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GUIA RAPIDO DA CRIATIVIDADE_ Ap - Rafael Guandalini

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SOBRE O GUIAS RÁPIDOS:
Olá, Seja muito bem-vindo ao “Guia Rápido da
Criatividade”. Este Ebook faz parte do Projeto Guias
Rápidos, o Portal para quem quer dar o Próximo Passo!
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semanalmente com temas sobre Empreendedorismo e
Desenvolvimento pessoal por aqui.
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com “Guia Rápido da Criatividade”
 
 
 
 
 
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http://guiasrapidoslistavip.gr8.com
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INTRODUÇÃO
Vamos começar já tratando da dúvida número 1 de todos:
sim, todo mundo pode ser criativo.
Pode ser que você tenha passado a sua vida inteira
ouvindo o contrário, pode ser também que você há muito
tempo já se convenceu que não é criativo, mas tudo bem,
aqui você vai aprender que tanto uma coisa quanto a outra
estão erradas.
Você pode sim ser criativo.
O problema é que criatividade requer treinamento,
disciplina e muito trabalho. Mesmo aquela pessoa que
você admira muito por ser criativo, você não tem idéia do
trabalho que ela teve e tem “por trás das cortinas” para
conseguir expor um trabalho criativo de qualidade.
Conhece aquela frase que diz “Leva-se Anos para se
tornar um sucesso da noite para o dia”?
É bem isso, a gente não sabe quanto tempo levou para
alguém se tornar um mestre em criatividade. Só vemos o
resultado final ali, pronto e perfeito. E daí, ficamos com
aquela impressão de que a aquela pessoa “nasceu para
aquilo”, ou “tem um dom nato”, enquanto você, que fica se
achando um reles mortal, diz que “nunca vou conseguir
fazer isso”.
É tudo balela. A diferença entre pessoas criativas e
pessoas não criativas é método, é hábito, é vontade de ser
criativo. E isso serve inclusive para você. Você pode ser
muito mais criativo que imagina, se estiver disposto a
correr todos os riscos que isso exige.
A começar por se expôr, para você e para os outros.
O trabalho da criatividade leva tempo. Antes de sair algo
bom, sai muita coisa ruim, mas muito mesmo, tão ruim que
te leva a achar que você é horrível naquilo.
Pior mesmo quando você tem que mostrar para os outros
aquela “ruindade”. Parece que você está se expondo ali
com o que tem de pior para as pessoas avaliarem.
Mas é preciso entender que isso faz parte do processo, e o
bom trabalho está sempre por vir depois das tentativas
frustradas.
Para você ter uma idéia, antes de eu começar a escrever
livros, comecei trabalhando com redação publicitária. O
trabalho do redator é... basicamente escrever. Só que
escrever MUITO. Textos, títulos, roteiros, banners,
panfletos. É texto e idéia o dia inteiro.
Lembro que no primeiro dia de trabalho da vida, ainda
como estagiário, meu Diretor de Criação me pediu um
título para um anúncio e, algumas horas depois, eu levei 3
opções para ele.
Eu estava ansioso, já que era a primeira vez que mostraria
meu trabalho oficialmente para alguém, e a reação do cara
não poderia ter sido pior: ele deu uma gargalhada da
minha cara. Chamou o dupla dele, também diretor de
criação, que riu junto quando viu meus títulos.
Na verdade, ele nem chegou a avaliar as opções que havia
colocado ali. Apenas me devolveu o papel e disse:
“Volta lá, a hora que você tiver 200 opções de título, você
volta aqui”
Eu fiz aquela cara de assustado, já que na minha vida
inteira até então nunca tinha feito 200 títulos no total,
imagine fazer isso para um anúncio só. Mas tive que
aprender na marra. Conversando aqui e ali nos
corredores, eu descobri que aquele era o normal para
aquela agência e para a profissão como um todo. Para
cada anúncio que saía na rua com um título, um redator
tinha feito antes 200, 300 opções. Roteiros de filme ou
anúncios de rádio, a mesma coisa. A quantidade era
menor, mas também eram muitas opções.
Foram alguns anos trabalhando como publicitário, tendo a
chance de desenvolver muito esse lado criativo, muito
esse desapego à idéia, já que era preciso sempre ter
MUITAS idéias e não se desesperar quando um diretor de
criação dissesse que nenhuma delas servia. Até que,
depois de um tempo, eu comecei a me encher um pouco
com esse universo da Publicidade, pois acha que era gente
demais dando pitaco nas criações.
Depois que nosso diretor de criação dava as diretrizes e
fechávamos o anúncio final, isso não queria dizer que o
anúncio estava pronto para ser veiculado. Não. Essa era a
hora em que ele ia para o cliente. E daí, meu amigo, tudo
podia acontecer. Podiam levar meses para que o anúncio
voltasse pra gente com n pedidos de alterações (era o
mais comum), e isso frustrava todo mundo ali.
Acabava sendo demorado demais para trabalhos simples,
como anúncios de uma página, irem para a rua. Muitas
vezes, inclusive, os trabalhos eram cancelados antes de ir
pra rua, depois de todo o trabalho em cima, e por isso eu
resolvi mudar de área.
Fui fazer mestrado em roteiro, depois resolvi empreender
e hoje, com o Guias Rápidos, consegui unir essas duas
coisas: empreender com escrever, duas coisas que exigem
muita criatividade, improviso e o pensamento de “bola
pra frente” o tempo inteiro!
O que aprendi nesses quase 11 anos trabalhando com
criatividade é que ela traz alguns benefícios para você
que quer se destacar no mundo profissional, entre eles:
Maior capacidade para se resolver problemas: Pessoas
que não se estimulam criativamente estão fadadas a fazer
mais do mesmo. Ela se acostumam a fazer trabalhos
repetitivos e param a cada obstáculo que surja na frente
delas, sempre esperando que venha alguém, o criativo,
para tira-las de lá.
Pensa bem, se você algum dia quiser exercer uma posição
de comando, você TEM QUE ser alguém criativo, ou pelo
menos contar com gente criativa por perto, pois a vida
sempre vai exigir idéias de novos caminhos e novas
possibilidades. Logo, ou a pessoa consegue enxergar
essas coisas, ou não vai conseguir sair do lugar.
Aliás, esse já é de cara uma amostra de como ser criativo
não está ligado necessariamente a ser um artista, a pintar
quadros ou recitar poemas. É exatamente o que eu quero
que você entenda aqui neste livro: ser criativo é uma
tarefa para o dia-a-dia, para o empreendedor, para a
profissional de marketing, para o contador, para o
bancário, para quem quiser.
Maior capacidade para se destacar profissionalmente:
A idéia aqui é a mesma. Se você não é capaz de fazer algo
novo, diferente, fora da caixa, ninguém vai nem notar a
sua presença.
O mundo está cheio de pessoas medíocres, aquelas que
simplesmente seguem ordens, fazem o que mandam elas
fazerem, mas são poucas as pessoas que resolvem “pegar
o bastão” e se aventurar a criar caminhos próprios.
São os criativos que trazem novas possibilidades de
projetos e produtos, novas possibilidades de processos,
novas formas de se ver os mesmo obstáculos. E adivinha:
as pessoas acabam as seguindo. Isso mesmo. Como tem
pouquíssimas pessoas dispostas a assumir esses riscos,
elas naturalmente se destacam no meio da multidão.
Maior capacidade de lidar com rejeição: Criativos, ao
se acostumarem com produzir novas idéias com
frequência, se acostumam também com a possbilidade de
rejeição, e não tratam isso como o fim do mundo.
É o contrário do que muitas pessoas imaginam, não é
mesmo? É porque tem um mal-entendido aí. Normalmente,
aqueles que se apegam a uma única idéia e não aceitam
que alguém fale mal dela são os amadores, aqueles que
tem uma ou duas idéias na vida inteira.
Os criativos de verdade acabam se tornando mestres em
resiliência. Eles sabem que uma idéia vai começar de um
jeito e terminar de outro completamente diferente, e sabem
que é durante esse processo de mudança que a idéia vai se
aperfoiçando. Por isso todo o processo é necessário.
-
Estas são 3 características, talvez as mais marcantes,das
pessoas criativas. Você pode ver então, como um resumo
de todas elas, que a criatividade é parte fundamental para
o processo de desenvolvimento da sua carreira
profissional.
Aquilo que os chavões do ambiente corporativo chamam
de “pró-atividade”, “problem-solver”, “pensar diferente”,
e seja lá qual outro termo “corporativês” que eles
resolverem inventar, estão SEMPRE relacionados à
questão de COMO SER UMA PESSOA CRIATIVA.
E afinal, aproveitando a deixa: COMO ENTÃO SER
UMA PESSOA CRIATIVA?
Fique tranquilo, é disso que vamos falar daqui para frente.
Este livro foi dividido em 5 capítulos principais, nos
quais abordaremos:
1) ABORDAGEM GERAL DA
CRIATIVIDADE
Por aqui, vamos tratar de conceitos sobre a criatividade.
O que ela é, quais os tipos, quais as etapas. Você vai
aprender de forma bem clara como ser criativo nada mais
é do que o resultado de processos que te levam a um
resultado.
2) PLANEJAMENTO DO TRABALHO
CRIATIVO
Ser criativo pode ser bem mais careta do que você pensa.
É preciso ter objetivos bem claros para o que você está
querendo inovar, e isso envolve conceitos clássicos de
qualquer trabalho, como planejamento incial, metas, e
desenvolvimento de hábitos para que o raciocínio criativo
esteja sempre presente.
3) AÇÃO
Aqui sim, vamos aprender alguns métodos de construção e
desconstrução criativa, para que você entenda melhor
como é possível encontrar soluções inovadoras de onde
menos se espera e para que você consiga colocar esses
métodos de raciocínio criativo no seu dia-a-dia
4) RESISTÊNCIA (RESILIÊNCIA E
REPETIÇÃO)
Como você já sabe, o seu melhor trabalho criativo nunca
será o primeiro. Você estará sempre buscando melhora-lo
e mesmo quando uma idéia boa sair, logo em seguida você
será constantemente cobrado por mais idéias boas. Além
disso, acontecerão momentos de bloqueios criativos, o
que é normal na vida de qualquer um. Nessas horas, será
preciso colocar sua cabeça a prova diariamente, e é
preciso muita resiliência para tal.
