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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Michelle Micarelli Struett 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Os vertebrados podem ser classificados como amnióticos e não 
amnióticos. Os animais não amnióticos são aqueles em que os embriões não 
produzem um anexo embrionário de proteção (o âmnio). Por isso, quem confere 
essa proteção é o trato reprodutivo da fêmea, o qual produz uma membrana para 
proteger o embrião. Os vertebrados não amnióticos são representados pelas 
lampreias, feiticeiras (já vistas anteriormente), peixes e anfíbios. 
Nesta aula, abordaremos os peixes, um dos grupos de vertebrados mais 
bem-sucedidos e diversos. Com mais de 31 mil espécies, esses animais fazem 
parte do nosso cotidiano, seja na alimentação, na ornamentação, no ecoturismo 
ou até como animal de estimação. 
Os peixes são classificados em duas classes atualmente: os peixes 
cartilaginosos (Chondrichthyes) e os peixes ósseos (Osteichthyes). Dessa 
forma, a aula está estruturada nesses dois grupos e, assim, iremos caracterizar 
sua morfologia, sistemática, diversidade, filogenia e evidenciar suas 
importâncias ecológicas e econômicas. 
TEMA 1 – PEIXES CARTILAGINOSOS: CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Os Chondrichthyes são divididos em duas subclasses: os tubarões e raias 
(Elasmobranchi) e as quimeras (Holocephali). No entanto, eles possuem 
características que os agrupam; a principal é a presença de um esqueleto 
cartilaginoso, mas formado predominantemente por cartilagem impregnada com 
cálcio (Kardong, 2010). O crânio é alongado e sem suturas entre as estruturas. 
Também, seu corpo é coberto por escamas placoides (estruturas pontudas ou 
formato de cone), cinco a sete pares de brânquias com fendas expostas, boca 
localizada ventralmente, crânio e maxilas unidas e articuladas. 
Em relação aos aspectos reprodutivos, podem ser dioicos (sexos 
separados) e os machos apresentam um clásper pélvico – duas projeções 
alongadas na nadadeira pélvica para cópula (lembra que os placodermi também 
apresentavam essa característica?). A fecundação é interna e, quanto ao 
desenvolvimento, podem ser vivíparos (embriões se desenvolvem dentro da 
fêmea) ou ovíparos (embrião dentro de um ovo, externo ao corpo da fêmea). 
Aqui, a estratégia reprodutiva envolve proteção pela fêmea e poucos 
descendentes. Os condrictes podem ser grandes predadores, filtradores ou 
 
 
3 
podem se alimentar de pequenos invertebrados. Tanto peixes cartilaginosos 
quanto ósseos possuem circulação simples (sangue passa pelo coração uma 
vez), fechada, um átrio e um ventrículo. Por fim, tubarões e raias possuem 
eletrorreceptores que detectam facilmente uma presa sem vê-la, chamados de 
ampola de Lorenzini. 
1.1 Elasmobranchi – tubarões e raias 
Você já deve ter visto em aquários, em fotos ou até na natureza (quem 
sabe?) os tubarões e as raias. No entanto, eles diferem principalmente em 
aspectos morfológicos e de hábitos. Possuem duas nadadeiras dorsais com ou 
sem espinhos, cinco pares de aberturas branquiais e a primeira pode ser um 
espiráculo localizado atrás dos olhos, que auxilia no fluxo da água para as 
brânquias. 
Os tubarões são excelentes nadadores; seu corpo alongado e 
hidrodinâmico pode variar de 15 centímetros até 20 metros, como o tubarão-
baleia. Apesar de nadarem muito bem, são mais densos que a água e, por isso, 
possuem um enorme fígado com óleos que permitem a flutuação, além de 
nadadeiras peitorais e caudais que ajuda manter a posição na água (Kardong, 
2010). A maioria vive em ambiente marinho profundo; poucos, como o tubarão-
de-cabeça-chata (Carcharhinus leucas), encontrado no litoral brasileiro, habitam 
água doce. 
Muitas pessoas têm medo de tubarões e têm o “pré-conceito” de que 
serão atacadas e que todas as espécies são predadoras. No entanto, sua 
dentição é variada e possui relação com o tipo de dieta. A maioria possui 
inúmeros dentes pontiagudos e serrilhados dispostos em fileiras; então, podem 
ser substituídos quando quebrados ou perdidos. O tubarão-elefante (Figura 1) 
possui dentes diminutos e não funcionais; são animais filtradores e adquirem 
uma enorme quantidade de zooplâncton simplesmente divagando lentamente 
com a boca aberta pelo mar. 
 
