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PROJETO FINAL DE CURSO - CRIMINOLOGIA

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1
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
GABRIEL FERNANDES SOUZA
RESUMO
A eficiência das investigações criminais é crucial para identificar os responsáveis pelos crimes, iniciando assim o processo penal, enquanto se protegem os direitos dos suspeitos. Atualmente, os procedimentos policiais, especialmente em casos de crimes de rua, tendem a ser simplistas, focando em confissões e testemunhos. Essas falhas de procedimento persistem desde a polícia até a decisão judicial, com efeitos dramáticos, particularmente em situações de reconhecimento formal do suspeito pela vítima. No Brasil, essa realidade provocou uma mudança no entendimento do Superior Tribunal de Justiça, exigindo o estrito cumprimento do Código de Processo Penal. A próxima etapa para corrigir esses erros depende de uma transformação na rotina policial, com fiscalização do Ministério Público e coleta de provas ilícitas pelo juiz, utilizando critérios baseados no conhecimento científico sobre reconhecimentos equivocados. Os objetivos incluem descrever e explicar as técnicas de investigação utilizadas pelas forças de segurança, analisar sua eficácia em diferentes contextos, explorar a importância do respeito aos direitos humanos e à legislação vigente, investigar como a tecnologia influencia as técnicas de investigação, analisar os desafios contemporâneos enfrentados pelos investigadores, oferecer conselhos práticos e destacar a importância dessas técnicas na manutenção da ordem social, prevenção de crimes e busca pela justiça.
Palavras-chave: Investigação Criminal; Processo Penal; Técnicas de Investigação.	
ABSTRACT
The efficiency of criminal investigations is crucial for identifying those responsible for crimes, thereby initiating the criminal process, while protecting the rights of the suspects. Currently, police procedures, especially in cases of street crimes, tend to be simplistic, focusing on confessions and testimonies. These procedural flaws persist from the police to the judicial decision, with dramatic effects, particularly in situations where the suspect is formally identified by the victim. In Brazil, this reality has prompted a change in the understanding of the Superior Court of Justice, demanding strict compliance with the Criminal Procedure Code. The next step to correct these errors depends on a transformation in police routine, with oversight from the Public Prosecutor's Office and the collection of illicit evidence by the judge, using criteria based on scientific knowledge about mistaken identifications. Objectives include describing and explaining the investigation techniques used by security forces, analyzing their effectiveness in different contexts, exploring the importance of respecting human rights and current legislation, investigating how technology influences investigation techniques, analyzing contemporary challenges faced by investigators, offering practical advice, and highlighting the importance of these techniques in maintaining social order, preventing crimes, and pursuing justice.
Key words: Criminal Investigation; Criminal Procedure; Investigation Techniques.	
1. iNTRODUÇÃO
As técnicas de investigação criminal desempenham um papel fundamental na aplicação da lei e na busca da verdade em casos de crimes. Elas englobam um conjunto de procedimentos e métodos cuidadosamente planejados e executados por profissionais da área, como detetives, peritos forenses e outros especialistas em segurança pública. A investigação criminal tem como objetivo coletar evidências, reunir informações e reconstruir eventos que levaram à ocorrência de um crime, com o propósito de identificar os autores e reunir elementos suficientes para sustentar a acusação em um tribunal de justiça. Este processo desempenha um papel crucial na garantia da justiça e na manutenção da ordem pública (SOARES, 2014).
Dentre as principais técnicas de investigação criminal, cabe ressaltar sua importância na resolução de casos e na proteção da sociedade. Sendo que, a coleta de evidências é um dos pilares fundamentais da investigação criminal. As evidências podem ser físicas, como impressões digitais, DNA, armas de fogo, drogas ou objetos relacionados ao crime, ou documentais, como registros, documentos financeiros e eletrônicos. A coleta eficaz de evidências exige habilidades técnicas, como o manuseio adequado de provas, a preservação da cadeia de custódia e a documentação rigorosa (INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, 2022).
As entrevistas e interrogatórios desempenham um papel central na obtenção de informações de testemunhas e suspeitos. Os investigadores usam técnicas de comunicação e psicologia para obter informações relevantes e confiáveis. É importante garantir que essas técnicas sejam usadas dentro dos limites legais e éticos, respeitando os direitos do entrevistado (HOFFMANN – RIEM, 2015).
