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R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 430 U n id a d e E • R e p ro d u çã o e d e se n vo lv im e n to Estaquia A humanidade tem aproveitado a grande capacidade de regeneração das plantas para propagá- -las assexuadamente. Uma forma comum de propagação muito utilizada por agricultores e jardinei- ros é a estaquia, ou propagação por estacas. Estaca é um pedaço de caule retirado de uma planta adulta que, em certos casos, pode ser plantado diretamente no solo ou deixado por um período mergulhado em água, até formar raízes. Roseiras, por exemplo, são quase sempre multiplicadas por meio de estacas. Em certas plantas, até mesmo uma folha separada da planta original, em condições adequadas, pode formar raízes e originar assexuadamente novos indivíduos. Esse tipo de propagação é muito utilizado na agricultura e na produção de plantas ornamentais. (Fig. 17.4) Figura 17.4 A violeta-africana pode propagar-se a partir de uma única folha cujo pecíolo foi mergulhado em água durante alguns dias. A folha à direita, mais acima, teve o pecíolo mergulhado em uma solução aquosa de auxina, hormônio vegetal que estimula o enraizamento. A folha mais abaixo foi mergulhada apenas em água. 2 Reprodução sexuada A reprodução sexuada envolve fusão e mistura de material genético de duas células — os gametas —, originando descendentes que podem apresentar combinações variadas das carac- terísticas dos pais. Esse tipo de reprodução ocorre em quase todos os organismos eucarióticos, tanto nos unicelulares como nos pluricelulares. Além da perpetuação da espécie, a reprodução sexuada é importante porque promove a varia- bilidade genética da descendência. Enquanto os descendentes produzidos de modo assexuado são geneticamente idênticos entre si e ao genitor, os originados por reprodução sexuada são geralmente variados do ponto de vista genético. Produzir descendência variada constitui uma vantagem, pois aumenta a chance de haver indivíduos capazes de sobreviver e de se adaptar às diferentes condições, passando suas características adaptativas aos descendentes. Essa é a base da evolução biológica. A variabilidade genética resultante da reprodução sexuada ocorre devido às recombinações entre cromossomos maternos e paternos durante a meiose. Além de possibilitar a recombinação genética, a meiose leva à redução do número de cromossomos nas células gaméticas, compen- sando a “soma” de cromossomos que acontece durante a união dos gametas na fecundação. É exatamente essa compensação que permite manter constante o número de cromossomos das espécies ao longo das gerações. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 431 C a p ít u lo 1 7 • R e p ro d u çã o e c ic lo s d e v id a Seção 17.2 Tipos de ciclo de vida 1 O conceito de ciclo de vida Nos seres com reprodução sexuada, pode-se definir ciclo de vida como a série de alterações pelas quais passa um organismo, desde sua origem a partir da união de dois gametas (do grego gamos, casamento) até o momento em que ele próprio forma gametas, fechando o ciclo. Na espécie humana, por exemplo, o ciclo de vida tem início com a união do óvulo ma- terno e do espermatozoide paterno, originando o zigoto (do grego zygos, junção, união), ou célula-ovo, a primeira célula de cada pessoa. Quando adulta, a pessoa produz gametas e um deles, ao se unir a um gameta do parceiro de sexo oposto, origina uma nova pessoa. Em certas espécies, o indivíduo formado a partir da fusão de gametas não é aquele que completa o ciclo. Nas samambaias, por exemplo, o indiví- duo proveniente dos gametas é a planta que conhecemos e utilizamos para ornamentar nossas casas. Entretanto, essa planta não produz gametas e sim esporos; são estes que, ao germinar, dão origem a pequenas plantas formadoras de gametas, os prótalos, que fecham o ciclo de vida. É possível que você já tenha notado os prótalos, pequenas plantinhas folhosas que crescem geralmente aderidas aos vasos de samambaias. Os ciclos de vida podem ser haplobiontes ou diplobiontes. Nos ciclos ha- plobiontes (do grego haplos, único, bios, vida, e onte, ser), há apenas um tipo de organismo quanto à ploidia (número de conjuntos de cromossomos) das células; se o organismo for diploide, o ciclo haplobionte é chamado de diplon- te; se o organismo for haploide, o ciclo haplobionte é chamado de haplonte. Nos ciclos diplobiontes (do grego diplos, duplo), alternam-se organismos haploides e diploides. 