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R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 344 U n id a d e C • Ec o lo g ia Produtividade secundária líquida A produtividade secundária líquida (PSL) é a quantidade de matéria orgânica armazenada no corpo de um animal herbívoro em determinado intervalo de tempo; ela corresponde à quanti- dade de energia que o herbívoro conseguiu absorver dos alimentos que ingeriu, já subtraído de seu valor o que é gasto para a manutenção de seu metabolismo. Por exemplo, com uma tonelada de feno, pode-se alimentar um bezerro ou trezentos coelhos. A quantidade de carne produzida a partir desse feno será a mesma, mas os coelhos estarão prontos para o abate em 30 dias, enquanto o bezerro precisará de 120 dias. Assim, a PSL dos coelhos é quatro vezes maior que a dos bezerros. (Fig. 14.8) Figura 14.8 A produtividade secundária líquida (PSL) de coelhos é cerca de quatro vezes maior que a de gado bovino. O cálculo de produtividade leva em conta que, com a mesma quantidade de alimento, coelhos ficam prontos para o abate em um quarto do tempo daquele que é necessário ao gado. (Baseado em Phillipson, J., 1977.) C1 P C2 C3 Perdas devidas à respiração (R)Produtividade terciária líquida (PTL) Produtividade secundária líquida (PSL) Produtividade primária líquida (PPL) Produtividade primária bruta (PPB) Feno Feno 1 BEZERRO 300 COELHOS 500 kg Massa corporal 500 kg 8,3 kg Consumo diário de feno 33,3 kg 120 dias Duração do feno 30 dias 0,9 kg Ganho de massa por dia 3,6 kg 109 kg Ganho de massa com 1 t de feno 109 kg 20.000 kcal Perda diária de calor 80.000 kcal A Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Animação: Cadeia alimentar e ciclo dos elementos, veja aba Fluxo de energia na cadeia alimentar A explicação para a maior produtividade das algas é que nelas não há, como nas plantas, tecidos não produtivos, isto é, tecidos que não fazem fotossíntese, como a madeira, as fibras etc. Por terem ciclo de vida curto, as algas reciclam a energia com mais rapidez, sem acúmulo de biomassa. Já em uma floresta, grande parte da energia absorvida na fotossínte- se fica armazenada na madeira das árvores, constituindo uma biomassa improdutiva e de longa duração. (Fig. 14.7) C B Figura 14.7 A. Pirâmide que mostra a relação entre energia e produtividade. A produtividade primária líquida é relativamente maior nos ecossistemas marinhos que nos de terra firme. Isso ocorre porque os produtores do fitoplâncton (B) têm crescimento rápido e acumulam pouca matéria orgânica em seus corpos (micrografia ao microscópio óptico, aumento 50). Em uma floresta (C) ocorre o inverso: as árvores crescem lentamente e acumulam muita matéria orgânica em seus troncos. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 345 C a p ít u lo 1 4 • En e rg ia e m at é ri a n o s e co ss is te m a s Seção 14.2 Ciclos biogeoquímicos Com a morte dos organismos ou a perda de partes de seu corpo, sua matéria orgânica é degradada e os átomos que a constituíam retornam ao ambiente, onde poderão ser incorporados por outros seres vivos. Uma vez que os átomos dos diversos elementos químicos que faziam parte de seres vivos voltam ao ambiente não vivo, ocorre o que se denomina ciclo biogeoquímico (do grego bios, vida, e geo, Terra). Essa terminologia visa ressaltar o fato de que os elementos químicos circulam entre os seres vivos (biosfera) e o planeta (atmosfera, hidrosfera e litosfera). Se não houvesse o reaproveitamento da matéria dos cadáveres, logo os átomos de alguns dos elementos químicos fundamentais para a constitui- ção de novos seres vivos se tornariam escassos e a vida se extinguiria. O processo de reciclagem dos átomos na natureza é realizado princi- palmente por certos fungos e bactérias decompositores. Nutrindo-se dos cadáveres e das fezes dos mais diversos seres vivos, os decompositores promovem sua degradação, transformando as moléculas de substâncias orgânicas em moléculas mais simples, que passam para o ambiente não vivo e podem ser reaproveitadas por outros seres vivos como matéria-prima para a síntese de suas substâncias orgânicas. 1 Ciclo da água A água é importante por estar associada aos processos metabólicos de todos os seres vivos. As diversas formas da água do planeta relacionam-se entre si por meio dos processos de evaporação, precipitação, infiltração e escoamento, num movimento cíclico que se denomina ciclo da água. O ciclo da água pode ser considerado sob dois aspectos: o pequeno ciclo (ciclo curto) e o grande ciclo (ciclo longo). O pequeno ciclo da água é aquele do qual não participam os seres vivos. Nele, a água dos oceanos, dos lagos, dos rios, das geleiras e mesmo a água embebida no solo evapora, passando à forma gasosa. Nas camadas mais altas da atmosfera, o vapor de água condensa-se formando nuvens, das quais se originam as chuvas que se precipitam sobre o solo. Com as chuvas, a água retorna à superfície terrestre, completando o ciclo. Desde o passado, esse movimento das águas vem contribuindo para tornar o ambiente da Terra favorável à vida como a conhecemos. O grande ciclo da água é aquele do qual participam os seres vivos. Por exemplo, em um ecossistema de terra firme, as plantas absorvem, por meio de suas raízes, a