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Aula 10- etica do manejo da dor e principios da analgesia

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12/10/2021
PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS DE 
ANALGESIA ÉTICA NO 
TRATAMENTO DA DOR
Vívian Novaes
TRATAMENTO DA DOR
• Além da avaliação do pulso, da frequência cardíaca, da temperatura e da frequência respiratória, a 
dor passou a ser considerada um sinal vital e como tal deve ser avaliada de pronto em qualquer 
atendimento clínico, quantificada e tratada. 
• Receio do emprego dos diferentes fármacos analgésicos. 
• Para evitar a possível ocorrência de efeitos adversos muitos profissionais simplesmente deixam de 
utilizá-los. 
• Pode-se pressupor também que muitos profissionais desconheçam a ação deletéria da dor nos 
diferentes sistemas orgânicos, não dimensionando o quão prejudicial pode ser para o 
restabelecimento do animal o seu não tratamento. 
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AVALIAÇÃO DA DOR
• Na avaliação inicial de qualquer indivíduo, a dor deve ser 
diagnosticada, quantificada e tratada prontamente da mesma 
maneira como se administra o antitérmico nos casos de febre. 
• No prontuário de atendimento deve constar o resultado da 
avaliação da dor, o horário dessa avaliação e a terapêutica 
preconizada. 
• Esses aspectos devem constar em todas as avaliações subsequentes 
do paciente 
AVALIAÇÃO DA DOR
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ÉTICA NO TRATAMENTO DA DOR
• O comportamento da sociedade, também se depreende que de maneira geral tolera-se hoje em dia muito menos 
que os animais suportem dor e sofrimento,
• Manifestações contrárias aos experimentos com animais, as quais ao longo dos últimos anos aumentaram 
consideravelmente
• Acompanhando essa linha de raciocínio, a ciência do bem-estar animal (BEA) ganhou grande impulso também nos 
últimos anos e de forma científica vem
demonstrando e produzindo documentos sobre esse tema. 
• O médico veterinário, por sua formação e por ter abraçado a carreira na qual se objetiva acima de tudo o BEA, 
deveria invariavelmente ser o maior contribuinte para prover o tratamento da dor e evitar que os animais sofram;
• Seria dever de todo profissional conhecer e dominar os preceitos básicos do tratamento da dor. 
ÉTICA NO TRATAMENTO DA DOR
• Há muitas condições clínicas que não são passíveis de tratamento e que 
cursam com dor, como é o caso do câncer, das artropatias, entre outras várias 
condições. 
• Nessas situações cabe ao médico veterinário prover o máximo de conforto ao 
animal e manutenção da qualidade de vida por meio da terapia analgésica e dos 
cuidados paliativos. 
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FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
DOS ANALGÉSICOS VETERINÁRIOS
• Os analgésicos são classicamente divididos em dois grandes grupos:
- Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) 
- Opioides (ou hipoanalgésicos) 
Os AINEs são erroneamente considerados analgésicos fracos e de ação periférica, e os 
opioides são considerados analgésicos fortes e de ação central, com elevado risco de 
depressão respiratória. Na realidade, nem sempre os analgésicos anti-inflamatórios são 
fracos, tampouco os opióides atuam exclusivamente por via central ou 
necessariamente produzem depressão respiratória. 
TRATAMENTO DA DOR
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GRAUS DE DOR 
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PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DA 
DOR
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OPIÓIDES
OPIÓIDES
• São caracterizados por apresentarem propriedades sedativa e hipnótica, além de serem analgésicos 
potentes;
• São utilizados no controle da dor aguda e crônica, servindo de base para o controle efetivo da dor;
• A papoula constitui a fonte do ópio a partir do qual Serturner, em 1803, isolou o alcaloide puro, 
morfina, que recebeu esse nome em homenagem a Morfeu, o deus grego dos sonhos;
• A morfina é o protótipo dos agonistas opióides e é conhecida há muito tempo pela sua capacidade de 
aliviar a dor intensa com notável eficácia. 
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OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA
• Absorção: 
- Os analgésicos opióides são, em sua maioria, bem absorvidos quando administrados 
por via subcutânea, intramuscular ou oral. 