2 Ciclo haplobionte diplonte Animais apresentam ciclo de vida haplobionte diplonte. Nesse tipo de ciclo, um novo ser surge pela fusão de dois gametas haploides, com formação do zigoto diploide. A divisão do zigoto por mitoses sucessivas leva à formação de um indivíduo diploide que, na maturidade, passará por meiose, produzindo gametas e fechando o ciclo. No ciclo haplobionte diplonte, a meiose ocorre, portanto, no processo de formação dos gametas, sendo por isso denominada meiose gaméti- ca. Na espécie humana, por exemplo, a meiose ocorre nos testículos dos homens, levando à formação dos espermatozoides, e nos ovários das mulheres, levando à formação dos óvulos. A união de um óvulo e de um espermatozoide resulta em um zigoto, que se desenvolve formando uma nova pessoa, diploide. Em algumas espécies, os dois gametas que se fundem para constituir o zigoto são morfologicamente indistinguíveis, apresentando tamanho e forma semelhantes. Nesse caso, fala-se em isogamia (do grego iso, igual, e gamos, casamento). Na maioria das espécies, no entanto, ocorre aniso- gamia (o prefixo grego a ou an significa negação), isto é, os gametas que se fundem diferem morfologicamente entre si. Objetivo❱❱❱❱ Conceituar ciclo de CCCCCCC vida e caracterizar os três tipos fundamentais de ciclo: haplobionte diplonte, haplobionte haplonte e diplobionte. Termos e conceitos❱❱❱❱ ciclo de vida• gameta• zigoto• haplobionte diplonte• haplobionte haplonte• diplobionte• R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 432 U n id a d e E • R e p ro d u çã o e d e se n vo lv im e n to 3 Ciclo haplobionte haplonte Grande parte dos fungos, alguns protozoários e algumas algas apresentam ciclo haplobionte haplonte. Nesse tipo de ciclo, os adultos são indivíduos haploides. Ao atingir a maturidade, os indivíduos haploides formam gametas por divisão mitótica de algumas de suas células; a união de dois gametas dá origem a um zigoto diploide, que imediatamente se divide por meiose e ori- gina células haploides, as quais se desenvolvem em novos indivíduos haploides, fechando o ciclo. Neste caso, como a meiose ocorre no zigoto, fala-se em meiose zigótica. No ciclo de vida da alga verde unicelular do gênero Chlamydomonas, por exemplo, as formas adultas são haploides e dotadas de dois flagelos para a natação. O próprio organismo atua como gameta, fundindo-se a outro e originando o zigoto diploide. Em seguida, o zigoto passa por meiose e dá origem a quatro células haploides, que ficam inicialmente contidas em um envoltório protetor, onde se desenvolvem. Essas células libertam-se do envoltório e cada uma constitui um novo indivíduo, que na maturidade repetirá o ciclo. (Fig. 17.6) Figura 17.5 A. Representação esquemática do ciclo de vida na espécie humana (haplobionte diplonte). A meiose é gamética e só há um tipo de indivíduo quanto à ploidia: homens e mulheres são diploides. B. Representação esquemática desse tipo de ciclo. O símbolo R! representa a meiose, processo em que ocorre redução da ploidia, isto é, do número de cromossomos. (Imagens sem escala, cores-fantasia.) Homem (2n) Mulher (2n) Espermatozoide (n) Óvulo (n) Novo ser humano (2n)Ciclo haplobionte diplonte Indivíduo diploide (2n) Zigoto (2n) R! Meiose gamética Gametas (n) Fecundação Primeiras células embrionárias (2n) Embrião (2n) FEcuNdação A B Na anisogamia, o gameta masculino quase sempre é uma célula pequena, que se movimenta ativamente, enquanto o gameta feminino é uma célula muito maior, sem mobilidade própria. (Fig. 17.5)
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