A análise forense envolve o uso de métodos científicos para examinar evidências, como amostras de DNA, impressões digitais, análise de fibras, balística e exames de toxicologia. Essa abordagem é crucial para estabelecer conexões entre provas e suspeitos, bem como para determinar a causa da morte em casos de homicídio (CABRAL, 2016).
A vigilância e o monitoramento são usados para observar suspeitos e atividades relacionadas ao crime. Isso pode envolver o uso de câmeras de segurança, escutas telefônicas, rastreamento de veículos e outras técnicas de vigilância eletrônica. No entanto, essas técnicas devem ser usadas com cuidado e dentro dos limites legais para evitar violações de privacidade (ÀVILA, 2022).
A tecnologia desempenha um papel crescente nas investigações criminais. As agências de aplicação da lei usam sistemas de gerenciamento de casos, bancos de dados de informações criminais, análise de dados e técnicas de mineração de dados para identificar padrões, suspeitos e conexões em casos complexos (ARAS, 2013).
A colaboração entre diferentes agências de aplicação da lei, como polícia, promotores, laboratórios forenses e agências federais, é essencial para o sucesso das investigações criminais. A troca de informações e a cooperação ajudam a resolver casos de forma mais eficaz e a abordar ameaças à segurança pública de maneira mais abrangente (LEWANDOWSKI, 2018).
Enquanto as técnicas de investigação criminal desempenham um papel crucial na busca da verdade e na aplicação da lei, elas também enfrentam vários desafios. Isso inclui questões relacionadas à proteção dos direitos dos suspeitos, à privacidade das pessoas, ao uso de tecnologia invasiva e ao risco de erro humano. Além disso, a evolução da tecnologia e a sofisticação dos criminosos exigem uma constante adaptação e atualização das técnicas de investigação (ARAS, 2013).
Dessa forma, as técnicas de investigação criminal desempenham um papel vital na aplicação da lei e na busca da verdade em casos criminais. No entanto, é crucial que essas técnicas sejam usadas de maneira ética, legal e eficaz para garantir a justiça e o respeito pelos direitos individuais. O constante desenvolvimento e aprimoramento dessas técnicas são necessários para enfrentar os desafios em constante evolução no mundo da criminalidade (ARAS, 2013).
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Até o momento presente, a legislação brasileira não apresenta um dispositivo legal que defina precisamente o conceito de investigação criminal. Apesar de referências na Constituição Federal, no Código de Processo Penal e na Lei 12.830/13, o termo em si não é definido de forma explícita. Portanto, a referência à legislação paralela se torna necessária para contextualizá-lo (PAULINO, 2022).
Assim, do ponto de vista normativo, não há uma definição clara de investigação criminal. A partir da análise dos dispositivos legais mencionados, pode-se inferir que a investigação criminal tem como objetivo principal a apuração das infrações penais, sendo esta uma atribuição da polícia judiciária. A investigação criminal representa o ponto de partida para a persecução penal, iniciando a busca pelo conhecimento dos fatos e circunstâncias relacionadas a um crime (SHALDERS, 2022).
Além disso, é importantedestacar que a investigação, mesmo fora do contexto criminal, é fundamental como fonte de conhecimento e aprendizado. Ela representa a busca pelo saber, seja por curiosidade intelectual ou necessidade de compreensão (PAULINO, 2022).
No âmbito do direito criminal, a investigação assume uma importância ainda maior, pois está ligada à satisfação do interesse público e à garantia da justiça. Ela é vista como um mandamento essencial do sistema de justiça criminal, refletindo a necessidade de buscar a verdade real e reunir os meios para provar os fatos em juízo (PINTO, 2022).
A investigação criminal abrange todo o processo de apuração da responsabilidade penal, desde a busca inicial pelo conhecimento dos fatos até a análise dos elementos obtidos pelos atores do sistema de justiça criminal. Ela permite a experimentação da verdade provável com base nos elementos coletados (FELDENS, 2022).
Com base nessas considerações, pode-se conceituar a investigação criminal sob dois aspectos: prático e jurídico. Do ponto de vista prático, ela consiste em um conjunto de diligências preliminares formalizadas destinadas a apurar a existência, materialidade, circunstâncias e autoria de uma infração penal, coletando provas e elementos de informação para uso na persecução penal (FELDENS, 2022).
