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CAPÍTULO I Q uanto convinha às três pessoas divinas preservar Maria da culpa original Incalculável foi a ruína que o maldito pecado causou a Adão e a todo o gênero humano. Perdendo então miseravelmente a graça de Deus, com ela perdeu também todos os outros bens que no começo o enriqueciam. Sobre si e seus descendentes ao lado da cólera divina, atraiu uma multidão de males. Dessa comum desventura quis Deus, entretanto, eximir a Virgem bendita. Destinara-a para ser a Mãe do segundo Adão, Jesus Cristo, o qual devia reparar o infortúnio causado pelo primeiro. Ora, vejamos quanto convinha às Três Pessoas preservar Maria da culpa primitiva. E isso por ser ela Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo. PONTO PRIMEIRO Convinha ao Pai Eterno isentar da culpa original a Maria 1. É Maria a filha primogênita do Pai Eterno Declara-o ela própria com as palavras do Eclesiástico: “Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita antes de todas as criaturas” (24,5). Os sagrados intérpretes e os Santos Padres aplicam-lhe esse texto, e a própria Igreja dele se serve na festa da Imaculada Conceição. Com efeito, é Maria a primogênita de Deus por ter sido predestinada juntamente com o Filho nos decretos divinos, antes de todas as criaturas. Assim o ensina a escola dos escotistas. Ou então é a primogênita, depois da previsão do pecado, como quer a escola dos Tomistas. São acordes, porém, uns e outros em chamá-la primogênita do Senhor. Sendo assim, era sumamente conveniente que Maria sequer um instante fosse escrava de Lúcifer, mas pertencesse sempre e unicamente a seu Criador.
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