 
 
4 
Figura 1 – Tubarão-elefante nadando de boca aberta para se alimentar por 
filtração 
 
Créditos: Simon/Adobe Stock. 
As raias possuem hábito bentônico e rastejam no fundo do mar ou rios 
com seu corpo achatado, com nadadeiras peitorais amplas e fundidas na cabeça 
que permitem um movimento ondulatório no corpo. Como forma de defesa e 
alimentação, há espécies que são dotadas de uma nadadeira caudal com uma 
estrutura em forma de chicote, podendo conter espinhos que inoculam veneno 
nas suas presas ou inimigos. Dessa forma, podem ser considerados animais 
peçonhentos. Por fim, algumas pessoas confundem os olhos das raias. Seus 
olhos estão na posição superior da cabeça; aquelas duas aberturas acima da 
boca são fendas nasais (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Figura 2 – Anatomia externa de uma raia jovem fêmea (ausência de clásper) 
 
 
 
 
 
 
Créditos: icestylecg/Shutterstock. 
1.2 Holocephali – quimeras 
As quimeras vivem apenas em ambiente marinho profundo. Diferente dos 
elasmobrânquios, possuem quatro brânquias protegidas por um opérculo 
dérmico, cauda longa e afilada. Os lábios superiores são fundidos à caixa 
craniana e possuem olhos grandes (Kardong, 2010; Pough, 2008). Possuem 
cerca de 40 cm de comprimento e se alimentam de invertebrados. 
TEMA 2 – PEIXES CARTILAGINOSOS: DIVERSIDADE E FILOGENIA 
Os peixes cartilaginosos sofreram duas grandes irradiações associadas a 
mecanismos para alimentação e locomoção: a primeira foi no período 
Devoniano, há 400 milhões de anos, quando possuíam corpos lisos e fusiformes; 
a segunda foi no Jurássico, há 150 milhões de anos, e persiste até hoje 
(Kardong, 2010). 
Os primeiros condrictes não possuíam escamas placoides. Além disso, a 
principal diferença morfológica entre os organismos da primeira radiação e os 
atuais tubarões são: o rostro ventral que se sobressai à boca, vértebras 
calcificadas e seus dentes cobertos por estrutura semelhantes a esmaltes. Na 
Figura 3, podemos visualizar a relação filogenética dos Chondrichthyes e suas 
duas subclasses. 
Os elasmobrânquios, de modo geral, possuem importância trófica. Os 
tubarões e raias são considerados predadores de topo de cadeia e, assim, fazem 
controle do equilíbrio geral no sistema aquático (Bornatowski et al., 2014). 
Fenda nasal 
Boca 
Nadadeira 
pélvica 
Nadadeira 
caudal 
Olhos 
Nadadeira 
peitoral 
cloaca 
 
 
6 
Infelizmente, podem ser afetados pelas redes de arrasto, nas quais são 
capturados e descartados. Também existem alguns países onde comer 
barbatanas de tubarão é cultural, no entanto, pode acontecer de elas serem 
retiradas e apenas o restante dos corpos dos animais ser devolvido ao mar. 
Figura 3 – Árvore filogenética dos Chondrichthyes 
 
Créditos: Channarong Pherngjanda/shutterstock; Bodor Tivadar/shutterstock; 
Andcurrant/shutterstock. Fonte: Elaborado com base em Kumar et al., 2017. 
2.1 Elasmobranchi – tubarões e raias 
Os tubarões provavelmente vieram da linhagem dos Xenacanthus, que 
surgiram no Devoniano e desapareceram no Triássico. Uma adaptação da 
dentição ocorreu no Triássico e persiste até hoje em Heterodontus. A dentição 
heterodonte consiste em dentes com formas diferentes ao longo da maxila; os 
frontais eram afiados e utilizados para perfurar, enquanto os finais eram rígidos 
para triturar. Também tiveram adaptações em suas nadadeiras, tornando-se 
mais estreitas, o que facilitou a mobilidade em diferentes ângulos, como a 
nadadeira caudal do tipo heterocerca (tamanho do lobo superior e inferior 
diferentes). Atualmente, existem mais de 360 espécies de tubarões agrupados 
na superordem Selachii (Figura 3) e são amplamente distribuídos, excetona 
Antártica. 
As raias pertencem à superordem Batoidea, existindo aproximadamente 
456 espécies, diferenciadas pelo formato da cauda e o modo reprodutivo. São 
 
