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ESTUDO DE GRANDES ENCHENTES OCORRIDAS NA CIDADE DE IRATI - PR

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02 a 05 de junho 2008 
 Campus Irati 
 
 
ESTUDO DE GRANDES ENCHENTES OCORRIDAS NA CIDADE DE 
IRATI - PR 
 
Autores: Marcelo Minikowski (Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental 
 marcelowski@yahoo.com.br 
 Adelena Gonçalves Maia 
 adelena@irati.unicentro.br (Professora do curso de Engenharia Ambiental) 
 
 
Resumo 
 
Este trabalho aborda a análise da série pluviométrica da cidade de Irati (PR) com o 
estudo dos dados de precipitações diárias e análise de dados qualitativos. Para isto foram 
utilizados dados históricos de precipitação coletados na Estação Climatológica Principal do 
INMET localizada no município de Irati (PR). A partir de programa desenvolvido em Visual 
Basic aplicado aos objetos do Excel foi feito o estudo da freqüência das precipitações diárias, 
dispondo-as em classes de 10 mm de intervalo onde pode-se observar uma maior freqüência 
das chuvas com menor altura pluviométrica. As chuvas com uma maior altura, entre 100mm e 
160mm, por serem prováveis causadoras de enchentes, foram identificadas e datadas. O 
presente também realiza uma análise preliminar de dados qualitativos coletados através de 
entrevistas realizadas com moradores e comerciantes da região central de Irati e a análise da 
relevância da investigação das precipitações ocorridas em dias anteriores para a ocorrência de 
enchentes. 
 
Palavras-chave: Enchentes, precipitação, prejuízos. 
 
 
Introdução 
A área de estudo é a cidade de Irati, localizada no Centro-Sul do Paraná, sendo 
identificada como a mais importante da região, tendo uma área total de 929,08 km2. O 
município está localizado em uma região divisora de águas de três importantes bacias 
hidrográficas do estado, as bacias dos rios Tibagi, Ivaí e Iguaçu. O clima do município é 
classificado como do tipo “Cfb” (método de Köppen), Clima Subtropical Ùmido Mesotérmico, 
não apresenta estação seca, ou seja, é úmido o ano todo com precipitação média, do mês 
mais seco, superior a 60 mm. O mês mais frio apresenta temperatura média entre -3 °C e 18°C 
e no mês mais quente registram-se temperaturas médias inferiores a 22°C e superiores a 10°C. 
A relevância desta pesquisa é o conhecimento da distribuição temporal da precipitação 
na cidade de Irati, fornecendo, assim, conhecimento para o desenvolvimento de pesquisas na 
área de análise de precipitações diárias. Apesar da intensidade da precipitação não ser 
estudada, uma vez que os dados de precipitação foram medidas por pluviômetros, o estudo 
fornece a informação das máximas precipitações diárias ocorridas. 
Foram ainda realizadas entrevistas com moradores das regiões em que ocorreram 
cheias, para que se pudesse confrontar os dados de precipitação obtidos na estação e as 
situações vivenciadas pelos cidadãos, de maneira a encontrar reais fatores causadores das 
enchentes e suas conseqüências. 
 
 
 
 
 02 a 05 de junho 2008 
 Campus Irati 
 
 
Conceituação teórica 
 
O conhecimento da distribuição espacial e temporal da precipitação em uma 
determinada região nos fornece informação sobre a disponibilidade hídrica na área de estudo. 
Bertoni e Tucci (2002) salientam que a disponibilidade de precipitação em uma bacia é fator 
determinante para quantificar a necessidade de irrigação de culturas e o abastecimento de 
água doméstico e industrial, e ainda determinar a intensidade da precipitação, importante para 
o controle de inundação e erosão do solo. 
Segundo Tucci (2002) podem ocorrem inundações de áreas ribeirinhas quando a 
precipitação é intensa e a quantidade de água que chega no rio é superior à capacidade de 
drenagem. A análise da distribuição temporal das precipitações é ferramenta indispensável 
para a o estudo da ocorrência de enchentes em uma determinada região, sendo utilizada como 
ferramenta na indicação de medidas de controle de enchentes na área de estudo. 
 