Do ponto de vista jurídico, a investigação criminal é definida como a atividade estatal destinada à averiguação de fatos supostamente criminosos. Ela possui uma tríplice funcionalidade na apuração desses fatos: evitar imputações infundadas (função garantidora), preservar a prova e os meios de sua obtenção (função preservadora) e propiciar justa causa para a ação penal ou impedir sua inauguração (função preparatória ou inibidora do processo criminal) (FELDENS, 2022).
Essa tríplice funcionalidade da investigação criminal é um mandamento implícito do sistema constitucional e reflete a necessidade de equilibrar a eficácia investigativa com a proteção dos direitos individuais e garantias constitucionais (CAPEZ, 2018).
É importante destacar que, conforme estabelecido pela Constituição Federal, a apuração de infrações penais e as funções de polícia judiciária competem, como regra geral, à Polícia Federal e às Polícias Civis, cabendo às Polícias Militares o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. A Polícia Federal tem competência para apurar infrações penais contra a ordem política e social, enquanto as Polícias Civis têm atribuição para apurar infrações penais no âmbito estadual (CAPEZ, 2018).
Portanto, a investigação criminal é uma atribuição da polícia judiciária, representada pela Polícia Federal e pelas Polícias Civis, conforme estabelecido pela Constituição e pelas leis infraconstitucionais pertinentes, como o Código de Processo Penal e a Lei 12.830/13 (ÁVILA, 2022).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia da pesquisa aborda a importância das técnicas de investigação criminal na resolução de crimes e na identificação dos responsáveis, contribuindo para a justiça e a segurança da sociedade. O estudo das técnicas de investigação não apenas auxilia na prevenção de crimes, mas também na coleta eficaz e legal de evidências, garantindo sua admissibilidade em tribunal. Além disso, a pesquisa das técnicas de investigação é crucial para garantir o respeito aos direitos individuais dos suspeitos, prevenindo abusos e garantindo o devido processo legal (ARAS, 2013).
O desenvolvimento contínuo dessas técnicas permite às agências de aplicação da lei aprimorar suas abordagens, tornando as investigações mais eficazes e eficientes. Um sistema de investigação criminal bem desenvolvido é essencial para combater a impunidade e criar um ambiente mais seguro para a comunidade. As técnicas de investigação também ajudam as autoridades a entender as tendências criminais e adaptar suas estratégias de aplicação da lei conforme necessário (CABRAL, 2016).
Em síntese, o estudo das técnicas de investigação criminal desempenha um papel crucial na manutenção da justiça, na prevenção de crimes e na proteção da sociedade. A eficácia dessas técnicas está diretamente ligada à qualidade das investigações e à aplicação rigorosa da lei, respeitando os direitos individuais dos suspeitos e garantindo um sistema de justiça justo e equitativo. Para realizar esta pesquisa, foi adotada uma abordagem bibliográfica, com foco nos conceitos de investigação, percursos forenses, criminalidade e métodos, utilizando bases de dados relacionadas ao Ordenamento Jurídico brasileiro e Artigos Científicos sobre o tema (MARÇAL, 2018).
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
As novas tecnologias, como a análise de dados forenses e a inteligência artificial, estão desempenhando um papel significativo na evolução das técnicas de investigação criminal modernas. A análise de dados forenses permite aos investigadores examinar grandes volumes de dados digitais, como registros de comunicação, registros financeiros e metadados de dispositivos eletrônicos, para identificar padrões, conexões e evidências relevantes para uma investigação. Por outro lado, a inteligência artificial (IA) possibilita o desenvolvimento de algoritmos e sistemas capazes de analisar dados, identificar tendências e até mesmo prever comportamentos criminosos com base em modelos estatísticos e de aprendizado de máquina (DE – LORENZI, 2019).
Essas tecnologias têm o potencial de acelerar e aprimorar o processo de investigação criminal, fornecendo insights valiosos e ajudando os investigadores a tomarem decisões mais informadas. Por exemplo, a análise de dados forenses pode ajudar a rastrear atividades suspeitas online, identificar redes criminosas e até mesmo localizar suspeitos com base em padrões de comportamento. Da mesma forma, a inteligência artificial pode ser usada para analisar grandes conjuntos de dados e identificar correlações entre diferentes variáveis, auxiliando na identificação de possíveis suspeitos e na prevenção de crimes (MOREIRA, 2014).