 
7 
animais bentônicos e, ainda que não se saiba ao certo se derivaram dos 
tubarões, acredita-se vieram dos tubarões esqualoides primitivos. 
2.2 Holocephali – quimeras 
As quimeras são um grupo pequeno pouco conhecido (Chimaeriformes), 
de águas profundas e com aproximadamente 34 espécies. Provavelmente, 
ramificaram-se de ancestrais elasmosbrânquios no final da Era Paleozoica 
(Pough, 2008). 
TEMA 3 – PEIXES ÓSSEOS: CARACTERÍSTICAS GERAIS 
A principal modificação morfológica nos Osteichthyes ou Euteleostomi 
(peixes ósseos) foi a presença de ossos endocondrais (endoesqueleto) e ossos 
dérmicos na cintura escapular. No entanto, lembre-se de que a presença de osso 
por si só não é o que caracteriza esse grupo, até porque os Placodermi, Agnatha 
e Acanthodi também possuíam (Pough, 2008). Além disso, apresentam um 
esqueleto cefálico, que inclui um opérculo que protege as brânquias. Enquanto 
os peixes cartilaginosos possuíam um sistema sensorial do tipo eletrorreceptor 
(Ampola de Lorenzini), aqui é uma linha lateral do tipo mecanorreceptor para 
percepção dos objetos na água. Outra adaptação foi o surgimento de órgãos 
como o pulmão ou bexiga natatória, que contém gases e auxilia na flutuação. 
Possivelmente, ela foi derivada do pulmão (Kardong, 2010). Sendo assim, um 
órgão importante para seus descendentes tetrápodes com vida na Terra. 
Em relação à reprodução, são animais dioicos, com fecundação 
geralmente externa e desenvolvimento indireto, com a sua larva conhecida como 
alevino. No entanto, são muito diversificados os modos reprodutivos nos peixes 
ósseos. Nesse grupo, há diversas formas corporais, de nadadeiras, coloração, 
boca, dentes e tipos de escamas (ganoides, cicloides, ctenoides)! Você verá que 
são muitas adaptações evolutivas e abordaremos parte delas. Deve ser por isso 
que este é um dos maiores grupos de vertebrados até hoje. 
Saiba mais 
Leia o artigo disponível em: 
<https://demersais.furg.br/images/producao/2010_bemvenuti_peixes_morfologi
a_caderno_ecol_aquat.pdf>. Ele apresenta imagens didáticas para aprendizado 
da morfologia e adaptações dos peixes! 
 
 
8 
Por fim, esses animais são reconhecidos em dois grandes grupos atuais 
conforme a morfologia da nadadeira: os peixes de nadadeiras raiadas 
(Actinopterygii) e os peixes de nadadeiras lobadas (Sarcopterygii). 
3.1 Actinopterygii – nadadeiras raiadas 
Os actinopterígios possuem nadadeiras pares raiadas, lembrando um 
leque. Seu corpo é recoberto com escamas cicloides ou ctenoides. Suas narinas 
não se comunicam com a cavidade bucal e presença de bexiga natatória. Com 
o tempo, o crânio e as escamas foram diminuindo sua ossificação (Kardong, 
2010). Associado a isso, houve adaptações nas nadadeiras caudais 
(homocerca), escamas mais finas, movimentação das nadadeiras feita por um 
músculo interno, maxilas com osso pré-maxilar (ampliando sua dieta alimentar) 
e aumento do opérculo para maior passagem de água e, assim, melhoria na 
respiração. 
Figura 4 – Esqueleto de peixes ósseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos: Suphatthra olovedog/shutterstock. 
Em relação aos aspectos reprodutivos, a maior parte é ovípara (embrião 
desenvolve no ovo fora do corpo da fêmea) e de fecundação externa; podem ter 
cuidado parental, comportamento de corte e podem desovar em diferentes tipos 
de ninhos. Espécies como Sarotherodon e Oreochromis (tilápia) podem incubar 
ovos dentro da boca. 
 