5) ENTREGA
Trabalho criativo bom é aquele que é entregue. Não
adianta você se achar um gênio criativo se você não
consegue cumprir um deadline, ou nunca acha que seu
trabalho é bom o suficiente para ser aperfeiçoado. Além
disso, a entrega em si é um momento a parte, que pode
tanto ajudar muito como estragar todo o trabalho feito até
aqui. Neste capítulo, vamos discutir sobre como fazer uma
entrega perfeita para que você encante a todos que
estiverem presentes.
Este 4 últimos capítulos formam o que eu chamo de o
MÉTODO P.A.R.E. de criatividade.
Calhou que as iniciais de cada capítulo acabaram
formando essa palavra, PARE, e acho que ela pode vir a
calhar aqui sim.
É preciso que você PARE agora com seus preconceitos,
seus medos, suas vergonhas, pois o processo criativo
exige que você se depare sempre com o novo.
Este novo nem sempre vai ser bom, vão ter horas em que
você vai se sentir ridículo, limitado, angustiado, mas aí
você vai ter que dizer PARE de novo, para poder acabar
com o palavreado negativo na sua cabeça e sempre seguir
em frente!
Então, sem mais delongas, façamos isso: Sigamos em
frente, para que você comece já a sua jornada para ser
uma pessoa mais criativa.
 
 
 
 
1. AFINAL, O QUE É SER CRIATIVO
Para começo de conversa, é importante que a gente defina
bem o que é ser alguém criativo, para que não passemos o
Ebook inteiro falando de algo que para mim significa uma
coisa e para você outra.
Começo então pegando um exemplo famoso do Mark
Zuckenberg, fundador do Facebook, que tem o estranho
hábito de vestir a mesma camiseta todos os dias. Claro
que não é exatamente a mesma, ele simplesmente compra
várias camisetas iguais e repete o “look” diariamente.
Isso, sem dúvida nenhuma, não tem nada de criativo.
Afinal, não existe nada tão sem graça e básico do que não
alternar suas roupas nem mesmo um dia sequer.
Ao mesmo tempo, esse cara criou nada mais nada menos
que o Facebook e vem, constantemente, nos últimos 10 a
15 anos criando e inovando que nem um maluco, sendo
hoje uma das pessoas com mais potencial criativo do
mundo.
E aí, ele é criativo ou não é? Claro que sim.
A propósito, quando perguntado sobre o porquê de ele
usar a mesmas roupas todos os dias, ele deu uma resposta
que tem muito a ver com o tema deste capítulo. Segundo
ele (e segundo vários estudos também), nossa capacidade
de se tomar decisões ao longo do dia, ou de simplesmente
usar nosso cérebro de forma criativa, é limitada.
Isso quer dizer que, se todos os dias, ao acordar, o Mark
precisar raciocinar para saber com que roupa vai
trabalhar, e precisar ficar fazendo combinações de peças
na cabeça para saber se elas combinam ou não, ele está
assim gastando a cota criativa dele com decisões
irrelevantes.
Só que essas decisões, por menos importantes que sejam,
gastam a mesma cota de onde vem as decisões e idéias
importantes. Por isso, quanto mais automtizadas estiverem
as decisões menos importantes, maior a cota que o
cérebro vai ter para raciocinar quando for importante.
Isso me lembra muito meus tempos de publicitário,
quando havia uma piada que a maior parte das pessoas da
área de criação tinham um “uniforme”, diríamos assim,
pois era comum todos os homens irem trabalhar de All-
Star Preto, calça jeans e camiseta preta.
O que eles estavam fazendo, não sei se de forma
insconsciente, ou consciente como o Zuckenberg faz, era
exatamente não perder tempo e energia criativa com
situações que não mereciam esse investimento do cérebro.
Então, fica claro para gente que ninguém é 100% do
tempo criativo, e que a criatividade tem mais a ver com
MOMENTOS CRIATIVOS e ENTREGAS CRIATIVAS. É
possível então, e até recomendável, que sua vida seja
sempre focada na rotina, repleta de momentos no “piloto
automático”, gerando o mínimo de investimento de energia
criativa do seu cérebro na maior parte do tempo. Para daí,
em apenas uma ou poucas atividades que você faça, você
possa gastar toda sua cota de energia atrás de encontrar
estes MOMENTOS CRIATIVOS.
Para alguém ser criativo, o que essa pessoa precisa ter é a
habilidade de perceber as coisas de um jeito diferente, de
achar novos padrões, de fazer conexões que nenhuma
pessoa pensou em fazer antes.
Além disso, criatividade tem a ver com entregar o que
você pensou. Ou seja, de nada vale você ter idéias, se
elas não podem ser executadas. Nesse caso, você é
simplesmente uma pessoa com muita imaginação, mas sem
a capacidade de colocar isso em prática.
Criatividade é, assim, a força motriz da inovação, pois,
como você pode imaginar, todos os avanços de nossa
sociedade aconteceram através do pensamento criativo,
de pessoas que buscaram uma solução nova para um
problema antigo, e assim conseguiram fazer com que a
sociedade evoluísse.
Mas também não precisamos pensar na criatividade
apenas como essa coisa que muda o mundo. Não. Afinal,
para você ter grandes idéias criativas, primeiro você
precisa ter muitas idéias menores, e aos poucos você
chega lá.
O importante é entender que o processo de criatividade
para se criar algo que impacte o mundo inteiro, como por
exemplo o sujeito que inventou o email ou a energia solar,
é o mesmo processo para se criar algo “pequeno”, como o
sujeito que inventa um sistema ue reaproveita a água da
chuva para lavar roupa ou mesmo alguém que customiza
uma roupa antiga para que possa usa-la novamente.
Então, esses momentos criativos podem gerar idéias e
soluções dos tamanhos mais variados possíveis, mas o ato
em si de ser criativo tem sempre o mesmo princípio.
1.2 OS TIPOS DE CRIATIVIDADE
É importante tratarmos deste assunto pois, muitas vezes, o
conceito da criatividade fica muito restrito a pequenos
grupos de pessoas, como artistas e músicos, e o resto da
sociedade fica achando que ou você consegue fazer um
quadro que nem Picasso, ou você nunca será criativo na
sua vida.
E isso está longe de ser verdade. Existem, na verdade, 4
tipos de criatividade, definidos pela especialista no
assunto Anne Dietrich, e eles mostram como esse tema é
bem mais complexodo simplesmente dizer que artistas
são criativos e o resto da humanidade não.
Vamos dar uma breve passadinha em cada um deles:
Criatividade Deliberada e Cognitiva: Utilizando como
exemplo Thomas Edison, o inventor da lâmpada, este tipo
de criativo é aquele que se utiliza de um conhecimento
prévio sobre determinado assunto e se dedica com afinco
sobre ele para criação de algo novo. Este tipo de
criatividade utiliza mais a área pré-frontal do córtex
cerebral, que lhe permite focar bastante na sua tarefa do
momento e também fazer associações com experiências
antigas do cérebro. Além disso, ela exige bastante
paciência, pois o resultado criativo costuma demorar
tempo para fluir.
Ainda assim, como ela é deliberada, isso significa que a
pessoa sabe que está em busca dessa descoberta, e é isso
que faz com que ela se motive para seguir em frente.
Criatividade Deliberada e Emocional: Já teve algum
momento da sua vida em que você começou a analisar
uma longa sequência de decisões erradas que tomou e, de
repente, apareceu na sua frente o motivo de tudo estar
acontecendo daquela forma? Ou seja, aconteceu o que as
pessoas chamam de momento “A-Ha”, quando você tem
um insight próprio que faz tudo fazer sentido de repente.
Neste tipo de criatividade, também utilizamos o córtex
pré-frontal, assim como uma parte do cérebro chamado
cingulato, que é responsável por processar emoções.
Nesse caso, a criatividade tem mais a ver como uma
análise reflexiva do que com uma análise racional. Além
disso, ela sempre está voltada para o nosso interior, e diz
respeito a situações da nossa vida.
Criatividade Espontânea e Cognitiva: Esta Criatividade
está relacionada ao chamado momento “Eureka”. Muitas
vezes, passamos horas tentando criar algo e aquilo
simplesmente não acontece. As idéias não vem. Daí
ficamos tão frustrados que resolvemos tentar fazer outra
coisa, como tomar um banho, andar no parque, ou o que
for e então, de repente, a idéia que há tanto esperávamos
surge na nossa cabeça, exatamente quando tínhamos
colocado o cérebro no “modo descansar”
Ou seja, este tipo de criatividade também requer o
conhecimento sobre o assunto, mas não temos controle
exato sobre quando ela surge. Pelo contrário, se
passarmos horas tentando fazer com que a idéia apareça,
ela não aparece mesmo. Daí, quando menos esperamos,
ela surge do nada.
Quando esta idéia acontece, é porque a parte consciente
do cérebro já entregou à parte inconsciente a
responsabilidade pela idéia vir, e aí tudo pode acontecer.
A idéia pode vir no banho, pode vir no sonho, dirigindo,
aonde for.
Um ótimo exemplo desse tipo de criatividade é Isaac
Newton, que descobriu a gravidade quando uma maçã
caiu na cabeça dele, e assim, naquele momento, tudo fez
sentido.
Criatividade Espontânea e Emocional: Este é o caso da
maioria dos artistas, por isso mesmo é até algo difícil de
descrever. Não há raciocínio certo, nem análise certa, nem
adianta ficar esperando para que ela aconteça. Se você
conhece pessoas que tem esse tipo de criatividade muito
aflorado, deve perceber que, a qualquer momento, elas
podem se sentir estimuladas a criar algo baseado em algo
que acabaram de ver ou sentir naquele momento.
A única coisa que essa habilidade requer é uma
habilidade específica. Por exemplo, se uma situação
inspira o cara a criar uma melodia, é porque previamente
ele já tinha aprendido a tocar violão, ou piano, ou que for
antes, por isso ele senta ali e faz a melodia.
Este talvez seja o método que mais se aproxima daquela
idéia clichê de pessoa criativa mas, como você viu, ela é
só um de 4 tipos de criatividade. Mesmo ela, ainda tem
muito a aprender com técnicas de criatividade,
planejamento, resiliência, etc... Porque todos esses
ensinamentos vão ser úteis na hora que uma idéia surgir na
cabeça dessas pessoas.
