foi fundada no ano de 1756, tendo uma atividade primordialmente teórica, e lá, os intelectuais criavam e discutiam seus parâmetros clássicos. Quando a Arcádia Lusitana chegou ao fim, foi fundada Nova Arcádia, no ano de 1790, tendo como um dos participantes Manuel Maria du Bocage, com o pseudônimo Elmano Sadino. CARACTERÍSTICAS DAS OBRAS DE BOCAGE Bocage é um dos três maiores sonetistas portugueses, ao lado de Camões e Antero de Quental. O autor se destacou por desafiar os limites do modelo árcade estabelecidos. Na Nova Arcádia, ele adotou um pseudônimo e escreveu diversos poemas com bastante clichê (contendo os cenários da natureza, pastores convidando as suas amadas para aproveitar o amor na natureza, etc). Quando ele largou os versos clichês, passou a escrever um lirismo com bastante subjetividade, adquirindo alguns temas românticos, como a desilusão amorosa, a morte, etc. @espaçodoaprovado Com esse tipo de lirismo, sua literatura assume um papel carregado de sofrimento. O soneto a seguir aborda um dos versos de Bocage: 47 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 6 8 Fi g. 6 9 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Meu ser evaporei na vida insana Meu ser evaporei na vida insana Do tropel de paixões que me arrastava; Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana. De que inúmeros sóis a mente ufana Existência falaz me não dourava! Mas eis sucumbe Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua origem dana. Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube. BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 81.. Ufana: orgulhosa; imodesta. Falaz: enganosa, ilusória. Dourava: tornava feliz; dava aparência de felicidade @espaçodoaprovado ARCADISMO BRASILEIRO A descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII possibilitou o desenvolvimento urbano e o deslocamento da produção cultural para a cidade de Vila Rica (que hoje corresponde a Ouro Preto). AR CA DI SM O @espaçodoaprovadoA diversidade social da região possibilitou uma maior exploração das riquezas minerais. 48 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 71 Fig . 70 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com É dono de Marília de Dirceu, versos escritos pelo poeta no momento em que se encontrava encarcerado e através deles era contado a sua paixão pela Maria Doroteia de Seixas Brandão (a sua Marília). AR CA DI SM O Opressão administrativa portuguesa. Cláudio Manuel da Costa se caracteriza como o iniciador do Arcadismo no Brasil, adotando o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, escrevendo sonetos e poemas épicos sobre a Vila Rica. Tomas Antônio Gonzaga é o mais conhecido entre os árcades brasileiros. Declínio da produção do ouro. A convivência com as ideias liberais dos iluministas. A independência norte-americana. A Inconfidência Mineira. PRINCIPAIS AUTORES A obra é dividida em duas partes, são elas: Divisão da obra @espaçodoaprovado Possui um tom característico das liras e é otimista. Dirceu descreve Marília e comenta sobre a vida futura que eles terão quando forem casados. Dirceu cita o locus amoenus. PRIMEIRA PARTE Possui um tom mais melancólico, pois foi um trecho escrito enquanto o autor estava na prisão, abordando temas como saudades, antecipando características da geração romântica. SEGUNDA PARTE 49 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 72 Fig. 73 Fig. 75 Fi g. 7 4 Fig . 7 6 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Os poemas de Tomás Antônio Gonzaga obtiveram sucesso porque naquele momento se formava um público leitor no Brasil. @espaçodoaprovado AR CA DI SM O Ele e outros autores possibilitaram a geração romântica um terreno propício de leitores que se interessaram pelas obras românticas brasileiras. Na obra Cartas chilenas é apresentado os descasos políticos do governador “Fanfarrão Minésio”, criticado de forma satírica. Na obra, o Chile representa Minas Gerais, e a capital Santiago, representa Vila Rica. Os dois principais poemas épicos árcades brasileiros são: O pseudônimo de Antônio Gonzaga nessa obra é Critilo, e ele conversa com o amigo Doroteu. O Uraguai, do autor José Basílio da