Opérculo 
Nadadeira 
dorsal raiada 
Crânio 
Nadadeira 
caudal 
homocerca 
Nadadeira 
anal 
Nadadeira pélvica e 
peitoral 
 
 
9 
3.2 Sarcopterygii – nadadeiras lobadas 
A principal característica dos sarcopterígeos é a presença de nadadeiras 
pares lobadas na extremidade de apêndices curtos e articulação monobasal, 
permitindo assim maior controle nos movimentos. Sua nadadeira caudal é do 
tipo dificerca, ou seja, simétrica e afilada na ponta devido ao prolongamento da 
coluna vertebral. Além disso, possuíam uma abertura de comunicação 
nasofaríngea e os pulmões denominada coana (Patricio-Costa, 2021). Em 
períodos de seca, utilizam o pulmão para respiração (estivação-comportamento 
de se enterrar em lodo e diminuir metabolismo basal); no entanto, dependem da 
água para se alimentar e reproduzir e, assim, possuem e respiram por brânquias. 
Os Dipnoi (peixes pulmonados) vivem em água doce, no entanto, os 
primeiros eram marinhos. Os Dipnoi atuais não possuem articulação entre os 
ossos pré-maxilar e maxilar; seu esqueleto é predominantemente cartilaginoso 
e pulmões pares. Possuem pele sem escama, corpo alongado e membros únicos 
pareados (Pough, 2008). Os machos podem ser territoriais e cortejam as fêmeas 
para reprodução; não se sabe se a fertilização é interna ou externa. 
Actinistia (celancantos) são marinhos de águas profundas, possuem 
cauda dificerca, sem pulmão funcional e são ovovivíparos, ou seja, o embrião se 
desenvolve dentro de um ovo no corpo da fêmea. 
Os Tetrapoda também fazem parte dos sarcopterígeos; a principal 
característica é a presença de quatro membros com carpos, tarsos e dígitos. 
Além de várias modificações no esqueleto e crânio, na fase adulta, perdem 
fendas branquiais; há presença de diversas glândulas e a porção proximal dos 
apêndices possui osso único e dois ossos na porção distal. Por fim, variam muito 
em tamanho, morfologia, coloração, habitat, reprodução e alimentação. 
TEMA 4 – PEIXES ÓSSEOS: DIVERSIDADE E FILOGENIA 
Os peixes ósseos correspondem à maior riqueza e diversidade dentro dos 
vertebrados, com mais de 30.000 espécies no mundo. Sua explosão se deu no 
meio do Devoniano no Paleozoico, tanto que esse período ficou conhecido como 
a Era dos Peixes. Os atuais grupos derivaram dos teleósteos. 
Os peixes são considerados um grupo parafilético entre os vertebrados, 
porque o grupo não tem um ancestral em comum exclusivo. Os Acantódios 
(Acanthodii) são considerados grupo irmão dos peixes ósseos; às vezes, são 
 
 
10 
agrupados como Teleostomi (acantódios e osteítes) (Pough, 2008). Os 
acantódios ocorreram do Siluriano até o Permiano, Era Paleozoica (Figura 5). 
Suas principais características são a presença de espinhos nos seis pares de 
nadadeiras, e presença de nadadeiras peitorais e pélvicas. Características 
semelhantes do crânio estão no Teleostomi, porém, sua morfologia é muito 
distinta dos peixes. 
Figura 5 – Relações filogenéticas simplificada de Osteichthyes. Esse diagrama 
representa o parentesco entre os grupos atuais 
 
Créditos: Serafima Antipova/Shutterstock; Victoria Sergeeva/Shutterstock; Uncle 
Leo/Shutterstock. Fonte: Elaborado com base em Pough, 2008. 
4.1 Actinopterygii – nadadeiras raiadas 
Os actinopterígeos ancestrais eram pequenos, com nadadeira dorsal 
única e a caudal bifurcada e heterocerca (Pough, 2008). Podemos ver na Figura 
5 que os actinopterígeos podem ser divididos em dois grupos: Chondrostei 
(ancestrais) e Neopterygii (radiação moderna do Permiano Superior). Esse 
último é dividido em três linhagens, porém, a terceira é a que persiste até hoje: 
os Teleostei (Era Mesozoica). Os teleósteos marinhos radiaram para o ambiente 
dulcícola, as adaptações nas nadadeiras e maxilas (protusão mandibular) que 
proporcionaram o sucesso da diversidade deste grupo com aproximadamente 
27 mil espécies. Alguns representantes actinopterígeos são: peixe-espada, 
 