1.3. O PROCESSO DA CRIATIVIDADE
Em todos os 4 tipos de criatividade mostrados acima,
apesar de eles terem diferenças entre si, o processo
criativo é basicamente o mesmo, e envolve três etapas:
ATENÇÃO: Para sermos criativos, precisamos primeiro
ter algo sobre o que ser criativo. Por exemplo, o homem
que inventou a energia solar, estava pensando numa
maneira de se criar uma nova fonte de energia. O homem
que reutiliza água da chuva, estava pensando numa
maneira de ser mais sustentável, ou mesmo de não pagar
uma conta de água tão cara.
É claro que vimos agora pouco o caso das criatividades
espontâneas, mas mesmo nelas as pessoas estavam com o
“radar ligado” para a criatividade. Como no caso do Isaac
Newton, se ele não estivesse pensando na teoria da
gravidade, aquela maçã ia cair na cabeça dele e ele ia
simplesmente ficar irritado.
Então, pessoas que querem ter um momento criativo
precisam acima de tudo de um foco para aonde serem
criativas: seja uma área da empresa, seja um livro para
escrever, seja uma surpresa para o marido ou esposa ou
uma nova invenção. Além disso, a atenção exige o
entendimento de como as coisas são feitas HOJE, pois é
sobre isso que a criatividade deve agir para que surja
algo novo.
A Segunda Etapa do Processo é o de ESCAPE.
Basicamente, este é o momento em que você enxerga
como as coisas são feitas hoje e se pergunta: como
poderíamos fazer diferente? Este momento também
acontece muitas vezes a força, por circunstâncias do
destino. Por exemplo, quando alguém perde o emprego e
percebe que terá que reduzir o orçamento pessoal em
digamos 30%. Ou então quando o seu chefe chega para
você e diz que as vendas hoje são X, mas precisam
aumentar em 20% em 3 meses, caso contrário você será
desligado. Ou seja, é neste momento de escape que você
precisa buscar NOVOS CAMINHOS.
É por isso que o nome ESCAPE vem a calhar neste
momento, pois, para sairmos do que é sempre feito,
precisamos então escapar da nossa rotina e pensar novas
soluções para um problema que estava sempre lá e agora
precisa ser mudado.
A Terceira Etapa é o momento de TESTES E
IMPLEMENTAÇÃO. Estudados o modo como as coisas
são e o modo como elas podem mudar, é preciso agora
colocar as idéias em prática para que enfim, as idéias
criativas sejam testadas no mundo real. Como falamos,
criatividade sem implementação não significa
absolutamente nada. Por isso que essa etapa é fundamental
para o processo.
A partir destas 3 etapas (ATENÇÃO, IDÉIAS,
IMPLEMENTAÇÃO) que eu criei o Método P.A.R.E.,
dividindo e complementando melhor o processo para que
ele ficasse completo e de fácil entendimento mesmo para
quem nunca trabalhou com criatividade. Fique tranquilo
que mais para frente veremos cada uma dessas etapas em
detalhes.
Importante aqui é entender que há um processo, para que
você se sinta mais preparado para lidar com cada etapa e
isso acabe enriquecendo seu processo de criatividade e
inovação. E ele também prova aquilo que falamos ali no
começo do livro: todos nós somos criativos, o que
precisamos é colocar nossa criatividade em prática.
Para provar esse ponto, no próximo item vamos fazer uma
volta ao tempo, para um momento em que todos nós
éramos criativos até demais.
1.4 A CRIATIVIDADE PODE SER ENSINADA?
É claro que sim.
Nós, seres humanos, somos criativos por essência. Para
provar isso, basta lembrarmos de quando éramos criança.
Não existe ser no mundo mais criativo que uma criança.
Para ela, tudo é possível: qualquer pedaço de pano pode
virar uma capa de super-herói, o apartamento vira um
castelo, o carro vira um foguete, e por aí vai.
O que acontece é que, conforme vamos crescendo, nossas
censuras, algumas internas, outras externas (pais, amigos,
sociedade), vão aumentando, e com isso a liberdade para
se ser criativo vai sendo reprimida. Cada vez que você
escuta um “Pára de Brincar”, ou “ Se Comporta”, “Pára
de Sonhar”, seu cérebro vai sendo moldado para achar
que pensar de forma criativa é errado.
Na escola, acontece algo parecido. Para que as aulas
correm numa normalidade, é preciso que tudo seja
padronizado. Todos tenham horários, todos tenham o
mesmo comportamento esperado. Logo, qualquer coisa
que saia do normal é reprimida, para que o cronograma
seja sempreseguido fielmente.
A partir do momento em que você agrada seus pais
quando não inventa moda, e tira notas boas na escola por
seguir as regras, você aprende na prática que a
criatividade não vale a pena, e cresce tratando esse
assunto como algo desnecessário.
A ironia é que, muitos anos depois, quando vai para o
mercado de trabalho, as empresas estão cobrando
exatamente o contrário: que você seja criativo, que saiba
resolver problemas, que pense fora da caixa, etc... E daí
você se desespera achando que isso é algo impossível,
mas não é.
Você só precisa resgatar lá atrás aquele ímpeto de ser
criativo que você tinha e se perdeu no tempo. O ato de ser
criativo, que de certa forma está ligada à área de escape
que citamos acima, é sobre basicamente 5 processos, que
você fazia com naturalidade quando era pequeno, mas que
agora precisará voltar a fazer na força:
Associação: Pessoas criativas costumam ser boas
conectando pontos, ou seja, achando relações entre temas
de universos diferentes, achando respostas para o Tema A
dentro do universo B, e assim misturando universos até
encontrar uma saída para um Problema.
Questionamento: para se atingir novas idéias, é preciso
se fazer perguntas. A própria origem da criatividade vem
de uma pergunta, que é “Como fazer isso de uma maneira
diferente?”, e a partir daí direcionar questionamentos
mais específicos para cada caso.
Observação: tanto da situação atual, como observações
de universos diferentes para assim conseguir achar
caminhos e conexões entre eles.
Networking: Conhecer novas pessoas, fazer novas
perguntas, conhecer novas perspectivas
Experimentação: Testar idéias que surjam durante todo o
processo, para assim colocar a criatividade em prática.
Como você pode ver, estes comportamentos são
basicamente o be-a-bá de uma criança. Elas estão sempre
olhando, experimentando, perguntando, conhecendo gente.
Conforme a gente cresce, vamos fazendo tudo em menor
quantidade. Vamos nos questionando menos, observando
menos, conhecendo menos pessoas novas e, com preguiça
de pensar e tentar coisas diferentes, nos acostumamos a
viver na apatia e abandonamos de vez a criatividade.
A parte boa é que, para voltar a ser criativo, precisamos
apenas “virar a chavinha”, ou seja, começar a atuar em
cada um desses campos novamente, e assim cada um
desses processos vai voltar a acontecer e as novas idéias
surgirão novamente.
1.5 REAPRENDENDO A SER CRIATIVO
A partir do próximo capítulo, vamos entrar a fundo num
método para resolver tarefas de forma criativa. Antes,
porém, vamos começar a reaquecer a chama, diríamos
assim, pra que você volte a descobrir as delícias de se ser
criativo e sair da mesmice.
Preparei aqui dez dicas para que, a partir de hoje, você
passe a rejuvenescer a sua criatividade. São dicas bem
básicas que, se você passar alguns dias praticando, vai
ver como já vai ter uma arejada bem boa no cérebro.
Vamos a elas:
Comece a ler uma revista que você nunca leu na vida,
sobre um assunto que você nunca tenha tido interesse
antes. Por exemplo, se você é casado, é normal sua esposa
ou seu marido lerem sobre assuntos que você não costuma
se interessar. Pegue então a revista do outro para ler. Se
não rolar dessa forma, vá então a uma banca de jornal e
compre uma revista que não tenha absolutamente nada a
ver com você. Como vivemos hoje em dia nas bolhas das
redes sociais, é comum que a gente passe a vida vendo
sempre os mesmos assuntos, e isso é péssimo para quem
quer ser mais criativo, pois diminui a possibilidade de
novas conexões no cérebro.
Saia com o seu celular na rua hoje e tire pelo menos dez
fotos de coisas ou situações que você nunca havia
reparado antes. Perceba assim como tem um monte de
coisa acontecendo a sua volta que você costuma nem
perceber.
Saia de casa e Ande ou Dirija sem nenhum objetivo
específico. Apenas siga em frente e veja até onde você
vai. Coloque um despertador para uma hora depois e,
quando ele apitar, veja aonde você chegou. 
Passa algumas horas com uma criança e deixe com que
ela lidere as ações. O que ela quiser brincar, você brinca.
E só pare quando a criança cansar e parar.
Faça o Teste dos 30 Círculos. É muito simples. Pegue um
papel sulfite, desenhe 30 círculos, depois transforme cada
um desses círculos em algo diferente. Por exemplo: um
pneu, um relógio, uma bola de futebol, e por aí vai... Até
completar todos os 30.
Ensine algo a Alguém. Pode ser qualquer assunto, para
uma criança que seja. O ato de ensinar faz você se
desafiar a pensar em maneiras de deixar o seu raciocícnio
claro para que a outra pessoa compreenda o que você está
falando.
Encontre um novo círculo de Amizades. Entre em algum
grupo, curso, círculo de amizades diferente, com pessoas
de campos diferentes do seu, com que você tenha que se
esforçar para criar conexões e sair da sua zona de
conforto.
Vá trabalhar de formas diferentes. Procure variar na
forma como vai para o trabalho. Tenha dias para carro,
táxi, metro, e procure sempre variar. Além disso, procure
fazer caminhos diferentes quando possível.
Largue o Celular por um final de semana inteiro. Ele
costuma nos aprisionar no nosso mundinho virtual, nas
nossas bolhas. Além disso, é uma zona de conforto que
evita com que façamos novas conexões e observemos
mais do mundo.
Interrompa qualquer julgamento que apareça na sua
cabeça. Pode não ser sobre você ou sobre suas idéias.
Pode ser sobre um familiar, um amigo, ou algo que viu na
TV ou nas redes sociais. Quando se pegar julgando
alguém de forma negativa, pare imediatamente e mude o
pensamento.
Estes são dez itens bastante simples, dos quais você pode
colocar vários em prática ainda hoje. A Idéia não é que
necessariamente eles passem a fazer parte da sua rotina.
Claro que podem fazer caso algum te agrade muito, mas a
idéia principal aqui é desenferrujar.
Com certeza, anos vivendo como “adulto”, com sua auto-
censura acentuada e em dia, podem ter feito você se tornar
uma máquina de repetir rotinas e fugir de qualquer
tentativa de se tentar fazer algo novo.
