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5. Oh! Quanto padeço interiormente, quando, ao meditar nas coisas 
celestiais, logo uma multidão de idéias carnais vêm perturbar-me a 
oração! Deus meu, em vossa ira, não vos aparteis de vosso servo! 
(Sl 26,9). Lançai os vossos raios e dissipai estes pensamentos! (Sl 
143,6) . Despedi vossas flechas, e se desfarão todos esses 
fantasmas do inimigo. Concentrai e recolhei em vós meus sentidos; 
fazei-me esquecer todas as coisas do mundo; concedei-me a graça 
de logo rebater e desprezar todas as imaginações do pecado. 
Socorrei-me, Verdade eterna, para que nenhuma vaidade me 
possa seduzir. Vinde, doçura celestial, e diante de vós fuja toda 
impureza. Perdoai-me também e relevai-me, pela vossa 
misericórdia, todas as vezes que, na oração, penso em outra coisa, 
fora de vós. Confesso sinceramente que costumo ser muito 
distraído. Pois muitas vezes não estou onde tenho o corpo, mas 
onde me levam os pensamentos. Estou onde está 
o meu pensamento, e meu pensamento está, de ordinário, onde está o 
que amo. Ocorre-me com facilidade o que naturalmente me deleita ou 
por costume me agrada. 
6. Por isso vós, Verdade eterna, dissestes claramente: Onde está teu 
tesouro, aí se acha também teu coração (Mt 6,21). Se amo o céu, gosto 
de pensar nas coisas celestiais. Se amo o mundo, alegro-me com seus 
deleites e entristeço-me com suas adversidades. Se amo a carne, com 
gosto me ocupo dos pensamentos carnais. Se amo o espírito, deleita-me 
o pensar nas coisas espirituais. Porque, seja qual for o objeto do meu 
amor, dele falo e ouço falar com gosto e trago comigo a sua imagem. 
Mas bem-aventurado o homem que por amor de vós, Senhor, abre mão 
de todas as criaturas, faz violência à natureza e crucifica a 
concupiscência da carne com o fervor do espírito, para, de consciência 
serena, oferecer-vos uma oração pura e, desprendido interior e 
exteriormente de tudo que é terreno, merecer entrar no coro dos anjos. 
CAPÍTULO 49 
Do desejo da vida eterna e quantos bens estão prometidos aos que 
combatem 
1. Jesus: Filho, quando sentires que o céu te inspira saudades da 
bem-aventurança e o desejo de deixar o tabernáculo do corpo para 
contemplar minha glória sem sombra de mudanças, alarga o teu 
coração e recebe esta santa inspiração com todo afeto. Dá muitas

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