 
11 
esturjão, sardinha, atum, cavalo-marinho, bacalhau, salmão, cascudo, bagre e 
inclusive um peixe que provavelmente você teve quando criança: o peixe-beta. 
4.2 Sarcopterygii – nadadeiras lobadas 
Os peixes de nadadeiras lobadas foram diversificados na Era Paleozoica. 
Os sarcopterígeos antigos possuíam escamas do tipo cosmoides, nadadeiras 
dorsais duplas e a caudal era do tipo heterocerca. Esses peixessão divididos 
em dois grupos irmãos: Actinistia (celancantos) e Rhipdistia: um grupo 
monofilético de peixes pulmonados (Dipnoi) e tetrápodes (Tetrapoda) (Figura 5). 
São poucos os celacantos e dipnoicos que existem atualmente; há 
aproximadamente 9 espécies marinhas ou dulcícolas. Os raros celacantos 
(Latimeria) surgiram no Devoniano e são encontrados no Oceano Índico e na 
Indonésia Central. Os celacantos viventes possuem bexiga natatória preenchida 
por gordura; a caixa craniana é dividida e sua notocorda é proeminente 
(Kardong, 2010). 
Já os três gêneros de peixes pulmonados (Dipnoi) estão localizados no 
Hemisfério Sul; seus ancestrais eram marinhos e surgiram no Devoniano. O 
maior grupo e mais representante dos sarcopterígeos são os Tetrapoda 
distribuídos globalmente. Os tetrápodes foram originados dos ripidístios que 
foram extintos no Permiano; esses animais tinham dentes labirintodontes com 
articulação e crânio especializados. 
Os principais representantes dos sarcopterígeos não tetrapoda são 
Protopterus sp. (África) e Neoceratodus forsteri (Austrália). Na América do Sul, 
temos a piramboia (Lepidosiren paradoxa) (Figura 6). Os sarcopterígeos 
tetrápodes são representados pelo que conhecemos de anfíbios, répteis, aves e 
mamíferos. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Figura 6 – Representante dos peixes pulmonados (Dipnoi) – Piramboia 
 
Créditos: Galina_Savina/Adobe Stock. 
TEMA 5 – PEIXES ÓSSEOS: CAMINHO EVOLUTIVO PARA OS TETRÁPODES, 
IMPORTÂNCIAS E DESAFIOS PARA A PRESERVAÇÃO DO GRUPO 
Os vertebrados terrestres que conhecemos atualmente são todos 
sarcopterígeos, ou seja, nossos ancestrais são peixes de nadadeiras lobadas! 
Os celacantos (Actinistia) e peixes pulmonados (Dipnoi) são os mais 
aparentados e possuem registro fóssil do Paleozoico. Estes deram origem aos 
tetrápodes terrestres. Aqui discutiremos sobre esse trajeto evolutivo dos 
tetrápodes, bem como as importâncias e desafios para conservação dos peixes 
ósseos. 
5.1 Caminho evolutivo para os tetrápodes 
No final do Devoniano (365 milhões de anos), os primeiros tetrápodes 
(Acanthostega e Ichthyostega) possuíam membros com dígitos, uma única 
vértebra sacral e músculos epiaxiais unidos (músculos dorsais) para controle da 
postura corporal e ventilação dos pulmões. Provavelmente, esses primeiros 
Tetrapoda vieram de uma linhagem definida recentemente: a Elpistostegidae, 
que inclui dois gêneros: Panderichthys e Elpistostege, do fim do Devoniano 
 
 
13 
(Pough, 2008; Kardung, 2010). Os representantes dessa linhagem tinham olhos 
no topo da cabeça, ausência de nadadeira dorsal e anal e redução da nadadeira 
caudal (Pough, 2008). Um peixe recém descrito Tiktaalik (Figura 7), no 
Devoniano posterior, é um elo intermediário entre peixes e tetrápodes, possuíam 
costelas grandes, nadadeiras peitorais robustas e flexionadas, crânio achatado, 
ausência da cobertura branquial, escamas cosmoides e era predador. 
Figura 7 – Representante sarcopterígeo considerado elo intermediário entre 
peixes e tetrápodes (Tiktaalik) 
 
