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12/10/2021 PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS DE ANALGESIA ÉTICA NO TRATAMENTO DA DOR Vívian Novaes TRATAMENTO DA DOR • Além da avaliação do pulso, da frequência cardíaca, da temperatura e da frequência respiratória, a dor passou a ser considerada um sinal vital e como tal deve ser avaliada de pronto em qualquer atendimento clínico, quantificada e tratada. • Receio do emprego dos diferentes fármacos analgésicos. • Para evitar a possível ocorrência de efeitos adversos muitos profissionais simplesmente deixam de utilizá-los. • Pode-se pressupor também que muitos profissionais desconheçam a ação deletéria da dor nos diferentes sistemas orgânicos, não dimensionando o quão prejudicial pode ser para o restabelecimento do animal o seu não tratamento. 12/10/2021 AVALIAÇÃO DA DOR • Na avaliação inicial de qualquer indivíduo, a dor deve ser diagnosticada, quantificada e tratada prontamente da mesma maneira como se administra o antitérmico nos casos de febre. • No prontuário de atendimento deve constar o resultado da avaliação da dor, o horário dessa avaliação e a terapêutica preconizada. • Esses aspectos devem constar em todas as avaliações subsequentes do paciente AVALIAÇÃO DA DOR https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13290/manejo-da-dor-em-caes-e-gatos 12/10/2021 ÉTICA NO TRATAMENTO DA DOR • O comportamento da sociedade, também se depreende que de maneira geral tolera-se hoje em dia muito menos que os animais suportem dor e sofrimento, • Manifestações contrárias aos experimentos com animais, as quais ao longo dos últimos anos aumentaram consideravelmente • Acompanhando essa linha de raciocínio, a ciência do bem-estar animal (BEA) ganhou grande impulso também nos últimos anos e de forma científica vem demonstrando e produzindo documentos sobre esse tema. • O médico veterinário, por sua formação e por ter abraçado a carreira na qual se objetiva acima de tudo o BEA, deveria invariavelmente ser o maior contribuinte para prover o tratamento da dor e evitar que os animais sofram; • Seria dever de todo profissional conhecer e dominar os preceitos básicos do tratamento da dor. ÉTICA NO TRATAMENTO DA DOR • Há muitas condições clínicas que não são passíveis de tratamento e que cursam com dor, como é o caso do câncer, das artropatias, entre outras várias condições. • Nessas situações cabe ao médico veterinário prover o máximo de conforto ao animal e manutenção da qualidade de vida por meio da terapia analgésica e dos cuidados paliativos. 12/10/2021 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DOS ANALGÉSICOS VETERINÁRIOS • Os analgésicos são classicamente divididos em dois grandes grupos: - Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) - Opioides (ou hipoanalgésicos) Os AINEs são erroneamente considerados analgésicos fracos e de ação periférica, e os opioides são considerados analgésicos fortes e de ação central, com elevado risco de depressão respiratória. Na realidade, nem sempre os analgésicos anti-inflamatórios são fracos, tampouco os opióides atuam exclusivamente por via central ou necessariamente produzem depressão respiratória. TRATAMENTO DA DOR https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13290/manejo-da-dor-em-caes-e-gatos 12/10/2021 GRAUS DE DOR https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13290/manejo-da-dor-em-caes-e-gatos PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DA DOR https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13290/manejo-da-dor-em-caes-e-gatos 12/10/2021 OPIÓIDES OPIÓIDES • São caracterizados por apresentarem propriedades sedativa e hipnótica, além de serem analgésicos potentes; • São utilizados no controle da dor aguda e crônica, servindo de base para o controle efetivo da dor; • A papoula constitui a fonte do ópio a partir do qual Serturner, em 1803, isolou o alcaloide puro, morfina, que recebeu esse nome em homenagem a Morfeu, o deus grego dos sonhos; • A morfina é o protótipo dos agonistas opióides e é conhecida há muito tempo pela sua capacidade de aliviar a dor intensa com notável eficácia. 