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A psicologia da educação e seus elementos essenciais 2 PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO. Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais 3 Psicologia da educação: breve histórico A história da Psicologia da Educação no Brasil é bastante curiosa, uma vez que a sua aplicação ocorreu nos cursos de formação de educadores. Além disso, existe uma relação entre o momento histórico e as teorias psicológicas e educacionais dominantes. Na década de 1920, os novos desafios provenientes da educação, como o início da industrialização, trazem a necessidade de uma psicologia que dê subsídios à formação dos educadores. Os estados mais desenvolvidos do país começaram a implantar as reformas de ensino, movidos pelos ideais da Escola Nova, e a Psicologia da Educação começa a assumir o seu papel na Educação brasileira. Os professores que foram estudar nos Estados Unidos trazem para o ideário educacional brasileiro a educação progressiva ou escola ativa em John Dewey. Já na Europa, disseminam-se as ideias de Jean Piaget e sua teoria construtivista. Com vista à divulgação dessas ideias no Brasil, foi criada, no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Educação, em 1924. Esse modelo de escola, necessariamente relacionado à construção de uma sociedade democrática, passa a influenciar o ideário educacional brasileiro até os dias atuais. O ensino liberal tradicional - que dominava até então - vai aos poucos diminuindo a sua influência e dando lugar a um ensino voltado à industrialização, com importação de tecnologia e com a necessidade de maior expansão do ensino. O início da industrialização no Brasil, na década de 1920, começa a produzir mudanças políticas e sociais, como o aumento da exigência por educação de forma a suprir os recursos humanos necessários à economia. Porém, essas mudanças que possibilitaram à educação enfrentar os novos desafios advindos do desenvolvimento do capitalismo, também geraram inquietações e questionamentos acerca do fazer docente. O aluno passa a ser o centro do processo educativo e o professor deve ser capaz de orientar a aprendizagem a partir do conhecimento da personalidade do aluno. Já os professores são chamados a atuar visando a construção do novo homem, com mais autonomia e visão crítica. Nas décadas de 1940 e 1950, a importação de livros e o aperfeiçoamento de professores nos EUA, possibilitaram novo impulso à Psicologia da Educação. Em 1961, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Apesar da grande mobilização e a luta nacional propiciadas pela conscientização dos problemas relacionados à realidade educacional, havia um descompasso entre o texto e a realidade concreta e, como ponto positivo (ROMANELLI, 1986). Desenvolve-se, portanto, uma concepção tecnicista na educação com ênfase nos métodos, técnicas e na formação profissional, por meio das reformas de ensino relativas, respectivamente, ao ensino superior. 4 No final da década de 1970, verifica-se o aumento do analfabetismo e do desemprego, agravados e herdados com a ditadura. Na década de 1980, há um retorno da teoria de Jean Piaget e do Construtivismo ao ideário educacional brasileiro. Nesse período, também começam a chegar, ao Brasil, as primeiras obras de Vygotsky. A Constituição de 1988 trouxe alguns avanços na área educacional, como o direito ao ensino obrigatório, acentuando o papel da sociedade e da família frente à educação de seus filhos. Ao longo do tempo, as reformas na educação investiram na formação aligeirada, à distância e na tecnologização da educação. Historicamente, compreende-se que a psicologia da educação deu um salto qualitativo, ao passar de uma análise individualista de seu objeto de estudo a uma análise social. Psicologia da educação A psicologia contribui na educação no estudo das diversas fases de desenvolvimento dos seres humanos, no estudo da aprendizagem e das condições que a tornam mais eficiente e mais fácil. A psicologia da educação busca empregar os princípios e as informações que as pesquisas oferecem acerca do comportamento humano, para tornar o processo ensino- aprendizagem mais eficiente. A psicologia da educação surge como um dos fundamentos essenciais para a prática pedagógica, dada à importância da formação do aluno e da necessidade de um professor bem formado e deve ser vista pela ótica do comportamento em face da aprendizagem humana. A psicologia da educação oferece ao professor, em todos os níveis de