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DÍZIMODÍZIMO DA IGREJADA IGREJA ============================================== OU DA TRIBO DE LEVI?OU DA TRIBO DE LEVI? DÍZIMO DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? Por Valdomiro Filho vnofilho@gmail.com Copyright - Todos os direitos reservados mailto:vnofilho@gmail.com ÍNDICE PRÓLOGO....................................................................................................................4 APRESENTAÇÃO........................................................................................................5 IDENTIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO.............................................................................5 AS OCORRÊNCIAS ANTERIORES A LEI................................................................6 FALSOS CONCEITOS E EQUÍVOCOS.....................................................................8 O VERDADEIRO CONCEITO..................................................................................10 TRANSPOSIÇÃO DO DÍZIMO.................................................................................11 DÍZIMO DOS POBRES.............................................................................................12 DE QUEM É O DÍZIMO DO SENHOR?..................................................................14 NEM TODOS TINHAM DIREITO...........................................................................15 NENHUMA OUTRA FINALIDADE ........................................................................15 QUEM GANHAVA MAIS, QUEM GANHAVA MENOS..........................................16 ONDE É A CASA DO TESOURO?............................................................................16 O DÍZIMO E O SÁBADO...........................................................................................18 O DÍZIMO E A UNANIMIDADE..............................................................................18 “TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS”..............................................................................20 MALAQUIAS MAL APLICADO...............................................................................21 O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO.....................................................................23 UMA HERANÇA COBIÇADA PELA IGREJA DE HOJE......................................25 CITAÇÃO OU CONFIRMAÇÃO...............................................................................27 O QUE DIZER DE I CORÍNTIOS 9.13,14................................................................27 “A LEI NADA APERFEIÇOOU”...............................................................................28 O QUE DIZER DOS TESTEMUNHOS....................................................................29 O MODELO DE CONTRIBUIÇÃO APROVADO NO NOVO TESTAMENTO......30 “NÃO ATARÁS A BOCA AO BOI QUE DEBULHA”...............................................32 O DÍZIMO E A FÉ.....................................................................................................33 ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO.........................................................................34 SERVINDO A DOIS SENHORES............................................................................34 “O DÍZIMO, UMA DOUTRINA BÍBLICA”...............................................................35 O TESTEMUNHO DA HISTÓRIA...........................................................................37 OS JUDEUS DE HOJE E O DÍZIMO......................................................................38 É POSSÍVEL O DÍZIMO HOJE?..............................................................................39 CONCLUSÃO.............................................................................................................40 DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 4 O DÍZIMO ! DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? CONTRIBUA, MAS, SEJA CONSCIENTE PRÓLOGO Depois de anos estudando e aprendendo a palavra de Deus, em um processo contínuo, sempre buscando o aprimoramento do conhecimento, tomando como base a imparcialidade, sem a qual não somente eu, mas, qualquer pessoa que leia a Bíblia, jamais poderá ouvir a voz do Senhor corretamente, naquilo que quer transmitir aos seus filhos, resolvi escrever essa pequena apostila, pois quando ouvia falar do dízimo no princípio da minha fé, recém converso nas Assembléias de Deus, satisfazia-me ao ouvir as citações bíblicas de Malaquias 3.10, considerando-as suficiente para qualquer cristão ser obrigado pela Bíblia a dar o dízimo na igreja. Desde o começo, e, visando me defender das seitas que preenchem o universo religioso, busquei inteirar-me do que ensinavam e qual a argumentação bíblica mais adequada para tentar trazer alguns membros desses segmentos, caso a mim se dirigissem, para a religião que abracei. Foi assim, num campo de oração e investigação, que comecei a estudar os Adventistas do Sétimo Dia, que embora tenham uns ensinamentos bastante estranhos, não sei se os deveríamos chamar de seita, pois são comuns em pensamento em diversos pontos com os ensinamentos das demais igrejas. Para lhes considerar seita, simplesmente, penso que deveríamos refletir melhor sobre nós mesmos, pois quem pode definir o que é uma seita e qual o parâmetro: 1 - A quantidade de heresias que ensina (quem poderia dizer seguramente que determinado ensinamento é uma heresia), ou 2 - Ao invés da quantidade, o grau da heresia (a importância de certo ensinamento e sua influência no povo cristão). O fato é que quando se refere a opiniões, os grupos se dividem. Por exemplo: o sol sempre nasce no leste, certo...?! Alguém poderia dizer: depende...! Pois se convencionou chamar o nascente de leste, no entanto o norte da agulha da bússola aponta para o sul, e o sul para o norte, portanto se admitiria dizer que o sol nasce ao oeste, de um certo ponto de vista, assim quem adotar essa idéia talvez não se sinta obrigado a aceitar definição diferente; no entanto um terceiro entendimento pode desprezar os conceitos e as convenções e simplesmente apontar para onde o sol nasce, esse estará isento de erro, pois indicou o fato sem se preocupar com os conceitos, é assim que devemos proceder. Estudando esse segmento da religião, aprendi que os preceitos da Lei, todos eles, passaram por um processo do qual Cristo foi o executor, de modo que nenhum preceito da Lei é válido como mandamento, ordenança, orientação ou qualquer outro título que possamos dar, se não for ratificado, de alguma forma, no Novo Testamento, foi a partir desse pondo que Malaquias 3.10, deixou de ser suficiente para que eu recebesse uma orientação passiva para entregar o dízimo na Igreja, pois se tem um conceito convencionado de Ml. 3.10 que diz que devemos dar hoje o dízimo e tem que ser na igreja. Quero deixar claro que não sou contra a contribuição, apenas acho que a Igreja primitiva, instituída por Cristo, tem um excelente exemplo a nos dar, é esse comportamento e sentimento cristão que precisamos fazer os irmãos perceberem, se alegrarem nele, e assim, contribuírem. DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 5 APRESENTAÇÃO Este estudo não tem como objetivo a negação de contribuição para que os ministros (servos) cristãos se mantenham. Embora Jesus tenha dito de graça recebeste, de graça dai, certamente esta afirmação se refere àquilo que espiritualmente se dá aos compartilhadores da benção divina. Fato é que se alguém se dispõe a desempenhar atividades puramente cristãs, e, professadamente não se trata de um embusteiro, independentemente da função que ocupe na igreja, deverá, dignamente receber seu sustento dos outros irmãos que por força de opção, ou vocação, estão em atividades seculares. No entanto o sustento não pode ser, jamais, diferenciado. A idéia de igualdade quanto aos direitos humanos é uma tônica que permeia os ensinos por todo o Novo Testamento. A forma como se cobra as contribuições hoje, dista diametralmente dos princípios régios concebidos pela igreja primitiva. A inserção de cobrançasinerentes a Lei e ao sacerdócio levítico, tem se configurado um claro desvio dos preceitos da Nova Aliança, e a própria forma com que é tratada as arrecadações dessa contribuição, bem como a administração desses recursos tem se configurado um desvirtuamento do que estava prescrito para uso deles, previstos na Lei revelada no antigo testamento. Os comentários desse estudo visam traçar uma abordagem bíblica sobre uma dessas cobranças; hoje, extremamente propagandeada: O DÍZIMO por serviço religioso. De logo reforçamos que não é objetivo dessa pesquisa a indução a não contribuição, não há a afirmação “não dêem o dízimo”, mas certamente se perceberá a ênfase “não cobrem o dízimo”, o leitor descobrirá o porquê examinando os fundamentos bíblicos, históricos e espirituais, que procurei expressar de forma clara nas linhas que se seguem. Os textos bíblicos foram citados livremente da Almeida Revista e Corrigida e Almeida Revista e Atualizada, salvo quando indicado diferentemente. Espero que o leitor após concluir vistas a este conteúdo, encontre a paz, e passe a contribuir com aquilo que propor em seu coração. IDENTIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO Existiam diversos tipos de ofertas com finalidades específicas: os holocaustos eram as ofertas queimadas Lv. 6.8-13, 8.18-21, 16.24: compostas de bodes, carneiros, bois , pombinhos, totalmente queimados; oblação, Lv. 2.6-14,23, composta por grãos, flor de farinha, azeite de oliveira, incenso, bolo assado, sal, sem fermento nem mel, etc, oferta pela paz: que poderia ser qualquer animal