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SUMÁRIO UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS E CONTEXTO UNIDADE 2 | PRINCIPAIS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 1.1 O conceito de droga 2.1 Principais organizações e normas intergovernamentais de controle de drogas 1.2 A questão das drogas no mundo 2.2 Legislação básica nacional 18 18 27 27 APRESENTAÇÃO MÓDULO 1 16 20 29 UNIDADE 3 | SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (SISNAD) 3.1 SISNAD: conceito, princípios e objetivos 3.2 Integrantes do SISNAD 33 33 36 1.3 A questão das drogas no Brasil 24 3.3 Governança do SISNAD 3.4 Governança da política sobre drogas nos estados, no Distrito Federal e nos municípios 39 44 UNIDADE 4 | A POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS E O PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS 4.1 Principais aspectos da PNAD 47 47 REFERÊNCIAS 58 4.2 O Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD): visão introdutória 51 UNIDADE 1 | POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA UNIDADE 2 | GESTÃO DE ATIVOS 1.1 Problemas relacionados ao tráfico de drogas 2.1 Panorama sobre a gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas 1.2 Programas e ações para redução da oferta de drogas 2.2 Programas e ações voltados para a gestão de ativos 70 75 90 90 APRESENTAÇÃO 68 80 99 REFERÊNCIAS 105 MÓDULO 2 MÓDULO 3 UNIDADE 1 | A INTERSETORIALIDADE, A TRANSVERSALIDADE E A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA POLÍTICA DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS 1.1 Redução da demanda 119 119 APRESENTAÇÃO 117 UNIDADE 2 | PREVENÇÃO AO USO, USO ABUSIVO E DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 1.4 Eixo da redução da demanda da Política Nacional sobre Drogas – Ministério da Cidadania 1.2 Intersetorialidade e transversalidade – trabalho em rede 1.5 Estrutura do eixo de redução da demanda de drogas – Ministério da Saúde 1.6 Estrutura transversal do eixo de redução da demanda de drogas – Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos 1.3 A estrutura administrativa da política de redução da demanda de drogas 1.7 Outros serviços e ações transversais e intersetoriais relativos à redução da demanda de drogas no âmbito do governo federal 126 132 120 128 129 126 131 2.1 A prevenção 132 2.3 Fatores de risco e de proteção ao uso de drogas 2.7 A ênfase à prevenção na Política Nacional sobre Drogas (PNAD) 2.5 Características de sistemas de prevenção eficazes 2.4 Níveis de prevenção 2.8 Sistema Nacional de Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas (SINAP) 2.6 Modelos de prevenção 134 143 139 138 144 140 2.2 Objetivo da prevenção 134 UNIDADE 3 | ESTUDOS, PESQUISAS, AVALIAÇÕES E GOVERNANÇA UNIDADE 4 | TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO 3.1 Estudos, pesquisas e avaliações 4.1 Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas para o tratamento 3.2 Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID) 4.2 Serviços extra-hospitalares 3.3 Políticas públicas e governança 4.3 Grupos de apoio e mútua ajuda 3.4 Sustentabilidade 147 152 147 152 149 153 149 154 150 REFERÊNCIAS 162 4.7 Rede de atenção clínico-hospitalar 4.8 Reinserção social 158 159 4.5 Rede de atenção primária à saúde 4.4 Comunidades terapêuticas 4.6 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 157 155 157 MÓDULO 3 - CONTEÚDO COMPLEMENTAR 171ANEXO | TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO 2 DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS SOBRE O TRATAMENTO 3 DA PREFERÊNCIA AOS SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES 176 177 4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS 3.1 Serviços extra-hospitalares 4.1 Das características das comunidades terapêuticas 4.2 Público-alvo das comunidadesTerapêuticas 4.3 Mapa das comunidades terapêuticas Contratadas pelo ministério da cidadania, com georreferenciamento 4.4 Legislação 4.5 As comunidades terapêuticas integram A rede de atenção psicossocial (RAPS) 177 184 185 187 188 189 182 1 INTRODUÇÃO 173 6 REINSERÇÃO SOCIAL REFERÊNCIAS 5.2 Rede de atenção clínico-hospitalar 193 199 202 5 REDE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 5.1 Centros de atenção psicossocial (CAPS) 191 191 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO UNIDADE 2 | INDICADORES 1.1 Planejamento: o que é e por que devemos planejar 2.1 Conceito, atributos e componentes 1.2 Os 5 Ps e as formas de estratégia 1.3 Ciclo de políticas públicas e desenvolvimento de um plano 2.2 Taxonomia 2.3 Componentes do indicador dentro de um plano 2.4 Passo a passo para a seleção/construção de um indicador 217 217 230 230 APRESENTAÇÃO MÓDULO 4 215 222 226 234 243 248 UNIDADE 3 | FERRAMENTAS ÚTEIS PARA O PLANEJAMENTO 3.1 Análise SWOT (matriz FOFA) 3.2 Árvore de problemas 252 252 253 3.3 Modelo lógico 3.4 Balanced Scorecard 256 261 REFERÊNCIAS 267 MÓDULO 5 UNIDADE 1 | ATIVIDADES PREPARATÓRIAS PARA O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM PLANO UNIDADE 2 | ELABORAÇÃO DO PLANO 1.1 Análise e adequação da estrutura básica de governança do plano: o Conselho de Políticas sobre Drogas 2.1 Diagnóstico setorial a partir da análise de problemas 1.2 Definição da unidade responsável pela organização e condução do processo de elaboração do plano 1.3 Levantamento detalhado dos participantes do processo de elaboração do plano e definição do cronograma dos trabalhos 1.4 Mobilização dos representantes, apresentação da metodologia e do cronograma dos trabalhos 2.2 Definição do direcionamento estratégico 2.3 Desdobramento tático do plano 2.4 Consolidação do documento preliminar, realização de consulta pública, aprovação e comunicação do plano 279 279 294 294 APRESENTAÇÃO 277 282 284 292 301 306 316 UNIDADE 3 | MONITORAMENTO, AVALIAÇÃO E REVISÃO DO PLANO 3.1 Orientações iniciais para o monitoramento do plano 320 320 3.2 Monitoramento, avaliação e revisão do plano: informações que devem ser apresentadas e periodicidade 329 REFERÊNCIAS 334 INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas EXPEDIENTE Todo o conteúdo do Curso CoPlanar - Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- Sem Derivações 4.0 Internacional. BY NC ND GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS E GESTÃO DE ATIVOS DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PLANEJAMENTO Gustavo Camilo Baptista Carlos Timo Brito CONTEUDISTAS Hugo Torres do Val Rolf Hartmann REVISÃO DE CONTEÚDO Fernanda Flávia Rios dos Santos Maria de Fátima de Moura Barros Jessica Santos Figueiredo Sueli Souza Silva APOIO Carlos Roberto da Silva Grazielle Teles de Araújo Kathyn Rebeca Rodrigues Lima Maria Aparecida Alves Dias Laudilina Quintanilha Mendes Pedretti de Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃO Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão:Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SIGLAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CF - Constituição Federal CICAD - Comissão Interamericana para o Controle de Drogas CND - Comissão das Nações Unidas sobre Drogas Narcóticas COMAD - Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas CONAD - Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas CONED - Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas EFD - Estratégia Federal de Desenvolvimento FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz FUNAD - Fundo Nacional Antidrogas INCB - International Narcotics Control Board JIFE - Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias LENAD - Levantamento Nacional de Álcool e Drogas LOA - Lei Orçamentária Anual MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública NSP - Novas Substâncias Psicoativas ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável OEA - Organização dos Estados Americanos OMS - Organização Mundial da Saúde ONU - Organização das Nações Unidas OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde PLAMAD - Plano Municipal de Políticas sobre Drogas PLANAD - Plano Nacional de Políticas sobre Drogas PLANED - Plano Estadual de Políticas sobre Drogas PNAD - Política Nacional sobre Drogas PPA - Plano Plurianual RDC - Resolução da Diretoria Colegiada SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos SENAPRED - Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime SUMÁRIO UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS E CONTEXTO UNIDADE 2 | PRINCIPAIS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 1.1 O conceito de droga 2.1 Principais organizações e normas intergovernamentais de controle de drogas 1.2 A questão das drogas no mundo 2.2 Legislação básica nacional 18 18 27 27 APRESENTAÇÃO 16 20 29 UNIDADE 3 | SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (SISNAD) 3.1 SISNAD: conceito, princípios e objetivos 3.2 Integrantes do SISNAD 33 33 36 1.3 A questão das drogas no Brasil 24 3.3 Governança do SISNAD 3.4 Governança da política sobre drogas nos estados, no Distrito Federal e nos municípios 39 44 UNIDADE 4 | A POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS E O PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS 4.1 Principais aspectos da PNAD 47 47 REFERÊNCIAS 58 4.2 O Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD): visão introdutória 51 Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 16 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Seja bem-vindo ao nosso primeiro módulo de estudos. Projetamos este primeiro módulo para tratar, em linhas gerais, dos conceitos fundamentais sobre drogas no contexto mundial e nacional em que o assunto se insere. Vamos também apresentar os marcos normativos que compõem as estruturas nacional e internacional da política sobre drogas. Você aprenderá sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, seu propósito, organização e atores envolvidos, bem como sobre a atuação do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas e o papel dos conselhos estaduais e muni- cipais. Ao final, você também conhecerá os aspectos gerais da nova Política Nacional sobre Drogas e a organização do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Diante dessa proposta, espera-se que o conteúdo disponibilize um arcabouço básico da política sobre drogas, que será fundamental para o entendimento dos conteúdos dos módulos seguintes deste curso. OBJETIVOS DO MÓDULO z Descrever as noções e conceitos essenciais sobre drogas. z Observar o contexto mundial e brasileiro em que se insere a discussão da política sobre drogas. z Identificar a legislação nacional e a internacional que fundamentam a Política Nacional sobre Drogas (PNAD) e o regime internacional de controle de drogas. z Descrever os propósitos, objetivos e a estrutura do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD). z Identificar o funcionamento do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) e o papel dos conselhos de políticas sobre drogas estaduais e municipais. z Descrever os pressupostos e objetivos da Política Nacional sobre Drogas e a organização do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD). VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre apresentação do módulo. https://youtu.be/OZuj7QYurRc Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 17 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas HUGO TORRES DO VAL CONTEUDISTA DO MÓDULO Especialista em Planejamento e Orçamento pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e bacharel em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). É servidor público federal da carreira de Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia, atualmente exercendo o cargo de Coordenador-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica do Ministério do Desenvolvimento Regional. Atua desde 2013 com as temáticas de planejamento e estratégia go- vernamental, com passagem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, bem como pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Neste último, trabalhou na Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD) e foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia da Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil e do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 18 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 1 CONCEITOS BÁSICOS E CONTEXTO Nesta unidade, são apresentados os principais conceitos relacionados às drogas e o contexto internacional e nacional em que elas se inserem. 1.1 O CONCEITO DE DROGA Em sentido amplo, o termo droga engloba qualquer substância química que afeta o funcionamento do corpo e/ou do cérebro (UNODC, 2007). Pela sua forma de atuação no organismo, muitas drogas têm sua produção e consumo regulados e controlados de diferentes maneiras pelo governo ou até mesmo são proibidas, a depender do nível de aceitação cultural e do entendimento existente sobre seu potencial de nocividade para o indivíduo e para a sociedade. No âmbito do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (SISNAD), instituído pela Lei nº 11.343/2006, também conhecida como “Lei de Drogas”, adotou-se o seguinte conceito de drogas: Lei nº 11.343/2006 "Parágrafo único. Para fim desta lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União." Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 19 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Assim, no Brasil, a política sobre drogas abrange tanto substâncias lícitas quanto ilícitas que possam causar dependência. DROGAS LÍCITAS ILÍCITAS nicotina/tabaco maconha metanfetamina cocaína êxtase alucinógenos medicamentos controlados álcool Saiba Mais Para entender mais sobre as características das principais drogas ilícitas submetidas a controle global, acesse a matéria “Tipos de drogas sob controle internacional”, disponível em: https://www.unodc.org/pdf/26june0709/ typesofdrugs_brochure_pt.pdf. Atualmente, a lista prevista na Lei de Drogas encontra-se no Anexo I da Portaria SVS nº 344, de 12 de maio de 1998, o qual é atuali-zado constantemente por meio das Resoluções de Diretoria Cole- giada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que apresenta as substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precur- soras e outras sob controle especial. Saiba Mais Essas atualizações são necessárias por causa do surgimento e da expansão mundial da distribuição de novas substâncias psicoativas (NSP). Para conhecer a lista mais recente e o histórico de atualizações, acesse: https:// www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/ controlados/lista-substancias. | ABRANGÊNCIA DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS https://www.unodc.org/pdf/26june0709/typesofdrugs_brochure_pt.pdf https://www.unodc.org/pdf/26june0709/typesofdrugs_brochure_pt.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 20 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.2 A QUESTÃO DAS DROGAS NO MUNDO O consumo de drogas é um fenômeno extremamente antigo, havendo evidências de que os seres humanos fazem uso de substâncias psicoa- tivas desde a Pré-História, com o objetivo de alterarem o seu estado mental diante da dor, do desconhecido e das tensões e medos diante de conflitos. Com o tempo, o uso de drogas diversas foi amplamente observado nas principais civilizações ocidentais e orientais, principal- mente para fins medicinais, religiosos e recreativos (BRASIL, 2021a). Nos períodos entre os séculos 17 e 20, verificou-se grande expansão na produção e consumo de drogas, bem como dos problemas a elas vinculados. Em 1909, a Conferência da Comissão do Ópio de Xangai se materializou como a primeira iniciativa multilateral em direção a controles internacionais de drogas, reconhecendo os problemas individuais e sociais gerados pelas drogas (BRASIL, 2021a). Foto: © [Arturo Laharrondo] / Shutterstock. Chineses fazendo uso de ópio. Foto: © [Pixaterra] / Adobe Stock. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 21 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Ainda na primeira metade do século 20, com o advento das grandes guerras, o consumo de drogas se intensificou e, após o término da 2ª Guerra Mundial, com a criação da Nações Unidas, o controle de drogas se tornou um tema relevante na agenda internacional (BRASIL, 2021a). Foto: © [Everett Collection] / Shutterstock. Reflexo de toda essa atenção, o governo de cada país passou a esta- belecer uma série de políticas públicas para resolver os problemas verificados vinculados às drogas, sendo tais políticas organizadas em frentes de prevenção do consumo, de tratamento de usuários e de combate ao tráfico de drogas. Além disso, como pilar de susten- tação dessas políticas, avançou-se no levantamento de informações e estatísticas acerca do consumo de drogas pela população. Foto: © [Marko Aliaksandr] / Shutterstock. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo de animação que trata da questão das drogas no mundo. https://youtu.be/aoC31vuiYJU Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 22 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Cerca de 200 milhões de pessoas usaram Cannabis em 2019 (4% da população mundial), representando um crescimento superior a 18% na última década. Aproximadamente 20 milhões de pessoas consumiram cocaína em 2019 (0,4% da população mundial), com prevalência mantida estável em relação ao aumento populacional. 62 milhões de pessoas fizeram uso de opioides para fins não medicinais em 2019 (1,2% da população mundial), valor que dobrou na última década, especialmente devido ao avanço na Ásia e na África. Estima-se que 27 milhões de pessoas utilizaram estimulantes anfetamínicos, correspondendo a 0,5% da população. O uso de novas substâncias psicoativas parece estar emergindo em países de baixa e média renda. A pandemia causada pela Covid-19 desencadeou gatilhos relacionados ao ciclo vicioso de vulnerabilidade e o desenvolvimento de problemas com drogas. Anualmente, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) publica estatísticas acerca do consumo e produção de drogas no mundo. O último “Relatório Mundial sobre Drogas” (UNODC, 2021a) identificou algumas questões. Veja a seguir. Veja, a seguir, mais detalhes sobre a relação da Covid-19 e o desen- volvimento de problemas com drogas. Conflitos Restrições/Carências educacionais Em 2020, 1,6 bilhão de estudantes foram afetados pelo fechamento de escolas. Restrições/Carências de Emprego Em 2020, 255 milhões de empregos de tempo integral foram perdidos. Problemas relacionados ao uso de drogas Pobreza Em 2020, entre 119 e 124 milhões de pessoas passaram para a condição de extrema pobreza. Círculo Vicioso | CONSUMO E PRODUÇÃO DE DROGAS NO MUNDO Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 23 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para visualizar no mapa-múndi os dados de prevalência geral do consumo de drogas no mundo, acesse a matéria disponível em: https://dataunodc.un.org/data/drugs/ Prevalence-general. E para saber mais sobre os efeitos da Covid-19 relacionados à oferta e à demanda por drogas, acesse o livreto 5 do “Relatório Mundial sobre Drogas”, disponível em: https://www.unodc.org/res/wdr2021/ field/WDR21_Booklet_5.pdf. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre a relação dos impactos causados pela Covid-19 e o desenvolvimento de problemas com drogas. Considerando-se o grande mercado consumidor existente, estima-se que o mercado global de drogas ilícitas movimenta, anualmente, um montante avaliado entre US$ 426 bilhões e US$ 652 bilhões, tor- nando-o o segundo mercado ilícito mais lucrativo, perdendo apenas para o de produtos falsificados e pirateados, cuja estimativa de renda é da ordem de US$ 1,13 trilhão por ano (MAVRELLIS, 2020). Foto: © [KARNSTOCKS] / Shutterstock. No que se refere às drogas lícitas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2021), o tabaco é uma das principais causas de mortes evitáveis no mundo, sendo responsável pela morte de mais 8 milhões de pessoas por ano. Dessas mortes, mais de 7 milhões são decorrentes do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão é resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. Além disso, os problemas relacionados ao tabaco geram um custo econômico global anual de aproximadamente 1,4 trilhão de dólares por ano. https://dataunodc.un.org/data/drugs/Prevalence-general https://dataunodc.un.org/data/drugs/Prevalence-general https://www.unodc.org/res/wdr2021/field/WDR21_Booklet_5.pdf https://www.unodc.org/res/wdr2021/field/WDR21_Booklet_5.pdf https://youtu.be/P8H6gsSWaGI Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 24 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Foto: © [monticello] / Shutterstock. O consumo nocivo de álcool é outra causa de mortes evitáveis e resulta em 3 milhões de mortes por ano em todo o mundo, representando 5,3% do total de mortes. O álcool também é entendido como fator causal para mais de 200 doenças e lesões (OPAS, 2021). Foto: © [Skrypnykov Dmytro] / Shutterstock. 1.3 A QUESTÃO DAS DROGAS NO BRASIL No Brasil, as estatísticas mais recentes sobre o consumo de drogas ilícitas constam do “II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas” (LENAD), realizado pela Universidade Federal de SãoPaulo (UNIFESP) em 2012. Veja a seguir alguns dados sobre o estudo. A prevalência do consumo de maconha nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa foi de 2,5% em adultos e 3,4% em adolescentes. Nesse mesmo período, o uso de cocaína foi de 1,7% em adultos e 1,6% em adolescentes. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 25 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Outro estudo relevante foi a “Pesquisa Nacional sobre o Crack”, rea- lizada pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em 2013, que revelou a existência de 370 mil usuários regulares de crack somente nas capitais do país, representando 0,81% da população dessas cidades. Em relação ao tráfico de drogas, de acordo com o estudo “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil” (CONAD/MJSP, 2021), o Brasil possui uma localização estratégica para o narcotráfico. A extensa faixa de fronteira que o liga a países produtores de drogas traz desafios aos órgãos de redução da oferta. Além disso, o país possui uma extensa malha rodoviária, transporte fluvial e aéreo, que viabilizam a saída da droga por meio dos grandes portos. BRASIL BOLÍVIA ARGENTINA VENEZUELA SURINAME GUIANA FRANCESA GUIANA URUGUAI PARAGUAI PERU CHILE COLÔMBIA EQUADOR Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 26 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 20,9% dos entrevistados com mais de 18 anos relataram ter feito consumo abusivo de álcool nos últimos 30 dias. 9,5% dos homens informaram ter dirigido veículo após o consumo de bebida alcóolica, enquanto somente no caso de mulheres o percentual foi de 1,7%. 9,5% da população maior de 18 anos relataram serem fumantes. 7% da população com mais de 18 anos declararam serem fumantes passivos em seu domicílio. Foi considerado consumo abusivo de bebidas alcoólicas a ingestão de cinco ou mais doses (homem) ou quatro ou mais doses (mulher) em uma única ocasião, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias. Mais detalhes sobre os problemas e dados vinculados à questão das drogas no Brasil, bem como acerca das ações e dos programas go- vernamentais utilizados para sua solução, serão apresentados nos capítulos deste curso em que serão abordadas as políticas públicas de redução da demanda e da oferta de drogas. No que se refere às duas principais drogas lícitas, o álcool e o tabaco (nicotina), a “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Vigitel Brasil 2020” (BRASIL, 2021b) fez levantamento de informações da população das capitais brasileiras, veja a seguir. | INFORMAÇÕES SOBRE ÁLCOOL E TABACO Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 27 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 2 PRINCIPAIS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS Nesta unidade, apresentaremos as principais organizações inter- governamentais de controle de drogas, faremos um breve contexto histórico dos principais códigos instituídos ao longo da história e refletiremos sobre as proposições contidas nas principais normas e decretos atuais que tratam especificamente do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), da terceira Política Nacional sobre Drogas (PNAD) e do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD). Neste tópico, estudaremos as principais convenções internacionais, vinculadas principalmente à Organização das Nações Unidas. Também falaremos do Plano Hemisférico, com- posto principalmente pelos Estados-membros da Organização dos Estados Americanos. Continue seus estudos e confira! 2.1 PRINCIPAIS ORGANIZAÇÕES E NORMAS INTERGOVERNAMENTAIS DE CONTROLE DE DROGAS Após a 2ª Guerra Mundial, em 1946, foi criada a Comissão das Na- ções Unidas sobre Drogas Narcóticas (CND), instância multilateral intergovernamental relevante para o debate da questão das drogas no mundo e de definição do marco legal internacional relacionado ao controle de drogas. Fonte: UNODC (2021b). No âmbito da ONU, foram expedidas três convenções que representam o marco legal internacional sobre drogas: z Convenção Única sobre Entorpecentes, de 1961 (emendada em 1972). z Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971. z Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 28 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais No Brasil, essas convenções foram ratificadas, respectivamente, por meio do Decreto nº 54.216, de 27 de agosto de 1964, Decreto nº 79.388, de 14 de março de 1977 e pelo Decreto nº 154, de 26 de junho de 1991. Para saber mais sobre o marco legal internacional sobre drogas, acesse a matéria disponível em: https://www. unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html. No âmbito do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, são apresentados continuamente estudos e estatísticas sobre a questão das drogas no mundo, bem como avaliações e boas práticas em políticas sobre drogas. No âmbito da Estratégia do UNODC para 2021-2025, foram estabelecidas as diretrizes seguintes para solução do problema mundial das drogas. DIRETRIZES PARA A SOLUÇÃO Maior acesso a medicamentos controlados para os necessitados. Alternativas sustentáveis ao cultivo de drogas ilícitas. Fortalecimento da cooperação policial internacional. Melhor compreensão e monitoramento dos mercados de drogas ilícitas. Respostas efetivas da justiça criminal ao tráfico. Mais prevenção, tratamento e cuidados. Fonte: Adaptado de UNODC (2021b). A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) – ou International Narcotics Control Board (INCB) – também é outro órgão importante para a política sobre drogas. Trata-se de um órgão de fiscalização independente (inclusive em relação à ONU) para a implementação das Convenções Internacionais das Nações Unidas de controle de drogas, estabelecido em 1968. | PROBLEMA MUNDIAL DAS DROGAS https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 29 Boas Práticas A CICAD, além de ser uma instância de debate e apresentação de boas práticas internacionais de políticas sobre drogas, realiza avaliação multilateral dos avanços dos Estados-membros no que tange à temática drogas. 2.2 LEGISLAÇÃO BÁSICA NACIONAL A legislação brasileira acompanhou o avanço internacional acerca da discussão da questão das drogas. Para fins deste curso, abordaremos a seguir apenas a legislação atualmente vigente sobre drogas no Brasil. A mais importante fonte do sistema legal brasileiro, a Constituição Federal (BRASIL, 2020), trouxe nos seus dispositivos os seguintes imperativos acerca da política sobre drogas: Com o tempo, diversas organizações multilaterais regionais também estabeleceram espaços para discussão e tomada de decisão sobre drogas, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que ins- tituiu a Comissão Interamericana para o Controle de Drogas (CICAD). A lei considerará crime inafiançável e imprescritível o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Brasileiro naturalizado poderá ser extraditado se for comprovado o envolvimento com tráfico de drogas. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de drogas será confiscado e reverterá ao fundo especial com destinação específica. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 30 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O fundo a que se refere a Constituição é o FundoNacional Antidrogas (FUNAD), instituído poucos anos antes, pela Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986. Mais detalhes sobre o funcionamento desse fundo serão apresentados no módulo que abordará as políticas públicas de redução da oferta de drogas e a gestão de ativos. O normativo fundamental da política sobre drogas no Brasil é a Lei nº 11.343/2006, a Lei de Drogas, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Podcast transcrito O ano de 2019 foi de especial relevância devido à edição de duas leis que alteraram a Lei de Drogas, trazendo dispositivos que aprimo- raram a gestão da política sobre drogas, conforme disposto abaixo. Lei 13.840/2019 z Previsão do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. z Previsão do Plano Individual de Atendimento ao usuário ou dependente de drogas. z Estabelecimento das competências da União na política sobre drogas. z Estabelecimento dos objetivos dos conselhos estaduais, do Distrito Federal e dos municípios. z Estabelecimento da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas na quarta semana de junho, data comemorativa em que serão intensificadas ações de difusão de informações e realização de eventos de divulgação e debate acerca da política sobre drogas. z Atualização de dispositivos sobre as atividades de prevenção, tratamento, acolhimento e de reinserção social e econômica de usuários ou dependentes de drogas. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 31 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Lei 13.886/2019 z Realização de diversas melhorias nos procedimentos de gestão de ativos apreendidos pelo governo oriundos do tráfico de drogas, com aceleração do processo de aproveitamento e alienação, além de maior entrega de recursos financeiros aos estados apreensores para aplicação em políticas públicas sobre drogas. No que se refere aos normativos infralegais da política sobre drogas, três decretos se destacam. Decreto nº 5.912/2016 Regulamenta o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, estabelecendo seus integrantes, competências e mecanismos de gestão da informação. Decreto nº 9.926/2019 Dispõe sobre o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, explicando sobre suas competências, seus integrantes e seu funcionamento. Decreto nº 9.761/2019 Aprova a Política Nacional sobre Drogas, apresentando os pressupostos e objetivos dessa política, além de orientações gerais e diretrizes para as principais linhas de atuação do governo. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 32 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Nos módulos seguintes do curso, abordaremos um pouco mais esses assuntos. Saiba Mais Além da legislação básica aqui comentada, há outras normas também relevantes que descrevem e orientam mais detalhadamente as políticas sobre drogas. Para saber mais sobre o assunto, acesse a publicação intitulada “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil” (CONAD/MJSP, 2021), que apresenta o rol das leis e normas elaboradas no âmbito da União, disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/ politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao- e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da- da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 33 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 3 SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (SISNAD) Nesta unidade, você aprenderá sobre a organização do SISNAD e sobre a governança da política sobre drogas realizada por meio do CONAD. 3.1 SISNAD: CONCEITO, PRINCÍPIOS E OBJETIVOS O SISNAD representa um “conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios” (BRASIL, 2006, art. 4º, § 1º). Sua finalidade é articular, integrar, organizar e coordenar as ativi- dades relacionadas com: Repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas. Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). A organização do SISNAD assegura uma orientação central e uma execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal, e é pautado pelos princípios e objetivos elencados a seguir. | PRINCÍPIOS I. O respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade. II. O respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 34 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas III. A promoção dos valores éticos, culturais e da cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados. IV. A promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do SISNAD. V. A promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas atividades do SISNAD. VI. O reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito. VII. A integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito. VIII. A articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário, visando à cooperação mútua nas atividades do SISNAD. IX. A adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. X. A observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando garantir a estabilidade e o bem-estar social. XI. A observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD). Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 35 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobreDrogas | OBJETIVOS Contribuir para a inclusão social do cidadão, visando torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos relacionados. Promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país. Promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais de órgãos do Poder Executivo da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios. Assegurar as condições para a coordenação, integração e articulação das atividades de que trata o art. 3º desta lei. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 36 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.2 INTEGRANTES DO SISNAD O SISNAD conta com os integrantes descritos a seguir. | SISNAD Como se pôde ver acima, especialmente quanto aos órgãos e entidades públicos envolvidos e às organizações da sociedade civil, o SISNAD é composto por uma multiplicidade de atores, uma vez que o problema das drogas exige a atuação coordenada e integrada de diferentes po- líticas públicas. Isso se reflete também na articulação com os demais sistemas de políticas públicas existentes, como o Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Segurança Pública. CONAD União Estados, DF e municípios, mediante ajustes específicos. Órgão de entidades públicas vinculados às atividades de prevenção ao uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes e de repressão do tráfico ilícito de drogas e da produção não autorizada. Organizações, instituições ou entidades da sociedade civil que atuam nas áreas da atenção à saúde e da assistência social e atendam usuários ou dependentes de drogas e respectivos familiares, mediante ajustes específicos. Órgão normativo e de deliberação coletiva do sistema, vinculado ao MJSP Secretaria-Executiva do CONAD Conselhos de drogas estaduais, municipais e do Distrito Federal SENAD Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 37 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Prevenção social Ações Reinserção social Tratamento Pesquisa Formação Financiamento Gestão Articulação Repressão Regulação de mercados legais Regulação de precursores Desenvolvimento sustentável MINISTÉRIO DA SAÚDE MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA MINISTÉRIO DA CIDADANIA MINISTÉRIO DA DEFESA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA | ATORES DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS NO GOVERNO FEDERAL Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). Para entender melhor essa execução, é importante saber o que cada ente da Federação faz de acordo com a legislação vigente. Nesse sentido, apresentaremos, a seguir, as competências da União, de forma centralizada e descentralizada, elencadas no decreto que regulamenta o SISNAD. Vale destacar que, no âmbito do Decreto nº 5.912/2006, foi dado destaque aos órgãos e às entidades públicas do Poder Executivo. Entretanto, o Poder Judiciário e o Ministério Público têm grande importância na política sobre drogas, especialmente quando se trata de questões relacionadas à gestão de ativos do crime. O Poder Legislativo Federal, apesar de não ser um executor de política pública, também tem fortíssima influência sobre a política, uma vez que as linhas gerais de atuação do país sobre drogas são definidas por ele por meio das leis. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 38 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Adotar medidas de enfrentamento aos crimes transfronteiriços. Estabelecer uma política nacional de controle de fronteiras, visando coibir o ingresso de drogas no país. Elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade. Promover a integração das políticas sobre drogas com os estados, o Distrito Federal e os municípios. Financiar, com estados, Distrito Federal e municípios, a execução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos integrantes do SISNAD. Estabelecer formas de colaboração com estados, Distrito Federal e municípios para a execução das políticas sobre drogas. Garantir publicidade de dados e informações sobre repasses de recursos para financiamento das políticas sobre drogas. Sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas. Definir formas de financiamento e gestão das políticas sobre drogas. Elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades e indicadores. Estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento do SISNAD e suas normas de referência. Formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas. Coordenar o SISNAD. CENTRALIZADA DESCENTRALIZADA Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 39 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.3 GOVERNANÇA DO SISNAD A governança do SISNAD é exercida pelo Conselho Nacional de Polí- ticas sobre Drogas (CONAD), órgão superior permanente de caráter deliberativo e normativo que possui as seguintes competências, apresentadas no Decreto nº 9.926, de 19 de julho de 2019. I. Aprovar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. II. Reformular e acompanhar a execução do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. III. Deliberar, por meio de resoluções, proposições, recomendações e moções, sobre iniciativas do governo federal que visem cumprir os objetivos da Política Nacional sobre Drogas. IV. Deliberar, por meio de resoluções, proposições, recomendações e moções, a respeito de propostas do Grupo Consultivo e da Comissão Bipartite. V. Solicitar análises e estudos ao Grupo Consultivo e à Comissão Bipartite. VI. Acompanhar o cumprimento pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas das diretrizes nacionais para a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas. VII. Acompanhar o cumprimento pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas das diretrizes nacionais para a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. VIII. Identificar e difundir boas práticas dos três níveis de governo sobre drogas. IX. Acompanhar e se manifestar sobre proposições legislativas referentes às drogas. X. Aprovar o seu regimento interno.Fonte: Adaptado de Brasil (2021b). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 40 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Cumpre destacar que, além dessas competências, a PNAD (Decreto nº 9.761/2019) prevê também um pressuposto de grande relevância relacionado ao CONAD: Decreto nº 9.761/2019 "Buscar garantir, por meio do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o desenvolvimento de estratégias de planejamento e avaliação das políticas de educação, assistência social, saúde, trabalho, esportes, habitação, cultura, trânsito e segurança pública nos campos relacionados ao tabaco e seus derivados, álcool e outras drogas, com uso de estudos técnicos e outros conhecimentos produzidos pela comunidade científica." O CONAD é um colegiado composto por doze representantes do go- verno federal, um representante de órgão estadual responsável pela política sobre drogas e um representante de conselho estadualsobre drogas. Quem o preside é o ministro da Justiça e Segurança Pública e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas desempenha a função de secretaria-executiva. O Conselho ainda conta com o assessoramento da Comissão Bipartite e do Grupo Consultivo. CONAD Conselho Nacional de Política sobre Drogas Ministro do MJSP Presidente Órgãos de apoio Colegiado Grupo consultivo Comissão bipartite | ESTRUTURA DO CONAD E ÓRGÃOS DE APOIO Fonte: Adaptado de Brasil (2020). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 41 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A Comissão Bipartite representa a instância de articulação com os órgãos estaduais da política sobre drogas. Assim, é composta pelo secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania (SENAPRED/MC), que a preside, pelo secretário nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pú- blica, e por 27 representantes – um de cada órgão estadual e um do órgão do Distrito Federal, responsáveis pela política sobre drogas. A Comissão possui como competências: z Propor estratégias para a gestão e a implementação dos programas, projetos e ações da Política Nacional sobre Drogas. z Propor à Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas metodologias de acompanhamento da Política Nacional sobre Drogas. z Sugerir ao Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas boas práticas para os três níveis de governo sobre drogas. z Sugerir aperfeiçoamentos para a articulação federativa sobre drogas. de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania (presidente) Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública Secretário Nacional um de cada órgão estadual e um do órgão do Distrito Federal 27 representantes O Grupo Consultivo, por sua vez, é a instância de apoio técnico-es- pecializado sobre os assuntos da política sobre drogas. É coordenado pelo secretário nacional de Políticas sobre Drogas e conta com a par- ticipação da SENAPRED/MC, de três especialistas da área de redução da oferta e outros três especialistas da área de redução da demanda. | COMISSÃO BIPARTITE Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 42 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas z Elaborar diagnósticos, recomendações e propostas sobre drogas. z Propor à Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas metodologias de acompanhamento da Política Nacional sobre Drogas. z Elaborar estudos sobre proposições legislativas referentes a drogas. z Sugerir ao Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas boas práticas para os três níveis de governo sobre a temática das drogas. z Sugerir aperfeiçoamentos para a articulação federativa sobre drogas. Suas competências são: de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que o coordenará Secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania Secretário Nacional em temáticas vinculadas à política sobre drogas, indicados pelo Ministro de Estado da Cidadania Três especialistas em temáticas vinculadas à política sobre drogas, indicados e designados pelo Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública Três especialistas | GRUPO CONSULTIVO A imagem a seguir sintetiza a organização do CONAD, da sua Comissão Bipartite e do seu Grupo Consultivo. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 43 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas ÓRGÃOS DE APOIO COMISSÃO BIPARTITE GRUPO CONSULTIVO PRESIDENTE MINISTRO DO MJSP CONAD Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas Ministro da Cidadania Secretário da SENAPRED Ministério da Educação ANVISA Ministério da Saúde Ministério da Defesa Secretário da SENAD Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos COLEGIADO Ministério das Relações Exteriores Conselho Estadual sobre Drogas Gabinete de Segurança Institucional da PR Ministério da Economia Órgão Estadual responsável pela política sobre drogas COMISSÃO BIPARTITE Composição de órgãos de apoio GRUPO CONSULTIVO Secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania Secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania 27 representantes, um de cada órgão estadual e distrital, responsável pela política sobre drogas 3 especialistas em temáticas vinculadas à política sobre drogas, indicados pelo Ministro da Cidadania 3 especialistas em temáticas vinculadas à política sobre drogas, indicados pelo Ministro do MJSP Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do MJSP Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do MJSP | ORGANIZAÇÃO DO CONAD, COMISSÃO BIPARTITE E GRUPO CONSULTIVO Fonte: Adaptado de Brasil (2022). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 44 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para saber mais sobre o funcionamento do CONAD e sobre seus membros, acesse o Decreto nº 9.926, de 19 de julho de 2019, que dispõe sobre o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm. 3.4 GOVERNANÇA DA POLÍTICA SOBRE DROGAS NOS ESTADOS, NO DISTRITO FEDERAL E NOS MUNICÍPIOS A partir de 2019, os Conselhos de Políticas sobre Drogas nos entes subnacionais tiveram sua importância para a política sobre drogas reforçada, com a previsão dos seus objetivos na Lei de Drogas, conforme apresentado a seguir. I. Auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas. II. Colaborar com os órgãos governamentais no planejamento e na execução das políticas sobre drogas, visando à efetividade das políticas sobre drogas. III. Propor a celebração de instrumentos de cooperação, visando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas. IV. Promover a realização de estudos, com o objetivo de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas. V. Propor políticas públicas que permitam a integração e a participação do usuário ou dependente de drogas no processo social, econômico, político e cultural no respectivo ente federado. VI. Desenvolver outras atividades relacionadas às políticas sobre drogas em consonância com o SISNAD e com os respectivos planos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 45 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Com essa inovação, os Conselhos de Drogas subnacionais passaram a ter sua atuação prevista no principal normativo da Política Nacional sobre Drogas, com atribuições ligadas especialmente ao planejamento e proposição de políticas públicas para solução dos problemas vin- culados a drogas dentro das suas esferas de atuação. Digna de destaque é a competência de realização de estudos para fundamentar as estratégias a serem estabelecidas, uma vez que uma das principais diretrizes internacionais existentes é a de planejamento e adoção de ações e programas com base em evidências. Boas Práticas Verifica-se que os conselhos não se restringem a instâncias de articulação meramente política, mas também técnica, de forma que os estados, o Distrito Federal e os municípios devem contemplar em seus arranjos a participação de profissionais e especialistas no assunto. Cumpre destacar que, em relação à estrutura dos conselhos, não há regra nacional que defina como deva sersua composição exata. En- tretanto, o estudo “Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas: Institucionalidade, Atuação e Estrutura” (BRASIL, 2018) verificou que os conselhos, de maneira geral, são constituídos por represen- tantes dos órgãos do governo que têm incumbência de desenvolver atividades diretamente ligadas às “drogas”, entre os quais estão: z Secretarias de Estado. z Representantes de entidades ou de instituições que atuam na área da prevenção, tratamento, reabilitação e reinserção social do usuário. z Representantes dos órgãos responsáveis pela repressão ao tráfico de drogas. z Representantes da sociedade civil organizada. A participação social também foi um destaque verificado no referido estudo, uma vez que a maioria desses conselhos possuíam muitos representantes da sociedade, em alguns casos, de forma paritária com a quantidade de membros do governo. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 46 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Boas Práticas A participação da sociedade nos conselhos estaduais e municipais tem grande importância para o engajamento da comunidade nas estratégias para solucionar os problemas locais relacionados às drogas. Saiba Mais Para conhecer mais sobre as características dos conselhos estaduais de políticas sobre drogas, acesse o relatório, disponível em: https://www.gov.br/mj/ pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/ arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/ relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas- sobre-drogas-2018.pdf. Encerramos a Unidade 3, em que apresentamos uma visão geral do SISNAD, contemplando seus princípios, objetivos, integrantes e mecanismo de governança (o CONAD). Falamos ainda sobre a atuação dos conselhos estaduais, distritais e municipais sobre drogas. Na próxima unidade, vamos aprofundar os estudos sobre a Política Nacional sobre Drogas. Siga em frente e bons estudos! https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas-sobre-drogas-2018.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas-sobre-drogas-2018.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas-sobre-drogas-2018.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas-sobre-drogas-2018.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/relatorio-dos-conselhos-estaduais-de-politicas-sobre-drogas-2018.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 47 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 4 A POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS E O PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS Nesta unidade, abordaremos a nova Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9.761/2019. Apresentaremos aqui seus principais aspectos, princípios e objetivos. Além disso, falaremos um pouco sobre o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. 4.1 PRINCIPAIS ASPECTOS DA PNAD A primeira Política Nacional sobre Drogas (denominada à época de Política Nacional Antidrogas) foi estabelecida a partir do Decreto Presidencial nº 4.345, de 26 de agosto de 2002, sendo pioneira na consolidação das diretrizes de governo para as ações voltadas à so- lução dos problemas relacionados à questão das drogas. A segunda PNAD foi instituída em 27 de outubro de 2005, por meio da Resolução nº 03/GSIPR/CH/CONAD. A nova PNAD excluiu o prefixo “antidrogas” de seu título e inseriu, em seu lugar, o termo “sobre drogas”. Também apresentou foco na cooperação mútua entre os atores envolvidos e deu atenção especial à temática de redução de danos (BRASIL, 2021a). A terceira e mais recente PNAD foi instituída pelo Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019. Essa PNAD definiu que a Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, do Ministério da Cidadania, e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, articularão e coordenarão a implementação da PNAD, no âmbito de suas competências. A figura a seguir sintetiza o escopo dessa responsabilidade. Órgãos de Articulação e Coordenação da implementação da PNAD SENAD/MJSP Redução da oferta e gestão de ativos SENAPRED/MC Redução da demanda | ÓRGÃOS DE ARTICULAÇÃO E COORDENAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA PNAD Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 48 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A nova PNAD estabeleceu uma série de pressupostos e objetivos, além de orientações gerais para quatro diferentes áreas da política sobre drogas: ESTUDOS, PESQUISAS E AVALIAÇÕES PREVENÇÃO TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO REDUÇÃO DA OFERTA Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 49 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para conhecer mais detalhadamente as orientações gerais para cada uma dessas áreas, acesse o Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019 disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/ decreto/D9761.htm. A nova PNAD deu destaque para a atuação conjunta e integrada entre órgãos federais, estaduais, municipais e distritais, além de coordenar esforços entre os diversos segmentos do governo e da sociedade, e buscar a efetividade e a sinergia no resultado das ações. Prevenção Tratamento Acolhimento Recuperação Apoio e ajuda mútua Reinserção social Combate ao tráfico e ao crime organizado Sociedade Civil Governo | A TERCEIRA PNAD ENFATIZA A ARTICULAÇÃO ENTRE GOVERNO E SOCIEDADE CIVIL Boas Práticas A nova PNAD também traz o importante pressuposto de que a política sobre drogas seja tratada como política de Estado e que sejam garantidos, de forma contínua, recursos orçamentários, humanos, administrativos, científicos e de governança para o desenvolvimento de suas ações. Fonte: Adaptado de Brasil (2021b). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 50 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Ainda sobre a PNAD, veja o destaque a seguir. A PNAD reitera a importância do reconhecimento das diferenças entre o usuário, o dependente e o traficante de drogas, e de tratá-los de forma diferenciada, considerada a natureza, a quantidade da substância apreendida, o local e as condições em que se desenvolveu a ação de apreensão, as circunstâncias sociais e pessoais, e a conduta e os antecedentes do agente, os quais devem ser analisados obrigatoriamente em conjunto pelos agentes públicos incumbidos dessa tarefa. No que se refere à temática de redução da demanda, a nova PNAD apre- sentou como pressuposto a promoção da abstinência do uso de drogas. Por fim, apresentamos a seguir alguns dos principais objetivos es- tabelecidos no âmbito da PNAD. Conscientizar z Sobre os prejuízos sociais, econômicos e de saúde pública relacionados ao uso e dependência de drogas lícitas e ilícitas. z Sobre as consequências relacionadas ao uso e dependência de drogas lícitas e ilícitas, sendo uma delas o financiamentode organizações criminosas. z Sobre os crimes, os delitos e as infrações relacionadas às drogas ilícitas e lícitas, a fim de prevenir e coibir sua prática. Buscar z Equilíbrio entre as frentes que compõem de forma intersistêmica a PNAD, classificadas em políticas públicas de redução da demanda e redução de oferta. z Fomento de estudos, campanhas, pesquisas e avaliações das políticas públicas e a formação de profissionais que atuam na área. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 51 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Garantir z Direito à assistência à pessoa com problemas decorrentes do uso ou da dependência do álcool e de outras drogas. z Restrições de disponibilidade de drogas lícitas e ilícitas. z Políticas tributárias, a fim de inibir o consumo, o tráfico e o descaminho de drogas lícitas. z Cumprimento das leis e normas sobre drogas lícitas e ilícitas. z Políticas públicas para redução da oferta de drogas. z Redução das consequências negativas sociais, econômicas e de saúde, individuais e coletivas, decorrentes do uso e da dependência de drogas lícitas e ilícitas. z Eficiência, eficácia, cientificidade e rigor metodológico às atividades de redução de demanda e de oferta. Fonte: Adaptado de Brasil (2021b). 4.2 O PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS (PLANAD): VISÃO INTRODUTÓRIA O Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD) foi uma ino- vação trazida pela Lei nº 13.840/2019, que promoveu uma série de mudanças na Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006). Sua previsão em lei reflete o reconhecimento da necessidade de profissionalização do planejamento e do monitoramento sobre os programas, projetos e ações realizados no âmbito da política sobre drogas e vem a atender os seguintes objetivos. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. https://youtu.be/DkNu07wTP5Q Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 52 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Lei nº 13.840/2019 "I - promover a interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas; II - viabilizar a ampla participação social na formulação, implementação e avaliação das políticas sobre drogas; III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família para a prevenção do uso de drogas; IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissional; V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os serviços públicos; VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas; VII - fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico com orientações e informações para apoio aos usuários ou dependentes de drogas; VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento; IX - promover formas coletivas de organização para o trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo, como forma de promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se as especificidades regionais; X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e XII - promover estudos e avaliação dos resultados das políticas sobre drogas." Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 53 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Em consonância com o previsto em lei, o CONAD editou a Resolução nº 2, de 24 de julho de 2020, que estabeleceu a metodologia de pla- nejamento, monitoramento e avaliação da política sobre drogas no âmbito do PLANAD e aprovou o Guia Metodológico do PLANAD. Segundo a referida resolução, o PLANAD é o instrumento de planeja- mento estratégico e tático setorial, indutor da coordenação nacional da atuação governamental na temática drogas. O PLANAD tem como pressupostos a governança nacional pelo CONAD, a conformidade normativa, a convergência estratégica com os demais planos de governo, a organização por dimensões e atributos, a participação, a transparência e a prestação de contas, bem como a coordenação federativa, com previsão do seu desdobra- mento em planos estaduais e municipais. A figura a seguir sintetiza a estrutura do plano. Curso CoPlanar MÓDULO 1 - ECONOMIA DAS DROGAS 54Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | ESTRUTURA E PERSPECTIVAS DO PLANAD ++ + Governança Nacional CONAD Conformidade Normativa Convergência Estratégica Participação, Transparência e Prestação de Contas PPA U PLANAD Plano Nacional de Políticas sobre Drogas Pactuação, Monitoramento, Avaliação e Revisão Dimensão Estratégica Problemas Eixos de Atuação Objetivos, Diretrizes e Metas Dimensão Tática Iniciativas e Compromissos Agentes Legitimadores Sociedade Órgãos de Controle Dimensão Operacional - União LOA Governança Estadual CONED Governança Municipal COMAD Desdobramento Regional Desdobramento Local Plano Estadual de Políticas sobre Drogas Plano Municipal de Políticas sobre Drogas PPA E/DF PLANED PPA M PLAMAD Dimensão Operacional - E/DF LOA LOA Dimensão Operacional - M CF 88 Lei de Drogas Lei do FUNAD Acordo e convenções Internacionais Decreto SISNAD Decreto PNAD Decreto CONAD Diretriz Normativa da Política sobre Drogas EFD ODS Estratégia e Plano Hemisférico sobre Drogas Planos Setoriais PPA Planos Estratégicos Institucionais LDO Referenciais de Planejamento Fonte: Adaptado de Brasil (2020b). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 55 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas No que se refere às dimensões e atributos, o plano divide-se em dimensão estratégica e tática. A primeira engloba a verificação dos problemas principais, os eixos de atuação (linhas de atuação da política sobre drogas) e os seus objetivos, diretrizes e metas. Veja a seguir o que foi definido como eixos do PLANAD. | EIXOS DO PLANAD Prevenção Tratamento, cuidado e reinserção social Governança, gestão e integração Redução da oferta Pesquisa e avaliação PLANAD Perceba, cursista, que o PLANAD se organiza nas mesmas áreas previstas pela PNAD, com a adição do eixo de Governança, Gestão e Integração, o que ocorreu em virtude do reconhecimento da importância de fortalecimento das ações de coordenação e integração da política sobre drogas, bem como da promoção da transparência e prestação de contas. A dimensão tática do PLANAD corresponde à definição das inicia- tivas (ações estratégicas a serem executadas pelo governo) e dos compromissos estabelecidos (entregas imediatas dessas iniciativas). Sua elaboração se baseou em processo profundo e abrangente de avaliação prévia, realizado de maneira participativa com os atores da política sobre drogas, que culminou na publicação de “AnáliseExecutiva da Questão das Drogas no Brasil” (CONAD/MJSP, 2021). Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 56 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas De maneira resumida, os trabalhos envolveram as seguintes questões. Análise da Legislação Pátria Aplicada à Política sobre Drogas Descrição e análise dos dispositivos constitucionais, legais e normas. Análise de Compromissos e Agendas Internacionais Contextualização sobre a participação do Brasil em organismos internacionais. Apresentação do marco legal Internacional da política sobre drogas. Apresentação de acordos, resoluções e outros compromissos firmados pelo Brasil. Apresentação da Estratégia Hemisférica sobre Drogas. Análise de Problemas Sociais Construção das árvores de problemas. Caracterização e análise do problema. Detalhamento de indicadores-chave do problema. Análise de Tendências, Incertezas, Oportunidades, Riscos e Desafios Análise de tendências, incertezas, oportunidades, riscos e desafios no cenário nacional. Análise de tendências, incertezas, oportunidades, riscos e desafios no cenário internacional. Análise da Intervenção Governamental Caracterização das políticas, programas e ações realizadas pelo governo e análise de seu modelo lógico. Análise da implementação e dos resultados. Análise SWOT e recomendações de melhoria.Fonte: Adaptado de Brasil (2020b). Saiba Mais A Análise Executiva da Questão de Drogas no Brasil se constituiu num dos maiores esforços já realizados em nível federal de avaliação articulada da política sobre drogas. O documento levou em consideração as melhores práticas nacionais e internacionais e é uma importante fonte de informações acerca da política sobre drogas, apresentando, a partir de evidências, os principais problemas existentes, os indicadores-chave da política, análise de tendências e recomendações de melhoria. Para saber mais, acesse o documento, disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/ assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo- manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___ analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no- brasil___versao-final.pdf. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil”. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://youtu.be/pcKrUiBllQY Curso CoPlanar MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) 57 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Assim, com base nessas análises, foi elaborado o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas 2021-2025, no âmbito do CONAD. Participaram de sua elaboração todos os atores federais da política sobre drogas, além dos especialistas do Grupo Consultivo do CONAD e dos repre- sentantes dos órgãos estaduais da política sobre drogas no âmbito da Comissão Bipartite do Conselho. O documento final foi submetido à consulta pública, que está aguardando publicação por meio de decreto. SÍNTESE Na Unidade 1, vimos os principais conceitos e noções sobre drogas e o contexto internacional e brasileiro em que o assunto se insere. Na Unidade 2, foi possível compreender a legislação internacional e as organizações intergovernamentais sobre o assunto, bem como nossa legislação nacional sobre drogas. Na Unidade 3, apresentamos o Sistema Nacional de Política sobre Drogas, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas e os conselhos estaduais e municipais. A Unidade 4 foi dedicada ao aprendizado sobre a Política Nacional sobre Drogas e o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Finalizamos, então, o módulo introdutório do curso Capacitação de Gestores para Elaboração de Planos Municipais e Estaduais sobre Drogas. O próximo módulo será dedicado à apresentação das políticas públicas sobre drogas relacionadas à redução da demanda. Bons estudos! Encerramos, assim, mais uma unidade, em que apresentamos uma visão geral da PNAD e do PLANAD. Veja, a seguir, uma retomada dos pontos principais abordados no módulo. Saiba Mais Acesse a versão on-line do módulo para conhecer o PLANAD detalhadamente. 58 REFERÊNCIAS II LENAD - Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. São Paulo: UNIFESP, 2012. Disponível em: http://inpad.org.br/wp-content/ uploads/2014/03/Lenad-II-Relat%C3%B3rio.pdf. Acesso em: 15 out. 2020. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 154, de 26 de junho de 1991. Promulga a Con- venção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psi- cotrópicas. Brasília, DF: Presidência da República, 1991. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/ D0154.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 5.912, de 27 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, que trata das políticas pú- blicas sobre drogas e da instituição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5912. htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019. Aprova a Política Nacional sobre Drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/ Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 9.926, de 19 de julho de 2019. Dispõe sobre o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Brasília, DF: Presi- dência da República, 2019b. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 54.216, de 27 de agosto de 1964. Promulga a Convenção Única sobre Entorpecentes. Brasília, DF: Presidência da República, 1964. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/atos/decretos/1964/d54216.html. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 79.388, de 14 de março de 1977. Promulga a Con- venção sobre Substâncias Psicotrópicas. Brasília, DF: Presidência da República, 1977. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/ fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-pu- blicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%20 79.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20 Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B. Acesso em: 21 fev. 2022. http://inpad.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Lenad-II-Relat%C3%B3rio.pdf http://inpad.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Lenad-II-Relat%C3%B3rio.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htmhttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5912.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5912.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5912.htm http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9926.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/atos/decretos/1964/d54216.html https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/atos/decretos/1964/d54216.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2079.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2079.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2079.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2079.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79388-14-marco-1977-428455-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2079.388%2C%20DE%2014%20DE%20MAR%C3%87O%20DE,em%20Viena%2C%20a%2021%20de%20fevereiro%20de%201971%3B 59 BRASIL. Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986. Cria o Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de Abuso, dispõe sobre os bens apreendidos e adquiridos com produtos de tráfico ilícito de drogas ou atividades correlatas, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1986. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L7560compilado.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad; prescreve me- didas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019. Altera as Leis nos 11.343, de 23 de agosto de 2006, 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 8.981, de 20 de janeiro de 1995, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, 8.069, de 13 de julho de 1990, 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e 9.503, de 23 de setembro de 1997, os Decretos-Lei nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e as condições de atenção aos usuários ou dependentes de drogas e para tratar do financiamento das políticas sobre drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/ lei/l13840.htm. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Lei nº 13.886, de 17 de outubro de 2019. Altera as Leis nos 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 10.826, de 22 de dezembro de 2003, 11.343, de 23 de agosto de 2006, 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e 13.756, de 12 de dezembro de 2018, para acelerar a destinação de bens apreendidos ou sequestrados que tenham vinculação com o tráfico ilícito de drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2019/Lei/L13886.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Por- taria nº 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Bra- sília, DF: Ministério da Saúde, 1998. Disponível em: https://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep. html. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Resolução nº 03/GSIPR/CH/CONAD, de 27 de outubro de 2005. Aprova a Política Nacional sobre Drogas. Brasília, DF: Presi- dência da República, 2005. Disponível em: https://www.gov.br/mj/ pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas- -senad/conad/atos-do-conad-1/2005/resolucao-3-gsipr-2005.pdf. 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Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Resolução nº 2, de 24 de julho de 2020. Estabelece a metodologia de planejamento, monitoramento e avaliação da política sobre drogas no âmbito do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas - Planad, e aprova seu Guia Metodológico. Brasília, DF: Presidência da República, 2020a. Disponível em: https://www. gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/ subcapas-senad/conad/atos-do-conad-1/2020/resolucao-n-2-de- -24-de-julho-de-2020.pdf. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Guia metodológico: Plano Nacional de Polí- ticas sobre Drogas 2021-2025 diagnóstico, elaboração, monitoramento e avaliação. Brasília: MJSP, 2020b. 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Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capi- tais brasileiras? Organizadores: Francisco Inácio Bastos, Neilane Bertoni. Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ, 2014. Disponível em: https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/ Pesquisa%20Nacional%20sobre%20o%20Uso%20de%20Crack. pdf. Acesso em: 22 fev. 2022. MAVRELLIS, C. Transnational Crime and the Developing World. Global Financial Integrity, 27 mar. 2017. Disponível em: https:// gfintegrity.org/report/transnational-crime-and-the-developin- g-world/. Acesso em: 29 jun. 2020. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Who Report on the Global Tobacco Epidemic, 2021. Suíça, 2021. Disponível em: https://apps. who.int/iris/bitstream/handle/10665/343287/9789240032095-eng. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 22 fev. 2022. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Álcool. 2021. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/alcool. Acesso em: 22 fev. 2022. UNODC. 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BY NC ND GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS E GESTÃO DE ATIVOS DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PLANEJAMENTO Gustavo Camilo Baptista Carlos Timo Brito CONTEUDISTAS Hugo Torres do Val Rolf Hartmann REVISÃO DE CONTEÚDO Fernanda Flávia Rios dos Santos Maria de Fátima de Moura Barros Jessica Santos Figueiredo Sueli Souza Silva APOIO Carlos Roberto da Silva Grazielle Teles de Araújo Kathyn Rebeca Rodrigues Lima Maria Aparecida Alves Dias Laudilina Quintanilha Mendes Pedretti de Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃO Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão: Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SIGLAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCTV - Circuito Fechado de TV CdE - Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas CFA - Conselho Federal de Administração CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento CONAD - Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito DETRAN - Departamento Estadual de Trânsito FBSP - Fórum Brasileiro de Segurança Pública FUNAD - Fundo Nacional Antidrogas GFUNAD - Sistema que Promove a Guarda e Gerenciamento de Dados dos Bens do Fundo Nacional Antidrogas GT - Grupo de Trabalho IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INFOSEG - Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública e Justiça IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ISP - Inteligência em Segurança Pública JIFE - Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública NSP - Novas Substâncias Psicoativas OIT - Organização Internacional do Trabalho PNAD - Política Nacional sobre Drogas PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento SAR-SISNAD - Subsistema de Alerta Rápido do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas SEI - Sistema Eletrônico de Informações SEJUSP - Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos SENAPRED - Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública SIEVAP - Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo SINESP - Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas SPU - Superintendência do Patrimônio da União SUPEC - Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade SUSP - Sistema Único de Segurança Pública SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (FOFA – Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) TCU - Tribunal de Contas da União UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime VOIP - Voice Over Internet Protocol (Voz sobre Protocolo de Internet) SUMÁRIO UNIDADE 1 | POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA UNIDADE 2 | GESTÃO DE ATIVOS 1.1 Problemas relacionados ao tráfico de drogas 2.1 Panorama sobre a gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas 1.2 Programas e ações para redução da oferta de drogas 2.2 Programas e ações voltados para a gestão de ativos 70 75 90 90 APRESENTAÇÃO 68 80 99 REFERÊNCIAS 105 Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 68 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Seja bem-vindo ao nosso segundo módulo de estudos. Projetamos este módulo para tratar, em linhas gerais, das políticas públicas relacionadas à redução da oferta de drogas, abordando o combate ao tráfico de drogas ilícitas e a gestão dos ativos oriundos do tráfico. Você aprenderá os principais conceitos, problemas e desafios existentes relacionados a essas políticas e conhecerá exemplos de programas e iniciativas voltados para sua solução. OBJETIVOS DO MÓDULO z Identificar as diretrizes para a redução da oferta de drogas estabelecidas pela Política Nacional sobre Drogas. z Relacionar os problemas vinculados ao tráfico de drogas e as ações voltadas para a solução, a partir do estudo das principais linhas de atuação da política sobre drogas para a redução da oferta. z Citar as quatro etapas sequenciais de trabalho dos Sistemas de Alerta Rápido como resposta dos governos à constante criação de novas drogas ilícitas pelo crime organizado. z Identificar a legislação nacional relacionada à gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas. QR CODE Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre a apresentação do módulo. https://youtu.be/N9l27i1QRkY Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 69 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas HUGO TORRES DO VAL CONTEÚDISTA DO MÓDULO Especialista em Planejamento e Orçamento pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e bacharel em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). É servidor público federal da carreira de Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia, atualmente exercendo o cargo de Coordenador-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica do Ministério do Desenvolvimento Regional. Atua desde 2013 com as temáticas de planejamento e estratégia go- vernamental, com passagem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, bem como pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Neste último, trabalhou na Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD) e foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia da Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil e do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Curso CoPlanarMÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 70 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA As políticas públicas de redução da oferta de drogas englobam o con- junto de ações integradas de segurança pública, defesa, inteligência, regulação de substâncias precursoras, de substâncias controladas e de drogas lícitas, repressão da produção não autorizada, de combate ao tráfico de drogas, à lavagem de dinheiro e crimes conexos, inclusive por meio da recuperação de ativos que financiam ou que sejam re- sultado dessas atividades criminosas (BRASIL, 2019a), além daqueles utilizados para o transporte de drogas ilícitas (BRASIL, 2022). | CONJUNTO DE AÇÕES INTEGRADAS Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). As ações de redução da oferta devem ter como base os grandes acordos, convenções e planos firmados em nível internacional, a legislação nacional, bem como as orientações gerais e diretrizes definidas no âmbito da Política Nacional sobre Drogas (PNAD), apresentadas a seguir. As orientações gerais estabelecidas foram: Política Nacional sobre Drogas "6.1.1. A redução substancial dos crimes relacionados ao tráfico de drogas ilícitas, ao uso de tais substâncias e ao uso de drogas lícitas, responsáveis pelo alto índice de violência no País, deve proporcionar melhoria nas condições de segurança das pessoas. Segurança pública Recuperação da ação não autorizada Recuperação de ativos vinculados ao tráfico de drogas Inteligência Operações especiais Regulação de substâncias precursoras, substâncias controladas e drogas lícitas Defesa Realização Conjunta e Integrada Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 71 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 6.1.2. Ações contínuas de combate à corrupção, à lavagem de dinheiro, ao crime organizado e de gestão de ativos criminais vinculados ao narcotráfico serão consideradas as principais questões a serem alvo das ações de redução da oferta. 