água infiltrada no solo. A água absorvida, além de ser solvente e reagente em diversas reações químicas intracelulares, é uma das matérias-primas da fotossíntese — processo em que os átomos de hidrogênio da água são usados para a síntese de glicídios e seus átomos de oxigênio unidos dois a dois, formando o gás oxigênio (O2), que é liberado para a atmosfera. Em seu processo de respiração, as plantas degradam moléculas orgânicas que fabricaram, obtendo energia e liberando gás carbônico e água para o meio. As plantas perdem água continuamente por transpiração, principalmen- te durante o dia, quando seus estômatos estão abertos. A transpiração é essencial para que a água absorvida pelas raízes seja conduzida até as folhas, nas quais ocorre a fotossíntese. A liberação da água na forma de vapor pelos estômatos não apenas resfria a planta como também contribui para a manutenção de um grau de umidade do ar favorável à vida. A água também participa de muitos processos do metabolismo animal. Animais obtêm água bebendo-a ou ingerindo-a em alimentos, porém, estão continuamente perdendo água do corpo na urina, nas fezes e por meio da transpiração. Objetivos❱❱❱❱ Reconhecer o CCCCCCC comportamento cíclico dos elementos químicos que constituem as substâncias orgânicas e representar, por meio de esquemas, as etapas fundamentais dos ciclos biogeoquímicos da água, do carbono, do nitrogênio, do oxigênio e do fósforo. Compreender CCCCCCC o princípio e a importância da adubação verde, da plantação consorciada e da rotação de culturas para o plantio e para a produção de alimentos. Compreender como CCCCCCC se origina a camada de ozônio na atmosfera e reconhecer sua importância na filtração da radiação ultravioleta (UV) solar, protegendo, assim, os seres vivos de seus efeitos prejudiciais. Termos e conceitos❱❱❱❱ ciclo biogeoquímico• ciclo da água• ciclo do carbono• combustível fóssil• ciclo do nitrogênio• nitrificação• desnitrificação• adubação verde• ciclo do oxigênio• camada de ozônio• ciclo do fósforo• R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 346 U n id a d e C • Ec o lo g ia 2 Ciclo do carbono O carbono é um elemento químico importante porque participa da composição química de todos os compostos orgânicos. O percurso que esse elemento químico realiza no ambiente e nos seres vivos é denominado ciclo do carbono.Para fins didáticos, vamos considerar como o início do ciclo a passagem de átomos de carbono presentes em moléculas de gás carbônico (CO2) para as moléculas de substâncias orgânicas dos seres vivos. Isso acontece quando o gás carbônico do ambiente é captado pelos seres autotróficos e seus átomos são utilizados na síntese de moléculas orgânicas. Como já mencionamos, parte substancial das moléculas orgânicas produzidas na fotossíntese é degradada pelo próprio organismo fotossintetizante, por meio da respiração celular, para a obtenção da energia necessária a seu metabolismo. Nesse processo, o carbono é devolvido ao ambiente na forma de CO2. O restante da matéria orgânica produzida na fotossíntese passa a constituir a biomassa dos produtores. O carbono da biomassa dos produtores pode ter dois destinos: ser restituído ao ambiente na forma de CO2, o que ocorre com a morte do organismo produtor e a consequente degradação de sua matéria orgânica pelos decompositores, ou ser transferido aos animais herbívoros, o que se dá quando estes se alimentam dos produtores. Nos herbívoros, como vimos, a maior parte da energia contida no alimento ingerido não é absorvida, mas eliminada nas fezes, que também sofrem a ação dos decompositores. Das substâncias orgânicas incorporadas por um herbívoro, grande parte é degradada na res- piração celular para fornecer energia metabólica às células, enquanto outra parte é empregada na síntese de substâncias orgânicas. No processo de respiração celular, o carbono é liberado para o meio na forma de CO2. A outra parte das substâncias alimentares incorporadas passa a constituir a biomassa do herbívoro. Se o herbívoro for comido por um carnívoro, este incorpora parte de sua biomassa; o que não é incorporado é eliminado como fezes e sofre a ação dos decompositores. Assim, o carbono originalmente captado na fotossíntese vai passando de um nível trófico para outro e, ao mesmo tempo, retornando aos poucos à atmosfera, como resultado da respiração dos próprios organis- mos e da ação dos decompositores, que atuam em todos os níveis tróficos. (Fig. 14.10) Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Animação: Cadeia alimentar e ciclo dos elementos, veja aba Ciclo dos elementos, botão Ciclo da água Atmosfera Nuvens Movimento das nuvens GRANDE CICLO Condensação (chuva) Lago Mar PEQUENO CICLO Condensação (chuva) Transpiração e respiração de plantas e animais Evaporação Praia Rio Água infiltrada no solo Incorporação nos seres vivos Figura 14.9 Representação esquemática do ciclo da água na natureza. (Imagem sem escala, cores-fantasia.) Parte da água que as plantas e os animais absorvem é utilizada na síntese de outras subs- tâncias, ficando incorporada nos tecidos animais ou vegetais até sua morte, quando é devolvida ao ambiente pela ação dos decompositores. (Fig. 14.9)
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