12/10/2021 OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA • Absorção: - Os analgésicos opióides são, em sua maioria, bem absorvidos quando administrados por via subcutânea, intramuscular ou oral. - Devido ao metabolismo de primeira passagem pelo fígado, ocorre diminuição da biodisponibilidade dos opioides, - A dose oral requerida para produzir um efeito terapêutico pode ser muito maior que a dose parenteral - A biodisponibilidade da morfina no homem é de apenas 25% após administração oral, e no cão é de somente 5% OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA • Absorção • Na medicina veterinária, os opioides mais utilizados pela via oral são o tramadol e a codeína, em virtude de o metabolismo de primeira passagem ser reduzido. • São comumente administrados por via intravenosa, sobretudo para o tratamento da dor pós- operatória, porém deve-se ter cautela na administração da morfina e da meperidina por essa via, pois poderesultar em liberação de histamina e, consequentemente, queda da pressão arterial. • Outras vias de administração dos opioides incluem a mucosa oral, utilizada principalmente na administração do opioide buprenorfina em felinos, e a aplicação de emplastros transdérmicos de fentanil, que permite a liberação do analgésico durante vários dias 12/10/2021 OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA • Distribuição • A distribuição dos opioides do sangue para o sistema nervoso central (SNC) pode variar, mas a maioria dos opioides são lipossolúveis, permitindo a passagem pelas membranas até atingir o tecido-alvo; • Os opioides se ligam às proteínas plasmáticas com afinidade variável; • Abandonam o compartimento sanguíneo e localizam-se em concentrações mais altas em tecidos acentuadamente perfundidos, como cérebro, pulmões, fígado, rins e baço; • Baixas concentrações em músculos e gordura, porém, devemos nos atentar ao acúmulo nesses tecidos. OPIÓIDES: FARMACOCINÉTICA • Biotransformação: • O metabolismo dos fármacos tem como finalidade tornar o agente hidrofílico para facilitar sua excreção pela urina • Resulta na produção de metabólitos ativos e inativos. • Apesar de o metabolismo ter como finalidade o processo de desintoxicação, o mesmo pode resultar em produtos que possuem utilidade clínica, serem tóxicos ou ambos; • Os felinos possuem deficiência de metabolização por glucuronidação, contribuindo para o aumento do risco de intoxicação nessa espécie 12/10/2021 OPIÓIDES:FARMACOCINÉTICA • Excreção • Os opioides são rapidamente eliminados do organismo em animais saudáveis, com meia-vida variando de 30 minutos a 2 horas. • Alguns opioides, como morfina, buprenorfina, oximorfona e tramadol, podem apresentar efeito farmacológico por período prolongado, dependendo do tipo de dor, da espécie e da via de administração. • A formação de metabólitos ativos prolonga a duração do efeito • Maior parte excretada na urina e pequena parte na bile; OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Os opioides são fármacos analgésicos que mimetizam a ação de opioides endógenos (endorfina), que são peptídeos produzidos nos sistemas nervoso e endócrino, os quais estimulam os receptores opioides; • Os opioides endógenos apresentam normalmente atividade tônica fraca, porém tornam-se altamente ativos em certas condições ambientais, como, por exemplo, durante extremo estresse e dor. 12/10/2021 OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Os receptores são encontrados nas terminações nervosas pré-sinápticas, em que sua ação resulta na diminuição da liberação de neurotransmissores, ou no corpo celular do neurônio, no qual inibe a geração do potencial de ação. • Em suma, os opióides apresentam duas ações diretas bem estabelecidas sobre os neurônios: 1) fecham os canais de Ca2+ regulados por voltagem nas terminações nervosas pré-sinápticas, promovendo a diminuição do influxo desse íon, o que reduz a liberação de neurotransmissores, como a substância P, inibindo a transmissão sináptica do estímulo nociceptivo; 2) Hiperpolarizam e, assim, inibem neurôniospós-sinápticos por meio da abertura dos canais de K+, inibindo as vias nociceptivas ascendentes OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Fonte: Tratamento da dor na clínica de pequenos animais 12/10/2021 OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Os opioides podem atuar com alta eficácia e potência ao se ligarem ao receptor; estes são chamados de agonistas puros, como a morfina. • Outros opioides são agonistas parciais em um tipo de receptor, ou seja, ligam-se ao receptor, mas apresentam efeito e potência limitados, como a buprenorfina em receptor μ. • Alguns opioides são agonistas-antagonistas, apresentando ação agonista em um tipo de receptor e ação antagonistamem outros, como a nalbufina e o butorfanol, que são μ-antagonista e κ-agonista • A ativação dos receptores μ, além de produzir analgesia, pode causar euforia, depressão respiratória, miose, sedação, redução da atividade gastrointestinal e dependência física. OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Os três receptores são encontrados em alta concentração no corno dorsal da medula espinhal; • Os agonistas opioides inibem a liberação de transmissores excitatórios a partir desses aferentes primários e inibem diretamente o neurônio transmissor de dor no corno dorsal; • Por conseguinte, os opioides exercem um poderoso efeito analgésico diretamente na medula espinhal. 12/10/2021 OPIÓIDES: FARMACODINÂMICA • Mecanismo de ação: • Os opioides, tanto endógenos quanto exógenos, também podem produzir analgesia fora do SNC, pois os receptores opioides também estão presentes nas terminações periféricas de fibras nervosas nociceptivas. • A dor associada à inflamação parece ser particularmente sensível a essas ações periféricas dos opioides. • Essa hipótese é sustentada pela identificação de receptores μ funcionais nas terminações periféricas de neurônios sensitivos. MECANISMO DE AÇÃO 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • Sistema respiratório • Depressão respiratória, pois todos os analgésicos opioides podem produzir depressão respiratória dose-dependente significativa ao inibir os mecanismos respiratórios do tronco encefálico; • Os opioides podem aumentar a pressão intracraniana devido ao acúmulo de CO2 e vasodilatação cerebral, causada pela depressão respiratória; esse efeito pode ser preocupante no paciente com traumatismo craniano. EFEITOS ADVERSOS • Centro da tosse • A supressão do reflexo de tosse é uma ação bem conhecida dos opioides, por meio da depressão do centro da tosse, porém a depressão respiratória e a supressão da tosse não parecem estar relacionadas. • Opioides antitussígenos não necessariamente causam depressão respiratória. 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • Sistema Cardiovascular • A maioria dos opioides não exerce efeitos diretos significativos sobre o coração nem efeitos importantes sobre o ritmo cardíaco, exceto bradicardia devido à estimulação vagal, que pode ser minimizada com a utilização de atropina. • Assim como a depressão respiratória, a bradicardia geralmente ocorre após a administração pela via intravenosa dos opioides potentes. • O risco de hipotensão aumenta com fármacos que induzem liberação de histamina, como a morfina. • Sendo assim, a reposição volêmica deve ser instituída antes da administração desses opioides em pacientes hipovolêmicos, e devem ser administrados de forma diluída e lenta. EFEITOS ADVERSOS • Diâmetro pupilar • Observa-se ocorrência de midríase nas espécies que apresentam excitação do SNC e miose naquelas que apresentam sedação após a administração dos opioides. • A miose é produzida por uma ação excitatória dos opioides no disparo neuronal nos núcleos oculomotores. • Essa ação de constrição das pupilas pode ser bloqueada por antagonistas dos opioides, além disso é mediada por vias parassimpáticas que, por sua vez, podem ser bloqueadas pela atropina. • Nos felinos, e em outras espécies nas quais ocorre a midríase, esse aumento da atividade no núcleo oculomotor também existe, porém esse efeito é mascarado pelo aumento da liberação de catecolaminas, que produz midríase 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • SNC • A depressão do SNC é vista tipicamente em cães, macacos e humanos. • Estimulação