sem defeito tomado do rebanho, ou variedades de bolos, oferta pelo Pecado, Lv. 4.1-5,13; 6.4-30; 8.14-17; 16.3-22: para o sumo-sacerdote e a congregação: um bezerro; para os líderes: um bode; para qualquer pessoa do povo: uma cabra ou um cordeiro; para os pobres: duas pombas ou duas rolas; se muito pobre: a décima parte de uma efa de flor de farinha e, o sacrifício pela restituição, Lv. 5.14-6.7; 7.1-6: um cordeiro. Algumas delas os sacerdotes podiam consumir em outros casos não, como por exemplo, a oferta pela consagração não podia ser consumida Lv. 6.23 “...Assim, toda a oferta do sacerdote totalmente será queimada; não se comerá.” O dízimo distingue-se de todas elas, pois além de ser “a décima parte” de determinada coisa como define o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, assemelhando-se ao sentido da palavra hebraica que tem também conotação ofertiva, usada em Gn. 14.20, como da palavra grega αποδεκατοω usada em Mt. 23.23, que no contexto bíblico, não tinha caráter sacrificial, a ponto de não se poder evocar qualquer implicitude de dízimo em nenhum sacrifício instituído na lei, ou mesmo anterior a ela, como por exemplo os sacrifícios de Caim e Abel. Quem, imparcialmente veria qualquer vestígio de dízimo nas ofertas desses dois homens? As naturezas e os objetivos são completamente diferentes. O dízimo difere até mesmo, na própria essência, das primícias. Com relação a DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 6 esta segunda existia, inclusive, uma festividade específica, Ex. 23.16 e 34.22, as primícias eram o que havia de melhor dos primeiros produtos, ao passo que o dízimo só se identificava no instante em que se concluía o trabalho de apuração, quando se contabilizava a extração dos últimos produtos, nesse momento, seguramente se podia quantificar o que representava os dez por cento de tudo. As primícias são de cunho qualitativo, ao passo que os dízimos são quantitativo. É possível ainda identificar três aspectos do dízimo na Bíblia, quais sejam: O espontâneo ou voluntário, o votivo e o obrigatório. O primeiro foi executado por Abraão, dando ao sacerdote-rei Melquisedeque, Gn. 14.20, único nos relatos bíblicos; o segundo executado por Jacó, também único na história bíblica, sem registro bíblico de seu efetivo cumprimento, Gn. 28.20-22; e, o terceiro surge na instituição da Lei de Deus, escrita por Moisés e apresenta-se em quatro tipos ou usos: O primeiro encontra-se em Lv. 27.30-33, combinado com Nm. 18.20-24, era o dízimo para o sacerdote e o levita; o segundo encontra-se em Dt. 14.22-27, esse dízimo parece não ser distinto do primeiro, pois se fala no amparo ao levita, no entanto deveria ser consumido também pelo ofertante diante do Senhor no local onde Ele fizesse habitar o seu Nome, esta passagem é interessante porque mostra a especificidade do dízimo: mantimento, não era reservas financeiras, e não podia se angariar ou multiplicar, por meio de negociata, mas, ser consumido; o terceiro, encontra-se em Dt. 14.28-29, era o dízimo do pobre, completamente esquecido pelas igrejas que cobram dízimo, desse também o levita participava; o quarto tipo surgiu quando a monarquia foi instaurada em Israel I Sm. 8.15. AS OCORRÊNCIAS ANTERIORES A LEI As ocorrências anteriores a Lei, são freqüentemente utilizadas, visando buscar apoio enfático ao ato de dar o dízimo, suscitando a idéia de que abolindo-se a Lei, o dízimo não pode ser abolido pois é anterior a ela. Ocorre que seguindo essa premissa teríamos então outros preceitos da Lei, com a mesma propriedade, por exemplo, ninguém entende que a circuncisão esteja em vigor pelo fato de ter sido ordenado por Deus a Abraão antes da doação da Lei, da mesma forma não considera válida, hoje em dia, o ato sacrificial com animais, e, ainda, o próprio sábado por terem sido ordenados antes da promulgação da Lei. Qual destes mandamentos deve ser guardado pela Igreja: apenas o dízimo? Por quê?...Os argumentos levantados não conseguem convencer, veja: São duas, as ocorrências anteriores a Lei, a primeira em Gn 14.20 e a segunda em Gn. 28.22: 1) Gn. 14.20 “... e bendito seja o Deus altíssimo que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abraão o Dízimo.” O conceito hoje convencionado faz com que os cobradores do dízimo, nos tempos atuais, vejam nesta ocorrência, uma obrigação anterior a doação da Lei. No entanto, uma análise contextual nos permite tirar outras conclusões. Nesse episódio temos um encontro entre Abraão e o Rei de Sodoma, onde Melquisedeque comparece trazendo pão e vinho. Daquele encontro surgiu, após a benção que o sacerdote pronunciou, a dádiva do dízimo praticada por Abraão, posto que não há nenhum registro anterior da prática do dízimo podemos concluir que Abraão não estava sob ordenança quando assim procedeu. A própria Bíblia diz que Melquisedeque além de sacerdote era rei e, como rei tinha suas possessões, daí poder ter trazido pão e vinho, conclui-se então que o ato de Abraão não destinava-se ao sustento do Sacerdote-Rei, finalidade primordial do dízimo, logo era diferente do dízimo de Ml. 3.10, mas, configura-se uma oferta voluntária, um presente mesmo, cuja estipulação quantitativa foi da décima parte. A expressão “e de tudo lhe deu Abrão o dízimo.” é significativa, pois “deu” dá a idéia pontual, ou seja, o Patriarca não “lhe dava o dízimo”, mas, apenas “lhe deu”, isso foi um fato, não uma prática. Quando se lê: “... de tudo lhe deu Abrão o dízimo.” a expressão “de tudo” leva- DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 7 nos a refletir: - Em uma guerra como essa que Abraão participou, há mortes, incêndios, danos ao patrimônio de todos os envolvidos, e com certeza do que se trouxe dos despojos da guerra, não se poderia ter tudo em melhor estado de conservação. Ficaria estranho o patriarca trazer a Melquisedeque utensílios quebrados, animais feridos ou doentes, frutas estragadas e outras coisas depreciadas. Logo se conclui que ao dizer “TUDO” em Gn. 14.20 o escritor sagrado usou de hipérbole (exagero da idéia) para ressaltar o fato. Esse estilo literário não era estranho aos escritores bíblicos. Encontra-se inúmeras passagens, tanto no Novo como no Velho Testamento, com essa forma de escrita. Uma delas está registrada no mesmo livro quando houve aquelagrande escassez de víveres no Egito e se diz que houve fome sobre toda a terra Gn. 41.56,57. A prova cabal de que nem de tudo recebeu os dízimos, o Sacerdote-Rei está em Hebreus 7.4 “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo, tirado dos melhores despojos .” (destaquei), se compreende por essa passagem que Abraão tirou tudo dos melhores despojos, não TUDO no sentido amplo; claro está que não há contradição entre os dois textos; o Velho e o Novo Testamento, um completando e esclarecendo o outro, naquilo que está sendo chamado por alguns de revelação progressiva. Ainda outra observação é oportuna, pois não devemos perder de vista que o dízimo de Abraão foi fruto de Guerra, nesse caso, da derrota de seus adversários tirou o patriarca o dízimo, logo a origem dessa dádiva não nos serve como exemplo, assim como a oferta de Jafté, que deu sua filha em sacrifício, não nos serve como exemplo, embora possamos tirar desses fatos outras lições, como por exemplo o fato de Deus aceitar nossas oferta, mesmo que esta não seja a forma ideal e aprazível a Ele. Podemos observar que quando o dízimo foi instituído legalmente não se vê prescrição acerca do dízimo dos despojos e trazer despojos nem sempre era a melhor coisa a se fazer, tanto, que Saul perdeu o seu reinado, ao não dar o fim ordenado por Deus aos despojos da guerra, I Sm. 15.21-23. Se precisarmos de provas de que despojo, não é, via de regra, algo que por obrigação deva ser submetido à partilha por dízimo, a encontraremos em Números, capítulo 31, onde se relata a vitória de Israel sobre os midianitas e a partilha dos despojos de guerra entre o povo, inclusive entre os sacerdotes e levitas. O Senhor ordenou a Moisés que dividisse os despojos em duas partes, a saber: uma para ser distribuída aos soldados que foram à guerra e outra para o restante da congregação, v. 27; o sacerdote ficou com o direito de receber a proporção de um para cada quinhentos, dos despojos que cabiam aos guerreiros israelitas, ou seja 0,2% (zero vírgula dois por cento), muitíssimo inferior ao dízimo; no entanto, foi ordenado por Deus: “Dividirás, pois, os despojos pela metade, entre os combatentes que foram à guerra e o conjunto da comunidade. Como tributo para IAHWEH cobrarás, sobre a parte dos combatentes que fizeram a guerra, um para cada quinhentos, tanto de pessoas, como de bois, de jumentos e de ovelhas. Tomarás isso da metade que lhes pertence, e darás a Eleazar, o sacerdote, como tributo a IAHWEH.” v. 27 a 29 na versão da Bíblia de Jerusalém. Aos levitas couberam dos despojos, parte do que cabia a congregação de Israel, conforme Nm. 31.30 “Da metade que pertence aos filhos de Israel tomarás um de cada cinqüenta, tanto de pessoas, como de bois, de jumentos, de ovelhas, de todos os animais, e os darás aos levitas que têm o encargo da Habitação do Senhor.” (A Bíblia de Jerusalém). Para os levitas, então, couberam 2,0% (dois por cento), logo, menos que o dízimo. Se prova, portanto que Abraão deu 10% dos despojos por voluntariedade e, não porque Deus o tenha exigido. Provado está em Nm. 31 que a partilha de despojo ordenada por Deus é diferente da praticada por Abraão; e por sinal não se vê o Patriarca dando dízimos de seus próprios bens, e isto não constituía crime algum, não havia ordenança em sua época. DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 8 Como se percebe por análise, Gn. 14.20 jamais apoiou ou apoiará a idéia moderna de que somos obrigados a dar o dízimo porque Abraão deu o dízimo. Ele foi voluntário. 