Metodologia 
A série histórica de precipitação diária utilizada no trabalho foi coletada na Estação 
Climatológica Principal do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) localizada no município 
de Irati (PR) a uma latitude de 25º 28’ 00” S, 50º 38’ 00” W de longitude e uma altitude de 837 
m. Os dados de precipitação foram coletados a partir de um pluviômetro do tipo “Ville de Paris”, 
fornecendo assim informações de precipitação total diária na localidade. A série de precipitação 
utilizada foi do período de outubro de 1966 a fevereiro de 2004. 
O estudo da freqüência das precipitações diárias foi realizado através de um programa 
desenvolvido no Visual Basic aplicado ao Excel, onde foram verificadas as leituras de 
precipitação diárias válidas, identificadas como “Status = 1”, e a partir de então os dados foram 
agrupados em classes distintas, com intervalos de 10 mm. Após a classificação destas 
precipitações foram identificadas as datas de ocorrência das chuvas consideradas intensas, 
com altura pluviométrica superior a 100 mm. 
Com a identificação das maiores precipitações diárias ocorridas na área de estudo, era 
esperado que as enchentes de maior magnitude tivessem ocorridas nestas datas. A hipótese 
estudada passou a ser a seguinte: “Quanto maior a precipitação diária ocorrida na cidade de 
Irati, maiores as conseqüências das enchentes ocasionadas pela mesma.”. Sabe-se que os 
dados de precipitação diária não nos dá informações referentes à intensidade das chuvas, nem 
mesmo as condições da bacia, com relação ao armazenamento de água no solo no início das 
precipitações. Por estas razões a hipótese proposta deve ser confrontada com outros dados 
não quantitativos, obtidos através de entrevista realizadas com moradores e comerciantes da 
região central de Irati. 
As entrevistas foram realizadas com moradores que possuem residência ou algum 
estabelecimento comercial na área central de Irati. O questionário era composto dos seguintes 
dados: nome, estabelecimento comercial (se for o caso), endereço, se lembravam de alguma 
enchente e do ano que a mesma ocorreu, relato das características e conseqüências da 
enchente e classificação da enchente nos graus de 1 a 4. Tendo como referência o grau 1 
como a menor enchente já vivenciada pelo entrevistado e o grau 4 a maior enchente já 
vivenciada. 
 
Resultados 
 As precipitações válidas ocorridas no período de 1966 a 2004, em que havia pleno 
funcionamento da Estação Climatológica, foram agrupadas em classes com intervalos de 10 
mm, para a análise da sua freqüência. Os resultados encontrados são apresentados na figura 1. 
 
 02 a 05 de junho 2008 
 Campus Irati 
 
 
 
Freqüência das precipitações diárias
0,59
0,27
0,20
0,03
0,02
0,04 0,02 0,01 0,00 0,00 0,02
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 60-70 70-80 80-90 90-100 100-110 110-120 120-130 130-140 140-150 150-160
Classes de precipitações diárias (mm)
Fr
eq
üê
nc
ia
 d
a 
pr
ec
ip
ita
çã
o 
(%
)
86,04 6,51 3,37 1,91 0,98
 
Figura 1: Freqüência das precipitações diárias em Irati (PR) 
 
 O resultado apresentado indica uma maior freqüência das chuvas com menor altura 
pluviométrica. Apesar das alturas de chuvas estudadas não indicarem a intensidade da 
precipitação, é de se esperar que as chuvas com menor altura sejam menos intensas, e estas 
têm a tendência de ocorrer em menor tempo de recorrência, o que difere das chuvas mais 
intensas que apresentam maior tempo de recorrência, ou seja menor freqüência de ocorrência. 
Para as precipitações que apresentaram intensidade entre 100mm e 160mm, por serem 
prováveis causadoras de enchentes, foram identificadas as datas das suas ocorrências (tabela 
1). 
 
Tabela 1: Datas das ocorrências das precipitações maiores que 100 mm. 
Cla
sse (mm) 
100-
110 
110-
120 
120-
130 
1
30-140 
1
40-150 
150-
160 
 
Dat
a de 
Ocorrência 
19/0
2/197220/0
5/1983 
03/0
7/1983 
23/0
4/1998 
04/0
1/2003 
24/0
1/1989 
17/1
1/1990 
01/0
5/1993 
18/1
2/1986 
 
 
 
- 
 
 
- 
 
08/0
5/1987 
29/0
5/1992 
 
Nos resultados da entrevista foram ressaltadas apenas as enchentes ocasionadas pelas 
chuvas de 1983 e 1992, sendo observada a ocorrência de duas enchentes no ano de 1983. 
Entre os relatos ficou evidente a insatisfação dos habitantes com o trabalho feito por 
governantes em relação às cheias, que sempre se repetem. Todos foram enfáticos também ao 
dizer que perderam muito do que tinham, desde pequenas recordações com grande valor 
sentimental e alguns utensílios domésticos até guarda-roupas, carros e estoques inteiros de 
mercadorias. Além, é claro, de terem expressado o medo por que passaram e a sensação de 
impotência que tomara conta de cada um por não poderem fazer nada, e estarem vendo muito 
daquilo que conquistaram ao longo de vários anos se perdendo em poucos instantes. 
 
