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Lógica Aplicada à Advocacia - Técnica de Persuasão ( PDFDrive )

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r
Índice	Geral
Nota	à	6a	Edição
Nosso	pequeno	manual	de	Lógica	aplicada	à	advocacia	atinge	a	6a	edição,	graças
a	colegas,	professores	e	alunos,	e	mercê	do	prestígio	da	Editora	Saraiva.
Nesta	edição,	mantivemos	o	número	original	de	capítulos,	e	procuramos
privilegiar	a	sistematização	de	toda	a	obra.	Assim,	reorganizamos	e	ampliamos
os	capítulos,	agora	expondo	opiniões	e	definições	de	diferentes	autores	sobre	um
mesmo	conceito	essencial	para	o	prosseguimento	do	livro,	objetivando	o	melhor
entendimento	dos	leitores.	Mantivemos,	no	texto	e	nos	exercícios,	o	número	de
exemplos	buscados	no	Código	Civil	e	no	Código	de	Processo	Civil.
Outra	modificação	necessária	foi	a	melhoria	da	divisão	de	cada	capítulo,	com	a
introdução	mais	frequente	de	títulos	e	subtítulos.	A	Súmula	passa	a	ser	mais
completa	em	definições	e	na	apresentação.	Os	exercícios	estão	mais	variados	e
um	pouco	mais	difíceis,	para	proporcionar	aos	leitores	maior	prática	no
reconhecimento	e	identificação	dos	conteúdos.
A	Revisora
Á	GUISA	DE	PREFÁCIO
RAZÕES	DO	PRESENTE	LIVRO
Ia)	A	perfeita	colocação	de	Lógica,	indispensável	ao	estudante	e	futuro
advogado,	está	prescrita	e	justificada	por	um	dos	maiores	tratadistas	de	Filosofia
do	Direito,	nestes	termos:
“Há	países	em	que	a	Lógica	é	ensinada	no	primeiro	ano	de	Direito,	e	outros,
como	a	França,	em	que	é	ensinada	no	último	ano	de	Liceu.	A	Lógica	é	ciência
cujo	conhecimento	é	susceptível	de	acrescer	as	qualidades	do	advogado,	porém
deve	ser	ensinada	no	curso	de	Direito,	a	fim	de	adaptar-se	às	necessidades
especiais	do	jurista,	o	que	não	acontece	no	Liceu.	O	advogado,	o	jurista,	precisa
de	uma	Lógica,	que	é	uma	Lógica	estudada	nessa	época	da	aplicação	e	do
conhecimento	do	Direito”	(Georges	Kalinowski,	Sur	l’enseignement	de	la
logique	dans	les	facultés	de	droit,	in	Archives	de	Philosophie	de	Droit,	v.	5,	p.
319.	Indicação	para	a	Bib.	Do	TJSP	-	E	17	-	P.	I.	-	v.	15-2)	(Grifo	do	Autor).
2a)	Aos	universitários,	novos	advogados	e	candidatos	a	Exame	da	Ordem,	que
não	estudaram	Lógica	anteriormente,	pretendemos	facilitar	o	contato	de	maneira
simples	com	a	arte	de	raciocinar	corretamente	e	refutar	os	raciocínios	incorretos.
3â)	Longos	anos,	honrados	com	a	designação	para	examinador	na	OAB/SP	em
Exame	de	Ordem	e	Estágio,	na	Capital	e	diversas	faculdades	do	interior,	deram-
nos	também	uma	razão	para	este	pequeno	manual	de	Lógica	aplicada	à
Advocacia.	O	uso,	ou	melhor,	o	abuso	dos	“formulários”	tem	apartado	os	novos
advogados	do	espírito	criador,	tem	deslustrado	inteligências	brilhantes	findadas	a
formas	rígidas	e	quase	sempre	incorretas,	transmudando	o	profissional	liberal,	a
cuja	classe	têm	pertencido	as	melhores	inteligências	e	culturas	do	Brasil	e	do
mundo,	em	mero	preenchedor	de	espaços	vazios	dos	formulários.
4a)	Sem	raciocínio,	sem	técnica	de	linguagem	e	de	argumentação,	sem	estudo	de
doutrina,	o	bacharel	será,	como	diz	Cícero:	“cautus	et	acautus,	procco	actionum,
cauto	formularum,	anceps	syllabarum”	(De	Orator,	I	—	55).	Os	romanos
denominavam	esses	“advogados”	de	rabu-lae,formularii,	legullei,	e,	os	gregos,
de	“pragmáticos”.	Os	termos	“rábulas”	e	“leguleios”	têm	sentido	pejorativo.
5a)	Com	o	estudo	de	Lógica	aplicada	à	Advocacia,	como	prescreve	G.
Kalinowski,	o	novo	advogado	formulará	petições	iniciais,	respostas,	recursos	e
razões,	como	será	demonstrado	neste	livro,	sem	recorrer	a	formulários,	que
jamais	poderão	abranger	a	gama	incontável	de	casos;	e	os	alunos	de	Direito
passarão	a	metodizar	o	estudo,	principalmente	de	Processo,	sem	recorrer	à
memorização.	Essa	nossa	opinião	fiilcra-se	em	quarenta	anos	de	Advocacia,	e
vinte	anos	como	professor	da	matéria,	nos	quais	pudemos	observar	o
aproveitamento	e	o	desenvolvimento	dos	estudantes,	ao	longo	de	seu	curso,	após
um	estudo	regular	de	Lógica.
SISTEMA	DE	EXPOSIÇÃO
a)				O	Direito	é	uma	ciência;	a	Advocacia	é	uma	arte.	Essa	arte	tem	como
instrumento	principal	a	Lógica,	e,	ainda,	a	auxiliá-la,	a	Retórica	e	a	Dialética.
b)				Os	elementos	de	Lógica	que	contém	o	presente	livro	estão	relacionados	à
técnica	da	arte	de	advogar	tão	somente;	para	tanto	quase	todos	os	exemplos	e
aplicação	dizem	respeito	àquela	arte.	Cada	parte	da	Lógica,	termo,	proposição	e
argumento,	prende-se	ao	trabalho	do	advogado	de	requerer,	responder,	recorrer,
argumentar	e	refutar	argumentos.
c)				Reduzimos	o	estudo	da	Lógica	ao	essencial	para	servir	à	Advocacia.	Não
pretendemos	escrever	uma	lógica	jurídica	ou	um	curso	de	Lógica,	todavia	aplicar
os	ensinamentos	da	Lógica	ao	mister	do	advogado.	No	mesmo	aspecto	prático
damos	uma	ligeira	noção	de	Retórica	e	Dialética.
d)				A	Retórica	volta	a	ter	importância,	como	técnica	de	persuasão	e,	portanto,
interessa	à	Arte	da	Advocacia	segundo	se	verifica	das	publicações	vindas	da
Europa,	v.g.:
“Entre	os	Antigos	assim	como	entre	os	Modernos	o	fim	declarado	da	Retórica	é
o	de	ensinar	técnicas	de	persuasão.	A	ideia	de	‘argumento’	e	a	de	‘auditório’,	são
nesse	caso	essenciais.	A	ligação	com	a	Dialética,	no	sentido	pré-hegeliano	do
termo,	é	de	tal	ordem	que	Aristóteles	começa	por	verificar	sua	real	confusão.
Para	o	Estagirita	as	provas	dialéticas,	que	se	baseiam	na	opinião,	são	colocadas
na	obra	pelo	discurso	retórico	que	deve	levar	à	adesão”	(Jacques	Dubois	et	al.,
Rhetoriquegénérale,	trad.	Carlos	F.	Moisés	e	outros,	São	Paulo,	Ed.	Cultrix,
1970).
é)	A	semelhança	de	quase	todos	os	tratados	de	Lógica,	iniciamos	com	uma	breve
notícia	acerca	de	Filosofia,	apenas	para	situar	nossa	disciplina	dentro	de	outra
maior.
j)	Preferimos	a	transcrição	de	autores	a	uma	interpretação	de	suas	ideias,	por
dois	motivos:
1.				o	leitor	terá	a	teoria	ou	opinião	integralmente,	sem	perigo	de	uma	versão
pessoal;
2.				os	textos	integrais	contribuirão	certamente	para	a	cultura	geral	e	despertarão
no	leitor	a	curiosidade	de	ler	a	obra	toda.
g)				Muita	vez,	somos	propositadamente	repetitivos,	a	fim	de	não	remeter	o
leitor	a	todo	o	instante	para	outro	capítulo	ou	página,	o	que	prejudica	o	estudo.
h)				Cada	capítulo	é	finalizado	com	uma	súmula.
Com	o	prestígio	da	Editora	Saraiva,	a	colaboração	de	nossos	colegas	e	de
professores,	de	quem	receberemos,	gratos,	críticas	e	sugestões,	aguardamos	que,
apesar	de	muito	elementar,	sirva	a	Lógica	aplicada	à	advocacia	para	nossa
classe,	ao	menos	como	iniciação	e	como	ponto	de	partida	para	estudos	mais
profundos.
O	Autor
Capítulo	I
Filosofia:	Origem	do	Termo	—	Definição	—	Divisão	—	Métodos
Breve	História	da	Lógica:	Parmenides	e	Aristóteles
Lógica:	Origem	do	Termo	—	Definição	—	Divisão	—	Importância
Os	Princípios	Lógicos	e	sua	Aplicação	à	Advocacia
Definição:	Nominal	e	Real	-Leis	de	Definição:	Gredt
Divisão:	Extensão	e	Compreensão	—	Definição	-Elementos	-	Técnicas	-
Leis
A	Ideia	-	O	Termo	-	Gênero	e	Espécie	-	O	Acidente	e	a	Essência
A	Possibilidade	da	Verdade	e	sua	Relação	com	a	Prova	e	a	Sentença
A	Ideia	e	o	Termo	do	Ponto	de	Vista	Lógico	-	Classificação	dos	Termos
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
Silogismo:	Definição,	Composição,	Princípios,	Regras	e	Crítica
Silogismo:	Tipos	-	Divisão	-Figuras	—	Regras	—	Modos	legítimos
O	Silogismo	como	Método	para	Verificação	da	Verdade	de	um	Argumento
—	Peças	Processsuais
Argumentos	Gerais	e	Forenses:	Definições	e	Regras.	Aristóteles:	Tópicos
Sofisma:	Definição	-	Tipos	-Técnicas	de	Refutação.	Aristóteles:
Argumentos	Sofísticos
Capítulo	XVIII	Lógica	e	Linguagem
A	Gramática	à	Luz	da	Lógica	—	O	Estilo	Lógico
A	Retórica	e	a	Dialética	—	Técnicas	de	Persuasão
Filosofia:	Origem	do	Termo	—
Definição	—	Divisão	—	Métodos
ORIGEM	DO	TERMO
Os	primeiros	pensadores	da	Grécia	foram	os	poetas,	que	interpretaram	as
tradições	religiosas.	São	alguns	nomes:	Hesíodo	e	Homero,	que	se	destacaram
como	criadores	de	mitos,	e	o	profeta	Epimênides	de	Cnossos.
A	filosofia	grega	começa	com	Tales	de	Mileto,	um	dos	Sete	Sábios	da	Grécia,
segundo	Aristóteles.	Cícero	disse	na	República	“que	os	sábios	eram	homens	de
grande	sabedoria	e	prestígio	entre	seus	contemporâneos;	todos	foram	versados
na	administração	pública	e	tinham	grande	liderança	administrativa;	realmente,
em	nada	se	aproxima	tanto	a	virtude	humanada	divina	como	a	fundação	de
novas	nações	ou	a	conservação	daquelas	já	fundadas”.
Sabe-se	que	a	maioria	dos	sábios	provinha	da	próspera	Jônia	(Ásia	Menor,
hojeYenikõy,Turquia),	e	que	viveram	entre	os	anos	428	a	348	a.	C.	Eles
presenciaram	momentos	de	significativa	conturbação	interna	desde	a
remodelação	das	cidades	até	a	corajosa	resistência	às	invasões	de	povos
estrangeiros,	entre	outras	dificuldades.	Seus	nomes:	•				Bias	de	Priene	—	viveu
no	século	6	a.C.
•				Cleóbulo	de	Linos	—	viveu	por	volta	de	600	a.C.
•				Periandro	de	Corinto	—	627-584	a.C.
•				Pitaco	de	Mitilene	-	650-569	a.C.
•				Quilon	de	Esparta	—	viveu	no	século	6	a.C.
•				Sólon	de	Atenas	-	640-558	a.C.
•				Tales	de	Mileto	-	640-546	a.C.
Tales	de	Mileto	se	destacou	entre	os	demais,	e,	em	sua	teoria,	propôs	como
elemento	formador	do	mundo	e	de	todas	as	coisas	a	Agua;	e	alertou	para	a
verdade:	sem	água	não	há	Vida.	Tales	inovou	ao	não	procurar	buscar	a	origem
do	mundo	na	acepção	mítica,	e	sim	na	totalidade	de	tudo	o	que	existe:	a
Natureza.
O	termo	Filosofia,	atribuído	a	Pitágoras,	é	formado	por:	philo	—	amar,	e	sojia	—
sabedoria.	Para	os	antigos,	sabedoria	era,	simultaneamente:	virtude	e	saber.
Pitágoras	entendia	que	Filosofia	era	o	termo	apropriado	para	indicar	a	sabedoria
própria	da	Divindade.
Os	gregos	denominavam	sojia	a	sabedoria,	e	sofos	os	sábios.	Cícero	diz	que
Heráclides	do	Ponto	-	filósofo	grego	do	IV	século	a.C.,	discípulo	de	Platão	-
conheceu	o	pensamento	de	Pitágoras,	filósofo	nascido	no	ano	de	570	a.C.,	na
ilha	de	Samos,	na	região	da	Ásia	Menor	(Magna	Grécia)	e	falecido	entre	497	e
496	a.C.	em	Me-taponto	(região	sul	da	Itália).
Heráclides	do	Ponto	narra	que	Leon	-	príncipe	dos	Filiásios	-ficou
impressionado	com	o	gênio	e	a	eloquência	de	Pitágoras	e	perguntou	a	ele	qual
era	a	ciência	que	lhe	inspirava	mais	confiança	(qua	maxime	arte	confideret).0
sábio	respondeu	que	não	sabia	ciência	alguma,	mas	que	ele	era	Jilósofo	(At	illum
autem	quidem	se	scire	nullam	sed	esse	philosophum).