6.1.3. Meios adequados serão assegurados à promoção da saúde e à preservação das condições de trabalho e da saúde física e mental dos profissionais de segurança pública, incluída a assistência jurídica, em especial pelo Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional - SIEVAP. 6.1.4. As ações contínuas de repressão serão promovidas para redução da oferta das drogas ilegais e seu uso, para erradicação e apreensão permanentes de tais substâncias produzidas no território nacional ou estrangeiro, para bloqueio do ingresso das drogas oriundas do exterior, destinadas ao consumo interno ou ao mercado internacional, para identificação e desmantelamento das organizações criminosas e para gestão de ativos criminais apreendidos por meio das ações de redução da oferta. 6.1.5. A coordenação, a promoção e a integração das ações dos setores governamentais, responsáveis pelas atividades de prevenção e repressão ao tráfico de drogas ilícitas, nos níveis de governo, orientarão a todos que possam apoiar, aprimorar e facilitar este trabalho. 6.1.6. A execução da PNAD deve estimular e promover a participação e o engajamento de organizações não- governamentais e dos setores organizados da sociedade, de forma harmônica com as diretrizes governamentais. 6.1.7. As ações dos integrantes do SUSP, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria Especial da Receita Federal do Ministério da Economia, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dos demais setores governamentais com responsabilidade na redução da oferta devem receber irrestrito apoio na execução de suas atividades. 6.1.8. É necessária a interação permanente entre os órgãos do SISNAD, o Poder Judiciário e o Ministério Público, por meio dos órgãos competentes, com vistas a agilizar a implementação da tutela cautelar, com o objetivo de evitar a deterioração dos bens apreendidos." Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 72 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Já as diretrizes da PNAD voltadas para a redução da oferta de drogas foram as seguintes: Conscientizar e estimular a colaboração espontânea e segura das pessoas e das instituições cujos órgãos sejam encarregados da prevenção e da repressão ao tráfico de drogas, garantido o anonimato. Centralizar, por meio do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (SINESP), informações que permitam promover o planejamento integrado e coordenado das ações repressivas dos diferentes órgãos, disponibilizar tais informações aos entes federativos e atender às solicitações de organismos nacionais e internacionais com os quais o país mantém acordos. Estimular operações repressivas e assegurar condições técnicas e financeiras para ações integradas entre os órgãos federais, estaduais, municipais e distritais, responsáveis pela redução da oferta, coordenadas de acordo com os princípios do SUSP, sem relação de subordinação, com o objetivo de prevenir e combater os crimes relacionados às drogas, inclusive o combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao crime organizado vinculado ao narcotráfico, como alvo das ações de redução da oferta. Incrementar a cooperação internacional, estabelecer e reativar protocolos e ações coordenadas e fomentar a harmonização de suas legislações, especialmente com os países vizinhos, em consonância com os pressupostos, as orientações gerais e as diretrizes fixados na PNAD relativos à redução da oferta, observada a soberania nacional. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 73 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Apoiar a realização de ações dos órgãos responsáveis pela investigação, fiscalização e controle nas esferas federal, estadual, municipal e distrital, para impedir que bens e recursos provenientes do tráfico de drogas sejam legitimados no Brasil e no exterior. Planejar e adotar medidas para tornar a repressão eficaz e cuidar para que as ações de fiscalização e investigação sejam harmonizadas, mediante a concentração dessas atividades dentro da jurisdição penal em que o Poder Judiciário e a polícia repressiva disponham de recursos técnicos, financeiros e humanos adequados para promover e sustentar a ação contínua de desmonte das organizações criminosas e de apreensão, destinação e destruição do estoque de suas drogas, ativos e mercadorias correlatas. Manter fluxo de informações entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública e os integrantes do SUSP sobre os bens móveis, imóveis e financeiros apreendidos de narcotraficantes, a fim de agilizar sua utilização ou alienação, por via da tutela cautelar ou de sentença com trânsito em julgado. Priorizar as ações de combate às drogas ilícitas vinculadas ao crime organizado, em especial nas regiões com maiores indicadores de homicídios. Controlar e fiscalizar, por meio dos órgãos competentes dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Saúde e da Economia e das Secretarias de Fazenda estaduais, municipais e distrital, o comércio e o transporte de insumos que possam ser utilizados para produzir drogas, sintéticas ou não. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 74 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Coibir o plantio e cultivo, não autorizado pela União, de plantas de drogas ilícitas,tais como as do gênero Cannabis. Estimular e assegurar a coordenação e a integração entre os membros do SUSP vinculados ao SISNAD, para o aperfeiçoamento das políticas, das estratégias e das ações comuns de combate ao narcotráfico e aos crimes conexos. Promover e incentivar as ações de desenvolvimento sustentável de forma a diminuir o peso da vulnerabilidade econômica e social como fator de risco para o envolvimento no narcotráfico. Estabelecer, de forma harmônica, planos, objetivos e metas comuns para os componentes do SISNAD e do SUSP responsáveis por ações de redução da demanda, que considerem o conjunto da PNAD e da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, em especial dados criminais, epidemiológicos e de inteligência. Assegurar, por meio de avaliação de resultados, recursos orçamentários no âmbito da União, dos estados e do Distrito Federal para o aparelhamento das polícias especializadas na repressão às drogas e estimular mecanismos de integração e coordenação dos órgãos que possam prestar apoio adequado às suas ações. Intensificar a capacitação dos profissionais de Segurança Pública, dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, com funções nas áreas de prevenção e repressão ao tráfico de drogas ilícitas em todos os níveis de governo e estimular a criação de departamentos especializados nas atividades de combate às drogas no território nacional. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 75 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Estruturar, no âmbito do SISNAD, o Sistema de Alerta Rápido para novas drogas, e estimular as universidades e outras instituições de pesquisa, públicas ou privadas, a pesquisar novas drogas, em relação à sua composição, ao seu potencial de ação, ao potencial tóxico, aos agravos à saúde, à dependência química, entre outros. Fonte: Adaptado de Brasil (2019a). 1.1 PROBLEMAS RELACIONADOS AO TRÁFICO DE DROGAS O tráfico de drogas é considerado um grande problema em muitos países. O consumo das drogas ilícitas, por si só, já traz sérios danos aos indivíduos e à sociedade. Por se encontrar na ilegalidade, o tráfico de drogas causa um problema ainda maior, pois representa uma im- portante fonte de renda para as organizações criminosas, financiando seu armamento e a realização de diversos outros crimes. Para entender melhor os problemas, as causas e as consequências do tráfico de drogas, foi elaborada uma árvore de problemas acerca do assunto no âmbito do estudo “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil” (BRASIL, 2021b), documento técnico utilizado como base para a elaboração do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Na parte de baixo (raízes da árvore), estão identificadas as principais causas do problema; no centro (o tronco da árvore), é apresentado o problema central; na parte superior (copa da ár- vore), apresentam-se as consequências. A seguir, você verá a figura e os principais achados do estudo. Foto: © [Couperfield] / Shutterstock. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 76 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Inibição do desenvolvimento econômico do país CONSEQUÊNCIAS EVIDÊNCIAS 1 — Acórdão TCU nº 360/2012 (original) e nº 541/2020 (monitoramento) 2 — World Drug Report 2020 (UNODC) 3 — Atlas da Violência 2019 – FBSP e IPEA 4 — Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019 – FBSP 5 — INFOPEN 2019 – DEPEN/MJSP 6 — New Psichoative Substances – UNODC (2017) 7 — Relatório de Trabalho 2017-2018 do GT para Classificação de Substâncias Controladas – ANVISA (2019) 8 — Crianças no narcotráfico: um diagnóstico rápido – OIT (2002) 9 — Relatório Anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes – JIFE (2010) 10 — Sistemas de Contas Nacionais – IBGE (valor adicionado bruto relacionado atividades de vigilância, segurança e investigação _ CNAE 8000 de 2010 a 2017) Crianças, adolescentes e jovens de regiões de alta vulnerabilidade social dominadas pelo tráfico de drogas Autoridades governamentais de repressão ao tráfico de drogas Sociedade em geral PÚBLICOS AFETADOS Tráfico de drogas e produção não autorizadaPROBLEMA CENTRAL CAUSAS Sensação de insegurança, impunidade e descrença na atuação governamental pela população Aumento do custo Brasil 9 Ampliação da necessidade de gastos públicos e privados com segurança 10 Prejuízo da capacidade de reinserção social Aumento da população privada de liberdade 5 Mortes violentas 3 Corrupção de agentes estatais 9 Disputas entre facções para domínio dos mercados ilegais 4 3 Aumento da criminalidade 4 Financiamento de outras atividades criminosas Consumo de drogas ilícitas 1 Enriquecimento do crime organizado 3 Lucratividade do tráfico de drogas 2 Facilidade de entrada, circulação e saída de drogas no país Localização do Brasil estratégica para o tráfico (rota entre países produtores e países consumidores de drogas) Articulação internacional insuficiente Integração insuficiente dos atores da política sobre drogas Insuficiência de uma política de pessoal para fronteira Limitação de inteligência e gerenciamento da atuação governamental na política sobre drogas Baixa integração de bancos criminais nacionais e internacionais Baixa disponibilidade de estatísticas métricas padronizadas Extensa fronteira seca com países produtores e extensa fronteira marítima para o acesso ao mercado europeu 1 1 1 2 2 2 8 Facilidade de obtenção de mão de obra disposta ao tráfico de drogas Busca por dinheiro, acesso a bens de consumo, identidade com o grupo, status, poder e adrenalina Facilidade de recrutamento nos presídios Baixa investigação financeira e patrimonial do poder público sobre o tráfico de drogas Existência de demanda em nível nacional e internacional para o consumo de drogas ilícitas Falta de perspectivas educacionais e profissionais 8 2 8 8 Pobreza e vulnerabilidade social 8 Ausência ou insuficiência de acesso a direitos sociais básicos: educação, assistência social, moradia, trabalho etc. Cooptação de agentes públicos Controle de regiões de vulnerabilidade social pelo crime organizado 9 3 Criação constante pelo crime organizado de novas substâncias psicoativas (NSP) não catalogadas para controle Dificuldade no controle e regulação de substâncias precursoras, adulterantes e diluentes Investimentos insuficientes em pesquisa, tecnologia, estrutura e manutenção Quantitativo de agentes públicos e de capacitação insuficientes para a vigilância, fiscalização e repressão ao tráfico de drogas 6 7 Dificuldade para coibir a comercialização e produção de drogas ilícitas 9 3 76 Aumento do poder de facções e expansão do seu domínio sobre diversas regiões 3 4 Déficit de vagas em presídios 5 5 1 8 | ÁRVORE DE PROBLEMAS: TRÁFICO DE DROGAS E PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA Fonte: Adaptado de Brasil (2021b). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 77 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O estudo explica que, entre as causas principais do tráfico de drogas, está a lucratividade inerente a essa atividade ilegal, com um mercado consumidor relevante em nível nacional e, especialmente, interna- cional. Além disso, o tráfico recruta facilmente mão de obra barata, principalmente nos presídios e em localidades onde pessoas se en- contram em grave situação de vulnerabilidade. Foto: © [Tinnakorn jorruang] / Shutterstock. O país também possui localização estratégica na rota do trá- fico, em posição intermediária entre países produtores de drogas e os grandes consumidores mundiais. Países como Colômbia, Peru e Bolívia (maiores produtores de cocaína), além do Paraguai (maiorprodutor de maconha) fazem divisa com o Brasil (BRASIL, 2021b). A figura a seguir apresenta as principais rotas do tráfico de drogas no Brasil. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 78 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Argentina Chile Bolívia EUA América Central Peru Colômbia Venezuela Guiana Suriname Caribe Europa África EUA Guiana Francesa Paraguai AM AC PA RO MT MS TO RR MA PI CE RN PE AL PB SE BA MG SP PR SC RS GO DF AP Produção de Coca/ Cocaína e Derivados Rota da Cocaína e Derivados Produção de Maconha e Derivados Laboratórios de produção de Cocaína Transporte Marítimo Área de Trânsito Plataformas de Exportação Rota da Maconha e Derivados Faixa de Fronteira (150km) Estados do Arco Norte Estados do Arco Central Estados do Arco Sul Principais rotas do tráfico de drogas. Fonte: Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (2022a). | PRINCIPAIS ROTAS DO TRÁFICO DE DROGAS Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 79 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O controle da entrada de drogas se mostra um grande desafio, uma vez que o Brasil possui 16 mil quilômetros de fronteira (7.363 km de linha por terra e 9.523 km de rio, lagos e canais), além dos 7,4 mil quilômetros de extensão litorânea (BRASIL, 2021b). Com essa mag- nitude, faz-se necessário um grande aparato de equipes e tecnologias avançadas para a atividade, realidade que muitas vezes não se verifica, dadas as limitações para contratação de pessoal e investimento em tecnologia com recursos orçamentários do governo. A cooptação de agentes públicos e a criação constante de novas substâncias psicoativas (NSP) se somam aos problemas existentes, resultando em dificuldade para coibição do comércio e da produção de drogas ilícitas. Além dessas causas, o estudo indicou as principais consequências do tráfico de drogas. As duas mais diretas são a viabilização do consumo de drogas e o enriquecimento de organizações criminosas. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo de animação sobre as principais rotas do tráfico de drogas. Como mencionado no início deste módulo, o enriquecimento das facções do crime com o tráfico de drogas tem como resultado o financiamento de outras práticas criminosas e aumento da capa- cidade de cooptação de agentes públicos. Com o enriquecimento, esses grupos criminosos também vão crescendo e expandindo suas áreas de influência. Muitas vezes eclodem disputas entre facções por territórios e áreas de influência, gerando grande quantitativo de mortes violentas. https://youtu.be/YMkWI6XWEcs Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 80 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A árvore de problemas demonstra ainda que, com o aumento da cri- minalidade e das mortes a ela vinculadas, há ampliação da sensação de insegurança, impunidade e descrença na atuação governamental, o que exige ampliação dos investimentos e custos do setor público e do setor privado em segurança, prejudicando a economia brasileira. Ao final, com o crescimento da criminalidade, ocorrem também mais prisões, retroalimentando o sistema, uma vez que as peniten- ciárias, superlotadas e com dificuldades de promover a reinserção social do indivíduo, representam um dos principais ambientes de recrutamento para o crime organizado (BRASIL, 2021b). Foto: © [Joa Souza] / Shutterstock. Para sair desse ciclo vicioso do tráfico de drogas, as políticas de redução da oferta têm que se atualizar e se adaptar continuamente. A seguir, apresentaremos alguns programas e iniciativas relevantes acerca do assunto. 1.2 PROGRAMAS E AÇÕES PARA REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS Para a redução efetiva da oferta de drogas, não basta a realização de apreensões de pequenas quantidades de drogas sob posse de pequenos traficantes que estão apenas na ponta de toda a estrutura do crime organizado. Faz-se necessária a realização de ações de investigação e de Inteligência em Segurança Pública (ISP) voltadas para o des- mantelamento completo dos grupos criminosos. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 81 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Enquanto a investigação policial está orientada pelo modelo de persecução penal previsto e regulamentado na norma processual própria, objetivando a produção de provas (autoria e materialidade delitiva), a Inteligência Policial está orientada para a produção de conhecimentos, com o intuito de subsidiar a tomada de decisões nos níveis político, estratégico, tático e operacional (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ, 2022). No curso “Fundamentos para Repressão ao Narcotráfico e ao Crime Organizado – FRoNt” (BRASIL, 2021c), a vigilância é destacada como um dos mecanismos mais eficazes para o desmonte de organizações criminosas. Esse trabalho depende de capacitação das forças policiais, além de investimento nas tecnologias que serão utilizadas (especial- mente no caso de vigilância eletrônica). A seguir, serão apresentados os diferentes tipos de vigilância. Cumpre observar que há limitações quanto à entrada de autoridades gover- namentais em espaços privados e interceptação de comunicações, de forma que geralmente é necessário ter autorização judicial prévia e justificação com base em causa provável, suspeita razoável e fun- damentos (BRASIL, 2021c). Vigilância de áudio Vigilância visual Vigilância de rastreamento Vigilância de dados Escuta telefônica Câmeras de vigilância oculta Aparelhos de localização georreferenciada (GPS) Computadores e internet (spyware e cookies) Roteamento de conversação humana usando a internet ou qualquer outra rede de computadores baseada no Protocolo de Internet (VOIP - Voice over Internet Protocol) Dispositivos de escuta (ex.: escuta ambiental) Câmeras embarcadas em veículos Câmeras corporais Circuito fechado de TV (CCTV) Câmeras infravermelhas Dispositivo de identificação de radiofrequência Dispositivo para leitura de informação biométrica (ex.: leitura de retina) Telefones portáteis Telefones móveis Dispositivos de monitoramento de teclados (keystroke monitoring) Fonte: Adaptado de Brasil (2021c). | TIPOS DE VIGILÂNCIA E TECNOLOGIAS UTILIZADAS Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 82 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas No âmbito do Banco de Projetos apresentados pelas polícias civis e habilitados pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), pode-se verificar diversas propostas de investi- mento nessa área, envolvendo especialmente a aquisição de tecnologias de processamento e análise de dados, mecanismos de rastreamento, equipamentos vinculados a técnicas investigativas especializadas, viaturas descaracterizadas e inteligência pericial para interpretação de provas materiais. Saiba Mais Visite o Banco de Projetos da SENAD, disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/ politicas-sobre-drogas/banco-de-projetos-1. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre redução da oferta de drogas. Boas Práticas O desenvolvimento de novas substâncias psicoativas (NSP), fenômeno que abordamos no primeiro módulo deste curso, também tem exigido crescente inovação da ação governamental, como a criação de Sistemas de Alerta Rápido (SAR). Esse é um passo fundamental para o rápido e eficiente controle de drogas e para a mitigação dos efeitos deletérios causados pelo abusode substâncias psicoativas. Esses sistemas atuam por meio de quatro etapas fundamentais: a) detecção; b) caracterização; c) análise de risco e d) geração de alerta (SENAD, 2022), as quais são descritas a seguir. Detecção Descoberta e identificação de novas substâncias e/ou de novos padrões de oferta e demanda de drogas. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/banco-de-projetos-1 https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/banco-de-projetos-1 https://youtu.be/M-zR420sVJE Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 83 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Caracterização Detalhamento da droga sob diferentes aspectos: formas de apresentação, composição química, efeitos toxicológicos, riscos para a saúde e situação jurídica, entre outros. Se o fenômeno envolver a identificação de novos padrões de demanda e oferta de drogas, o detalhamento abordará o escopo temporal, a área geográfica, as quantidades apreendidas etc. Análise de riscos Todos os dados e informações disponíveis são examinados por um grupo multidisciplinar de especialistas quanto à avaliação dos riscos e relevância para que se possa gerar um alerta de informações. Um documento reúne esses dados e informações e começa a circular entre as autoridades de saúde, controle e interdição. Geração de alerta Envolve a emissão de um aviso/advertência contendo informações de interesse público sobre a emergência de uma nova substância psicoativa ou sobre um novo padrão de oferta e/ou demanda de droga. Essa etapa envolve a produção de um documento de síntese, o qual constitui o próprio alerta, que resume a informação específica sobre drogas e é voltado para o público em geral, usuário de drogas. Tal relatório será divulgado maciçamente nos canais específicos de comunicação. Fonte: Adaptado de Brasil (2022a). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 84 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais No Brasil, foi criado o Subsistema de Alerta Rápido do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (SAR- SISNAD), em caráter experimental. Para entender mais sobre o assunto, acesse o material disponível em: https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5211/2/RES_ CONAD_2021_6.html. Após um ano de sua constituição, a SENAD apresentará ao CONAD um relatório de avaliação da iniciativa com um dos seguintes enca- minhamentos possíveis: a) proposição de normatização definitiva acerca do assunto; b) ampliação do período para sua implementação em caráter experimental; ou c) apresentação de uma nova proposta relacionada a essa temática. Fonte: SAR (2021). O SAR-SISNAD conta com a participação dos principais atores da Polí- tica Nacional sobre Drogas, além da participação voluntária de atores subnacionais especializados em repressão ao tráfico (polícias civis e científicas), das unidades especializadas em toxicologia do Sistema Único de Saúde dos estados e municípios, bem como de universidades e centros de pesquisa da área de saúde e segurança pública. Para participação voluntária, basta que os interessados elencados apresentem essa intenção por meio oficial à SENAD. https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5211/2/RES_CONAD_2021_6.html https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5211/2/RES_CONAD_2021_6.html Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 85 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Veja, na figura a seguir, um detalhamento da composição do SAR-SISNAD. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos – SENAD Comitê Técnico OBID Grupo de Trabalho de NSP Universidades e organizações parceiras (projetos Baco, Tanatos, Cloacina e CdE) Polícia Federal Receita Federal do Brasil Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA Ministério da Saúde Polícias Civis e Polícias Científicas Serviço voluntário de pesquisa Centros de Toxicologia CdE (MJSP, PNUD, UNODC) Subsistema Brasileiro de Alerta Rápido Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas – SENAPRED | COMPOSIÇÃO SAR-SISNAD Fonte: Adaptado de Brasil (2021c). Por fim, outra ação que vem ganhando grande evidência na redução da oferta de drogas são os programas de desenvolvimento alternativo integral e sustentável. Parceria entre Fica Vivo! e Copasa profissionaliza jovens. Fonte: SEJUSP (2022). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 86 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Os programas envolvem a realização de diversas ações integradas com foco na prevenção de que pessoas em regiões de risco/violência/ vulnerabilidade se envolvam com o cultivo, a produção ou o tráfico de drogas (BRASIL, 2020a). Foto: © [Pablo Lupa] / Shutterstock. Boas Práticas Uma referência no assunto é a Estrategia Andina de Desarrollo Alternativo Integral y Sostenible, estabelecida pela Comunidade Andina (formada por Bolívia, Colômbia, Peru e Equador) e que tem como finalidade substituir o cultivo de drogas ilícitas, qualificado internacionalmente como ameaça naquelas regiões, por atividades econômicas consideradas lícitas, com o objetivo de se alcançar um melhor nível de vida e a redução da pobreza (SANTOS, 2015). Saiba Mais Para entender mais sobre a Estrategia Andina de Desarrollo Alternativo Integral y Sostenible, acesse o material “Decisão nº 614”, ratificada na 15ª reunião do Conselho Andino de Ministros de Relações Exteriores, disponível em: http://www.sice.oas.org/trade/junac/decisiones/ anexodec614.pdf. http://www.sice.oas.org/trade/junac/decisiones/anexodec614.pdf http://www.sice.oas.org/trade/junac/decisiones/anexodec614.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 87 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Aos poucos, essa estratégia foi adaptada em outros países não só para a realidade do cultivo, mas também para a produção, armazenagem, trânsito e tráfico de drogas. Esses projetos também receberam o título de “Desenvolvimento Alternativo Urbano” ou “Desenvolvimento Preventivo” (BRASIL, 2020a). A nova Política Nacional sobre Drogas prevê a diretriz para redução da oferta de drogas: Política Nacional sobre Drogas "Promover e incentivar as ações de desenvolvimento sustentável de forma a diminuir o peso da vulnerabilidade econômica e social como fator de risco para o envolvimento no narcotráfico." Os programas de desenvolvimento alternativo devem abarcar po- líticas públicas integradas a serem direcionadas às comunidades e considerar as realidades locais e a participação da população en- volvida, a fim de que sejam estabelecidas estratégias voltadas para redução das vulnerabilidades que mais afetam aquela comunidade específica (BRASIL, 2021c). Boas Práticas Um exemplo de iniciativa nesse sentido aplicada no Brasil é o “Programa de Controle de Homicídios – Fica Vivo!”, implementado desde 2003 pelo Governo de Minas Gerais. Conforme reconhecido pela própria SENAD, esse programa, apesar de ser um programa focado na prevenção e na redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens moradores das áreas de abrangência das Unidades de Prevenção à Criminalidade (UPC), tem em seus pressupostos e metodologia de aplicação várias características de desenvolvimento alternativo sustentável (BRASIL, 2020a). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 88 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Com a finalidade de aproveitar as boas práticas verificadas nesse programa e estabelecer uma metodologia para a coordenaçãoin- terfederativa de ações de desenvolvimento alternativo para redução de oferta de drogas por parte dos estados, a SENAD criou o Projeto “Tô de Boa”. O projeto envolve ainda a implantação de piloto da metodologia que será criada. Saiba Mais Conheça os detalhes do Programa “Fica Vivo!” e do Projeto “Tô de Boa”, acessando os materiais disponíveis em: http://www.seguranca.mg.gov.br/2013-07-09-19-17- 59/2020-05-12-22-29-51/programas-e-acoes https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/ politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/projeto-to- de-boa. Para finalizarmos, é importante que você conheça uma nova fonte de estudos e informações relevantes sobre a oferta de drogas, criada a partir de 2019, o Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE). O CdE foi constituído por meio de uma parceria entre a SENAD, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Disponibiliza dados sobre a oferta de drogas e publica boletins e estudos acerca do assunto, sendo, assim, uma fonte valiosa para as ações de segurança pública nessa área. http://www.seguranca.mg.gov.br/2013-07-09-19-17-59/2020-05-12-22-29-51/programas-e-acoes http://www.seguranca.mg.gov.br/2013-07-09-19-17-59/2020-05-12-22-29-51/programas-e-acoes https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/projeto-to-de-boa-1/projeto-to-de-boa https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/projeto-to-de-boa-1/projeto-to-de-boa https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/projeto-to-de-boa-1/projeto-to-de-boa https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/projeto-to-de-boa-1/projeto-to-de-boa Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 89 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Em 2021, o CdE divulgou um estudo sobre a Covid-19 e o tráfico de drogas no Brasil, indicando as adaptações feitas pelo crime organizado e a atuação das forças policiais na pandemia. Até março de 2022, foi publicado um boletim sobre um assunto de grande relevância: o monitoramento do preço de drogas ilícitas. Para conhecer os boletins e estudos do CdE, acesse o material disponível em: https:// www.cdebrasil.org.br/boletins/. https://www.cdebrasil.org.br/boletins/ https://www.cdebrasil.org.br/boletins/ Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 90 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 2 GESTÃO DE ATIVOS Nesta unidade, você aprenderá sobre a política de gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas. 2.1 PANORAMA SOBRE A GESTÃO DE ATIVOS APREENDIDOS DO TRÁFICO DE DROGAS A apreensão de ativos oriundos do tráfico de drogas e sua aplicação em favor da sociedade é um tema de grande atenção no mundo inteiro. Trata-se da premissa de se aplicarem os recursos do crime contra ele e contra as suas consequências para a sociedade. No Brasil, o assunto ganhou tanta importância, que faz parte da nossa Constituição. Constituição Federal "Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei." O fundo especial a que a Carta Magna se refere é o Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD), gerido pela SENAD, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), disciplinado pela Lei nº 7.560/1986. Assim, todos os bens apreendidos do tráfico devem ser convertidos em recursos para o FUNAD, onde serão direcionados para o desen- volvimento de políticas públicas sobre drogas em favor da sociedade. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 91 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Programas de formação profissional sobre educação, prevenção, tratamento, recuperação, repressão, controle e fiscalização do uso e tráfico de drogas. Programas de educação técnico-científica preventiva sobre o uso de drogas. Programas de esclarecimento ao público, incluídas campanhas educativas e de ação comunitária. Organizações que desenvolvem atividades específicas de tratamento e recuperação de usuários. Reaparelhamento e custeio das atividades de fiscalização, controle e repressão ao uso e tráfico ilícitos de drogas e produtos controlados. Pagamento das cotas de participação a que o Brasil esteja obrigado como membro de organismos internacionais ou regionais que se dediquem às questões de drogas. Custeio de sua própria gestão e de despesas decorrentes do cumprimento de atribuições da SENAD. Pagamento do resgate dos certificados de emissão do Tesouro Nacional que caucionaram recursos transferidos para a conta do FUNAD. Custeio das despesas relativas ao cumprimento das atribuições e às ações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), no combate aos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na Lei no 9.613, de 1998, até o limite da disponibilidade da receita decorrente do inciso VI do art. 2º. Entidades governamentais e não governamentais integrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Fonte: Adaptado de Brasil (1986). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 92 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Lei nº 7.560/1986 "Art. 5º-A. A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), órgão gestor do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD), poderá financiar projetos das entidades do Sinase desde que: I. o ente federado de vinculação da entidade que solicita o recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioeducativo aprovado; II. as entidades governamentais e não governamentais integrantes do Sinase que solicitem recursos tenham participado da avaliação nacional do atendimento socioeducativo; III. o projeto apresentado esteja de acordo com os pressupostos da Política Nacional sobre Drogas e legislação específica. Art. 5º-B. A SENAD, órgão gestor do FUNAD, fica autorizada a financiar políticas públicas destinadas às ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas acolhedoras referidas no art. 26-A da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006." Infelizmente, apesar da previsão constitucional e legal acerca da gestão de ativos, você já deve ter visto várias notícias mostrando centenas de bens apreendidos do crime, como veículos, aeronaves e embarcações, lotando pátios das polícias em todo o Brasil, sem a devida destinação. Isso representa até hoje uma grande perda de recursos que poderiam estar sendo aplicados em políticas públicas para a sociedade brasileira. O problema foi analisado mais afundo na “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil” (BRASIL, 2021b), chegando-se a cons- truir uma árvore de problemas que identificou as principais causas e consequências da insuficiência da gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas, apresentada a seguir. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo que trata da gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas. Acerca dasdestinações possíveis do FUNAD, a Lei nº 7.560/1986 trouxe também os seguintes dispositivos, relativos ao financiamento de projetos das entidades do SINASE e às comunidades terapêuticas. https://youtu.be/yLqerFMRfvQ Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 93 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Perda de arrecadação Inexpressiva quantidade de alienações antecipadas Oneração do orçamento, em especial, das instituições policiais com o aluguel de espaços para guarda dos ativos 2 Superlotação de espaços de guarda dos ativos Depreciação dos ativos Acondicionamento inadequado e formação de ambientes insalubres com risco de criação de focos do mosquito transmissor de doenças como dengue e zika Aumento no estoque de ativos não destinados Morosidade no processo de destinação do ativo Dificuldade de integração com atores afetos à gestão de ativos Baixa adesão dos juízes à alienação antecipada 7 7 1 2 6 6 7 7 10 1 2 4 7 9 7 7 10 9 Insuficiência de recursos para políticas públicas Insatisfação da sociedade CONSEQUÊNCIAS EVIDÊNCIAS 1 — Quantidade de ativos cadastrados no Sistema GFUNAD (MJSP/SENAD, 2020) 2 — Painel de bens informados pelos pátios de policias — Projeto Check-in (MJSP/ SENAD, 2020) 3 — Projeções Orçamentárias: cenários para 2019-2023, no contexto de tetos de gastos (Câmara dos Deputados, 2018) 4 — Quantidade de ativos leiloados pelo SENAD — Painel Gerencial do Projeto Check-in (MJSP/ SENAD, 2020) 5 — Quantidade de processos recebidos pela Diretoria de Gestão de Ativos — (SEI/ MJSP, 2020) 6 — Exposição de Motivos nº 00044/2019/MJSP/ ME 7 — Acórdão nº 360/2012 (TCU, 2012) 8 — Acórdão nº 540/2020 (TCU, 2020) 9 — Elaboração da Estratégia — Matriz SWOT: Período 2020-2023 (MJSP, 2019) 10 — Relatório de Diagnóstico do Estado da Arte dos Ativos de Responsabilidade da SENAD (PNUD-EY, 2019) Poder Judiciário Forças policiais Organizações da sociedade civil atuantes na política sobre drogas Sociedade em geral PÚBLICOS AFETADOS Insuficiência da gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogasPROBLEMA CENTRAL CAUSAS Dificuldade de destinação dos ativos apreendidos sob guarda da União Problemas de rastreabilidade do ativo Falta de procedimentos e dados estruturados Informação do ativo insuficiente ou equivocada Grande volume de ativos espalhados pelo Brasil Extenso e complexo processo de destinação, dependente de atores externos Baixo alinhamento com o Poder Judiciário Falta de canal de comunicação formal com as polícias 10 5 Baixo conhecimento sobre a disponibilização dos serviços de alienação de ativos pela SENAD (inclusive antecipada) Capacitação insuficiente para a gestão de ativos 9 Insuficiência quantitativa e qualitativa de pessoal 7 8 9 Cenário fiscal brasileiro e teto de gastos desfavorável à reposição de pessoal no serviço público 7 10 7 10 1 2 5 10 7 7 7 3Falta de um modelo integrado de sistemas de informação | ÁRVORE DE PROBLEMAS: INSUFICIÊNCIA DA GESTÃO DE ATIVOS APREENDIDOS DO TRÁFICO DE DROGAS Fonte: Adaptado de Brasil (2021b). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 94 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Como se pode verificar na árvore de problemas, há dificuldades de destinação dos ativos apreendidos, especialmente por conta de problemas de rastreabilidade dos ativos e devido à dependência de diversos atores diferentes dentro do processo, que até poucos anos atrás trabalhavam de forma pouco integrada. A consequência é a superlotação de pátios e a perda de um enorme potencial de arrecadação que poderia estar sendo destinada a pro- gramas para prevenção ao uso de drogas, recuperação das vítimas das drogas ou para o combate ao crime organizado. Foto: © [HB Photo] / Shutterstock. Com isso, desde 2019 a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas foi reestruturada com foco na atuação para a gestão de ativos do crime, participando ativamente em reformas normativas e no esta- belecimento de programas voltados para a solução desses problemas. Assim, a partir daquele ano, foram realizadas mudanças impor- tantes do ponto de vista normativo para o aprimoramento da gestão dos ativos oriundos do tráfico de drogas, por meio da Lei n 13.840, de 5 de junho de 2019, e da Medida Provisória nº 885, convertida na Lei nº 13.886, de 17 de outubro de 2019. Essas leis alteraram e esta- beleceram novos dispositivos na Lei de Drogas e na Lei do FUNAD. Uma dessas mudanças foi a criação de incentivo para atuação in- tegrada entre estados, Distrito Federal e União na gestão de ativos apreendidos, beneficiando as polícias apreensoras de bens do tráfico com parte dos recursos provenientes de sua venda, conforme se pode verificar na figura a seguir. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 95 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | INCENTIVO À INTEGRAÇÃO ENTRE ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E UNIÃO NA GESTÃO DE ATIVOS ORIUNDOS DO TRÁFICO DE DROGAS CONDIÇÕES BENEFÍCIO z Existência de estruturas orgânicas destinadas à gestão de ativos apreendidos nas unidades federativas, capazes de auxiliar no controle e na alienação de bens apreendidos e na efetivação de suas destinações. z Regularidade no fornecimento dos dados estatísticos sobre drogas previstos no art. 17 da Lei nº 11.343/2006. Disponibilização de 20% a 40% dos recursos provenientes da alienação de bens apreendidos, a título de transferência voluntária, para as polícias estaduais e distrital responsáveis pela apreensão do bem móvel ou pelo evento que der origem a sequestro de bem imóvel relacionado ao tráfico de drogas. Fonte: Adaptado da Lei nº 13.886/2019, art. 5º, § 1º. As estruturas orgânicas destinadas à gestão de ativos apreendidos correspondem à Comissão Permanente de Avaliação e Alienação de Bens, composta necessariamente por integrantes das polícias e do Departamento de Trânsito do estado, além de outros atores que se considerarem necessários. Saiba Mais Para conhecer o papel da Comissão Permanente de Avaliação e Alienação de Bens, acesse o “Manual de Orientação para Avaliação e Alienação Cautelar e Definitiva de Bens”, disponibilizado pela SENAD/MJSP, disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/ sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/ manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 96 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A referida lei ainda promoveu mudanças no processo de gestão de ativos, tornando-o mais célere. Entre as mudanças, destacam-se as elencadas a seguir. Art. 61, Lei nº 11.343/2006 A autoridade policial judiciária deve comunicar imediatamente ao juízo competente quando forem apreendidos de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes definidos na Lei de Drogas. § 1º, art. 61, Lei nº 11.343/2006 O juiz tem até 30 dias contados da comunicação da polícia judiciária para determinar a alienação dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legislação específica. Art. 60-A, Lei nº 11.343/2006 O juiz deve determinar imediatamente a conversãoem moeda nacional nos casos de apreensão de moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, os quais serão alienados na forma prevista pelo Conselho Monetário Nacional. § 3º, art. 61, , Lei nº 11.343/2006 O juiz deve determinar a avaliação dos bens apreendidos, que será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 dias a contar da autuação, ou, caso sejam necessários conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10 dias. Foram também adotadas medidas para tornar mais atrativa a compra em leilão dos bens apreendidos do tráfico de drogas, com foco na redução do valor mínimo para arrematação e na facilitação da re- gularização dos bens adquiridos. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 97 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Por fim, as alterações realizadas em 2019 também organizaram a forma como se dará a utilização dos bens apreendidos no interesse público. Art. 62, Lei nº 11.343/2006 O juízo deve cientificar a SENAD para que, em 10 dias, avalie a existência de interesse público na utilização de bens apreendidos, indicando o órgão que deva recebê-los, tendo prioridade os órgãos de segurança que participaram das ações de investigação ou repressão ao crime que deu causa à medida. Saiba Mais A Portaria SENAD nº 1, de 10 de janeiro de 2020, regulamentou os procedimentos para doação, incorporação e indicação de bens apreendidos para uso no interesse público. Para entender mais sobre este assunto, acesse o material disponível em: https://www. gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas- sobre-drogas/subcapas-senad/doacao-incorporacao- e-indicacao-de-bens. § 11, art. 61, Lei nº 11.343/2006 Bens móveis e imóveis passam a poder ser vendidos em hasta pública por preço de 50% do valor da avaliação judicial (valor mínimo), assegurada a venda pelo maior lance. § 14, art. 61, Lei nº 11.343/2006 Multas, encargos ou tributos pendentes de pagamento não podem ser cobrados do arrematante ou do órgão público alienante como condição para regularização dos bens. § 13, art. 61, Lei nº 11.343/2006 Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente para o registro, bem como as secretarias de fazenda, devem proceder à regularização dos bens no prazo de 30 dias, ficando o arrematante isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/doacao-incorporacao-e-indicacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/doacao-incorporacao-e-indicacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/doacao-incorporacao-e-indicacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/doacao-incorporacao-e-indicacao-de-bens Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 98 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Mais recentemente foi publicada a Lei nº 14.322/2022, que alterou novamente a Lei nº 11.343/2006, passando a prever o confisco defi- nitivo do veículo utilizado para o transporte de droga ilícita, inde- pendentemente se a aquisição do veículo tiver sido feita com recursos obtidos de forma lícita, ressalvando-se apenas o direito de terceiro de boa-fé. Antes dessa lei, caso provada a origem lícita do veículo, o seu dono, mesmo transportando drogas ilícitas, poderia reaver seu bem. Boas Práticas Essa mudança permitirá um grande aumento na apreensão definitiva de veículos envolvidos com o tráfico de drogas, com perspectiva de potencializar a arrecadação do FUNAD com a venda dos veículos, fortalecendo a política sobre drogas com mais recursos para aplicação em ações e programas governamentais. FUNDO NACIONAL ANTIDROGAS FUNAD 150 100 50 - ARRECADAÇÃO ANUAL – 2017 A 2021 2017 Arrecadação Total do FUNAD 43.297.928,06 44.625.970,20 91.736.648,68 138.421.179,9 142.511.508,4 2018 2019 2020 2021 M ilh õe s Va lo r ar re ca da do Evolução da arrecadação anual do FUNAD. Fonte: Adaptado de Brasil (2022b). Como resultado das alterações legais e de gestão implementadas pela SENAD, com o apoio dos estados e do Distrito Federal por meio das Co- missões Permanentes de Avaliação e Alienação de bens, o Fundo Nacional Antidrogas teve sua arrecadação média anual triplicada de 2017 a 2021. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 99 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O recadastramento é feito por meio de formulário em que o órgão policial responsável pela guarda dos bens nos pátios informa à SENAD a relação de bens que se encontram sob sua guarda, indicando a localização exata, os dados de identificação do bem e o processo judicial a ele vinculado. A partir dessas informações, a SENAD aciona os leiloeiros por ela contratados para promover a avaliação e alienação do bem. Nesse momento, entra a importante atuação das Comissões Permanentes de Avaliação e Alienação de Bens nos estados, que têm a função de promover a interlocução para efetivação das atividades que culmi- narão na alienação dos bens. A seguir, apresentam-se algumas das principais responsabilidades dessas comissões no âmbito do Projeto Check-in, que deixam claro o seu papel fundamental na efetivação de uma boa gestão dos ativos. Visando resolver os problemas vinculados à gestão de ativos e uti- lizar esses bens para a geração de recursos com foco no financia- mento de políticas sobre drogas, a SENAD desenvolveu uma série de programas em parceria com as Polícias Civis, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. O principal programa é o Projeto Check-in, que envolve o recadastra- mento dos bens apreendidos em razão da prática do crime de tráfico de drogas e que se encontram em depósitos e pátios espalhados por todo o país (BRASIL, 2022c). Esse projeto foi criado em 2019 em resposta ao grande passivo de veículos nos pátios das polícias, que se deterio- ravam diariamente e geravam custos de guarda para a administração. 2.2 PROGRAMAS E AÇÕES VOLTADOS PARA A GESTÃO DE ATIVOS Após essa contextualização, abordaremos, nos tópicos a seguir, os principais programas e ações existentes relacionados à gestão de ativos. Analisar, instruir o processo e emitir parecer à SENAD sobre eventuais pedidos de cancelamento de compra em leilão, apresentado pelo arrematante, tal como em caso de comprovado impedimento na obtenção do registro de propriedade. Analisar e, em caso de ausência de incorreções, aprovar a prestação de contas entregue pelo leiloeiro. Analisar termo/laudo de avaliação elaborada pelo leiloeiro contratado e, caso concorde com os valores avaliados para os bens, aprová-lo. Conferir os valores da arrematação recolhidos em favor de fundos geridos pelo MJSP, realizados pelo leiloeiro e/ou arrematante, e verificadas inconsistências, solicitar ao leiloeiro correção. Fazer a interlocução entre o leiloeiro, no caso de bem imóvel, com a Superintendência do Patrimônio da União (SPU). Acompanhar a realização de leilões eletrônicos junto ao sistema indicado pelo leiloeiro, de modo simultâneo à sessão pública. Fonte: Adaptado de Manual de Avaliação e Alienação Cautelar e Definitiva de Bens (BRASIL, 2021d). Analisar e solicitar as correções julgadas necessárias em relação aos termos da minuta de edital preenchida pelo leiloeiro. Conferir, aprovar e assinar, por meio de seu presidente, a minuta de edital apresentada pelo leiloeiro, conforme modelos disponibilizados pela SENAD, e encaminhar para a conferência do fiscal, paraposterior publicação. Analisar e validar relatórios gerenciais, textos e tabelas elaborados pelo leiloeiro, que evidenciem todos os números e informações associados ao certame, tais como: valor de avaliação, valor de lance inicial, valor de arremate e percentual de ganho para cada bem, valores totais associados ao processo de leilão, lotes vendidos, lotes não vendidos, bens retirados do certame, relato de intercorrências etc. Promover as necessárias gestões, a fim de garantir adequado apoio ao leiloeiro, com auxílio de polícia especializada, para detalhada inspeção (vistoria) nos bens a serem alienados. No caso de vistoria veicular, garantir o adequado apoio para verificação de chassi, número de motor e estrutura veicular. Promover ações necessárias junto aos órgãos de trânsito, de forma a tornar os veículos livres e desembaraçados de quaisquer ônus para alienação, realizando: a) confrontação de dados com as informações do sistema informatizado do DETRAN e DENATRAN ou INFOSEG; e b) verificação de débitos; gravames (alienação fiduciárias, ou outro instituto jurídico), restrições administrativas e/ou judiciais. | PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DAS COMISSÕES PERMANENTES DE AVALIAÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 101 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | BANCO DE PROJETOS – SENAD Além do Projeto Check-in, há a Alienação Antecipada, ação de extrema relevância para a política de gestão de ativos. Essa ação depende da articulação entre autoridades policiais apreen- soras, o Poder Judiciário e a SENAD, consistindo na realização de ava- liação e alienação do ativo ao início do decorrer do processo judicial. Veja a seguir os papéis de cada um nessa articulação. Quais são os órgãos que podem participar? Que tipos de projetos podem ser apresentados? Que tipos de projetos serão priorizados neste momento? Os órgãos de segurança pública federal, estadual e distrital: Devem ser enviados projetos que tenham por objetivo: Todos os projetos que tenham relação com os objetivos serão recepcionados e, se habilitados, integrarão o Banco de Projetos. Serão priorizados projetos que tenham por linha de atuação: Polícia Militar, Civil e Federal. Polícia Rodoviária Federal. Secretaria de Segurança Pública. Perícia Criminal. Fomento da política pública sobre drogas. Difusão do conhecimento sobre crimes relacionados a drogas ilícitas. Combate ao tráfico de drogas e crimes conexos. Detecção de drogas. Reaparelhamento dos órgãos de segurança pública. Desarticulação financeira de organizações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas. Após a conversão dos bens e recursos ao FUNAD, 20 a 40% desses valores poderão retornar para as polícias apreensoras nos estados, por meio de transferências voluntárias selecionadas no âmbito do Banco de Projetos, organizado pela SENAD, conforme apresentado na figura a seguir. Fonte: Adaptado de Brasil (2021a). Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 102 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Papéis Autoridades policiais Têm o papel de requerer ao juízo a alienação dos bens. Poder Judiciário Tem o poder de determinar sua alienação e peticionar a SENAD para apoio nessa tarefa. SENAD Disponibiliza os leiloeiros por ela contratados para realizar essa função. Deve-se ainda destacar que as Comissões Permanentes de Avaliação e Alienação de Bens nos estados também atuam nesse processo, intermediando a comunicação entre leiloeiros e a Justiça no âmbito do Estado, com a prestação do devido apoio institucional para que o Poder Judiciário possa solicitar à SENAD, via peticionamento no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), a alienação antecipada (BRASIL, 2021d). A alienação antecipada garante que haja o mínimo de depreciação do ativo até o momento do leilão, o que amplia o potencial de arrecadação. Além disso, com a alienação antecipada, gera-se menor custo de manutenção daquele ativo em galpões ou pátios mantidos pelas autoridades policiais. Essa é uma ação essencial no caso de ativos especiais, como ativos biológicos e empresas que sejam objeto do sequestro devido à atuação relacionada ao tráfico de drogas ou à lavagem de dinheiro oriunda do tráfico. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 103 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas “ "a) sugerir a venda imediata de ativos biológicos (animais vivos, plantações ativas, grãos colhidos etc.), por se tratar de bens perecíveis, mediante uso de acordo de cooperação técnica entre SENAD e CONAB, que permite a realização de periódicos leilões eletrônicos capaz de conectar pequenos, médios e grandes compradores ao produto ofertado; b) informar a existência de acordo de cooperação técnica entre SENAD e CFA, que permite a indicação de profissionais de gestão de empresas, fazendas, postos de combustíveis e quaisquer outros tipos de empresas sequestradas; e c) reforçar a existência da estrutura da SENAD em apoio à imediata venda dos bens, incluindo empresas e ativos biológicos, bem como informar a sistemática para acionamento SENAD.” (BRASIL, 2022d) A alienação antecipada de ativos especiais exige atuação ágil e articu- lada entre o Poder Judiciário, as autoridades policiais apreensoras e a SENAD. Nesse sentido, para esses bens especiais, a SENAD orienta que sejam adotados os seguintes procedimentos pela polícia apreensora junto ao Poder Judiciário: Com a soma das ações do Projeto Check-in e da Alienação Ante- cipada, espera-se alcançar alto nível de aproveitamento dos bens e recursos apreendidos do tráfico em políticas públicas para benefício da população brasileira. Encerramos, assim, mais uma unidade em que apresentamos um panorama sobre a gestão de ativos no Brasil. Veja a seguir uma retomada dos principais pontos abordados neste módulo. SÍNTESE Na Unidade 1, vimos os principais conceitos, problemas, programas e ações relacionados à redução da oferta de drogas, especialmente no que tange ao combate ao tráfico de drogas. Na Unidade 2, foi possível conhecer mais sobre a gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas, os problemas existentes, os avanços normativos recentes e os principais projetos em curso. Curso CoPlanar MÓDULO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS 104 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Chegamos ao fim deste segundo módulo do curso “Capacitação de Ges- tores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas”. Até mais! 105 REFERÊNCIAS AGÊNCIA DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL – AIPC. Governo do Estado do Paraná. Perguntas Frequentes. [S.l.], 2022. Disponível em: https://www.policiacivil.pr.gov.br/AIPC#:~:text=perguntas%20 frequentes. Acesso em: 25 abr. 2022. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Brasília, DF: Presidência da República, [2020b]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019. Aprova a Política Nacional sobre Drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/ Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357. Acesso em: 25 abr. 2022. BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad; prescreve me- didas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019. Altera as Leis nos 11.343, de 23 de agosto de 2006, 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 8.981, de 20 de janeiro de 1995, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, 8.069, de 13 de julho de 1990, 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e 9.503, de 23 de setembro de 1997, os Decretos-Lei nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e as condi- ções de atenção aos usuários ou dependentes de drogas e para tratar do financiamento das políticas sobre drogas. Brasília, DF: Pre- sidência da República, 2019. Disponível em: https://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13840.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Lei nº 13.886, de 17 de outubro de 2019. Altera as Leis nos 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 10.826, de 22 de dezembro de 2003, 11.343, de 23 de agosto de 2006, 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e 13.756, de 12 de dezembro de 2018, para acelerar a destinação de bens apreendidos ou sequestrados que tenham vinculação com o tráfico ilícito de drogas. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2019/Lei/L13886.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. https://www.policiacivil.pr.gov.br/AIPC#:~:text=perguntas%20frequentes https://www.policiacivil.pr.gov.br/AIPC#:~:text=perguntas%20frequentes http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13840.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13840.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13886.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13886.htm 106 BRASIL. Lei nº 14.322, de 6 de abril de 2022. Altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei Antidrogas), para excluir a possibili- dade de restituição ao lesado do veículo usado para transporte de droga ilícita e para permitir a alienação ou o uso público do veículo independentemente da habitualidade da prática criminosa. Bra- sília, DF: Presidência da República, 2022. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14322. htm#art1. Acesso em: 25 abr. 2022. BRASIL. Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986. Cria o Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de Abuso, dispõe sobre os bens apreendidos e adquiridos com produtos de tráfico ilícito de drogas ou atividades correlatas, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1986. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L7560compilado.htm. Acesso em: 22 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil. Brasília, DF, 2021b. Disponível em: https://www.gov.br/ mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo- -manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise- -executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final. pdf. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Resolução nº 6, de 3 de agosto de 2021. Cria, em caráter experimental, no âmbito do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, o Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas (SAR). Brasília, DF: MJSP, 2021e. Disponível em: https://dspace.mj.gov.br/ bitstream/1/5211/2/RES_CONAD_2021_6.html. Acesso em: 21 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Capacitação em Política Nacional sobre Drogas – CaPtaNDo. Florianópolis: SEAD-UFSC, 2021a. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- cional de Políticas sobre Drogas. Ativos especiais: orientações gerais. Brasília, DF, 2022d. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/ assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/ ativos-especiais-orientacoes-gerais. Acesso em: 21 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Funad em Números. Brasília, DF, 2022b. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-pro- tecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/funad-em-numeros. Acesso em: 21 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- cional de Políticas sobre Drogas. Fundamentos para Repressão ao Narcotráfico e ao Crime Organizado – FRoNt. Florianópolis: SEAD-UFSC, 2021c. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14322.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14322.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14322.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7560compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7560compilado.htm https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5211/2/RES_CONAD_2021_6.html https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5211/2/RES_CONAD_2021_6.html https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/ativos-especiais-orientacoes-gerais https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/ativos-especiais-orientacoes-gerais https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/ativos-especiais-orientacoes-gerais https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/funad-em-numeros https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/funad-em-numeros 107 BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Manual de Avaliação e Alienação Cautelar e Definitiva de Bens. Brasília, DF: SENAD, 2021d. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas- -sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-aliena- cao-de-bens. Acesso em: 23 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- cional de Políticas sobre Drogas. Portaria nº 1, de 10 de janeiro de 2020. Regulamenta o art. 63-D da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006, dispondo sobre a incorporação e a doação de bens do Fundo Nacional Antidrogas, e dispõe sobre a indicação para uso provisório no curso de processo judicial e sobre os casos de destruição e de inutilização de bens objetos de apreensão e perdimento em favor da União. Brasília,DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1-de-10-de-ja- neiro-de-2020-237871602. Acesso em: 15 mar. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- cional de Políticas sobre Drogas. Portaria nº 18, de 27 de agosto de 2019. Estabelece diretrizes e orientações para o encaminhamento de projetos à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Mi- nistério da Justiça e Segurança Pública e institui o Banco de Projetos – SENAD. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-18-de-27-de- -agosto-de-2019-213190383. Acesso em: 23 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Projeto BRA/15/009: Convocação nº 1/2020. Brasília, DF: SENAD/MJSP, 2020b. Disponível em: https://www. gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/ arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/1edital-to- -de-boa-final.pdf/view. Acesso em: 23 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Projeto Check in. Brasília, DF, 2022c. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- cional de Políticas sobre Drogas. Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas. Brasília, DF, 2022a. Disponível em: https://www.gov.br/mj/ pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema- -de-alerta-rapido-sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapi- do-sobre-drogas. Acesso em: 22 abr. 2022. CENTRO DE EXCELÊNCIA PARA A REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS ILÍCITAS – CdE. Dados: Mapa de Rotas do Tráfico. [S.l.], 2022a. Dispo- nível em: https://www.cdebrasil.org.br/dados/. Acesso em: 25 abr. 2022. CENTRO DE EXCELÊNCIA PARA A REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS ILÍCITAS – CdE. Sobre. [S.l.], 2022b. Disponível em: https://www. cdebrasil.org.br/sobre/. Acesso em: 25 abr. 2022. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1-de-10-de-janeiro-de-2020-237871602 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1-de-10-de-janeiro-de-2020-237871602 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-18-de-27-de-agosto-de-2019-213190383 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-18-de-27-de-agosto-de-2019-213190383 https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/1edital-to-de-boa-final.pdf/view https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/1edital-to-de-boa-final.pdf/view https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/1edital-to-de-boa-final.pdf/view https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/1edital-to-de-boa-final.pdf/view https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas https://www.cdebrasil.org.br/dados/ https://www.cdebrasil.org.br/sobre/ https://www.cdebrasil.org.br/sobre/ 108 SANTOS, L. F. S. Tráfico de drogas ilícitas nos Andes: a dimensão regional da cooperação e da segurança. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – Programa San Tiago Dantas de Pós-gra- duação em Relações Internacionais. UNESP/UNICAMP/PUCSP, São Paulo, 2015. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/ handle/11449/132117/000853717.pdf. Acesso em: 23 abr. 2022. https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/132117/000853717.pdf https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/132117/000853717.pdf Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS EXPEDIENTE Todo o conteúdo do Curso CoPlanar - Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- Sem Derivações 4.0 Internacional. BY NC ND GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS E GESTÃO DE ATIVOS DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PLANEJAMENTO Gustavo Camilo Baptista Carlos Timo Brito CONTEUDISTAS Hugo Torres do Val Rolf Hartmann REVISÃO DE CONTEÚDO Fernanda Flávia Rios dos Santos Maria de Fátima de Moura Barros Jessica Santos Figueiredo Sueli Souza Silva APOIO Carlos Roberto da Silva Grazielle Teles de Araújo Kathyn Rebeca Rodrigues Lima Maria Aparecida Alves Dias Laudilina Quintanilha Mendes Pedretti de Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Eduardo Celestino Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃO Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão: Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SIGLAS CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CAPS AD - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas CAPSi - Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil CFM - Conselho Federal de Medicina CICAD - Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas CONAD - Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas DAPES/SAPS/MS - Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde HG - Hospitais Gerais MMDH - Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos OBID - Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas OEA - Organização dos Estados Americanos OMS - Organização Mundial da Saúde OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde PNAD - Política Nacional sobre Drogas PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RAPS - Rede de Atenção Psicossocial SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos SENAPRED - Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas SINAP - Sistema Nacional de Prevençãoao uso de Álcool e outras Drogas SPA - Substâncias Psicoativas SUS - Sistema Único de Saúde UAA - Unidade de Acolhimento para Adultos UAIJ - Unidade de Acolhimento Infantojuvenil UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes SUMÁRIO UNIDADE 1 | A INTERSETORIALIDADE, A TRANSVERSALIDADE E A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA POLÍTICA DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS UNIDADE 2 | PREVENÇÃO AO USO, USO ABUSIVO E DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 1.1 Redução da demanda 1.4 Eixo da redução da demanda da Política Nacional sobre Drogas – Ministério da Cidadania 1.2 Intersetorialidade e transversalidade – trabalho em rede 1.5 Estrutura do eixo de redução da demanda de drogas – Ministério da Saúde 1.6 Estrutura transversal do eixo de redução da demanda de drogas – Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos 1.3 A estrutura administrativa da política de redução da demanda de drogas 1.7 Outros serviços e ações transversais e intersetoriais relativos à redução da demanda de drogas no âmbito do governo federal 119 119 126 132 APRESENTAÇÃO 117 120 128 129 126 131 2.1 A prevenção 132 2.3 Fatores de risco e de proteção ao uso de drogas 2.7 A ênfase à prevenção na Política Nacional sobre Drogas (PNAD) 2.5 Características de sistemas de prevenção eficazes 2.4 Níveis de prevenção 2.8 Sistema Nacional de Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas (SINAP) 2.6 Modelos de prevenção 134 143 139 138 144 140 UNIDADE 3 | ESTUDOS, PESQUISAS, AVALIAÇÕES E GOVERNANÇA UNIDADE 4 | TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO 3.1 Estudos, pesquisas e avaliações 4.1 Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas para o tratamento 3.2 Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID) 4.2 Serviços extra-hospitalares 3.3 Políticas públicas e governança 4.3 Grupos de apoio e mútua ajuda 3.4 Sustentabilidade 147 152 147 152 149 153 149 154 150 2.2 Objetivo da prevenção 134 REFERÊNCIAS 162 4.7 Rede de atenção clínico-hospitalar 4.8 Reinserção social 158 159 4.5 Rede de atenção primária à saúde 4.4 Comunidades terapêuticas 4.6 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 157 155 157 Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 117 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Bem-vindo ao terceiro módulo de estudos. Este módulo foi estruturado de modo a apresentar os principais aspectos da política de redução da demanda de drogas que precisam ser considerados na construção de planos municipais, estaduais, distritais ou regionais sobre drogas. A redução da demanda de drogas necessita de uma rede integrada, de ações intersetoriais e transversais, considerando que as causas do uso e da dependência do álcool e outras drogas são multifatoriais. Para um bom planejamento de ações e serviços de prevenção, trata- mento, acolhimento, recuperação, apoio, mútua ajuda e reinserção, é necessário conhecer as diversas modalidades, suas principais características, seus princípios e boas práticas. OBJETIVOS DO MÓDULO z Descrever o conceito de redução da demanda de drogas. z Apresentar a estrutura administrativa federal, a intersetorialidade e a transversalidade da política de redução da demanda de drogas. z Enumerar os princípios universais de prevenção. z Demonstrar a importância de estudos, pesquisas e avaliações e da gestão integrada para a redução de demanda de drogas. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo de apresentação do módulo. https://youtu.be/dOsFXddf49c Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 118 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas ROLF HARTMANN CONTEUDISTA DO MÓDULO Formação em Economia e Ciências Contábeis. Cofundador e presi- dente da Cruz Azul no Brasil. Desde 2008, é conselheiro no Network Committee (Diretoria) da International Blue Cross (IBC), na Suíça. É professor no curso de Pós-Graduação em Dependência Química e Comunidade Terapêutica da Faculdade Luterana de Teologia. É assessor de legislação da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (CONFENACT), sendo um dos fundadores. É também conselheiro do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMEN), da cidade de Blumenau – SC. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 119 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 1 A INTERSETORIALIDADE, A TRANSVERSALIDADE E A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA POLÍTICA DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS A dimensão dos problemas causados pelo uso e dependência de subs- tâncias psicoativas (SPA) já foi muito bem descrita nos módulos anteriores deste curso. A partir de agora apresentaremos ao cursista o conceito da redução da demanda de drogas e identificar a estrutura da política nacional de redução da demanda e suas particularidades em intersetorialidade e transversalidade. A redução da demanda de drogas, em síntese, envolve prevenir o consumo e retardar o início do uso de álcool, tabaco e outras drogas; reduzir o uso de álcool, tabaco e outras drogas na comunidade; e apoiar as pessoas a se recuperarem da dependência por meio de tratamento baseado em evidências. 1.1 REDUÇÃO DA DEMANDA Desde os primórdios da civilização o ser humano tem feito uso de subs- tâncias psicoativas, e a gravidade desse uso se acentuou nas últimas décadas, conforme abordado nos módulos anteriores deste curso. Como a demanda retrata os consumidores ou potenciais consu- midores de álcool e outras drogas, prevenir o uso, o uso abusivo e a dependência dessas substâncias ou promover e prover cuidados e atenção de tratamento, acolhimento, apoio e mútua ajuda, reinserção social, entre outros, reduz o número de consumidores e, por conseguinte, a demanda. Segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA), “ “[...] reduzir a demanda por drogas ilícitas e outras substâncias de abuso significa prevenir o primeiro uso de drogas, bem como abordar as consequências negativas da saúde e da sociedade do abuso de drogas por meio de programas de tratamento, reabilitação e reintegração.” (OEA, 2018) Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 120 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.2 INTERSETORIALIDADE E TRANSVERSALIDADE – TRABALHO EM REDE Como abordaremos no tópico a seguir, pela intersetorialidade e trans- versalidade da política sobre drogas, é necessário agir sobre os dois polos, o da redução da demanda e o da oferta. A multifatorialidade das causas do uso, uso abusivo e dependência de drogas lícitas ou ilícitas assim como a intersetorialidade e a trans- versalidade da política de redução da demanda de drogas foram reconhecidas na Política Nacional sobre Drogas (PNAD) (BRASIL, 2019a), aprovada pelo Decreto nº 9.761/2019, que expressou, em seus objetivos, que devem ser consideradas na regulamentação, avaliação e acompanhamento do tratamento, do acolhimento em comunidade terapêutica, da assistência e do cuidado de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas lícitas e ilícitas, conforme apresentado entre seus objetivos: Política Nacional sobre Drogas "3.3. Garantir o direito à assistência intersetorial, interdisciplinar e transversal, a partir da visão holística do ser humano, pela implementação e pela manutenção da rede de assistência integrada, pública e privada, com tratamento, acolhimento em comunidade terapêutica, acompanhamento, apoio, mútua ajuda e reinserção social, à pessoa com problemas decorrentes do uso, do uso indevido ou da dependência do álcool e de outrasdrogas e a prevenção das mesmas a toda a população, principalmente àquelas em maior vulnerabilidade. 3.4. Buscar equilíbrio entre as diversas frentes que compõem de forma intersistêmica a PNAD, nas esferas da federação, classificadas, de forma não exaustiva, em políticas públicas de redução da demanda (prevenção, promoção e manutenção da abstinência, promoção à saúde, cuidado, tratamento, acolhimento, apoio, mútua ajuda, suporte social e redução dos riscos e danos sociais e à saúde, reinserção social) e redução de oferta [...]