pode acontecer em gatos, cavalos, ovelhas, porcos e bovinos após a administração de diversos opioides, mais comumente a morfina. EFEITOS ADVERSOS • Centro termorregulador O sistema hipotalâmico termorregulador também pode ser afetado com a administração dos opioides. • A alteração mais comum é a hipotermia, particularmente quando os opioides são utilizados no período transoperatório associado a outros fármacos depressores do SNC. • Entretanto os opioides podem causar hipertermia em algumas espécies, como felinos, equinos, suínos e ruminantes. • Em parte, esse aumento da temperatura pode ser atribuído ao aumento da atividade muscular associado à excitação nessas espécies, porém acredita-se que exista um mecanismo hipotalâmico central envolvido que ainda não está bem elucidado. 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • Centro emético Os analgésicos opioides podem ativar a zona disparadora quimiorreceptora do tronco encefálico, produzindo náusea e vômitos. • Como os outros efeitos adversos relacionados ao SNC, existem variações entre espécies na tendência a produzir vômito após a administração de opioides. • Os equinos, suínos, ruminantes e coelhos não apresentam êmese com a administração de opioides. • Nos gatos os opioides podem induzir ao vômito, porém em doses maiores que aquelas que estimulam êmese em cães. • Os caninos frequentemente apresentam vômitos após a administração de opioides, especialmente a morfina. • Entretanto esse efeito emético pode ser amenizado com a administração prévia de acepromazina. • Além disso, essa ação emética característica da administração de opioides como medicação pré-anestésica não ocorre comumente no pós-operatório e em pacientes que sofrem de dor EFEITOS ADVERSOS • Sistema gastrointestinal Os efeitos gastrointestinais dos opioides são mediados por receptores μ e δ localizados no plexo mesentérico do trato gastrointestinal. • A administração dos opioides geralmente estimula os cães e, com menor frequência, os gatos a defecar. • Entretanto, após essa resposta inicial, espasmos da musculatura lisa do trato gastrointestinal predispõem o paciente a íleo paralítico e constipação • No intestino grosso, as ondas peristálticas propulsivas são diminuídas e o tônus aumentado, o que retarda a passagem do bolo fecal e permite maior absorção de água, resultando em constipação • Os equinos e ruminantes são predispostos a complicações gastrointestinais associadas à administração de opioides, como cólicas e timpanismo ruminal, respectivamente. • Nos cães e gatos, a constipação é mais acentuada com a utilização a longo prazo dos opioides, como nos casos de dor crônica. 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • Sistema genitourinário • Os opioides, principalmente quando administrados por via epidural, podem causar retenção urinária por meio da supressão dose-dependente da contratilidade do músculo detrusor e diminuição da sensação de urgência; • Além disso, foi constatado que os opioides μ exercem efeito antidiurético nos seres humanos. • Os mecanismos podem envolver tanto o SNC quanto locais periféricos, porém as contribuições relativas de cada um deles não são conhecidas. Os opioides também intensificam a reabsorção tubular renal de sódio. APRESENTAÇÕES COMERCIAIS 12/10/2021 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS-AINES • Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são classificados por sua estrutura química e pela atividade inibitória específica para enzimas associadas à produção de eicosanoides (produção de prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos, lipoxinas etc.) • Os AINEs têm sido amplamente utilizados no tratamento da dor e inflamação desde a introdução do ácido acetilsalicílico (aspirina)em 1897. • Esses fármacos apresentam diferentes graus de atividade antiinflamatória, analgésica e antipirética e estão entre os medicamentos mais utilizados no mundo 12/10/2021 AINES • Não produzem sedação ou ataxia. • AINEs podem ser combinados com os opioides, pois os anti-inflamatórios não esteroidais conferem sinergismo quando utilizados em combinação com os narcóticos, diminuindo a dose