Surpreso	pela	novidade	do	nome	filósofo,	Leon	indagou	o	que	eram	os	filósofos,
e	em	que	se	diferençavam	de	outros	homens.	Pitágoras	respondeu	que	“ele
compara	a	vida	do	homem	ao	comércio	que	se	faz	na	assembleia	grega	durante	a
solenidade	dos	jogos	públicos.	Uns	vão	(aos	jogos	públicos)	para	brilhar	nos
exercícios	corporais	(ginástica);	outros,	vendendo	ou	comprando,	são	levados
pelo	lucro;	ao	passo	que	uma	terceira	classe,	a	mais	nobre,	não	procura	aplausos
nem	lucro	(qui	nec	plausum	nec	lucrum	quaerent),	porém	(está	ah)	para
observar	atentamente	o	que	se	faz	e	como	as	coisas	se	passam.
Na	grande	feira,	uns	vão	para	procurar	a	glória,	outros	o	dinheiro,	porém,	um
pequeno	número	desdenha	todo	o	resto,	e	se	aplica	a	estudar	profundamente	a
natureza	das	coisas	(rerum	natura	studio	se	in-tuerentur).	Esses	homens	são
chamados	estudiosos	(ou	amigos)	da	sabedoria,	isto	é,	filósofos	(Hos	se
appellare	sapientiae	studiosos	id	est	enim	philosophos).
Sob	o	ponto	de	vista	dos	jogos	públicos,	o	partido	mais	nobre	é	o	que	presencia
sem	espírito	de	lucro,	e	da	mesma	maneira	acontece	na	vida	-	o	estudo	e	a
contemplação	(conhecimento)	das	coisas	excedem	a	tudo	(sic	in	vita	longe
omnibus	studiis	contemplationem	rerum	cognitionem	praestare)	(Tusculanarum,
Lib.	V,	III,	Virtutem	ad	beate	vivendum	se	ipsa	esse	contentam	—	Da	virtude	—
ela	é	suficiente	para	ser	feliz)”.
BREVE	HISTÓRICO
A	história	da	Filosofia	“é	a	história	do	pensamento	humano	dedicado	a
investigar	os	problemas	do	Ser	no	decurso	do	tempo,	elaborar	o	conhecimento
que	satisfaz	o	anseio	de	saber,	e	colocar	soluções	compatíveis	com	a
possibilidade	das	épocas	e	da	capacidade	intelectiva	do	homem,	na	imensa
problemática	da	realidade	existencial”	(Morente,	op.	cit.).
No	mesmo	sentido,	Aristóteles	diz	que	o	desejo	de	saber	é	inato	no	ser	humano	e
se	manifesta	na	forma	de	perguntas	—	como,	por	quê	-	desde	a	infância.	E
continua	“se	o	desejo	de	saber	é	essencial	ao	homem,	deve,	então	ser	universal
no	tempo	e	no	espaço.	E	esta,	de	fato,	a	lição	da	história;	não	há	povo	em	que
não	se	manifeste	essa	inclinação	natural	da	inteligência.	O	desejo	de	saber	é,
assim,	tão	velho	quanto	a	humanidade,	e	o	conhecimento	filosófico	é	a	mais
elevada	expressão	da	necessidade	de	saber”	(Metafísica,	cit.).
Para	Aristóteles,	a	Filosofia	consiste	“em	todas	as	coisas	que	o	homem	conhece,
e	o	conhecimento	dessas	coisas”.	Desde	Aristóteles	emprega-se	a	palavra
Filosofia	com	o	sentido	de	totalidade	do	conhecimento	humano.	A	Filosofia	até
então	englobava	as	coisas	divinas	e	humanas	(Scientia	divinamm
humanarumque	rerum).
Acreditamos	que	não	é	apropriado	para	a	didática	deste	livro	discutir	as	várias
definições	de	Filosofia,	porém,	para	ilustrar,	apresentamos	algumas:
DEFINIÇÃO	DE	VÁRIOS	AUTORES
í-A	primeira	definição	tem	um	sentido	etimológico,	porém,	ainda	na	Grécia,	o
termo	Filosofia	passou	do	significado	de	amor	à	sabedoria,	à	própria	sabedoria.
2~	Platão	distingue	doxa	-	que	é	a	opinião	que	temos	sem	tê-la	procurado	—	e
epistéme	—	a	ciência,	o	saber	que	temos	porque	o	procuramos.	Para	Platão	a
palavra	filosofia	adquire	o	sentido	“de	saber	racional,	reflexivo,	saber	adquirido
mediante	o	método	dialético”	(G.	Morente).
3~	Cícero	define	Filosofia	como	o	“conhecimento	das	coisas	divinas	e	humanas
e	dos	princípios	e	causas	de	cada	fato	particular”.
4~	Na	Idade	Média,	a	Filosofia	designa	todo	o	conhecimento,	menos	o	de	Deus,
que	era	objeto	da	Teologia.
5~	Na	Idade	Moderna,	a	partir	do	século	XVII,	o	campo	da	Filosofia	começa	a
dividir-se,	constituindo-se,	então,	a	Matemática,	a	Física,	a	Biologia,	e	as
ciências	mais	modernas,	como	a	Cibernética.	Segundo	G.	Morente,	“uma	ciência
se	constitui	a	partir	da	Filosofia	quando	deixa	de	considerar	seu	objeto	de	um
ponto	de	vista	universal”	(op.	cit.).
6~	Morente	define	Filosofia	por	exclusão,	considerando	a	sua	complexidade:	“Se
a	todo	saber	humano	lhe	tiram	as	Matemáticas,	a	Astronomia,	a	Química,	etc.,	o
que	resta	disso	é	a	Filosofia”	(op.	cit.).
7-Jolivet	define	que	a	Filosofia	“é	a	mais	elevada	e	a	mais	perfeita	das	ciências,
primeiro	porque	é	perfeitamente	racional	ou	sistemática,	enquanto	visa	descobrir
as	causas	e	os	princípios	primeiros;	segundo	porque	ela	dispõe	de	método
rigoroso	apropriado	ao	seu	objeto	formal”	(op.	cit.).
8~	Diante	da	necessidade	de	oferecer	uma	definição,	sempre	entendendo	a
dificuldade	de	conseguir	abranger	todo	o	definido,	preferimos	a	de	Aristóteles:
“Filosofia	é	saber	racional;	ciência	no	sentido	mais	geral	do	termo”	(Metafísica
1,1).
DIVISÃO
A	divisão	mais	corrente	de	Filosofia,	principalmente	entre	os	autores	didáticos,	é
a	seguinte:
Filosofia
Lógica
Psicologia
Moral
Metafísica
Metafísica
DEZ	MÉTODOS	EM	FILOSOFIA
Como	se	trata	de	uma	brevíssima	introdução	à	Filosofia	para	nela	incluir	a
Lógica,	vamos	apresentar	somente	as	linhas	gerais	de	dez	métodos	em	Filosofia,
uma	vez	que	o	assunto	se	prende	ao	objeto	deste	livro:	Ia	O	Masdeísmo	de
Zoroastro	(Pérsia,	atualmente	Irã),	o	Bramanismo	e	o	Livro	Yi	King	que	inspira
Lao-Tseu	(China)	e	outras	manifestações	não	representam	a	Filosofia,	e	sim
religiões,	com	verdades	inegáveis	em	qualquer	época.
2°	A	Filosofia	Hindu,	o	Budismo,	é	Teologia,	pois	em	essência,	é	um	comentário
ou	exposição	da	doutrina	de	seus	livros	sagrados,	Os	Vedas.	Observa-se	de
estudos	orientais	na	Europa,	a	apresentação	de	uma	Filosofia	Hindu,	que
consiste	em	dar	ao	conhecimento	indu	um	método	filosófico,	ou	uma	feição
filosófica.
3a	A	Filosofia	grega,	segundo	o	testemunho	de	Aristóteles,	como	já	vimos,
começa	com	Tales	de	Mileto,	um	dos	sete	sábios,	que	viveu	nos	séculos	VII	eVI
a.C.	Somente	na	Grécia,	a	Filosofia	se	distingue	da	Religião	e	se	torna
independente	dela.
4a	Anteriormente	a	Sócrates,	os	céticos	e	sofistas	dominavam	a	inteligência.
Protágoras	sustentou	que	tudo	é	relativo;	o	conhecimento	das	coisas	é	apenas
uma	aparência,	jamais	a	realidade.	Ora,	dizer	que	a	verdade	é	uma	aparência	é	o
mesmo	que	dizer	que	não	há	verdade.	Desse	argumento	Górgias	Leontino	tirou	a
consequência	que	nada	existee	ainda	que	exista	alguma	coisa,	ela	não	pode	ser
conhecida.	A	escola	é	ateísta,	pois,	se	nada	existe,	por	que	afirmar	a	existência
de	Deus?
5a	Sócrates	nasceu	em	Atenas	em	470	e	morreu	em	400	a.C.	Segundo	filósofos
cristãos,	salvou	a	Filosofia	do	ceticismo	e	dos	sofistas	(Balmes).	A	partir	de
Sócrates,	a	Filosofia	tornou-se	consciente	da	perfeição	no	conhecimento	e	no
culto	da	divindade,	na	retidão	da	conduta	e	no	preparar-se	para	receber	na	vida
extraterrena	o	prêmio	das	boas	ações.	Sócrates	denominou	seu	método
“Maiêutica”,	que	significa	interrogação.	Sócrates	interrogava	diversas	pessoas
sobre	uma	questão	ou	significado	de	um	termo.	Certamente	as	respostas
eram	variadas	e,	desse	modo,	a	definição	da	coisa	proposta	ia-se	aprimorando	até
a	possível	exatidão.	Qualquer	de	nós	pode	experimentar	o	método,	propondo
uma	questão	a	diversas	pessoas	e	verificar	que	a	definição	da	coisa	ou	da	ideia
proposta	vai	tomando	feição	que	não	percebíamos	de	início.
6fl	De	acordo	com	alguns	historiadores,	Platão	nasceu	em	Atenas	no	ano	426
a.C.,	ou,	segundo	outros,	em	430	a.C.	Platão	aprimorou	o	método	de	Sócrates	e	o
transformou	na	Dialética,	que	se	funda	“não	em	opiniões	distintas,	mas	em	uma
opinião	e	sua	crítica”,	ou	ainda,	trata-se	de	“passar	de	conceito	em	conceito,	de
proposição	em	proposição	até	atingir	os	conceitos	mais	gerais	e	os	primeiros
princípios”	(op.	cit.).	Parte-se	de	uma	hipótese	que	vai	sendo	melhorada	com	as
críticas.	Sabe-se	que	é	no	diálogo,	mediante	afirmações	e	negações,	que	são
aprimoradas	as	ideias.	Assim,	por	empregar	o	diálogo,	Platão	chamou	o	seu
método	“dialética”.	Verifica-se	que	a	Dialética	de	Platão	e	a	Maiêutica	de
Sócrates	conservam	o	método	de	iniciar	com	uma	hipótese	ou	ideia,	e	melhorá-la
por	meio	do	diálogo.
Ia	Aristóteles	nasceu	em	Estagira,	na	Macedônia,	em	384	e	morreu	em	Chalcis
em	322	a.C.	Foi	discípulo	e	amigo	de	Platão.	Aristóteles	desenvolveu	a	Dialética
de	Platão	e	a	fez	mudar	de	aspecto.	Estudou	e	fixou-se	no	movimento	da	razão
intuitiva	que,	por	meio	da	contraposição	de	opiniões,	vai	passando	de	uma
afirmação	a	outra,	além	de	buscar	as	leis	por	força	das	quais	se	pode	fazer	essa
operação.	Aristóteles	não	foi	o	inventor	da	Lógica,	pois	Platão,	na	Dialética,
havia	concebido	uma	lógica	implícita.	Entretanto,	as	leis	do	silogismo	e
suas	figuras	representam	o	pensamento	de	Aristóteles,	cujo	método	—	a	lógica	-
não	mudou	em	seus	aspectos	essenciais.	A	Filosofia	para	Aristóteles	baseia-se	na
demonstração	da	prova:	“uma	afirmação	que	não	está	provada	não	é	verdadeira”
ou	pelo	menos	“não	sei	se	é	ou	não	verdadeira”.
8flThomaz	de	Aquino	nasceu	no	reino	de	Nápoles	em	1225	e	morreu	em	Abadia
deVossanova	em	1274.E	também	conhecido	como	o	Doutor	Angélico.	A	Lógica
como	método	de	Filosofia	é	aplicada	rigorosamente	na	Idade	Média.	Thomaz	de
Aquino,	ao	examinar	uma	questão,	colocava	as	opiniões	dos	filósofos	em
colunas	separadas,	umas	contra	as	outras,	e	delas	podia	extrair	o	verdadeiro	e	o
falso.	Tal	método	foi	adotado	pelos	tomistas.
9a	René	Descartes	nasceu	em	La	Haye,	França,	em	1596	e	morreu	em	Estocolmo
em	1650.	Até	Descartes,	o	método	filosófico	se	apoiava	no	momento	posterior,
ou	seja,	depois	de	obtida	uma	intuição	—	afirmação,	proposição	ou	tese	—	cabia
verificar-lhe	a	verdade	ou	a	falsidade.	Para	Descartes,	o	método	passa	a
exercitar-se	antes	de	obter	a	intuição.	Seu	método	se	resume	nestes	quatro
princípios:	1°	Princípio	—	Jamais	aceitar	como	verdadeira	coisa	alguma	que	se
não	conheça	à	evidência	como	tal,	quer	dizer,	evitar	a	precipitação	e	a
prevenção,	incluindo	apenas	nos	juízos	aquilo	que	se	mostrar	de	modo	tão	claro
que	não	subsista	nenhuma	dúvida.
2°	Princípio	—	Dividir	cada	dificuldade	a	ser	examinada	em	tantas	partes	quanto
for	possível,	e	seja	necessário	para	resolver	essas	dificuldades.