2) Gn. 28.20-22 “...fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar ... certamente eu te darei o dízimo.” A leitura atenta desses versos confirma a ausência de uma ordenança bíblica acerca do dízimo naquela época, além de comprovar a inexistência de uma prática sistemática. Veja por exemplo que embora não houvesse ordenança a edificação de altares ao Senhor era uma prática: Gn. 8.20 “Levantou Noé um altar ao Senhor.” Gn. 12.7 “... ali edificou Abrão um altar ao Senhor...” Gn. 26.25 Isaque “... levantou ali um altar e tendo invocado o nome do Senhor, armou a sua tenda...” e, o próprio Jacó em Gn. 33.20 edificou uma altar ao Senhor; não foi assim com o dízimo. Está claro que Jacó, que era neto de Abraão, fez um voto de dar o dízimo. Ora se ele já desse antes, não teria sentido votar, pois não se vota em fazer aquilo que já se faz, o fato é que Jacó não praticava o dízimo, nem estaria pecando por isso, Deus não havia ordenado ainda, daí poder ter feito ele um voto, mas uma vez aí se vê que o dízimo foi uma oferta fixa cujo referencial foi a décima parte, Jacó era livre para ofertar outra coisa, se assim preferisse, como o foram Caim, Abel e outros. Outro ponto importante a se ressaltar é: a que título Jacó teria dado o dízimo a Deus? Não existiam templos, nem sacerdotes levitas, o que nos leva a conclusão que o dízimo de Jacó não foi repassado a nenhum homem, caso ache estranho, leia em Dt. 14.23, o dízimo consumido pelo próprio ofertante, isso se de fato ele cumpriu o voto, pois a Bíblia não atesta a fidelidade dele nesse por menor. Esses dízimos pré-mosáicos são claramente identificados como ofertas voluntárias, ocorridas em um certo momento histórico da vida dos dois homens de Deus, especificamente, Abrão ofertando a Melquisedeque, e Jacó em uma possível promessa feita diretamente a Deus. FALSOS CONCEITOS E EQUÍVOCOS Em busca da defesa do dízimo na nova aliança, os doutrinadores têm buscado os mais estranhos conceitos, a ponto de ficarem praticamente ilhados naquilo que acreditam, por exemplo: há quem defenda que para o dízimo haver sido abolido necessitaria que a Bíblia tivesse alguma expressão clara do tipo: “disse Jesus: os dízimos a partir da minha morte serão abolidos”, mas, se devesse ser assim teríamos que ter obrigatoriamente uma lista ditada por Jesus de todas as “abolições” dos mandamentos do velho testamento, o que tornaria o Novo Testamento diferente daquilo que conhecemos hoje, quem sabe, com um livro a mais, talvez intitulado “As Abolições do Senhor”, veremos neste estudo que não precisou o Senhor lavrar um livro do volume do Antigo Testamento para fazer cessar as prática desse antigo escrito Bíblico. O livro Dizimista Eu?, na página 16, 1ª Edição CPAD, cita Caio Fábio alegando que o dízimo “...é, antes de tudo, uma oferta de Deus a nós, pois antes de tudo quem oferta a Deus oferta a si mesmo...” Sabendo que estamos todos debaixo da graça de Deus, fica difícil aceitar a definição do reverendo, se for usada apenas esse trecho de suas palavras, na significação que quis dar o autor do livro da CPAD, pois se é como quer esse autor, então a Bíblia teria errado o conceito de oferta e dízimo. Sem dúvidas pode-se ver nessa idéia que há uma definição invertida ao que a Bíblia ensina, e levou a outra conclusão mais estranha ainda “... contribuir, antes de ser a consagração de alguma coisa a Deus é, ao contrário uma desconsagração de tudo que pertence a Deus.” É oportuno ressaltar que o autor desse dito não faz citações bíblicas em apoio ao que ensina, elas simplesmente não existem, são conceitos filosóficos, nem mesmo quando diz na mesma página que “o dízimo, segundo o Novo Testamento é uma DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 9 quantia de referência mínima para estabelecer o piso de nossas contribuições...” qual passagem do Livro Sagrado dá apoio a essa idéia? Nenhuma passagem do Novo Testamento nem mesmo nas que há citações do dízimo vê-se qualquer pretensão do escritor sagrado em estipular, ou mesmo dá a entender que tal contribuição devesse ser concebida dessa forma. Para não cometermos injustiça com o reverendo Caio Fábio, vale a pena registrar que o livro Dizimista Eu, o cita fora do contexto e parece não o ter entendido, pois a tônicado livro Uma Graça que Poucos Desejam, de sua autoria não é o dízimo, ao contrário, faz transparecer justamente o desapego ao dízimo para dar lugar a algo muito maior: A graça que Deus nos concede de termos para dar e dar com alegria, por isso, Caio Fábio registra em seu livro à página 81, falando da contribuição praticada no Novo Testamento “Não é o dízimo, mas dízima periódica da graça que gera graça, deixando a medida do dízimo pequena demais.” Os falsos conceitos e equívocos são encontrados freqüentemente em toda literatura que procura trazer como obrigação o dízimo para nossos dias, podemos identificar um desses equívocos no Informativo Voz da Assembléia de Deus, nº 3 - Novembro – 1999 (Pernambuco), onde se comenta na página 6, acerca dos “Vários tipos de dízimos entre o povo de Israel no Antigo Testamento”, especificamente no item 2 se registra com essas palavras: “O dízimo (10%) mais um quinto (1/5). Isto ocorria quando o dízimo era frutos do campo que por não poderem trazer, era convertido em dinheiro, (Lv. 27.30-33).” Desejo transcrever os versículos referenciados para que possamos juntos verificar se realmente é assim que a Bíblia nos ensina: “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do tudo das árvores são do Senhor; santa são ao Senhor. Porém, se alguém das dizimas resgatar alguma coisa, acrescentará o seu quinto sobre ela. No tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não esquadrinhará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se em alguma maneira trocar o tal e o trocado serão santos; não serão resgatados.” Pergunto onde está dito, nessa passagem, que o motivo da quitação do valor do dízimo, em dinheiro, a ser entregue, acrescido de 1/5, se deve por dificuldade de transporte? Não há nem sombra dessa idéia. Nem poderia haver, seria equivocado reconhecer dificuldades apenas com os produtos e frutos da terra. O dinheiro daquela época não era papel moeda, que facilmente se transporta, mesmo que os produtos fossem convertidos em dinheiro, um grande produtor agrícola, talvez tivesse dificuldades em carregar centenas de talentos de prata (medida de peso da época) para entregar aos sacerdotes. Os versos de Levítico acima citados falam de “resgate” ou “remiss ã o ” que significa a possibilidade do ofertante não se desfazer de todo ou parte dos produtos da terra que deveria entregar a título de dízimo. O meio era dar ao sacerdote condições de poder adquirir aquele mesmo tipo de produto de outra pessoa, no “comércio”, o que certamente custaria mais caro, por isso se determinou dar o valor acrescido de um quinto. O mesmo não ocorreu com o gado, não pelo fato de eles poderem fazer uso das quatro patas para se locomoverem, facilitando o “trabalho” do ofertante, mas porque eram animais que os sacerdotes poderiam sacrificar quando necessário. Constituíam-se em sacrifícios em potencial. Daí a proibição de resgate, ou seja, por mais que o dono, criador, quisesse, com dificuldade de locomoção ou sem ela, não poderia entregar esse dízimo em dinheiro ao sacerdote, nem mesmo em acordo com os encarregados do serviço do Templo. Era terminantemente proibido. Conversão dos dízimos, que nos tempos bíblicos sempre foram produtos do campo, em dinheiro era uma exceção não incentivada, e, não acontecia com freqüência, pois onerava o ofertante em 20% sobre o montante do dízimo, e só era possível o resgate com os vegetais, jamais com o gado. É provável que o comentarista tenha confundido essa passagem de Levítico 27, com a passagem de Dt. 14.22-27 a qual pediria ao leitor que não se privasse de ler, deste modo poderá verificar que não há relação direta entre elas, ao mesmo tempo em que poderá notar que o dízimo do Senhor poderia perfeitamente ser usado pelo próprio ofertante desde que não faltasse para o levita. Talvez você jamais tenha ouvido falar que DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 10 algum ofertante poderia usar, consumindo, seu próprio dízimo, em toda a sua vida cristã, embora a Bíblia já venha dizendo isso a uns 3 ou 4 mil anos. São informações bíblicas ofuscadas pelos equívocos e falsos conceitos. Outro conceito equivocado é a evocação de Mc. 12.17 “... dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” com o intuito de indicar que esse “dar a Deus” seja o dízimo ou dinheiro. O estudo do contexto não nos leva a essa idéia. A passagem fala do pagamento do tributo devido a César, que Jesus reafirmou realmente ser devido, mostrando que na moeda da época havia impresso a efígie de César. O homem foi feito a imagem de Deus, a exemplo da moeda que volta a pessoa cuja imagem está impressa, devemos nos voltar a Deus “... dai a Deus o que é de Deus.” Longe está esse contexto do evangelista Marcos de associar o dito de Jesus a bens materiais, antes nós leva ao entendimento que a alma humana deve ser entregue a Deus, o sentido é conclusivamente espiritual. O defensor ferrenho do ato do dizimar poderia ainda citar o Salmo 24.1 “... do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que neles habitam.” na tentativa de sustentar que o dízimo é um dever do homem. A imparcialidade é um virtude que deve ser buscada com todo afinco. O livro de Salmos é poético e mostra muito propriamente nessa passagem o âmbito do poderio de Deus, no entanto seria difícil aceitar este versículo