Gama, sob o pseudônimo de Termindo Sipílio. Os versos do poema não possuem rimas e nem estrofação. A estrutura do poema segue o modelo épico (proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo). A história narra a luta entre índios que vivem nas missões dos Sete Povos (Uruguai) e um exército luso-espanhol. Caramuru, do autor José de Santa Rita Durão. Segue o modelo camoniano (dividido em dez cantos, todos compostos em oitava rima). A história conta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia, um náufrago português. @espaçodoaprovado 50 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 7 7 Fi g. 7 8 Fi g. 7 9 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com RO M AN TI SM O E M P O RT UG AL ROMANTISMO EM PORTUGAL No século XVIII, a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, ou seja, revoluções burguesas, possibilitaram a queda do Antigo Regime, ocasionando o surgimento do capitalismo como novo sistema de economia. Além disso, passa a ser valorizado o caráter individual, os valores burgueses (como trabalho, esforço e sacrifício) e o amor à pátria, temas que irão nortear a estética do período romântico. O movimento romântico marca a ruptura dos padrões clássicos de beleza, ganhando maior enfoque, naquele momento, tudo que abordasse a imaginação, as emoções e a criatividade individual do artista. @espaçodoaprovado @espaçodoaprovado O Iluminismo Em diversas obras, o autor romântico descreve uma sociedade influenciada pelo Iluminismo, uma corrente que passa a valorizar os processos racionais e as posturas coletivas. Dessa forma, o herói passa a adquirir características comuns do ser humano, espelhados em valores da sociedade capitalista. Essa mentalidade é o principal objetivo que o autor deseja mudar: o seu sentimento de frustração surge do confronto entre os valores que ele defende, que estão fixados no subjetivismo e na emoção, contra aqueles que a sociedade impõe a ele.SUBJETIVISMO 51 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 8 0 Fig . 81 Fig. 82 Fig. 83 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Recuperar o passado histórico reconstruir a identidade de um povo Todo esse confronto sentido pelo eu-lírico e se torna um dos pontos mais explorados no Romantismo: a fuga da realidade. A morte se configura como o alívio para os males do mundo e ela permite o encontro definitivo entre os amantes, que estão separados pelos obstáculos da vida. @espaçodoaprovado Assim, a morte surge como uma possibilidade de fuga do real, passando a ser idealizada. Além disso, o mundo dos sonhos e o passado idealizado também é uma possibilidade de fuga da realidade. Os temas medievais são resgatados, isso porque o eu-lírico retrata uma época em que a sociedade estava emersa de feitos heroicos, sentimentos nobres e harmonia. O PÚBLICO DO ROMANTISMO Os artistas passam a ser profissionalizados, já que a figura dos mecenas desapareceu. Assim, os autores românticos possuíam dois principais objetivos: divulgar os valores da burguesia divertir os leitores. @espaçodoaprovado Os textos passaram a ser divulgados em grandes veículos de circulação, como os jornais e as revistas. RO M AN TI SM O E M P O RT UG AL 52 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 8 4 Fig. 86 Fig. 85 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O perfil do público leitor é mais heterogêneo do que os séculos anteriores. @espaçodoaprovado Isso acontece porque os burgueses passam a ler mais jornais e folhetins, preferindo textos com um linguagem mais direta e passional. No século XIX, Napoleão Bonaparte impôs o bloqueio continental, obrigando que a coroa portuguesa rompesse as suas relações comerciais com a Inglaterra. Após ignorar aquela ordem, o país foi invadido e a corte de D. João VI foi obrigada a fugir para o Brasil. CONTEXTO HISTÓRICO Naquele momento, a colônia brasileira foi elevada à condição de Reino Unido a Portugal e Algarve. A burguesia portuguesa entrou em crise, já que ela vivia de exportações para o mercado brasileiro. Nesse momento, a estética romântica chega ao país e dá voz à sociedade transformada pela revolução liberal, que vai se tornando