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CURSO DE DISCURSIVA Padrão de Resposta Professor Bruno Marques 2 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br Cebraspe – Inédita/2024 Cumprimento das regras fiscais Trabalhos do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam que, apesar do cumprimento das regras fiscais, ainda permanecem desafios para garantir a retomada do equilíbrio fiscal, condição essencial para assegurar trajetória sustentável da dívida pública e manutenção da capacidade do Estado de implementar políticas públicas. No passado recente, a adoção de práticas que se afastaram dos pressupostos da gestão fiscal responsável afetou sobremaneira as condições de sustentabilidade do endividamento público, ensejando ajustes estruturais, com destaque para o Novo Regime Fiscal, também conhecido como teto de gastos. Embora os dispositivos constitucionais e legais estejam sendo cumpridos, alguns indicadores das contas públicas ainda preocupam: deficits primários desde 2014; níveis elevados da dívida pública, afetando as despesas com juros e a percepção do risco-país; renúncias de receitas com impacto significativo sobre a arrecadação tributária; pressão das despesas obrigatórias, mesmo com os limites impostos pelo Novo Regime Fiscal (EC 95/2016), impondo restrições às despesas discricionárias, sobretudo com investimentos e manutenção da capacidade operacional do governo federal. O TCU apontou que o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas à inflação registrada no ano anterior, não tem sido capaz de conter o aumento real das despesas obrigatórias, como pessoal e previdência. A redução das despesas discricionárias no orçamento aprovado, em relação aos exercícios anteriores, pode comprometer a capacidade operacional dos órgãos federais para a prestação de serviços públicos essenciais aos cidadãos. O TCU identificou situações que caracterizam tentativas de contornar as restrições impostas pelo Teto de Gastos, como a capitalização de empresas estatais para terceirizar a execução de despesas típicas da Administração direta; e a realização de despesas sem previsão orçamentária ou além dos limites autorizados pela Lei Orçamentária Anual (LOA). Apesar do cumprimento da regra de ouro ao longo dos últimos anos, recorrendo-se de forma inédita em 2019 a operações de crédito condicionadas à aprovação por maioria absoluta do Congresso Nacional, o normativo não tem impedido o governo de contrair dívidas para custear despesas correntes, utilizadas para manutenção e funcionamento das atividades dos órgãos públicos. A regra, portanto, não tem promovido seus principais objetivos, quais sejam, o controle de despesas correntes, o incentivo à realização de investimentos, a promoção da justiça intergeracional e a limitação do endividamento. Sobre os limites de endividamento, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determinou que fossem estabelecidos limites para a dívida da União, dos estados e dos municípios. Os limites para União, no entanto, ainda não foram estabelecidos. . ENUNCIADO 3 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco/cumprimento_das_regras_fiscais.html#:~:text=De% 202013%20a%202021%2C%20a,Fundo%20Monet%C3%A1rio%20Internacional%20(FMI). Tendo como base que o texto motivador, redija um texto dissertativo, entre 35 e 45 linhas, acerca do seguinte tema: O aumento da dívida pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal. No seu texto, responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos: 1. O que é para que serve a dívida pública? 2. Quais os riscos de uma dívida pública alta? 3. Quais as limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal em relação ao impacto na gestão da dívida pública? Obs.: Máximo de 40 linhas. Tópico 1: O que é para que serve a dívida pública? Dívida pública refere-se ao montante total de dinheiro que um governo deve aos credores. Isso inclui empréstimos emitidos pelo governo através da venda de títulos, como títulos do Tesouro, notas e obrigações. A dívida pública pode ser contraída tanto por governos nacionais quanto por governos subnacionais (estados, províncias etc.). Os governos geralmente contraem dívida pública para financiar despesas governamentais quando a receita tributária não é suficiente para cobrir esses gastos. Isso pode ocorrer por várias razões, como investimentos em infraestrutura, programas sociais, pagamento de salários de funcionários públicos, entre outros. A dívida pública é uma ferramenta importante na gestão das finanças públicas, mas também pode ser motivo de preocupação se não for administrada adequadamente. Um nível excessivamente alto de dívida pública pode levar a problemas econômicos, como aumento dos custos de serviço da dívida, redução da confiança dos investidores e possíveis crises financeiras. Por outro lado, uma dívida