- Devido ao metabolismo de primeira passagem pelo fígado, ocorre diminuição da 
biodisponibilidade dos opioides, 
- A dose oral requerida para produzir um efeito terapêutico pode ser muito maior 
que a dose parenteral 
- A biodisponibilidade da morfina no homem é de apenas 25% após administração 
oral, e no cão é de somente 5% 
OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA
• Absorção
• Na medicina veterinária, os opioides mais utilizados pela via oral são o tramadol e a codeína, 
em virtude de o metabolismo de primeira passagem ser reduzido. 
• São comumente administrados por via intravenosa, sobretudo para o tratamento da dor pós-
operatória, porém deve-se ter cautela na administração da morfina e da meperidina por essa 
via, pois poderesultar em liberação de histamina e, consequentemente, queda da pressão 
arterial.
• Outras vias de administração dos opioides incluem a mucosa oral, utilizada principalmente na 
administração do opioide buprenorfina em felinos, e a aplicação de emplastros transdérmicos
de fentanil, que permite a liberação do analgésico durante vários dias 
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OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA
• Distribuição
• A distribuição dos opioides do sangue para o sistema nervoso central (SNC) pode variar, mas a 
maioria dos opioides são lipossolúveis, permitindo a passagem pelas membranas até atingir o 
tecido-alvo;
• Os opioides se ligam às proteínas plasmáticas com afinidade variável;
• Abandonam o compartimento sanguíneo e localizam-se em concentrações mais altas em tecidos 
acentuadamente perfundidos, como cérebro, pulmões, fígado, rins e baço;
• Baixas concentrações em músculos e gordura, porém, devemos nos atentar ao acúmulo nesses 
tecidos.
OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA
• Biotransformação:
• O metabolismo dos fármacos tem como finalidade tornar o agente hidrofílico para facilitar sua 
excreção pela urina 
• Resulta na produção de metabólitos ativos e inativos.
• Apesar de o metabolismo ter como finalidade o processo de desintoxicação, o mesmo pode 
resultar em produtos que possuem utilidade clínica, serem tóxicos ou ambos; 
• Os felinos possuem deficiência de metabolização por glucuronidação, contribuindo para o 
aumento do risco de intoxicação nessa espécie 
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OPIÓIDES:FARMACOCINÉTICA
• Excreção
• Os opioides são rapidamente eliminados do organismo em animais saudáveis, com meia-vida 
variando de 30 minutos a 2 horas. 
• Alguns opioides, como morfina, buprenorfina, oximorfona e tramadol, podem apresentar efeito 
farmacológico por período prolongado, dependendo do tipo de dor, da espécie e da via de 
administração. 
• A formação de metabólitos ativos prolonga a duração do efeito 
• Maior parte excretada na urina e pequena parte na bile;
OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Os opioides são fármacos analgésicos que mimetizam a ação de opioides endógenos (endorfina), 
que são peptídeos produzidos nos sistemas nervoso e endócrino, os quais estimulam os 
receptores opioides;
• Os opioides endógenos apresentam normalmente atividade tônica fraca, porém tornam-se 
altamente ativos em
certas condições ambientais, como, por exemplo, durante extremo estresse e dor. 
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OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Os receptores são encontrados nas terminações nervosas pré-sinápticas, em que sua ação 
resulta na diminuição da liberação de neurotransmissores, ou no corpo celular do neurônio, no 
qual inibe a geração do potencial de ação. 
• Em suma, os opióides apresentam duas ações diretas bem estabelecidas sobre os neurônios:
1) fecham os canais de Ca2+ regulados por voltagem nas terminações nervosas pré-sinápticas, 
promovendo a diminuição do influxo desse íon, o que reduz a liberação de neurotransmissores, 
como a substância P, inibindo a transmissão sináptica do estímulo nociceptivo; 
2) Hiperpolarizam e, assim, inibem neurôniospós-sinápticos por meio da abertura dos canais de 
K+, inibindo as vias nociceptivas ascendentes 
OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Fonte: Tratamento da dor na clínica de pequenos animais
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OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Os opioides podem atuar com alta eficácia e potência ao se ligarem ao receptor; estes são chamados 
de agonistas puros, como a morfina.
• Outros opioides são agonistas parciais em um tipo de receptor, ou seja,
ligam-se ao receptor, mas apresentam efeito e potência limitados, como a buprenorfina em receptor μ. 