3~	Princípio	—	Pôr	o	pensamento	em	ordem,	começando	pelos	assuntos	mais
simples	e	mais	fáceis	de	serem	conhecidos	para	atingir	paulatina	e
gradativamente	o	conhecimento	dos	assuntos	mais	complexos,	supondo,	ainda,
uma	ordem	entre	os	assuntos	que	não	tenham	uma	ordem	normal	ou	natural.
4°	Princípio	—	Fazer	para	cada	caso	uma	enumeração	tão	exata	e	previsões	tão
gerais	que	se	esteja	certo	de	que	nada	foi	omitido	(op.	cit.).
10a	A	intuição	e	o	método	discursivo.	Para	muitos	filósofos	—	cujos	principais
são	Bergson,	Dilthey,	Husserl	—	o	único	método	da	Filosofia	é	o	intuitivo,
porque	qualquer	outro	método	“falsearia	a	verdade”	(Bergson,	op.	cit.).
A.	Cuvilher	entende	por	intuição,“o	conhecimento	direto	e	imediato	de	todo
objeto	presente	ao	espírito”	e	por	conhecimento	discursivo	“aquele	que	implica
movimento	do	espírito	de	um	juízo	a	outro”.	E	prossegue:	“se	o	movimento	do
espírito	é	dirigido	a	uma	conclusão,	temos	o	Raciocínio”	(op.	cit.).
I				—	Intuição	significa	visão	rápida,	percepção	instintiva.	Intuição	relaciona-se
com	intuiri	—	em	latim	ver,	contemplar,	fixar	—	e	significa	o	conhecimento	de
uma	verdade	evidente,	de	qualquer	natureza,	em	um	único	ato	do	espírito,	sem
intermediação	da	demonstração.
A	Intuição	caracteriza-se	pela	“forma	direta	e	imediata,	ou	seja,	a	saída	do
sujeito	cognoscente	em	direção	ao	objeto,	a	fim	de	captar--lhe	a	natureza
essencial,	isento	de	qualquer	intermediação”	(Laland,	op.	cit.).
São	dois	exemplos	de	intuição:
a)				O	princípio	da	contradição:	“uma	coisa	não	pode	ser	e	deixar	de	ser	ao
mesmo	tempo”;	b)				O	princípio	de	identidade:“A	é	A,	uma	coisa	é	igual	a	si
mesma”.
Ao	pensar	nesses	dois	princípios,	não	há	nem	pode	haver	qualquer
demonstração.	O	espírito	conhece	essas	verdades	com	uma	só	visão	e	modo
direto,	mediante	uma	evidência	imediata.	Aristóteles	diz	que	“só	um	vegetal	não
pode	perceber	o	princípio	de	identidade”	(op.	cit.).
II				—	Discurso	é	“a	operação	intelectual	que	se	efetua	por	uma	série	de
operações	elementares	e	parciais	e	sucessivas”	(Laland,	op.	cit.).	Assim,	diz-se
discursivo,	o	raciocínio	que	atinge	a	conclusão,	ou	procura	a	conclusão,	por
meio	de	operações	intermediárias.	Ou,	em	outras	palavras,	o	método	discursivo
constitui-se	de	uma	série	de	atos	sucessivos	para	buscar	a	realidade	do	objeto.	E
um	método	indireto.
São	dois	exemplos:
a)				Os	homens	sensatos	são	bem-sucedidos;	o	Diretor	é	um	homem	sensato;
logo,	o	Diretor	será	bem-sucedido.
Trata-se	de	uma	dedução,	porque	por	meio	de	duas	proposições	atingimos	uma
conclusão.
b)				A	Terra	é	um	planeta	e	não	tem	luz	própria;	Marte	também	é	um	planeta,
assim	como	Vénus,	Saturno,	Urano;	logo,	os	planetas	não	têm	luz	própria.
Trata-se	de	uma	indução,	porque	mediante	uma	série	de	conhecimentos	parciais
chegamos	a	um	conhecimento	geral.	Verifica-se	facilmente	que	o	método
discursivo	é	uma	demonstração	da	verdade	que	se	quer	provar.
SUMULA
Filosofia:
1.				Origem	do	Termo.
2.				Os	Sete	Sábios	da	Grécia.
3.				Tales	de	Mileto:	o	começo	da	Filosofia	grega.
4.				O	termo	Filosofia:	Pitágoras.
5.				Heráclides	do	Ponto.
Breve	histórico:	Morente	e	Aristóteles.
Definição	de	vários	autores:
Ia	Na	Grécia:	sabedoria.
2a	Platão:	saber	racional,	reflexivo,	mediante	a	Dialética.
3a	Cícero:	o	conhecimento	das	coisas	divinas	e	humanas.
4a	Na	Idade	Média:	todos	os	conhecimentos,	exceto	a	Teologia.
5a	Na	Idade	Moderna:	divisão	no	campo	da	Filosofia.
6a	Morente:	definição	por	exclusão.
7a	Jolivet:	a	mais	elevada	e	perfeita	das	ciências.
8a	Aristóteles:	Filosofia	é	saber	racional;	ciência	no	sentido	mais	geral	do	termo.
Divisão:	Lógica,	Psicologia,	Moral,	Metafísica.
Dez	métodos	em	Filosofia:
Ia	Masdeismo,	o	Bramanismo	e	o	Livro	Yi	King.
2a	Filosofia	Hindu:	Os	Vedas	3a	Tales	de	Mileto:	Filosofia	Grega.
4a	Protágoras	e	Górgias	Leontino:	Céticos	e	Sofistas.
5a	Sócrates:	Maiêutica.
6a	Platão:	Dialética.
7a	Aristóteles:	Lógica.
8aThomaz	de	Aquino:	Confronto	de	Teorias.
9a	Descartes:	A	Dúvida	Metódica:	os	quatro	princípios.
10aVários	filósofos:	a	Intuição	e	o	Método	Discursivo.
EXERCÍCIOS
Escolha	a	ou	b	para	preencher	corretamente	as	lacunas:
1.				A	Filosofia	grega	começa	com_.	(a.	Pitágoras;	b.Tales	de	Mileto)	2.				A
inovação	atribuídaa	Tales	de	Mileto	foi	não	buscar	a	origem	do	Universo	na
acepção_,	mas	sim,	na	Natureza,	(a.	mítica;	b.	mís	tica)
3.				Para	os	antigos,	sabedoria	era,	simultaneamente:_	e	saber.	(a.
movimento;	b.	virtude)
4.				Aristóteles	diz	que	o	desejo	de	saber,	inato	no	ser	humano,	se	manifesta	na
forma	de	perguntas_?,	por	quê?	(a.	onde;	b.	como).
5.				Entre	os	autores	didáticos,	a	divisão	mais	usual	da	Filosofia	é:	Lógica,
_Moral,	Metafísica,	(a.	Psicologia;	b.	Pedagogia)	6.				Para	Aristóteles,	“Filosofia
é	saber	racional;_no	sentido	mais	geral	do	termo	(a.	ciência;	b.	conhecimento)
7.				Para	Cícero,	Filosofia	é	“o	conhecimento	das	coisas	divinas	e	humanas	e	dos
princípios	e	causas	de_fato	particular”,	(a.	todo;	b.	cada)	8.				Para	Platão	a
palavra	Filosofia	adquire	o	sentido	“de	saber	racional,	reflexivo,	saber	adquirido
mediante	o	método_”.	(a.	dialético;	b.	discursivo)
9.				_denominou	seu	método	Maiêutica,	que	significa	interrogação.
(a.	Sócrates;	b.	Platão).
10.				Platão	entende	que	doxa	é	a	opinião	que	temos_.	(a.	porque	a	procuramos;
b.	sem	tê-la	procurado)
11.				Para	Aristóteles,	a	Filosofia	baseia-se	na	tração;	b.	busca)
da	prova.	(a.	demons-
12.				Aristóteles	fixou-se	no	movimento	da	razão	intuitiva	que,	por	meio	da_de
opiniões,	vai	passando	de	uma	afirmação	a	outra.	(a.
contraposição;	b.	justaposição)
contraposição;	b.	justaposição)
13.				-	aperfeiçoa	o	método	de_	e	denomina	seu	método,
Dialética,	(a.	Platão,	Sócrates;	b.	Sócrates,	Platão).
14.				Para	Descartes,	o	método	passa	a	exercitar-se_obter	a	intui	ção.	(a.	depois
de;	b.	antes	de)
15	Intuição,	do	latim	intuiri	—	ver,	contemplar	—	significa	o	conhecimento	de
uma	verdade	evidente,	de	qualquer	natureza,	em	um	único	ato	do	espírito,_a
intermediação	da	demonstração,	(a.
com;	b.	sem)
Capítulo	II
Breve	História	da	Lógica:
Parmenides	e	Aristóteles
A	Lógica	surgiu	há	mais	de	vinte	séculos,	embora	em	tempo	anterior	aos	gregos,
no	século	VII	a.Q,	tenha	havido	a	Escola	Nyaya,	cujo	fundador	foi	Gautama.	A
Escola	produziu	o	texto	Nyaya-Sutra	para	expor	a	construção	de	um	sistema
lógico	e	analítico,	a	partir	do	qual	toda	a	filosofia	indiana	teve	origem.	A	Lógica
grega,	entretanto,	surgiu	e	desenvolveu-se	de	modo	independente	da	Escola
Nyaya,	bastando	para	tanto	observar-se	o	silogismo	claro	e	preciso	da	Lógica	de
Aristóteles,	e	o	silogismo	de	Nyaya,	com	cinco	proposições.
Os	gregos	foram	os	inventores	no	sentido	etimológico	—	isto	é,	descobridores	-
do	termo	Filosofia.	Eles	descobriram	a	razão,	e	a	empregaram	para	saber	o	que
as	coisas	são.
A	Filosofia	hindu	e	a	Filosofia	chinesa	são	rebgiões,	sabedoria	popular	e
concepções	sobre	o	universo	e	a	vida.
PARMENIDES:	O	PRINCÍPIO	DE	IDENTIDADE
Antecedendo	Sócrates	e	Platão,	seis	séculos	antes	de	Cristo,	Parmenides
percebeu	a	relação	entre	a	coerência	do	pensamento	com	a	forma	do	discurso	e
descobriu	o	Princípio	de	Identidade:	todo	objeto	é	idêntico	a	si	mesmo.
Resumindo:	o	que	é,	é	-	o	que	não	é,	não	é.
Outra	forma	de	expressar	este	princípio	é:	A	é	A,	o	que	significa	que	“uma	ideia
ou	conceito	é	igual	a	ele	mesmo,	pelo	menos	no	momento	em	que	se	está
reafizando	o	pensamento”	(Nérici,	op.	cit.).
Para	mostrar	a	importância	de	Parmênides	na	evolução	da	Lógica	basta	verificar
que	uma	das	bases	de	sua	filosofia	compunha-se	da	aplicação	rigorosa	das
condições	do	pensamento	à	determinação	do	ser.
ARISTÓTELES:	O	CRIADOR	DA	LÓGICA
As	raízes	da	Lógica	formal	encontram-se	na	Maiêutica	de	Sócrates	que,
aperfeiçoada	por	Platão,	se	tornou	a	Dialética.	Em	Platão	estão	as	primeiras
análises	do	raciocínio.	Precedido	dos	sofistas	no	estudo	do	discurso,	e	por	Platão
nas	primeiras	análises	do	pensamento,	está	Aristóteles,	fundador	da	Lógica	sem
nenhuma	inverdade	histórica.
I.	G.	Nérici	explica	“que	o	verdadeiro	criador	da	Lógica	é	Aristóteles	que	lhe
deu	corpo,	sistemarização,	baseando	a	Lógica	em	princípios	tais	e	tão	sólidos
que	até	hoje	são	tidos	como	válidos”	(op.	cit.).
Marca-se	o	nascimento	da	Lógica	nos	seis	livros	de	Aristóteles:	1.				De
Proedicamentis	(categorias);
2.				De	interpretatione	(juízo	e	proposição);
3.				Analytica	Priora	(raciocínio	indutivo	e	dedutivo);	4.				Analytica	Posteriora
(raciocínio	evidente);	5.				De	Topicis	(raciocínio	aplicado	aos	lugares	comuns);
6.				De	Sophisticis	Elenchis	(sofismas).
Aristóteles	partiu	do	princípio	de	identidade	-	o	que	é,	e	-	descoberto	por
Parmênides	para	escrever	o	Organon.	Assim	como	Sócrates	criou	a	Maiêutica	e
Platão	a	Dialética,	Aristóteles	elaborou	o	Organon	como	instrumento,	que	lhe
permitisse	raciocinar	corretamente	bem	como	lhe	denunciasse	o	raciocínio
incoerente.	A	Lógica	de	Aristóteles	passou	a	ser	conhecida	como	Lógica
Clássica	e	suas	bases	permaneceram	quase	intactas	através	dos	séculos.	Com
tendências	diversas,	ainda	pode-se	citar	a	Lógica	de	Port-Royal,	passando	por
Stuart	Mill,	La-chelierm	Raluer	e	E	Schiller.
A	crítica	comum	feita	à	Lógica	de	Aristóteles	consiste	“na	crença	de	que	o
pensamento	poderia	assimilar	a	linguagem,	que	lhe	reproduziria	todas	as
formas”.	Continua	a	crítica	com	o	próprio	termo	logos,	que	significa	discurso	e
razão.	E	indiscutível	que	a	linguagem	comum	não	foi	construída	para	servir	à
Lógica,	como	também	não	foi	criada	para	servir	à	Física,	à	Química	ou	à
Cibernética.
Desde	Platão	os	filósofos	fugiram	dos	termos	equívocos	de	duas	formas:	—
			dar	a	um	termo	comum	conotação	especial	dentro	de	uma	ciência;	—				criar
neologismos.
Sabe-se	que	os	termos	equívocos	têm	duas	ou	mais	significações	completamente
diversas,	isto	é,	referem-se	a	dois	ou	mais	objetos	totalmente	diferentes,	como:
diversas,	isto	é,	referem-se	a	dois	ou	mais	objetos	totalmente	diferentes,	como:
cão	(animal)	e	cão	(parte	de	arma).
O	termo	ideia	foi	formado	por	Platão,	de	uma	raiz	grega	que	significa	visão,
intuição	intelectual,	ou	“a	simples	apreensão	de	um	objeto”.	E	o	que	se
denomina	terminologia.