genericamente, visto que Satanás e suas Hostes povoam e habitam os ares, a terra e o abismo, e, mesmo assim, não são de Deus. Portanto não basta dizer simplesmente que tudo é de Deus, precisa-se verificar os contextos escriturísticos, e, desta forma, podemos concluir que o Salmo não fala de contribuição a Deus e sim do seu poder. O VERDADEIRO CONCEITO Deus em Gn. 13.15 promete a Abraão que sua descendência herdaria a terra da promissão, posteriormente identificada como Canaã. Quando Israel, nação descendente de Abraão estava cativa no Egito, Deus fala com Moisés e promete livrar o seu povo e fazê-los habitar na terra que mana leite e mel, onde habitavam os Cananeus, Heteus, Amorreus, Ferezeus, Heveus e os Jebuseus Ex. 3.8. Em Ex. 23.30, Deus informa que a terra que prometera era uma HERANÇA. Em Números os filhos de Israel foram recenseados, com exceção da tribo de Levi, posto que a ordem de Deus era que eles não fossem contados entre os filhos de Israel, Nm. 1.47; 2.33. No entanto os Levitas não deixaram de ser computados Nm. 3.1, 15, apenas não se contava com as demais tribos, pois o Senhor os tomou para serem seus Nm. 3.12, incubindo-os do serviço sacerdotal. Mais tarde o Senhor manda fazer um censo entre os filhos de Israel Nm. 26 e nos versos 52 a 56 determina a Lei da divisão da terra, era a partilha da herança prometida a Abraão, Isaque e Jacó; os levitas, porém, estavam de fora desta partilha conforme a determinação divina. Em Nm. 34.16-29 vemos o Senhor determinando os homens que deveriam repartir a herança e no capítulo 35, o Senhor ordena que sejam concedidas aos levitas, não uma herança, mas cidades de habitação, ou seja o uso da herança das demais tribos. Qual, pois, era a herança dessa tribo aparentemente deserdada? O Senhor era sua herança e os Dízimos eram sua herança. Já havia sido reservada para eles quando o Senhor os separou para o serviço sacerdotal e o cuidado com o tabernáculo, e as coisas sagradas, Nm. 18.20,21 e 24: “Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles nenhuma porção terás: Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel. Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação ... porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: no meio dos filhos deIsrael nenhuma herança terão.” Logo, além de ser sustento dos sacerdotes e levitas, o dízimo é antes de tudo HERANÇA, de tal modo que dar dízimos a não sacerdotes ou levitas, evocando a Lei para isso, é tão estranho como se mandássemos o povo hoje circuncidar. Receber dízimo sem DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 11 ser um levita legítimo, genuinamente israelita é uma impropriedade, é receber a herança de outra pessoa, antes da Lei era possível porque não era uma ordenança, não existia a obrigação, davam-se ofertas de dez por cento. Se alguém hoje der dízimos não pode ser com fundamento no dízimo ordenado a Israel, conclui-se assim que não se pode fazer uso de Ml. 3.10. TRANSPOSIÇÃO DO DÍZIMO Ora, se Ml. 3.10, deve ser entendido como mandamento à Igreja, deveremos forçosamente entender que o preceito Pentatêutico do dízimo está em vigor, caso contrário não faria sentido em se falar “Malaquias 3.10”, mas, para uma economia cuja base de sustentação é diferente daquela dos tempos do antigo Israel, a ordem da dádiva do dízimo precisou sofrer adaptações, impostas pelos lideres eclesiásticos modernos: O dízimo em produtos passou a ser cobrado em dinheiro, os levitas e sacerdotes foram substituídos pelo alto clero e pastores, o local da entrega que era o templo de Jerusalém, onde disse Deus que faria habitar o seu nome, foi substituído por qualquer templo cristão, em qualquer lugar do mundo, os contribuintes deixaram de ser as onze tribos de Israel, herdeiras da terra de Canaã, para ser qualquer cristão, tenha ele herança de terra ou não, seja rico ou pobre, trabalhe ou não. O fato é que nenhuma dessas mudanças encontra apoio bíblico, sequer um único indicativo plausível. Talvez os líderes religiosos, promotores dessas mudanças sintam-se investidos de um “poder” que se via somente no Vaticano, para impor modificações nos textos bíblicos, devendo ser aceito pelos crentes, sem questionamento, sob pena de ser taxado de “está se levantando contra a obra de Deus”, todos aqueles que ousem por a prova, mesmo que pela Bíblia essas modificações que são arranjos humanos. Nesse aspecto os líderes parecem inconscientemente cumprir, em uma nova plataforma, a profecia de Daniel que falando da apostasia disse: “cuidará em mudar os tempos e a Lei” Dn. 7.25, pois quanto ao dízimo não abriram mão da lei, mas a modificaram completamente, mesmo que Jesus a tenha cravado na cruz. Podemos perceber, por análise, que as adaptações elaboradas pela maioria dos ministros cristãos, ficaram do tamanho de suas conveniências, pois, não ensinam, mas precisamos admitir que ao invés de 10% (dez por cento), se devêssemos dar, então deveríamos dar 12% (doze por cento), haja vista que essa é a prescrição bíblica para o dízimo em dinheiro, considerando que em dinheiro o efeito era remissivo, ou seja, Deus instituiu a dádiva do dízimo em bens de consumo, não em dinheiro, mas se o proprietário desejasse ficar com aquele bem deveria então dar ao sacerdote o valor do bem acrescido de 20% (vinte por cento), isto assegurava ao sacerdote o poder de compra, podendo encontrar e adquirir bem semelhante, mesmo que mais caro, Lv. 27.3, nesse caso já não era dízimo, mas, resgate ou remissão do dízimo. Se fôssemos transpor a contribuição dizimal para hoje, precisaríamos, pelos menos verificar, quais as funções que conforme a Bíblia, desempenhando um homem em substituição aos levitas, teria direito a percepção dessa dádiva: As seguintes referências poderão ser encontradas nos índices temáticos da Bíblia Vida Nova, acerca dos levitas,. Servir ao Senhor, Dt. 10.8 Servir ao Sacerdote, Nm. 3.67, 18.2 Servir ao Povo, 2 Cr. 35.3 Vigiar o Santuário, Nm. 18.3, 1 Cr. 23.3 Guardar os Instrumentos e Vasos Sagrados Nm. 3.8, 1 Cr. 9.28,29 Cuidar dos Dízimos e Ofertas, etc. 2 Cr. 31.11-19, Ne. 12.44 Fazer o Serviço do Tabernáculo, Nm. 8.19-22 Desarmar, Amarar e Carregar o Tabernáculo, Nm. 1.50,51; 4.5-33 Preparar os Pães da Proposição, 1 cor. 9.31,32; 23.29 Purificar as Coisas Santas, 1 Cr. 23.28 DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 12 Regular Pesos e Medidas, 1 Cr. 23.29 Ensinar ao Povo, 2 Cr. 17.8,9; 30.22; 35.3; Ne. 8.7 Abençoar o Povo, Dt. 10.8 Guardar os Portões do Templo, 1 Cr. 9.17-26; 25.5, 2 Cr. 35.15; Ne. 12.35 Dirigir a Música Sagrada, 1 Cr. 23.5-30, 2 Cr. 12,13; Ne. 12.24-27,43 Entoar Louvores Perante o Exército, 2 Cr. 20.21,22 Julgar e Decidir Controvérsias, Dt. 17.9, 2 Cr. 23.4; 19.8 Guardar o Rei e sua Casa em ocasião de Perigo, 2 Rs. 11.5-9, 2 Cr. 23.5-7. Por analogia temos os seguintes “cargos” da Igreja, cujos ocupantes teriam direito ao dízimo: O Pastor, “correspondente” do Sacerdote; o evangelista e o presbítero por ensinarem ao povo; ai apareceriam, também os professores da Escola Dominical com direito ao dízimo; o vigia da Igreja, não simplesmente o salário, mas a partilha do dinheiro arrecadado com o dízimo; o pessoal de conservação do patrimônio de igual modo; o tesoureiro; os diáconos e auxiliares que dão suporte para a realização do culto: cuidado com o som, iluminação, arrumação dos bancos, etc.; os maestros juntamente com os membros do coral, etc. Mas isso fracionaria demais o valor arrecadado, por isso concentrou-se o direito a uns poucos privilegiados, embora que o dízimo em si mesmo, não seja nenhum privilégio, mas se alguém restringe o direito dos demais, põe os que recebem em privilégio. Existiam ainda os pobres que pela Lei tem direito a partilha dos dízimos e o Rei de Israel, I Sm. 8.15, cuja transposição acarretaria a maior confusão entre presidencialistas e monarquistas, pois a quem deveria ser entregue o dízimo do Rei, ao presidente por estar no poder, ou a desconhecida família Imperial deposta a mais de uma centena de anos. Por tudo se vê hoje um dízimo moldado ao interesse de seus cobradores, jamais o dízimo bíblico instituído por Deus para Israel em um contexto histórico. Uma outra observação é oportuna e acarretará maior confusão ainda para os transpositores do dízimo. Vimos a transposição por comparação, mas a Bíblia nos informa textualmente quem são os sacerdotes no N.T., lemos no Livro Sagrado em I Pe. 2.9 “Vos, porém, sois raça eleita, sacerd ó cio real , nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.” (grifei). Será que você identificaria essa descrição com um pequeno grupo entre os cristãos fiéis, e, afirmaria serem apenas eles parte legítima numa transposição, beneficiando somente a esses poucos, ou afirmaria seguramente, e sem medo de errar que Pedro está se referindo a todos os fiéis em Cristo? Perceba que as qualidades de um sacerdócio e reino que Melquisedeque tinha, a nação eleita também tem, Ap. 1.6 traz: “E nos constituiu reino, sacerdotes para Deus seu Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” O fato é que para uma correta transposição do dízimo dever-se-ia considerar cada crente individualmente rei e sacerdote e portanto digno de dízimo. Ap. 20.6, isto se o dízimo continuasse em vigor. DÍZIMO DOS POBRES É veemente a cobrança do dízimo aos pobres no meio da maioria das igrejas evangélicas, a ponto de se coagir direta ou indiretamente de púlpito, aos desafortunados. Devem ser lembrados tais pregadores que os bens dizimados na Lei eram de caráter estritamente de sustentação, não só aos levitas como herança, mas, também aos pobres, como manutenção da vida, inclusive com uma instrução bíblica acerca disto, Dt. 14:28,29 “Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano, e