laica. A onda nacionalista em Portugal surge, quando jovens exilados da revolução liberal retornam para o país, objetivando resgatar o passado de glórias do país. @espaçodoaprovado A primeira geração romântica portuguesa é marcada por traços clássicos (como o que ocorre na poesia de Antônio Feliciano de Castilho). OS PRIMEIROS POETAS ROMÂNTICOS RO M AN TI SM O E M P O RT UG AL 53 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 87 Fig. 88 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Os autores Almeida Garrett e Alexandre Herculano passam a recuperar um passado histórico português, marcado pelo medievalismo e de caráter nacionalista. O que dá início ao Romantismo em Portugal é a publicação de “Camões”, do autor Almeida Garrett, em 1825. Entretanto, a produção de textos românticos se inicia somente a partir de 1836, quando a revolução liberal facilita a introdução de ideias românticas. @espaçodoaprovado Lord Byron influenciou boa parte dos autores da segunda geração romântica portuguesa, destacado a imagem de um herói romântico incompreendido, lutando pela honestidade, pelo amor e pelo direito à liberdade. O ULTRARROMANTISMO PORTUGUÊS As crises de natureza política na primeira geração romântica portuguesa chegou ao fim, e assim, os autores da segunda geração romântica portuguesa possuem um tom mais pessoal e com exagero sentimental. O autor Camilo Castelo Branco aborda diversos temas em suas obras, tendo o centro a tragédia romântica e outras com tons satíricos, que quase ridicularizam os exageros do movimento romântico. RO M AN TI SM O E M P O RT UG AL 54 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 8 9 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com A corte portuguesa chega ao Brasil em 1808 e inicia um período de transformações na cidade do Rio de Janeiro, modificando a cultura do país. RO M AN TI SM O N O B R: 1 ª G ER AÇ ÃOROMANTISMO NO BRASIL: PRIMEIRA GERAÇÃO Na primeira metade do século XIX, o Brasil recebeu várias missões estrangeiras, compostas de artistas e cientistas. @espaçodoaprovado @espaçodoaprovado O objetivo Os escritores objetivavam apresentar, para os brasileiros e aos estrangeiros, a face o novo país independente. Essas missões foram importantes porque se formou uma identidade nacional que posteriormente proporcionaram aos escritores os registros da natureza e dos costumes brasileiros. No ano de 1836 surgiu a revista Nitheroy, publicada por jovens brasileiros, tendo na epígrafe: “Tudo pelo Brasil, e para o Brasil”. Aqui, se objetivava uma valorização da cultural local. SUBJETIVISMO Ademais, essas missões trouxeram para o Brasil ideias liberais e nacionalistas, que posteriormente influenciaram os intelectuais brasileiros. Após a Proclamação da República, em 1822, o país necessitou conquistar a sua independência cultural. Para construir essa independência, os intelectuais utilizaram referências concretas, como o índio e a natureza exuberante, como símbolos da identidade nacional brasileira. A obra “Suspiros poéticos e saudades”, de 1836, do autor Gonçalves Dias, marcou o início do Romantismo no Brasil. 55 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 90 Fig . 91 Fig. 92 Fig . 9 3 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com RO M AN TI SM O N O B R: 1 ª G ER AÇ ÃOA POESIA INDIANISTA DA PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA Os poetas elegeram o índio como símbolo nacional para divulgar os valores e os princípios que pretendiam apresentar aos leitores. @espaçodoaprovado Além do símbolo nacional, os românticos idealizavam o índio como um indivíduo livre e ainda não vítima dos males da civilização e da sociedade. Esse conceito foi influenciado pela definição de “bom selvagem”, dada pelo filósofo francês Jean-Jacques Rousseau. Segundo ele, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. De acordo com esse mesmo raciocínio, o índio ainda vivia no estágio anterior à corrupção das sociedades. Os versos indianistas possuem controle de métrica e rimas. 