Diante	da	terminologia	jurídica,	um	termo	técnico	equivale	a	qualquer	símbolo
da	Logística.	E	inegável	que	a	análise	dos	fatos	necessita	do	emprego	de
palavras	ou,	mais	geralmente,	de	símbolos	ou	substitutos	simbólicos	segundo
Marcell	Boll.	Verifica-se	que	as	ciências	e	o	Direito	encontraram	aquela
simbologia,	como	acentua	Maritain,	na	Lógica	Formal:	“é	preciso	que	a
expressão	verbal	se	torne	senhora	da	linguagem	por	um	completo	sistema
técnico	de	formas	e	de	distinções	verbais	—	a	terminologia”	(op.	cit.).
A	LOGÍSTICA
Os	logísticos	reconhecem	que	seu	precursor	foi	Raymond	Lulle	(1235-1315),
que,	por	não	dispor	do	conhecimento	e	dos	meios	técnicos	da	Álgebra,	não
conseguiu	sua	realização.	Ainda,	segundo	os	historiadores,	Leibniz	(1646-1716)
pretendeu	a	criação	de	uma	forma	ou	fórmula	(característica	universal)	adaptada
a	todas	as	operações	do	espírito	e	impulsionou	a	Logística.
Também	devem	ser	citados	Hilbert	(1862-1943)	e	Russell	sob	a	influência	dos
quais	a	Lógica	simbólica	tem	sido	objeto	de	inúmeros	estudos.	Tais	estudos
visam	“pôr	em	evidência	que	a	linguagem	é	decididamente	inutilizável	em
Lógica,	porque	ela	não	apresenta	sempre	um	paralelismo	rigoroso	com	os	fatos,
d’onde	a	possibilidade	da	ambiguidade	e	de	erros”	(Marcell	Boll).
Aos	excessos	dos	logísticos	deve-se	opor	a	opinião	de	Walter	Brugger:
“Logística	é	aquela	forma	de	Lógica	que	se	apresenta	num	sistema	de	sinais	e
que	permite	operar	com	estes	de	modo	idêntico	ao	da	Matemática.	Enquanto	a
Lógica	aristotélica	não	pode	deduzir	uma	nova	conclusão,	senão	partindo	de
duas	premissas	com	seus	três	conceitos,	a	Logística	é	capaz	de	deduzir,	mediante
o	cálculo,	todas	as	consequências	que,	em	geral,	se	possam	tirar	das	premissas,
partindo	de	mais	de	duas	proposições	conexivas	de	grande	número	de
conceito.	Em	princípio,	a	Logística	foi	vislumbrada	por	Leibniz.	Ela	não
impugnou	nem	tornou	supérflua	a	Lógica	tradicional,	pois	sem	esta	a
custo	pode-se	compreender	aquela.	Contudo,	devemos	contar	entre
suas	vantagens	uma	maior	exatidão	e	uma	integridade	sistemática	que	permitem
aplicá-la	a	domínios	da	realidade	nos	quais	seria	insuficiente	a	Lógica
tradicional.Quanto	ao	emprego	da	Logística	em	Filosofia,	convém	acautelarmo-
nos	contra	um	matematismo	exagerado,	o	qual	de	maneira	nenhuma	corresponde
aos	resultados	que	esperavam”	(Grifo	do	Autor)	(op.	cit.).
Para	MichelVilley,“é	preciso	reencontrarmos	o	sentido	da	antiga	Lógica	jurídica
da	controvérsia,	chamada	método	dialético,	do	qual	Pe-relman	e	a	Filosofia	do
Direito	da	Escola	de	Bruxelas,	mostraram	a	perenidade	e	onde	se	situa	a	própria
lógica	jurídica.	O	Direito	jamais	sairá	de	uma	máquina.	Ele	supõe	que	sejam
ouvidas	e	confrontadas	dialetica-mente	uma	e	outra	parte	do	processo.	A	solução
do	Direito	nasce	do	choque	dos	discursos	contraditórios...”	(op.	cit.).
Observe	este	exemplo	de	Nérici	(op.	cit.):	A	proposição,	um	brasileiro	é	baiano,
expressa-se	por	estes	símbolos:	(x)	(x	E	F)	3	(x	E	G)
A	leitura	é	a	seguinte:	Seja	x	qual	for,	x	é	um	elemento	de	F,	implica	x	é	um
elemento	de	G.
Estudando	a	Logística	à	luz	do	pensamento,	não	é	difícil	concluir	que:
1.	para	a	expressão	simbólica	há	necessidade	de	um	discurso	interior,	pois	não	se
pensa	uma	demonstração	logística	de	um	só	impulso;	2.	para	a	intelecção	da
forma	silogística	tem	de	haver	também	um	discurso	interior	-	em	nosso	modesto
parecer,	a	Logística	não	é	discursiva	apenas	em	sua	expressão.
SÚMULA
Parmenides	-	o	Princípio	de	Identidade:	-	o	que	é,	é	-	o	que	não	é,	não	é.
Aristóteles:	o	criador	da	Lógica
1.				De	Proedicamentis	—	categorias;
2.				De	interpretatione	—	juízo	e	proposição;
3.				Analytica	Priora	—	raciocínio	indutivo	e	dedutivo;	4.				Analytica	Posteriora
—	raciocínio	evidente;	5.				De	Topicis	—	raciocínio	aplicado	aos	lugares
comuns;	6.				De	Sophisticis	Elenchis	-	sofismas.
Crítica	à	Lógica	de	Aristóteles	e	refutação	a	ela.
Crítica	à	Lógica	de	Aristóteles	e	refutação	a	ela.
A	Logística
O	precursor:	Raymond	Lulle.
Opinião	de	Walter	Brugger.
O	entendimento	de	Michel	Villey.
O	exemplo	de	Nérici.
A	Logística	e	sua	crítica.
EXERCÍCIOS
Analise	as	proposições	e	marque	Sim	ou	Não:
1.				(	)	O	texto	Nyaya-Sutra,	a	partir	do	qual	toda	a	filosofia	indiana	teve	origem,
influenciou	positivamente	o	desenvolvimento	da	Lógica	Grega.
2.				(	)	Parmênides	percebeu	a	relação	entre	a	coerência	do	pensamen	to	com	a
forma	do	discurso	e	criou	o	Princípio	de	Identidade.
3.				(	)	O	princípio	de	identidade	se	expressa	em:	“uma	ideia	ou	con	ceito	não	é
igual	a	ele	mesmo,	no	momento	em	que	se	está	realizando	o	pensamento”.
4.				(	)	Sócrates	partiu	do	princípio	de	identidade	-	o	que	é,	é	-	des	coberto	por
Parmênides	para	escrever	o	Organon.
5.				(	)	As	primeiras	análises	do	raciocínio	estão	em	Platão.
6.				(	)	Os	filósofos	evitaram	o	emprego	de	termos	equívocos	com	a	criação	de
neologismo.
7.				(	)	Os	gregos	descobriram	a	razão,	e	a	empregaram	para	saber	o	que	as
coisas	são.
8.				(	)	Platão	formou	o	termo	ideia	a	partir	de	uma	raiz	grega	que	significa
visão,	intuição	intelectual,	ou	“a	simples	apreensão	de	um	objeto”.
9.				(	)	“Logística	é	aquela	forma	de	Lógica	que	se	apresenta	num	sis	tema	de
sinais	e	que	permite	operar	com	estes	de	modo	similar	ao	da	Matemática”.
10.				(	)Walter	Brugger	não	aconselha	o	emprego	da	Logística	em	Filosofia.
11.				(	)	De	Sophistids	Príora,	De	Topicis,	De	Prodicamentis	são	três	dos	seis
livros	de	Aristóteles.
12.				(	)	São	equívocos	os	termos	que	têm	duas	ou	mais	significações
completamente	diversas.
13.				(	)	O	Organon	é	um	instrumento	que	objetiva	permitir	ao	seu	autor
raciocinar	corretamente,	e	também	denunciar	o	raciocínio	incoerente.
14.				(	)	M.Villey	entende	que	a	solução	do	Direito	não	pode	nascer	do	choque
dos	discursos	contraditórios.
15.				(	)	A	crítica	à	Lógica	de	Aristóteles	consiste	“na	crença	de	que	o
pensamento	não	poderia	assimilar	a	linguagem,	que	lhe	reproduziria	todas	as
formas”.
Capítulo	III
Lógica:	Origem	do	Termo	—
Definição	—	Divisão	—	Importância
ORIGEM	DO	TERMO
Não	há	certeza	sobre	quem	criou	o	termo	Lógica,	nem	sobre	a	época	em	que
referido	termo	começou	a	ser	empregado	no	sentido	moderno.	Supõe-se	que
tenha	sido	criado	por	comentadores	de	Aristóteles.	O	termo	Lógica	foi
empregado	por	Cícero	(De	Jlnibus	1,7)	e	se	tornou	corrente	a	partir	dos	estoicos.
O	estoico	Chrysippe	entendeu	o	termo	Lógica	como	uma	das	três	espécies	de
Filosofia.
DEFINIÇÃO	DE	VÁRIOS	AUTORES
Do	termo	grego	logos	—	que	se	traduz	por	razão	—	se	origina	a	primeira
definição	de	Lógica,	isto	é,	ciência	do	raciocínio	ou	arte	do	raciocínio,	ou,	ainda,
arte	e	ciência	do	pensamento.	A	última	definição	indica	que,	em	se	tratando	de
Lógica,	essa	arte	tem	fundamento	científico.	O	termo	raciocínio	pode	apresentar
dois	sentidos:	somente	a	dedução,	ou	toda	a	espécie	de	inferências	e,	portanto,
dedução	e	indução.	Assim	sendo,	a	Lógica,	em	sentido	restrito,	limita-se	ao
raciocínio	dedutivo,	ao	silogismo;	em	sentido	amplo,	abrange	a	indução.
Os	compêndios	de	Lógica	tratam,	em	sentido	ainda	mais	amplo,	da	definição,	da
classificação	e	da	divisão,	operações	que	essencialmente	não	pertencem	ao
domínio	do	raciocínio,	pois	admitem	perfeição	ou	imperfeição,	consoante	suas
próprias	regras.	As	definições	de	Lógica	são	inúmeras,	porém	todas	trazem	o
pensamento,	o	raciocínio	como	fundamento.
Vamos	destacar	apenas	cinco:
A.	CUVILLIER:	“Lógica	é	o	estudo	das	operações	da	inteligência	com	o	fim	de
distinguir	o	verdadeiro	do	falso,	ou	o	estudo	das	regras,	métodos	e	processos	de
alcançar	a	verdade,	ou	ainda,	o	estudo	das	condições	da	verdade”	(op.	cit.).
G.FINGERMANN:	“Lógica	é	a	ciência	das	leis	e	das	formas	de	pensamento	que
nos	fornecem	normas	para	a	investigação	científica	e	nos	propicia	um	critério	de
verdade”	(op.	cit.).
L.	LIARD:	a	Lógica	tem	duplo	objeto:	“estabelecer	as	leis	do	pensamento
considerado	em	si	mesmo,	e	determinar	as	diferentes	aplicações	das	mesmas
leis”.	E	define:	“Lógica	é	a	ciência	das	formas	do	pensamento”	(op.	cit.).
I.	G.	NERICI:	“Lógica	é	a	ciência	que	estuda	as	leis	gerais	do	pensamento	e	a
arte	de	aplicá-las	corretamente	na	investigação	e	a	demonstração	da	verdade	dos
fatos”	(op.	cit.).
R.JOLIVET:	“Lógica	é	a	ciência	das	leis	ideais	do	pensamento,	e	a	arte	de
aplicá-las	corretamente	para	procurar	e	demonstrar	a	verdade.	Quer	seja
denominada,	para	Port-Royal	—	Arte	de	Pensar	ou	Arte	de	Julgar	—	para
Aristóteles	—	a	Ciência	do	Raciocínio	—	para	Stuart	Mill	—	a	Arte	da
Consequência	—,	sublinha-se	sempre	seu	papel	de	instrumento	no	exercício	do
pensamento	e	na	organização	do	saber”	(op.	cit.).
Desde	logo,	deve-se	evidenciar	que	a	Lógica	e	a	Psicologia	(Glo-bot)	têm
objetos	distintos.	Assim:	se	for	considerado	o	pensamento	como	ele	é,	temos	o
objeto	da	Psicologia;	à	Psicologia	interessa	a	origem	e	a	sucessão	de	nossos
pensamentos,	e	o	estudo	das	leis	da	associação	de	ideias,	sem	maior	destaque	à
verdade	ou	à	falsidade	dessas	ideias.	Se	for	considerado	o	pensamento	como
deve	ser,	temos	o	objeto	da	Lógica.	A	Lógica	busca	a	demonstração	da	verdade.
DEFINIÇÃO	E	RACIOCÍNIO	DE	STUART	MILL
Para	Stuart	Mill,	'Lógica	é	a	ciência	das	operações	do	espírito	que	concernem	à
estimação	da	prova”.
Em	outras	palavras,	a	Lógica	como	ciência,	compreende:
Matéria	—	o	que	vai	ser	investigado	pelas	leis	do	pensamento.
Forma	—	o	Método	como	se	investiga	ou	como	se	aplica.
Observe	que	a	definição	prioriza	a	determinação	do	critério	de	evidência	como
objetivo	da	Lógica
Stuart	Mill	também	define	o	objetivo	da	Lógica:	expor	as	provas	do	verdadeiro	e
do	falso,	a	fim	de	atingir	a	verdade.	A	partir	desse	momento,	a	Lógica	está
intimamente	ligada	ao	Processo.
COMENTÁRIOS	À	DEFINIÇÃO	DE	THOMAZ	DE	AQUINO
Definição:	“Lógica	é	a	Arte	que	dirige	o	próprio	ato	da	razão,	isto	ê,	arte	que	nos
permite	pensar	com	ordem,	facilmente	e	sem	erro”	Ç‘Ars	directiva	ipsius	actus
rationis,	per	quam	scilicet	homo	in	ipso	acto	rationis	ordenate,	faciliter	et	sine
errore	procedat”).