os recolherás nas tuas portas. Então virá o levita (pois nem parte, nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se- ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda obra das tuas mãos, que fizeres.” Observe-seque os pobres: o estrangeiro (peregrino), o órfão e a viúva, estão alistados juntamente com os levitas, só que nunca ouvi ser solicitado uma contribuição de dízimo para ser entregue a qualquer necessitado que seja, para eles se pede uma oferta DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 13 chamada de “segunda oferta”, geralmente anunciada depois de haverem sido recolhidos os chamados “dízimos e ofertas”, este primeiro, em geral, o necessitado não participa dele, cabendo-lhe o que houver sobrado nos bolsos dos ofertantes que de bom grado se dispuserem a dar uma segunda oferta. Ora! Se existia um ponto da Lei que visava prover os pobres; mesmo que o dízimo estivesse em vigor hoje, ainda assim, tal cobrança ou coação a eles seria indevida. Quanto mais tempo se passa para que as pessoas tomem o conhecimento da verdade, mais prejuízos espirituais e materiais terão. O periculum in mora termo jurídico que significa o PERIGO DA DEMORA, caberia bem aqui, pois quanto mais se demora vir a tona toda a verdade acerca do dízimo, falo da verdade bíblica, espiritual, investigada e discutida, mais se coloca em privação os irmãos, cuja condição de vida já é precária, fruto de um sistema social e político que Satanás tem completo empenho em construir, pois aos pobres mais necessitados, aos quais é cobrado dízimo, há um perigo presente na demora em se conhecer a verdade, visto que pensando em não faltar com o Senhor, ele faltará com os de casa, pondo sua família em desespero de fome e necessidade e, ao pensar assim, o necessitado está destruindo aquilo que pensa construir. E há quem ensine que deva ser assim. Isto se vê na página 54 da lição da E.B.D 3º Trimestre de 1999, das Edições CPAD, o comentarista é taxativo “...há crentes que, ao invés de obedecer à palavra de Deus, .... querem ajudar os parentes necessitados”, além de achar que obedecer a Palavra é obedecer seu próprio conceito das coisas, considera dízimo algo em que o necessitado não pode tocar, e parece desconhecer Dt. 14.28,29, contrariando o preceituado em Dt. 26.12,13 que diz: “Quando acabardes de dizimar todos os dízimos da tua novidade no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem. E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei o que é consagrado de minha casa, e dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; nada traspassei dos teus mandamentos nem deles me esqueci.” Agora pergunto: Quem era o responsável por ir entregar dízimos aos levitas senão o próprio ofertante? E, quem era o responsável por entregar dízimos TAMBÉM aos pobres necessitados, senão o próprio ofertante? Como pode, então, o comentarista dessa revista “estufar o peito” e dizer imperativamente na pg. 54 “entende de uma vez por todas: O teu dízimo tem de ser entregue à casa do tesouro.”? Este chavão: “Casa do Tesouro”, usado por muitos líderes e também pelo comentarista é fruto do mal entendimento de Ml. 3.10, que, via de regra, não poderia ir em choque com um preceito da Torá (Pentatêuco), a PARTE do dízimo devida aos levitas e sacerdotes deveriam ser levados, cada um por seu turno: o povo aos levitas e os levitas aos sacerdotes, integralmente e de todos os dízimo prescritos em Lv. 27.30-33, não há contradição, se dá ao levita e se dá ao pobre, em Malaquias reclamou-se a parte dos levitas e sacerdotes. Podemos afirmar tranqüilamente que existe mais referências no Novo Testamento em apoio a ajuda aos necessitados que de dízimos para sustento do templo cristãos, pois, de fato, não há nenhum, nem templos cristãos existiam, mas há fortes determinações para ajudar principalmente aos parentes, aos quais o comentarista quer que neguemos, I Tm. 5.8 “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que um infiel.” Em grego infiel é o mesmo que incrédulo. O responsável pela Lição da EBD, fez uma opção: ressuscitou uma prescrição pentatêutica que de alguma forma pode lhe beneficiar, negou a fé no Novo Pacto, desconsiderando não só as demais palavras do Pentatêuco, já citadas, como as palavras constantes do Novo Testamento ditas por Paulo, como estas endereçadas a Timóteo. Ora a Bíblia dá exemplo que a necessidade, quando afeta a vida natural, embora como exceção, pode ser suprida mesmo na desobediência de um preceito. Em Mt. 12.3-6, Jesus defendeu os discípulos de uma possível transgressão do sábado usando dois exemplos, dos quais desejo fazer uso do primeiro deles: quando Davi e seus companheiros comeram do pão da proposição, que somente o sacerdote poderia comer. Ressalte-se que se o preceito deve ser entendido com legalismo, e, essa era a linha adotada pelos fariseus, então, de fato, os discípulos e o DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 14 próprio Davi são transgressores da Lei, mas, se atentarmos para o espírito da Lei e essa era a linha adotada por Cristo, então, não houve transgressão, pois, de fato, os pães da proposição eram para mantimento dos sacerdotes, e isso era para eles porque não tinham posses, no entanto seguindo o mesmo princípio da não falta de mantimento e manutenção da vida, a aqueles que não tenham onde conseguirem, é possível, na hora da necessidade, com fez Davi ao usar os pães da proposição, usarem tudo que possui para estarem bem. Os pobres que não tenham meios de satisfazer as necessidades básicas, certamente não estão obrigados a dar o dízimo, podendo, inclusive usá-los, além de pela Lei deverem receber, como se prega que o dízimo é para manutenção da obra de Deus. Então, manter vivo e feliz um pobre faz parte da obra Deus. Se tal pobre não recebe a manutenção afim de que seja propiciado seu bem estar por parte da organização religiosa ao qual está vinculado, esta organização não está fazendo a obra de Deus, logo é debalde entregar alguma coisa a ela, pois certamente os recursos não estão sendo empregados corretamente. E quando algum membro reconhece essa falha na administração eclesiástica e se resguarda em ofertar no templo, surge a frase mais demagógica que ouvi na minha vida, colocando até mesmo os políticos seculares “no bolso”, pois usa a fé na divindade, não no homem quando argumentam: “Entrega o teu dízimo na igreja e o resto é com Deus, não se preocupe o que a Igreja vai fazer com ele, Deus se responsabiliza.” Quem já estudou, ou ao menos leu as práticas da Igreja Católica na idade média, principalmente nas épocas “áureas” da inquisição não terá dificuldade em identificar esse argumento com inúmeros argumentos católicos análogos, que punham os fiéis contra a parede usando o nome de Deus para isso, quando o próprio testemunho da história mostra que eles usavam de pura demagogia e coagiam milhares de fiéis a fazerem coisas, que pensavam eles serem a coisa cristã certa, ao passo que os ordenadores estavam, simplesmente, preocupados ou mesmo havidos por eliminarem o empecilho a fim de alcançarem seus objetivos. Os cobradores desses pobres é que deveriam contribuir com eles e não cobrá-los. Sobre essa prática de cobrança injustificada, brilha a verdade divina que de tão abrangente não se põe de fora desse contexto quando diz em Mt. 12.7 “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.” DE QUEM É O DÍZIMO DO SENHOR? A Bíblia diz “ ” - DEUS É ESPIRITO - portanto quereria Deus alguma coisa material para si próprio? Sendo Deus Espírito, o que quer que venha a requerer do homem, materialmente falando, sem dúvidas não será para seu próprio uso, assim quando o Senhor determinou as tribos de Israel que lhe apresentassem o dízimo, certamente intentou destiná-lo a alguém, eesse alguém foi a tribo de Levi, essa destinação foi uma providência divina, uma provisão aos filhos de Arão, filho de Levi, separados para o serviço do Santuário Dt. 18.1-2, Nm 18.20,21, o v.21 diz “e eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos de Israel por herança...” em passagens como esta e outras podemos entender que: 1- O dízimo do Senhor era dado aos levitas como sustento por herança, v. 24 “porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: no meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.” 2- Do que os levitas recebiam separavam o dízimo dos dízimos, oferecidos ao Senhor, dados porém a Arão. Nm 18.26-28, Ne. 10.37,38. 3- Nenhum deles tinham qualquer possessão, apenas concessão de habitação. 4- Só para quem exercesse serviço exclusivo do altar. 