requerida deles. • A longa ação e a eficácia analgésica fazem dos AINEs ótimos analgésicos para tratamento da dor na medicina veterinária AINES: FARMACOCINÉTICA • Absorção - A maioria dos AINEs, por serem ácidos fracos, é bem absorvida pelo estômago canino e felino devido ao baixo pH do suco gástrico; - Muitos anti-inflamatórios são formulados para administração parenteral e são bem absorvidos pela via subcutânea e intramuscular. - Os AINEs também são formulados para utilização tópica, que podem resultar em níveis farmacológicos nos tecidos e líquidos sinoviais semelhantes aos observados após administração oral desses fármacos 12/10/2021 AINES: FARMACOCINÉTICA • Distribuição Os AINEs são distribuídos extracelularmente, com um pequeno volume de distribuição. • Uma explicação para esse fato é que a maioria dos AINEs apresenta uma carga iônica. • Entretanto, por serem ácidos fracos, penetram rapidamente nos tecidos inflamados. Como resultado, a duração do efeito dos AINEs pode exceder a sua aparente meia-vida sistêmica devido à concentração desses agentes em sítios onde o pH do fluido extracelular é baixo, como nos locais de inflamação. • São poucos os AINEs, como o firocoxib, que apresentam alto volume de distribuição e ampla penetração nos tecidos AINES:FARMACOCINÉTICA • Distribuição • A maioria dos AINE liga-se amplamente às proteínas (> 90%), geralmente à albumina, com exceção aos salicilatos (50% de ligação com proteínas). Acredita-se que este seja outro fator para o acúmulo dos antiinflamatórios no exsudato inflamatório rico em proteínas. • Devido a essa ligação, os AINEs podem apresentar interação medicamentosa por meio do deslocamento de proteína 12/10/2021 AINES: METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Biotransformação hepática: • Resulta em metabólitos inativos ou menos ativos, com exceções da aspirina e a fenilbutazona são convertidas em metabólitos ativos (salicilato e oxifenobutazona, respectivamente); • Embora a excreção renal seja a via mais importante de eliminação final pela filtração glomerular e excreção tubular, quase todos os AINEs sofrem graus variáveis de excreção e reabsorção linear (circulação entero- hepática), e o grau de irritação do trato gastrointestinal inferior correlaciona-se com a extensão da circulação entero-hepática. • Os AINEs são excretados em diferentes taxas, dependendo da via metabólica e da extensão da circulação entero-hepática. Por isso, a meia-vida varia consideravelmente entre os fármacos e as espécies. AINES: MECANISMO DE AÇÃO • O mecanismo de ação analgésico dos AINEs ocorre mediante a inibição da atividade das isoenzimas COX-1,COX-2 e COX-3, evitando a síntese de prostaglandinas. • As prostaglandinas, em particular a PGE2 e a prostaciclina, são potentes mediadores da inflamação e da dor. A PGE2 é um potente agente pirético, dilatador da musculatura lisa vascular, e a sua produção é estimulada pela liberação de interleucina-1 em resposta a infecções bacterianas e virais • As prostaglandinas não causam dor diretamente, mas originam hiperalgesia e aumentam a nocicepção produzida por outros mediadores, como as bradicininas, pela sensibilização dos receptores localizados na parte final do nervo aferente. 12/10/2021 AINES: FARMACODINÂMICA AINES: MECANISMO DE AÇÃO • Os efeitos antinociceptivos dos AINEs podem ser centrais e periféricos. • Os AINEs penetram no tecido inflamado, onde exercem ação local, sendo excelente escolha analgésica para o tratamento de injúrias com inflamação associada. • A ação central ocorre nos níveis espinhais e supraespinhais, acarretando sensação de bem- estar e aumento de apetite, que são frequentemente observados em pacientes que recebem AINEs parenteral para alívio da dor aguda 12/10/2021 AINES: FARMACODINÂMICA • Os AINEs atuam inibindo diversos mediadores da inflamação, principalmente a biossíntese de prostaglandinas na cascata do ácido araquidônico. • As membranas, quando são lesionadas, liberam peptídeos endógenos conhecidos como lipocortinas, que ativam a fosfolipase A2. Esta, por sua vez, libera o ácido araquidônico da membrana fosfolipídica, sendo este o primeiro passo para a