Ato	da	razão	—	As	ciências	procedem	conforme	a	razão,	porém	a	Lógica	diz
respeito	ao	próprio	ato	da	razão.	Veremos,	mais	adiante,	que	chamamos	razão	o
funcionamento	de	nosso	intelecto,	quando	vai	pelo	discurso	de	uma	coisa
apreendidaà	outra.
Com	ordem	—	É	função	da	Lógica	dispor	a	argumentação,	ou	uma	cadeia	de
raciocínios	com	ordem,	a	saber,	da	melhor	maneira	para	mostrar	que	a
argumentação	é	concludente	ou	não.
Facilmente	—	As	vezes,	raciocinamos	corretamente,	porém	de	forma	obscura	e
difícil.	A	Lógica	nos	ensina	a	pensar	de	forma	clara	e	fácil.	A	luz	do	método,	a
Lógica	deve	tornar	explícito	por	meio	do	discurso	o	que	está	no	pensamento,	de
forma	implícita.
Sem	erro	-	Todo	o	homem	é	dotado	de	bom	senso,	no	entanto,	somente	bom
senso	não	é	suficiente	para	quem	pretende	estudar	as	ciências,	principalmente	a
ciência	do	Direito.	O	bom	senso	é	a	faculdade	de	distinguir	o	falso	do
verdadeiro,	porém,	no	Direito	e	nas	ciências	é	necessário	demonstrar	o	que	é
falso	e	o	que	é	verdadeiro.	Nesse	ponto,	a	Lógica	é	o	único	instrumento	da
inteligência.
O	pensamento	chegará,	sem	erros,	à	conclusão,	depois	de	verificar-se	a	verdade
da	matéria,	a	ordenação	e	o	aclaramento	do	pen-sarnento.	Afirmar	que	Direito	é
bom	senso,	é	ignorar	ambos	os	conceitos.
DIVISÃO	DA	LÓGICA
A	fim	de	propor	a	definição	adotada	por	este	livro,	devemos	proceder	à	divisão
da	LógicaVamos	considerar	o	raciocínio	como	uma	obra	de	arte:	observemos
uma	estátua.	Distinguimos	nela	a	matéria	de	que	é	feita	e	sua	forma.	Se	o	artista
é	bom	(forma)	e	o	material	é	ruim,	a	estátua	será	imperfeita;	se	o	material	é	bom
e	o	artista	é	ruim,	do	mesmo	modo	a	estátua	será	imperfeita.	A	perfeição	da
estátua	depende	da	matéria	e	da	forma	que	lhe	dá	o	artista.	Assim	ocorre	com	o
raciocínio.	Consideram-se	no	raciocínio	as	matérias	ideais	com	que	se
raciocina	e	a	forma	que	se	dá	às	matérias,	isto	é,	a	disposição	delas	de	maneira
a	sustentar	uma	conclusão.
Assim	sendo,	a	exemplo	da	estátua,	o	raciocínio	deve	ter	matéria	e	forma
corretas,	sob	pena	de	ser	falso.	A	falsidade	do	raciocínio	ocorre
mais	frequentemente	na	falsidade	da	matéria,	como	no	exemplo	seguinte:
A	pintura	é	ciência,	(A)
Ora,	Portinari	é	pintor,	(B)
Logo,	Portinari	é	cientista.	(C)
Verifica-se	que	a	proposição	(C)	conclui	corretamente	em	face	das	proposições
(A)	e	(B);	logo,	a	forma	é	perfeita;	entretanto,	a	proposição	(A)	que	é	a	matéria
do	raciocínio	é	falsa;	portanto,	todo	o	raciocínio	é	falso.
Jolivet	entende	que	a	noção	de	verdade,	dominante	em	toda	a	Lógica,	tem	duplo
significado,	ou	seja,	toda	proposição	que	pretenda	ser	verdadeira	terá,
necessariamente,	estrutura	formal	e	validade.	“Entende-se	por	validade	todas	as
condições	derivadas	da	matéria	do	pensamento	que	lhe	afetam	a	estrutura	ou	a
própria	forma.	E	daí	que	se	origina	a	divisão	da	Lógica	em	Lógica	formal	ou
menor,	e	Lógica	material	ou	maior”	(op.	cit.).
Considerando	matéria	e	forma,	a	Lógica	divide-se	em:
Lógica	menor,	também	denominada	Lógica	formal,	prescreve	as	regras	gerais	do
pensamento	para	que	o	raciocínio	seja	correto	e	bem
construído.	Para	I.	G.	Nérici,	raciocínio	é	“o	ato	pelo	qual	o	espírito,	com	o	que
ele	já	conhece,	adquire	um	novo	conhecimento”.	O	raciocínio	bem	construído
leva	à	conclusão	coerente	em	relação	à	disposição	da	matéria.	Sob	esse	aspecto	a
Lógica	é	arte	do	pensamento;	porquanto	visa	realizar	uma	obra	bem-feita,	ou
seja,	a	concordância	do	pensamento	com	o	objeto.
Para	Jolivet,	na	Lógica	menor,	“trata-se	de	definir	as	condições	do	pensamento
coerente	consigo	mesmo,	independentemente	de	qualquer	matéria	determinada”.
Lógica	maior,	também	chamada	Lógica	material	ou	Lógica	Aplicada,	“estuda	a
aplicação	das	leis	particulares	a	cada	ciência	em	particular,	e	mostra	a	que
condições	devem	corresponder	os	materiais	do	raciocínio	para	que	se	obtenha
uma	conclusão	verdadeira	e	certa	sob	todos	os	aspectos,	não	só	quanto	à	forma,
mas	também	quanto	à	matéria”	(J.	Maritain,	op.	cit.).
Para	Jolivet,	na	Lógica	maior,	“trata-se	de	determinar	a	forma	que	o	pensamento
deve	tomar,	atendendo	aos	diferentes	objetos	aos	quais	o	pensamento	pode	se
aplicar”	(op.	cit.).
Nota	-	A	divisão	em	Lógica	Menor	e	Lógica	Maior	não	é	essencial,	é	acidental.
Jolivet	esclarece	que	“do	ponto	de	vista	lógico,	a	matéria	do	pensamento	é	um
puro	acidente,	ou	seja,	é	um	elemento	que	não	modifica	de	nenhum	modo	as
operações	lógicas	em	seu	aspecto	essencial.	De	fato,	examinando	bem,	toda
Lógica	éformal,	enquanto	está	inteiramente	ordenada	a	definir	o	que	deve	ser	a
forma	do	pensamento	correto	e	verdadeiro”	(J.	Maritain,	op.	cit.).
IMPORTÂNCIA	DA	LÓGICA
A	Lógica	é	entendida	sob	o	aspecto	de:
1.				scientia	instmmentum,	para	Boethium;
2.				admiculum	quoddam	ad	allias	scientia,	para	Thomaz	de	Aquino;
3.				propedêutica	à	ciência,	para	J.	Maritain.
E	conveniente	enaltecer	a	importância	da	Lógica	no	estudo	do	Direito	em	geral
e,	sobretudo,	no	processo:	“es	una	creación	de	la	inteligência,	una	maquinaria
hecha	con	sutileza	y	contmida	según	las	leyes	severas
de	la	lógica,	cuya	esencia	resulta	de	la	determinación	jurídica	de	su	fin	material”
(Wach,	op.	cit.).
A	importância	da	Lógica	em	todos	os	ramos	da	ciência	fundamenta-se	no	fato	de
ser	ela	um	instrumento	do	saber.	J.	Maritain	oferece	brilhante	lição	sobre	a
importância	da	Lógica	que	particularizamos	desta	forma:
importância	da	Lógica	que	particularizamos	desta	forma:
“Quando	uma	pessoa	deve	executar	um	trabalho,	em	primeiro	lugar,	ela	começa
por	experimentar	de	diversos	modos	o	instrumento	que	lhe	foi	dado	a	fim	de
compreender	bem	o	uso	que	pode	e	deve	fazer	dele.
Mas	qual	é	o	trabalho	dos	advogados?
E	adquirir	o	saber	jurídico.
Qual	o	seu	instrumento?
E	a	razão.
Será	então	preciso	que,	antes	de	iniciar	o	trabalho,	os	advogados	comecem	por
examinar	a	razão,	a	fim	de	determinar	a	maneira	pela	qual	devem	usá-la.	O
estudo	da	razão,	do	ponto	de	vista	de	seu	uso	no	conhecimento,	ou	como	meio
de	chegar	à	verdade,	é	o	que	se	chama	Lógica”	(op.	cit.).
Justificando	a	Lógica	como	arte	e	ciência	do	raciocínio,	citamos	Stuart	Mill:	“A
Lógica	é	a	arte	e	a	ciência	do	raciocínio?”	Ao	adotar	a	definição	de	S.
Mill,Whately	opôs	a	seguinte	emenda:	“a	Lógica	é	a	ciência	e	a	arte	do
raciocínio,	entendendo,	por	ciência,	a	análise	da	operação	mental	que	se	realiza
sempre	que	raciocinamos,	e,	por	arte,	as	regras	fundadas	nesta	análise	para
conduzir	corretamente	a	operação”.	Não	pode	haver	nenhuma	dúvida	quanto	à
propriedade	da	emenda	que	estabelece	os	objetos	da	Lógica:
A	Lógica	Material	compreende	os	elementos	do	pensamento:	o	raciocínio,	o
juízo,	a	ideia.
A	Lógica	Formal	é	a	chegada	ao	conhecimento	da	verdade	por	intermédio	do
correto	uso	das	operações	mentais.
Uma	correta	compreensão	do	processo	mental	em	si,	de	suas	condições	e	dos
seus	degraus,	é	a	única	base	possível	de	um	sistema	de	regras	apropriadas	para
dirigi-lo.	A	arte	pressupõe	necessariamente	o	conhecimento;	a	arte,	mesmo	na
sua	infância	pressupõe	o	conhecimento	científico;	e	se	nenhuma	arte	possui	o
nome	de	uma	ciência,	é	somente	porque	várias	ciências	são	frequentemente
necessárias	para	estabelecer	os	princípios	fundamentais	de	uma	única	arte.
São	tão	complicadas	as	condições	que	governam	nossa	atividade	prática	que,
para	tornar	alguma	coisa	factível,	muitas	vezes	é	indispensável	conhecer	a
natureza	e	as	propriedades	de	grande	número	de	outras	coisas.
A	Lógica,	portanto,	inclui	a	ciência	do	raciocínio	tanto	quanto	uma	arte	fundada
nessa	ciência.	Mas	a	palavra	raciocínio,	como	muitos	outros	termos	científicos
de	uso	popular,	é	cheia	de	ambiguidades.
Em	uma	de	suas	acepções,	raciocínio	significa	o	processo	silogís-tico,	ou	seja,	o
modo	de	inferência	que	pode	ser	denominado	com	suficiente	exatidão	para	o
nosso	propósito	como	concluir	do	geral	para	o	particular.
Em	outro	sentido,	“raciocinar	é,	simplesmente,	inferir	qualquer	asserção	de
asserções	previamente	admitidas;	e,	aqui,	a	indução	pode	ser	chamada	—	tanto
quanto	as	demonstrações	de	geometria	—	de	raciocínio”	(Whately,	op.	cit.).
SÚMULA
Origem	do	termo:	Cícero,	De	Finibus,	1,7.
Algumas	definições	de	Lógica:	A.	Cuvillier,	G.	Fingermann,	L.	Liard,	I.	G.
Nérici	e	R.	Jolivet.
Raciocínio	e	definição	de	Stuart	Mill:	ciência	das	operações	do	espírito	que
concernem	à	estimação	da	prova.
Comentáriosà	definição	de	Thomaz	de	Aquino:	Lógica	é	a	arte	que	nos	permite
pensar	com	ordem,	facilmente	e	sem	erro.
Divisão	da	Lógica:
Lógica	menor	ou	formal:	“definir	as	condições	do	pensamento	coerente	consigo
mesmo,	independentemente	de	qualquer	matéria	determinada”.
Lógica	maior	ou	material:	“determinar	a	forma	que	o	pensamento	deve	tomar,
atendendo	aos	diferentes	objetos	aos	quais	o	pensamento	pode	se	aplicar”.
A	importância	da	Lógica:	vários	autores.
EXERCÍCIOS
Assinale	as	sete	asserções	equivocadas:
1.				Supõe-se	que	o	termo	Lógica,	criado	por	Aristóteles,	denominava	uma	das
espécies	de	Filosofia.
2.				O	fundamento	de	todas	as	definições	de	Lógica	é	o	pensamento.
3.				A	Lógica	e	a	Psicologia	diferem	quanto	ao	objeto	porque	a	Psicologia	não
busca	a	verdade	ou	a	falsidade	das	ideias,	porém	enfatiza	a	origem	e	a	sucessão
dos	pensamentos,	e	o	estudo	das	leis	da	associação	de	ideias.
4.				“Lógica	é	a	Arte	que	dirige	o	próprio	ato	da	razão,	isto	é,	arte	que	nos
permite	pensar	com	ordem,	facilmente	e	sem	erro”.	A	expressão	com	ordem
significa	dispor	a	cadeia	de	raciocínios	de	modo	a	demonstrar	se	a	verdade	é
concludente	ou	não.
5.				Jolivet	entende	que,	obrigatoriamente,	a	proposição	verdadeira	deve	ter:
estrutura	formal	e	validade.
6.				Sobre	o	raciocínio:	o	raciocínio	que	tem	matéria	e	forma	corretas	não	pode
ser	falso.	No	raciocínio	há:	as	matérias	com	que	se	raciocina	e	a	forma	ou	a
disposição	das	matérias,	de	modo	a	sustentar	uma	conclusão.
7.				A	Lógica	Menor,	também	denominada	Lógica	Formal,	prescreve	as	regras
gerais	do	pensamento	para	que	o	raciocínio	seja	correto	e	bem	construído.
8.				Para	Jolivet,	na	Lógica	menor,	é	preciso	“definir	as	condições
do	pensamento	coerente	consigo	mesmo,	e	dependente	de	uma	matéria
determinada”.
9.				A	Lógica	Maior	ou	Lógica	Aplicada	ou	ainda	Lógica	Material	“estuda	a
aplicação	das	leis	gerais	a	cada	ciência	e	encaminha	o	raciocínio	para	a	obtenção
de	uma	conclusão	verdadeira	quanto	à	forma	e	à	matéria”.