56 espaço do aprovadoespaço do aprovado Um recurso muito utilizado nos versos indianistas é fazer com que o ritmo do poema se assemelhe ao toque ritual dos tambores, utilizados nas cerimônias dos índios. Outro recurso utilizado nos versos indianistas é a delicada caracterização da natureza brasileira, um espaço onde ocorre a maior parte dos fatos narrados nos poemas. @espaçodoaprovado PRINCIPAL AUTOR - GONÇALVES DIAS Teve contato com as obras românticas dos autores Almeida Garrett e de Alexandre Herculano, quando estudou na Universidade de Coimbra. Esse contato influenciou no desenvolvimento dele como poeta romântico. Fi g. 9 4 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com RO M AN TI SM O N O B R: 1 ª G ER AÇ ÃO Em suas obras, surgem temas principais como: natureza, pátria e religião. Suas principais obras são: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos (1848), As sextilhas do frei Antão (1848) e Últimos cantos (1851). Em seus versos indianistas, são presentes uma imagem heroica e nobre do índio brasileiro. O ritmo nesses poemas facilitou a sua popularidade e ajudou diversos poetas daquela primeira geração romântica a propagarem os símbolos nacionais escolhidos. Os índios sempre são apresentados com características positivas: bravura, honra, lealdade. 57 espaço do aprovadoespaço do aprovado Canção do Tamoio I Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes os bravos Só pode exaltar. II Um dia vivemos!O homem que é forte Não teme da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir. II O forte, o cobarde Seus feitos inveja De o ver na peleja Garboso e feroz; E os tímidos velhos Nos graves conselhos, Curvadas as frontes, Escutam-lhe a voz! IV Domina, se vive; Se morre, descansa Dos seus na lembrança, Na voz do porvir. Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, Que a morte há de vir! V E, pois que és meu filho, Meus brios reveste; Tamoio nasceste, Valente serás. Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro, Brasão dos tamoios Na guerra e na paz. DIAS, Gonçalves. Poesias completas. v. II. Rio de Janeiro: Científica, 1965. p. 139-142. Nesse poema, percebe-se o índio sendo enaltecido e possuindo características positivas. @espaçodoaprovado Fig. 95 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com A principal característica dessa geração é o exagero sentimental. RO M AN TI SM O N O B R: 2 ª G ER AÇ ÃOROMANTISMO NO BRASIL: SEGUNDA GERAÇÃO @espaçodoaprovado @espaçodoaprovado O poeta Nessa geração, o poeta é incompreendido e isolado, por defenderem valores morais e éticos diferentes da sociedade burguesa. Essa característica foi inspirada por escritores ingleses, como Byron e Shelley, os chamados poetas ultrarromânticos, que expressavam seus sentimentos arrebatados. Esse arrebatamento aparece nas obras da seguinte forma: Ao contrário dos poetas da primeira geração, os poetas da segunda geração romântica buscavam manifestar os seus próprios sentimentos, ao invés de criar uma identidade nacional. DIFERENÇAS No desejo de fugir da realidade Na atração pelo mistério Na consciência da inadequação do artista na sociedade em que vive No culto pela natureza mórbida Na idealização da mulher virgem e etérea A natureza é representada pelos ultrarromânticos como algo misterioso e incontrolável, passando a expressar sentimentos arrebatados dos eu-lírico. O tema do amor é idealizado, e os poetas projetam as suas realizações no campo dos sonhos e da fantasia, não esperando que elas se realizem no mundo real. A morte é visto com um sentido positivo, pois representa o fim da agonia de viver. 58 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 9 6 Fi g. 9 9 Fig . 9 7 Fig. 98 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! que céu azul! que doce n’alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã… A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã! AZEVEDO, Álvares de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p. 60 Nesse poema, o eu-lírico apresenta a morte como uma solução para a “dor da vida que devora”. @espaçodoaprovado Essa visão da morte é vista como um fim de todo sofrimento, tema abordado nos poetas ultrarromânticos. RO M AN TI SM O N O B R: 2 ª G ER AÇ ÃO A morte é idealizada pelos poetas ultrarromânticos porque propaga a ideia da beleza feminina: virgens lânguidas, pálidas e etéreas, no lugar das virgens robustas da primeira geração. 