formação das prostaglandinas e leucotrienos. • Os eicosanoides são formados pelo ácido araquidônico pela ação da cicloxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX). • A COX atua na produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, e a LOX, na produção de leucotrienos e lipoxinas CICLOOXIGENASE 1 (COX-1) • Presente em quase todos os tecidos (vasos sanguíneos, plaquetas, estômago, intestinos e rins); • Denominada enzima constitutiva; • Associada à produção de prostraglandinas resultando em efeitos fisiológicos: - Proteção gástrica - Agregação plaquetária - Homeostase vascular - Manutenção do fluxo sanguíneo renal 12/10/2021 COX-1 • A atividade da COX-1 é primariamente fisiológica, incluindo proteção da mucosa gástrica, manutenção do fluxo sanguíneo renal e hemostasia vascular. • Em algumas situações a COX-1 pode exercer atividade inflamatória e dor, mas esta não é a sua função predominante CICLOOXIGENASE 2 (COX-2) • Denominada de enzima pró-inflamatória em processos patológicos; • Macrófagos, monócitos e sinoviócitos podem liberar citocinas pró- inflamatórias que induzem as prostraglandinas • Induzida pelas citocinas (IL-1, IL-2 e fator de necrose tumoral [TNF]): - Rins, - cérebro, - ovário, - útero, - cartilagem, - ossos - endotélio vascular. 12/10/2021 COX-2 • A expressão da COX-2 nos macrófagos é induzida por mediadores como os fatores de crescimento, citocinas e mitogenes. • Esses eventos também podem ocorrer nos condrócitos, osteoblastos e nas células endoteliais sinoviais. • A atividade da COX-2 é primariamente associada a processos patológicos, como dor, inflamação e febre. • A expressão da COX-2 é aumentada na patogênese de diversos carcinomas de células epiteliais, incluindo cólon, esôfago, mama e pele, e também na doença de Alzheimer e outras condições neurológicas. • Portanto, os inibidores de COX-2 podem ser considerados agentes anticarcinogênicos em potencial. COX-2 • A COX-2 apresenta algumas atividades fisiológicas importantes relacionadas a manutenção do fluxo sanguíneo renal, maturação dos néfrons, cicatrização de mucosa gástrica, manutenção da integridade da mucosa, inibição da aderência leucocitária e atividade antitrombótica. • Por isso, o bloqueio seletivo da COX-2 foi associado à ocorrência de infarto agudo do miocárdio e insuficiência renal. • Entretanto a ação mais evidente da COX-2 é na inflamação, quando sua síntese aumenta em 20 vezes 12/10/2021 MECANISMO DE AÇÃO TIPOS DE AINES 1. Inibidores sem seletividade : Inibem igualmente a COX- 1 e COX-2 Ibuprofeno Naproxeno Ácido acetilsalicílico 12/10/2021 TIPOS DE AINES 2. Inibidores preferencialmente da COX-2 Nimesulina Meloxicam TIPOS DE AINES 3. Inibidores específicos sobre a COX-2 Rofecoxibe Celecoxibe 12/10/2021 SELETIVIDADE PARA COX-1 E COX-2 CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS Os AINEs não devem ser administrados a pacientes com: • Insuficiência renal ou hepática; • Desidratação, hipotensão ou condições associadas a baixo volume efetivo circulante (insuficiência cardíaca congestiva [ICC] ou ascite),; • Coagulopatias (deficiência de fator de coagulação, trombocitopenia ou doença de von Willebrand), hipoalbuminemia; • Evidência de ulceração gástrica (vômito com ou sem a presença de conteúdo de aspecto de “borra de café” ou melena) 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS Gastrointestinais As lesões gastrointestinaissão os efeitos colaterais observados com maior frequência associados à utilização de AINEs e estão em grande parte relacionados à inibição da atividade das prostaglandinas e prostaciclinas, que atuam ativamente na proteção da mucosa gástrica prevenindo injúrias causadas pelo ácido gástrico. A PGE2 diminui a quantidade, a acidez e a pepsina da secreção gástrica; estimula a secreção de bicarbonato pelas células epiteliais; aumenta a produção de muco no estômago e no intestino; estimula a reparação das células epiteliais gastrointestinais e aumenta o movimento de água e eletrólitos no intestino delgado, portanto a sua inibição causa sérios transtornos. EFEITOS ADVERSOS • A atividade plaquetária comprometida também pode contribuir para