10.				A	divisão	em	Lógica	Menor	e	Lógica	Maior	“não	é	essencial,	é	acidental,
porque	toda	Lógica	é	formal,	e	está	inteiramente	ordenada	a	definir	o	que	deve
ser	a	forma	do	pensamento	correto	e	verdadeiro”.
11.				A	divisão	em	Lógica	Menor	e	Lógica	Maior	“não	é	acidental,	é	essencial,
porque	do	ponto	de	vista	lógico,	a	matéria	do	pensamento	é	um	puro	acidente,	ou
seja,	é	um	elemento	que	modifica	de	algum	modo	as	operações	lógicas	no	que
elas	têm	de	essencial”.
12.				Para	Jolivet,	“determinar	a	forma	que	o	pensamento	deve	tomar,	atendendo
aos	diferentes	objetos	aos	quais	o	pensamento	pode	se	aplicar”	é	o	objetivo	da
Lógica	Maior	ou	Lógica	Aplicada	ou	ainda	Lógica	Material.
13.				A	importância	da	Lógica	em	Direito	evidencia-se,	principalmente,	como
técnica	de	argumentação
14.				Para	Wach:	O	processo	é	uma	criação	da	inteligência,	construído	segundo
as	leis	severas	da	Lógica,	cuja	essência	resulta	da	determinação	jurídica	de	seu
fim	material.
15.				Raciocínio	é	termo	científico	unívoco	e	não	pode	apresentar	ambiguidades.
Raciocinar	pode	significar	induzir	qualquer	asserção	de	asserções	previamente
rejeitadas.
Capítulo	IV
Os	Princípios	Lógicos	e	sua	Aplicação
à	Advocacia
OS	QUATRO	PRINCÍPIOS	LÓGICOS
“A	Lógica	Formal	repousa	sobre	quatro	princípios	fundamentais	que	permitem
todo	desenvolvimento	da	Lógica,	sendo	os	elementos	que	dão	validade	a	todos
os	atos	do	pensamento,	com	a	conveniência	ou	desconveniência	entre	si,	de
certas	ideias	ou	proposições”	(I.	G.	Nérici,	op.	cit.).
Os	Princípios	Lógicos	servem	à	demonstração.	São	eles:	le	O	Princípio	de
Identidade;
2a	O	Princípio	de	Contradição;
3fi	O	Princípio	do	Terceiro	Excluído;
4Q	O	Princípio	da	Tríplice	Identidade.
A	teoria	da	demonstração	supõe	que,	em	última	análise,	atinjamos	um	princípio
indemonstrável.	Efetivamente,	a	demonstração	consiste	em	prender	um	fato	a
uma	generalidade	já	estabelecida,	como	neste	argumento:
Deus	criou	o	Universo	—	generalidade	A	Terra	está	no	Universo	—	fato	Logo,
Deus	criou	a	Terra.
Para	demonstrar	uma	generalidade	já	estabelecida	é	preciso	recorrer	a	uma
generalidade	maior.	Prosseguindo	nessa	busca	chegaríamos,	necessariamente,	a
um	princípio	que	é	o	último	e	cuja	evidência	não
pode	ser	demonstrada.	Admite-se	que	esse	princípio	não	se	prende	a	outro
princípio	anterior.
Fundamentando-se	em	Euclides,	Spencer	pretendeu	dar	uma	forma	ao	postulado
universal,	que	seria	o	último	fundamento	da	certeza.	Para	Spencer	esse	postulado
é	a	impossibilidade	de	conceber-se	o	contrário:	quando	o	contrário	de	uma
proposição	for	inteiramente	inconcebível,	devemos	admitir	essa	proposição
como	verdadeira.	E	compreensível	que	a	teoria	tem	justas	objeções.	Entre	as
objeções	está	aquela	que	afirma	que	a	inconcebilidade	pode	ser	temporal
porque	representa	as	experiências	feitas	até	hoje.
Alguns	filósofos	consideram	apenas	três,	os	primeiros	princípios	do
conhecimento	e	afirmam	que	o	quarto	princípio	—	da	tríplice	identidade	—	não
é	absolutamente	formal	e	apresenta-se	com	mais	características	empíricas.	Pode-
se	afirmar	que	“estes	princípios	ou	axiomas	lógicos,	também	chamados	leis
formais,	regem	todo	o	exercício	do	pensamento,	sejam	quais	forem	os	seus
diversos	materiais”	(I.	G.Nérici,	op.	cit.).
O	PRINCÍPIO	DE	IDENTIDADE
Pode	se	apresentar	de	três	formas:
a)				AéA.
b)				Pessoa	é	pessoa.
c)				O	que	é,	é	-	o	que	não	é,	não	é.
“O	que	quer	dizer	que	uma	ideia	ou	conceito	é	igual	a	ele	mesmo,	pelo	menos	no
momento	em	que	se	está	realizando	o	pensamento”	(I.	G.	Nérici,	op.	cit.).
Platão	afirmou	que:	uma	coisa	é	o	que	ela	é,	ou	seja,	uma	ideia	é	igual	a	ela
mesma.
Objeção	—	Expressar	o	mesmo	pensamento	pela	mesma	palavra	ou	pelas
mesmas	palavras	não	é	uma	inutilidade?
Resposta	-	Responde-se	à	crítica	supondo	a	expressão	do	mesmo	pensamento
com	palavras	diferentes.	O	princípio	indica	que	A	—	pessoa	-	sob	outro	nome
ainda	é	A-pessoa.
Observe	o	exemplo:	Pessoa	é	pessoa.	Pessoa	é	racional.	Quando	dizemos	A
(pessoa)	é	racional,	apenas	estamos	nos	repetindo,	basta	conhecer	o	sentido	das
palavras.	Ora,	sendo	pessoa	racional,	posso	dizer:	“Não	se	admite	a	um	racional
(ou	a	uma	pessoa)	tal	pensamento”	-	onde	racional	é	igual	a	pessoa.
A	linguagem	comum	e	algumas	vezes	a	linguagem	técnica	contêm	termos
A	linguagem	comum	e	algumas	vezes	a	linguagem	técnica	contêm	termos
equivalentes.	A	linguagem	técnica	do	Direito	não	deve	ter	sinônimos,	porém,	há
algumas	exceções:
1.				procuração	—	instrumento	de	mandato.
2.				petição	inicial,	libelo	cível	inaugural,	peça	vestibular,	peça	introdutória	etc.
Essas	expressões	equivalentes	permitem	verificar	a	identidade	A	é	A;	todavia,	a
melhor	orientação	em	linguagem	forense	é	empregar	sempre	os	termos	da	lei.
Como	compreender	o	Direito	se	um	mesmo	pensamento	fosse	escrito	e	falado
com	termos	e	expressões	diferentes?	Imagine	que	o	advogado	se	referisse	ao
crime	com	determinadas	palavras:	a	promotora	se	reporta	ao	mesmo	crime,	com
palavras	diferentes,	e	ao	condenar,	ajuíza	fará	uso	de	outras	palavras.	Não	se
saberia	o	resultado.
Sem	o	Princípio	de	Identidade	seria	impossível	uma	discussão,	por	isso	os
escolásticos	prescrevem:	“antes	de	qualquer	discussão	dê-se	o	sentido	que
devem	ter	as	palavras	no	decorrer	dela”	(veja	Capítulo	XVIII	—	Lógica	e
Linguagem).
Nota	-	Atribui-se	a	descoberta	do	Princípio	de	Identidade	a	Parmênides,	e	para
atingi-lo	temos	que	retroceder	a	Heráclito	interrogando	o	que	existe?	-	o	ser,	as
coisas.	Os	filósofos	entenderam	que	é	a	água,	o	ar,	os	números	etc.	Para
Heráclito,	ao	examinar	imparcialmente	as	coisas	que	temos	diante	de	nós,
verificamos	que	as	coisas	não	são	em	nenhum	momento	aquilo	que	eram	antes,	e
também	não	são	o	que	vêm	a	ser	depois.	As	coisas	estão	mudando
constantemente.	Quando	queremos	fixar	uma	coisa	já	não	é	a	mesma	do	que	era.
Sua	frase	“nunca	nos	banhamos	no	mesmo	rio	duas	vezes”	dá	o	sentido	de	sua
filosofia:	o	existir	é	um	perpétuo	mudar	—	nada	existe	porque	tudo	existe,
existe	um	instante	e	um	instante	seguinte	já	não	existe,	é	outra	coisa.
Parmênides	critica	a	teoria	deHeráclito	desta	forma:	para	Heráclito	uma	coisa	é
e	não	é	ao	mesmo	tempo,	visto	que	está	sempre	mudando.	Dentro	dessa	ideia	de
mudança	constante,	uma	coisa	muda	de	ser	o	que	é,	para	tornar-se	outra	coisa,	e
tornando-se	outra	coisa
não	é	a	coisa	que	era	e	nem	a	coisa	que	virá	a	ser	na	próxima	mudança.
Parmênides	verifica	uma	contradição	lógica	na	teoria	de	Heráclito:	o	que	existe
não	existe	—	o	ser	não	é	—	como	admitir	um	ser	que	se	caracteriza	por	não	ser?
A	realidade	mostra	que	a	teoria	de	Heráclito	é	absurda,	é	incompreensível.
A	essa	teoria	opõe	um	princípio	de	razão:	o	que	é,	é	-	o	que	não	é,	não	é.	o	ser	é
(existe)	—	o	ser	não	é	(não	existe).
Parmênides	não	deu	nome	ao	princípio	que	descobriu,	porém,	mais	tarde,	os
lógicos	passaram	a	identificar	este	princípio	com	o	nome	de	Princípio	de
Identidade.
O	PRINCÍPIO	DE	CONTRADIÇÃO
Aristóteles	afirmou	que	este	é	o	princípio	mais	importante,	e	todos	os	outros
princípios	se	reduzem	a	ele.
O	enunciado	do	Princípio	de	Contradição	é:
Uma	coisa	não	pode	ser	e	deixar	de	ser	ao	mesmo	tempo.
Desse	modo	dizemos	que:	das	duas	afirmações	—	x	é	x	—	x	não	é	x	—	uma	das
afirmações	será	falsa,	necessariamente.
Observe	o	exemplo:	Um	ambiente	não	pode	ser	frio	e	quente	ao	mesmo	tempo.
O	brocardo	não	há	direito	contra	direito	é	a	aplicação	desse	princípio.
Nota	-	“Todas	as	vezes	que	dois	homens	têm	sobre	uma	mesma	coisa	um
julgamento	contrário,	é	certo	que	um	deles	está	enganado.	Há	mais:	nenhum	dos
dois	está	com	a	verdade,	porque	se	um	estivesse	com	a	verdade	teria	uma	vista
clara	e	nítida	(evidência)	e	poderia	expor	a	seu	adversário	de	tal	maneira	que	ele
acabaria	se	convencendo”	(E.	Garcia	Máynez,	op.	cit.).
O	PRINCÍPIO	DA	EXCLUSÃO	DO	MEIO
O	Princípio	da	Exclusão	do	Meio,	também	conhecido	como	o	Princípio	do
Terceiro	Excluído,	preceitua:
Uma	coisa	deve	ser	ou	não	ser	—	ou	seja,	de	duas	coisas	contraditórias	uma
coisa	deve	ser	verdadeira	e	a	outra	coisa	deve	ser	falsa.
O	princípio	não	determina	qual	juízo	é	verdadeiro,	mas	afirma	que	dois	juízos
contraditórios	não	podem	ser	simultaneamente	falsos.	No	estudo	das	proposições
veremos	a	aplicação	do	princípio;	no	entanto,	desde	já	queremos	mostrar-lhes
estes	dois	exemplos:
a)				Toda	pessoa	é	mortal.
b)				Nenhuma	pessoa	é	mortal.
E	certo	que	uma	proposição	exclui	a	outra.	Para	que	o	princípio	tenha	aplicação
é	preciso	que	se	trate	de	matéria	necessária.	Neste	início	de	curso,	adiantamos
dois	conceitos	básicos	em	Filosofia,	ao	dizer	que:
—				E	necessário	o	que	sempre	acontece.
—				E	contingente	o	que	pode	acontecer	ou	não.
O	PRINCÍPIO	DA	TRÍPLICE	IDENTIDADE
Esse	princípio	é	conhecido	do	estudo	de	Matemática,	e	preceitua:	duas
quantidades	iguais	a	uma	terceira	são	iguais	entre	si:
A	=	C	B	=	C	A	=	B
Em	Lógica	há	várias	outras	fórmulas	para	enunciar	este	princípio,	das	quais
destacamos	as	quatro	mais	usuais:
Ia	“Coisas	que	existem	com	a	mesma	coisa	coexistem	entre	si”.
2a	“Duas	coisas	idênticas	a	uma	mesma	terceira	(coisa)	são	idênticas	entre	si”.
3a	Ainda,	para	aplicação	em	Direito,	pode-se	enunciar	desta	forma:	Duas	coisas
iguais	a	uma	terceira,	sob	certo	aspecto,	são	iguais	entre	si,	sob	esse	mesmo
aspecto.
4a	Na	forma	negativa:	Duas	coisas	das	quais	uma	é	idêntica	e	outra	não	é
idêntica	à	mesma	terceira	são	diferentes	entre	si.
Verificamos	que	a	forma	negativa	do	princípio	é	uma	expressão	particular	do
Princípio	de	Identidade:	o	que	é,	é	—	o	que	não	é,	não	é.	Para	que	se	realize	o
Princípio	de	Identidade,	é	necessário	que	a	terceira	coisa	seja	realmente	a	mesma
coisa.	Quando	não	ocorre	essa	condição	o	raciocínio	é	falso	e	se	denomina
sofisma.
São	dois	exemplos:
a)				O	cão	ladra.
Rex	é	cão.
Rex	ladra.
Verifica-se	que	o	termo	cão	é	a	mesma	coisa	em	relação	a	ladra	e	Rex,	isto	é,	um
animal.
b)				Cão	é	uma	constelação.
Cão	ladra.
Uma	constelação	ladra.
O	termo	cão	é	empregado	diferentemente	nas	duas	frases.	No	exemplo	a,	cão	é
um	animal,	e	no	exemplo	b,	cão	é	uma	constelação.	Logo,	o	raciocínio	é	falso.