1.6 ENCONTRANDO A SUA HORA CERTA PARA
CRIAR
Por último, antes de partirmos para o Método P.A.R.E.,
gostaria de propor uma reflexão para que você comece a
pensar em qual horário você consegue performar melhor
em tarefas criativas.
Pode ser que você já trabalhe com isso, logo já tem uma
pista, pode ser que você esteja começando do zero, logo
precisa aprender do zero. Fato é que todo mundo tem um
horário em que consegue performar melhor, que não é o
mesmo para todo mundo, e resta a cada um descobrir o
seu.
Para você entender melhor como descobrir isso, tente
pensar em momentos do seu dia em que você costuma ter
mais idéias criativas mesmo quando não está
necessariamente pensando nisso. Outro ponto é que,
nesses horários, você costuma estar com um nível de
censura bem mais baixo. Então, além de ser comum você
ter mais idéias ali, acontece também de você julga-las
menos, deixando a coisa fluir livremente, de uma maneira
bem interessante.
Esse momento é tão impotante que até mesmo a ciência já
procurou estuda-lo. Em 1950, um cientista americano
chamado JP Guilford resolveu pesquisar mais sobre a arte
de ser criativo, e ele chegou a conclusão de que nós
somos mais criativos quando estamos MENOS focados.
Isso mesmo.
Por incrível que pareça, se concentrar muito para
conseguir ser criativo não funciona, pois quando estamos
MENOS focados, é quando damos mais liberdade para
nosso cérebro criar. Nos momentos de FOCO, somos
melhores em tarefas mais objetivas, como por exemplo
terminar uma planilha de Excel ou pregar um quadro na
parede. Algo direto ao ponto, com começo, meio e fim.
Agora, quando é para criar, é importante que nosso
cérebro não se sinta pressionado, pois é dos pensamentos
improvisados que virão as melhores idéias.
Outra conclusão do estudo é que pessoas que são boas em
gerenciamento de tempo costumam ser boas com tarefas
criativas também. Ou seja, as pessoas que conseguem
descobrir esse momento bom do dia e se manter fiel a ele,
é que conseguem no longo prazo criarum sistema próprio
e eficiente de geração de idéias.
Podem parecer que as duas idéias sejam contraditórias, já
que uma pede que você não esteja focado, e a outra pede
que você tenha um momento no dia para isso, mas elas não
são. A idéia é que você descubra qual é esse momento do
dia em que você consegue deixar sua cabeça livre para
“voar”, e, todo os dias, nesse horário, estar lá para que
isso aconteça.
Como somos todos diferentes um do outro, caso você não
tenha idéia de que horas você funciona melhor para idéias
criativas, você primeiro precisa entender como está
funcionando o seu dia hoje.
Faça o seguinte exercício: pelos próximos dias, anote
como você está passando o seu dia de trabalho. A cada
meia hora, pare e anote num papel, ou no celular, quais
atividades você fez nos últimos trinta minutos.
A idéia aqui é que primeiro você organize melhor o seu
dia, achando um roteiro do que você faz e que horas.
Depois disso, você vai começar a reparar, dentro dessa
sua agenda, quais são os horários em que você costuma ter
idéias mais criativas.
Você vai reparar que elas costumam acontecer nos
mesmos horários. Ou então, elas costumam acontecer em
horários que tenham algo em comum. Por exemplo,
comigo, meus momentos mais criativos são logo após eu
fazer exercício, tomar banho e descansar um pouco. Tem
tudo a ver com o estudo falado acima.
É um momento em que eu não estou no escritório, não
estou necessariamente focado em ter idéias, mas então eu
simplesmente deixo minha cabeça livre para pensar mais
na empresa, em novas idéias de livros, em idéias sobre o
livro que estou escrevendo no momento, etc...
Depois que eu vou para o escritório, aí sim entra minha
parte FOCADA. Minha parte criativa já deixou a cabeça
viajar e ter idéias naquele momento específicio, agora é
hora de colocar tudo no papel.
Existem outros momentos também em que minha mente
também gosta de viajar e ter idéias, como aqueles minutos
antes de dormir, quando apagamos a luz e esperamos o
sono chegar. Mas como isso não é algo consistente, ou
seja, não acontece todo dia, é bom não contar com ele.
Aquele momento, logo depois do exercício, é sim a hora
em que eu sento para, pacientemente, pensar nas idéias em
que estou trabalhando e deixar a cabeça livre para fazer
conexões.
Tente fazer esse mesmo exercício na sua vida. Entenda
que ser criativo não é algo que acontece 24 horas por dia.
Ninguém, nem Leonardo da Vinci, era criativo 24 horas
por dia. O que você precisa, na verdade, é ser criativo
algumas vezes por dia. Ou melhor, nem isso... Com UMA
grande idéia por dia eu te garanto que você já seria uma
das pessoas mais criativas do mundo, tenha certeza.
A partir do próximo capítulo, vamos entrar a fundo no
Método P.A.R.E.
Para isso, você vai ter que escolher algum tema em
específico da sua vida para o qual você quer dar uma
saída criativa. Pode ser um trabalho que precisa entregar,
um novo projeto para o qual vai se dedicar, um livro que
quer escrever, uma supresa que pretende fazer. A
criatividade não tem limites, nem para como nem para o
que criar.
É por isso que é essencial que você chegue lá de coração
aberto, pronto para dar um reboot na forma como você vê
as coisas hoje.
Então, contando com isso, eu te encontro no próximo
capítulo!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. PLANEJAMENTO (P.A.R.E.)
Um trabalho criativo precisa ter um porquê dele existir.
Claro que você viu no capítulo anterior o caso daqueles
criativos com perfil mais de artista, que criam de forma
espontânea sem um motivo específico, mas, no nosso caso
aqui, vamos focar nos outros casos da criatividade:
quando você precisa entregar algo.
Seja por necessidade própria, como “quero escrever um
livro”, seja por demandas externas, como “preciso fazer
uma apresentação de vendas” ou “sou um freela que
trabalha com direção de arte”, ou qualquer outro caso
parecido.
Quando você precisa entregar algo a alguém, e sua
reputação como profissional está em jogo, você não pode
deixar que as coisas aconteçam na hora que uma luz
divina baixar em você. Não. Ao contrário, você precisa
criar um cenário que propicie o processo de criatividade
para que assim você crie algo de acordo com o que foi
solicitado.
Para isso, não tem muito segredo. Um trabalho criativo
nada mais é que um Projeto que precisa ser entregue, e a
etapa de planejamento passa por 3 etapas: Recebimento
de um Briefing (ou criação de briefing no caso de você
mesmo ser quem quer o trabalho criativo de si mesmo),
Planejamento do Trabalho e Busca de Referências.
Neste capítulo, então, vamos passar um a um destas 3
etapas, para que, no próximo capítulo, o de Ação, você já
esteja pronto para colocar a mão na massa e aprender
todos os métodos para começar a criar.
Começando então pelo BRIEFING:
Briefing é uma daquelas palavras em inglês que, de tão
usadas no dia-a-dia pelos brasileiros, acaba soando como
natural para quem costuma trabalhar com criatividade.
Para quem não conhece, briefing é um conjunto de
informações, que normalmente é entregue num documento
em papel impresso ou por email (já vi alguns casos em
apresentação também), com tudo que você precisa saber
antes de começar a criar um trabalho.
Em empresas, normalmente os profissionais costumam
receber este material pronto de outros departamentos, ou
às vezes direto do cliente em casos de empresas menores.
No caso de profissionais liberais, costuma acontecer do
próprio profissional ter que mandar um briefing em
branco para o cliente preencher, pois este normalmente
não está acostumado com este documento e por isso pode
passar informações incompletas e insuficientes para o
criativo trabalhar.
Ainda, existem os casos em que, como citei, o próprio
criativo é quem quer produzir algo para si mesmo. Como
alguém que quer escrever o primeiro romance, ou alguém
que quer começar a pintar os próprios quadros.
Nestes casos, apesar de a princípio parecer meio besta
criar um briefing para si mesmo, eu COM CERTEZA
recomendo que você faça isso ESPECIALMENTE nestes
casos. Sabe como é: às vezes, exatamente por não termos
um outro lado nos cobrando, seja cliente, seja o patrão,
corremos o risco de deixar nossos próprios projetos sem
foco, sem prazo, sem exatidão do que queremos fazer. Isso
costuma ser um prato cheio para a procrastinação, e daí
você vai deixando o seu projeto para depois.
Então, veja abaixo tudo que você precisa receber em um
briefing para que ele esteja completo e, a partir de hoje,
comece a levar muito a sério esta etapa da criação. Nunca
corra o risco de começar a longa jornada da criatividade
criando algo que não é exatamente o que o cliente queria.
Você não tem idéias de quantos projetos dão errado
porque começam errado aqui, quando cliente pede A,
criativo entende B, e eles não param um minuto sequer
para ver se estão alinhados nisso. Daí, dependendo do
tamanho do projeto, podemos estar falando de meses de
trabalho jogados fora.
Um bom Briefing começa falando sobre qual PRODUTO,
SERVIÇO OU EMPRESA DO QUEAL ELE SE
TRATA. Você precisa saber para quem está criando algo.
Dependendo do produto ou da empresa, a criação será
completamente diferente, pois você terá que seguir a
personalidade da empresa, a filosofia, o posicionamento
dela, entre outras coisas. É interessante inclusive que o
briefing já traga essas informações todas e, se necessário,
você pesquisa algumas informações adicionais.
Depois, você precisa ter claro O QUE você precisa
entregar. É uma apresentação? Um anúncio? Um relatório?
Uma Arte? Uma lista? O que exatamente as pessoas estão
esperando que você entregue para elas? Sabe que, quando
trabalhava em agências, mesmo nas grandes, eu vi
MUITOS casos de trabalhos entregues no formato errado,
seja porque o briefing veio com informação errada, seja
porque o criativo não leu as especificações do briefing. E
daí, nesses casos, imagine a cara de amadorismo que a
pessoa passava, quando ficava claro que o erro tinha sido
por pura falta de atenção.
PORQUE aquele pedido está sendo feito? O que o
solicitante quer com aquilo?Aumentar vendas, criar um
negócio, mudar um departamento, quer enfeitar a casa,
quer vender o seu trabalho? Existem N possibilidades
aqui, e o importante é que você saiba qual é o caso, pois
isso vai influenciar diretamente a sua criação, além de
fazer o seu trabalho mais assertivo.