5- Só o resgate ou pagamento de inscrição de recenseamento, era em dinheiro dado ao sacerdócio. DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 15 6- Ou a remissão do dízimo, quem também era em dinheiro. NEM TODOS TINHAM DIREITO Já identificamos que os dízimos de Abraão e Jacó foram completamente espontâneos. Eles não estavam sob mandamento quando praticaram esse tipo de dádiva, fora esse, só vemos um tipo de dízimo “eclesiástico”, o instituído na Lei de Deus, dada por Moisés, e este era a herança dos levitas, por isso; dízimo por serviço religioso, só existiu uma tribo no mundo e em todos os tempos a quem Deus destinou; jamais se vê o Pai Eterno destinando esse benefício a quem quer que seja, por lhe haver prestado serviço eclesiástico. Nos tempos bíblicos não era simplesmente o fato de se fazer a obra de Deus para ser digno do dízimo, tinha que ser necessariamente descendência de Levi, você em sua leitura diária da Bíblia encontrará dezenas de homens de Deus que fizeram sua obra e no entanto não recebiam dízimos. Por exemplo: profetas e juízes. Isso deixa claro que o dízimo objetivava o sustento de uma tribo específica de Israel, privada de angariar posses e sem herança na terra prometida, que para alimentar-se dependia dos dízimos ofertados das outras onze tribos. Se buscarmos na Bíblia de Gênesis a Apocalipse uma única autorização de Deus que permita a outras pessoas, povos ou mesmo outra tribo de Israel receber dízimo, por serviços a Ele prestado não a encontraremos. Nenhuma igreja cristã de bom senso irá reivindicar que o povo judeu deixe sua terra para passar a habitá-la, por ser considerado pela Bíblia de “Israel Espiritual”, o solo de Israel pertence aos judeus, é a herança deles, é justo que ninguém a queira, por que, então, praticamente todos os segmentos cristãos querem a herança dos levitas e sacerdotes? Nm. 18.21. Quem os incentivou a esse fim, uma vez que não encontramos indicativos bíblicos? NENHUMA OUTRA FINALIDADE Hoje se arruma todo tipo de pretexto para cobrarem o dízimo, objetivando se fazer inúmeras coisas, com a denominação de “obra de Deus”, no entanto não se vê dízimo para obra alguma na Bíblia, mas para mantimento Ml. 3.10 e, esse mantimento refere-se a tudo que a tribo encarregada do serviço do templo precisava para viver. Se perguntarmos quais os exemplos de aplicação do dízimo na Bíblia, não encontraríamos resposta para temas, dentre outros, como: a) Construção de templos - Não se encontra na Bíblia dízimo como esse fim, todas as ocorrências de construção de um local de cerimônias indicam para as ofertas voluntárias, Ex. 25.2; 35.5 e 29, esse último versículo gostaria de transcrever: “Os filhos de Israel trouxeram oferta voluntária ao Senhor; a saber todo homem e mulher, cujo coração os dispôs para trazerem uma oferta para toda obra que o Senhor tinha ordenado se fizesse por intermédio de Moisés.”(os destaques são meus), agora responda: Com que tipo de oferta se faz a obra do Senhor? Se precisarmos de mais exemplos poderemos encontrá-lo em I Cr. 29. É interessante que só se pedia o necessário, alcançado o objetivo o povo poderia até ser proibido de dar mais, Ex. 36.3-5. Para os mais resistentes as verdades bíblicas e mais apegados as tradições denominacionais, temos a confirmação de que construção de templo ou a reforma deles não se fazia com dízimos, Esdras 2.68,69 “Alguns dos cabeças de famílias, vindo a Casa do Senhor, a qual está em Jerusalém, deram voluntárias ofertas para a Casa de Deus, para restaurarem no seu lugar, segundo o seu recurso deram para o tesouro da obra, em ouro sessenta e um mil dáricos, e em prata cinco mil arráteis, e cem vestes sacerdotais.” Até os Adventistas do Sétimo Dia, que cuidam guardar a Lei e são cobradores de dízimos, reconhecem em um de seus trabalhos disponíveis na Rede Mundial de DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 16 Computadores (Internet) que “O dízimo não era usado para manutenção do templo, o templo sempre foi mantido por ofertas.” Assinam o trabalho os Pastores Adventistas Hélio Coutinho e Moisés Matos. b) Envio de missionários - encontramos um missionário no Velho Testamento, o conhecido profeta Jonas, que tem um livro com o mesmo nome, sua história é famosa pois ao receber uma ordem divina para proclamar a palavra de Deus contra a grande cidade de Nínive, resolve fugir para Társis, numa embarcação, acaba sendo jogado no mar, engolido por um animal marinho e vomitado na terra. A pergunta é: com que dinheiro Jonas pagou a passagem da viagem para Társis? Jn. 1.3, lembre-se que ele era um missionário do Antigo Testamento e não sendo levita não tinha direito a dízimos. E as viagens de Paulo, qual indício teríamos em favor de uma despesa efetuada pelo apóstolo paga com “dízimos” arrecadados? Certamente: nenhuma! O que diríamos das festas de líderes, confraternizações, aniversários dos mais diversos órgãos da igreja, despesas com manutenção de templos, quando deveriam ser feitos com as ofertas voluntárias. Quem quer que busque respaldo bíblico para fazer face a essa despesas utilizando o dízimo não o encontrará, o dízimo eclesiástico, só tinha uma finalidade; sustento dos levitas, sacerdotes e necessitados, nenhuma “obra” se devia fazer com ele. Para coisas diversas se tinha a oferta voluntária. Quem investiu os novos líderes religiosos de poderes para mudar o uso e a finalidade dos dízimos? Informe-me, pela Bíblia, por favor!!! E, cuidado para não responder como a Igreja Católica dizia na Idade Média, e, ainda diz: “temos autoridade de Deus para isso.” QUEM GANHAVA MAIS, QUEM GANHAVA MENOS Quem acha que o dízimo era um salário, engana-se; primeiro porque a própria Bíblia diz que era herança, segundo porque não era dado em dinheiro, terceiro porque com salário se faz o que quer, inclusive arrumar um jeito dos bens crescerem, não era assim com o dízimo que deveria ser consumido pela tribo de Levi, onde ninguém ganhava mais pela sua posição ou cargo, a idéia era de sustento não de estoque, embora pudesse haver, no entanto a vida folgada não era um dos objetivos das contribuições, o dízimo significava sobrevivência, não regalias. ONDE É A CASA DO TESOURO? O estudante atento da Bíblia, poderá perceber que o dízimo, a exemplo de diversos ensinos bíblicos, firmou-se através de uma revelação progressiva, primeiro em Abraão, com um dízimo voluntário, entregue, possivelmente num lugar chamado de Savé, a Melquisedeque, Gn. 14.17; mais tarde Jacó através do voto, sem especificar onde depositaria o dízimo, e, se de fato, cumpriu; posteriormente foi instituído pela Lei quando Deus o deu por herança aos sacerdotes e levitas, em seguida vemos Deus dizendo que os dízimos deveriam ser entregues num lugar específico; onde Deus faria habitar o seu nome, na Casa do Tesouro, mais tarde esse lugar é identificado como o Templo (compartimento exterior) construído em Jerusalém. Quantas CASAS DO TESOURO existem? Quantas devem ou deverão existir?Se olharmos somente para a Bíblia contemplaremos um único lugar de depósito do sagrado que é a mesma e única Casa do Tesouro e o único local onde os levitas deveriam entregar os produtos dos dízimos, quem poderá determinar diferente? Os Assembleianos com uma “Casa do Tesouro”, ou os Batistas com outra “Casa do Tesouro”, ou seria a DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 17 “Casa do Tesouro” Presbiteriana a legítima? Talvez uma das milhares de “Casas do Tesouro” espalhadas pelo mundo, fruto dos diversos ramos protestantes, ou quem sabe a Sede dos Católicos em Roma, visto que eles estão voltando a cobrar o dízimo, ou será todas elas são “Casa do Tesouro”? Certamente apenas uma é a Casa do Tesouro bíblica. As medidas do Templo de Salomão, conforme nos esclarece o Manual Bíblico de H. H. Halley, 9ª Edição, 1989, Vida Nova, página 201, eram de 30 m de comprimento, 10 m de largura e 15 m de altura, isto considerando o côvado de 50 cm, cuja possível variação era de 45 cm a 52 cm, pois as medidas estão registradas na Bíblia em côva-dos. Existiam três andares de câmaras externas anexas ao Templo. Cada andar de câmaras possuía tamanhos diferentes, o primeiro era de 2,5 m de largura e 2,5m de altura, o segundo era 3,0 m de largura pela mesma altura e o terceiro 3,5 m , com igual altura, essas pequenas câmaras não serviam apenas para o estoque do dízimo, existiam as câmaras dos Cantores, a da Guarda Real, e, a própria câmara do Tesouro não era usada simplesmente para a guarda do dízimo, as riquezas, (pratarias, ouro, etc.), também se depositavam lá. Considerando que na época da construção do templo já se contava 38.000 levitas da idade de 30 anos para cima, fora as crianças, as mulheres e os homens menores de 30 anos, I Cr. 23.3, imagine se a parte devida ao levita precisasse ser estocado nessas câmaras, sem dúvidas ficaria um amontoados de coisas empilhadas na parte externa do Templo, por não mais caberem nos Celeiros anexo ao Prédio Santo. Por isso quando se diz que o dízimo deveria ser entregue na Casa do Tesouro não estava se referindo ao dízimo dos levitas, mas ao dízimo dos sacerdotes, Ne. 10.38 “E o sacerdote, filho de Arão, deve estar com os levitas quando estes receberem os dízimos; e os levitas devem trazer o dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, para as câmaras, dentro da tesouraria.”(destaquei) Existiam muitas sinagogas na época de Cristo. As sinagogas eram lugares de reunião dirigidas por chefes ou anciões, chamados de principais, Lc. 13.14, Mc. 5.22. Serviam também como escola, tribunal, etc., e a direção de determinada reunião poderia ser entregue a qualquer judeu designado pelo chefe, Lc. 4.16 ss., At. 13.15. O Templo porém, diferia da sinagoga, pois tinha toda uma arquitetura determinada por Deus: Pátio, o lugar santo e o lugar chamado de santo dos santos, segundo o modelo do Tabernáculo, nele somente sacerdotes e levitas podiam ministrar. Não existiram dois ao mesmo tempo, embora a historiologia bíblica nos apresente três: O primeiro chamado de templo de Salomão, pois foi construído no seu Reinado; com a destruição deste por Nabuzaradã general de Nabucodonosor, em 587 a.C. (II Rs. 25.8,9). O segundo, foi construído, depois do cativeiro babilônico de Israel, sob o comando de Zorobabel, Ed. 5.2. Na época de Cristo outro templo havia substituído o de Zorobabel, foi o chamado Templo de Herodes, era o maior entre os três, nesse lugar, ou seja no Templo que ficava em Jerusalém, foi o lugar determinado por Deus para que fossem depositado os dízimos ordenados a Israel, e não há a mínima pista na Bíblia que permita-nos concluir que o dízimo poderia ser entregue em outro local, nem mesmo numa Sinagoga, Dt. 12.5,6. O fato é que a expressão “ Casa do Tesouro” não surgiu ao mesmo tempo da construção do Templo e, de fato não refere-se ao Santuário em