a lesão na mucosa. • Além disso, os fármacos que entram na circulação entero-hepática estão associados a maior incidência de distúrbios gastrointestinais, pois o duodeno é exposto repetitivamente a altas concentrações de AINEs. • Todos os AINEs utilizados em cães já foram relatados como causadores de ulceração gástrica, incluindo os fármacos COX-2 seletivos, apesar de serem mais seguros do que os fármacos não seletivos 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS • Os cães e gatos são mais sensíveis aos efeitos colaterais gastrointestinais dos AINEs do que outras espécies. • Nos cães, isso ocorre por possuírem maior circulação entero-hepática, portanto meia-vida prolongada de muitos AINEs. • Nos gatos, é resultado da diminuição na habilidade de glucuronidação e metabolização dos AINEs, que também resulta em meia-vida prolongada dos fármacos anti-inflamatórios (paracetamol). EFEITOS ADVERSOS Nefrotoxicidade • Toxicidade renal em consequência da redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular • As prostaglandinas renais são responsáveis pela manutenção do fluxo sanguíneo renal por meio da sua ação vasodilatadora, protegendo os rins de danos isquêmicos, e esta ação é mediada pela COX-1 e COX-2 • Em pacientes saudáveis, normoidratados, a redução da produção das prostaglandinas renais, em geral, não resulta em consequências clínicas ao paciente. • Entretanto pode ocorrer toxicidade renal significante se o animal estiver hipovolêmico, retendo sódio ou apresentar insuficiência renal 12/10/2021 EFEITOS ADVERSOS Sistema hematológico e hemostasia • Os AINEs são capazes de diminuir a atividade plaquetária devido à inibição da síntese de tromboxanos pela ação seletiva da COX-1, porém as doses clínicas empregadas normalmente não prejudicam a hemostasia. • Isso pode ser explicado pelo fato de que o bloqueio da produção de tromboxano pela COX-1 é equilibrado pela inibição da COX-2 em células endoteliais, resultando na liberação reduzida de prostacilina (PGI2), que normalmente causa vasodilatação e diminuição da agregação plaquetária. • Sangramento se o fármaco utilizado se ligar irreversivelmente à COX-1, como a aspirina e a fenilbutazona, pois o efeito persistirá por toda a vida útil das plaquetas. • Os estudos recentes com os inibidores seletivos de COX-2, como o carprofeno e o firocoxib, não têm demonstrado aumento do tempo de sangramento, mesmo em altas doses. PRINCIPAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃOESTEROIDAIS EMPREGADOS NA ANALGESIA 12/10/2021 DERIVADOS DO ÁCIDO ENÓLICO • Pirazolonas: fenilbutazona • Usada em equinos desde a década de 50, principalmente em casos de inflamações ósseas, articulações e em cólicas agudas. • Possui meia vida de 8 a 12 horas. • Não indicado em cães e gatos DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO • Ácido acetilsalicílico Ações: analgésicas, antipiréticas, inibição plaquetária, sem ação sobre a produção de superóxidos (radicais livres), inibe a cicloxigenase e em altas doses a lipoxigenase. - Os felinos, por possuírem pequena concentração da enzima glicuroniltransferase, apresentam um retardo na biotransformacão deste AINE e, consequentemente, tem meia-vida mais longa; portanto, deve-se ter muita atenção na posologia da aspirina para estes animais. - Degeneração da cartilagem em animais com artrite; esta característica provavelmente se deve ao fato de a aspirina diminuir a síntese de glicosaminoglicanos em articulações instáveis. 12/10/2021 DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO • Ácido salicílico • Usado como queratolítico (auxilia na remoção de gordura da pele do animal), possuindo efeitos irritantes (uso tópico). DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO • Ácido acético • Diclofenaco: ação dual (COX 1 e 2), com alta potência anti-inflamatória e analgésica. • Uso contra-indicado devido à ocorrência frequente de úlceras gastroduodenais em cães e gatos. 