PARA QUEM você fará este trabalho? Quem é o
público-alvo? Este talvez seja um dos itens mais
importantes, pois serão essas pessoas que avaliarão o que
você está fazendo. Então, você precisa saber muito bem
quem elas são, o que pensam, o que gostam, o que não
gostam. De novo, dependendo de quem te passa o briefing,
isto pode pode já vir no material mas, caso não venha, é
sua função ir atrás por conta própria.
COMO você vai saber se a sua criação foi bem feita?
Como o sucesso do seu trabalho será medido? Em alguns
casos, como, por exemplo, se você estiver criando um
quadro para um amigo, basta ele gostar. Em outros, como
fazendo uma arte para anúncio de Facebook, quem dirá se
o seu trabalho deu certo ou não são os testes na
plataforma. Ao saber dessas nuances, você pode se
preparar melhor. Por exemplo, no caso do anúncio para
Facebook, se você sabe que serão feitos testes, você pode
apresentar mais de uma versão do que lhe é pedido.
Tem casos também que um diretor de empresa pede
sugestões de inovações para os funcionários do seu
departamento. Este também é um trabalho que exige
criatividade e, neste caso, o sucesso pode ser medido por
quantas sugestões suas são colocadas em prática. Quando
o briefing não traz essa informação, crie por conta própria
uma referência de sucesso para conseguir avaliar o seu
trabalho de forma objetiva.
QUANDO. Esta é outra questão chave aqui, a questão do
prazo. Isso fará toda a diferença na hora de você pensar a
qualidade do trabalho que irá fazer, assim como quanto
($$$$) irá cobrar caso seja um trabalho remunerado.
Como é de se imaginar, todo mundo que te pede um
trabalho quer aquilo para ontem. Só que, nestas horas, é
seu papel se impor e estipular um prazo razoável para que
você consiga entregar o seu trabalho com qualidade.
Pense assim: nem tão perto que você tenha que fazer
qualquer coisa só para falar que fez, nem tão longe para
que o prazo distante faça você deixar o assunto para
depois, e só lidar com ele quando estiver em cima.
VERBA. Isto aqui também costuma ser um divisor de
águas para a criação de qualquer coisa. Lembro um
cliente para o qual eu trabalhava em uma das agências em
que passei que, toda vez que ele pedia algo, ele dizia que
a verba era ilimitada, e que a gente criasse “pensando em
coisas que sairiam no intervalo do Jornal Nacional”. Se
você não sabe, intervalo do Jornal Nacional é o horário
mais caro para se anunciar no Brasil, pelo menos era
naquela época.
E daí nós criativos passávamos o final de semana tendo
idéias mirabolantes, que exigiriam altos investimentos. Na
hora de aprovar, porém, o cliente mudava todo o discurso,
vinha com a conversa que aquilo ia ficar muito caro e que
daquele jeito não dava pra fazer. Era uma completa perda
de tempo e, depois de algumas vezes que aquela situação
se repetiu, ninguém mais queria trabalhar para aquela
empresa.
Então, saber a verba é muito importante para você ter uma
idéia do que é possível fazer. Todo trabalho criativo tem
muito a ver com gerenciar prazo e verba para conseguir
entregar algo de qualidade, adequado e no tempo
proposto.
OBSERVAÇÕES EXTRAS. Todo fim de briefing deve
ter observações extras que não cabem nos outros itens,
mas que são fundamentais para que a criação saia
adequada. Quer ver um exemplo diferente? Imagine que
você é arquiteto, vai criar uma planta de casa, e o cliente
exige que a casa tenha 15 banheiros, sei lá. Com certeza é
aqui que ele colocar esse tipo de informação.
Podem ser também exigências da marca. Imagine que você
vá trabalhar para o Corinthians. Eles com certeza vão
colocar aqui que é proibido usar a cor verde, seja lá para
o que você for criar para eles, pois verde é a cor do
Palmeiras.
Assim, este é o local para constar todas os detalhes que o
solicitante faça questão de citar.
ANEXOS. Em alguns casos, é normal o solicitante
colocar junto com briefing anexos de materiais que
auxiliem na criação. Estes materiais podem conter desde
pesquisas sobre público consumidor, material de
identidade visual, trabalhos anteriores, referências de
projetos similares que agradam o cliente, etc...
--
Uma vez com o briefing em mãos, é fundamental que você
tire todas as dúvidas antes de começar a planejar seu
trabalho. Conforme eu falei, se você não alinhar as
informações aqui, pode ser que só descubra que entendeu
as coisas de forma erada no dia de apresentar o trabalho.
Então, não tenha medo de ser chato e pergunte mesmo.
Uma coisa que já reparei é que às vezes tem solicitante
que não sabe exatamente o que quer e tenta fazer briefings
meia-boca, passando apenas meia-dúzia de informações.
Aí, a chance de você fazer algo que não agrada aumenta
muito, e você ainda vai ter que ouvir: “Não era isso que
eu estava pensando quando pedi”.
Claro que não era! Nem ele mesmo sabia direito o que
queria! Então, toda vez que achar que o briefing está
faltando informações, peça por elas, faça mais perguntas.
Só se dê por satisfeito quando estiver tudo mastigadinho e
você tiver certeza que você e o solicitante estão alinhados
no que se esperar do trabalho.
PLANEJAMENTO DE TRABALHO
Uma vez que tenha todas as informações do briefing em
mãos e mastigadas, é hora de você fazer as suas próprias
anotações. O que você precisa é mapear todo o processo,
considerando todas as etapas que ainda veremos mais
adiante (do método P.A.R.E.), e trabalhar com o prazo,
para saber quantas horas por dia deverá se dedicar a cada
etapa.
Tem aquele frase famosa do Abraham Lincoln que diz que,
se ele tivesse 8 horas para derrubar uma árvore, ele
passaria 6 afiando o machado. Ou seja, ao invés de você
sair que nem um louco tentando criar as coisas, é muito
importante dedicar um bom tempinho aqui planejando o
que você vai fazer.
Claro que a tarefa não simples. Afinal, um trabalho
criativo não é como pregar martelos na parede, ou seja,
não adianta você dizer que vai passar 8 horas de um dia
pensando no assunto para ter certeza que vai sair algo
bom. Ao mesmo tempo, você precisa entregar algo de
qualquer jeito, pois esta é a sua responsabilidade, então
também não dá para colocar prazo indeterminado para
suas tarefas.
Para você fazer um planejamento justo para você e para
sua criatividade, é sempre interessante que você coloque
uma gordurinha extra em cada uma das etapas, já dando
margem para algum bloqueio criativo, alguma dificuldade
final que surja.
Vamos considerar então as 4 etapas do Método P.A.R.E.
Com base nos meus trabalhos criativos, eu estipulei aqui
uma porcentagem de tempo que eu tenho como meta
dedicar a cada uma das etapas, da seguinte forma:
- Planejamento: 10%
- Ação: 50%
- Resistência (Refação, Revisão e Ajustes): 20%
- Entrega: 20%
Pode ser que você veja essas proporções e diga: “Mas
você disse que o Abraham Lincoln ia afiar o machado por
6 horas...”. Claro que isso é um modo de dizer. O que eu
te garanto é que, se você seguir essas proporções e
dedicar de fato um tempo para cada etapa do Projeto,
você já vai estar na frente de 99% das pessoas, que
simplesmente saem fazendo as coisas sem prestar atenção
direito em prazo, métodos, etapas, e virá aquele samba do
crioulo Doido.
Uma vez que as proporções que você vai dedicar para
cada etapa do projeto, você precisa alinhar essas
proporções com o prazo que você tem. Então, no exemplo
mais básico, se você tiver dez dias para entregar o
trabalho, você teria então 5 dias dedicados à ação. Ótimo!
Agora, se você tem apenas 10 horas, aí já seriam apenas 5
horas. Corrido, né?
Então, pegue novamente o briefing, pegue a agenda, e
defina:
- Quais dias eu dedicarei a cada etapa do processo?
- Quais horas do meu dia eu dedicarei a ele? De que horas
a que horas?
- Aonde farei isso? Será em casa, no trabalho, no café
perto de casa?
- Quais osmateriais que preciso? Só meu computador e a
Internet? Ou preciso de mais coisas? Tenho essas coisas
ou preciso comprar?
Repare que se a criação for em grupo, esta etapa ganha
importância gigantesca, maior ainda que o normal, pois
aqui você terá que alinhar a agenda de todos os
envolvidos e, se necessário, dividir tarefas.
Se você achar muito complicado fazer esse gerenciamento
de equipes, eu recomendo que você utilize um software de
gerenciamento de Projetos, como o Trello,
www.trello.com, cuja versão gratuita é suficiente, no qual
você pode envolver todos a equipe num Painel de
http://www.trello.com
Controle em conjunto. Nele, você consegue ver, ao mesmo
tempo, todas as etapas, os responsáveis, as datas do
encontro. Assim, todo mundo vê atualizado e em tempo
real quem deve fazer o que para quando.
ANÁLISE DE CENÁRIO E BUSCA POR
REFERÊNCIAS:
Se para criar vimos que é preciso construir algo novo,
deduz-se que este algo deve ser NOVO em relação a algo
já existente, que no caso seria o velho.
Então, é muito importante que, antes da etapa de criação,
seja feito uma pesquisa aprofundada do que já foi feito e
do que já existe, a título de se preparar melhor para o que
deve ser criado.
Repare que chamar algo de Velho não é necessário algo
ruim, assim como nem sempre o que já existe é velho. Por
exemplo, imagine que você tivesse que criar o terceiro
filme da Trilogia do Batman. É óbvio que você teria que
pesquisar MUITO os dois primeiros filmes, pois você
estaria criando a sequência deles.
Então a sua criatividade estaria a serviço de criar um
sequência para algo já existente, e não necessariamente
para jogar o antigo fora.
Preparamos aqui uma lista de pesquisas que você deve
fazer antes de começar o seu trabalho, nesta etapa de
análises. Veja:
O QUE EXISTE HOJE: Faça uma análise sobre o que
você tem em mãos hoje. Seja o produto para quem você
vai criar algo, seja as idéias que você tem para criar algo.
É interessante que você vão conhecer, testar,
experimentar, vivenciar o que há atualmente, pois isso
naturalmente te dará insights sobre o que pode ser
mudado, melhorado, ampliado, eliminado. Essa parte aqui
me lembra muito quando atores vão fazer um novo papel
e, para isso, fazem o que eles chama de laboratório, que é
conhecer a realidade do personagem que eles vão
interpretar. A partir dessa vivência, toda sua percepção
pode mudar.