• Alguns opioides são agonistas-antagonistas, apresentando ação agonista em um tipo de receptor e 
ação antagonistamem outros, como a nalbufina e o butorfanol, que são μ-antagonista e κ-agonista 
• A ativação dos receptores μ, além de produzir analgesia, pode causar euforia, depressão respiratória, 
miose, sedação, redução da atividade gastrointestinal e dependência física. 
OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Os três receptores são encontrados em alta concentração no corno dorsal da medula 
espinhal;
• Os agonistas opioides inibem a liberação de transmissores excitatórios a partir desses 
aferentes primários e inibem diretamente o neurônio transmissor de dor no corno dorsal;
• Por conseguinte, os opioides exercem um poderoso efeito analgésico diretamente na medula 
espinhal. 
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OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA
• Mecanismo de ação:
• Os opioides, tanto endógenos quanto exógenos, também podem produzir analgesia fora do SNC, 
pois os receptores opioides também estão presentes nas terminações periféricas de fibras 
nervosas nociceptivas. 
• A dor associada à inflamação parece ser particularmente sensível a essas ações periféricas dos 
opioides. 
• Essa hipótese é sustentada pela identificação de receptores μ funcionais nas terminações 
periféricas de neurônios sensitivos. 
MECANISMO DE AÇÃO
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EFEITOS ADVERSOS
• Sistema respiratório
• Depressão respiratória, pois todos os analgésicos opioides podem produzir depressão respiratória 
dose-dependente significativa ao inibir os
mecanismos respiratórios do tronco encefálico;
• Os opioides podem aumentar a pressão intracraniana devido ao acúmulo de CO2 e vasodilatação 
cerebral, causada pela depressão respiratória; esse efeito pode ser preocupante no paciente com 
traumatismo craniano. 
EFEITOS ADVERSOS
• Centro da tosse
• A supressão do reflexo de tosse é uma ação bem conhecida dos opioides, por 
meio da depressão do centro da tosse, porém a depressão respiratória e a 
supressão da tosse não parecem estar relacionadas. 
• Opioides antitussígenos não necessariamente causam depressão respiratória. 
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EFEITOS ADVERSOS
• Sistema Cardiovascular
• A maioria dos opioides não exerce efeitos diretos significativos sobre o coração nem efeitos 
importantes sobre o ritmo cardíaco, exceto bradicardia devido à estimulação vagal, que pode ser 
minimizada com a utilização de atropina. 
• Assim como a depressão respiratória, a bradicardia geralmente ocorre após a
administração pela via intravenosa dos opioides potentes.
• O risco de hipotensão aumenta com fármacos que induzem liberação de histamina, como a morfina.
• Sendo assim, a reposição volêmica deve ser instituída antes da administração desses opioides em 
pacientes hipovolêmicos, e devem ser administrados de forma diluída e lenta. 
EFEITOS ADVERSOS
• Diâmetro pupilar
• Observa-se ocorrência de midríase nas espécies que apresentam excitação do SNC e miose naquelas que 
apresentam sedação após a administração dos opioides. 
• A miose é produzida por uma ação excitatória dos opioides no disparo neuronal nos núcleos 
oculomotores. 
• Essa ação de constrição das pupilas pode ser bloqueada por antagonistas dos opioides, além disso é 
mediada por vias parassimpáticas que, por sua vez,
podem ser bloqueadas pela atropina. 
• Nos felinos, e em outras espécies nas quais ocorre a midríase, esse aumento da atividade no núcleo 
oculomotor também existe, porém esse efeito é mascarado pelo aumento da liberação de catecolaminas, 
que produz midríase 
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EFEITOS ADVERSOS
• SNC
• A depressão do SNC é vista tipicamente em cães, macacos e humanos. 
• Estimulação pode acontecer em gatos, cavalos, ovelhas, porcos e bovinos após 
a administração de diversos opioides, mais comumente a morfina. 
EFEITOS ADVERSOS
• Centro termorregulador
O sistema hipotalâmico termorregulador também pode ser afetado com a administração dos opioides. 
• A alteração mais comum é a hipotermia, particularmente quando os opioides são utilizados no período 
transoperatório associado a outros fármacos depressores do SNC. 
• Entretanto os opioides podem causar hipertermia em algumas espécies, como felinos, equinos, suínos e 
ruminantes. 
• Em parte, esse aumento da temperatura pode ser atribuído ao aumento da atividade muscular associado 
à excitação nessas espécies, porém acredita-se que exista um mecanismo hipotalâmico central envolvido 
que ainda não está bem elucidado. 