No entanto, o uso dessas tecnologias também apresenta desafios éticos e legais significativos. Um dos principais desafios éticos é garantir que o uso de dados e inteligência artificial respeite os direitos individuais e a privacidade das pessoas envolvidas em uma investigação. Por exemplo, a coleta e análise de dados pessoais sem consentimento adequado ou sem justificativa legal pode violar direitos fundamentais de privacidade (NEVES, 2011).
Além disso, o uso de algoritmos de inteligência artificial pode gerar preocupações sobre discriminação e viés, especialmente se os modelos forem treinados com conjuntos de dados que refletem preconceitos existentes na sociedade. Isso pode levar a decisões injustas ou discriminatórias, prejudicando a confiança no sistema de justiça criminal (NEVES, 2011).
Para equilibrar a eficácia investigativa com a proteção dos direitos individuais e da privacidade, é essencial implementar salvaguardas adequadas e garantir a transparência e a prestação de contas no uso de tecnologias de investigação. Isso pode incluir a adoção de políticas claras de governança de dados, o uso de técnicas de anonimização para proteger a identidade dos indivíduos envolvidos e a realização de avaliações de impacto ético antes da implementação de novas tecnologias (SHALDERS, 2020).
Além disso, é importante garantir a supervisão adequada do uso de tecnologias de investigação criminal por parte das autoridades reguladoras e judiciais, garantindo que os direitos individuais sejam protegidos e que o uso dessas tecnologias esteja em conformidade com os princípios legais e éticos estabelecidos. O desenvolvimento de diretrizes e padrões éticos para o uso de tecnologias de investigação criminal também pode ser útil para orientar as práticas das agências de aplicação da lei e garantir que o equilíbrio adequado entre eficácia investigativa e proteção dos direitos individuais seja alcançado em um mundo cada vez mais digital (WUNDERLICH, 2020).
A investigação policial, componente fundamental do processo penal, é muitas vezes subestimada em comparação com a atividade instrutóriaem juízo. No Brasil, a maioria das investigações criminais é conduzida pela Polícia Civil, embora o Ministério Público possa participar em casos específicos, especialmente relacionados à macrocriminalidade. Nos crimes de rua, como roubo e crimes violentos, a Polícia Civil desempenha um papel central na coleta de evidências, e os depoimentos de policiais militares frequentemente desempenham um papel crucial na formação dessas provas (WUNDERLICH, 2020).
Em casos de roubo, quando o autor não é capturado no momento do crime, a investigação policial depende do reconhecimento formal da pessoa suspeita. Esse processo pode envolver a descrição do suspeito pela vítima, a apresentação de possíveis suspeitos pela polícia e, em alguns casos, um confronto direto entre o suspeito e a vítima. No entanto, a confiabilidade desses reconhecimentos informais pode ser questionada (SOARES, 2014).
A legislação brasileira, especificamente o Código de Processo Penal, estabelece diretrizes claras para o reconhecimento de pessoas, incluindo a descrição prévia do suspeito pela vítima, a realização do reconhecimento em conjunto com outras pessoas semelhantes e a elaboração de um registro detalhado do processo. No entanto, na prática, muitas vezes essas diretrizes não são seguidas corretamente, levantando questões sobre a validade dessas provas (JARDIM, 2003).
O reconhecimento formal de suspeitos é uma parte crucial da investigação policial em casos de roubo e outros crimes. No entanto, a forma como esses reconhecimentos são conduzidos nem sempre segue os procedimentos legais estabelecidos, o que pode comprometer sua confiabilidade como prova em processos criminais (WANDERLEY, 2021).
Destaca-se, através dos estudos realizados, a falta de conformidade entre as práticas de reconhecimento de suspeitos e as diretrizes legais, apesar da clareza das normas. Uma mudança na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), exemplificada pelo caso do Habeas Corpus n. 598.886-SC, revelou uma série de falhas nos processos de reconhecimento formal de suspeitos. Um levantamento de dados do STJ entre 27/10/2020 e 19/12/2021 identificou 89 casos em que a ordem foi concedida devido a falhas no ato de reconhecimento (WANDERLEY, 2021).