CONCORRENTES: Quem são os concorrentes daquilo
que você está trabalhando sobre ou mesmo do que voce
está criando. Por exemplo, se você quer escrever um
romance, procure saber quais são os romances que estão
nas livrarias hoje, assim como os mais vendidos do Brasil
e do Mundo. É importante que você faça essa pesquisa
caso julgue ser importante fazer algo com uma linguagem
familiar ao que as pessoas estão fazendo hoje.
Caso esteja fazendo um trabalho para uma empresa, a
coisa muda um pouco. Você vai investigar os concorrentes
dela para tomar cuidado em não fazer algo parecido, para
tomar cuidado de não fazer algo pior, e também para saber
o que o público daquele produto está acostumado a ver
como anúncio.
Assim, uma análise do mercado atual sempre vai te dizer
aonde está o sarrafo, diríamos assim. Se você não entende
essa expressão, sarrafo diz respeito à competição de salto
em altura. Dependendo da altura que seus concorrentes
deixam o sarrafo, é sua responsabilidade criar algo para
superar essa altura, nunca de fazer algo que esteja abaixo.
COISAS QUE O PÚBLICO-ALVO GOSTA: O
público-alvo para quem você está criando não vive só
daquele tema em que você está trabalhando. Essas
pessoas tem uma vida, tem hábitos distintos, e é
interessante que você passa um tempo estudando isso.
Aqui também vale o exemplo dos atores fazendo
laboratório. Você pode ampliar a sua pesquisa e, além de
conhecer o produto, ir atrás de outras atividades que
aquele público costuma fazer. Assim, na hora de criar,
você vai estar em sintonia com o que eles gostam.
É por isso também que pessoas costumam se especializar
num público-alvo. Conforme um criativo começa a criar e
encontra um público com o qual ele saiba como
conversar, ele começa a produzir mais material que vai
“na veia” das pessoas, e assim cada nova obra é um novo
sucesso. Como exemplo, pegue a escritora de Harry
Potter. Não é a toa que ela escreveu tantos livros e agora
pretende ampliar mais ainda as obras sobre o personagem,
pois ela já sabe como atender aquele público.
REFERÊNCIAS DE OUTROS MERCADOS: Agora é
hora de procurar referências de coisas que deram certo
em outros lugares que não sejam do mesmo mercado que o
seu, mas que possam servir de inspiração. Por exemplo,
em administração existe o conceito de benchmarking, que
quer dizer procurar práticas de outros mercados que,
adaptadas ao seu, possam te ajudar sem que você perca
tempo e dinheiro inventando as coisas do zero.
É basicamente disso que estamos falando: fazer uma
espécie de pesquisa de referências cruzadas que no final
levem ao objetivo de trazer material para sua pesquisa.
REFERÊNCIAS EM GERAL: A busca por referências
nem sempre pode precisar de fatores tão lógicos, como no
caso acima. Às vezes, as idéias vão surgir de onde menos
se espera. Então, se você for criar, por exemplo, um
anúncio para um produto japonês, é ótimo pesquisar um
pouco mais sobre a história do país, sobre a cultura
japonesa, pois serão dessas associações que poderão sair
a grande idéia.
ANÁLISE GERAL: Uma vez que você já tenha feito toda
essa pesquisa, coletado informações e feito as devidas
anotações possíveis, é hora de juntar tudo, passar a limpo,
colocar em ordem, e aí sim, a partir do próximo capítulo,
é hora de criar. Repare como esse planejamento inicial,
inlcuindo desde o briefing bem feito por parte do
solicitante, até uma vasta pesquisa do cenário atual e de
referências, deixa a coisa quase que mastigada para você
começar a criar.
É capaz que aqui, neste ponto, você já esteja com várias
idéias prontas pipocando na cabeça, e aí você percebe
como cada etapa do método P.A.R.E. tem a sua
importância e é fundamental para que o processo todo flua
bem.
Então, agora chega de planejamento, você já está pronto
para o próximo passo. É hora de Ação!
 
 
 
 
 
 
 
3. AÇÃO (P.A.R.E.)
Ok, ok. Terminadas então as etapas de recebimento de
briefing e análise geral, chega a hora de agir! Este é o
momento mais crítico, pois é essa a hora em que o
criativo encontra o famigerado papel branco.
Tudo bem que você já pode ter feito todas as anotações
em virtude da análise do briefing, do estudo, já pode ter
bastante material de pesquisa pra consultar quando
necessário, mas a verdade é que é agora que o bicho pega.
Até o momento, tudo que você fez foi meio operacional:
pesquisar, analisar briefing, buscar referência. Você até
pode ter que ser criativo na hora de buscar referências,
mas nada se compara à criatividade que você vai ter que
por para funcionar agora.
É por isso que o momento de criação é aonde há os
maiores riscos de acontecer a procrastinação. É aqui que
os criativos inexperientes sempre tentam dar uma
escapadinha: adiam por meia hora aqui, depois meia hora
ali. Daí o que era pra ser de manhã fica pra depois do
almoço, o que era pra ser de tarde fica para o outro dia. E
daí entra numa rede social aqui, Whatssap ali, até a hora
que o prazo começa a estourar e bate o desespero.
Como eu disse acima, esse é o comportamento de
profissionais inexperientes. Falo isso sem medo pois
conheço muitas pessoas que trabalham com criatividade, e
te garanto que todas as bem sucedidas nunca fogem da
responsabilidade de enfrentar o papel em branco, pois
elas acreditam no processo como um todo.
Aqui que entra em cena aquela história da genialidade ser
1% inspiração e 99% transpiração. Para criar, você
precisa fazer, escrever, pensar, ligar os pontos. E só se
liga os pontos quando você pensa neles ao invés de pensar
a quantas anda seu feed de Instagram.
Para te ajudar nesse doloroso processo de começar e
desenvolver sua criatividade, esse capítulo apresenta 10
técnicas decriatividade para que você crie, inove,
surpreenda, descubra, e faça o que tiver que ser feito.
Alguns desses métodos são mais conhecidos, outros nem
tanto, e foram selecionados para que você crie a sua
própria caixa de ferramentas da criatividade. Sabe como
funciona a caixa de ferramentas de casa, né? Toda vez que
algo precisa ser consertado, você abra a caixinha e pega
aquela ferramenta que resolve o seu problema do
momento.
A idéia aqui é a mesma. Você vai ver que são métodos
variados, que você pode experimentar em momentos
diferentes, e pode achar padrões nisso. Alguns que
funcionem melhor em determinados projetos, outros em
outros. Vai ficar a seu critério. Vamos a eles:
BRAINSTORMING que um amigo meu costuma chamar
de “Toró de Idéias”, é talvez o método de pensamento
criativo mais conhecido pelo senso comum quando o
assunto é criatividade. Como ele é base para alguns outros
métodos que vamos falar depois, resolvi começar com
ele.
Para quem nunca ouviu falar, Brainstorming, que significa
em inglês algo como um furacão de idéias, é um processo
no qual um grupo de pessoas se senta junto para pensar em
novas soluções para se resolver um problema.
Obviamente ele pode ser feito sozinho também, mas
recomenda-se em grupo pois assim a variedade de idéias
que surgirá será muito maior.
O objetivo do Brainstorming é esse mesmo, ter o maior
número de idéias possíveis e que o ambiente não tenha
nenhum tipo de censura. Toda idéia que surgir, mesmo que
soe absurda, deve ser anotada pelo moderador sem
nenhum tipo de ressalva. É importante frisar muito bem a
necessidade de não se comentar as idéias ditas, apenas
ouvi-las e anota-las, pois essa é a essência do
Brainstorming.
A idéia é que, mesmo as idéias absurdas levem às pessoas
a terem mais idéias, e, às vezes, uma idéia abusrda de uma
pessoa faz outra conectar os pontos e tirar dali uma idéia
boa de verdade. Ou seja, se não fosse a idéia nada a ver
que um deu, o outro não teria chegado à idéia boa e
resolvido o problema de todos.
Depois de um determinado periodo de geração de idéias,
que varia dependendo do tamanho do grupo, todas elas
são discutidas, uma a uma, e aí sim elas podem ser
criticadas, combinadas, melhoradas, etc...
Apesar de parecer simples, o maior problema do
Brainstorming é as pessoas se sentirem 100% livres para
falarem o que pensam. Por mais que você deixe muito
claro que o ambiente será livre de julgamentos, demora
muito tempo para as pessoas se sentirem seguras para tal,
e qualquer pequeno julgamento no meio, mesmo que seja
só por uma careta que alguém faça sem falar nada, pode
ser fatal para acabar com a confianças das pessoas.
É por isso que um brainstorming deve ter um mediador
que seja bastante experiente tanto para dar um ritmo para
o surgimento de idéias, estimulando as pessoas com
perguntas sobre o tema, como para lidar com essas
situações de julgamento para deixar as pessoas livres para
opinar.
No final, esse mediador também deve ser muito hábil para
trazer todas as idéias geradas para a discussão, tentando
tratar todas de maneira construtiva para que, no final, ao
menos uma grande idéia saia dali do meio.
MISTURA DE UNIVERSOS. Tem aquele famoso ditado
que diz que na vida nada se cria, tudo se copia.
Infelizmente, eu acho que esse ditado é mal escrito, e daí
acaba dando margem para más interpreteções, como de
plágio.
Ocorre que não é verdade que na vida tudo se copia, mas
é correto se dizer que tudo tem referências, e isso nada
tem a ver com plágio.
Quer ver. Desde o surgimento do Uber, e do sucesso dele,
é muito comum ouvirmos por aí algumas empresas que se
dizem “O Uber de alguma coisa”. Pode ser “O Uber das
Entregas por Correio”, ou “O Uber das motos”, ou “Uber
das Flores”. Sei lá. Uma vez por semana aparece em
alguma revista de negócios uma nova empresa se dizendo
o Uber de alguma coisa.
O que esses empresários estão fazendo, nada mais é do
que misturar dois universos distintos, e transformar numa
grande idéia. Nesse caso, vamos pegar o exemplo das
Motos. Nem lembro se esse caso é real, mas poderia ser.
Uma pessoa viu que o Uber funciona para carros, só que
ela é do universo das motos, e decidiu então juntar esses
dois universos. Logo, ele criou “O Uber para Motos”.
