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Bullying e Cyberbullying

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Capítulo 4
Bullying e 
cyberbullying
Provavelmente, você já ouviu falar sobre bullying e cyberbullying, 
principalmente a partir da década de 2010, quando esses termos co-
meçaram a ser usados com mais frequência. No entanto, talvez você 
não tenha a dimensão da extensão desse fenômeno na sociedade e, 
particularmente, no ambiente escolar.
Por isso, neste capítulo, serão apresentados os conceitos de bullying 
e cyberbullying e as suas formas de manifestação. Será possível en-
tender qual o perfil dos praticantes de bullying e das vítimas, além de 
compreender as consequências dessas ações e identificar o papel da 
escola na conscientização, na prevenção e no seu combate, conhecen-
do o papel da Lei no 13.185/2015 na implementação do Programa de 
Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) nas escolas.
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1 Definição de bullying e cyberbullying
A violência tem sido uma das principais causas de traumas físicos 
e psicológicos em crianças e adolescentes em diferentes contextos e 
espaços de ensino. As estatísticas mostram que esse fenômeno ocorre 
desde os anos iniciais do ensino fundamental, perpassando outras eta-
pas e modalidades de ensino, inclusive a educação profissional. 
De acordo com os dados do Programa Internacional de Avaliação 
de Estudantes (PISA) de 2015, um em cada dez estudantes no Brasil foi 
vítima de bullying (BRASIL, 2016). O espaço escolar é o ambiente social 
em que mais ocorre esse fenômeno, mas não é o único. Ele ocorre tam-
bém em outros espaços, e não se restringe a uma determinada clas-
se social e a uma faixa etária ou um gênero específicos. Literalmente, 
a palavra “bullying” não pode ser traduzida para a língua portuguesa. 
Segundo Lisboa, Braga e Ebert (2009),
bully é o termo, em inglês, para “valentão” e bullying pode ser tra-
duzido por “intimidação”, o que reduz a complexidade do fenôme-
no a uma das suas múltiplas formas de manifestação, ou seja, a 
um comportamento de ameaças e intimidações. (LISBOA; BRAGA; 
EBERT, 2009, p. 60)
O bullying ocorre em espaços coletivos, portanto, é um fenômeno 
social. Além disso, pode se manifestar de forma direta ou indireta. Na 
forma direta, ele ocorre por meio de agressões físicas e verbais e danos 
materiais e verbais/psicológicos, quando ocorrem insultos, apelidos ou 
ridicularizações. Na forma indireta, ou bullying relacional, é caracteriza-
do por indiferença, isolamento e exclusão. Apesar dessas maneiras, a 
violência física é a que mais chama a atenção, devido à sua consequên-
cia ser mais imediata.
Em ambos os casos, o bullying ocorre de forma repetitiva em uma 
relação desigual de poder, cujo objetivo principal é o de ferir e depre-
ciar o outro. 
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Em um estudo realizado por Lopes Neto (2005), constatou-se que o 
bullying praticado de forma direta é mais comum entre os meninos, já 
o indireto é praticado com maior frequência entre as meninas. Contudo, 
no computo geral, o bullying é majoritariamente praticado por meninos, 
invariavelmente ocorre fora da visão dos adultos, e a maioria das vítimas 
não tem forças para reagir às agressões, tampouco para falar a respeito.
Os estudos sobre o bullying, como “Bullying: comportamento agres-
sivo entre estudantes”, de Aramis A. Lopes Neto (2005), “As implica-
ções do bullying na autoestima de adolescentes”, de Cláudia de Moraes 
Bandeira e Claudio Simon Hutz (2010), e “Do bullying ao preconceito: 
os desafios da barbárie à educação”, de Deborah Christina Antunes e 
Antônio Álvaro Soares Zuin (2008), entre outros, indicam algumas carac-
terísticas comuns das pessoas que sofrem com esse tipo de agressão. 
De modo geral, são pessoas inseguras, solitárias, ansiosas, passi-
vas, com baixa autoestima ou que apresentam alguma característica 
que possa causar estranhamento ao agressor, por exemplo, o fato 
de a pessoa ser obesa, muito magra ou usar óculos ou algum tipo de 
aparelho. Vale dizer que muitas pessoas são vítimas de bullying por 
causa da tonalidade da sua pele, pelo seu tipo de cabelo e pela sua 
origem.