." Nada mais lógico que, para causas multifatoriais, sejam neces- sários serviços, ações, atividades, atenção e cuidados interseto- riais, interdisciplinares e transversais, também previstos na PNAD (BRASIL, 2019a). Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 121 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A fragmentação, as abordagens e ações individualizadas, sem uma visão holística do ser humano, têm-se mostrado ineficazes e cola- borado para que o uso, consumo e dependência de álcool e outras drogas, as cracolândias e outros flagelos sociais aumentem e se tornem “fraturas expostas” ao longo das últimas décadas, necessitando, assim, de um novo olhar, uma nova abordagem. A intersetorialidade, a transversalidade e a interdisciplinaridade procuram superar a fragmentação, a dicotomia, a parcialidade, passando a tratar dos problemas e soluções, seja no campo do saber ou das ações propriamente ditas, de forma conjunta, suplementar, complementar. A seguir, apresenta-se a conceituação dos termos. INTERSETORIALIDADE “A intersetorialidade pode ser definida como a integração de diversos saberes e experiências de diferentes sujeitos e serviços sociais que contribuem nas decisões de processos administrativos para o enfrentamento de problemas complexos, com ações voltadas aos interesses coletivos que melhoram a eficiência da gestão política e dos serviços prestados.” (GARCIA et al., 2014, p. 967). TRANSVERSALIDADE “[...] a transversalidade é recorrentemente associada a políticas que priorizam a atenção a determinados grupos, especialmente, no contexto de criação de órgãos para coordená-las. [...] Seu uso também indica uma reorganização do conjunto das ações governamentais referentes a grupos e temas, cabendo a esses órgãos instituídos (ou reorganizados) a articulação e a coordenação desses processos.” (MARCONDES; SANDIM; DINIZ, 2018, não paginado). Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 122 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A visão holística do ser humano a que se refere a PNAD, a inter- setorialidade, a transversalidade e a interdisciplinaridade têm amparo também no conceito de saúde preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): “[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas a ausência de doença ou de enfermidade.” (OMS, 1946). Os referidos princípios são representados pela rede, seja a rede familiar, social, socioassistencial, de saúde, de proteção, de trabalho, de educação, entre outras. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre intersetorialidade e transversalidade. “ “O conjunto de relações interpessoais concretas que vinculam sujeitos a outros sujeitos, tecendo laços de reciprocidade e cooperação. Além da família, existem outros grupos e pessoas que pela convivência, afinidade e interesses em comuns, acabam moldando muitas das características pessoais de cada indivíduo, influenciando seus comportamentos e atitudes.” (BRASIL, 2014) INTERDISCIPLINARIDADE A interdisciplinaridade “[...] busca responder à necessidade de superação da visão fragmentada nos processos de produção e socialização do conhecimento. Trata-se de um movimento que caminha para novas formas de organização do conhecimento ou para um novo sistema de sua produção, difusão e transferência.” (THIESEN, 2008, p. 545). https://youtu.be/X-6bLxEjKHY Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 123 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | EXEMPLOS DE REDES Família Vizinhos Religião Esporte Trabalho Lazer Escola Comunidade Educação Assistência social Profissionalização do trabalho Conselho Tutelar Esporte, cultura e lazer Saúde Sistema de Justiça e Segurança Pública Conselho e direitos A intersetorialidade é um dos instrumentos mais utilizados para a efetivação das políticas públicas e configura-se como um desafio a ser consolidado, uma vez que apresenta aspectos importantes para a articulação e integração entre as diferentes políticas setoriais. Rede de assistência social e GESUAS. Fonte: Blog do GESUAS (2019). | GESUAS Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 124 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A importância da atuação em rede encontra-se muito bem expressa no "Instrutivo Técnico da Rede de Atenção Psicossocial – Raps – no Sistema Único de Saúde – SUS" (2022) do Ministério da Saúde. O documento enfatiza que cada componente da rede é integrado por diferentes serviços e ações, e todos eles são igualmente importantes e complementares, devendo ser incentivados, ampliados e fortalecidos. Santos (2018) descreve a necessidade de uma ampla rede, a partir da perspectiva de pessoas que buscam tratamento: “ “A Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD), vinculada à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), recomenda que os estados: garantam uma oferta ampla e plural de modelos de tratamento. Muitas pessoas que buscam tratamento para o uso problemático de álcool e outras drogas o fazem mais de uma vez durante a vida, dados os vários episódios de recaída que experimentam, conforme identificado pelas pesquisas. Nesse percurso, recorrem às mais diversas modalidades de atenção.” (SANTOS, 2018, p. 31, grifos nossos) O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta que, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas de 2019: “ “[...] dados novos e mais precisos revelam que as consequências adversas para a saúde decorrentes do uso de drogas são mais severas e generalizadas do que se pensava anteriormente. Globalmente, em torno de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos decorrentes do uso de drogas e necessitam de tratamento, enquanto um a cada sete recebe tratamento.” (UNODC, 2022) Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 125 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Decreto nº 5.912/2006 “a) do Poder Executivo federal; b) dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; e IV) organizações, instituições ou entidades da sociedade civil que atuam nas áreas da atenção à saúde e da assistência social e atendam usuários ou dependentes de drogas e respectivos familiares.” Importante frisar a responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade, na forma do art. 4, inciso V, da Lei nº 11.343/2006 e art. 2, incisos III e IV, do Decreto nº 5.912/2006: A figura a seguir demonstra a amplitude da rede de cuidados e atenção e da redução da demanda de drogas. Fonte: Adaptado de SENAPRED. | REDE DE CUIDADOS E ATENÇÃO E DA REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS UBS UPA SUS Grupos anônimos e de mútua ajuda Unidade de Acolhimento para Adultos (UAA) e Unidade de Acolhimento Infantojuvenil (UAIJ) Equipes Consultório na Rua Equipes multiprofissionais especializadas em saúde mental Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo I, II ou III (24 horas) Comunidade terapêutica Leitos de psiquiatria em Hospitais Especializados em Psiquiatria (HP)Código 47 Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) Enfermarias especializadas em álcool e drogas Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) SAMU Unidade Básica de Saúde Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) tipo II, III (24 horas) e IV (24 horas - população acima de 500 mil hab.) Leitos de saúde mental em Hospitais Gerais (HG) Código 87 Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 126 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.3 A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA POLÍTICA DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS Conforme visto no tópico anterior, a política sobre drogas deve ser intersetorial, transversal e interdisciplinar. A política de redução da demanda de drogas do governo federal reflete bem essa intersetorialidade, transversalidade e interdisciplinari- dade em sua estrutura administrativa e, inclusive, na composição do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD). 1.4 EIXO DE REDUÇÃO DA DEMANDA DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS – MINISTÉRIO DA CIDADANIA O eixo de redução da demanda de drogas é integrante da PNAD, a qual está inserida no Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), regulado pela Lei nº 11.343/2006. Saiba Mais Uma descrição pormenorizada do SISNAD pode ser encontrada em “Análise Executiva da Questão de Drogas no Brasil”. Para entender mais sobre o assunto, leia as páginas 27 a 37 do arquivo disponível em: https:// www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/ politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao- e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da- da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf. A articulação, coordenação, supervisão, integração e proposição das ações do governo e do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) acerca da redução da demanda de drogas, nos aspectos relacionados ao tratamento, à recuperação e à reinserção social de usuários e dependentes, cabe ao Ministério da Cidadania e à Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED), nos termos do Decreto nº 11.023, além da prevenção, da educação, informação e capacitação, estudos, pesquisas e avalia- ções, ressocialização e proteção de dependentes químicos. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 127 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Decreto nº 11.023/2022 “a) educação, informação e capacitação para ação efetiva com vistas à redução do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas; b) realização de campanhas de prevenção do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas; c) implantação e implementação de rede integrada para pessoas com transtornos decorrentes do consumo de substâncias psicoativas; d) avaliação e acompanhamento de tratamentos e iniciativas terapêuticas; e) redução das consequências sociais e de saúde decorrentes do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas; e f) manutenção e atualização do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas; VI - articulação, coordenação, supervisão, integração e proposição das ações do Governo e do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD quanto aos aspectos relacionados ao tratamento, à recuperação e à reinserção social de usuários e dependentes e ao Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas; VII - atuação em favor da ressocialização e da proteção dos dependentes químicos, sem prejuízo das atribuições dos órgãos integrantes do SISNAD.” A SENAPRED é o órgão do Ministério da Cidadania responsável pela articulação e implementação das ações de redução de demanda con- forme as diretrizes da PNAD. O art. 1º do Anexo I do Decreto nº 11.023, de 31 de março de 2022, estabelece as competências do Ministério da Cidadania referentes à política sobre drogas: Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 128 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas REDUÇÃO DA DEMANDA Prevenção Tratamento e recuperação Supervisão, articulação, proposição, coordenação, acompanhamento e avaliação, em âmbito: federal, estadual, distrital, municipal Cooperação internacional Analisar e propor mudanças legislativas Estudos, pesquisas e avaliações Ressocialização Educação, informação e capacitação Fonte: Adaptado da SENAPRED. Saiba Mais Para entender mais sobre as competências do Ministério da Cidadania, acesse a descrição completa no art. 46 do Anexo I do Decreto nº 11.023/2022, disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2022/decreto/D11023.htm. 1.5 ESTRUTURA DO EIXO DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE No âmbito da política sobre drogas sob a ótica da redução da demanda, o Ministério da Saúde tem a competência relativa à vigilância de saúde, e cabe à Secretaria de Atenção Primária à Saúde, no âmbito do SUS, a coordenação dos processos de implementação, fortalecimento e avaliação da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas e da Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas (BRASIL, 2019b). | COMPETÊNCIAS SENAPRED https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/decreto/D11023.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/decreto/D11023.htm Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 129 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O Decreto nº 5.912 estabelece ainda ao Ministério da Saúde, quanto à redução da demanda, no âmbito do SISNAD, junto à rede do SUS, disciplinar a política de atenção aos usuários e dependentes de drogas, bem como aos seus familiares; disciplinar as atividades que visem à redução de danos e riscos sociais e à saúde; disciplinar serviços públicos e privados que desenvolvam ações de atenção às pessoas que façam uso ou sejam dependentes de drogas e seus familiares. Podcast transcrito 1.6 ESTRUTURA TRANSVERSAL DO EIXO DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS – MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS O Decreto nº 9.761, em sua introdução, espelha com perfeição que as consequências relativas ao álcool e outras drogas trans- cendem a questão individual e refletem na sociedade e seus variados espaços e representações: Política Nacional sobre Drogas “O uso de drogas na atualidade é uma preocupação mundial. Entre 2000 e 2015, houve um crescimento de 60% no número de mortes causadas diretamente pelo uso de drogas, sendo este dado o recorte de apenas uma das consequências do problema. Tal condição extrapola as questões individuais e se constitui como um grave problema de saúde pública, com reflexos nos diversos segmentos da sociedade. Os serviços de segurança pública,educação, saúde, sistema de justiça, assistência social, dentre outros, e os espaços familiares e sociais são repetidamente afetados, direta ou indiretamente, pelos reflexos e pelas consequências do uso das drogas.” Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 130 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para entender mais sobre o assunto, acesse o “Relatório Mundial sobre Drogas 2018”, do UNODC, disponível em: http://www.unodc.org/wdr2018/index.html. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos abrange os mais variados segmentos, políticas e populações afetados direta- mente por álcool e outras drogas, nos quais a redução da demanda sobre drogas reflete. Assim, a exemplo da estrutura federal e das disposições da Política Nacional sobre Drogas, os planos devem prever ações integradas, intersetoriais e transversais. MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS Mulher Idoso Família Criança e adolescente Juventude População negra Pessoa com deficiência Minorias étnicas e sociais DEFESA dos direitos humanos e COMBATE ao preconceito, à discriminação, à violência e à intolerância. https://www.unodc.org/wdr2018/index.html Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 131 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.7 OUTROS SERVIÇOS E AÇÕES TRANSVERSAIS E INTERSETORIAIS RELATIVOS À REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS NO ÂMBITO DO GOVERNO FEDERAL A política de redução de demanda de drogas transcende uma ou duas polí- ticas. Ela é transversal e intersetorial, como já enfatizado anteriormente. As políticas, serviços e ações relativos ao trabalho, à assistência social, à educação, aos esportes, à política externa, à segurança pública, entre outros, constituem fatores importantes e necessários na política de redução da demanda. Na próxima unidade, apresentaremos com mais detalhes a questão da prevenção, sua importância, seus aspectos e as características de uma prevenção eficaz. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 132 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 2 PREVENÇÃO AO USO, USO ABUSIVO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS Vimos, na Unidade 1 deste módulo, que os problemas em relação ao uso, uso abusivo e dependência do álcool e outras drogas atingem milhões de brasileiros, incluindo a família e a sociedade, tal como também expresso na Introdução da PNAD, do Decreto nº 9.761/2019. Agora abordaremos a questão da prevenção, os fatores de risco e proteção ao uso e consumo de drogas, bem como características de uma prevenção eficaz. Foto: © [Arthimedes] / Shutterstock. 2.1 A PREVENÇÃO O prefácio do livro “Prevenção ao uso de drogas: implantação e ava- liação de programas no Brasil” (BRASIL, 2018) apresenta uma síntese da problemática do abuso de álcool e outras drogas, descrita a seguir no podcast: O uso abusivo de álcool e outras drogas tem sido um grande problema de saúde pública na atualidade e está entre as principais causas de incapacidade e de morte precoce de adolescentes. O Brasil, em comparação a outros países mais populosos, tem a segunda maior taxa de complicações oriundas do uso de álcool. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 133 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas “ “O cérebro de crianças e adolescentes ainda está em desenvolvimento e a ciência de prevenção nos diz que, quanto mais cedo eles começam a usar substâncias psicoativas, mais estarão suscetíveis de desenvolver transtornos provocados pelo uso abusivo de substâncias e drogas ao longo da vida.” (BRASIL, 2018) Assim, a adolescência tem sido apontada como uma das mais impor- tantes fases da vida para a oferta de programas de prevenção, visando reduzir o impacto deste consumo nas diferentes populações do globo. Cabe destacar que o sistema nervoso central ainda está em processo de amadurecimento na adolescência, o que torna essa faixa etária a de maior risco para os efeitos do consumo de álcool e outras drogas, podendo resultar em prejuízos tanto na saúde quanto na convivência social e profissional, bem como aumentando a vulnerabilidade para o desenvolvimento de doenças psiquiátricas, ou mesmo para o uso abusivo e dependência no futuro. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 134 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas “ “O principal objetivo em prevenir o uso de drogas é ajudar pessoas, principalmente, mas não exclusivamente, os jovens, a fim de evitar ou retardar o início do uso de drogas, ou, se já iniciaram, evitar que desenvolvam transtornos (por exemplo, a dependência). O objetivo geral da prevenção do uso de drogas, no entanto, abrange muito mais que isso, ele busca o desenvolvimento seguro e saudável de crianças e jovens, de forma que percebam seus talentos e potenciais, tornando-se membros que contribuam para o bem de suas comunidades e da sociedade. Um sistema eficaz de prevenção do uso de drogas contribui significativamente para que crianças, jovens e adultos participem de forma positiva nas atividades familiares, escolares, comunitárias e no ambiente de trabalho.” (UNODC, 2018, p. 2) 2.3 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO AO USO DE DROGAS Um dos pilares da Política Nacional sobre Drogas é que as ações de prevenção devem ser “atualizadas e baseadas em evidências científicas, consideradas as especificidades do público-alvo, as diversidades culturais, a vulnerabilidade de determinados grupos sociais, incluído o uso de tecnologias e ferramentas digitais inova- doras.” (BRASIL, 2019a, grifos nossos). 2.2 OBJETIVO DA PREVENÇÃO As Normas Internacionais sobre a Prevenção do Uso de Drogas do UNODC definem o principal objetivo da prevenção às drogas da seguinte forma: Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 135 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas FATORES DE RISCO Traços de personalidade Transtornos mentais Negligência e abuso na família Falta de vínculo com a escola e a comunidade Normas sociais propícias Ambientes favoráveis ao uso de SPA Processos biológicos Falta de conhecimento sobre drogas Crescimento em comunidades marginalizadas e carentes Fonte: Adaptado de UNODC (2018). Fonte: Adaptado de UNODC (2018). Também há os fatores de proteção, que são aqueles que “[...] di- minuem a vulnerabilidade de indivíduos ao uso de drogas e outros comportamentos negativos” também reconhecidos como fatores “ativos” (UNODC, 2018, p. 5). Entre tais fatores estão os apresen- tados na figura a seguir. FATORES DE PROTEÇÃO Forte apego aos pais Pais que efetivamente cuidam de seus filhos e se preocupam com eles Escolas e comunidades bem amparadas e organizadas Habilidades sociais e pessoais Bem-estar psicológico VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre fatores de risco e de proteção ao uso de drogas. Os avanços da ciência da prevenção permitiram ter melhor compreensão sobre a temática. De acordo com o UNODC (2018), há fatores de risco, tanto em âmbito individual quanto social, que tornam os indivíduos vulneráveis a iniciar o uso de drogas. Dentre esses fatores, destacam-se os descritos a seguir. https://youtu.be/0RNDaRYEP8w Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 136 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Alguns comportamentos e transtornos de saúde em decorrência dos fatores de risco são apontadospelo UNODC (2018, p. 5), con- forme apresentado a seguir. Fonte: Adaptado de UNODC (2018). Fonte: Adaptado de UNODC (2018, p. 5). A prevenção ao uso de SPA, como visto, abrange também prevenção a outros comportamentos de risco. Pesquisas indicam que alguns dos fatores que tornam as pessoas vulneráveis (ou, inversamente, resistentes) a usar drogas, diferem de acordo com a idade (UNODC, 2018). FATORES DE RISCO DE ACORDO COM A IDADE Infância e início da adolescência: Vínculo com a escola Parentalidade Ao longo da idade: Locais de trabalho Escolas Mídia Espaços de acolhimento COMPORTAMENTOS DE RISCO TRANSTORNOS DE SAÚDE Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 137 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para entender mais sobre o assunto, acesse o documento “Normas Internacionais Sobre a Prevenção do uso de Drogas”, disponível em: https://www.unodc.org/ documents/prevention/standards_180412.pdf. Ainda segundo o UNODC (2018, p. 5), estão especialmente em risco indivíduos específicos, conforme demonstrado a seguir. RISCO AUMENTADO Jovens marginalizados: Sem ou com pouco apoio familiar Em comunidades pobres Acesso limitado à escola Crianças, indivíduos e comunidade: Por desastres naturais Devastadas pela guerra Fonte: Adaptado de UNODC (2018, p. 5). https://www.unodc.org/documents/prevention/standards_180412.pdf https://www.unodc.org/documents/prevention/standards_180412.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 138 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Prevenção primária: tem o objetivo de evitar o uso ou retardar o seu início. Prevenção secundária: volta-se para aqueles que já experimentaram ou fazem uso moderado de SPA, e tem o objetivo de evitar que esse uso se torne frequente e prejudicial. Para isso, é preciso diagnosticar precocemente os possíveis casos que podem evoluir para usos mais prejudiciais. Prevenção terciária: diz respeito às abordagens necessárias no processo de recuperação e reinserção dos indivíduos que apresentam problemas com o uso ou são dependentes (BRASIL, 2014). Atualmente tem-se usado a seguinte classificação, conforme mos- trado no quadro a seguir. | CLASSIFICAÇÃO DE TIPOS DE PREVENÇÃO O QUE É? ONDE SE APLICA? Intervenção global: são programas destinados à população geral, supostamente sem qualquer fator associado ao risco. Intervenção global/universal: na comunidade, em ambiente escolar e nos meios de comunicação. Intervenção específica: são ações voltadas para populações com um ou mais fatores associados ao risco de uso de substâncias. Intervenção específica/seletiva: por exemplo, em grupos de crianças, filhos de dependentes químicos. Intervenção indicada: são intervenções voltadas para pessoas identificadas como usuárias ou com comportamentos violentos relacionados direta ou indiretamente ao uso de substâncias, como alguns acidentes, por exemplo. Intervenção indicada: em programas que visem diminuir o consumo de álcool e de outras drogas, bem como a melhora de aspectos da vida do indivíduo, como o desempenho acadêmico e a reinserção escolar, por exemplo. Fonte: Adaptado de Brasil (2014, p. 102). 2.4 NÍVEIS DE PREVENÇÃO A prevenção pode ser trabalhada em níveis, segundo a seguinte classificação: Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 139 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre níveis de prevenção. Fonte: Adaptado Walker et al. (1996, apud BRASIL, 2014). 2.5 CARACTERÍSTICAS DE SISTEMAS DE PREVENÇÃO EFICAZES As Normas Internacionais sobre a Prevenção do Uso de Drogas (UNODC, 2018) descrevem as características de sistemas de prevenção eficazes: PREVENÇÃO UNIVERSAL PREVENÇÃO INDICADA Intervenções para o público em geral Intervenções para indivíduos de alto risco (sinais ou sintomas detectáveis de um distúrbio mental, emocional, comportamental ou predisposição biológica para esse distúrbio) PREVENÇÃO SELETIVA Intervenções para indivíduos ou subgrupo (fatores de risco biológico, sociais e psicológicos) “ “Um sistema nacional eficaz de prevenção às drogas proporciona um conjunto integrado de intervenções e políticas baseadas em evidências científicas, em diversos cenários, focando em idades e níveis de risco relevantes. Isso vem sem nenhuma surpresa, dada a complexa interação de fatores que tornam as crianças, jovens e adultos vulneráveis ao uso abusivo de drogas e outros comportamentos de risco. Não é possível direcionar tais vulnerabilidades simplesmente implementando uma única intervenção de prevenção, que é muitas vezes isolada e limitada em seu cronograma e alcance. Lembremos que o objetivo maior aqui é apoiar o desenvolvimento saudável e seguro dos indivíduos, com menor componente com foco na informação [...]. Para oferecer um conjunto integrado de intervenções e políticas, um sistema requer fortes fundamentos estruturais, que são brevemente descritos nesta seção e incluem: | TIPOS DE PREVENÇÃO COM BASE NA VULNERABILIDADE GERAL DO PÚBLICO-ALVO https://youtu.be/fxKWQoq7590 Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 140 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 2.6 MODELOS DE PREVENÇÃO A ciência comprovou que “somente informação” não é suficiente para a eficácia de programas de prevenção. Babb (2018) sintetizou modelos eficazes de prevenção com crianças e adolescentes embasados no modelo 3 “i”: informação, interação e identificação. • Uma política de apoio e estrutura legal; • Evidência e investigação científica; • Coordenação de vários setores e níveis (nacional, estadual e municipal/local) envolvidos; • Treinamento de governantes, profissionais e outros; • Compromisso de fornecer recursos adequados e de manter o sistema a longo prazo.” “ (UNODC, 2018, tradução nossa) A promoção de habilidades pessoais, sociais e para a vida “[...] é o processo de desenvolver e/ou de facilitar o desenvolvimento de habilidades especiais num indivíduo (que pode incluir trans- mitir informação/conhecimento) para responder apropriadamente aos desafios da vida diária” (BABB, 2018, não paginado). Informação Identificação Interação Promoção de habilidades pessoais, sociais e para a vida. Fonte: Adaptado de Babb (2018). | MODELO 3 “I” Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 141 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Quanto à identificação, cabe o claro reconhecimento do problema, do público-alvo, do que se quer desenvolver. Também é preciso que a pessoa se identifique com as informações, com o problema, com a proposta, com a linguagem, enfim, no contexto em que se encontra. Dessa forma, com a informação, o conhecimento e a interação dos envolvidos e dos múltiplos atores (indivíduo, família, escola, sociedade, serviços assistenciais e de saúde, entre outros) haverá maior probabilidade de sucesso no programa de prevenção. Por fim, com relação aos princípios e diretrizes para prevenção, a Lei nº11.343/2006, em seu art. 19, estabelece: Autogerenciamento Gestão de relacionamentos Tomadas de decisões responsáveis Autoconhecimento e consciência social | DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES Segundo o UNODC, programas unicamente baseados na informação podem não gerar os resultados esperados. De acordo Babb (2018), programas eficazes têm a interação como um processo proativo, uma ferramenta para decisões deliberadas e predeterminadas para o desenvolvimento de habilidades específicas que se querou se busca desenvolver: Lei nº11.343/2006 "I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam; III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas; IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 142 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados; VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas; VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares; IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas; XII - a observância das orientações e normas emanadas do CONAD; XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas." Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 143 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A PNAD, em seus pressupostos, dispõe que: 2.7 A ÊNFASE À PREVENÇÃO NA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD) Política Nacional sobre Drogas “As ações, os programas, os projetos, as atividades de atenção, o cuidado, a assistência, a prevenção [...] objetivarão que as pessoas mantenham-se abstinentes em relação ao uso de drogas.” Política Nacional sobre Drogas “[...] equilíbrio entre as diversas diretrizes, que compõem de forma intersistêmica a Política Nacional sobre Drogas e a Política Nacional sobre o Álcool, nas diversas esferas da federação.” No que diz respeito à prevenção, dispõe também que deve ser buscado o Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 144 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 2.8. SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO AO USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS (SINAP) Encontra-se em construção a elaboração e implantação do Sistema Nacional de Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas (SINAP), no âmbito do Ministério da Cidadania e da SENAPRED, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), veja a organização a seguir. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir uma animação sobre a prevenção conforme a PNAD. z Alcançar a população brasileira, especialmente sua parcela mais vulnerável. z Garantir o direito à assistência intersetorial, interdisciplinar e transversal. z Ter uma visão holística do ser humano. z Implementar e manter a rede de assistência integrada: pública e privada. z Garantir eficiência, eficácia, cientificidade e rigor metodológico nas atividades. z Ser fruto do comprometimento, da cooperação e da parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal, fundamentada na filosofia da responsabilidade compartilhada. Ainda segundo a PNAD (2019a), a prevenção deve: https://youtu.be/uXrCEgPLbMA Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 145 Adaptação de programas de prevenção validados MANUAL DE BOAS PRÁTICAS em prevenção para formação de gestores (adaptar Manual do UNODC) Criação do MODELO TEÓRICO DE SISTEMA DE PREVENÇÃO (definições de conceitos em prevenção/ciência da prevenção; adaptação a proposta do UNODC para a realidade brasileira DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS E CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS que atuam na prevenção ao uso de drogas Definição de INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO e CRITÉRIOS DE QUALIDADE de programas de prevenção AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DAS LEIS BRASILEIRAS e elaboração de proposta de aprimoramento da legislação sobre álcool e tabaco BANCO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS E PESQUISAS NO ÂMBITO MUNDIAL MATERIAIS EDUCATIVOS VALIDADOS (cartilhas, vídeos, campanhas, entre outros) PROJETOS DO GOVERNO FEDERAL MAPEAMENTO DE DOCUMENTOS REGULATÓRIOS (leis, políticas, decretos e normas) para prevenção em álcool, tabaco e outras drogas (em todas as esferas) #TAMOJUNTO FAMÍLIAS FORTES VAMOS NESSA ELLOS MAPEAMENTO NACIONAL e INTERNACIONAL de programas de prevenção DIAGNÓSTICO E MAPEAMENTO DA REDE LOCAL CADASTRO UNIVERSAL DE INTITUIÇÕES que desenvolvem programas de prevenção Sistema Nacional de Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas (SINAP) População geral Gestores de políticas públicas Profissionais que atuam na área Plataforma Informativa Baseado nas diretrizes internacionais e evidências científicas Fonte: Adaptado de SENAPRED (2022). Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 146 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O SINAP representa um importante avanço para mudar a história da prevenção ao álcool e outras drogas no Brasil e servirá como diretriz e apoio aos municípios, estados e Distrito Federal, tanto na elaboração de seus planos quanto nas ações de prevenção. Na próxima unidade, apresentaremos a importância dos estudos, pesquisas, avaliações e da governança para as políticas públicas de redução da demanda. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 147 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 3 ESTUDOS, PESQUISAS, AVALIAÇÕES E GOVERNANÇA Nesta unidade, a proposta é apresentar a importância de estudos e avaliações de políticas públicas sobre drogas, apontando a neces- sidade de monitoração de dados sobre drogas a partir do Observa- tório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID). Também será explorada a necessidade de políticas públicas bem regulamentadas que possam assegurar mecanismos de apoio, fomento e financiamento para a redução da demanda, nas esferas nacionais, estaduais e municipais. 3.1 ESTUDOS, PESQUISAS E AVALIAÇÕES A ciência tem trazido enormes avanços para a obtenção de infor- mações sobre o uso, uso abusivo e dependência do álcool e outras drogas, assim como de suas consequências, formas de prevenção e tratamento. Nesse sentido, a normaque aprova a Política Nacional sobre Drogas (PNAD) reconhece a necessidade de estudos, pesquisas e avaliações dos programas e ações no âmbito da Política Nacional sobre Drogas, e tem como um de seus objetivos: Política Nacional sobre Drogas “Garantir eficiência, eficácia, cientificidade e rigor metodológico às atividades de redução de demanda e de oferta, por meio da promoção, de forma sistemática, de levantamentos, pesquisas e avaliações a serem realizados preferencialmente por órgãos de referência na comunidade científica e de órgãos que sejam formalmente reconhecidos como centros de excelência ou de referência nas áreas de tratamento, acolhimento, recuperação, apoio e mútua ajuda, reinserção social, prevenção, capacitação e formação, público ou de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.” Entretanto, a baixa disponibilidade de estudos, estatísticas e avalia- ções dos programas voltados para as políticas públicas sobre drogas é reconhecida na “Análise Executiva da Questão de Drogas no Brasil” (CONAD, 2021) e apontada como um problema nas análises epide- miológicas de consumo de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, bem como no acompanhamento dos impactos das atuações gover- namentais no controle do uso das drogas. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 148 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais Para entender mais sobre o diagnóstico do problema da baixa disponibilidade de estatísticas e avaliações na “Análise Executiva da Questão de Drogas no Brasil” (2021), acesse o material disponível em: https://www.gov. br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre- drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de- bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de- drogas-no-brasil___versao-final.pdf. Adicionalmente, o UNODC também expressa a existência de lacunas quanto a estudos, pesquisas e avaliações em termos internacionais, e isso “[...] nos deve fazer cautelosos, mas não nos deve deter da ação.” (UNODC, 2018, p. 5). Ainda segundo o UNODC (2018), uma das características de um sistema de prevenção às drogas eficaz é fundar-se em forte base de estudos e evidências científicas, tanto no planejamento como também no monitoramento e na avaliação. Partindo desse pressuposto, percebe-se a necessidade urgente da prática de avaliações, não apenas nacionais como também esta- duais e municipais, de forma constante, em todas as ações e pro- gramas de prevenção e tratamento, buscando um equilíbrio entre as ações de prevenção e as ações de repressão, com a finalidade de promover o bem-estar social. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/arquivo-manual-de-avaliacao-e-alienacao-de-bens/aeqdb___analise-executiva-da-da-questao-de-drogas-no-brasil___versao-final.pdf Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 149 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.2 OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS (OBID) A necessidade de monitoração de dados sobre drogas, com pers- pectivas de gerar políticas baseadas em evidências e que atinjam metas e objetivos específicos, fez nascer o Observatório Brasi- leiro de Informações sobre Drogas (OBID). Criado em 26 de agosto de 2002, através do Decreto nº 4.345/2002 (BRASIL, 2002), suas ações eram geridas pelo Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD). Por meio do Decreto nº 9.662, de 1º de janeiro de 2019, a incumbência sobre o OBID é transferida para a Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED), da Secretaria Espe- cial de Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania. O Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019, estabelece que a manutenção, integração, atualização e divulgação de informações sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas deve ocorrer de forma integrada ao OBID. 3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E GOVERNANÇA Uma das características de um sistema de prevenção eficaz, segundo o UNODC (2018), é a necessidade de políticas públicas de apoio e uma estrutura regulatória, enfatizando que “[...] nenhum programa, ne- nhuma política pode existir no vácuo” (UNODC, 2018, p. 51). Boas Práticas Nesse sentido, o Decreto nº 9.761/2019, que trata da Política Nacional sobre Drogas, veio preencher grandes lacunas existentes nessa política, atualizando-se segundo os princípios internacionais de prevenção, amparando e dando o devido suporte para o planejamento e execução. As diretrizes e a regulamentação federal permitem que todos os atores em nível nacional, nas diversas esferas da federação, sejam governamentais ou não governamentais, possam seguir padrões e agir de forma coordenada e eficaz, com maior impacto na vida das pessoas, lembrando, conforme o UNODC (2018, p. 50), “[...] que o objetivo maior aqui é apoiar o desenvolvimento saudável e seguro dos indivíduos”. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 150 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 3.4 SUSTENTABILIDADE A política pública sobre as drogas precisa de investimentos de curto, médio e de longo prazo. Como uma política ainda em construção, é necessário criar mecanismos de apoio, fomento e financiamento para a redução da demanda, abrangendo os mais diversos serviços e ações. Boas Práticas Buscar dotações orçamentárias e fontes de financiamento para tratamento, reinserção social e especialmente para a prevenção, carece de especial atenção na construção dos planos sobre drogas, visto que, sem financiamento adequado, contínuo e assegurado por políticas de Estado, não só de governos, os planos e objetivos podem não ser alcançados. Conforme o UNODC (2018, p. 57), “[...] para serem implementadas de forma eficaz, as intervenções e as políticas devem ser sustentadas por recursos apropriados.” Para isso, é necessário “fundamentar, no princípio da responsabilidade compartilhada, a coordenação de esforços entre os diversos segmentos do governo e da sociedade, e buscar a efetividade e a sinergia no resultado das ações, no sentido de obter redução da oferta e do consumo de drogas, do custo social a eles relacionados e das consequências adversas do uso e do tráfico de drogas ilícitas e do uso de drogas lícitas.” (BRASIL, 2019a). É preciso ter em mente que o problema do uso, uso abusivo ou dependência do álcool e outras drogas é multifatorial, é complexo, e precisa de ações de toda a rede, seja no âmbito público, privado, familiar ou social, a partir de políticas sobre drogas aplicadas por todas as esferas governamentais. Nesta unidade foi apresentada a importância de estudos e avalia- ções de políticas públicas sobre drogas, apontando a necessidade de monitoração de dados sobre drogas a partir do Observatório Brasi- leiro de Informações Sobre Drogas (OBID). Também foi explorada a necessidade de políticas públicas bem regulamentadas que possam assegurar mecanismos de apoio, fomento e financiamento para a reduçãode demanda nas esferas nacionais, estaduais e municipais. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 151 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Na próxima unidade apresentaremos alguns dos principais serviços de redução de demanda sobre drogas na área do tratamento, acolhimento, recuperação, apoio, mútua ajuda e reinserção social, de modo a permitir que a construção dos planos sobre drogas leve em consideração a rede existente, considerando as suas principais características e especificidades. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 152 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 4 TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO A dependência de álcool e de outras drogas tem causas multifa- toriais, e a abordagem para seu tratamento deve ser intersetorial, interdisciplinar e transversal. O usuário, usuário abusivo ou depen- dente de álcool e de outras drogas pode, e provavelmente precisará, de vários serviços, cuidados e atenção, a depender da avaliação de sua situação e condição biopsicossocial, na dimensão holística, conforme preconizado pela OMS, tendo assegurado o direito de assistência e cuidados de toda a rede. 4.1 DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS PARA O TRATAMENTO A Política Nacional sobre Drogas (PNAD) dispõe, em seus objetivos, que é preciso: Política Nacional sobre Drogas “3.3. Garantir o direito à assistência intersetorial, interdisciplinar e transversal, a partir da visão holística do ser humano, pela implementação e pela manutenção da rede de assistência integrada, pública e privada, com tratamento, acolhimento em comunidade terapêutica, acompanhamento, apoio, mútua ajuda e reinserção social, à pessoa com problemas decorrentes do uso, do uso indevido ou da dependência do álcool e de outras drogas e a prevenção das mesmas a toda a população, principalmente àquelas em maior vulnerabilidade.” Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 153 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Saiba Mais No contexto das políticas de prevenção ao uso de drogas, são realizadas diversas pesquisas referentes à sua eficácia e aos custos, entre as quais destacamos: z Análises sobre a relação custo-benefício de ações de prevenção, apresentada no estudo de Babor et al. (2010). Acesse o resultado da análise na versão on-line deste curso. z As “Normas Internacionais sobre a Prevenção do Uso de Drogas” do UNODC (2018), que apresentam evidências científicas das diversas modalidades de prevenção, as características gerais, o público-alvo e as características ligadas à sua eficácia, organizadas por idade. Acesse a planilha interativa na versão on-line deste curso. 4.2 SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que trata da proteção e dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, dispõe, no inciso IX do art. 2º, que a pessoa portadora de transtorno mental deve “[...] ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental” (BRASIL, 2001) e, conforme dispõe o caput do art. 4º da mesma lei, “[...] a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes” (BRASIL, 2001). O Conselho Federal de Medicina (CFM), no Parecer nº 9/2015, assim se expressa sobre tratamento extra-hospitalar: “ “[...] os médicos entendem que parte do tratamento de portadores de doenças mentais ou de pessoas com problemas de ajustamento não exige a presença de médicos porquanto as estratégias terapêuticas têm também perfil reabilitador, reeducador e voltado para a reinserção sócio- familiar-ocupacional.” (CFM, 2015, p. 26) Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 154 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas z Os grupos de apoio e mútua ajuda. z As comunidades terapêuticas. z A rede de atenção primária à saúde. z Os serviços dos CAPS. Dentre os serviços extra-hospitalares, destacamos: 4.3 GRUPOS DE APOIO E MÚTUA AJUDA “ “Os grupos de apoio e mútua ajuda representam uma das formas de participação da sociedade civil na rede de atenção ao usuário de álcool e outras drogas, sendo organizações que desenvolvem um ambiente de interações sociais através de atividades de grupo ou relações individuais com o propósito de oferecer um espaço para compartilhar e trocar experiências entre os pares, em busca da superação da dependência e das situações de riscos decorrentes do uso para a construção de um novo estilo de vida.” (LIMA; BRAGA, 2012) Os grupos de apoio e mútua ajuda destinam-se ao dependente e/ou a seus familiares, antes, durante e/ou após o período e tratamento ou acolhimento. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 155 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Foto: © [Studio Romantic] / Shutterstock. Avila, Ristow e Zermiani (2016, p. 34) destacam que: “ “Os grupos de apoio devem oferecer um ambiente de compreensão e de liberdade para os participantes falarem e compartilharem, com o objetivo de diminuir ansiedades, medos, tensões e conflitos e aumentar a capacidade de reconhecer, prevenir e enfrentar situações de risco.” (AVILA; RISTOW; ZERMIANI, 2016, p. 34) 4.4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS As comunidades terapêuticas, por definições técnicas e legais, não são ambientes médicos, mas sim extra-hospitalares, assim reconhe- cidas pelo § 1º do artigo 26-A, da Lei nº 11.343/2006, com a redação dada pela Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019, em seu art. 26, VI, § 1º, reguladas pelas Resoluções nº 1/2015 e 3/2020 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), pela Resolução 29/2011 da ANVISA, e demais normativos da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED), do Ministério da Cidadania, sendo reconhe- cidas pelo Conselho Federal de Medicina em seu Parecer nº 9 (CFM, 2015) como tendo “perfil reabilitador, reeducador e voltado para a reinserção sociofamiliar-ocupacional”, como claramente expresso no mesmo parecer. Integram a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), em conformidade com o art. 9º do Anexo V, da Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 156 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Lei nº 11.343/2006 “Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente de drogas que visam à abstinência; II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas; III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades práticas de valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade social; IV - avaliação médica prévia; V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; e VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de drogas. § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde.” Cabe destacar que deve ser elaborado um Plano Individual de Atendi- mento (PIA), que, conforme o § 3º do art. 23-B daLei nº 11.343/2006, “deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis”, inclusive no caso de adolescentes. O acolhimento e a permanência em comunidade terapêutica são voluntários. As características básicas das comunidades terapêuticas, denomi- nadas “acolhedoras” pela Lei nº 13.840/2019, são estabelecidas pelo art. 26-A, por ela inserida na Lei nº 11.343/2006: Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 157 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 4.5 REDE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A rede de atenção primária à saúde é fundamental nos cuidados e ações extra-hospitalares voltados a pessoas com problemas em decorrência do uso, uso abusivo ou dependência de álcool e outras drogas, “ “[...] dada a sua capilaridade e o vínculo estabelecido com a comunidade, devem identificar precocemente as pessoas que apresentam sofrimento e/ou transtornos mentais, incluído aqueles em decorrência do uso de álcool e outras drogas. Também devem realizar o acolhimento e atendimento humanizado deste público e acompanhar as pessoas com quadros clínicos e psicossociais estáveis, leves e moderados, a partir de interlocução permanente com os serviços especializados em saúde mental de referência. Também devem encaminhar, de forma responsável e assertiva, as pessoas com quadros clínicos psicossociais de maior complexidade, conforme o fluxo local. Devem ainda, desenvolver ações de promoção de saúde mental e de prevenção de seus agravos incluindo os associados ao uso de drogas lícitas e/ou ilícitas.” (BRASIL, 2022) 4.6 CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) Na forma preconizada pelo caput do art. 7º do Anexo V da Portaria de Consolidação nº 3/2017, os Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades (CAPS I, II, III, AD, AD III, i), são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, característica necessária não apenas aos CAPS, mas aos serviços de atenção e cuidados a pessoas com problemas em decorrência do uso, uso abusivo e dependência de álcool e outras drogas, especialmente aqueles de natureza extra-hospitalar. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 158 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Novo CAPS inaugurado na Prefeitura de Tatuí em 2021. Foto: Prefeitura de Tatuí. 4.7 REDE DE ATENÇÃO CLÍNICO-HOSPITALAR Os serviços de internação só podem ser prestados em estabeleci- mentos de saúde com estrutura médica e de enfermaria estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina. A Lei nº 10.216/2001, no parágrafo único do art. 6º, prevê os seguintes tipos de internação psiquiátrica: Internação voluntária É feita com o consentimento do usuário. Internação involuntária Ocorre a pedido de terceiro, sem o consentimento do usuário. Internação compulsória É determinada pela Justiça. A Lei nº 13.840/2019, que alterou a Lei nº 11.343/2006, regulamentou a internação voluntária e a involuntária através da redação inserida no art. 23-A, restringindo a internação a estabelecimentos de saúde com estrutura médica e de enfermagem compatível com a gravidade diagnosticada por equipe médica e multiprofissional. Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 159 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas O Instrutivo da Rede de Atenção Psicossocial e modelo de plano de ação regional dispõe sobre a internação involuntária. A reinserção social é fundamental na recuperação e na manutenção da abstinência pelo dependente de SPA, alcançando as relações familiares, sociais, de convivência e de trabalho. O Plano Nacional sobre Drogas prevê a reinserção social entre o conjunto de ações e cuidados integrantes desta política no item 3.3, já citado anteriormente. A Lei nº 11.343/2006, que trata do SISNAD, tem, entre os seus obje- tivos centrais, a reinserção social, conceituando-a da seguinte forma: 4.8 REINSERÇÃO SOCIAL Lei nº 11.343/2006 “Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.” Pessoa com comprometimento biológico ou psicológico grave? NÃO SIM Deve ser atendido em Unidades de Saúde ou Hospitais Gerais Pode ser atendido em comunidade terapêutica Usuário ou dependente de SPA Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 160 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo de recomendação de leitura complementar sobre tratamento e acolhimento. SÍNTESE Na Unidade 1 deste módulo, procuramos identificar a estrutura da política nacional de redução de demanda de drogas. Vimos que é necessário prevenir o uso, o uso abusivo e a dependência de substâncias psicoativas e prover cuidados e atenção de tratamento, acolhimento, apoio e mútua ajuda, reinserção social, entre outros. Também destacamos a multifatorialidade das causas do uso, uso abusivo e dependência de drogas, e que são necessários serviços, ações, atividades, atenção e cuidados interdisciplinares, intersetoriais e transversais. Na Unidade 2, tratamos especificamente da prevenção ao uso de álcool e outras drogas. Vimos que o uso abusivo dessas substâncias tem sido um grande problema de saúde pública na atualidade, e que o Brasil, em comparação a outros países mais populosos, apresenta a segunda maior taxa de complicações oriundas do uso de álcool. Entre outros pontos estudados, abordamos os fatores de risco, que tornam os indivíduos vulneráveis a iniciar o uso de drogas, e os fatores de proteção, que são aqueles que diminuem a probabilidade de o indivíduo consumir substâncias psicoativas. Também salientamos a necessidade do desenvolvimento de habilidades pessoais para se lidar com os desafios diários da vida e que haverá maior probabilidade de sucesso nos programas de prevenção se houver informação, conhecimento e interação dos envolvidos e dos múltiplos atores. Saiba Mais Acesse o material complementar na versão on-line deste curso. Veja, a seguir, uma retomada dos pontos principais abordados no módulo. Recomendamos a leitura do material complementar, que apon ta para a importância de uma rede de acolhimento, tratamento, recuperação e reinserção social nas políticas públicas de redução de demanda por drogas. https://youtu.be/Fu_nGEgveiQ Curso CoPlanar MÓDULO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS 161 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas SÍNTESE Vimos também que, de acordo com os pilares da Política Nacional sobre Drogas, as ações de prevenção devem ser atualizadas e baseadas em evidências científicas, e que a prevenção, as ações, os programas, os projetos, as atividades de atenção, o cuidado, a assistência e a prevenção têm o intuito de que as pessoas se mantenham abstinentes ao uso de drogas. Na Unidade 3, tratamos da importância de estudos e avaliações de políticas públicas sobre drogas, apontando a necessidade de monitoração de dados sobre drogas a partir do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID). Também foi explorada a necessidade de políticas públicas bem regulamentadas que possam assegurar mecanismos de apoio, fomento e financiamento para a redução de demanda nas esferas nacionais, estaduais e municipais. Por fim, na Unidade 4, estudamos sobre tratamento, acolhimento, recuperação, apoio, mútua ajuda e reinserção. Enfatizamos que o usuário, usuário abusivo ou dependente de álcool e de outras drogas provavelmente precisaráde vários serviços, cuidados e atenção, a depender da avaliação de sua situação e condição biopsicossocial, na dimensão holística, conforme preconizado pela OMS. Destacamos que, entre as diretrizes da Política Nacional sobre Drogas para o tratamento, estão os serviços extra- hospitalares, como os grupos de apoio e mútua ajuda, as comunidades terapêuticas, a rede de atenção primária à saúde e os serviços dos CAPS. Além disso, destacamos a importância da reinserção social para a recuperação e manutenção da abstinência pelo dependente de substâncias psicoativas. Esperamos que, com o conhecimento adquirido neste módulo, a cons- trução de planos municipais, estaduais, distrital e regionais sobre drogas possa ser facilitada e que tais planos guardem consonância com as melhores práticas e normas, seja científicas, legais ou normativas. 162 REFERÊNCIAS AVILA, M. R. R.; RISTOW, E. R.; ZERMINIANI, S. A. Manual de Grupos de Apoio Cruz Azul. 1. ed. Blumenau: Cruz Azul no Brasil, 2016. BABB, Anne. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PREVENÇÃO EM BLUMENAU. Blumenau: Cruz Azul no Brasil, 2018. (Não publicado). BRASIL. Decreto 4.345, de 26 de agosto de 2002. 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Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Saúde, remaneja cargos em comissão e funções de confiança, transforma funções de confiança e substitui cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS por Funções Comissionadas do Poder Executivo - FCPE. Brasília, DF: Presidência da República, 2019b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/ decreto/d9795.htm. Acesso em: 16 abr. 2022. BRASIL. Decreto 11.023, de 31 de março de 2022. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Cidadania e remaneja e transforma cargos em comissão e funções de confiança. Brasília, DF: Presidência da República, 2022. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/Decreto/D11023.htm#art8. Acesso em: 27 mar. BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. 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Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD; prescreve me- didas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 27 mar. 2022. BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED). Sistema Nacional de Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas (SINAP). Brasília, DF, 2022b. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde/Departamento de Ações Programáticas Estratégicas/Coor- denação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Ofício Cir- cular nº 5/2021/CGMAD/DAPES/SAPS/MS. 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BY NC ND UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Eduardo Celestino Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃOSupervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão: Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SUMÁRIO 2 DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS SOBRE O TRATAMENTO 3 DA PREFERÊNCIA AOS SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES 176 177 4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS 3.1 Serviços extra-hospitalares 4.1 Das características das comunidades terapêuticas 4.2 Público-alvo das comunidadesTerapêuticas 4.3 Mapa das comunidades terapêuticas Contratadas pelo ministério da cidadania, com georreferenciamento 4.4 Legislação 4.5 As comunidades terapêuticas integram A rede de atenção psicossocial (RAPS) 177 184 185 187 188 189 182 INTRODUÇÃO 173 171ANEXO | TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO 6 REINSERÇÃO SOCIAL REFERÊNCIAS 5.2 Rede de atenção clínico-hospitalar 193 199 202 5 REDE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 5.1 Centros de atenção psicossocial (CAPS) 191 191 171 ANEXO TRATAMENTO, ACOLHIMENTO, RECUPERAÇÃO, APOIO, MÚTUA AJUDA E REINSERÇÃO O objetivo deste material complementar é identificar alguns dos principais serviços de redução de demanda de drogas, de modo a permitir que a construção dos planos sobre drogas leve em consideração a rede existente, considerando as suas principais características e especificidades. 172 ROLF HARTMANN CONTEÚDISTA DO MÓDULO Formação em Economia e Ciências Contábeis. Cofundador e presi- dente da Cruz Azul no Brasil. Desde 2008, é conselheiro no Network Committee (Diretoria) da International Blue Cross (IBC), na Suíça. É professor no curso de Pós-Graduação em Dependência Química e Comunidade Terapêutica da Faculdade Luterana de Teologia. É assessor de legislação da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (CONFENACT), sendo um dos fundadores. É também conselheiro municipal do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMEN), da cidade de Blumenau – SC. 173 A dependência do álcool e outras drogas tem causas multifatoriais, e a abordagem para seu tratamento deve ser intersetorial, interdis- ciplinar e transversal. A multissetorialidade, a interdisciplinaridade e a transversalidade mostram-se mais do que necessárias, pois o usuário, o usuário abusivo ou dependente do álcool e outras drogas provavelmente precisará de vários serviços, cuidados e atenção, a depender da avaliação da sua situação e condição biopsicossocial, na dimensão holística, conforme preconizado pela OMS, tendo assegurado o direito de assistência e cuidados de toda a rede. A dependência do álcool e outras drogas está cercada de estigmas, preconceitos, particularidades e dimensões que necessitam ter amplas formas de acesso e de cuidados, pois, como demonstram Prochaska e DiClemente (1982), há diversas fases pelas quais passam as pessoas com problemas em decorrência da dependência do álcool e outras drogas: 1 INTRODUÇÃO 1. Pré-contemplação: z Neste estágio, a pessoa ainda não vê necessidade de mudar seu comportamento e suas atitudes. Há muita resistência, pois ela acredita que não existe uma motivação real para a mudança. z Essa etapa é caracterizada pela negação da existência do problema, evita-se o confronto e são utilizadas estratégias para sensibilizar e conscientizar a pessoa sobre o problema enfrentado e as possíveis soluções para ele. 2. Contemplação z Nesta fase, o indivíduo começa a perceber seu problema, mas ainda não se mobiliza para tomar uma atitude de mudança. Ele procura motivos e justificativas para se defender e negar sua dificuldade e, embora comece a considerar possíveis mudanças, as dúvidas, inseguranças e incertezas o fazem desistir. 3. Planejamento ou preparação z O indivíduo já tem uma visão mais clara e precisa sobre seu problema e começa a pensar em possíveis ações que podem ajudá-lo a se recuperar e superar suas limitações. 174 4. Ação z Na fase da ação, o indivíduo começa a colocar em prática seus esforços de mudança. Trata-se de um estágio que necessita de muita perseverança, comprometimento e disciplina para que as ações de mudança sejam efetivamente cumpridas. 5. Manutenção z Este é o estágio mais complexo e desafiador de todo o processo. Isso porque é a manutenção que permite verificar se as atitudes tomadas no estágio anterior realmente levaram à mudança. z Além disso, a fase de manutenção exige o máximo esforço do indivíduo para que não ocorra nenhum tipo de recaída e ele continue firme em busca da mudança e dos resultados almejados. 6. Recaída ou conclusão z Após o estágio da manutenção, a pessoa pode retornar ao comportamento considerado inadequado ou prejudicial. Às vezes, talvez ela não considere isso como algo sério o suficiente para se preocupar. Contudo, pode estar em risco de retornar à estaca zero do seu processo. 175 Devido à complexidade e amplitude da questão, os diversos serviços da rede de cuidados e atenção ao dependente são necessários e igualmente importantes, pois são complementares entre si e, em fases distintas ou simultaneamente, necessários. Como já frisamos, devido à complexidade e à amplitude das questões relacionadas à dependência do álcool e outras drogas, os serviços extra-hospitalares caracterizam-se por serem de demanda espon- tânea, permitindo que o usuário possa, na fase em que se encontra ou em que opta por buscar ajuda, ter acesso ao serviço que melhor lhe convier e no qual possa encontrar o cuidado e a atenção neces- sários. O respeito ao protagonismo dos indivíduos e às escolhas dos diversos serviços da rede é garantido pela legislação vigente, observadas as características de cada serviço. Pré-contemplação Contemplação DESTAQUE Determinação Ação Manutenção Recaída Término Essas fases não têm um “tempo de duração”, como se fosse possível dizer que uma dura 3 meses ou 2 semanas. Elas não necessariamente seguem a ordem da figura, mas podem ocorrer em outro formato. 176 2 DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS SOBRE O TRATAMENTO A Política Nacional sobre Drogas (PNAD), aprovada pelo Decreto nº 9.761/2019, tem entre seus objetivos: “ "Promover a estratégia de busca de abstinência de drogas lícitas e ilícitas como um dos fatores de redução dos problemas sociais, econômicos e de saúde decorrentes do uso, do uso indevido e da dependência das drogas lícitas e ilícitas" (BRASIL, 2019a) Destaca-se, ainda, que: “ "[...] as ações de tratamento, acolhimento, recuperação, apoio, mútua ajuda e reinserção social serão vinculadas a pesquisas científicas, deverão avaliar, incentivar e multiplicar as políticas que tenham obtido resultados efetivos”, com garantia de alocação de recursos técnicos e financeiros, para a realização dessas práticas e pesquisas na área". (BRASIL, 2019a) Essas ações devem promover “o aperfeiçoamento do adequado cuidado das pessoas com uso abusivo e dependência de drogas lícitas e ilícitas, em uma visão holística do ser humano, com vistas à promoção e à manutenção da abstinência” (BRASIL, 2019, grifo nosso). 177 Na compreensão dos serviços extra-hospitalares, é importante considerar o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), que, no Parecer nº 9/2015, assim se expressa: 3.1 SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES “ "[...] os médicos entendem que parte do tratamento de portadores de doenças mentais ou de pessoas com problemas de ajustamento não exige a presença de médicos porquanto as estratégias terapêuticas têm também perfil reabilitador, reeducador e voltado para a reinserção sócio- familiar-ocupacional ". (CFM, 2015, p. 26) Serviços extra-hospitalares podem ofertar serviços médicos, mas nem todos ofertam ou precisam ofertá-los, e mesmo assim podem ter “perfil reabilitador,reeducador” e serem voltados à “reinserção sociofamiliar”. Dentre os serviços extra-hospitalares, destacamos: z Os Grupos de Apoio e Mútua Ajuda. z As Comunidades Terapêuticas. z A Rede de Atenção Primária À Saúde. z Os serviços dos CAPS. A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 (BRASIL, 2001), que trata da proteção e dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, dispõe, no inciso IX do art. 2º, que a pessoa portadora de transtorno mental deve “ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental” (BRASIL, 2001, art. 2º, inciso IX) e, conforme dispõe o caput do art. 4º da mesma lei, “a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes” (BRASIL, 2001, art. 4º). 3 DA PREFERÊNCIA AOS SERVIÇOS EXTRA-HOSPITALARES 178 1. Grupos de apoio e mútua ajuda “ "Os grupos de apoio e mútua ajuda representam uma das formas de participação da sociedade civil na rede de atenção ao usuário de álcool e outras drogas, sendo organizações que desenvolvem um ambiente de interações sociais através de atividades de grupo ou relações individuais com o propósito de oferecer um espaço para compartilhar e trocar experiências entre os pares, em busca da superação da dependência e das situações de riscos decorrentes do uso para a construção de um novo estilo de vida.". (LIMA; BRAGA, 2012) Os grupos de apoio e mútua ajuda destinam-se ao dependente e/ou a seus familiares, antes, durante e/ou após o período de trata- mento ou acolhimento. Majoritariamente, os grupos de apoio e mútua ajuda são direcionados ao público adulto, mas há também grupos exclusivos para crianças e adolescentes, como a Cruz Azul no Brasil. Os grupos kids, como são chamados, possuem caráter preventivo, de acompanhamento e de apoio, e são lúdicos e interativos, provocando mudanças nos participantes pela sua dinâmica motivadora e promoção do desen- volvimento de fatores de proteção e prevenção aos fatores de risco. Importante contribuição neste sentido foi trazida com a publicação do livro “52 encontros para grupos de apoio kids: roteiros para motivadores de grupos de crianças em contexto de consumo de álcool e outras drogas”. As atividades realizadas dentro do espaço dos grupos de apoio e mútua ajuda, impreterivelmente, devem assegurar a condição de participação voluntária, livre de discriminação de qualquer forma, acesso igualitário a todos os participantes, respeito, gratuidade e privacidade para todos os seus participantes. Avila, Ristow e Zermiani (2016, p. 34) destacam que: “ "Os grupos de apoio devem oferecer um ambiente de compreensão e de liberdade para os participantes falarem e compartilharem, com o objetivo de diminuir ansiedades, medos, tensões e conflitos e aumentar a capacidade de reconhecer, prevenir e enfrentar situações de risco. " (AVILA; RISTOW; ZERMIANI, 2016, p. 34) 179 A Política Nacional sobre Drogas dispõe, nas orientações gerais para o tratamento, a promoção e a articulação dos grupos de apoio e mútua ajuda, e apresenta, entre suas diretrizes: “ "[...] estimular e apoiar o desenvolvimento de novas formas de grupos de apoio e mútua ajuda, inclusive virtuais, de modo a atingir o público-alvo no seu próprio território, com foco na autonomia do usuário, quando possível, para escolha da melhor forma de receber assistência à sua demanda, mediante plataformas e formas próprias". (BRASIL, 2019a, grifos nossos) Além do estímulo e apoio, a PNAD prevê repasse de recursos a entidades dedicadas à formação, à capacitação e ao suporte a grupos de apoio e mútua ajuda e seus facilitadores ou moderadores. Você sabia que os grupos de apoio e mútua ajuda têm origem e são uma prática secular? Os dois movimentos mais antigos, ainda hoje em atividade, surgiram em 1877 e 1935: z 1877 – Início dos trabalhos da Cruz Azul no mundo, em Genebra, na Suíça, fundada por Louis-Lucien Rochat. “ "Foi com pequenas reuniões de grupo que o trabalho da Cruz Azul iniciou no mundo. As reuniões eram frequentadas por alcoolistas e esses eram orientados a adotar a abstinência para superar o problema.". (AVILA; KRÜGER, 2017, p. 10) z 1935 – Alcoólicos Anônimos (AA): grupo fundado nos Estados Unidos da América por Bill Wilson e Dr. Bob Smith, e mundialmente conhecido pelos 12 Passos. O movimento dos AA pode ser atribuído ao Grupo de Oxford, um movimento religioso popular nos Estados Unidos e na Europa no início do século XX (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2022). 180 Saiba Mais Você poderá encontrar mais informações no artigo “A mútua ajuda como instrumento propulsor de resiliência para famílias codependentes”, da Revista Cruz Azul Online, nº 17, páginas 6 a 18, que traz abrangente análise sobre o tema “grupos de apoio e mútua ajuda”, disponível no seguinte endereço: https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_ cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3. Pesquisas e levantamentos têm demonstrado a eficácia dos grupos de apoio e mútua ajuda, dentre os quais destacamos: z Periodicamente cinco associações de grupos de apoio, mútua ajuda e abstinência da Alemanha (Blaues Kreuz in Deutschland e.V., Blaues Kreuz in der Evangelischen Kirche – Bundesverband e.V., Freundeskreise für Suchtkrankenhilfe – Bundesverband e.V., Guttempler in Deutschland e.V. und Kreuzbund e.V.) têm feito pesquisas e estudos sobre a eficácia na manutenção da abstinência de dependentes de substâncias psicoativas (SPA) e outros dados relevantes dos grupos de apoio e mútua ajuda. Essas associações são membros da Deutschen Hauptstelle für Suchtfragen e.V. (Escritório Central Alemão para Problemas de Dependência). A pesquisa de 2017 apontou que: z 1/5 dos dependentes tornou-se abstinente, sem necessidade de internação ou acolhimento; z 87% dos participantes de grupos de apoio mantiveram a abstinência. Apenas 13% destes tiveram recaída e destes ¾ voltaram a ter abstinência estável; z Ingrid Arenz-Greiving (2000), no livro intitulado de "Rückfall Zurückfallen oder weitergehen?" (Recaída – recair ou ir adiante), verificou que 71% dos frequentadores de grupos de apoio e mútua ajuda se mantinham abstinentes após quatro anos do tratamento, enquanto entre os que não frequentavam esse índice caía para 46%; z a partir dos dados coletados por Cecília Serapião dos Santos (2008), em trabalho de conclusão de curso sobre acolhimento em comunidade terapêutica, com público-alvo de pessoas portadoras do HIV, dos anos 2002 a 2007, com 620 acolhidos, pode-se concluir que a participação de familiares em grupo de apoio resultou em 63,3% de êxito no término do programa https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 181 terapêutico contra apenas 10,6% de conclusão por acolhidos cujos familiares não participaram das atividades dos grupos de apoio (SANTOS, 2008); z levantamento realizado em uma das entidades filiadas à Cruz Azul no Brasil, o Centro de Recuperação Nova Esperança (CERENE), com dados de 269 acolhidos adolescentes, revelou que a participação de familiares em grupos de apoio ou terapia familiar resultou em 1,7, melhor resultado na conclusão do programa terapêutico (CERENE, 2020); z Ávila e Krüger (2017) relatam que não apenas os dependentes são beneficiados com os grupos de mútua ajuda mas também os familiares: “ "A pesquisa empírica constatou que a mútua ajuda é vetor de fortalecimento de resiliência das famílias codependentes. Pelos relatos, observou-se que os entrevistados chegaram aos grupos com baixa autoestima, sentindo-se sozinhos e deprimidos e que com o tempo de participação passaram a se sentir valorizados, ‘alguém’, ‘pessoa’, ‘que não estava sozinho’. Também relataram reciprocidade de ajuda como uma das características principais da mútua ajuda.Disseram sentirem-se fazendo ‘parte’, ‘em família’, dando e recebendo esperança. Os entrevistados citaram a espiritualidade, a qualidade das reuniões e o acolhimento como fatores de permanência nos grupos. Percebe-se que esses fatores, somados a outros, fortalecem os vínculos reiterando a importância da sociabilidade, dos laços e elos entre os participantes das reuniões. Constata-se que essas relações sociais caracterizam o grupo como de mútua ajuda.". (AVILA; KRÜGER, 2017, p. 331) A Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED) estimula e promove os movimentos de grupos de apoio e mútua ajuda. Em 2021, lançou um mapa georreferenciado com a localização de grupos de apoio e mútua ajuda dos principais movimentos de todo o Brasil: Alcoólicos Anônimos, Amor Exigente, Cruz Azul, Fazenda da Esperança, Grupos Familiares Al-Anon do Brasil, Grupos Familiares Nar-Anon do Brasil, Narcóticos Anônimos e Pastoral da Sobriedade. A integração à rede de cuidados e atenção a pessoas usuárias, usuárias abusivas e dependentes do álcool e outras drogas e a valorização dos grupos de apoio e mútua ajuda constituem-se em importante ferra- menta da política de redução de demanda de drogas. 182 4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS As comunidades terapêuticas, por definições técnicas e legais, não são ambientes médico-hospitalares, não sendo elegíveis a essas comunidades, de acordo com o § 1º do artigo 26-A, da Lei nº 11.343, com a redação dada pela Lei nº 13.840 de 5 de junho de 2019 (art. 26, VI, § 1º), “pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência”. Ainda, conforme claramente expresso no Parecer nº 9/2015 do Conselho Federal de Medicina, possuem “perfil reabilitador, reeducador e voltado para a reinserção sócio- -familiar-ocupacional”. No Brasil, a primeira comunidade terapêutica de que se tem registro foi fundada em 1968. Entretanto, a modalidade tem abrangência temporal e territorial muito maior em termos mundiais, já que, muito antes dessa data, já se faziam presentes princípios basilares que acabaram influenciando e moldando o que hoje observamos como as características das comunidades terapêuticas. A origem desses princípios e serviços data de meados do século XIX, com o movimento Oxford, na Inglaterra, os movimentos de grupos de mútua ajuda e de acolhimento da Cruz Azul Internacional – movimento iniciado pelo pastor suíço Louis-Lucien Rochat, em 1877 –, os movimentos de grupos de mútua ajuda dos Alcoólicos Anônimos (AA), a partir de 1935, com William Griffith Wilson e Dr. Robert Smith. Depois também com os Narcóticos Anônimos (NA), no final dos anos 1940 e início de 1950. Segundo a Nota Técnica no 21/2017 do IPEA, há “ "2 mil CTs (Comunidades Terapêuticas), conforme cadastro organizado pelo Centro de Pesquisas em Álcool e outras Drogas do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e o Laboratório de Geoprocessamento do Centro de Ecologia da UFRGS, observa-se que há Comunidades Terapêuticas instaladas em todo o país e ‘cerca de 83.600 (oitenta e ter mil e seiscentas) vagas para tratamento". (IPEA, 2017, p. 7) Junto com os grupos de apoio e mútua ajuda, as comunidades tera- pêuticas têm sido o principal modelo terapêutico nas últimas décadas no Brasil, modelo consagrado mundialmente. Conforme as palavras de De Leon (2003) – considerado uma autoridade nessa modalidade terapêutica –, a recuperação e mudança pessoal dos numerosos resi- dentes de comunidades terapêuticas objeto de suas pesquisas ao longo de mais de 25 anos são prova da validade do método da comunidade terapêutica (DE LEON, 2003). 