Você não tem noção de quantas novas idéias são geradas a
partir desse processo extremamente simples. Na indústria,
esse processo de checar soluções em outros mercados tem
até nome, chama-se benchmarking. Já falamos dele no
primeiro capítulo, mas vamos reforçar aqui. Funciona
assim: se eu vendo flores e quero saber como fazer uma
entrega rápida que chegue no mesmo dia para o meu
cliente, ao invés de tentar fazer isso do zero, correndo o
risco de errar muito e perder dinheiro, eu procuro outros
mercados que tenham o mesmo problema, como indústrias
de alimentos percíveis, ou mesmo de delivery de comida.
Assim, eu aprendo como aquilo funciona no outro
universo, trago para o meu universo fazendo algumas
adaptações e pronto, saiu assim uma solução criativa.
Esse processo de benchmarking não precisa ser só de
empresa para empresa. Você pode usar esse mesmo
raciocínio para qualquer coisa. Por exemplo, sua família
precisa rever o orçamento, e você tem um irmão que
conseguiu fazer isso há um ano atrás. Então basta você
pesquisar com ele o que ele fez lá, adaptar para a sua
realidade, e pronto, você trará uma solução nova para a
sua casa.
Para esse método funcionar, é muito importante que você
trate tudo com muita humildade, sabendo que cada coisa
que você vê durante o dia, ou cada pessoa com quem
conversa, pode ter algo para ensinar que mude a sua vida.
Uma vez que você encare a vida assim, fica mais fácil
encontrar soluções para adapta-las para a sua vida.
O QUE FULANO FARIA. Esse método é muito bom
para aqueles momentos em que você já sugou todas as
suas energias e ainda assim não conseguiu pensar em nada
de interessante. Se utilizando a sua cabeça não está dando
certo, é hora de você começar a pensar com a cabeça de
outras pessoas.
Por exemplo, eu tenho 3 irmãos. Se juntarmos nós 4 mais
meu pai e minha mãe numa mesa, é capaz que existam
assuntos em que nós 6 tenhamos opiniões completamente
diferentes para o mesmo tema.
Claro que você pode pegar o telefone e pedir opiniões
para eles, mas a idéia aqui é que isso não seja preciso,
que seja um exercício lúdico mesmo, até porque a graça é
imaginar diversas pessoas do mundo, não apenas a sua
família (Calma que chegaremos lá).
Deixa eu dar um exemplo. Vamos supor que eu queira
vender meu carro, já tenha tentado pela Internet e não
tenha conseguido. Então eu penso:
- O que meu irmão faria: Pelo que conheço dele, ele adora
ir em consessionárias, então ele tentaria lvar lá direto pra
avaliarem.
- O que meu outro irmão faria: Putz, aquele lá adora ir em
Feirão de Carros e negociar. Então ele com certeza
tentaria ir em uma feira de carrros no final de semana.
- O que meu terceiro irmão faria: Ele é mais digital, então
ele usaria o mailing de amigos dele para tentar vender
entre os mais próximos.
Acho que deu para entender. Vamos supor então, num
outro exemplo, que você queira um modo criativo de
aumentar as vendas da sua empresa. Nesse caso, talvez os
seus familiares mais próximos não tenham muito como
ajudar. Então, você pode pedir ajuda aos seus ídolos...
Porque não? Bastaria você pensar (vou usar referências
minhas de exemplo):
- O que o Flávio Augusto faria...
- O que o Jorge Paulo Lehman faria...
- O que o Bill Gates faria...
Veja como cada uma dessas pessoas provavelmente faria
algo totalmente diferente.
Resultado é que, depois de uma hora fazendo esse
exercício, imaginando o que os outras pessoas fariam no
meu lugar, eu consigo ter, sem exageros, umas 30
perspectivas novas sobre como resolver uma situação.
E às vezes você não conseguiu ter uma idéia para resolver
um problema porque, naquele momento, a sua forma de
ver o mundo não é a ideal. E daí, aquele seu amigo que
tem um método totalmente diferente do seu para tudo, que
você não usaria de jeito nenhum em outros assuntos,nesse
caso específico pode ter o jeito perfeito para se resolver a
situação.
Então você pega o jeito dele e soluciona criativamente um
problema seu.
PENSAMENTO REVERSO. Às vezes, destruir é mais
fácil do que construir. Por exemplo, vamos supor que
você precise arrumar um modo de dobrar o número de fãs
da sua página de Facebook. Você pode sentar e começar a
ter idéias para isso mas, imagine que a gente invertesse a
pergunta, e ela se tornasse: Como fazer com que eu não
tenha nenhum fã na minha fan page?
Assim, você pensaria em modos de nunca conseguir um fã,
da sua página ser horrorosa e nunca atrair ninguém para
lá.
Ao fazer este exercício, você vai notar algo curioso: na
hora de ter idéias para destruir a sua fan page, tanto você,
quanto as outras pessoas se você estiver em grupo, se
envolverão mais no assunto, simplesmente porque é mais
divertido pensar assim ao invés do modelo tradicional.
E daí, uma vez que você tenha 10 a 15 boas idéias
“negativas”, pare para analisar uma a uma e torna-las
positivas.
O que você vai notar é que se você fosse pelo caminho
normal de ter as idéias positivas direto, não chegaria ao
mesmo resultado, pois o exercício de destruir faz com que
você tenha idéias mais diferentes que, ao serem
invertidas, trazem ótimas novidades para suas saídas
criativas.
BRAINSTORMING COM POST-ITS. Por mais que já
tenhamos falado sobre o Brainstorming e a importância de
que não haja censuras e que se haja um moderador
experiente que evite isso, fato é que, mesmo assim, o risco
de dar errado é grande. E não há nada pior do que um
Brainstorming travado que só gera perda de tempo.
Então, um método muito bom para quebrar resistências e
evitar que as pessoas se sintam na defensiva na hora de
propor idéias, é distribuir Post-Its para as pessoas nas
quais elas possam colocar a idéia que quiserem e, depois,
esses papéis são recolhidos e colados na parede.
O mediador então lê idéia por idéia, e todos juntos a
analisam SEM SABER quem é o responsável por aquela
idéia.
Isso tem dois efeitos: o primeiro é que, como falamos, as
pessoas se sentem mais a vontade na hora de dar suas
opiniões sobre o assunto, ao saber que ninguém vai saber
que foram elas que falaram. O segundo é que, seja num
grupo que já se conhece, seja num grupo novo, é muito
comum as pessoas julgarem as outras pela aparência antes
mesmo que elas abram a boca.
Então, no caso de um grupo que já se conhece, sempre tem
aquele caso da pessoa que fala: “Putz, não gosto de
fulano, então qualquer coisa que ela falar pra mim é ruim,
vai ter defeitos.”
No caso de um grupo que não se conhece, mesmo assim
também haverá julgamentos. Pessoa vai achar que fulano é
muito alto, muito baixo, muito magro, muito gordo, o que
for, mas uma coisa é certa: sempre vai ter julgamentos e
pré-conceitos que intereferem na avaliação da idéia.
Este método de brainstorming tira a vantagem da
associação livre que o brainstorming normal proporciona,
no qual uma idéia maluca ajuda a gerar idéias boas, mas
tem como vantagem dar mais liberdade para as pessoas
darem suas idéias sem receios, além de evitar os
julgamentos anteriores à idéia.
DESEJO IMPOSSÍVEL. Tem aquele ditado que diz que
se você mirar nas estrelas, pode não alcança-las, mas de
algum jeito vai chegar mais longe do que quem não mirou
tão alto. Isso ocorre porque a maioria das pessoas não
sonha grande mesmo. Elas têm idéias pequenas, para
resolver problemas pequenas, e se contentam com pouco.
Para quem quer gerar idéias, isso é terrivel, pois, se as
metas da criatividade não foram estimulantes, ninguém na
mesa vai se esforçar pra ir um pouquinho além que seja.
Quando este é caso, e você precisa estimular as pessoas
da mesa a pensarem grande, ou mesmo quando você
estiver sozinho e se sentindo muito limitado nos
pensamentos, você pode e deve utilizar o Desejo
Impossível.
Ele funciona assim: imagine que você tem uma reunião
com a equipe de vendas. Vocês estão vendendo 10 mil por
mês e a meta é aumentar para 15 mil. Talvez as pessoas
não se sintam estimuladas a dar idéias sobre isso.
Agora, e se você dissesse que quer saltar de 10 mil para
10 milhões e que eles precisam dar idéias para que isso
aconteça?
Primeiro de tudo, todo mundo vai se sentir instigado a
palpitar, já que é uma pergunta nova que quebra um pouco
a monotonia da situação.
Segundo é que, quando estimulados para pensar o
impossível, é capaz que surjam idéias extremamente boas.
Por exemplo, se no caminho normal, para aumentar as
vendas em 5 mil, a idéia fosse: dobrar o número de
ligações ou contratar mais um vendedor... Tá, ok, mas não
seria uma idéia muito criativa.
Agora, se é pra vender 10 milhões, podem surgir idéias de
parcerias com grandes empresas, idéias de novos
produtos, idéias de novos negócios e departamentos... O
sentimento geral é de que as possibilidades agora são
infinitas, e aí o espaço fica livre para inovar e pensar de
forma criativa de verdade.
O resultado é que, dessas idéias malucas, pelo menos uma
vai poder ser adaptada e colocada em prática para no
mínimo atingir a meta inicial e no máximo... Quem sabe
não aumentar em 10 vezes a venda?
Daí a teoria vai se comprovar: você mirou alto, não
chegou aonde queria, mas conseguiu ir muito mais longe
do que se tivesse mirado baixo.
SEIS CHAPÉUS PENSANTES: No livro de mesmo
nome, o autor Edward de Bono apresenta um método no
qual o criativo pode aumentar as perspectivas sobre um
problema a ser resolvido de modo a enxerga-los de várias
maneiras diferentes, cada uma de acordo com um dos
chapéus.
Funciona assim: cada chapéu representa uma forma de
pensamento.
O chapéu branco representa o pensamento baseado em
informações. Então, para se utilizar este método, você
começa “vestindo” o chapéu branco, e ao pensar com ele,
você começa a analisar o seu desafio de forma racional,
anotando detalhes, fatos, coisas concretas sobre aquilo.
Já com o chapéu vermelho, você devo pensar com a
intuição. Ou seja, você pensa naquele assunto utilizando
sentimentos, desejos e emoções sobre ele.
Com o chapéu preto, você deve pensar de forma crítica,
julgadora, pessimista, encontrando defeitos.