si. Quando Salomão o construiu nos informa a Bíblia em I Rs. 6.5 que “ contra a parede da casa, tanto do santuário como dos santos dos santos, edificou andares e ao redor fez câmaras laterais ao redor”, observe-se “ao redor” não no interior. A essas câmaras ou celeiros Neemias que viveu muitos anos depois da Edificação do Templo de Salomão chamou de Casa do Tesouro. Nesses celeiros eram depositados não os dízimos de toda a casa de Levi, mas apenas os dízimos dos dízimos devidos aos sacerdotes, Ne. 10.38 “... os levitas trariam o dízimo dos dízimos à Casa do nosso Deus, às câmaras da Casa do tesouro.” É comum ao crente de hoje achar que “Casa do Tesouro” seja o lugar onde se deve entregar dinheiro, no entanto o contexto bíblico nos permite, seguramente, afirmar que o que ali se depositava não eram munerários, mas produtos alimentícios, Ne. 10.37 a 39, tanto que a Bíblia Viva traduz assim Ml. 3.10 “Tragam todos os dízimos aos DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 18 depósitos do templo, para haver mantimento em minha casa.” (destaquei), a essa altura alguém deve está se perguntando acerca do dinheiro que a viúva depositou. Gostaria de lembrar: a) Não era dízimo. b) Não foi na casa do tesouro (câmara do templo). c) Foi depositado numa urna de arrecadação de oferta chamada Gazofilácio, logo refere-se a oferta voluntária. A Casa do Tesouro contrasta de tal forma com a Igreja a ponto de não se identificar com um templo cristão, a prova disso é a sua inexistência no princípio do cristianismo, pois todos pregam que o dízimo deve ser entregue no templo, inclusive o pastor Paul Yong Cho, hoje David Cho, no livro Soluções Para Os Problemas da Vida, Editora Vida, 1985, pág. 39 “... o dinheiro do dízimo deve ser dado ao Senhor por meio da igreja local onde a pessoa assiste.” O pastor Cho, parece desconhecer que no princípio do cristianismo não existiam igrejas com a organização que conhecemos hoje. Conforme o Manual Bíblico de H. H. Halley o primeiro templo cristão foi construído no reinando de Alexandre Severo em 222 e 235, antes os cultos eram realizados nas casas dos crentes, como bem testifica o livro de Atos, logo, mesmo que fôssemos obrigados a dizimar, dizer que o dízimo deve ser entregue na igreja local não tem respaldo bíblico. O DÍZIMO E O SÁBADO Aos cobradores do dízimo falta-lhes uniformidade no trato com os mandamentos da lei; coerência nas suas interpretações da Bíblia, pois todos afirmam “ a Lei foi abolida por Cristo na cruz.” no entanto negam a eficácia do sacrifício de Cristo ao cobrarem o dízimo, ora o dízimo era um mandamento da Lei, se perguntarmos porque não se guarda o sábado todos responderão: porque foi abolido. Será que esse entendimento de abolição não se aplica ao dízimo, em Mt. 5.17, lemos que Jesus cumpriu a Lei , de modo que da mesma forma que o sábado não é mais como era antes, também as ofertas pentatêuticas não o são. O DÍZIMO E A UNANIMIDADE A polêmica gerada pela fusão pretendida de Ml. 3.10 com Mt. 23.23 e o cristianismo tem dividido o povo de Deus. Quando era praticado na época própria, por um povo próprio e dado a quem de direito, todo o Israel vivia unânime, mesmo que tenha sido achado em falta algumas vezes. Não obstante aquela nação sabia o que fazer e como fazer, quando se trouxe essa prática para o meio cristão, mergulhou o povo em confusão, provinda da falta de um estudo exaustivo sobre o assunto, estudo esse que talvez nunca ocorra pois, ao se estudar a prática do dízimo se chegará, fatalmente, a uma única conclusão biblicamente possível: os cristãos dos primeiros séculos, embora fossem fartos, no sentimento de ofertar, não o faziam por meio de dízimos. Hoje se perguntarmos o que devemos dizimar, ouviremos em resposta: TUDO. Mas tudo o que? E, como? As pessoas geralmente dão dízimo do salário, e por sua vez uns dão do bruto, outros do líquido, considerando os descontos de imposto de renda e seguridade social. Ainda há os que quitam suas dívidas e do que restar tiram o dízimo, não estouaqui para julgar este ou aquele procedimento, mas o fato é que os tais, não têm absoluta certeza do que estão fazendo, cada um desconhecendo o entendimento do outro sobre a matéria, acha-se certo. No entanto, se os pusermos em diálogo sobre o assunto certamente haverá insinuações e acusações e nesse momento descobre-se a falta de unanimidade. E o que dizer do dízimo de algum presente recebido; por exemplo: alguém recebe dez camisas de presente, deve ele dar uma (a décima parte)? E se for apenas uma a camisa presenteada, um carro ou um apartamento, o que fazer...? Dificilmente se ouvirá uma orientação oficial da Igreja de púlpito acerca disto e até se levantaria inúmeras outras questões DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 19 polêmicas. Geralmente os bens que um cristão passa a ter hoje em dia não entram em questão, apenas o dinheiro que ele recebe é que está em evidência, embora saibamos que isoladamente, aqui e ali, alguém se preocupe com esse detalhe. A falta de unanimidade atinge até mesmo os líderes, pois ao passo que a revista da Escola Dominical das Edições CPAD, para Jovens e Adultos, 3º trimestre de 1999, informa que está em plena voga Ml. 3.10, ressaltando que aquele que não dá o dízimo rouba o Senhor, página 53; a revista de apologética Defesa da Fé, embora defenda a prática do dízimo, é mais amena e coerente em seu comentário ao dizer no exemplar de nº 08, período de setembro a outubro/98, página 21 que “Obviamente, jamais deveremos admitir ou apoiar os que procuram obrigar o povo de Deus a contribuir (II Co. 9.7)”. Este segundo comentário, ao assim registrar revela estar mais sensível ao espírito neotestamentário, em oposição ao primeiro, que ao confundir, ou mesmo fundir judeus com cristãos, condena ao inferno àqueles que não derem o dízimo, caracterizando o ato de dar numa obrigação: um requisito para a salvação, pois se quem não dá “ROUBA” o Senhor esse tal não poderá entrar nos céus, I Co. 6.10. Seguramente o Novo Testamento nos diz diferente; os apologistas da Revista Defesa da Fé tiveram a sinceridade de informar aos leitores a passagem II Co. 9.7. “Cada um contribua segundo propôs no seu coração...” O comentarista da revista da CPAD classifica a abstinência da prática do dízimo home, como roubo ao Senhor, pois baseia o seu discurso na coação e não na conscientização do ofertante. Quem quererá ser taxado de “ladrão dos bens do Senhor”? No entanto como comentarista de uma revista da Escola Dominical, deveria ele informar que a tradução do texto de Malaquias cap. 3, nos versos em que a tradução de Almeida usa o verbo roubar, diversas outras traduções trazem outros verbos, o verso 8, por exemplo: “Pode um homem enganar a Deus? Pois vós me enganais! - E dizeis: em que te enganamos? Em relação ao dízimo e a contribuição” Bíblia de Jerusalém “Pode acaso um homem enganar a Deus? No entanto, vós me enganais! Dizeis: ‘Em que te enganamos?’ - No pagamento do dízimo e dos tributos” T.E.B. “‘Pode um homem enganar a Deus?’ Pois vocês me enganaram! vocês perguntam: ‘em que te enganamos?’ No dízimo e na contribuição” Ed. Pastoral “Deve um homem ultrajar o seu Deus como vós me tendes ultrajado? E dissestes: em que te temos ultrajado nós? Nos dízimos e nas primícias.” Matos Soares “Pode um homem enganar o seu Deus? Por que procurais enganar-me? E ainda perguntais: Em que vos temos enganado? No pagamento dos dízimos e nas ofertas”Bíblia Ave-Maria “Um homem deveria defraudar a Deus? Ora vós me defraudais e dizeis: ‘Em que nos te frustramos?’ ë a respeito do dízimo e do imposto.” Bíblia Mensagem de Deus “Pode um homem enganar a Deus, como vós procurais enganar-me? Objetais: Em que te enganamos? - Nos dízimos e tributos” Bíblia do Peregrino Sem querer apoiar essa ou aquela tradução listei essas sete versões onde não se usou o verbo roubar, dando-se preferência na maioria delas ao verbo enganar, e há fortes indícios que seja este o melhor termo, visto que a famosa Bíblia de Jerusalém o preferiu, bem como a Tradução Ecumênica da Bíblia - TEB, também famosa. Percebe-se que o Senhor usa o nome Jacó, no v.6, e este nome significa: Enganador, suplantador, ao invés de Judá ou Israel, como nos versos anteriores; isto é bastante sugestivo, indicando a correlação entre o “ENGANADOR” com seus filhos “ENGANADORES”. Em 1.14, temos o registro que os filhos de Israel intentaram enganar a Deus: “Mas seja maldito o enganador que, tendo animal macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre as nações.” (destaquei), isto prova que os judeus estavam trazendo oferta e dízimos ao Senhor, mas não como deveriam, por isso em 3.10, se diz “todos os dízimos” ou como preferem algumas traduções: “o dízimo integral”, de fato eles estavam querendo enganar, trazendo produtos impróprios, ou apenas uma parte desses. Esse DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 20 sentimento de sonegação embora nada tivesse haver com dízimo surgiu no coração de Ananias e Safira, com fim trágico. Não quero tornar inculpes os antigos israelitas, mas alertar aos que adoram refrões acusadores e acuadores, que nesse caso além do erro de direcionar esse tipo de refrão sobre dízimo aos cristãos, estão incorrendo em outro erro ao acusar alguém de uma coisa que talvez não seja exatamente o que a Bíblia nos quis transmitir. Não há unanimidade inclusive nisso. Somente a aceitação ao verdadeiro entendimento acerca do dízimo poderá unir a todos em um mesmo pensamento. Eu receio que os interesses de natureza humana atrapalhem esse avanço espiritual. “TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS” A generalização do dízimo nos dias atuais, tem mergulhado as Igrejas no completo desvio