59 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 01 Fig . 1 00 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Mesmo que a liberdade formal seja um traço presente nas obras dessa geração, os autores ainda sim utilizam com frequência palavras que constroem o ideal de saudade, solidão, morte e pessimismo. A LINGUAGEM POÉTICA @espaçodoaprovado Os termos utilizados no poema retomam a uma existência depressiva, repleta de irracionalidade e pela obsessão pela morte. Os substantivos e os adjetivos são utilizados para remeter a palidez. RO M AN TI SM O N O B R: 2 ª G ER AÇ ÃO Seus poemas foram os mais aclamados da segunda geração romântica. PRINCIPAIS AUTORES - CASIMIRO DE ABREU Os principais temas dos seus poemas eram: saudade, natureza e o desejo. @espaçodoaprovado Esses traços fizeram o ator ter seus poemas mais lidos, ao contrário dos outros poetas, em que seus poemas eram carregados de pessimismo. Ao invés de tratar o amor com pessimismo, em Casimiro de Abreu se tem sonhos de amor e suspiros de saudades. Ele também trata do tema saudosismo, utilizando versos simples para remeter a sua saudade de uma infância idealizada e inocente. 60 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fi g. 1 02 Fi g. 1 03 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com Meus oito anos Oh! dias de minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã! ABREU, Casimiro de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p. 43. (Fragmento). Nesse trecho, percebe-se como o eu-lírico aborda a sua infância, tendo a “risonha manhã”, um tempo em que a vida era doce, em oposição às “mágoas de agora”. @espaçodoaprovado RO M AN TI SM O N O B R: 2 ª G ER AÇ ÃO Sua poesia é pessimista e possui uma visão irônica do desespero dos românticos solitários. PRINCIPAIS AUTORES - ÁLVARES DE AZEVEDO Essa característica pessimista-irônica está presente na sua principal obra, Lira dos vinte anos. O autor também possui obras em prosa, como Noite na taverna. Em Noite na taverna, existe um grupo de rapazes reunidos numa taverna e relatam as suas aventuras amorosas. 61 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 104 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O poeta moribundo Poetas! amanhã ao meu cadáver Minha tripa cortai mais sonorosa!... Façam dela uma corda e cantem nela Os amores da vida esperançosa! [...] Coração, por que tremes? Se esta lira Nas minhas mãos sem força desafina, Enquanto ao cemitério não te levam, Casa no marimbau a alma divina! Eu morro qual nas mãos da cozinheira O marreco piando na agonia... Como o cisne de outrora... que gemendo Entre os hinos de amor se enternecia. AZEVEDO, Álvares de. In: CANDIDO, Antonio. Melhores poemas. 4. ed. São Paulo: Global, 2001. p. 76. (Fragmento). Perceba que o poema apresenta uma perspectiva irônica da figura do poeta solitário e sofredor. RO M AN TI SM O N O B R: 2 ª G ER AÇ ÃO Aqui, Azevedo aborda com humor os temas recorrentes da poesia ultrarromântica: a aproximação da morte (“amanhã ao meu cadáver”) e a insatisfação com as aspirações amorosas (“cantem nela / Os amores da vida esperançosa”). O autor, mesmo que tenha escrito textos ultrarromânticos, possui um conjunto de obras que mostram os primeiros sinais da terceira geração romântica, quando trata de questões sociais. PRINCIPAIS AUTORES - FAGUNDES VARELA Ele compôs, além de temas preferidos dos ultrarromânticos, trouxe poemas sobre a escravidão e a injustiça social. O autor é visto como um autor de transição. @espaçodoaprovado 62 espaço do aprovadoespaço do aprovado Fig. 105 Licenciado para - Luana A parecida dos R eis - 43068891817 - P rotegido por E duzz.com O Brasil estava vivenciando uma dura crise econômica desde o ano de 1840, sendo governado por D. Pedro II. RO M AN TI SM O N O B R: 3 ª G ER AÇ ÃOROMANTISMO NO BRASIL: TERCEIRA GERAÇÃO @espaçodoaprovado @espaçodoaprovado Escravos Entre os anos de 1500 e 1822, a população africana no Brasil era três vezes maior do que a de portugueses. Durante os dez primeiros
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