Com o chapéu amarelo, é o oposto, você pensa de maneira
positiva, otimista, tendo certeza que aquilo vai dar certo.
O Chapéu verde representa a imaginação, o pensamento
criativo sem barreiras, uma espécie de mundo encantado.
Por último, o chapéu azul funciona como um moderador
de todos os chapéus. Ele que vai organizar todas as
impressões que cada chapéu teve para buscar tirar o
melhor proveito possível de tudo isso.
Por mais bobinha que pareça essa técnica, repare como,
rapidamente, ela te dá a possibilidade pensar em soluções
para um problema da forma mais variada possível. Ele
lembra um pouco a técnica do “O QUE O FULANO
FARIA”, a diferença é que aqui você garante que todos os
pontos de vista sobre o mesmo problema serão vistos por
todos os lados.
Além da quantidade de idéias que surgem, a possibilidade
de conecta-las é muito grande, pois você consegue pegar a
melhor parte de cada coisa: os defeitos de um chapéu com
as virtudes do outro, e uma coisa vai fortalecendo a outra,
fazendo com que sua idéia fique mais forte e díficil de ser
refutada.
MINDMAPPING: Outro método de criatividade que já
atingiu o mainstream e é usado por muitas pessoas fora do
ambiente da criatividade é o MindMapping, ou Mapa
Mental, em português.
Ele faz sucesso porque é uma das melhores maneiras para
colocar nossos pensamentos no papel de uma forma
visual, e nos permite visualizar tudo que está na nossa
cabeça num único lugar de uma vez. Além disso, o
MindMapping permite que você desenhe, ligue os pontos,
crie um diagrama, e tenha muito mais liberdade do que
simplesmente anotar as idéias linha a linha no papel.
Eles podem ser usados para basicamente qualquer tipo de
projeto e costuma ser um ótimo jeito de organizar suas
idéias antes de colocar todas no papel.
Pegando o meu exemplo, se eu fosse utilizar um
MindMapping para me ajudar a escrever este livro, eu
colocaria no centrode tudo um círculo com um nome do
livro. Cada braço que eu criaria saindo desse círculo
seria um dos capítulos, e dentro de cada braço dos
capítulos eu colocaria cada um dos temas que abordaria
em cada um. Com isso, eu conseguiria ter numa única
folha de papel tudo que eu preciso colocar aqui neste
Guia Rápido, ficando bem mais fácil para eu saber como
está o conteúdo como um todo.
Outra coisa legal dos MindMappings é que, em versões
online, que podem ser usadas tanto no Desktop quanto no
Mobile, você pode fazer desenhos colocando imagens,
colocando anexos, de modo que a coisa fique muito
visual. Existem até estudos que dizem que essa
combinação de imagens mais palavras faz você lembrar
até 6 vezes mais das coisas.
Então é isso. Da próxima vez que começar um projeto,
experimente esquematiza-lo antes com um MindMapping,
e você verá como tudo fica mais fácil.
CHECKLIST DE OSBORN: O mesmo homem que
inventou o Brainstorm, Alex Osborn, criou também o
método de checklist, que funciona muito bem quando você
quer ressignificar algo. Funciona assim, você define algo,
vamos por exemplo pensar num vaso de flores, e, a partir
daí, pensa em idéias para:
- Utilizar para outros fins: Como o Vaso poderia ser
utilizado de outras forma ?
- Adaptar: Que outras idéias poderiam surgir a partir
desse vaso ? Que outro uso ele poderia ter com alguma pequena
modificação?
-Modificar: O que poderia mudar nesse caso? Cores, material, forma? 
-Ampliar: O que poderia acrescentar nele? O que pode ser duplicado,
multiplicado, ou ampliado?
-Minimizar: O que pode ser tirado? O que pode ser menor? Dividido?
-Substituir: Outro material? Outro suporte? Outra haste? 
-Reorganizar: E se fosse feito um novo do Zero? Quais seriam as mudanças
estruturais? O que seria diferente?
-Reverter: O que poderia ser alterado? Virado? É possível ficar de cabeça
para baixo? É possível usa-lo do avesso ? Seria possível ser um
vaso Dupla-Face?
- Combinar: O que iria bem com um vaso? Que outros vasos venderiam bem
em duplas? O que mais poderia ser combinado.
Assim, no checklist de Osborn, você sempre passe a sua
idéia, ou o produto, ou o que for, por esse check-list de
verbos, e assim você vai investigando diversas
possibilidades sobre como mudar algo e descobre
maneiras que nunca imaginou ser possível.
MÉTODO DOS 5 PORQUÊS: Este é um ótimo método
para se dar soluções a problemas que parecem não querer
ir embora. Ele foi criado por Sakichi Toyota, fundador da
marca Toyota e a idéia é que, quando um problema existe,
você só vai encontrar a solução dele se perguntar 5 vezes
o porquê dele existir.
Após fazer as 5 perguntas e achar a solução, aí sim você
descobre não só ela, como também como resolver aquele
problema.
Para fazer este método você pode usar um rápido passo-a-
passo de sete etapas:
- Forme uma Equipe
- Defina um Problema (Ex: Vendas não estão boas)
- Pergunte o primeiro Porque: (Ex:Porque o produto não
atende ao público-alvo)
- Pergunte mais quatro vezes Porque.
- Feitas as Perguntas, ficará claro porque você tem um
problema (Ex: Produto não teve testes suficientes antes de
entrar em circulação, logo foi produzido sem estar
alinhado com o público)
- É necessário tirar um Ação dali. (Ex: Reenviar produto
para Testes)
- Monitorar os Próximos Passos (Ex: Acompanhar os
Testes e Recolocação do Produto no Mercado)
Curioso que este método pode ser utilizado para os mais
diversos fins. Eu descobri que ele é uma ótima maneira de
se analisar as emoções das pessoas também.
Você pode reparar que muitas vezes acontece da pessoa
estar brava e não saber exatamente o porquê. Daí, se você
pergunta isso a ela, a primeira resposta nunca é a causa
real. Conforme as pessoas vai investigando as razões para
estar se sentindo daquele jeito, ela vai cavando no
inconsciente até que encontra lá no fundo a causa real, e
assim fica mais fácil de se “curar”. A própria essência da
análise psicanalítica utiliza esse método de sempre
questionar uma vez mais as pessoas, e a intenção é
exatamente essa. O verdadeiro motivo por trás de um
problema nunca é o superficial, e precisa ser investigado
até lá no fundo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. RESISTÊNCIA (P.A.R.E.)
Nos dois últimos capítulos, você já teve uma boa geral
sobre como planejar seu trabalho criativo, além de
aprender diversos métodos com os quais eu imagino que
você já esteja tendo várias novas idéias para implementa-
los na sua rotina. Isso é ótimo.
Porém, uma coisa é certa. Tão certo quanto 2 + 2 são
quatro, mesmo com todo o planejamento, mesmo
aprendendo novos métodos para criar, ainda assim, você
vai passar por momentos de bloqueio em que não
consegue criar absolutamente nada.
Este é um momento bastante perigoso pois, caso a
essência do seu trabalho seja a criatividade, e você tenha
um bloqueio para pensar, isso quer dizer que ele pode
causar a sua ruína. Você pode perder o projeto, o
emprego, ter problemas para pagar as contas e mesmo
problemas pessoais e de relacionamento por causa do
maldito bloqueio.
E tudo isso junto, a dificuldade de ter idéias, somada à
pressão por não tê-las, pode por tudo a perder em
curtíssimo prazo.
É por isso que, neste capítulo, vamos primeiro abordar
todos os tipos de bloqueios que podem surgir no seu
caminho, para depois te ensinar a como se livrar de todos.
Faremos dessa forma pois nem todo bloqueio é igual, logo
eles precisam de soluções diferentes para serem
solucionados.
Existem, basicamente, 5 tipos deles:
Bloqueio Mental: Provavelmente o mais comum de todos,
o bloqueio mental é quando você sente fadiga e
incapacidade de ter novas idéias. Então, por mais que
você faça brainstorms, e todos os outros métodos de
geração de idéias já falados aqui, você atinge um limite
para sua capacidade de criar, sendo que esse limite ainda
não é capaz de trazer um resultado esperado para o
trabalho. Logo, você fica com aquela sensação de estar
dando volta no próprio rabo. Enquanto isso, o prazo para
entregar o seu trabalho vai diminuindo.
Bloqueio Emocional: Quando falamos de trabalho
criativo, lidamos muito com nosso inconsciente. Parte de
colocar um trabalho criativo para fora é revelar para as
pessoas algo de nós que elas não conheciam, e nem
sempre essa sensação é das mais agradáveis. Seu trabalho
criativo pode revelar para as pessoas traços sádicos,
perversos, psicóticos, ou mesmo nojentos a seu respeito,
mesmo que você não esteja falando sobre si mesmo, e
esse medo da reação das pessoas ao seu trabalho faz com
que você crie resistências na sua criatividade. Você passa
a tentar ter novas idéias mas com um bloqueio muito
grande na cabeça, como se tivesse uma plaquinha no seu
cérebro dizendo: “Não passar por aqui”. Daí, quanto mais
você tenta não pensar naquilo, mais você pensa. E todo
esse processo desgasta bastante e acaba com a sua
criatividade.
Bloqueio por Falta de Planejamento: Como já vimos,
para ser um bom criativo, você precisa se conhecer.
Trazer sua criatividade para uma zona de conforto. Aquele
mesmo lugar, naquele mesmo horário, aonde você possa
se concentrar apenas no seu trabalho e esquecer o mundo
lá fora. Porém, se você ainda não trata o seu horário
criativo com essa seriedade, você pode ser pego em
diversas armadilhas que a vida coloca pra você. Você
pode tentar ter idéias nos horários errados, nos lugares
errados. Ou então você ainda não entendeu qual método
funciona melhor para você, e tenta usar tudo ao mesmo
tempo, ou fazer pelo método que não funciona para você.
E daí, adiviinha... As coisas simplesmente não fluem. É
preciso ter bastante cuidado aqui pois muitas vezes
achamos que estamos tendo um bloqueio mental, que foi o
primeiro caso de bloqueio que citei, quando na verdade o
erro é nosso, que não estabalecemos uma rotina e isso
distrai nossa tentativa de ter novas idéias.
Bloqueio por Problemas Pessoais: Outra coisa que faz
nós não estarmos presentes no trabalho criativo, e por isso
a coisa simplesmente não flui, é quando estamos com
problemas demais, ou mesmo tarefinhas bestas que ficam
martelando na

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