OS	PRINCÍPIOS:	DICTUM	DE	OMNI	E	DICTUM	DE	NULLO
Seguem-se	dois	princípios:	Dictum	de	Omni	e	Dictum	de	Nullo.	Sobre	eles,	J.
Maritain	entende	que:	“estes	dois	princípios	são	conhecidos	por	si	sós	ou
evidentes	por	si	mesmos,	porquanto	a	natureza	do	universal	consiste	exatamente
em	se	encontrar	um	e	o	mesmo	em	todas	as	coisas	em	relação	às	quais	ele	é
universal,	ou	melhor,	que	contém	em	si”	(op.	cit.).
Estes	dois	princípios	são	expressões	diferentes	do	Princípio	de	Identidade	e	sua
importância	é	dar	validade	ao	Silogismo.	Nos	capítulos	XIII	e	XIV,	iremos
estudar	o	Silogismo	de	forma	detalhada,	porém;	adiantamos	duas	definições	para
melhor	entendimento,	e	para	dar	mobilidade	ao	capítulo:
“Silogismo	é	uma	série	de	palavras	em	que,	sendo	admitidas	certas	coisas,	delas
resultará	necessariamente	alguma	outra,	pela	simples	razão	de	se	terem	admitido
aquelas”	(Aristóteles,	op.	cit.).
“Silogismo	significa	ligação,	pois	não	passa	de	uma	argumentação	na	qual	de
um	antecedente	que	une	dois	termos	a	um	terceiro,	se
infere	um	consequente	que	une	esses	dois	termos	entre	si”	(I.	G.	Né-rici,	op.
cit.).
Ia	O	Princípio	“Dictum	De	Omni”	(Dito	do	Todo).
Esse	princípio	é	enunciado	de	diversas	formas.Vamos	reproduzir	duas	delas	para
maior	compreensão:
a)				“Tudo	o	que	é	verdadeiro	de	uma	classe	inteira	de	objetos	é	verdadeiro	de
todos	os	objetos	pertencentes	a	essa	classe”	(Bain,	op.	cit.).
b)				“Tudo	o	que	é	afirmado	universalmente	de	um	sujeito	é	afirmado	de	tudo	o
que	está	contido	nesse	sujeito.	Em	Latim:	Quidquid	universaliter	dicitur	de
aliquo	subjecto,	dicitur	de	omni	quod	sub	tali	subjecto	cotinetur	(J.	Maritain,	op.
cit.).
O	princípio	se	reduz,	praticamente,	a	dizer	que:	o	todo	abrange	as	partes.	Por
exemplo:	Se	afirmo:	Todo	vício	é	um	mal,	afirmo	que:	todos	os	vícios	são	um
mal.
2a	O	Princípio	“Dictum	De	Nullo”	(Dito	de	Nenhum).
Esse	princípio	é	enunciado	de	diversas	formas.Vamos	reproduzir	duas	delas	para
maior	compreensão:
a)				“Tudo	que	é	negado	de	uma	classe	inteira	de	objetos	é	negado	de	todos	os
objetos	pertencentes	a	essa	classe”	(Bain).
b)				“Tudo	que	é	negado	universalmente	de	um	sujeito	é	negado	de	tudo	o	que
está	contido	nesse	sujeito.	Em	Latim:	Quidquid	universaliter	negatur	de	aliquo
subjecto,	dicitur	de	nullo	quod	suo	tali	subjecto	conti-netur”	(J.	Maritain,	op.
cit.).
Assim,	dizer:	Toda	pessoa	não	é	imortal	significa	que	todas	as	pessoas	não	são
imortais.	O	que	nego	da	classe,	nego	dos	objetos	pertencentes	à	classe,	ou	ainda,
o	que	nego	do	todo,	nego	da	parte.
o	que	nego	do	todo,	nego	da	parte.
APLICAÇÃO	DOS	PRINCÍPIOS	LÓGICOS	À	ARTE	DA
ADVOCACIA
“Não	demonstrada	a	divergência	de	julgado	pela	inexistência	de	identidade	ou
semelhança	das	espécies	em	confronto,	não	se	conhece	do	recurso
extraordinário”	(STF,	R.T,	523:525).	A	ausência	da	mesma	lei	invocada,	ou	da
identidade	de	fatos	sob	o	mesmo	aspecto,	determina	sempre	o	indeferimento	do
recurso	extraordinário.
O	Princípio	de	Identidade	é	importante	em	Direito	para	determinar	coisa	julgada.
Muitas	vezes	propõe-se	a	mesma	ação	com	nome	diferente,	e	o	juiz	deve
verificar	antes	de	tudo	se	a	segunda	ação	é	idêntica	à	primeira,	ainda	que	tenha
nominação	diferente.	Se	as	ações	forem	idênticas,	a	saber	—	A	é	A	—	e	a
primeira	ação	transitou	em	julgado,	a	segunda	ação	não	pode	prosseguir.
E	o	entendimento	de	P.	Lacoste:	“En	un	mot,	l’idée	qui	doit	servir	de	guide	pour
savoir	s’il	y	a	ou	non	identité	d’objet	est	la	suivante:	en	statuant	sur	l’objet	d’une
demande,	le	juge	est-il	exposé	à	contradire	une	décision	antérieure,	en	affirmant
un	droit	nié	ou	en	niant	un	droit	affirmé	par	cette	précédente	décision?	S’il	ne
peut	statuer	qu’en	s’exposant	à	cette	contradiction,	il	y	a	identité	d’objet,	et
chose	jugée”	(op.	cit.).
Tradução	livre	do	autor:	“Em	uma	palavra,	a	ideia	que	deve	servir	de	guia	para
saber	se	há	ou	não	identidade	de	objeto	é	a	seguinte:	decidindo	sobre	o	objeto	de
uma	demanda,	o	juiz	está	sujeito	a	contradizer	uma	decisão	anterior,	quer
afirmando	um	direito	negado,quer	negando	um	direito	afirmadopela	decisão
precedente?	Se	o	juiz	não	pode	julgar	senão	supondo-se	aquela	contradição,	há
identidade	de	objeto,	e	(portanto)	coisa	julgada”.
Para	Lacombe	Eugène,	“Lorsque,	tous	les	autres	éléments	des	deux	instances
étant	d’ailleurs	identiques,	la	seconde	demande	ne	diffère	de	la	première	que	par
le	choix	d’une	action	différente	pour	arriver	au	même	but,	l’exception	(de	la
chose	jugée)	ne	cesse	pas	d’être	applicable”	(op.	cit.).
Tradução	livre	do	autor:	“Quando	todos	os	outros	elementos	das	duas	instâncias
são	de	certo	modo	idênticos,	a	segunda	demanda	não	difere	da	primeira	senão
pela	escolha	de	uma	ação	diferente	para	chegar	ao	mesmo	fim,	a	exceção	de
coisa	julgada	não	cessa	de	ser	aplicável”.
Nota—	A	Constituição	Federal	de	1967	que	compete	ao	Supremo	Tribunal
Federal	estava	assim	redigida:
“Art.	119	(...)
(...)
III	—	Julgar,	mediante	recurso	extraordinário,	as	causas	decididas	em	única	ou
última	instância	por	outros	tribunais,	quando	a	decisão	recorrida:
(...)
d)	Dar	à	lei	federal	interpretação	divergente	da	que	lhe	tenha	dado	outro	tribunal
ou	o	próprio	Supremo	Tribunal	Federal”.
No	caso	de	recurso	extraordinário,	é	necessário	que	a	advogada	demonstre	que,	a
fatos	iguais	aplicou-se	diferentemente	uma	mesma	lei	federal,	para	tanto
invocando	um	acórdão	do	Tribunal	Regional	ou	do	Supremo	Tribunal	Federal.	O
raciocínio	consiste	na	aplicação	do	princípio	lógico.
O	fato	A	é	igual	sob	certo	aspecto	ao	fato	B.	Se	se	aplicou	a	A	a	lei	C,	pela
mesma	razão	deve-se	aplicar	a	B.
Observa-se	que	o	Código	Tributário	Nacional	vale-se	do	Princípio	de	Identidade
no	seu	art.	42,	estabelecendo	“que	a	natureza	específica	do	tributo	é	determinada
pelo	fato	gerador	e	não	pela	denominação”.	E	o	princípio	de	A	é	A:Tributo	é
Tributo	qualquer	que	seja	a	sua	denominação.
OS	CINCO	PRINCÍPIOS	DE	LÓGICA	JURÍDICA
A	Lógica	Jurídica	aplica	os	princípios	lógicos	de	maneira	teórica.	Ainda	que	este
trabalho	não	tenha	a	pretensão	de	invadir	o	campo	da	Lógica	jurídica,	cremos	ser
de	utilidade	prática	apontar	os	conceitos	dos	cinco	princípios	que	se	seguem,
extraídos	da	obra	La	lógica	jurídica,	de	Eduardo	Garcia	Máynez:
1~	Princípio	de	identidade	—	Todo	objeto	do	conhecimento	jurídico	é	idêntico	a
si	mesmo.	O	que	não	está	proibido	é	permitido.	Se	se	tivesse	o	direito	de	fazer	o
que	está	proibido	(juridicamente),	a	mesma	ação	seria	ao	mesmo	tempo
permitida	e	proibida,	o	que	seria	contradição;	por	outro	lado,	o	que	se	não	proíbe
é	permitido.
2°	Princípio	de	contradição	—	Duas	normas	de	Direito	contraditórias	não	podem
ambas	ser	válidas.	A	circunstância	de	existirem	num	ordenamento	jurídico
prescrições	contraditórias	não	destrói	o	princípio,	porque	no	plano	da	Lógica	se
trata	do	possível	e	do	impossível.	Assim	sendo,	como	a	contradição	lógica
refere-se	exclusivamente	a	juízos,	o	principium	contradictioni	no	Direito	refere-
se	exclusivamente	às	normas.	A	contradição	geralmente	é	afastada	pela
aplicação	da	regra:	lex	posteriori	derrogai	priori	(veja	LINDB).
3°	Princípio	do	terceiro	excluído	—	Quando	duas	normas	de	Direito	se
contradizem	não	podem	ambas	carecer	de	validez,	uma	tem	de	ser	válida,	outra
sem	validade.
4~	Princípio	da	razão	suficiente	—	Todo	juízo	para	ser	verdadeiro	precisa	de
uma	razão	suficiente.	A	razão	é	suficiente	quando	basta	por	si	só	para	servir	de
apoio	completo	ao	juízo,	a	fim	de	torná-lo	plenamente	verdadeiro.	Leibniz
ensina	que	“todas	as	coisas	devem	ter	uma	razão	suficiente	pela	qual	são	o	que
são	e	não	são	outra	coisa”.	Em	Direito	toda	norma	para	ser	válida	necessita	de
um	fundamento	suficiente	de	validez.	Esse	fundamento	é	o	apoio	em	norma
hierárquica	superior.
5~	Princípio	da	causalidade	—	Todo	evento	é	precedido	de	outro	evento,	isto	é,
a	todo	evento	corresponde	um	antecedente.	E	a	lei	ou	Princípio	da	Causalidade,
que	assim	se	enuncia:	“A	todo	evento	corresponde	um	evento	anterior,	ao	qual
está	ligado	de	tal	maneira	que	se	um	ocorre	o	outro	se	verifica,	se	um	falta	o
outro	não	se	verifica”.	Do	princípio	da	causalidade	seguem-se	duas
consequências:	Primeira	-	Desaparecida	a	causa	desaparece	o	efeito.	Essa
consequência	se	expressa	pelos	seguintes	brocardos	encontradiços	na	linguagem
do	foro:	Sublata	causa	tollitur	effectus	e	Cessante	causa,	cessat	effectus.	Esta
consequência	se	aplica	à	vigência	da	lei	e	seus	efeitos.
Segunda	-	Todo	objeto	que	não	pode	ser	afastado	sem	que	o	efeito	cesse,	deve
ser	considerado	como	causa	ou	parte	da	causa.
SÚMULA
Os	quatro	Princípios	lógicos:
Ia	O	princípio	de	identidade	-	Parmênides:	o	que	é,	é	-	o	que	não	é,	não	é.
2a	O	princípio	de	contradição:	uma	coisa	não	pode	ser	e	deixar	de	ser	ao	mesmo
tempo.
3a	O	princípio	da	exclusão	do	meio:	de	duas	coisas	contraditórias,	uma	deve	ser
verdadeira	e	a	outra	deve	ser	falsa.
4a	O	princípio	da	tríplice	identidade:	“duas	coisas	idênticas	a	uma	mesma
terceira	(coisa)	são	idênticas	entre	si”.
Os	princípios:	dictum	de	omni	e	dictum	de	nullo:
Dictum	de	omni:	tudo	o	que	é	afirmado	universalmente	de	um	sujeito,	é
afirmado	de	tudo	o	que	está	contido	nesse	sujeito.
Dictum	de	nullo:	tudo	o	que	é	negado	universalmente	de	um	sujeito,	é	negado	de
tudo	o	que	está	contido	nesse	sujeito.
Princípios	lógicos:	aplicação	na	advocacia:
O	entendimento	de	P.	Lacoste.
O	entendimento	de	Lacombe	Eugéne.
Os	cinco	princípios	de	lógica	jurídica:
Ia	O	princípio	de	identidade:	todo	objeto	do	conhecimento	jurídico	é	idêntico	a	si
mesmo.	O	que	não	está	proibido	é	permitido.
2a	O	Princípio	de	Contradição:	duas	normas	de	Direito	contraditórias	não	podem
ambas	ser	válidas.
3a	O	princípio	do	terceiro	excluído:	quando	duas	normas	de	Direito	se
contradizem,	não	podem	ambas	carecer	de	validez,	uma	tem	de	ser	válida,	outra
sem	validade.
4a	O	princípio	de	razão	suficiente	-	Leibniz:	“todas	as	coisas	devem	ter	uma
razão	suficiente	pela	qual	são	o	que	são,	e	não	são	outra	coisa”.	5a	O	princípio	da
causalidade:	todo	evento	é	precedido	de	outro	evento,	isto	é,	a	todo	evento
corresponde	um	antecedente.
