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Críticas e Impactos do MDL

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Críticas ao MDL
E se uma nação industrializada conseguir créditos suficientes em 
um país em desenvolvimento, isto significa que ela pode continuar poluin-
do em seu território? Teoricamente, sim, pois o que está sendo gerencia-
do no MDL são especificamente os gases que intensificam o efeito estufa 
(impacto ambiental global), não intervindo de maneira direta nos impactos 
locais e/ou regionais, como a emissão de particulados, chuva ácida, impac-
tos visuais e sonoros etc.
Esta é a principal crítica que se faz ao MDL. Apesar de suas boas intenções, 
na prática, os créditos de carbono criam um novo mercado, em que países 
ricos pagam aos pobres para que, no somatório global, se reduzam as emis-
sões dos gases intensificadores de efeito estufa gerados pelo ser humano, 
sem interferir nas alternativas locais dos países ricos. Assim, cumprem o 
compromisso com o Protocolo de Quioto, mas não alteram seu modelo de 
desenvolvimento nem padrões de consumo.
Como todo mercado, o dos créditos de carbono gera especulação e a pro-
cura de investimentos mais vantajosos, ou seja, projetos mais baratos, que 
garantam boa quantidade de emissões evitadas. Considerando o compro-
misso de promoção do desenvolvimento sustentável nos países que sediam 
os projetos, presente nas concepções de construção de projetos MDL, as 
escolhas têm privilegiado aqueles mais atrativos, tendo como preponde-
rância mais o critério do custo-benefício imediato do que os efeitos sociais 
e econômicos de longo prazo.
Uma preocupação dos ambientalistas são os excessivos trâmites burocráti-
cos necessários para a aprovação de projetos em esfera internacional. Quem 
chancela as ações MDL é um Conselho Executivo, que pertence à Conferên-
cia das Partes da Convenção do Clima da ONU (COP). Mas, antes disso, o 
projeto precisa ser aprovado pela autoridade nacional – (no caso do Brasil, 
a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC). Elabo-
rar um projeto com esse grau de complexidade, mesmo de pequena escala, 
requer investimentos consideráveis em pesquisas e consultoria, coisa que 
apenas grandes empresas são capazes de fazer. Isso dificulta o acesso aos 
benefícios de iniciativas locais de menor porte.

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