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EFEITOS ADVERSOS
• Centro emético
Os analgésicos opioides podem ativar a zona disparadora quimiorreceptora do tronco encefálico, produzindo náusea 
e vômitos. 
• Como os outros efeitos adversos relacionados ao SNC, existem variações entre espécies na
tendência a produzir vômito após a administração de opioides. 
• Os equinos, suínos, ruminantes e coelhos não apresentam êmese com a administração de opioides. 
• Nos gatos os opioides podem induzir ao vômito, porém em doses maiores que aquelas que estimulam êmese em 
cães.
• Os caninos frequentemente apresentam vômitos após a administração de opioides, especialmente a
morfina. 
• Entretanto esse efeito emético pode ser amenizado com a administração prévia de acepromazina.
• Além disso, essa ação emética característica da administração de opioides como medicação pré-anestésica não ocorre 
comumente no pós-operatório e em pacientes que sofrem de dor 
EFEITOS ADVERSOS
• Sistema gastrointestinal
Os efeitos gastrointestinais dos opioides são mediados por receptores μ e δ localizados no plexo mesentérico 
do trato gastrointestinal. 
• A administração dos opioides geralmente estimula os cães e, com menor frequência, os gatos a defecar. 
• Entretanto, após essa resposta inicial, espasmos da musculatura lisa do trato
gastrointestinal predispõem o paciente a íleo paralítico e constipação 
• No intestino grosso, as ondas peristálticas propulsivas são diminuídas e o tônus aumentado, o que retarda a 
passagem do bolo fecal e permite maior absorção de água, resultando em constipação 
• Os equinos e ruminantes são predispostos a complicações gastrointestinais associadas à administração de 
opioides, como cólicas e timpanismo ruminal, respectivamente. 
• Nos cães e gatos, a constipação é mais acentuada com a utilização a longo prazo dos opioides, como nos casos 
de dor crônica. 
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EFEITOS ADVERSOS
• Sistema genitourinário
• Os opioides, principalmente quando administrados por via epidural, podem causar retenção urinária por 
meio da supressão dose-dependente da contratilidade do músculo detrusor e diminuição da sensação de 
urgência;
• Além disso, foi constatado que os opioides μ exercem efeito antidiurético nos seres humanos.
• Os mecanismos podem envolver tanto o SNC quanto locais periféricos, porém as contribuições relativas 
de cada um deles não são conhecidas. Os opioides também intensificam a reabsorção tubular renal de 
sódio. 
APRESENTAÇÕES COMERCIAIS
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ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO 
ESTEROIDAIS
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO 
ESTEROIDAIS-AINES
• Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são classificados por sua estrutura química e pela 
atividade inibitória específica para enzimas associadas à produção de eicosanoides (produção de 
prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos, lipoxinas etc.) 
• Os AINEs têm sido amplamente utilizados no tratamento da dor e inflamação desde a introdução do 
ácido acetilsalicílico (aspirina)em 1897. 
• Esses fármacos apresentam diferentes graus de atividade antiinflamatória, analgésica e antipirética e 
estão entre os medicamentos mais utilizados no mundo 
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AINES
• Não produzem sedação ou ataxia.
• AINEs podem ser combinados com os opioides, pois os anti-inflamatórios não esteroidais conferem 
sinergismo quando utilizados em combinação com os
narcóticos, diminuindo a dose requerida deles. 
• A longa ação e a eficácia analgésica fazem dos AINEs ótimos analgésicos para tratamento da dor na 
medicina veterinária 
AINES: FARMACOCINÉTICA
• Absorção
- A maioria dos AINEs, por serem ácidos fracos, é bem absorvida pelo estômago canino e felino devido 
ao baixo pH do suco gástrico; 
- Muitos anti-inflamatórios são formulados para administração parenteral e são bem absorvidos pela via 
subcutânea e intramuscular. 
- Os AINEs também são formulados para utilização tópica, que podem resultar em
níveis farmacológicos nos tecidos e líquidos sinoviais semelhantes aos observados após administração 
oral desses fármacos 
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AINES: FARMACOCINÉTICA
• Distribuição
Os AINEs são distribuídos extracelularmente, com um pequeno volume de distribuição. 
• Uma explicação para esse fato é que a maioria dos AINEs apresenta uma carga iônica. 