183 Citando ainda De Leon (2003, “ao contrário do mito de que as CTs têm caráter anti-intelectual, a maioria dos programas contempo- râneas são intelectualmente avançados e receptivos a novas ideias e informações”. O autor também salienta que “não há duas CTs iguais” e que, “embora as CTs tradicionais tenham mais semelhanças que diferenças entre si, um conjunto teórico único não tem condições de apreender essas importantes nuanças em termos de cultura, de prá- tica, de filosofia e de fundamentação psicológica” (DE LEON, 2003). Com base nessa premissa, respeitando as diferenças entre si, em 18 de agosto de 2012, as principais federações de comunidades terapêu- ticas do Brasil fundaram a Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (CONFENACT), tendo entre as federações fundadoras a Cruz Azul no Brasil, a FENNOCT (atualmente FENACT), a FETEB, a FEBRACT e a Fazenda da Esperança, e, a partir da Carta do Piauí (CONFENACT, 2012), as federações estabeleceram as características básicas comuns das comunidades terapêuticas no Brasil. Saiba Mais Conheça um pouco da história da CONFENACT, das características das comunidades terapêuticas e dos objetivos da CONFENACT em http://www.confenact.org.br/?page_id=7. Embora a fundação da CONFENACT date de 2012, sua atuação em nível nacional deu-se a partir de 2011, resultando inicialmente na regulamentação por meio da Resolução RDC nº 29/2011 da ANVISA e respectiva Nota Técnica nº 55 da mesma Resolução (ANVISA, 2013). O reconhecimento legal inicial das comunidades terapêuticas deu-se pela sua inserção dos artigos 7º-A e 8º-B na Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, com a redação dada pela Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013. O reconhecimento das características das comunidades terapêu- ticas, denominadas como comunidades terapêuticas acolhedoras, deu-se pela Lei nº 13.840/2019, que alterou a Lei nº 11.343/2006, acrescentando o artigo 26-A, que reconhece as características das CTs, e o art. 23-B, que define a obrigatoriedade do Plano Individual de Atendimento (PIA). Importante ainda observar que a Lei Complementar nº 187/2021 (LOURENÇO; VENERANDA, 2021), que trata do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), criou regras específicas para as comunidades terapêuticas. http://www.confenact.org.br/?page_id=7 184 4.1 DAS CARACTERÍSTICAS DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS As características básicas das comunidades terapêuticas, denomi- nadas “acolhedoras” pela Lei nº 13.840/2019, são estabelecidas pelo art. 26-A, por ela inserida na Lei nº 11.343/2006: Lei nº 6.368 de 21 de outubro de 1976 Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente de drogas que visam à abstinência; II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas; III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades práticas de valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade social; IV - avaliação médica prévia; V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; e VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de drogas. § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (BRASIL, 2019b). 185 A elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA), conforme o § 3º do art. 23-B da Lei nº 11.343/2006, [...] deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Importante reforçar que “Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentosbiológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência” (§ 1º do art. 26-A, Lei nº 11.343/2006, grifo nosso). O médico avaliará a pessoa que procura o acolhimento em CT e veri- ficará se pode ou não autorizar o acolhimento. Diferentemente dos serviços ambulatoriais, médico-hospitalares, o médico não prescreve o acolhimento em CT, mas autoriza, desde que não haja comprome- timentos biológicos ou psicológicos de natureza grave. As internações involuntária ou compulsória são vedadas nas comuni- dades terapêuticas, tanto pela Lei nº 11.343/2006 como pelo Parecer nº 9/2015 do CFM. 4.2 PÚBLICO-ALVO DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS Pessoas com problemas associados ao uso nocivo ou dependência de substância psicoativa ADULTO Feminino Resolução nº 1/2015 do CONAD e Resolução 29/2011 da ANVISA Masculino ADOLESCENTES (12 anos completos até 18 incompletos) Feminino nº 3/2019 do CONAD e Resolução 29/2011 da ANVISA Masculino Atenção! O acolhimento e permanência em comunidade terapêutica é VOLUNTÁRIO. 186 FORMA DE ENCAMINHAMENTO PARA ACOLHIMENTO DE MORADORES DE RUA EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS A Portaria Conjunta nº 4, de 22 de outubro de 2020, do Ministério da Cidadania, pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social e a Secretaria Nacional de Assistência Social, demonstra com ex- celência a intersetorialidade e a transversalidade do acolhimento em comunidades terapêuticas. Saiba Mais Saiba mais sobre o acolhimento de adolescentes no artigo de Hartmann (2020), intitulado “Acolhimento de adolescentes em Comunidades Terapêuticas – legalidade e normatização”, disponível em: https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_ cruz_azul_online_21_-_2_semestre_-_2020. REDE DE SAÚDE COMUNIDADE TERAPÊUTICA - CT Pessoas com problemas associados ao uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, em situação de rua Instituições religiosas, familiares, escola, grupo de apoio, dentre outros DEMANDA ESPONTÂNEA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_21_-_2_semestre_-_2020 https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_21_-_2_semestre_-_2020 187 Saiba Mais Sobre o fluxograma de acolhimento de adolescentes em comunidades terapêuticas, saiba mais em: https://www. gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados- e-prevencao-as-drogas/Anexo_11137394_Fluxograma_ Final_Resolucao_n._3__2020_final_FINAL.pdf. Saiba Mais Sobre o Plano Individual de Acolhimento para adolescentes acolhidos em comunidades terapêuticas, saiba mais em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/ acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as- drogas/Anexo_11136900_Plano_Individual_de_ Atendimento_de_Adolescentes___PIA.pdf. 4.3 MAPA DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS CONTRATADAS PELO MINISTÉRIO DA CIDADANIA, COM GEORREFERENCIAMENTO Saiba Mais O governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED), do Ministério da Cidadania, visando à transparência e à facilitação do acesso aos serviços de acolhimento em comunidades terapêuticas aos usuários, lançou o Mapa de Comunidades Terapêuticas contratadas pelo Ministério da Cidadania, disponível em: https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/app-sagi/ geosagi/localizacao_equipamentos_tipo. php?tipo=comunidades_terapeuticas&rcr=1. https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11137394_Fluxograma_Final_Resolucao_n._3__2020_final_FINAL.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11137394_Fluxograma_Final_Resolucao_n._3__2020_final_FINAL.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11137394_Fluxograma_Final_Resolucao_n._3__2020_final_FINAL.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11137394_Fluxograma_Final_Resolucao_n._3__2020_final_FINAL.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11136900_Plano_Individual_de_Atendimento_de_Adolescentes___PIA.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11136900_Plano_Individual_de_Atendimento_de_Adolescentes___PIA.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11136900_Plano_Individual_de_Atendimento_de_Adolescentes___PIA.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/cuidados-e-prevencao-as-drogas/Anexo_11136900_Plano_Individual_de_Atendimento_de_Adolescentes___PIA.pdf https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/app-sagi/geosagi/localizacao_equipamentos_tipo.php?tipo=comunidades_terapeuticas&rcr=1 https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/app-sagi/geosagi/localizacao_equipamentos_tipo.php?tipo=comunidades_terapeuticas&rcr=1 https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/app-sagi/geosagi/localizacao_equipamentos_tipo.php?tipo=comunidades_terapeuticas&rcr=1 188 O governo federal, por meio da SENAPRED, do Ministério da Cidadania, vem investindo forte nos cuidados extra-hospi- talares, ampliando o financiamento de vagas de acolhimento em comunidades terapêuticas. Veja a legislação e principais normas de referência para as comu- nidades terapêuticas: 4.4 LEGISLAÇÃO Lei nº 11.343/2006, com as alterações da Lei nº 13.840/2019, artigos 26-A e 23-B. Resolução da ANVISA RDC-029/2001, de 30 de junho de 2011 – Dispõe sobre os requisitos de segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas; Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), inciso VI, do art. 101. Resolução nº 1/2015 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), que tem inclusive validade reconhecida judicialmente por Decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), no julgamento do Agravo de Instrumento nº 0016133-39.2016.4.03.0000/SP, em 5 de setembro de 2019. Resolução nº 3/2019 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), que regulamenta o acolhimento de adolescentes em comunidades terapêuticas). Portaria nº 3.588, de 21/12/2017 – Altera as Portarias de Consolidação n° 3 e n° 6, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de Atenção Psicossocial, e dá outras providências. Portaria nº 562/2019, instituidora do “Plano de Fiscalização e Monitoramento de Comunidade Terapêutica”, ambas editadas pelo Ministério da Cidadania. Portaria nº 563/2019 – Instituiu o cadastro de credenciamento das comunidades terapêuticas. 189 Portaria nº 564/2019 – Institui a Certificação de Qualidade dos Cursos de Capacitação para Comunidades Terapêuticas. A Certificação de Qualidade visa a garantir parâmetros essenciais de qualidade, uniformidade e conteúdos programáticos para os cursos de capacitação para profissionais que atuam em comunidades terapêuticas. Portaria nº 437/2020 – Estabelece parâmetros para o reconhecimento de organizações da sociedade civil como Centro de Referência em Dependência Química (CEREDEQ). Portaria nº 513/2020 – Regulamenta a doação, com encargos, de veículos automotores recebidos do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD) às organizações da sociedade civil que atuam na redução da demanda de drogas. Portaria nº 582/2021 – Estabelece normas e procedimentos administrativos para a comprovação da prestação de serviços de acolhimento residencial transitório, prestados pelas comunidades terapêuticas (CTs) contratadas no âmbito do Ministério da Cidadania (MC), por meio da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED). Portaria nº 625/2021 – Institui a Fiscalização Remota de Comunidades Terapêuticas no âmbito da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED). Portaria nº 721/2021 – Regulamenta a doação, com encargos, de imóveis recebidos do FundoNacional Antidrogas (FUNAD) às organizações da sociedade civil que atuam na redução da demanda de drogas. O financiamento do acolhimento em comunidades terapêuticas em âmbito federal está a cargo da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED). As comunidades terapêuticas integram a Rede de Atenção Psicos- social (RAPS), estando inseridas nos serviços do componente de Atenção Residencial de Acolhimento Transitório, em conformidade com o art. 9º do Anexo V, da Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. 4.5 AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS INTEGRAM A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) 190 Perrone (2019) demonstrou a eficácia das comunidades terapêu- ticas como segue: Conheça um pouco do trabalho do Centro de Recuperação Nova Esperança (CERENE), de Blumenau, SC, comunidade terapêutica que atua desde 1989 e atende adultos e adolescentes, tanto masculino como feminino, em diversas unidades nos estados de SC e no PR. “ z "Meta-análise da Cochrane (SMITH; GATES; FOXCROFT, 2006): z 86,0% maior chance de melhor desfecho que as residências terapêuticas em relação à abstinência 12 meses pós-tratamento z 32,0% maior chance em relação a estar empregado pós-tratamento z Magor-Blatch et al. (2014), na revisão sistemática de 11 estudos de eficácia de CTs (caso controle: CT x não tratamento), encontraram evidências de melhores resultados para o tratamento em CT em 4 áreas pós-tratamento: } abstinência } crimes } saúde mental } inserção social z 2,5 vezes mais chance de maior qualidade de vida 12 meses pós-saída para quem teve alta terapêutica." (PERRONE, 2019, p. 54) 191 A Rede de Atenção Primária à saúde, 5 REDE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE “ "[...] dada a sua capilaridade e o vínculo estabelecido com a comunidade, devem identificar precocemente as pessoas que apresentam sofrimento e/ou transtornos mentais, incluído aqueles em decorrência do uso de álcool e outras drogas. Também devem realizar o acolhimento e atendimento humanizado deste público e acompanhar as pessoas com quadros clínicos e psicossociais estáveis, leves e moderados, a partir de interlocução permanente com os serviços especializados em saúde mental de referência. Também devem encaminhar, de forma responsável e assertiva, as pessoas com quadros clínicos psicossociais de maior complexidade, conforme o fluxo local. Devem ainda, desenvolver ações de promoção de saúde mental e de prevenção de seus agravos incluindo os associados ao uso de drogas lícitas e/ou ilícitas.". (BRASIL, 2022) 5.1 CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) integram a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com ampla regulamentação do Ministério da Saúde, sendo tratados no Anexo V da Portaria de Consolidação nº 3/2017. O Anexo V da Portaria de Consolidação nº 3/2017 lista a totalidade dos serviços da RAPS, vários deles de caráter extra-hospitalar, mas, na sua essência, com atendimento clínico ou médico. 192 Destacamos as modalidades dos CAPS, conforme estabelecido no § 4º do art. 7º do Anexo V da referida portaria: CAPS I: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de quinze mil habitantes; CAPS II: atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de setenta mil habitantes; CAPS III: atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS AD. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de cento e cinquenta mil habitantes; CAPS AD: atende pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de setenta mil habitantes; CAPS AD III: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de cento e cinquenta mil habitantes; 193 CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para municípios ou regiões com população acima de setenta mil habitantes. (BRASIL, 2017, art. 7º). Cabe destacar que, na forma preconizada pelo caput do art. 7º do Anexo V da Portaria de Consolidação nº 3/2017, os Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades, são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, caracterís- tica necessária não apenas aos CAPS mas também aos serviços de atenção e cuidados a pessoas com problemas em decorrência do uso, uso abusivo e dependência do álcool e outras drogas, especialmente aqueles de natureza extra-hospitalar. Os CAPS estão vinculados ao Sistema Único de Saúde e constituem uma rede fundamental e absolutamente necessária para o atendi- mento de pessoas dependentes de SPA. Prioritariamente devem ser encaminhados a esses serviços pessoas que tenham necessidade de atendimento clínico, médico ou medicamentoso, sem exclusão do livre acesso e encaminha- mento de outras pessoas com problemas em decorrência de SPA. 5.2 REDE DE ATENÇÃO CLÍNICO-HOSPITALAR Como vimos anteriormente, a dependência do álcool e outras drogas é multifatorial e as ações, cuidados e atenção requeridos são intersetoriais, interdisciplinares e transversais. Os serviços de internação só podem ser feitos em estabelecimentos de saúde com estrutura médica e de enfermaria estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina. A Lei nº 10.216/2001, no inciso IX do art. 2º e no caput do art. 4º, como já vimos anteriormente, prevê que a pessoa portadora de transtorno mental tenha atendimento preferencialmente em serviços comuni- tários de saúde mental e extra-hospitalar. 194 A mesma lei, no parágrafo único do art. 6º, prevê os seguintes tipos de internação psiquiátrica: • internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; • internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e • internação compulsória: aquela determinada pela Justiça (BRASIL, 2001). A Lei nº 13.840/2019, que alterou a Lei nº 11.343/2006, regulamentou a internação voluntária e a involuntária através da redação inserida no art. 23-A, restringindo a internação a estabelecimentos de saúde com estrutura médica e de enfermagem compatível com a gravidade diagnosticada por equipe médica e multiprofissional. No caputdo art. 23-A, essa lei reforça “a prioridade para as moda- lidades de tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais” e ressalta que: “A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes” (BRASIL, 2019). A Lei nº 13.840/2019 faz distinção clara entre tratamento, restrito a unidades de saúde e hospitais gerais, e acolhimento, voltado a pes- soas sem comprometimento biológico ou psicológico grave. Pessoa com comprometimento biológico ou psicológico grave? NÃO SIM Deve ser atendido em unidades de saúde ou hospitais gerais Pode ser atendido em Comunidade Terapêutica Usuário ou dependente de SPA 195 A competência de definir os protocolos técnicos de tratamento em âmbito nacional é da União. As unidades de saúde ou hospitais deverão ser dotados de equipes multidisciplinares, e a internação deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Estado onde se localiza o estabelecimento no qual se dará a internação. As internações, na forma do art. 23-A da lei citada, compreendem: I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas; II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do SISNAD, com exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos que justifiquem a medida (BRASIL, 2019b). A internação voluntária: I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por este regime de tratamento; II - seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja interromper o tratamento (BRASIL, 2019b). 196 A Lei nº 13.840/2019, no citado art. 23-A, estabeleceu condições para a internação involuntária: I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médico responsável; II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde; III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável; IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (BRASIL, 2019b). O Instrutivo da Rede de Atenção Psicossocial 2022 e modelo de plano de ação regional dispõe sobre a internação involuntária: Segundo as resoluções 2056/2013 e 2057/2013 do Conselho Federal de Medicina, a decisão pela internação é clínica e, em caso de involuntariedade, devem ser obedecidos os seguintes critérios: I- Incapacidade grave de autocuidado; II- Risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; III- Risco de autoagressão ou de heteroagressão; IV- Risco de prejuízo moral ou patrimonial; V- Risco de agressão à ordem pública. §1º O risco à vida ou à saúde compreende incapacidade grave de autocuidados, grave síndrome de abstinência à substância psicoativa, intoxicação intensa por substância psicoativa e/ou grave quadro de dependência química (BRASIL, 2022). 197 Todas as internações e altas deverão “ser informadas, em, no máximo, de 72 horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informa- tizado único” (BRASIL, 2022), na forma do regulamento, sendo “garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema” e “o acesso será permitido apenas às pessoas autorizadas a conhe- cê-las, sob pena de responsabilidade” (BRASIL, 2022). Na forma do art. 23-B da 13.840/2019, o atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: “I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multisseto- rial; e II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento – PIA”. Assim como, no caso das comunidades terapêuticas, a elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) “ "[...] deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente". (BRASIL, 2019b) Os parágrafos 5º, 6º e 7º do referido art. 23-B dispõem: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente § 5º Constarão do plano individual, no mínimo: I - os resultados da avaliação multidisciplinar; II - os objetivos declarados pelo atendido; III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação profissional; IV - atividades de integração e apoio à família; V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto no plano; e 198 VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no atendimento. § 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no plano individual de atendimento são consideradas sigilosas. (BRASIL, 2019b). As disposições quanto ao PIA também são integralmente aplicáveis às comunidades terapêuticas, ainda que estas não sejam estabele- cimentos clínicos-hospitalares. Recentemente, o Conselho Federal de Medicina regulamentou a internação de pessoas dependentes de SPA em clínicas de atendi- mento em dependência química e editou o Parecer CFM nº 8/2021, estabelecendo, em sua ementa: O CFM estabeleceu clara diferença entre as comunidades terapêu- ticas acolhedoras, reguladas pelo art. 26-A da Lei nº11.343/2006, com a redação dada pela Lei nº 13.840/2019, das clínicas médicas especializadas, reguladas pelo art. 23-A da mesma lei. Estas últimas com estrutura médico-hospitalar, inclusive com a necessidade de psiquiatra e inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) da região de sua localização. Saiba Mais Saiba mais sobre o Parecer CFM nº 8/2021 em: https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-regulamenta- o-funcionamento-da-clinica-especializada-em- dependencia-quimica/ A Clínica Médica Especializada em Dependência Química é um estabelecimento de assistência à saúde vocacionado para tratar dependentes químicos. São indispensáveis à assistência para atender a essa população vulnerável, na mais complexa abrangência, desde as intervenções médicas seguras para a desintoxicação até as prescrições para tratar as comorbidades e promover o restabelecimento das relações familiares, sociais e ocupacionais, sempre na busca da abstinência e vida saudável. https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-regulamenta-o-funcionamento-da-clinica-especializada-em-dependencia-quimica/ https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-regulamenta-o-funcionamento-da-clinica-especializada-em-dependencia-quimica/ https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-regulamenta-o-funcionamento-da-clinica-especializada-em-dependencia-quimica/ 199 6 REINSERÇÃO SOCIAL A reinserção social é fundamental na recuperação e manutenção da abstinência pelo dependente de SPA. O alcance é amplo, incluindo as relações familiares, as sociais, de convivência e de trabalho. O Plano Nacional sobre Drogas prevê a reinserção social entre o conjunto de ações e cuidados integrantes dessa política, estando presente entre os pressupostos e os objetivos da PNAD, e nas orientações gerais e diretrizes do Capítulo 5: Tratamento, Acolhimento, Recuperação, Apoio, Mútua Ajuda e Reinserção Social, do qual destacamos:“ “ "5.1.4. Promover e garantir a articulação e a integração das intervenções para tratamento, recuperação, reinserção social, por meio das Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios, Centros de Atenção Psicossocial, Unidades de Acolhimento, Comunidades Terapêuticas, Hospitais Gerais, Hospitais Psiquiátricos, Hospitais-Dia, Serviços de Emergências, Corpo de Bombeiros, Clínicas Especializadas, Casas de Apoio e Convivência, Moradias Assistidas, Grupos de Apoio e Mútua Ajuda, com o SISNAD, o SUS, o SUAS, o SUSP e outros sistemas relacionados para o usuário e seus familiares [...]." "[...] estratégias não medicamentosas que envolvem uma gama diversificada de intervenções que têm o objetivo de recuperar, reabilitar, reeducar e reinserir em três possíveis planos. O mais elementar é o retorno a um convívio saudável com a família, depois ao ambiente social em que esteve ou esteja inserido e, por fim, ao trabalho". (BRASIL, 2019a, grifo nosso) (CFM, 2021, grifos nossos) Toda a rede de cuidados socioassistenciais e de saúde, bem como outros sistemas relacionados ao usuário e aos seus familiares, deve “promover, garantir a articulação e integração” da reinserção social. O CFM, em seu Parecer nº 8/2021, destaca as 200 O Instrutivo da Rede de Atenção Psicossocial 2022 apresenta, entre os objetivos da Política Nacional de Saúde Mental (PNSM): “ "[...] estimular o investimento no avanço desta política e na superação de seus desafios, buscando a promoção de saúde mental e a prevenção de seus agravos, a assistência, a reabilitação e a (re) inclusão psicossocial das pessoas com transtornos mentais e/ou com problemas em decorrência do uso de álcool e outras drogas". (BRASIL, 2022, grifo nosso) A Lei nº 11.343/2006, que trata do SISNAD, tem entre os seus objetivos centrais a reinserção social, conceituando-as da seguinte forma: “ "Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais". (BRASIL, 2006, art. 21, grifo nosso) Também define os princípios e diretrizes que devem ser observados: As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer condições, observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social; II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades socioculturais; 201 III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde; IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; V - observância das orientações e normas emanadas do CONAD; VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas. VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à educação continuada e ao trabalho; IX - observância do plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; X - orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas quanto às consequências lesivas do uso de drogas, ainda que ocasional (BRASIL, 2006). Não diferentemente das demais ações, as ações de reinserção social exigem atuação intersetorial, interdisciplinar e transversal. A minuta do PLANAD apresenta, no seu objetivo estratégico nº 3, a previsão de capacitação de “50 mil profissionais da rede de saúde e do SISNAD em cuidados, tratamento e Reinserção social (CONAD, 2021, p. 32). Exemplos de planos de reinserção social: z O Plano PROGREDIR, do Ministério da Cidadania, que visa a qualificação profissional, a intermediação de mão de obra e o empreendedorismo. z O Plano Brasil + Empreendedor. Concluímos aqui nosso material de estudos complementar, apon- tando para a importância de uma rede de acolhimento, tratamento, recuperação e reinserção social nas políticas públicas de redução de demanda por drogas. 202 REFERÊNCIAS ALCOÓLICOS ANÔNIMOS. São Paulo, [2022]. Disponível em: https:// www.aa.org.br/membros/comites/cahist/timeline. Acesso em: 30 abr. 2022. ANVISA. Nota Técnica nº 055/2013 – GRECS/GGTES/ANVISA, de 16 de agosto de 2013. Esclarecimentos sobre artigos da RDC Anvisa nº 29/2011 e sua aplicabilidade nas instituições conhecidas como Comunidades Terapêuticas e entidades afins. Brasília, DF: ANVISA, 2013. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/arquivos- -noticias-anvisa/351json-file-1. Acesso em: 2 jun. 2022. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada- RDC Nº 29, de 30 de junho de 2011. Dispõe sobre os requisitos de segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas. Ministério da Saúde. Brasília, DF: ANVISA/ MS, 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%B- FRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%20 29,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20 psicoativas. Acesso em: 2 jun. 2022. AVILA, M. R. R.; KRÜGER, R. R. Codependência de álcool e outras drogas: a mútua ajuda como vetor de resiliência nas famílias code- pendentes. Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional, São Bento do Sul, SC, v. 25, n. 2, p. 307-336, maio/ago. 2017. AVILA, M. R. R.; KRÜGER, R. R. Cruz Azul no Brasil. Revista Cruz Azul, Blumenau, n. 17, p. 10, 2017. Disponível em: https://issuu.com/revis- tacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3. Acesso em: 30 abr. 2022. 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Acesso em: 30 abr. 2022. https://www.aa.org.br/membros/comites/cahist/timeline https://www.aa.org.br/membros/comites/cahist/timeline https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%BFRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%2029,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20psicoativas https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%BFRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%2029,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20psicoativas https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%BFRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%2029,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20psicoativas https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%BFRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%2029,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20psicoativas https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0029_30_06_2011.html#:~:text=%EF%BB%BFRESOLU%C3%87%C3%83O%20%2D%20RDC%20N%C2%BA%2029,ou%20depend%C3%AAncia%20de%20subst%C3%A2ncias%20psicoativashttps://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 https://issuu.com/revistacruzazulonline/docs/revista_cruz_azul_online_n-_17_-_2o/3 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/Matriz-3-Redes.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/Matriz-3-Redes.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm 203 BRASIL. Decreto nº 5.912, de 27 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, que trata das políticas públicas sobre drogas e da instituição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, e dá outras providências. Brasília, DF: Presi- dência da República, 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5912.htm. Acesso em: 27 mar. 2022. BRASIL. Justiça Federal. Tribunal Federal Regional da 3ª Região. Agravo de Instrumento processo nº 0016133-39.2016.4.03.0000/SP, 5 de se- tembro de 2019. Agravo de Instrumento. Processual Civil. Ação Civil Pública. Regulamentação das Comunidades Terapêuticas. Resolução CONAD Nº 01/2015. Lei Nº 11.343/2006 com a Redação Dada pela Lei nº 13.840/2019d. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocu- mentoGedpro/7286477. Acesso em: 2 jun. 2022. BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. 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Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/ l12101.htm. Acesso em: 2 jun. 2022. BRASIL. Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013. Altera as Leis nº 12.761, de 27 de dezembro de 2012, nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e nº 9.615, de 24 de março de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2013. Dis- ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/ lei/l12868.htm. 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BY NC ND GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS E GESTÃO DE ATIVOS DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PLANEJAMENTO Gustavo Camilo Baptista Carlos Timo Brito CONTEUDISTAS Hugo Torres do Val Rolf Hartmann REVISÃO DE CONTEÚDO Fernanda Flávia Rios dos Santos Maria de Fátima de Moura Barros Jessica Santos Figueiredo Sueli Souza Silva APOIO Carlos Roberto da Silva Grazielle Teles de Araújo Kathyn Rebeca Rodrigues Lima Maria Aparecida Alves Dias Laudilina Quintanilha Mendes Pedretti de Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LABEAD COORDENAÇÃO GERAL Luciano Patrício Souza de Castro FINANCEIRO Fernando Machado Wolf SUPERVISÃO TÉCNICA EAD Giovana Schuelter SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Daniele Weidle SUPERVISÃO DE MOODLE Andreia Mara Fiala SECRETARIA ADMINISTRATIVA Elson Rodrigues Natário Junior Maria Eduarda dos Santos Teixeira DESIGN INSTRUCIONAL Supervisão: Milene Silva de Castro Gregório Bembua Kambundo Tchitutumia Gabriel de Melo Cardoso Sofia Santos Stahelin DESIGN GRÁFICO Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi Eduardo Celestino Juliana Jacinto Teixeira Luana Pillmann de Barros Mariane Ronsani Patricio Vanessa de Oliveira Vieira Vinicius Alves Jacob Simões REVISÃO TEXTUAL Cleusa Iracema Pereira Raimundo PROGRAMAÇÃO Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Eduardo Perottoni Thiago Assi AUDIOVISUAL Supervisão: Rafael Poletto Dutra Daniel Almeida Vital de Oliveira Fabíola de Andrade Borges Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira Robner Domenici Esprocati SUPERVISÃO TUTORIA João Batista de Oliveira Júnior Thaynara Gilli Tonolli TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Wilton Jose Pimentel Filho SIGLAS BSC - Balanced Scorecard ENAP - Escola Nacional de Administração Pública FJP - Fundação João Pinheiro IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDH - Índice de Desenvolvimento Humano IDHM - Índice de DesenvolvimentoHumano Municipal IECS - Instituto de Educação e Ciências em Saúde IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional MS - Ministério da Saúde PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar PLANAD - Plano Nacional de Políticas sobre Drogas PNDR - Política Nacional de Desenvolvimento Regional PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos SINPDEC - Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil SUAS - Sistema Único de Assistência Social SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (FOFA - Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico SUMÁRIO UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO UNIDADE 2 | INDICADORES 1.1 Planejamento: o que é e por que devemos planejar 2.1 Conceito, atributos e componentes 1.2 Os 5 Ps e as formas de estratégia 1.3 Ciclo de políticas públicas e desenvolvimento de um plano 2.2 Taxonomia 2.3 Componentes do indicador dentro de um plano 2.4 Passo a passo para a seleção/construção de um indicador 217 217 230 230 APRESENTAÇÃO 215 222 226 234 243 248 UNIDADE 3 | FERRAMENTAS ÚTEIS PARA O PLANEJAMENTO 3.1 Análise SWOT (matriz FOFA) 3.2 Árvore de problemas 252 252 253 3.3 Modelo lógico 3.4 Balanced Scorecard 256 261 REFERÊNCIAS 267 Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 215 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Seja bem-vindo ao nosso quarto módulo de estudos. Projetamos este módulo para apresentar os conceitos fundamentais relacionados ao planejamento. Aqui, você aprenderá por que o plane- jamento é uma peça fundamental para a gestão de políticas públicas e para o alcance de resultados efetivos em benefício da sociedade. Aprenderá também sobre indicadores, quais são os seus componentes e atributos, bem como algumas das suas principais classificações. Ao final, você conhecerá algumas das principais ferramentas utili- zadas para auxiliar o processo de planejamento, como a análise SWOT, árvores de problemas, quadro lógico e o Balanced Scorecard. Pronto para conhecer o mundo do planejamento? Então vamos lá! OBJETIVOS DO MÓDULO z Descrever o conceito de planejamento, o porquê da sua utilização e o seu papel no ciclo de gestão de políticas públicas. z Identificar os conceitos fundamentais relacionados a indicadores. z Apontar os atributos essenciais e complementares, bem como os componentes e as diferentes taxonomias referentes aos indicadores. z Aplicar a análise SWOT como ferramenta de análise do ambiente interno e externo. z Identificar como utilizar as ferramentas da árvore de problemas e do quadro lógico para a compreensão de problemas sociais e para o desenho de programas governamentais para sua solução. z Utilizar a metodologia do Balanced Scorecard para elaboração e monitoramento de planos. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo de apresentação do Módulo 4 - Planejamento de Políticas Públicas e Programas. https://youtu.be/Q2pzlO2C75Y Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 216 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas HUGO TORRES DO VAL CONTEUDISTA DO MÓDULO Especialista em Planejamento e Orçamento pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e bacharel em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). É servidor público federal da carreira de Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia, atualmente exercendo o cargo de Coordenador-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica do Ministério do Desenvolvimento Regional. Atua desde 2013 com as temáticas de planejamento e estratégia gover- namental, com passagem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, bem como pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Neste último, trabalhou na Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD) e foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia da Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil e do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 217 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO Nesta primeira unidade, você aprenderá as noções introdutórias relacionadas ao tema planejamento. Você entenderá o que é e por que devemos planejar. Também conhecerá os 5 Ps da estratégia e as formas de estratégias existentes. Ao final desta unidade, você saberá a relação entre o ciclo de políticas públicas e o planejamento. De modo geral, em muitos momentos da nossa vida, em maior ou menor grau, vivenciamos a necessidade de nos planejarmos para alcançarmos um determinado objetivo. Em situações de baixa complexidade, quando há poucas restrições e riscos, tendemos a tomar as decisões de maneira quase que intuitiva, sem pensarmos muito antes sobre os impactos de nossas decisões. Porém, na medida em que vivemos situações mais complexas, nas quais nos deparamos com restrições de tempo e custo, por exemplo, e quando eventos indesejados (riscos) podem afetar o alcance do objetivo, um bom planejamento se mostra fundamental. Você já deve ter vivenciado isso ao se preparar para realização de uma viagem, para uma mudança de emprego ou para a aquisição de um imóvel próprio, por exemplo. Para realizar uma simples viagem para passar alguns dias na praia, você já deve ter avaliado e estabelecido previamente quanto tempo você permanecerá no local, quais recursos serão necessários, onde você se hospedará, qual o melhor período para ir (será que vai ter sol ou chuva?). Tudo isso faz parte da arte de planejar. Foto: © [kitzcorner] / Shutterstock. 