Essas falhas incluem reconhecimentos feitos com o suspeito detido na delegacia ou através de fotografias, muitas vezes sem a apresentação de outros suspeitos semelhantes. Exemplos específicos de casos destacam problemas como apresentações de fotos sugestivas, falta de corroboração de outros elementos de prova e reconhecimentos baseados em características peculiares (VIEIRA, 2019).
Apesar da mudança na jurisprudência, alguns casos continuam a apresentar vícios no processo de reconhecimento. No entanto, a recomendação da Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para reavaliar decisões baseadas apenas em reconhecimento fotográfico indica uma mudança positiva na consciência judicial (PAULINO, 2022).
Há também a necessidade de conscientização das corporações policiais para evitar erros judiciais no processo de reconhecimento de suspeitos. Um Grupo de Trabalho no âmbito do Conselho Nacional de Justiça está empenhado em desenvolver produtos para minimizar os riscos de erros judiciais decorrentes de falhas nesse processo (SHALDERS, 2022).
A persistência de aspectos inquisitoriais e autoritários no Código de Processo Penal brasileiro, mesmo após 80 anos de sua existência e várias reformas legislativas. Essas características refletem a influência de governos autoritários do século XX, como o regime de Getúlio Vargas, que promulgou o código em 1941, baseado em ideias estatizantes e hierárquicas (WANDERLICH, 2020).
A democratização do Brasil, especialmente com a Constituição de 1988, trouxe mudanças significativas, reconhecendo os direitos individuais e transformando o cidadão em sujeito de direitos. No entanto, certos hábitos e visões de mundo persistem, especialmente no sistema de justiça criminal, influenciados pela cultura jurídica lusitana e pela história colonial do país (MOREIRA, 2004).
A lógica investigativa continua centrada em obter confissões e depoimentos de testemunhas, com o ato de reconhecimento do suspeito desempenhando um papel crucial. No entanto, esse procedimento muitas vezes é realizado sem seguir as normas legais, levando a condenações baseadas em provas insuficientes (LIMA, 2021).
Sendo assim, ressalta-se a necessidade de uma mudança nos procedimentos policiais, com o Ministério Público exercendo um papel mais ativo na fiscalização das investigações e os juízes rejeitando provas obtidas de forma irregular. Essa mudança requer uma revisão dos "costumes persecutórios" arraigados e uma abordagem mais crítica em relação aos entendimentos jurisprudenciais consolidados (FELDENS, 2014).
A necessidade de racionalizar os procedimentos policiais, especialmente no que diz respeito aos reconhecimentos pessoais, a fim de evitar condenações injustas. É ressaltado que a academia tem produzido pesquisas sobre as deficiências do sistema de persecução penal, mas é necessário implementar estratégias concretas para melhorar a instrução e implementação de protocolos técnicos (DE-LORENZI, 2019).
Sugere-se que as polícias adotem medidas como treinamento dos policiais, procedimentos "cegos" de identificação, instruções padronizadas para ouvir testemunhas e documentação do nível de confiança das testemunhas. O Ministério Público é chamado a exercer seu papel de controle externo da atividade policial, garantindo o respeito aos direitos individuais e à ordem jurídica (INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, 2022).
A responsabilidade do Poder Judiciário em proteger os direitos do acusado e em não validar reconhecimentos realizados em desconformidade com a lei. Além disso, enfatiza a importância de seguir as prescrições legais relativas à prova para limitar o poder dos órgãos encarregados de obter a prova e proteger os direitos dos suspeitos, investigados ou acusados (INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, 2022).
Essa nova abordagem implica a possibilidade de anulação de processos e a soltura de pessoas injustamente processadas, com o objetivo de minimizar o número de condenações injustas e ilegais. Em última análise, prioriza-se a ideia de que nenhum inocente deve ser punido, mesmo que isso signifique não punir alguns culpados (ÁVILA, 2022).
A presunção de inocência como princípio é fundamental aos tratamentos dados aos investigados e acusados no sistema penal. Destaca-se que esse princípio exige que todas as partes envolvidas no processo penal, incluindo juízes, promotores, policiais e servidores, tratem o suspeito com respeito à sua dignidade e não o equiparem àqueles que já foram condenados (LIMA, 2021).