• Entretanto, por serem ácidos fracos, penetram rapidamente nos tecidos inflamados. Como resultado, 
a duração do efeito dos AINEs pode exceder a sua aparente meia-vida sistêmica devido à 
concentração desses agentes em sítios onde o pH do fluido
extracelular é baixo, como nos locais de inflamação.
• São poucos os AINEs, como o firocoxib, que apresentam alto volume de distribuição e ampla 
penetração nos tecidos
AINES:FARMACOCINÉTICA
• Distribuição
• A maioria dos AINE liga-se amplamente às proteínas (> 90%), geralmente à albumina, com exceção 
aos salicilatos (50% de ligação com proteínas). Acredita-se que este seja outro fator para o acúmulo 
dos antiinflamatórios no exsudato inflamatório rico em proteínas. 
• Devido a essa ligação, os AINEs podem apresentar interação medicamentosa por meio do 
deslocamento de proteína 
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AINES: METABOLISMO E ELIMINAÇÃO
• Biotransformação hepática: 
• Resulta em metabólitos inativos ou menos ativos, com exceções da aspirina e a fenilbutazona são 
convertidas em metabólitos ativos (salicilato e oxifenobutazona, respectivamente);
• Embora a excreção renal seja a via mais importante de eliminação final pela filtração glomerular e excreção 
tubular, quase todos os AINEs sofrem graus variáveis de excreção e reabsorção linear (circulação entero-
hepática), e o grau de irritação do trato gastrointestinal inferior correlaciona-se com a extensão da
circulação entero-hepática.
• Os AINEs são excretados em diferentes taxas, dependendo da via metabólica e da extensão da
circulação entero-hepática. Por isso, a meia-vida varia consideravelmente entre os fármacos e as espécies. 
AINES: MECANISMO DE AÇÃO
• O mecanismo de ação analgésico dos AINEs ocorre mediante a inibição da atividade das 
isoenzimas COX-1,COX-2 e COX-3, evitando a síntese de prostaglandinas. 
• As prostaglandinas, em particular a PGE2 e a prostaciclina, são potentes mediadores da 
inflamação e da dor. A PGE2 é um potente agente pirético, dilatador da musculatura lisa 
vascular, e a sua produção é estimulada pela liberação de interleucina-1 em resposta a 
infecções bacterianas e virais 
• As prostaglandinas não causam dor diretamente, mas originam hiperalgesia e aumentam a 
nocicepção produzida por outros mediadores, como as bradicininas, pela sensibilização dos 
receptores localizados na parte final do nervo aferente. 
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AINES: FARMACODINÂMICA
AINES: MECANISMO DE AÇÃO
• Os efeitos antinociceptivos dos AINEs podem ser centrais e periféricos.
• Os AINEs penetram no tecido inflamado, onde exercem ação local, sendo excelente escolha
analgésica para o tratamento de injúrias com inflamação associada.
• A ação central ocorre nos níveis espinhais e supraespinhais, acarretando sensação de bem-
estar e aumento de apetite, que são frequentemente observados em pacientes que recebem 
AINEs parenteral para alívio da dor aguda 
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AINES: FARMACODINÂMICA
• Os AINEs atuam inibindo diversos mediadores da inflamação, principalmente a biossíntese de 
prostaglandinas na cascata do ácido araquidônico.
• As membranas, quando são lesionadas, liberam peptídeos endógenos conhecidos como lipocortinas, que 
ativam a fosfolipase A2. Esta, por sua vez, libera o ácido araquidônico da membrana fosfolipídica, sendo 
este o primeiro passo para a formação das prostaglandinas e leucotrienos.
• Os eicosanoides são formados pelo ácido araquidônico pela ação da cicloxigenase (COX) e lipoxigenase
(LOX). 
• A COX atua na produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, e a LOX, na produção de 
leucotrienos e lipoxinas
CICLOOXIGENASE 1 (COX-1)
• Presente em quase todos os tecidos (vasos sanguíneos, plaquetas, estômago, 
intestinos e rins);
• Denominada enzima constitutiva;
• Associada à produção de prostraglandinas resultando em efeitos fisiológicos:
- Proteção gástrica
- Agregação plaquetária
- Homeostase vascular
- Manutenção do fluxo sanguíneo renal
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COX-1
• A atividade da COX-1 é primariamente fisiológica, incluindo proteção da mucosa 
gástrica, manutenção do fluxo sanguíneo renal e hemostasia vascular.