pública gerenciada de forma prudente pode ser uma ferramenta eficaz para impulsionar o crescimento econômico e financiar projetos de longo prazo que beneficiam a sociedade como um todo. Conceito 0: não abordou o tópico; Conceito 1: trouxe 1 dos 2 conceitos esperados [1- conceito de dívida pública; 2- para que serve a dívida pública]; Conceito 2: trouxe 2 dos 2 conceitos esperados [1- conceito de dívida pública; 2- para que serve a dívida pública]. PADRÃO DE RESPOSTA https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco/cumprimento_das_regras_fiscais.html#:~:text=De%202013%20a%202021%2C%20a,Fundo%20Monet%C3%A1rio%20Internacional%20(FMI) https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco/cumprimento_das_regras_fiscais.html#:~:text=De%202013%20a%202021%2C%20a,Fundo%20Monet%C3%A1rio%20Internacional%20(FMI) 4 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br Tópico 2: Quais os riscos de uma dívida pública alta? Uma dívida pública alta pode acarretar vários riscos para uma economia e para o governo que a administra. Alguns desses riscos incluem: 1. Custos de Serviço da Dívida: À medida que a dívida pública aumenta, os custos de juros associados ao pagamento dessa dívida também aumentam. Isso pode consumir uma parcela significativa do orçamento do governo, reduzindo a capacidade de investir em outras áreas importantes, como educação, saúde e infraestrutura. 2. Restrição Fiscal: Um alto nível de dívida pública pode restringir a flexibilidade fiscal do governo. Isso significa que o governo pode ter menos capacidade de responder a crises econômicas ou sociais com políticas fiscais expansionistas, como redução de impostos ou aumento de gastos, pois já está comprometido com o pagamento da dívida. 3. Risco de Crise Financeira: Se os investidores perderem a confiança na capacidade do governo de pagar sua dívida, isso pode levar a uma crise financeira. Os investidores podem exigir taxas de juros mais altas para comprar títulos do governo, o que por sua vez aumenta os custos de serviço da dívida e pode levar o governo a um ciclo negativo de endividamento. 4. Pressão Inflacionária: Em alguns casos, um alto nível de dívida pública pode levar a pressões inflacionárias, especialmente se o governo optar por financiar sua dívida imprimindo mais moeda. Isso pode corroer o valor da moeda e afetar adversamente o poder de compra dos consumidores. 5. Impacto na Confiança dos Investidores e Credibilidade do Governo: Um alto nível de dívida pública pode minar a confiança dos investidores na estabilidade econômica e política do país. Isso pode afetar negativamente o acesso do governo aos mercados de crédito e aumentar o custo de levantar fundos por meio da emissão de títulos. Portanto, é crucial para os governos gerenciarem sua dívida pública de forma responsável, garantindo que ela permaneça em um nível sustentável e que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente para promover o crescimento econômico e o bem-estar social. Ademais, a Lei de ResponsabilidadeFiscal (LRF) é uma legislação brasileira que estabelece regras e limites para a gestão das finanças públicas, incluindo medidas para controle e transparência fiscal. Conceito 0: não abordou o tópico; Conceito 1: citou corretamente 1 risco; Conceito 2: citou corretamente 2 ou mais riscos. 5 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br Tópico 3: Quais as limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal em relação ao impacto na gestão da dívida pública? Embora a LRF tenha trazido importantes avanços na disciplina fiscal e na transparência do gasto público, há algumas limitações em relação ao seu impacto na gestão da dívida pública. Algumas dessas limitações incluem: 1. Foco no Resultado Fiscal e Não na Dívida: A LRF enfatiza o controle do resultado fiscal, definindo limites para gastos com pessoal, endividamento e concessão de garantias. No entanto, ela não estabelece limites específicos para o nível da dívida pública em relação ao PIB ou a outros indicadores econômicos. Isso significa que um governo pode cumprir as metas de resultado fiscal da LRF sem necessariamente controlar adequadamente o crescimento da dívida pública. 2. Ausência de Mecanismos para Redução da Dívida: A LRF não fornece mecanismos claros para redução da dívida pública. Embora estabeleça regras para controle do endividamento, não define estratégias específicas para a redução do estoque da dívida. Isso pode levar a uma situação em que os governos simplesmente aderem aos limites de endividamento estabelecidos pela lei sem efetivamente reduzir a dívida acumulada. 3. Vulnerabilidade a Manobras Contábeis: A LRF pode ser vulnerável a manobras contábeis por parte dos governos para cumprir suas metas fiscais, enquanto ainda aumentam a dívida de forma não transparente. Por exemplo, um governo pode recorrer a operações de crédito não registradas ou utilizar contabilidade criativa para mascarar o verdadeiro estado das finanças públicas. 