 02 a 05 de junho 2008 
 Campus Irati 
 
 
Foram entrevistadas 10 pessoas e dentre os entrevistados, um informou sobre a 
ocorrência de enchente no ano de 1987, porém ressaltou que as perdas não foram relevantes 
já que a água não subira tanto como nos outros anos citados. 
O gráfico a seguir (Figura 2) mostra a disposição dos quatro níveis de intensidade aos 
quais os entrevistados poderiam designar para cada enchente que vivenciaram. 
 
Frequência dos diferentes graus de intensidade
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4
Grau da enchente
Fr
eq
uê
nc
ia
 (%
)
1983
1992
 
Figura 2: Níveis de intensidade das enchentes. 
 
Todos os entrevistados que passaram pelas duas piores enchentes classificaram a de 
1983 como nível 4 em intensidade e a de 1992 como nível 3. penas duas pessoas qualificaram 
a chuva de 1992 como sendo de nível 4, e essas assim fizeram por serem as mais novas e por 
não terem vivenciado a enchente que ocorru em 1983. 
Com base nos resultados da entrevistas constatou-se a relevância das chuvas de 1983 
para a ocorrência de enchentes na cidade da Irati. As maiores precipitações diárias ocorridas 
no referido ano foram de 108,4 mm, em 20/05/01983, e 107,9 mm, em 09/07/1983. Percebe-se 
a partir da análise da Tabela 1 e dos resultados das entrevistas, que chuvas com alturas 
maiores que 110 mm, não foram responsáveis pela ocorrência de enchentes mais significativas 
na cidade. Sendo assim, buscou-se investigar outros fatores relevantes para a ocorrência de 
enchentes, além da precipitação ocorrida no dia da mesma. 
Foram analisadas as precipitações ocorridas nos dias anteriores às chuvas investigadas, 
uma vez que a ocorrência de fortes chuvas em dias anteriores ao das enchentes faz com que o 
solo se torne pouco permeável dificultando a infiltração e por conseguinte aumentando o 
escoamento superficial da água, acarretando em maior velocidade dessas águas e aumento da 
vazão dos leitos nos quais elas chegam. 
Com as informações obtidas e depois observando-se a altura pluviométrica das chuvas 
no dia anterior e nos três dias anteriores às enchentes relatadas do ano de 1983, pode-se 
concluir que o solo já estava bastante encharcado, fato que dificultara a infiltração da água e 
impulsionara a um elevado escoamento superficial, acarretando em uma enchente bem 
devastadora para a população às margens dos cursos de água. 
A Figura 3 apresenta as precipitações ocorridas no dia da enchente, no dia anterior e o 
acumulado dos três dias anteriores, afim de demonstrar a relevância que deve ser dada às 
chuvas anteriores ao dia da enchente. 
 
 
 02 a 05 de junho 2008 
 Campus Irati 
 
 
Precipitação diária (mm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
19
/02
/72
20
/05
/83
09
/07
/83
23
/04
/98
04
/01
/03
24
/01
/89
17
/11
/90
14
/05
/93
18
/12
/86
08
/05
/87
29
/05
/92
Datas
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
(m
m
)
Precipitação do dia anterior
Precipitação dos 3 dias anteriores
Precipitação do dia
 
Figura 3: Precipitações diárias e dos dias anteriores 
 
 
Conclusão 
 
O trabalho desenvolvido nos informou as ocorrências de grandes enchentes em Irati e 
os fatores pluviométricos que interferiram nestas ocorrências. As informações das datas 
encontradas da ocorrência de chuvas diárias com altura acima de 100 mm, foram 
confrontadas com o depoimento da população, para a determinação das chuvas que 
provocaram enchentes na área de estudo. Segundo relatos da população, as piores enchentes 
sofridas foram as dos anos de 1983, 1987 e 1992, sendo todas marcantes para os 
entrevistados. A investigação das precipitações ocorridas nos dias anteriores às maiores 
precipitações diárias, deixa clara, através da cheia de 1983, a relação entre o grau de umidade 
do solo e o escoamento superficial da água na bacia em estudo. Estudos sobre a ocorrência de 
enchentes no meio urbano são relevantes, visto que o aumento da ocupação e 
impermeabilização da bacia tendem a minorar os tempos de recorrência das precipitações e a 
aumentar os prejuízos causados pelas mesmas. 
 
 
Bibliografia 
 
BERTONI, J.B.;TUCCI, C.E.M. (2002). “Precipitação”, in Hidrologia: ciência e aplicação. Org. 
por TUCCI, C.E.M., ABRH, ed. UFRGS, Porto Alegre – RS, pp.177-241 
TUCCI, C. E.M. (2002) “Controle de Enchentes”, in Hidrologia: ciência e aplicação. Org. por 
TUCCI, C.E.M., ABRH, ed. UFRGS, Porto Alegre – RS, pp.621-658 
VILLELA, S. M.; MATTOS A. (1975) Hidrologia Aplicada. McGraw-Hil do Brasil, São Paulo – SP, 
245 p

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