Há uma reflexão sobre a necessidade de avanços não apenas em países com problemas democráticos, mas também em nações desenvolvidas, onde ainda existem práticas punitivas antiquadas e desrespeitosas. O texto ressalta que a forma como o sistema de justiça criminal trata os acusados reflete diretamente a postura autoritária ou respeitosa do Estado e suas instituições (LIMA, 2021).
Além disso, a presunção de inocência não se limita à atividade judicial, mas deve ser observada em todas as fases do processo, incluindo a investigação policial. Destaca-se a importância do tratamento respeitoso ao suspeito, mesmo antes da fase judicial, para garantir a dignidade humana e a justiça no sistema penal (FELDENS, 2022).
A abordagem destaca a necessidade de legitimidade na atuação policial, baseada no respeito aos direitos individuais e na qualidade do tratamento oferecido aos cidadãos. Em última análise, o texto ressalta que o processo penal não deve ser apenas um instrumento de punição, mas também uma garantia dos direitos do acusado e uma expressão dos valores da dignidade humana e da civilização (MARÇAL, 2018).
No contexto do Código de Processo Penal brasileiro, os métodos de investigação referem-se às técnicas e procedimentos estabelecidos para conduzir investigações criminais e produzir provas que esclareçam os delitos. Essas investigações,realizadas principalmente pela polícia judiciária, visam identificar os responsáveis por crimes e reunir evidências para embasar processos legais. O processo inclui diligências como o inquérito policial, uma apuração formal para coletar informações e evidências relacionadas ao crime (VIEIRA, 2019).
A investigação forense abrange técnicas como a do pó, usada para decalcar impressões digitais em superfícies lisas, e técnicas do nitrato de prata, que reagem com substâncias presentes na pele para revelar impressões em superfícies porosas. O uso de iodo também é comum, pois sua sublimação reage com as impressões, formando uma substância marrom-amarelada. Esses métodos são cruciais na obtenção de evidências para investigações criminais (INVESTIGAÇÃO CROMINAL, 2022).
Além disso, é essencial compreender a investigação preliminar, a primeira fase do processo penal, que reúne elementos mínimos sobre a prática de um crime para justificar sua investigação. O inquérito policial é parte desse processo, sendo um procedimento administrativo para apurar uma infração penal e identificar os responsáveis, fornecendo elementos para que o Ministério Público ou as vítimas possam formular acusações (WANDERLEY, 2021).
A Cadeia de Custódia, regulamentada pela Lei 13.964/19, garante a rastreabilidade e preservação adequada das evidências desde sua identificação até sua descartagem. A perícia desempenha um papel crucial na análise de provas, com suas funções incluindo a realização de tarefas especializadas, a aplicação de normas técnicas, a análise de materiais e a avaliação dos contextos dos casos (OLIVEIRA, 2019).
A evolução tecnológica trouxe mudanças significativas nas investigações criminais, com a introdução de evidências digitais e eletrônicas como parte essencial do processo penal. A ciência forense digital tornou-se crucial na recuperação e análise de dados eletrônicos, exigindo métodos específicos para garantir a integridade e autenticidade das provas coletadas (MATIDA, 2021).
O princípio da integridade é fundamental na preservação das evidências digitais, evitando qualquer alteração ou perda de dados ao longo do processo investigativo. A evolução legislativa também reflete o reconhecimento crescente de documentos digitais como meios de prova válidos no sistema jurídico. Dessa forma, os métodos de investigação forense, aliados aos avanços tecnológicos, desempenham um papel essencial na elucidação de crimes, fornecendo evidências cruciais para embasar processos legais e garantir a justiça no sistema jurídico (OLIVEIRA, 2019).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A técnica utilizada para o desenvolvimento de provas em todo o mundo está em constante atualização, impulsionada pelo avanço dos meios tecnológicos que permeiam tanto o campo da informática quanto o da medicina. À medida que essa evolução se intensifica, observa-se que diversos recursos auxiliam não apenas os profissionais do âmbito jurídico, mas também aqueles de outras áreas relacionadas.