• Em algumas situações a COX-1 pode exercer atividade inflamatória e dor, mas esta não 
é a sua função predominante 
CICLOOXIGENASE 2 (COX-2)
• Denominada de enzima pró-inflamatória em processos patológicos;
• Macrófagos, monócitos e sinoviócitos podem liberar citocinas pró-
inflamatórias que induzem as prostraglandinas
• Induzida pelas citocinas (IL-1, IL-2 e fator de necrose tumoral [TNF]):
- Rins, 
- cérebro, 
- ovário, 
- útero, 
- cartilagem, 
- ossos 
- endotélio vascular.
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COX-2
• A expressão da COX-2 nos macrófagos é induzida por mediadores como os fatores de 
crescimento, citocinas e mitogenes. 
• Esses eventos também podem ocorrer nos condrócitos, osteoblastos e nas células
endoteliais sinoviais.
• A atividade da COX-2 é primariamente associada a processos patológicos, como dor,
inflamação e febre.
• A expressão da COX-2 é aumentada na patogênese de diversos carcinomas de células 
epiteliais, incluindo cólon, esôfago, mama e pele, e também na doença de Alzheimer e outras 
condições neurológicas. 
• Portanto, os inibidores de COX-2 podem ser considerados agentes anticarcinogênicos em 
potencial. 
COX-2
• A COX-2 apresenta algumas atividades fisiológicas importantes relacionadas a 
manutenção do fluxo sanguíneo renal, maturação dos néfrons, cicatrização de 
mucosa gástrica, manutenção da integridade da mucosa, inibição da aderência 
leucocitária e atividade antitrombótica.
• Por isso, o bloqueio seletivo da COX-2 foi associado à ocorrência de infarto 
agudo do miocárdio e insuficiência renal. 
• Entretanto a ação mais evidente da COX-2 é na inflamação, quando sua síntese 
aumenta em 20 vezes 
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MECANISMO DE AÇÃO
TIPOS DE AINES
1. Inibidores sem seletividade : Inibem igualmente a COX- 1 e COX-2
Ibuprofeno
Naproxeno
Ácido acetilsalicílico
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TIPOS DE AINES
2. Inibidores preferencialmente da COX-2
Nimesulina
Meloxicam
TIPOS DE AINES
3. Inibidores específicos sobre a COX-2
Rofecoxibe
Celecoxibe
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SELETIVIDADE PARA COX-1 E COX-2
CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS 
ADVERSOS
Os AINEs não devem ser administrados a pacientes com:
• Insuficiência renal ou hepática;
• Desidratação, hipotensão ou condições associadas a baixo volume efetivo circulante (insuficiência 
cardíaca congestiva [ICC] ou ascite),;
• Coagulopatias (deficiência de fator de coagulação, trombocitopenia ou doença de von Willebrand), 
hipoalbuminemia;
• Evidência de ulceração gástrica (vômito com ou sem a presença de conteúdo de aspecto de “borra 
de café” ou melena) 
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EFEITOS ADVERSOS
Gastrointestinais
As lesões gastrointestinaissão os efeitos colaterais observados com maior frequência associados 
à utilização de AINEs e estão em grande parte relacionados à inibição da atividade das 
prostaglandinas e prostaciclinas, que atuam ativamente na proteção da mucosa gástrica 
prevenindo injúrias causadas pelo ácido gástrico. 
A PGE2 diminui a quantidade, a acidez e a pepsina da secreção gástrica; estimula a secreção de 
bicarbonato pelas células epiteliais; aumenta a produção de muco no estômago e no intestino; 
estimula a reparação das células epiteliais gastrointestinais e aumenta o movimento de água e 
eletrólitos no intestino delgado, portanto a sua inibição causa sérios transtornos. 
EFEITOS ADVERSOS
• A atividade plaquetária comprometida também pode contribuir para a lesão na mucosa. 
• Além disso, os fármacos que entram na circulação entero-hepática estão associados a maior 
incidência de distúrbios gastrointestinais, pois o duodeno é exposto repetitivamente a altas 
concentrações de AINEs. 
• Todos os AINEs utilizados em cães já foram relatados como causadores de ulceração gástrica, 
incluindo os fármacos COX-2 seletivos, apesar de serem mais seguros do que os fármacos não 
seletivos 
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EFEITOS ADVERSOS
• Os cães e gatos são mais sensíveis aos efeitos colaterais gastrointestinais dos AINEs do que outras 
espécies. 