IMPORTANTE 
Segundo Lopes Neto (2005),
considera-se alvo o aluno exposto, de forma repetida e 
durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por 
um ou mais alunos. Entende-se por ações negativas as 
situações em que alguém, de forma intencional e repetida, 
causa dano, fere ou incomoda outra pessoa. (LOPES NETO, 
2005, p. 167)
Em outras palavras, as vítimas de bullying apresentam muitas ca-
racterísticas em comum quando comparadas e, de forma geral, são 
identificadas como pessoas inseguras, por isso, mais vulneráveis.
 
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No processo de vitimização causado pelo bullying, as vítimas podem 
ser classificadas conforme apresentado na figura 1.
Figura 1 – Classificação das vítimas de bullying
VÍTIMAS PASSIVAS
Geralmente são pessoas mais 
inseguras, ansiosas e solitárias 
dentro do grupo social.
VÍTIMAS PROVOCADORAS
Agem de forma impulsiva 
dentro do grupo, atraindo 
reações agressivas contra si.
VÍTIMAS AGRESSORAS
Passam da condição de 
agredidas para a de agressoras.
Nesse universo, há aqueles se solidarizam com a vítima e, de alguma 
maneira, tentam protegê-la, há aqueles que são meros espectadores, 
que aplaudem a violência, sendo coniventes com o agressor, e há aque-
les que só observam, sem nada fazer, e se calam.
O autor do bullying tem a necessidade de mostrar seu poder por 
meio da diminuição de outra pessoa, identificando as suas fragilidades, 
e, a partir daí, passa a agredi-la. É alguém que, muitas vezes, tenta des-
truir o outro para ser aceito pelo grupo, e suas agressões ocorrem sem 
nenhuma motivação, ou seja, não existe, pelo lado da vítima, qualquer 
tipo de provocação.
Como apresentado, o bullying pode ocorrer de diferentes formas e 
em diversos espaços, inclusive virtualmente. Com os avanços na tecno-
logia da informação e comunicação (TIC), tem sido cada vez mais co-
mum a presença de um número maior de pessoas nos espaços virtuais 
ou ciberespaços. Diante dessa nova realidade em que aparentemente 
prevalece um certo anonimato, algumas pessoas se aproveitam dos 
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recursos tecnológicos para realizar ataques, difamações e intimidações 
a outras pessoas, caracterizando-se, assim, como uma nova expressão 
ou continuidade do bullying, o cyberbullying.
O cyberbullying, diferentemente do bullying, não se manifesta dentro 
de uma relação desigual de poder e independe de idade, estatura e força 
física, ou ainda do apoio de umgrupo. Dessa forma, não são necessá-
rios, ao praticante de cyberbullying, um conjunto de atributos físicos e a 
conivência de um grupo, visto que ele ocorre no mundo virtual e que, por 
isso, mobiliza outras habilidades. Segundo Amado et al. (2009),
o cyberbullying constitui uma nova expressão do bullying, enquan-
to agressão, ameaça e provocação de desconforto, premeditadas 
e repetidas, realizadas com recurso a dispositivos tecnológicos de 
comunicação, tais como o e-mail, o chat, o blogue, o telemóvel, etc., 
contra uma vítima de estatuto semelhante mas que tem dificulda-
de em defender-se. (AMADO et al., 2009, p. 303)
Conforme mencionado, a prática do cyberbullying está associada a 
outras competências de domínio das tecnologias, o que, nesse caso, 
caracteriza um novo perfil de agressor, que, além de tudo, goza de impu-
nidade, devido à sua invisibilidade nos meios digitais, ou seja, o agressor 
não tem um rosto. 
As consequências do cyberbullying transcendem o tempo e o espa-
ço, pois ocorrem no mundo virtual. Dessa forma, as agressões se es-
palham rapidamente e permanecem por um longo período na rede. No 
entanto, essas consequências são reais e impactam de forma devasta-
dora a vida das vítimas, causando danos profundos.
NA PRÁTICA 
Em outubro de 2012, a jovem estudante canadense Amanda Todd, 
após postar um vídeo de 9 minutos no YouTube sobre sua história de 
agressões sofridas pela internet, cometeu suicídio motivado por cyber-
bullying. Tudo começou quando Amanda tinha 12 anos de idade e, em 
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um video chat, foi convencida por um estranho a mostrar os seios. Logo 
após, as imagens foram compartilhadas pela internet, e, em pouco tem-
po, os alunos da escola em que estudava tiveram acesso a elas. Durante 
alguns anos, Amanda foi alvo de xingamentos, difamações e assédios, 
que a levaram a uma severa depressão e, posteriormente, ao suicídio 
(PERFEITO et al., 2015).