ensino, embasamento necessário - aliado aos demais conhecimentos inerentes à formação profissional – para a compreensão das relações que estabelecem-se no contexto escolar e para o reconhecimento dos fatores psicológicos que influenciam no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno. Coll (2004) entende-se que a psicologia da educação contribui para a compreensão dos processos de mudança que atravessa o sujeito no percurso das atividades educacionais, englobando o desenvolvimento e a aprendizagem. A psicologia da educação é um ramo da psicologia que estuda (MESQUITA, DUARTE, 1996): as interações que se estabelecem entre o indivíduo e as situações de educação; os estados psicológicos resultantes da ação educativa; a influência das variáveis intervenientes no processo educativo. A Psicologia da Educação caracteriza-se como uma área para onde convergem interesses e questionamentos sobre a aprendizagem e tudo quanto correlacionado, direta ou indiretamente, à problemática educativa e escolar. Contudo, três campos de interesse se destacam, constituindo-se no núcleo da Psicologia da Educação: 5 o estudo e a mensuração das diferenças individuais, bem como as mudanças de comportamento do sujeito, vinculados a sua participação em situações educativas; a análise dos processos de aprendizagem, desenvolvimento e socialização; desenvolvimento infantil. A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais (PILETTI, 1986): Compreensão do aluno: de suas necessidades, características individuais e desenvolvimento nos aspectos: físico, emocional, intelectual e social. O aluno é uma pessoa concreta, com qualidades e preocupações e não um ser ideal, abstrato. Compreensão do processo ensino-aprendizagem: para o professor, não é suficiente conhecer o aluno. É necessário que ele saiba como funciona o processo de aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou prejudicam a aprendizagem, como o aluno pode aprender de maneira mais eficiente, além de outros aspectos ligados à situação de aprendizagem, envolvendo o aluno, o professor e a sala de aula. A Psicologia da educação estabelece um conjunto de relações estáveis entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por dados internos e externos, constitui e determina o motivo da observação. Deve-se considerar a mediação recíproca entre sujeito e objeto em interação constante. A aprendizagem é um dos temas mais estudados pela Psicologia da Educação, pois praticamente todo comportamento e todo conhecimento humanos são aprendidos. A aprendizagem pode ser definida como um processo de aquisição de novos conhecimentos através de experiências vivenciadas e determinadas por fatores endógenos e exógenos que resultam na modificação do comportamento humano e que dependem de condições mentais, físicas, sensoriais e sociais. Para o Campo da Educação, a Psicologia da Aprendizagem apresenta o conhecimento sobre a natureza humana e os padrões evolutivos normais de desenvolvimento, além de contribuir para o planejamento e execução de programas de recuperação e assistência àqueles que se distanciam dos padrões de “normalidade” na sociedade. É fundamental estudar a Psicologia da Aprendizagem e suas teorias que tratam da sua importância para o campo do ensino-aprendizagem e das contribuições que ela pode dar para a área da educação. Além disso, é útil aos professores conhecer as teorias predominantes desenvolvidas pelos psicólogos da aprendizagem, para que entendam a orientação do ensino nas escolas atuais e optem pela prática escolar que desejarem. Portanto,a Psicologia da Educação é uma ciência interdisciplinar aberta a prática de pesquisa transdisciplinar, capaz de circular afetando e sendo afetado por outros saberes, tais como: literatura, obras de arte, estudos históricos, antropológicos, psicobiológicos e etológicos. A Psicologia Escolar é apenas uma área de trabalho que se vale do campo de estudos da Psicologia da Educação. 6 Referências ALMEIDA, Ana Lúcia ; VALEIRAO, Kelin (orgs.). Fundamentos psicológicos da educação. Pelotas: NEPFIL Online, 2015. ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicologia escolar e educacional, v. 12, p. 469-475, 2008. DÍAZ-RODRÍGUEZ, Félix Marcial. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador: EDUFBA, 2011. PAINI, Leonor Dias; ROSIN, Sheila Maria; CAMBAÚVA, Lenita Gama. As interfaces históricas entre psicologia e educação. Revista HISTEDBR On-Line, v. 10, n. 38, p. 60-79, 2010.
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