EXERCÍCIOS
Assinale	as	sete	asserções	corretas:
1.				O	Princípio	de	Identidade	preceitua	que	A	é	A,	ou	seja,	uma	ideia
ou	conceito	é	igual	a	ele	mesmo,	pelo	menos	no	momento	em	que	se	está
realizando	o	pensamento.
2.				Na	linguagem	técnica	do	Direito	não	há	sinônimos	e	nem	exceções.
3.				Os	escolásticos	prescrevem	que	“antes	de	qualquer	discussão	dê-se
o	sentido	que	devem	ter	as	palavras	no	decorrer	dela”,	demonstrando	assim	a
importância	do	Princípio	de	Identidade.
4.				Os	três	primeiros	Princípios	do	Conhecimento	são:	Identidade,
Contradição	e	Inclusão	do	Meio.
5.				E.	Garcia	Máynez	entende	que	“todas	as	vezes	que	duas	pessoas	têm,
sobre	uma	mesma	coisa,	um	julgamento	contrário,	um	dos	dois	está	com	a
verdade,	e	poderia	expor	a	seu	adversário	de	tal	maneira	que	ele	acabaria	se
convencendo”.
6.				O	Princípio	do	Terceiro	Excluído	indica	qual	é	o	juízo	verdadeiro	e
nega	que	dois	juízos	contraditórios	não	podem	ser	falsos	ao	mesmo	tempo.
7.				O	Princípio	da	Tríplice	Identidade	tem	aplicação	em	Direito,	e	é
enunciado	desta	forma:	duas	coisas	iguais	a	uma	terceira,	sob	certo	aspecto,	são
iguais	entre	si,	sob	esse	mesmo	aspecto.
8.				“Tudo	o	que	é	verdadeiro	de	uma	classe	inteira	de	objetos,	é	ver
dadeiro	de	todos	os	objetos	pertencentes	a	essa	classe”.	Trata-se	do	enunciado	do
dadeiro	de	todos	os	objetos	pertencentes	a	essa	classe”.	Trata-se	do	enunciado	do
Princípio	dictum	de	omni.
9.				“Tudo	que	é	negado	universalmente	de	um	sujeito	é	negado	de
tudo	o	que	está	contido	nesse	sujeito”.Trata-se	do	enunciado	do	Princípio	dictum
de	omni.
10.				Na	afirmativa	a	seguir,	há	um	conceito	de	Lógica	Jurídica:	“Se	se	tivesse	o
direito	de	fazer	o	que	está	proibido	(juridicamente),	a	mesma	ação	seria	ao
mesmo	tempo	permitida	e	proibida”.
11.				Definindo	de	modo	elementar,	necessário	é	o	que	sempre	acontece,	e
contingente	o	que	pode	acontecer	ou	não.
12.				Segundo	o	Princípio	do	Terceiro	Incluído,	quando	duas	normas	de	Direito
se	contradizem,	ambas	podem	ser	váfidas	ou	inváfidas.
13.				O	Princípio	da	Tríplice	Identidadeafirma:	duas	coisas	das	quais	uma	é
idêntica,	e	a	outra	não	é	idêntica	à	primeira	coisa,	são	iguais	entre	si.
14.				De	acordo	com	o	Princípio	de	Razão	Suficiente,	em	Direito	toda	norma
para	ser	váfida	necessita	de	um	fundamento	suficiente	de	vaHdez.	Esse
fundamento	é	o	apoio	em	norma	hierárquica	superior.
15.				Uma	das	consequências	do	Princípio	da	Causahdade	é:	todo	objeto	que
pode	ser	afastado	sem	que	o	efeito	cesse	deve	ser	considerado	como	causa	ou
parte	da	causa.
Capítulo	V
Definição:	Nominal	e	Real	-Leis	de
Definição:	Gredt
“Omnis	definitio	periculosa	est	in	Jure”	(Javolenus).
DEFINIR	-	LIMITAR
Seria	impossível	estudar	Direito	sem	saber	o	que	é	posse,	propriedade,
parentesco	e	tantos	outros	conceitos.	O	conjunto	de	termos	técnicos	pertencentes
ao	Direito	denomina-se	Terminologia	Jurídica	e,	para	estudar	Direito,	é	preciso
saber	a	significação	de	seus	termos	para	não	confundir	um	termo	com	outro.
Essa	é	a	forma	de	proceder	que	possibilita	o	estudo	do	Direito,	ou	de	qualquer
outra	ciência.
Para	Aristóteles:	“Mesmo	fora	do	âmbito	da	ciência	a	única	forma	possível	de
entendimento	entre	os	homens	é	a	aplicação	de	uma	palavra	por	meio	de	outras
palavras”	(op.	cit.).
Para	Sinibaldi,	definir	é	“dizer	o	que	uma	coisa	é,	ou	uma	palavra	significa”	(op.
cit.).
Para	J.	Maritain,	“definição	é	um	conceito	complexo	que	expõe	o	que	uma	coisa
é,	ou	o	que	um	nome	significa”	(op.	cit.).
Definir	é	limitar.	Limitar	o	quê?	Limitar	a	extensão	de	um	termo.	Para	quê?	Para
torná-lo	distinto	de	todos	os	demais	termos.	Observe	o	exemplo:
O	homem	é	um	animal	racional	—	limitei	o	termo	homem	com	o	termo	animal,
porque	já	excluí	vegetal	e	mineral.	E	também	limitei	o	termo	animal	com	o
termo	racional.	Assim,	consegui	tornar	o	termo	—	homem	—	único	entre	os
demais	termos,	sem	risco	de	confundi-lo	com	qualquer	outro	termo.	Observe
que,	ao	limitar	a	extensão	do	termo,	sua	compreensão	ficará	aumentada.
E	indiscutível	a	importância	da	definição	em	todas	as	ciências.	Verificamos	que
as	definições	são	comuns	no	Código	Civil	e	mais	raras	no	Código	de	Processo
Civil,	uma	vez	que	o	Direito	Civil,	como	direito	material,	estabelece	os
conceitos	e	o	Código	de	Processo	Civil	tem	caráter	mais	formal.
São	quatro	exemplos	de	Definição	no	Código	Civil:
d)	Art.	79.	“São	bens	imóveis	o	solo	e	tudo	quanto	se	lhe	incorporar	natural	ou
artificialmente”.
b)				Art.	92.	“Principal	é	o	bem	que	existe	sobre	si,	abstrata	ou	concretamente;
acessório,	aquele	cuja	existência	supõe	a	do	principal”.
c)				Art.	1.201.	“E	de	boa-fé	a	posse,	se	o	possuidor	ignora	o	vício,	ou	o
obstáculo	que	impede	a	aquisição	da	coisa”.
d)				Art.	1.591.	“São	parentes	em	Unha	reta	as	pessoas	que	estão	uma	para	com
as	outras	na	relação	de	ascendentes	e	descendentes”.
Ver	também	os	arts.	82,	85,	86,	89,114,121,139,	586,710,818,
1.196,1.198,1.225,1.592,1.858,	entre	inúmeros	outros.
São	quatro	exemplos	de	Definição	no	Código	de	Processo	Civil:
a)				Art.	103.	“Reputam-se	conexas	duas	ou	mais	ações,	quando	lhes	for	comum
o	objeto	ou	a	causa	de	pedir”.
b)				Art.	234.	“Intimação	é	o	ato	pelo	qual	se	dá	ciência	a	alguém	dos	atos	e
termos	do	processo,	para	que	faça	ou	deixe	de	fazer	alguma	coisa”.
c)				Art.	369.“Reputa-se	autêntico	o	documento,	quando	o	tabeUão	reconhecer	a
firma	do	signatário,	declarando	que	foi	aposta	em	sua	presença”.
d)				Art.	467.	“Denomina-se	coisa	julgada	material	a	eficácia,	que	torna
imutável	e	indiscutível	a	sentença,	não	mais	sujeita	a	recurso	ordinário	ou
extraordinário”.
Ver	também	os	arts.	54,	104,	213,	748,	852,	967,	1.020,	entre	inúmeros	outros.
DIVISÃO	DA	DEFINIÇÃO:	NOMINAL	E	REAL
A	definição	nominal	de	nomen	(=	nome)	fixa	o	emprego	de	uma	palavra
recorrendo	a	outras	palavras.
A	definição	Nominal	pode	ser:
I				-	Semântica.
II				-	Etimológica.
I				—	A	Dejinição	Nominal	Semântica	explica	ou	esclarece	a	significação	atual
de	uma	palavra	por	meio	de	outras	palavras	mais	claras.	São	dois	exemplos	do
Código	Civil:
a)				Art.	1.592.	“São	parentes	em	linha	colateral	ou	transversal,	até	o	quarto
grau,	as	pessoas	provenientes	de	um	só	tronco,	sem	descenderem	uma	da	outra.”
b)				Art.	89.	“São	singulares	os	bens	que,	embora	reunidos,	se	consideram	de	per
si,	independentemente	dos	demais.”
II				—	A	Definição	Nominal	Etimológica	procura	a	origem	(étimo)	da	palavra.
São	dois	exemplos:
a)				Filosofia	-	amor	à	sabedoria	(de	filo	=	amor,	amigo	e	sofia	=	sabedoria).
b)				Ontem	(ante	—	diem).
Como	as	palavras	mudam	de	significação,	muitas	vezes	a	definição	etimológica
não	é	exata	como	a	definição	semântica,	e	isso	ocorre	porque	a	definição
semântica	acompanha	a	evolução	gradual	das	palavras.	São	dois	exemplos:
a)				Direito	-	o	que	está	à	direita.
b)				Adúltero	—	alterado,	que	altera	(Dauzat,	op.	cit.).
Em	Direito,	o	conhecimento	da	etimologia	dos	termos	colabora	no	seu
significado,	isso	porque	grande	parte	da	terminologia	do	Direito	vem	do	Direito
Romano,	escrito	em	Latim.	São	cinco	exemplos:
a)	Jurisdição	—	dictio	=	dizer	e	juris	=	direito	—	dizer	o	direito	(CPC,	art.	Ia).
b)				Usucapião	—	usucapere:	capere	=	tomar,	e	usus	=	uso	—	tomar	ou	adquirir
pelo	uso	(CC,	art.	1.238).
c)				Nunciação	de	obra	nova	—	nuntitio	=	declaração,	nutiare	=	declarar,
anunciar.	Ulpiano:	nunciare	opus	novum	=	embargar	obra	nova.	(CPC,	arts.	934
e	s.).
d)				Nuncupativo	—	de	nuncupare	=	nomear	de	viva	voz.Veja	casamento
nuncupativo	(CC,	art.	1.540)	e	testamento	(CC,	art.	1.886).
e)				Fideicomisso	—	de	fidei	=	fé	e	commitere	=	cometer,	entregar.	Veja	o	art.
1.951	do	Código	Civil,	entre	outros.
A	definição	real	de	res	(=	coisa).	A	definição	real	pode	ser:
I				-	Essencial.
II				—	Descritiva.
I	-	A	Definição	Real	Essencial	se	faz	pelo	gênero	próximo	e	a	diferença
específica.	Entende-se	a	diferença	específica	como	uma	propriedade,	ou	um
traço	que	distingue	um	determinado	conceito	de	outros	conceitos	semelhantes,
ou	da	mesma	classe.	Por	exemplo:	O	homem	é	um	animal	racional.	Observe	que
foi	tomado	o	gênero	—	animal	—	e	a	diferença	—	racional.	São	três	exemplos
no	Código	de	Processo	Civil:
a)	Art.	213.	“Citação	é	o	ato	pelo	qual	se	chama	ajuízo	o	réu	ou	interessado	a	fim
de	defender-se.”	Verifica-se	que	o	gênero	ato	é	a	característica	que	torna	esse
determinado	ato	(citação)	diferente	de	todos	os	outros	atos	imagináveis	(trata-se
da	diferença	específica).
h)	Art.	234.“Intimação	é	o	ato	pelo	qual	se	dá	ciência	a	alguém	dos	atos	e	termos
do	processo,	para	que	faça	ou	deixe	de	fazer	alguma	coisa.”
c)	Art.	467.	“Denomina-se	coisa	julgada	material	a	eficácia,	que	torna	imutável	e
indiscutível	a	sentença,	não	mais	sujeita	a	recurso	ordinário	ou	extraordinário.”
Ver	também	os	artigos	do	Código	de	Processo	Civil:	54,104,369,	entre	inúmeros
outros.
Ver	também	os	artigos	do	Código	Civil:	79,	85,	86,	87,89,	92,
586,710,818,1.198	e	1.200,	entre	outros.
11-A	Definição	Real	Descritiva	se	faz	pela	enumeração	dos	caracteres	mais
marcantes	de	uma	coisa,	na	falta	de	elementos	essenciais	que	são:	o	gênero
próximo	e	a	diferença	específica.	São	três	exemplos	do	Código	Civil:
a)				Art.	243.	“A	coisa	incerta	será	indicada,	ao	menos,	pelo	gênero	e	pela
quantidade.”
b)				Art.	394.	“Considera-se	em	mora	o	devedor	que	não	efetuar	o	pagamento	e
o	credor	que	não	quiser	recebê-lo	no	tempo,	lugar	e	forma	que	a	lei	ou	a
convenção	estabelecer.”
c)				Art.	1.200.	“E	justa	a	posse	que	não	for	violenta,	clandestina	ou	precária”.
Ver	também	os	artigos	do	Código	Civil:	121,122,156,157,186,
534,784,1.201,1.228	e	1.361,	entre	inúmeros	outros.
Ver	também	os	artigos	do	Código	de	Processo	Civil:	282,	317,	397,420,452,
entre	inúmeros	outros.
GREDT:	AS	CINCO	LEIS	DE	DEFINIÇÃO
Primeira	Lei:	“Dejinitio	sit	convertibilis	cum	definito	Tradução:	A	definição
deve	ser	convertida	ao	definido.
A	lei	acompanha	o	princípio	de	Aristóteles:	“Todo	predicado	de	um	sujeito	deve
necessariamente	ser	ou	não	ser	conversível	com	ele;	se	conversível	é	sua
definição”.
São	dois	exemplos	do	Código	Civil:
d)				Art.	586.“O	mútuo	é	o	empréstimo	de	coisas	fungíveis...”	Pode

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