 
As agressões virtuais envolvem uma ampla rede de disseminação 
de ódio. As vítimas desses ataques, por mais que tentem fugir, mudan-
do de escola ou até mesmo de residência, podem continuar sendo alvos 
dessa violência, pois os registros das agressões permanecem na rede 
com a possibilidade de acesso por inúmeras pessoas. Em outras pala-
vras, as ofensas perpetradas pela internet podem se manter por um lon-
go período no espaço virtual, podendo ser acessadas a qualquer tempo.
Uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos em 2018 mostrou que, 
na ocasião, o Brasil ocupava o segundo lugar no ranking global de ofen-
sas pela internet, ficando atrás apenas da Índia. A pesquisa foi realizada 
em 28 países (BRETAS, 2018). 
O bullying e o cyberbullying são manifestações de preconceitos, ódio 
e desrespeito às diferenças. Eles se materializam física e virtualmen-
te, causando dor, sofrimento, isolamento, entre outros, que podem ser 
fatais a jovens e crianças. De maneira geral, as vítimas de bullying e 
cyberbullying têm dificuldades de concentração nas diversas atividades 
escolares, vivem com medo e sentem-se inseguras no ambiente esco-
lar. Diversas pesquisas mostram queda de rendimento acentuado e re-
jeição pela escola de alunos com histórico de bullying.
Com tudo isso, o bullying e o cyberbullying são fenômenos da violên-
cia social contemporânea que necessitam de devida atenção e análise 
para um enfrentamento mais qualificado e eficiente no seu combate. 
Nesse sentido, a escola, como espaço de formação, tem importância 
fundamental para a construção de convivências saudáveis.
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2 A importância de falar sobre bullying e 
cyberbullying em instituições de ensino
Como já destacado, as instituições de ensino são espaços so-
ciais em que ocorrem com maior frequência práticas de intimidação. 
Possivelmente, isso se deve ao fato de que a escola é um espaço de-
mocrático que abriga diversos sujeitos, ou seja, onde convivem as dife-
renças. Em outra direção, os espaços educativos são fontes de expe-
riências e aprendizagens; por eles circulam ideias, símbolos, signos e 
representações sociais. Dessa forma, as instituições educativas apre-
sentam-se como espaços privilegiados de debate e conscientização a 
respeito do bullying e do cyberbullying.
Discutir o bullying e o cyberbullying em contextos de ensino é ne-
cessário e urgente, principalmente para conscientização de alunos, pro-
fessores, pais e da comunidade acerca da gravidade desse fenômeno, 
das suas consequências e das possíveis formas de intervenção no seu 
combate. Nessa direção, o professor, que é a pessoa mais envolvida 
diretamente com os alunos, tem um papel fundamental para percepção 
e identificação de formas de intimidação no contexto escolar. Assim, 
torna-se imprescindível uma formação docente que, dentre outras coi-
sas, possa subsidiar a ação dos professores direcionada a intervenções 
em casos de intimidações ocorridas na escola e no mundo virtual.
O bullying e o cyberbullying interferem drasticamente no processo de 
aprendizagem dos alunos, pois as vítimas tendem ao desinteresse e ao 
isolamento. Muitas vezes isso se relaciona ao fato de as vítimas, ao não 
encontrarem apoio no meio educacional, construírem para si uma ideia 
de impunidade. Diante disso, é preciso garantir o direito de todos a uma 
educação de qualidade e ética, pautada no diálogo e no respeito mútuo. 
No entanto, para que isso aconteça, faz-se necessário que as diferentes 
instituições de ensino criem espaços para esclarecer e conscientizar 
sobre o bullying e o cyberbullying, atuando como facilitadoras junto aos 
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pais e à comunidade. Por tudo isso, falar sobre o bullying e o cyber-
bullying em espaços educativos é vital para garantir ao aluno o direito 
à educação, mas também para que se promova um debate constante 
na busca de alternativas para esse fenômeno. Acompanhe a história a 
seguir sobre o bullying em um ambiente educacional.