12/10/2021 DERIVADOS DO ÁCIDO CARBOXÍLICO • Ácidos aminonicotínicos • Flunixin Meglumine: • Boa ação analgésica e anti-inflamatória em equinos – cólicas. • Em caso de choque endotóxico: usar ¼ da dose (inibição moderada da produção de eicosanoides). • Não aplicar em pacientes em recuperação anestésica: a baixa pressão pode potencializar os efeitos sobre os rins NAPROXENO • Ácido propiônico • Naproxeno: • Mais utilizados dos ácidos propiônicos (COX-1 e 2). • Potente ação anti-inflamatória, antipirética e analgésica, usado no tratamento de miosites em equinos (meia vida de 5 a 6 horas). • Em cães: meia vida longa, de 35 a 74 horas (reciclagem do metabólito ativo da droga pelo ciclo entero-hepático). 12/10/2021 CETOPROFENO • Cetoprofeno: • Aão dual (COX-1 e 2), sendo antagonistas das bradicininas para estabilização das membranas. • Mais seguro e eficiente AINES derivado do ácido propiônico, sendo 50 a 100 vezes mais potente que a fenilbutazona. • Terapia: não ultrapassar 5 dias. • Equinos: usado nos casos de cólica e desordens musculoesqueléticas. • O cetoprofeno tem se mostrado bastante seguro, com mínimos efeitos indesejáveis, quando empregado por curto período. • Estudos mostram que, em relação aos efeitos ulcerogênicos, o cetoprofeno mostra-se mais seguro que a aspirina; no entanto, se comparado com o meloxicam e o carprofeno, possui maior probabilidade de produzir lesões no trato gastrointestinal. CARPROFENO • O carprofeno apresenta grande atividade analgésica, sendo indicado para promover analgesia na pré e póscirurgia e no controle da dor aguda ou crônica, incluindo a osteoartrite, tanto em cães como em felinos. • Estudos apotam maior eficácia e duração de efeitos que a meperidina e o butorfanol. • Algumas pesquisas sugerem que, ao contrário da aspirina, o carprofeno promoveria a estimulação da produção de glicosaminoglicanos. Outro efeito desejável é sua mínima atividade antitromboxana. • Estudos realizados em cães mostram que a administração crônica de carprofeno não produziu potenciais efeitos adversos, como sangramento gástrico, nefroxicidade e hepatotoxicidade. 12/10/2021 DIPIRONA - A dipirona possui boa atividade analgésica, no entanto é desprovida de efeito anti-inflamatório, sendo indicado para o controle de dor visceral leve a moderada. - Embora existam atualmente AINEs mais eficazes que a dipirona, o emprego desse analgésico deve ser considerado, pois tem baixo custo e excelente atividade antitérmica; - Não tem sido descrito efeito ulcerogênico, quando do uso prolongado, nem efeitos nefrotóxicos ou hepatotóxicos. FIROCOXIBE • Firocoxibe O firocoxibe vem sendo empregado em cães para o controle de dor e inflamação associadas à osteoartrite. Como é um medicamento novo, poucos são os dados clínicos disponíveis. 12/10/2021 MELOXICAM • Possui excelente atividade analgésica e vem sendo empregado em cães e gatos para o controle de dores crônicas em tecidos moles e sistema musculoesquelético. • Em cães, vem sendo também utilizado para analgesia pós-operatória, em cirurgias ortopédicas ou em tecidos. • Tem sido verificado que a administração crônica de meloxicam promove erosões gástricas leves a moderadas em cães. • Esse AINE possui mínima atividade antitromboxana e estudos indicam que não possui potencial atividade hepatotóxica e nefrotóxica.PARACETAMOL • Paracetamol (acetaminofeno) • Não deve ser usado em felinos devido aos já bem estabelecidos efeitos graves nesta espécie animal: hepatotoxicidade e metemoglobinúria. • Seguro quando administrado a cães. • Um estudo em cães, no qual se administraram doses maiores que aquelas recomendadas clinicamente, mostrou não haver lesão gástrica ou renal nestes animais. • Embora o paracetamol seja desprovido de efeito anti-inflamatório, ele tem se mostrado tão eficaz quanto a aspirina no tratamento de dores musculoesqueléticas em cães. 12/10/2021 TEPOXALINA • Tepoxalina A tepoxalina é classificada como um AINE de efeito dual, ou seja, atua tanto na COX quanto na LOX, promovendo também, portanto, a diminuição da produção de leucotrienos. • Este medicamento tem indicação para o controle da dor e inflamação associadas a osteoartrites. • É também um medicamento que foi lançado recentemente, portanto poucos são os dados clínicos disponíveis sobre ele. ANIMAL SEM DOR= ANIMAL FELIZ
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