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IanCrofton-OPequenoLivroDaGrandeHistoriaMundo-141-230-píginas-37

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A	NATUREZA	DA	REALIDADE
Cerca	 de	 dois	 milênios	 e	 meio	 atrás,	 algo	 notável	 aconteceu	 na	 história	 do
pensamento.	Em	várias	partes	do	mundo,	vários	 indivíduos	começaram	a	 fazer
uma	pergunta	fundamental:	o	que	é	real?
Durante	centenas	de	milhares	de	anos,	os	humanos	estavam	ocupados	demais
com	 a	 sobrevivência	 para	 se	 preocupar	 com	 essas	 questões.	 Para	 eles,	 estava
claro	o	que	 era	 “real”:	 comida,	 abrigo,	 reprodução,	 as	 necessidades	básicas	da
vida.	A	 religião	 (veja	 a	 p.	 80	 e	 a	 p.	 141)	 existia	 havia	muito	 tempo,	mas,	 em
geral,	o	mundo	dos	deuses	e	dos	espíritos	era	inseparável	da	vida	cotidiana	das
pessoas.	Os	dois	reinos	se	mesclavam	e	interagiam	um	com	o	outro.
Na	 Índia,	 por	 volta	 de	 800	 a.C.,	 surgiu	 o	 conceito	 hindu	 de	 samsara,	 ou
reencarnação:	a	ideia	de	que	todas	as	criaturas	seguem	um	ciclo	de	nascimento,
morte	 e	 renascimento.	 O	 alívio	 da	 infindável	 roda	 do	 sofrimento	 no	 mundo
material	 só	 era	 possível	 para	 aqueles	 indivíduos	 que	 se	 libertassem	 do	 desejo
pelas	 coisas	 terrenas,	 o	 que	 os	 capacitaria	 a	 alcançar	 a	 união	 com	 o	 divino.
Samsara	 se	 diferencia	 da	 visão	 das	 religiões	 monoteístas,	 nas	 quais	 cada
indivíduo	nasce	apenas	uma	vez	e	morre	apenas	uma	vez,	sendo	a	morte	seguida
por	uma	vida	pós-morte	perpétua.
O	 conceito	 de	 samsara	 tornou-se	 chave	 para	 os	 ensinamentos	 do	 príncipe
indiano	 Gautama	 Buddha,	 que	 desenvolveu	 suas	 ideias	 por	 volta	 de	 500	 a.C.
Como	 no	 hinduísmo,	 a	 iluminação	 só	 é	 possível	 quando	 os	 indivíduos
reconhecem	 a	 natureza	 ilusória	 do	mundo	material	 e	 se	 libertam	 do	 desejo	 de
bens	materiais,	pessoas	ou	prazeres.
O	 filósofo	 grego	 Platão	 (c.	 427-347	 a.C.)	 também	 insistia	 que	 o	 mundo

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