• Nos cães, isso ocorre por possuírem maior circulação entero-hepática, portanto meia-vida prolongada 
de muitos AINEs. 
• Nos gatos, é resultado da diminuição na habilidade de glucuronidação e
metabolização dos AINEs, que também resulta em meia-vida prolongada dos fármacos anti-inflamatórios 
(paracetamol).
EFEITOS ADVERSOS
Nefrotoxicidade
• Toxicidade renal em consequência da redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular
• As prostaglandinas renais são responsáveis pela manutenção do fluxo sanguíneo renal por meio da sua ação 
vasodilatadora, protegendo os rins de danos isquêmicos, e esta ação é mediada pela COX-1 e COX-2
• Em pacientes saudáveis, normoidratados, a redução da produção das prostaglandinas renais, em geral, não 
resulta em consequências clínicas ao paciente.
• Entretanto pode ocorrer toxicidade renal significante se o animal estiver hipovolêmico, retendo sódio ou 
apresentar insuficiência renal 
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EFEITOS ADVERSOS
Sistema hematológico e hemostasia
• Os AINEs são capazes de diminuir a atividade plaquetária devido à inibição da síntese de tromboxanos pela ação 
seletiva da COX-1, porém as doses clínicas empregadas normalmente não prejudicam a hemostasia.
• Isso pode ser explicado pelo fato de que o bloqueio da produção de tromboxano pela COX-1 é equilibrado pela 
inibição da COX-2 em células endoteliais, resultando na liberação reduzida de prostacilina (PGI2), que 
normalmente causa vasodilatação e diminuição da agregação plaquetária. 
• Sangramento se o fármaco utilizado se ligar irreversivelmente à COX-1, como a aspirina e a fenilbutazona, pois o 
efeito persistirá por toda a vida útil das plaquetas. 
• Os estudos recentes com os inibidores seletivos de COX-2, como o carprofeno e o firocoxib, não têm 
demonstrado aumento do tempo de sangramento, mesmo em altas doses.
PRINCIPAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS 
NÃOESTEROIDAIS EMPREGADOS NA ANALGESIA
12/10/2021
DERIVADOS DO ÁCIDO ENÓLICO
• Pirazolonas: fenilbutazona
• Usada em equinos desde a década de 50, principalmente em casos de 
inflamações ósseas, articulações e em cólicas agudas.
• Possui meia vida de 8 a 12 horas. 
• Não indicado em cães e gatos
DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO 
• Ácido acetilsalicílico 
Ações: analgésicas, antipiréticas, inibição plaquetária, sem ação sobre a produção 
de superóxidos (radicais livres), inibe a cicloxigenase e em altas doses a 
lipoxigenase.
- Os felinos, por possuírem pequena concentração da enzima 
glicuroniltransferase, apresentam um retardo na biotransformacão deste AINE e, 
consequentemente, tem meia-vida mais longa; portanto, deve-se ter muita 
atenção na posologia da aspirina para estes animais. 
- Degeneração da cartilagem em animais com artrite; esta característica 
provavelmente se deve ao fato de a aspirina diminuir a síntese de 
glicosaminoglicanos em articulações instáveis. 
12/10/2021
DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO 
• Ácido salicílico 
• Usado como queratolítico (auxilia na remoção de gordura da 
pele do animal), possuindo efeitos irritantes (uso tópico). 
DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO 
• Ácido acético 
• Diclofenaco: ação dual (COX 1 e 2), com alta potência anti-inflamatória e 
analgésica.
• Uso contra-indicado devido à ocorrência frequente de úlceras gastroduodenais 
em cães e gatos.
12/10/2021
DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO 
• Ácidos aminonicotínicos
• Flunixin Meglumine: 
• Boa ação analgésica e anti-inflamatória em equinos – cólicas. 
• Em caso de choque endotóxico: usar ¼ da dose (inibição moderada da 
produção de eicosanoides).
• Não aplicar em pacientes em recuperação anestésica: a baixa pressão pode 
potencializar os efeitos sobre os rins
NAPROXENO
• Ácido propiônico
• Naproxeno: 
• Mais utilizados dos ácidos propiônicos (COX-1 e 2). 
• Potente ação anti-inflamatória, antipirética e analgésica, usado no tratamento 
de miosites em equinos (meia vida de 5 a 6 horas). 