É notável que, com a crescente incidência de tecnologias no cenário moderno, o desenvolvimento de técnicas de investigação digital, assim como a proteção e o manuseio de dados, torna-se cada vez mais imprescindível.
Em suma, o texto abrangeu um amplo panorama da investigação forense no Brasil, abordando métodos de produção de provas, procedimentos periciais e a importância da cadeia de custódia. Destacou-se o papel crucial dos avanços tecnológicos na elucidação de crimes, ressaltando a relevância da simplificação desses métodos para uma compreensão mais ampla.
Embora a investigação forense tenha sido historicamente subestimada no país, sua importância se revela vital na resolução de casos, inclusive em contextos amplamente divulgados pela mídia, enfatizando a evolução das normativas legais para a aceitação de documentos digitais como prova no contexto jurídico.
Dessa forma, conclui-se que a investigação forense, aliada aos avanços tecnológicos e à rigidez das normativas legais, desempenha um papel essencial na elucidação de crimes, proporcionando não apenas a resolução de casos específicos, mas também contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento contínuo do sistema jurídico no Brasil.
5. REFERÊNCIAS 
ARAS, Vladimir. Técnicas especiais de investigação. In: CARLI, Carla de. Lavagem de dinheiro: prevenção e controle penal. 2. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013. p. 503-582. 
ÁVILA, Gustavo Noronha de; BORRI, Luiz Antonio. Limites às cláusulas fixadas em acordo de colaboração premiada: uma análise da conjuntura brasileira. Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal, Porto Alegre, n. 101, p. 31-50, abr./maio 2021. BRASIL piora duas posições em ranking de corrupção. G1, [S. l.], 25 jan. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/01/25/ brasil-piora-duas-posicoes-em-ranking-de-corrupcao.ghtml. Acesso em: Abril, 2024. 
CABRAL, Antonio do Passo. Acordos processuais no processo penal. In: CABRAL, Antonio do Passo; PACELLI, Eugênio; CRUZ, Rogério Schietti (org.). Coleção repercussões do novo CPC: processo penal. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 13. p. 149-178. 
CAPEZ, Rodrigo. A sindicabilidade do acordo de colaboração premiada. In: MOURA, Maria Thereza de Assis; BOTTINI, Pierpaolo Cruz (coord.). Colaboração premiada. São Paulo: RT, 2018. p. 201-236. 
DE-LORENZI, Felipe da Costa. A determinação da pena na colaboração premiada: análise da fixação dos benefícios conforme a Lei 12.850/2013 e o Supremo Tribunal Federal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 155, ano 27, p. 293-337, maio 2019. 
FELDENS, Luciano. Direitos fundamentais e direito penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. JIMÉNEZ, Carla. Corrupção rouba até 2,3% do PIB brasileiro. El País, São Paulo, 28 jan. 2014. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/28/ politica/1390946330_078051.html. Acesso em: Abril, 2024.
FERNANDES, Vitor Ribeiro. FERNANDES, Vinicius Ribeiro. Cadeia de custódia: as centrais de custódia na preservação idônea da prova. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 07, Vol. 02, pp. 111-118.
HOFFMANN-RIEM, Wolfgang. Direito, Tecnologia e Inovação. Trad.: Natália Scalco e Carlos Alberto Molinaro. In: MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; e COELHO, Alexandre Zavaglia P. (coord.). Direito, Inovação e Tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2015.
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JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. Rio de Janeiro. Forense, 2003.
LEWANDOWSKI, Ricardo. A colaboração premiada em face do princípio da separação dos poderes. In: TOFFOLI, José Antonio Dias (org.). 30 anos da Constituição brasileira: democracia, direitos fundamentais e instituições. Rio de Janeiro: Forense, 2018. p. 517-525.
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2021. 
MARÇAL, Vinícius; MASSON, Cleber. Crime organizado. 4. ed. São Paulo: Método, 2018. PERSPECTIVAS PRÁTICA E JURISPRUDENCIAL • 2 367 MARTÍNEZ, David Saldaña et al. La proteccióndelwhistleblowertraslaDirectiva (UE) 2019/1937. Análisisdelnuevo marco jurídico desde la perspectiva delderecho laboral, público, penal y de protección de datos. ActualidadJurídicaUríaMenéndez, Madrid, n. 53, p. 24-68, 2019. 
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