do real conceito dessa antiga prescrição bíblica. Já pudemos mostrar, comparando Gn. 14.20 com Hb. 7.4, que embora em Gênesis encontremos a palavra “tudo”, se referindo a entrega do dízimo a Melquisedeque, a epístola aos Hebreus prova que essa palavra não pode ser entendida com sentido amplo e restringe o “tudo”, aos melhores despojos, o que reduz, na conceituação moderna, o quantum recebido pelo Sacerdote-Rei. Os próprios versículos que nos apresentam o dízimo mostram que ele era tributado sobre bens específicos ligados diretamente a área de manutenção da vida, Lv. 27.30 “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor.” Perceba-se que esse “todos” se refere apenas aos cereais e frutos das árvores. Lv. 27.32 “Quanto a todo dízimo do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara, esse dízimo será santo ao Senhor.”, mais uma vez esse “tudo”, refere-se aos animais, temos, assim, as duas classe sobre os quais os dízimos incidiam: VEGETAIS e os ANIMAIS. Para confirmar isso basta ler as passagens referentes aos dízimos: Dt. 14.22 “Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher do campo.” Dt. 14.23 “... comerás o dízimo do teu grão, do teu mosto e do teu azeite...” Dt. 14.28 “...levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano...” Ne. 10.37 “... os levitas, recebem os dízimos em todas as cidades por onde temos lavoura.” Ne. 13.5 “... os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite, que eram dados por ordenança aos levitas...” Ne. 13.12 “Então todo o Judá trouxe para os celeiros os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite.” Sem dúvidas essas referências não nos permitirá outra conclusão senão a de que “tudo” em Ml. 3.10 não poderia ser de coisa diferente ao prescrito na Lei, ou seja, tudo do produto da terra: Cereais e frutos das árvores; e, tudo do produto do campo: Gado (graúdo e miúdo). O próprio leitor é agora testemunha por si só que a Bíblia não ordena dízimo de outra coisa; não se ordena dízimo de vestimenta,calçados, madeira, tijolos, etc... Nada que não fosse alimento, inclusive dinheiro não era algo de que se devesse dar dízimo, só há um momento em que era permitido, ainda assim, como exceção, jamais como regra, Lv. 27.30-32, nesse caso o valor não era 10% e, sim 12%. DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 21 É provável que a quantidade do dízimo entregue ao Tesouro do Templo não seja o quantum global dado aos Levitas, observe-se que o indivíduo entregava o dízimo diretamente aos levitas Dt. 26.12,13 e não ao Tesouro do Templo, ao passo que os levitas entregavam o dízimo dos dízimos, este sim conforme Ne. 10.38, era levado ao Templo. Isto está repleto de lógica pois os depósitos do Templo visava o sustento dos sacerdotes, não de toda Casa de Levi. Caso fosse depositado diretamente no Templo, o dízimo preciso para sustentar a tribo de Levi, que era em torno de 37.000 homens fora mulheres e crianças, incluindo os sacerdotes, na época do primeiro Templo, teríamos um espaço extremamente pequeno para comportar tão grande volume de produtos agrícolas e/ou agrários. Além disto, as câmaras não eram exclusivas para estocagem dos dízimos, existia por exemplo: a Câmara dos Cantores, Ez. 40.44 e a Câmara da Guarda Real, I Rs. 14.22, entre outras. Isto analisando apenas o número dos que deveriam se beneficiar com o dízimo. Se formos considerar o número de pessoas, que no entendimento dos doutrinadores cristãos atuais deveriam dar o dízimo, isto é: todas as pessoas religiosamente comprometidas com Deus, então, a casa do tesouro estaria com uma arquitetura completamente fora dos padrões necessários a comportar o que ali se depositaria, lembre-se que só havia uma casa do tesouro: O Templo; pois conforme I Cr. 21.5, só de guerreiros na época do Rei Davi enumerou-se 1.570.000 (Um milhão, quinhentos e setenta mil), fora as mulheres e os não aptos à guerra, para se ter uma idéia, isto significa no mínimo 11 (onze) vezes o estádio de futebol do Maracanã lotado, e conseqüentemente um volume de dízimo que cobriria por completo o Templo de Salomão, tornando-o em uma montanha de produtos agrícola. Assim a tradição cristão recente, ao impor o dízimo aos fiéis, ignorando completamente o contexto histórico e bíblico em que esse tipo de oferta estava inserido usando principalmente Ml. 3.10, ou seja (todo mundo trazendo todos os dízimo para a casa do tesouro), torna a prática bíblica do dízimo mentirosa ou impossível, o que sem sobra de dúvidas é um grande engano. A idéia de que “TUDO” em Ml. 3.10, refira-se a “absolutamente tudo” não encontra apoio bíblico e é resultado do desvio do ensino bíblico original e da capitalização do mundo em que vivemos, que afetou diretamente a Igreja, enquanto entidade organizada. Até o próprio Cristo ao falar de dízimo o faz referindo-se a alimentos. Portanto essa história de que dízimo é para a manutenção da obra de Deus e por isso se pede dizimo de tudo, é equivocada e parece-nos não estar de acordo com o que a Bíblia diz acerca desse tipo de contribuição. Dízimo é herança dos Levitas e Sacerdotes, esmola dos pobres, alegria dos Ofertantes e tributo dos Reis. Somente sobre vegetais e animais (gado de corte). Para a obra de Deus peça-se a oferta voluntária, a essa a Bíblia dá todo apoio e, sem dúvidas, se pedirem a fiéis, certamente será muito maior que o dízimo. MALAQUIAS MAL APLICADO Poderia não comentar o profeta Malaquias, mas penso que uma pequena análise do Livro poderá ser um reforço auxiliar ao estudo acerca do dízimo, além de podermos dimensionar quão mal aplicadas são suas palavras nos nossos dias. DA IGREJA OU DA TRIBO DE LEVI? 22 A Bíblia de Estudo Pentecostal, no breve comentário acerca desse Livro profético informa que “Malaquias profetizou cerca de cem anos após os primeiros exilados terem voltado de Babilônia”, então o relato é pós-exílio, posterior a Ezequiel e Daniel que profetizaram durante, enquanto todos os demais são anteriores, exceto Ageu e Zacarias que também são pós-exílio. Já no cap. 1 e verso 1, encontramos: “Peso da palavra do Senhor contra Israel, pelo ministério de Malaquias.” (destaquei) Ora se era contra Israel, Ml. 3.10, não pode referir-se a Igreja, se alguém intitula-se Israel espiritual, então o dízimo não pode ser material. O contexto do Livro nos fornece o estado espiritual da nação que embora no primeiro momento do pós-exílio estivesse avivada e devotada Ed. 6.13-22 com a reconstrução do templo e a celebração das liturgias estabelecidas na Lei, naquele momento, já não estava tão disposta a seguir os preceitos do Senhor e desvirtuaram todo o cerimonial prescrito por Deus para aquela Nação Ml. 1.7, 8. Todo o Israel fazia o que achava bem aos seus olhos. Os sacerdotes estavam corrompidos, cap. 2, e os filhos de Israel não contribuíam, nem ofertavam corretamente ao Senhor Ml. 1.14; 3.7-10. A cobrança do dízimo no livro do profeta Malaquias é contundente, mas digno de observação. Percebe-se que enquanto não havia templo (época do exílio) e, não havia o exercício das atividades sacerdotais não havia cobrança de dízimos, mostrando a relação direta e inseparável desse trinômio: dízimo, sacerdócio, templo. Com o restabelecimento decorrente da repatriação tornou-se imperativo o restabelecimento da herança dos levitas: os dízimos; para que pudesse haver o desempenho das atividades sacerdotais, sem as quais seria impossível a realização do culto coletivo a Deus, naquela época, posto que somente os sacerdotes e levitas estavam autorizados por Deus para ministrarem o Sagrado e, terminantemente, proibidos de outra atividades, como as seculares, por isso os dízimos como herança. Malaquias 3.11, nos traz palavras de terror quando ditas hoje; sendo usada pelos pregadores contra os cristãos não dizimistas, mesmo sendo o livro de Malaquias estritamente dirigido a Israel. Diz assim o verso: “E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.” Os pobres irmãos, chamados a liberdade em Cristo, estão hoje, escravizados pela consciência, artificialmente plantada pelos doutrinadores modernos, que impõe com todas as técnicas de PNL (programação neurolingüística), o temor do “devorador” que irá consumir tudo que os irmão em Cristo tenham caso não contribua com esse tipo de oferta. Resta, porém saber, se há coerência em achar que o “devorador” possa alcançar um cristão, pois se colocarmos a prova essa “maldição”, considerando a existência do Novo Pacto e a morte de Cristo, ela não tem a mínima validade. Cristo nos isenta da Lei e suas Maldições Gl. 3.10 e o v. 13 diz “Cristo nos resgatou da maldição da Lei...” além do mais, jamais podemos perder de vista que Malaquias profetizou contra Israel em um dado momento histórico. Não é sensato afirmar que essa maldição determinada em Ml. 3.11, tenha desbravado as barreiras do tempo e tenha poder de alcance sobre os judeus ou cristãos posteriores, por uma razão óbvia: O Pentatêuco (cinco primeiros livros da Bíblia) foram escritos segundo nos informa a Bíblia de Estudo Pentecostal, Ed. 1995, CPAD, entre 1445 a 1405 a.C., e o Livro do profeta Malaquias, entre 430 e 420, o que nos dá uma diferença aproximada de 1000 (mil) anos. Em todas as ocorrências da palavra “dízimo” no Antigo Testamento que são em número de 31, apenas em Malaquias se fala do “devorador” associado a sonegação dessa oferta, entendido por muitos como a punição para os não dizimistas atuais, no entanto é bom perceber que se essa punição é eterna, ou seja vigora ainda hoje, então todos os transgressores anteriores ao profeta Malaquias, foram beneficiados por Deus com a impunidade, pois não há maldição expressa contra eles: Não se falou do “devorador” dos “não dizimistas”, antes desse