NA PRÁTICA 
Uma professora do jardim de infância da Escola Elementar Meador, no 
Texas, ao perceber que uma de suas alunas estava sendo vítima de 
bullying por ter cabelo curto, cortou o seu cabelo igual ao dela. Ao apa-
recer na sala de aula com o cabelo curto, os alunos elogiaram o seu 
corte. A professora usou esse exemplo para conscientizar as crianças 
e mostrar a elas que os meninos podem usar cabelos longos como as 
meninas, assim como as meninas podem usar cabelos curtos como os 
meninos (ARIAS, 2019).
 
2.1 O papel das instituições de ensino no combate ao 
bullying
A educação, de maneira geral, não tem o poder de resolver todas 
as mazelas da sociedade, entretanto, ela tem um papel importante na 
formação de uma sociedade em que as diferenças sejam valorizadas e 
respeitadas, em que cada pessoa se reconheça como sujeito de direi-
to, assim como reconheça no outro essa condição. Dessa forma, cada 
instituição de ensino, em seu currículo, deve implementar ações que 
possibilitem aos alunos e professores refletirem sobre as práticasde 
bullying, sobre o perfil daqueles que o praticam e das vítimas, sobre as 
consequências danosas decorrentes dessas práticas e, principalmente, 
sobre a proposição de ações de conscientização e prevenção.
É inegável o papel do professor como mediador nas relações de con-
flitos existentes nos diferentes espaços de ensino. Por sua vez, como nos 
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lembra Rubinstein (2017), “no contexto de escolarização, poderão sur-
gir conflitos que demandem um profissional ou a técnica utilizada para 
resolvê-los” (RUBINSTEIN, 2017, p. 125). No entanto, nem sempre a ação 
docente se mostra eficiente para a prevenção e o combate à intimidação. 
Dessa forma, é imprescindível que, na formação docente, seja contem-
plado um currículo que garanta minimamente estudos sobre o bullying.
Em uma pesquisa realizada por professores e alunos do curso téc-
nico em secretariado do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Amapá, Campus Laranjal do Jari, foram coletados dados que podem ser-
vir de base para algumas reflexões, conforme apresentado no gráfico 1.
Gráfico 1 – Dados coletados na pesquisa
5%
30%
20%
20%
80%
Comunidade
externa
Família
Não
3%
Conhece o tema bullying? Já sofreu bullying?
Sobre o agressor:
Não
97%
Sim
Sim
Colegas de sala
Alunos de outros cursos
45%
Fonte: adaptado de Costa et al. (2012).
Assim, a pesquisa identificou que 97% dos entrevistados conhecia 
o significado de bullying (COSTA et al., 2012). Ela também revelou que 
80% dos alunos entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de inti-
midação dentro do espaço acadêmico (COSTA et al., 2012). De acordo 
com os alunos, as práticas de intimidação afetaram principalmente a 
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sua autoestima, e, em decorrência disso, constatou-se um elevado índi-
ce de reprovação no grupo de alunos vitimados pelo bullying.
A pesquisa revelou, ainda, que 30% dos casos de bullying eram prati-
cados pelos colegas de sala de aula e que, em 45% dos casos, a intimi-
dação havia sido praticada por alunos de outros cursos (COSTA et al., 
2012). A pesquisa chama a atenção para a inexistência do debate sobre 
o bullying no espaço da educação técnica profissional e a convivência 
silenciosa com formas de intimidação que repercutem na formação 
profissional dos estudantes (COSTA et al., 2012).
A escola deve estar atenta às mudanças que ocorrem de uma forma 
mais acelerada na sociedade e que refletem no ambiente escolar, nos 
avanços tecnológicos, particularmente no mundo virtual, e nas mudan-
ças de comportamento dos alunos. 
IMPORTANTE 
De acordo com o art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal (LDBEN), as escolas devem promover medidas de conscientização, 
prevenção e combate a todos os tipos de violência, especialmente a 
intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas, e estabelecer 
ações destinadas a promover a cultura de paz (BRASIL, 1996).
 
Em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) já aponta-
vam para esse caminho ao indicar que a escola deve possibilitar ao 
aluno uma convivência em grupo apoiada no respeito mútuo, ou seja, 
o respeito pela “diferença e a exigência de ser respeitado na sua singu-
laridade” (BRASIL, 1998, p. 70); na justiça, não no seu sentido de lei, mas 
no sentido de equidade; no diálogo “como instrumento para esclarecer 
os conflitos” (BRASIL, 1998, p. 74); e na solidariedade como sentido de 
generosidade na luta contra as injustiças. 