1.1 PLANEJAMENTO: O QUE É E POR QUE DEVEMOS PLANEJAR Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 218 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A opção por não se planejar significa entregar os resultados para o acaso, podendo amargar tristes surpresas que poderão levar ao fra- casso do seu objetivo. Imagine se, nessa viagem à praia, você faz todos os preparativos, gasta seus recursos (financeiros, tempo de férias etc.), mas esquece que, no período em que você decidiu ir para aquela cidade, só chove? Certamente, isso geraria uma grande frustração. Foto: © [kitzcorner] / Shutterstock. Assim, o planejamento representa o processo de organizar, a partir de uma análise racional, toda a sua atuação para alcance de um fim desejado (um objetivo). Isso vale tanto para a nossa vida pessoal quanto para as empresas, órgãos governamentais e não governamentais. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 219 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Nas organizações, o planejamento costuma ser estruturado em três dimensões, conforme sua abrangência e seu impacto sobre a insti- tuição: estratégica, tática e operacional, apresentadas e conceituadas na imagem a seguir. DIMENSÃO ESTRATÉGICA Define objetivos para toda a organização e sua relação com o ambiente. É estabelecida pela alta gestão, podendo envolver processos participativos com os demais níveis. Possui como produto o plano estratégico. DIMENSÃO TÁTICA Envolve a elaboração de planos para áreas específicas da organização, a fim de possibilitar a realização dos planos estratégicos. É estabelecida pela média gerência da organização (gerentes das áreas específicas).Possui como produto o plano administrativo/funcional/tático. DIMENSÃO OPERACIONAL Constitui-se como processo de especificação das atividades e recursos que são necessários para realização dos objetivos da empresa. É estabelecida pela gerência de operações. Possui como produto o plano operacional. Fonte: Adaptado de Maximiano (2000). Henry Mintzberg (2004) apresenta uma definição processual de pla- nejamento estratégico como um procedimento formal para produzir um resultado articulado, na forma de um sistema integrado de deci- sões. Esse autor confere destaque à característica da formalização, que diferencia o planejamento do simples “pensamento estratégico”. Nesse sentido, a formalização significa três ações: decompor, articular e racionalizar os processos de tomada de decisão de forma integrada nas organizações. | DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 220 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Segundo Mintzberg (2004), de modo geral, a literatura relacionada a planejamento e estratégia afirma que as seguintes finalidades representam o porquê de uma organização realizar o planejamento: I. Assegurar que o futuro seja levado em consideração: permite a disciplina para realizar o pensamento de longo prazo na firma (HAX; MAJLUF, 1984 apud MINTZBERG, 2004), podendo ser considerado de três maneiras: a. Preparar-se para o inevitável. b. Antecipar o indesejável. c. Controlar o controlável (STARR, 1971 apud MINTZBERG, 2004). II. Adotar decisões racionais: o planejamento é concebido para ser a maneira de aplicar inteligência a problemas sociais (WILDAVSKY, 1973 apud MINTZBERG, 2004). Os gerentes não estão somente ocupados, mas sobrecarregados de informações, de modo que é necessário adotar uma sistemática que permita uma análise formal para a tomada de decisão (HILTCH, 1965 apud MINTZBERG, 2004). III. Coordenar: decisões tomadas em conjunto formalmente em um único processo favorecem a coordenação dos esforços da organização de maneira adequada. Além disso, pelo fato de o plano ser também um instrumento de comunicação, favorece a coordenação entre diferentes unidades no momento de sua execução. IV. Controlar: o planejamento funciona como mecanismo de verificação da efetiva execução dos compromissos estabelecidos para aqueles cujo trabalho é por ele coordenado. Apesar desses quatro argumentos estabelecidos acima pela literatura, de acordo com Mintzberg (2004), um quinto argumento, apresentado por Jelinek (1979), representa a defesa mais racional para a adoção do planejamento: a defesa de que ele permite a separação entre a operação de um negócio e o desenvolvimento de uma estratégia corporativa. Ou seja, a partir dele, abstrai-se a rotina, de modo que o processo de elaboração da estratégia e o acompanhamento de sua execução podem ser efetivamente programados e institucionalizados. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 221 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Peter Drucker (1975), um dos maiores expoentes desse assunto, afirma que o planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras das decisões presentes, e apresenta o seguinte conceito, mais abrangente, sobre planejamento estratégico: “ “É um processo contínuo de tomar decisões empresariais (envolvendo risco) no presente de modo sistemático e com o maior conhecimento possível de seu futuro; é organizar sistematicamente os esforços necessários para que se cumpram essas decisões; e é medir os resultados dessas decisões contra as expectativas através de uma retroalimentação sistemática e organizada.” (DRUCKER, 1975, p. 136) A definição apresentada por Drucker entrelaça a atividade de ela- boração do planejamento com as atividades de monitoramento e avaliação, aproximando-se conceitualmente da noção de gestão estratégica. Confira a figura a seguir. Monitoramento e avaliação (Elaboração ou revisão do plano) Tomada de decisãoOrganização e execução | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM PROCESSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA Fonte: Adaptado de Drucker (1975). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 222 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Para finalizar, seguimos para o conceito de planejamento estratégico aplicado à atividade governamental, entendido como a “ “[...] capacidade que o Estado tem em construir, criativamente e interativamente com a sociedade, uma visão de futuro do país e de si mesmo, concatenando meios e fins suficientes e necessários para sua execução.” (TONI, 2021, p. 7) Assim, aplicando esse conceito à temática do nosso curso (políticas sobre drogas), podemos adotar a seguinte definição para os planos estaduais ou municipais sobre drogas: Os planos estaduais e municipais sobre drogas podem ser entendidos como o resultado de uma construção coletiva entre governo e sociedade, representando uma visão de futuro para a política sobre drogas, estabelecendo os meios (programas e iniciativas) e fins (objetivos estratégicos e metas) suficientes e necessários para sua execução. 1.2 OS 5 PS E AS FORMAS DE ESTRATÉGIA As estratégias organizacionais podem ser entendidas de dife- rentes maneiras. Nesse sentido, foram estabelecidos por Mintzberg (2004) os 5 Ps que definem a estratégia. O quadro a seguir sintetiza esses entendimentos. | OS 5 PS DA ESTRATÉGIA Estratégia como plano z Representa uma direção que orienta o caminho a ser trilhado para sair de uma posição atual para uma posição desejada no futuro. Classificada também como a estratégia pretendida da organização. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 223 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Estratégia como perspectiva z Estratégia como a maneira de a organização fazer as coisas, reflexo dos entendimentos dos grandes gestores estrategistas coletivos da organização e da grande visão da empresa. Estratégia como posição z Entende a estratégia como a definição de uma posição pelo estabelecimento de determinados produtos em determinados mercados. Na posição, a estratégia tem como foco a definição do ponto em que seu produto encontrará o cliente e a relação disso com o mercado externo. Estratégia como padrão z Representa a consistência da adoção de determinado tipo de comportamento ao longo do tempo. Representa a estratégia efetivamente realizada pela organização. Estratégia como estratagema (no inglês "ploy") z Estratégia vista como estratagema, manobra específica ou truque adotado pela empresa para vencer seu oponente ou competidor.Fonte: Adaptado de Mintzberg (2004). Outra noção importante referente às estratégias é que elas podem assumir diferentes formas. A inexistência de um plano formalizado não presume a inexistência de uma estratégia, mas sim a existência de uma estratégia tratada de maneira informal (MINTZBERG, 2004). Na verdade, podemos ver que, mesmo quando há um plano forma- lizado, podem surgir (e a experiência mostra que quase sempre sur- girão) novas estratégias no momento de sua execução, promovendo alterações (profundas em alguns casos) nas escolhas previamente feitas e nos caminhos que serão trilhados. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 224 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Foto: © [Andrii Yalanskyi] / Shutterstock. Nesse sentido, precisamos diferenciar o que é a estratégia preten- dida, a estratégia deliberada, a estratégia emergente e a estratégia realizada. A figura a seguir elucida bem o desenvolvimento de cada uma dessas estratégias. Estratégia realizada Estratégia emergente Estratégiapretendida Estratégiadeliberada Estratégianão realizada Formas de Estratégia. Fonte: Adaptado de Mintzberg (2004). A estratégia pretendida representa aquela definida previamente pela organização dentro de seu processo de planejamento e dire- cionamento. Durante a execução dos trabalhos, parte da estratégia pretendida acaba por não se concretizar (estratégia não realizada), ao mesmo tempo que novas estratégias, não expressas inicialmente, surgem (estratégias emergentes). A estratégia deliberada representa aquela intenção prevista no processo inicial de planejamento que se concretizou. Por fim, a partir da junção entre a estratégia deli- berada e a estratégia emergente, dá-se lugar à estratégia realizada (MINTZBERG, 2004). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 225 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Esse modelo é muito importante para deixar claro que a estratégia adotada por qualquer organização dentro de um plano inicialmente previsto certamente não será a mesma efetivamente verificada na prática. Os planos promovem uma simplificação da realidade para facilitação da tomada de decisão em níveis gerenciáveis. No momento de sua execução, problemas surgem, riscos e oportunidades aparecem e mudanças na estratégia adotada se mostram necessárias. Boas Práticas Assim, os planos devem ser instrumentos que permitam a boa orientação da estratégia da organização definida previamente pelos gestores, mas também devem ser flexíveis para se adaptarem às mudanças de estratégias que se tornarem necessárias ao longo do percurso. A incapacidade de adaptação dos planos às mudanças de estratégias adotadas e da realidade em muitas organizações faz com que eles se desloquem da realidade, gerando descrença no instrumento e difi- cultando a geração dos benefícios pretendidos pela sua gestão, como a integração e coordenação das ações. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre os tipos e adaptação de estratégias de planejamento. https://youtu.be/fBl2JovMU_E Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 226 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas 1.3 CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO O ciclo de políticas públicas representa, de forma simplificada, as principais fases que envolvem a ideação e a implementação das políticas públicas. Problemas Agenda FormulaçãoImplementação Avaliação | CICLO SIMPLIFICADO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Fonte: Adaptado de Secchi (2013 apud TONI, 2016). De acordo com o modelo, as políticas públicas surgem a partir de problemas sociais que, em determinado momento, são destacados da realidade e definidos como prioridade, entrando assim para a agenda governamental (TONI, 2016). Após a entrada na agenda, segue-se para a fase de formulação da política pública, o que pode acontecer do “zero” ou também pode decorrer do aproveitamento de projetos ou ideias de períodos anteriores, que estavam em estado de “dormência” e agora serão configurados para atendimento da nova diretriz (TONI, 2016). Em seguida, a política pública entra em execução e, por fim, será avaliado se ela foi capaz de reduzir os problemas sociais propostos inicialmente. Podcast transcrito Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 227 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Conforme explica Toni (2016), a separação do ciclo em etapas se dá muito mais por uma questão didática, uma vez que, na realidade, muitas vezes essas etapas se sobrepõem em diferentes momentos. Problemas Agenda FormulaçãoImplementação Avaliação Fonte: Adaptado de Toni (2016). O ciclo das políticas públicas se relaciona intimamente com o processo de planejamento, uma vez que ele viabiliza a otimização do desenho e da execução das políticas públicas. Isso pode ser visto no modelo de etapas adotado para a gestão do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. | ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS Diagnóstico setorial Elaboração e aprovação Avaliação e revisão Execução e monitoramento O diagnóstico setorial previsto no plano está intimamente ligado às análises para definição e estudo aprofundado dos problemas vinculados à questão das drogas no país. Assim, o diagnóstico setorial representa a análise de ambiente que motiva a execução de determinada política pública. Compreende o entendimento do problema a partir de uma avaliação do ambiente interno e externo ao governo, contemplando também a análise de cenários futuros, com a identificação das incertezas, oportunidades e possíveis ameaças. No âmbito do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD), o diagnóstico setorial foi materializado no estudo “Análise Executiva da Questão das Drogas no Brasil”. Fonte: Adaptado de Brasil (2020). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 228 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A etapa de elaboração e aprovação prevista no PLANAD se comunica com as etapas de formação da agenda e de formulação da política pública. Nesse momento, a partir da análise do diagnóstico seto- rial, e considerando as prioridades existentes no contexto político, são estabelecidos os objetivos que serão perseguidos e as soluções (programas e iniciativas) que serão adotadas pelo governo. Foto: © [LookerStudio] / Shutterstock. Na fase de implementação da política pública, o processo de moni- toramento do plano estabelecido é fundamental para verificar se a execução está seguindo o caminho certo, gerando produtos (bens e serviços) na quantidade e qualidade necessária para o alcance das metas estabelecidas. Por fim, a fase de avaliação da política pública se comunica com a avaliação e revisão do plano. Esse é o momento de reflexão crítica acerca dos principais resultados da política pública. Um aspecto importante é a adoção da abordagem adequada acerca da avaliação de uma política pública, que deve ser entendida como um processo Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 229 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Boas Práticas Ou seja, a etapa de avaliação não consiste num juízo final acerca de determinada política pública ou programa. A avaliação deve, na verdade, buscar entender quais os aspectos que foram favoráveis ou desfavoráveis ao sucesso da estratégia adotada, de modo que permita a realização de ajustes com foco no atingimento do objetivo máximo definido, que é a solução do problema social que motivou a existência da política pública. de aprendizado e melhoria. Assim, as atividades de avaliação não devem ter como foco o julgamento de um programa implantado em uma classificação dual por extremos, como ótimo ou péssimo. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 230 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas UNIDADE 2 INDICADORES O uso de indicadores é fundamental no processo de planejamento, uma vez que permitem que as diretrizes e os objetivos da estratégia se convertam em parâmetros mensuráveis e constituam metas cujo alcance poderá ser monitorado e avaliado pelos gestores. Nesta unidade, você aprenderá os principais conhecimentos relativos a indicadores necessários para a realização de um bom planejamento. 2.1 CONCEITO, ATRIBUTOS E COMPONENTES Os indicadores são instrumentos que contribuem para identificar e medir aspectos relacionados a um determinado fenômeno (BRASIL, 2012). Eles representam um retrato da realidade correspondente a determinado momento ou período. Exemplo disso pode ser visto na série “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013”, quecompara o desenvolvimento das cidades brasileiras ao longo dos anos a partir do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), um indicador que considera as questões locais de educação, saúde e renda. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 231 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas | IDHM DO BRASIL – 1991, 2000 E 2010 Fonte: Adaptado de PNUD, IPEA e FJP (2013). Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 232 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Uma importante referência recente acerca do tema indicadores apli- cado ao setor público é o "Guia referencial para construção e análise de indicadores”, produzido por Bahia (2021), publicado pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). De acordo com esse guia, indicadores servem, principalmente para: z Mensurar os resultados e gerir o desempenho. z Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada de decisão. z Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais. z Facilitar o planejamento e o controle do desempenho. z Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes. No momento de escolha dos indicadores que serão utilizados no planejamento de uma organização ou de uma política pública, devem ser analisados os atributos desses indicadores, ou seja, as características deles que permitem verificar sua qualidade e ade- quação para uso. Segundo o livro “Indicadores: Orientações Básicas para a Gestão Pública” (BRASIL, 2012), os atributos dos indicadores podem ser separados em dois grupos principais: Atributos essenciais (ou necessários): são propriedades mínimas que todos os indicadores devem apresentar e devem apresentar e sempre serem consideradas no processo de definição dos indicadores que serão utilizados/elaborados. Atributos complementares (ou desejáveis): são propriedades também importantes por ampliarem a qualidade dos indicadores e melhorarem as suas possibilidades de utilização, mas que podem ser ponderadas, dependendo da avaliação particularizada da situação. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 233 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas As referências acerca do assunto não chegaram a um consenso sobre um rol taxativo que representaria os atributos essenciais e complementares, apesar de alguns deles serem coincidentes. Nesse sentido, apresenta-se a seguir uma proposta de redivisão desses atributos a partir da reflexão dos ensinamentos dos diversos autores e da vivência prática dos dilemas do dia a dia para escolha de indicadores. ATRIBUTOS ESSENCIAIS DOS INDICADORES Utilidade Devem suportar decisões, seja no nível operacional, tático ou estratégico. Os indicadores devem, portanto, basear-se nas necessidades dos decisores. Validade (ou representatividade) Capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a realidade que se deseja medir e modificar. Confiabilidade Indicadores devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e divulgação. Tempestividade A mensuração deve estar disponível para utilização assim que o gestor precisar e com nível de atualização adequado. Economicidade A relação entre os custos de obtenção e os benefícios advindos deve ser favorável. Fonte: Adaptado dos conceitos de Brasil (2012) e Bahia (2021). Em suma, o quadro acima deixa claro que, no mínimo, o indicador deve: ser relevante para a tomada de decisão; representar adequa- damente o fenômeno que deseja retratar; ter fontes confiáveis; estar disponível em tempo hábil para a tomada de decisão do gestor; e ter relação custo-benefício positiva. A ausência de qualquer um desses atributos inviabiliza sua utilização em um plano. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 234 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas ATRIBUTOS COMPLEMENTARES DOS INDICADORES Clareza ou simplicidade de comunicação Indicadores devem ser de fácil comunicação e entendimento pelo público em geral, interno ou externo. Muitos indicadores são definidos pela divisão entre duas variáveis básicas, ou seja, formados por um numerador e um denominador de fácil obtenção. Eventualmente o indicador pode ser complexo, envolvendo muitas variáveis. Isso não é um problema, desde que fique claro o que ele representa, atenda a necessidade do decisor e esteja adequadamente documentado. Desagregabilidade Capacidade de representação de forma regionalizada/territorializada ou em grupos sociais e econômicos. A desagregabilidade de um indicador pode permitir aprofundamento de análises de um fenômeno com base em local, idade, gênero, cor etc. Disponibilidade/facilidade de acesso Os dados básicos para seu cômputo devem ser de fácil obtenção. Estabilidade Capacidade de estabelecimento de séries históricas estáveis que permitam monitoramentos e comparações das variáveis de interesse, com mínima interferência causada por outras variáveis. Auditabilidade ou rastreabilidade Qualquer pessoa deve se sentir apta a verificar a boa aplicação das regras de uso dos indicadores (obtenção, tratamento, formatação, difusão, interpretação). Sensibilidade Capacidade que um indicador possui de refletir rapidamente os efeitos decorrentes das intervenções realizadas. Fonte: Adaptado de Brasil (2012) e Bahia (2021). VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre atributos essenciais e complementares dos indicadores. 2.2 TAXONOMIA A taxonomia corresponde ao conjunto de classificações utilizadas para diferenciar os diversos tipos de indicadores. Assim, selecionamos as principais para apresentação a seguir. https://youtu.be/M38DfLCCklI Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 235 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A primeira forma de classificarmos indicadores que vamos tratar aqui é com relação à sua complexidade. Nesse sentido, podem ser indicadores analíticos ou indicadores sintéticos. Os indicadores analíticos (ou simples), representam o olhar focado em um único fenômeno, retratando uma dimensão social específica (BRASIL, 2010). Normalmente sua fórmula envolve contas simples, com apenas um numerador e um denominador ou mesmo com a simples contagem de ocorrências. Já os indicadores sintéticos são formados a partir da junção de diferentes indicadores analíticos e tendem a retratar o comportamento médio das dimensões consideradas (BRASIL, 2010). Sua fórmula costuma ser mais complexa, uma vez que envolve mais de um numerador ou denominador na equação, relativos aos indicadores analíticos que os compõem. Veja o exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o indicador sintético, comentado anteriormente, que é formado pela junção e pela ponderação de indicadores analíticos envolvendo educação, saúde e renda. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 236 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Vida longa e sustentável Expectativa de vida ao nascer Escolaridade da população adulta MÉDIA GEOMÉTRICA Raiz cúbica da multiplicação dos subíndices com pesos 1 e 2 IDHM Fluxo escolar da população jovem Renda per capita Acesso ao conhecimento Padrão de vida IDHM longevidade IDHM educação IDHM renda 3 ( ) MÉDIA GEOMÉTRICA Raiz cúbica da multiplicação dos 3 IDHMs 3 ( ) = | COMPOSIÇÃO DO IDHM Fonte: Adaptado de PNUD, IPEA e FJP (2013).Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 237 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Há também a classificação dos indicadores conforme a sua aplicação nas diferentes fases do ciclo de gestão de uma política pública (se antes da execução, durante ou depois). Assim, na visão adaptada por Brasil (2012) a partir de Bonnefoy (2005) e Jannuzzi (2002), os indicadores podem ter as seguintes classificações. Fonte: Adaptado de Brasil (2012). ANTES Indicadores de insumo z Relação direta com os recursos a serem alocados, ou seja, com a disponibilidade dos recursos humanos, materiais, financeiros e outros a serem utilizados pelas ações do governo. z Ex.: médicos/mil habitantes, orçamento disponível para determinada ação. DURANTE Indicadores de processo z Traduzem o esforço empreendido na obtenção dos recursos, ou seja, medem o nível de utilização dos insumos alocados. z Ex.: percentual de empenho dos recursos orçamentários. DEPOIS Indicadores de produto Indicadores de impacto Indicadores de resultado z Expressam as entregas na forma de produtos ou serviços ao público-alvo. z Ex.: percentual de quilômetros de estrada entregues, de armazéns construídos e de crianças vacinadas em relação às metas estabelecidas. z Expressam, direta ou indiretamente, os benefícios para o público-alvo decorrentes das ações empreendidas no contexto de uma dada política e têm particular importância no contexto de gestão pública orientada a resultados. z Ex.: taxas de morbidade (doenças), taxa de reprovação escolar e de homicídios. z Natureza abrangente e multidimensional, têm relação com a sociedade e medem os efeitos das estratégias governamentais de médio e longo prazos. Na maioria dos casos, estão associados aos objetivos setoriais e de governo. z Ex.: Índice de Gini de distribuição de renda, PIB per capita, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). | FASES DO CICLO DE GESTÃO DA POLÍTICA PÚBLICA E SEUS INDICADORES Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 238 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Outra forma de classificação pode ser feita com base nos aspectos de desempenho que estão sendo medidos no âmbito de uma política pública, podendo ser de economicidade, eficiência, eficácia e efeti- vidade. Cumpre destacar que esses aspectos foram previstos no Guia Metodológico do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, como referências para avaliação da execução dos planos. Efetividade Economicidade Objetivos e metas definidas Iniciativas e compromissos pactuados Insumos Recursos alocados Ações desenvolvidas Bens e serviços providos Objetivos atingidos Ação/Produção Produto Resultados e impactos Eficiência Eficácia | CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES PELOS ASPECTOS DE DESEMPENHO MEDIDOS Fonte: Brasil (2020). A economicidade tem seu foco na minimização dos custos e da utilização de recursos no processo de execução da política pública. A eficiência é o aspecto do desempenho ligado à relação entre os produtos gerados (bens e serviços providos) e os insumos utilizados no processo em um determinado tempo, observado um padrão de qualidade predefinido (BRASIL, 2010). Assim, busca-se verificar a otimização da relação produto por insumo consumido, bem como reduzir o tempo necessário para a entrega ou prestação do serviço. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 239 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A eficácia corresponde ao atingimento das metas/ compromissos pactuados em termos de entrega de bens ou serviços, sem considerar os custos implicados (BRASIL, 2010). Os indicadores de eficácia representam uma medida da entrega imediata realizada no âmbito de uma política pública. A efetividade, por fim, é a dimensão de desempenho que tem como foco verificar o alcance dos objetivos pactuados em termos de resultados e impactos da ação governamental, ou seja, de solução dos problemas sociais demandados pela população (BRASIL, 2010). Diferentemente da eficácia, que se pode verificar no curto prazo, os resultados representam o efeito de médio prazo, e os impactos podem ser sentidos somente no longo prazo, após a realização de uma política pública. VÍDEO Clique ou aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo de animação sobre a classificação de indicadores de acordo com aspectos de desempenho medidos. Boas Práticas A medição da efetividade de determinada política pública deve ser realizada com muita cautela, pois, na maioria das vezes, resultados e impactos demoram muitos anos de execução da ação governamental para serem sentidos. Além disso, no campo da efetividade, deve-se atentar ao fato de que inúmeros outros fatores podem influenciar aquele indicador, e não somente a intervenção realizada. Assim, deve-se sempre ter em mente que, ao se adotarem indicadores de efetividade, a questão temporal e as influências de outros diversos fatores devem ser levadas em conta antes da realização de quaisquer conclusões prematuras acerca de uma política pública. https://youtu.be/RbpE8Zkgbko Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 240 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A seguir, são apresentados exemplos de indicadores em cada dimensão de desempenho dentro de diferentes ações governamentais. ECONOMICIDADE EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE Custo de tratamento para reabilitação de usuários de drogas Tempo médio de tratamento para reabilitação Número de usuários de drogas tratados Prevalência do consumo de drogas ilícitas Tratamento de usuários de drogas Custo por aluno capacitado Curto prazo Taxa de cursistas inscritos em relação ao número de vagas ofertadas Número de gestores capacitados Percentual de entes federativos com planos sobre drogas instituídos Médio/longo prazo Qualificação de gestores estaduais e municipais para ampliação das capacidades de planejamento na área de drogas Perspectiva temporal No exemplo acima, você verificou alguns casos em que os indicadores podem ser usados. Porém, ficou faltando um detalhe para que um indicador seja capaz de medir efetivamente o desempenho: a indi- cação do seu valor esperado para o futuro no âmbito do planejamento realizado, ou seja, a sua meta. Exemplos de indicadores por aspecto do desempenho considerado. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 241 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas A meta representa o que de fato se quer alcançar, qual será o avanço previsto em relação aos dados de períodos anteriores referentes a esse indicador. O indicador sem a meta e sem uma referência para comparação acaba por ser apenas um número a partir do qual difi- cilmente conseguiríamos analisar se estamos indo para o caminho certo ou não. Dessa forma, quando falamos em desempenho, sempre estamos comparando o valor alcançado em relação a uma meta ou parâmetro previamente fixado. Além disso, na definição da meta, para que ela seja realista, deve-se considerar o valor verificado em anos anteriores (também entendido como linha de base) e o efeito que se imagina que decorrerá da atuação naquele exercício. Aplicando isso ao exemplo anterior com números fictícios em um município, o desempenho dos indicadores seria verificado da seguinte forma. ECONOMICIDADE EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE Custo do tratamento por pessoa Tempo médio de tratamento para efetiva reabilitação Número de pessoas tratadas Prevalência do consumo de drogas ilícitas por adultos nos últimos 12 meses Indicador R$ 7.000,00(2021) 6 meses (2021) 300 (2021) 3% (2021) Linha de base Reduzir o custo de tratamento de R$ 7.000, em 2021, para R$ 6.000,00 até 2022. Reduzir o tempo médio de tratamento de 6 meses, em 2021, para 5 meses até 2022. Ampliar o número de pessoas tratadas de 300, em 2021, para 500 até 2022. Reduzir a prevalência do consumo de drogas ilícitas nos últimos 12 meses de 3%, em 2021, para 2,8% até 2025. Meta R$ 6.000,00 (2022) 5,5 meses (2022) 450 (2022) 2,9% (2025)Valor apurado 100% 50% 75% 50%Desempenho Exemplo fictício de medição do desempenho com indicadores. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 242 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Atenção! Uma questão muito importante a se observar para medição do desempenho do indicador é o seu sentido ou polaridade (se quanto maior o seu valor, melhor, ou se quanto menor, melhor). Além disso, para a adequada medição do desempenho, deve ser avaliada a redação da meta para verificar se a linha de base será considerada para medição do desempenho. Veja os exemplos a seguir. Indicador de polaridade “quanto maior, melhor” No indicador nº de pessoas tratadas, é possível verificar, através da meta, o objetivo de ampliar de 300 pessoas (linha de base, referente a 2021) para 500 em 2022, o que significa um aumento de 200 pessoas tratadas. Assim, trata-se de um indicador do tipo “quanto maior, melhor”. Em sua apuração, verificou-se o alcance do resultado de 450, refletindo um aumento efetivo de 150 pessoas em relação à linha de base. Dessa forma, 75% da meta foi alcançada. Isso ocorre porque a forma como foi escrita a meta estabelece uma comparação clara do valor esperado com o valor de referência (linha de base): Meta com referência à linha de base Ampliar o número de pessoas tratadas de 300, em 2021, para 500 até 2022. A fórmula a seguir sintetiza o cálculo realizado a partir dessa redação da meta: Desempenho = 75% Valor Alcançado – Linha de Base________________________ Meta Prevista – Linha de Base 450 – 300 _________ = 500 – 300 150 ____ = 200 Desempenho = 90% Valor Alcançado _____________ Meta Prevista 450 ____ = 500 Caso a redação da meta estabelecesse somente um valor para 2022, sem definir uma relação de comparação com a última apuração, a linha de base não deveria ser considerada no cálculo. Meta sem referência à linha de base Realizar o tratamento de 500 pessoas em 2022. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 243 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Indicador de polaridade “quanto menor, melhor” No indicador de tempo médio de tratamento para efetiva reabilitação, partimos de 6 meses em 2021 (linha de base), com a meta de chegarmos a 5 meses em 2022. Logo, queremos reduzir em 1 mês o tempo médio. Como resultado, em 2022, verificou-se o tempo médio de 5,5 meses, o que significa uma redução de 0,5 mês (15 dias) em relação ao ano anterior. Nesse caso, perceba que utilizamos a linha de base como referência para podermos dizer que foram alcançados 50% da meta, considerando o valor de referência do ano anterior. Assim, aplica-se a seguinte fórmula para apuração do desempenho em indicadores do tipo “quanto menor, melhor”: 50% Linha de Base – Valor Alcançado________________________ Linha de Base – Meta Prevista 5,5 – 5 _______ = 6 – 5 0,5 ____ = 1 ou seja Diferentemente do caso dos indicadores do tipo “quanto maior, melhor”, os indicadores de polaridade menor-melhor sempre precisam utilizar uma linha de base para que seja viável a mensuração do seu desempenho. 2.3 COMPONENTES DO INDICADOR DENTRO DE UM PLANO Para o entendimento efetivo de um indicador, faz-se necessário o conhecimento prévio de uma porção básica de informações sobre ele, entendidas como seus metadados ou componentes. A partir desse conhecimento, o gestor poderá avaliar a adequação da sua utilização no âmbito do planejamento dos seus trabalhos. Apresentamos, a seguir, uma lista com os principais componentes dos indicadores e respectivos conceitos, tendo como referência as listas de cadastro de indicadores constantes do Guia Metodológico do PLANAD (BRASIL, 2020). z Denominação/título: nome do indicador, expresso de forma sucinta e clara. z Descrição: explica a racionalidade por trás do indicador, dando significado técnico preciso à sua existência em determinado contexto. z Unidade de medida: unidade de medição que reflete determinada grandeza adotada para o indicador. São exemplos: porcentagem, quilograma, etc. COMPONENTES BÁSICOS DE UM INDICADOR Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 244 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas z Polaridade: indica o sentido desejado do indicador – “quanto maior, melhor”; “quanto menor, melhor”; e em alguns casos a polaridade pode ser neutra. z Cumulatividade: informa se os valores apurados para o indicador serão fruto do resultado acumulado de anos anteriores somado com o da data de referência (cumulativo) ou se considera somente o resultado daquela data/ano de referência (não cumulativo). z Fórmula de cálculo: equação matemática que representa o modo de se calcular o indicador a partir de suas variáveis. z Fonte: sistema, base de dados ou documento onde se encontra publicado o indicador com suas apurações. Normalmente é apresentada juntamente com a organização responsável pela sua aferição e disponibilização. COMPONENTES ADICIONAIS DO INDICADOR NECESSÁRIOS QUANDO O INDICADOR É APLICADO A UM PLANO Valor de referência (ou linha de base) Representa o valor a partir do qual será comparado o desempenho do indicador. Quando o valor de referência corresponde a uma apuração em exercício anterior ao do plano, utiliza-se o nome de linha de base. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 245 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas Meta Consiste no valor futuro que se deseja alcançar, no âmbito daquele indicador, em determinado momento ou período no tempo. Referência geográfica e social utilizada no plano Indica a referência geográfica e o grupo social que é alvo de mensuração do indicador no plano. Ex.: Distrito Federal – Homens; Brasil – Geral; etc. Curso CoPlanar MÓDULO 4 - PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS 246 Capacitação de Gestores para a Elaboração de Planos Estaduais e Municipais sobre Drogas OUTROS DADOS RELEVANTES SOBRE OS INDICADORES z Periodicidade de mensuração: define de quanto em quanto tempo há valor atualizado disponível para o indicador (ou para o conjunto de suas variáveis). Deve ter como base racional a frequência com que os dados são coletados. z Data de divulgação/disponibilização: data ou período em que normalmente os dados do indicador são divulgados em mídias eletrônicas, bancos de dados governamentais, pesquisas, entre outros. Deve deixar claro o atraso entre o período ou a data a que se referem o indicador e sua divulgação. Exemplo: junho do ano seguinte ao ano de referência do indicador; 30 dias após a data a que se refere o indicador etc. z Desagregabilidade territorial: explicita quais são as possibilidades de desagregação territorial dos dados do indicador, ou seja, responde à pergunta: em que medida os dados podem ser detalhados no território? A desagregabilidade pode ser nacional (caso em que não há desagregação), por região, por sub-região, por estado, por município etc. z Outras formas de desagregação: apresenta quais são as demais possibilidades de desagregação dos dados do indicador para representar diferentes