• Em cães: meia vida longa, de 35 a 74 horas (reciclagem do metabólito ativo da 
droga pelo ciclo entero-hepático). 
12/10/2021
CETOPROFENO
• Cetoprofeno:
• Aão dual (COX-1 e 2), sendo antagonistas das bradicininas para estabilização das membranas. 
• Mais seguro e eficiente AINES derivado do ácido propiônico, sendo 50 a 100 vezes mais potente que a 
fenilbutazona.
• Terapia: não ultrapassar 5 dias. 
• Equinos: usado nos casos de cólica e desordens musculoesqueléticas.
• O cetoprofeno tem se mostrado bastante seguro, com mínimos efeitos indesejáveis, quando empregado 
por curto período. 
• Estudos mostram que, em relação aos efeitos ulcerogênicos, o cetoprofeno mostra-se mais
seguro que a aspirina; no entanto, se comparado com o meloxicam e o carprofeno, possui maior 
probabilidade de produzir lesões no trato gastrointestinal. 
CARPROFENO
• O carprofeno apresenta grande atividade analgésica, sendo indicado para 
promover analgesia na pré e póscirurgia e no controle da dor aguda ou 
crônica, incluindo a osteoartrite, tanto em cães como em felinos.
• Estudos apotam maior eficácia e duração de efeitos que a meperidina e o 
butorfanol.
• Algumas pesquisas sugerem que, ao contrário da aspirina, o carprofeno
promoveria a estimulação da produção de glicosaminoglicanos. Outro efeito 
desejável é sua mínima atividade antitromboxana.
• Estudos realizados em cães mostram que a administração crônica de 
carprofeno não produziu potenciais efeitos adversos, como sangramento 
gástrico, nefroxicidade e hepatotoxicidade. 
12/10/2021
DIPIRONA
- A dipirona possui boa atividade analgésica, no entanto é desprovida de efeito anti-inflamatório, sendo 
indicado para o controle de dor visceral leve a moderada. - Embora existam atualmente AINEs mais 
eficazes que a dipirona, o emprego desse analgésico deve ser considerado, pois tem baixo custo e 
excelente atividade antitérmica; 
- Não tem sido descrito efeito ulcerogênico, quando do uso prolongado, nem efeitos nefrotóxicos ou 
hepatotóxicos. 
FIROCOXIBE
• Firocoxibe
O firocoxibe vem sendo empregado em cães para o controle de dor e 
inflamação associadas à osteoartrite.
Como é um medicamento novo, poucos são os dados clínicos disponíveis. 
12/10/2021
MELOXICAM
• Possui excelente atividade analgésica e vem sendo empregado em cães e gatos para 
o controle de dores crônicas em tecidos moles e sistema musculoesquelético. 
• Em cães, vem sendo também utilizado para analgesia pós-operatória, em cirurgias 
ortopédicas ou em tecidos.
•
Tem sido verificado que a administração crônica de meloxicam promove erosões 
gástricas leves a moderadas em cães.
• Esse AINE possui mínima atividade antitromboxana e estudos indicam que não 
possui potencial atividade hepatotóxica e nefrotóxica.PARACETAMOL
• Paracetamol (acetaminofeno)
• Não deve ser usado em felinos devido aos já bem estabelecidos efeitos graves nesta 
espécie animal: hepatotoxicidade e metemoglobinúria. 
• Seguro quando administrado a cães. 
• Um estudo em cães, no qual se administraram doses maiores que aquelas
recomendadas clinicamente, mostrou não haver lesão gástrica ou renal nestes 
animais. 
• Embora o paracetamol seja desprovido de efeito anti-inflamatório, ele tem se 
mostrado tão eficaz quanto a aspirina no tratamento de dores musculoesqueléticas 
em cães. 
12/10/2021
TEPOXALINA
• Tepoxalina
A tepoxalina é classificada como um AINE de efeito dual, ou seja, atua tanto na COX 
quanto na LOX, promovendo também, portanto, a diminuição da produção de 
leucotrienos. 
• Este medicamento tem indicação para o controle da dor e inflamação associadas a 
osteoartrites. 
• É também um medicamento que foi lançado recentemente, portanto poucos são os 
dados clínicos disponíveis sobre ele. 
ANIMAL SEM DOR= ANIMAL FELIZ

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