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3 A Lei no 13.185/2015 – lei de combate à 
intimidação sistemática (bullying)
A Lei no 13.185/2015 foi criada em novembro de 2015 e a sua pu-
blicação ocorreu em fevereiro de 2016. A referida lei é composta por 
oito artigos e tem como objetivo desencorajar atos de intimidação no 
ambiente escolar. Assim, criou o Programa de Combate à Intimidação 
Sistemática (Bullying) em todo o território nacional, subsidiando as 
ações do Ministério da Educação (MEC) e das Secretarias Estaduais 
e Municipais de Educação. De acordo com a Lei no 13.185/2015, 
considera-se bullying 
todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo 
que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou 
grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la 
ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de 
desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. (BRASIL, 2015)
Essa lei também disciplina sobre o cyberbullying, identificando-o 
como uma
intimidação sistemática na rede mundial de computadores [...], 
quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depre-
ciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intui-
to de criar meios de constrangimento psicossocial. (BRASIL, 2015)
PARA SABER MAIS 
Em 14 de maio de 2018, entrou em vigor a Lei no 13.663/2018, que al-
terou o art. 12 da Lei no 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, incluindo a promoção de medidas de conscientização, preven-
ção e combate a todos os tipos de violência e a promoção da cultura de 
paz entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino.
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O Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) foi 
criado visando atingir os seguintes objetivos:
I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática 
(bullying) em toda a sociedade;
II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementa-
ção das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do 
problema;
III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscien-
tização e informação;
IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e 
responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;
V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos 
agressores;
VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas 
e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do 
problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a 
terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua;
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privile-
giando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a 
efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil;
IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a 
todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de 
intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psi-
cológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais 
integrantes de escola e de comunidade escolar. (BRASIL, 2015)
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 curso de Educação a Distância da Rede SenacEAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
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 Editora Senac São Paulo.
Vale destacar que esses objetivos são diretrizes, ou seja, apontam 
para possíveis ações de prevenção e combate ao bullying que não se 
esgotam neste rol elencado. De maneira geral, essa lei valoriza a cons-
cientização, a prevenção, a capacitação docente, o diálogo e a criação 
de meios alternativos de responsabilização dos agressores. Ela ainda 
atribui à escola o dever de prevenir e combater o bullying.
Por fim, é importante reconhecer que as leis surgem a partir de al-
gumas demandas da população e das ações dos movimentos sociais. 
Dessa forma, representam conquistas para a garantia de direitos e a am-
pliação da cidadania. No entanto, é preciso lembrar que existe uma distân-
cia entre a prescrição legal e a sua efetivação no cotidiano da sociedade. 
Nessa direção, a Lei no 13.185/2015 representa um avanço na prevenção 
e no combate ao bullying, mas, na prática, ainda carece de implementa-
ção efetiva. Em outras palavras, ainda existe um grande desconhecimen-
to das normatizações dessa lei nos estabelecimentos de ensino.
Considerações finais
Neste capítulo, foi possível compreender os conceitos de bullying e 
cyberbullying e os espaços em que eles ocorrem. O bullying pode ser 
entendido como uma forma de imposição do poder interpessoal; neste 
caso, prevalece o uso da força. O cyberbullying pode ser descrito como a 
extensão do bullying do ambiente físico para o ambiente virtual. Contudo, 
em ambos os casos, as consequências podem levar ao medo, à insegu-
rança, ao isolamento, à baixa autoestima e à repulsa pela escola.
O bullying é um fenômeno social, portanto, só ocorre em espaços cole-
tivos, onde as diferenças se manifestam. Dessa forma, a escola tem sido 
o espaço social em que mais ocorre esse fenômeno. O cyberbullying tem 
aumentado significativamente nos últimos anos com o avanço da tecno-
logia da informação. No mundo virtual, o praticante de bullying usa perfis 
falsos (fakes) para agredir, difamar e espalhar o ódio.
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Diante desse quadro, a escola é chamada a desempenhar um papel 
fundamental para conscientização, prevenção e combate às diversas 
formas de intimidação. Contudo, conforme descreve Fante (2005), para 
que as instituições de ensino criem estratégias efetivas de combate ao 
bullying, é preciso que todos os envolvidos direta ou indiretamente nos 
processos de ensino reconheçam esse problema e compreendam as 
suas consequências.
É importante dizer que a Lei no 13.185/2015 reconhece o bullying como 
um processo de intimidação e apresenta diretrizes para sua prevenção e 
combate em diferentes espaços, principalmente na escola. 
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