4. Desafios na Avaliação de Investimentos de Longo Prazo: A LRF impõe restrições aos gastos de capital dos governos, limitando a capacidade de investir em infraestrutura e outros projetos de longo prazo que poderiam contribuir para o crescimento econômico sustentável. Isso pode criar um dilema entre atender às exigências imediatas da lei e investir em projetos que possam gerar benefícios econômicos de longo prazo. 5. Falta de Flexibilidade em Situações de Crise: Em situações de crise econômica ou emergências, a rigidez das regras da LRF pode limitar a capacidade do governo de responder de forma eficaz, pois pode haver restrições para aumento de gastos ou adoção de medidas fiscais expansionistas para estimular a economia. Portanto, enquanto a LRF desempenha um papel importante na promoção da responsabilidade fiscal, ela apresenta limitações em relação à gestão específica da dívida pública e à flexibilidade necessária para lidar com diferentes contextos econômicos e situações de emergência. Conceito 0: não abordou o tópico; 6 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br Conceito 1: citou corretamente 1 limitação; Conceito 2: citou corretamente 2 ou mais limitações. Rascunho Eficiente Assunto: Dívida Pública / Economia / Gestão Fiscal Tema: Aumento da dívida pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tese: Embora a LRF traga estabeleça normas para a gestão fiscal, há ausência de instrumentos efetivos para o controle da dívida pública. Tópico 1: O que é para que serve a dívida pública? Tópico 2: Quais os riscos de uma dívida pública alta? Tópico 3: Quais as limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal em relação ao impacto na gestão da dívida pública? Proposta de Resolução Ao refletir sobre economia e gasto público no Brasil, não se pode deixar de analisar o aumento da dívida nacional. Nesse contexto, embora a LRF traga estabeleça normas para a gestão fiscal, há ausência de instrumentos efetivos para o controle da dívida pública. Inicialmente, é importante frisar que a dívida pública se refere ao montante total de dinheiro que um governo deve aos credores, o qual inclui empréstimos emitidos pela venda de títulos, como títulos do Tesouro, notas e obrigações. Conforme se depreende da Teoria Econômica, a dívida pública, em regra, serve para financiar despesas governamentais quando a receita tributária não é suficiente para cobrir gastos, como investimentos em infraestrutura, programas sociais, pagamento de salários de funcionários públicos, entre outros. Assim, defende-se que a criação de dívida pública para fortalecer o desenvolvimento socialmente inclusivo demonstra que o Estado está exercendo adequadamente seu dever constitucional. Contudo, esses investimentos devem ser feitos com equilíbrio, uma vez que o aumento desenfreado da dívida pública traz diversos riscos para a economia do país. Segundo a doutrina, um dos principias riscos é o crescimento do custo de serviço da dívida, pois à medida que a dívida pública aumenta, os custos de juros associados ao pagamento dessa dívida também aumentam. Outro risco é a restrição da flexibilidade fiscal do governo, o que pode diminuir a capacidade de responder a crises econômicas ou sociais com políticas fiscais expansionistas, como redução de impostos ou aumento de gastos, pois já está comprometido com o pagamento da dívida. Por fim, vale ressaltar que, em alguns casos, um alto nível de dívida pública pode levar a pressões PROPOSTA DE RESOLUÇÃO 7 CURSO DE DISCURSIVA Prof. Bruno Marques www.voceconcursado.com.br inflacionárias, que pode corroer o valor da moeda e afetar adversamente o poder de compra dos consumidores. Diante desse cenário, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tenha trazido importantes avanços na disciplina fiscal e na transparência do gasto público, há algumas limitações em relação ao seu impacto na gestão da dívida pública. Conforme se depreende da LRF, há um foco controle do resultado fiscal, definindo limites para gastos com pessoal, endividamento e concessão de garantias. No entanto, ela não estabelece limites específicos para o nível da dívida pública em relação ao PIB ou a outros indicadores econômicos. Além disso, a LRF não fornece mecanismos claros para redução da dívida pública. Embora estabeleça regras para controle do endividamento, não define estratégias específicas para a redução do estoque da dívida. Desse modo, verifica-se que o foco do Governo Federal deve promover o desenvolvimento social, desde que mantenha o equilíbrio da dívida pública. Para que isso ocorra, faz-se necessário que sejam criados elementos normativos que permitam um controle mais apurado da dívida pública.
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