Créditos: Danny Ye/Shutterstock. 
Uma das teorias para o caminho evolutivo dos Tetrapoda da água para a 
terra está relacionada às condições climáticas extremas. No Devoniano, houve 
secas sazonais; assim, alguns peixes ficavam restritos a pequenas poças de 
água e dependiam das chuvas. Provavelmente, essas condições levaram os 
peixes com nadadeiras lobadas a buscarem alimento na terra e em outro local 
com água. Além disso, eles desenvolveram adaptações para respirar nesses 
períodos; essas adaptações são vistas nos peixes pulmonados associados ao 
comportamento de estivação, que existe até hoje, quando necessário. No 
entanto, as hipóteses para a vida terrestre não se limitaram a isso; afinal, se eles 
tinham a capacidade de se deslocar, por que não se “mantiveram peixes”? 
 
 
14 
Devido ao enorme tamanho corporal dos primeiros Tetrapoda, provavelmente na 
forma juvenil (menor), eles se congregavam para escapar de predadores e 
depois colonizar ambientes diferentes daquele de sua origem, ou seja, saíam do 
ambiente aquático. Além disso, características de transição entre peixes e 
tetrápodes como membros com dedos, desenvolvimento de pescoço, da cintura 
pélvica e focinho longo podem estar associadas com ambientes de águas rasas 
enfrentados naquele período. Essas adaptações mencionadas para a vida na 
terra são encontradas até hoje em alguns peixes, como o saltador do lodo ou 
Mudskipper Atlântico (Periophthalmus barbarus) (Figura 8) que ocorre em locais 
com lama e águas tropicais na África, Ásia e Oceania. Assim, utilizam suas 
nadadeiras pélvicas para andar na terra. 
Figura 8 – Saltador do lodo ou mudskipper atlântico (Periophthalmus barbarus) 
com características que permitem viver dentro e fora da água 
 
Créditos: Suphatthra olovedog/Shutterstock. 
5.2 Importâncias e desafios para a preservação do grupo 
Os peixes ósseos são fundamentais em vários aspectos. Podemos 
mencionar os peixes ornamentais, cuja morfologia e cuja coloração compõem 
cenários decorativos em residências ou comércios. Possuem importância 
econômica e social, prevalecendo a pesca, que serve de renda para muitas 
pessoas e também para lazer, em que pessoas vão até um pesqueiro e fazem 
pesca esportiva. 
Podemos mencionar também que fazem parte da nossa alimentação; 
inclusive, há diversos estudos mencionando a importância do ômega-3 (óleo 
 
 
15 
encontrado nos peixes) para nossa saúde, podendo auxiliar na prevenção ao 
câncer de mama (Kaizer, 2009). O famoso caviar, ovos não fertilizados de alguns 
peixes, é considerado uma iguaria e um alimento de luxo em muitos países. 
Outra importância é o uso de peixes para controle biológico. Por exemplo, 
pesquisadores utilizaram peixes não nativos que se alimentam de larvas de 
insetos (Aedes aegypti) que podem transmitir doenças como a dengue, Zika, 
Chikungunya e febre amarela (Azevedo-Santos et al. 2017). Esta pode ser uma 
alternativa fácil e barata para controle de doenças. Além disso, fazem parte da 
cadeia alimentar, consumindo diversos itens alimentares e sendo também 
presas de inúmeros animais. 
Outro ponto importante para pensarmos é que os peixes vivem em 
ambiente aquático; sendo assim, o que consumimos e acabamos descartando 
pode ser despejado nesse ambiente, causando poluição aquática. Por exemplo, 
quando (erroneamente) as pessoas descartam remédios no vaso sanitário, isso 
pode provocar inúmeras consequências para os animais aquáticos; muitos são 
bioindicadores da qualidade da água. Bila e Dezotti (2007) compilaram diversos 
estudos sobre os efeitos dos desreguladores endócrinos. Essas substâncias 
podem induzir a feminização dos peixes machos, induzir hermafroditismo e inibir 
desenvolvimento das gônadas; dessa forma, diminui o sucesso reprodutivo das 
espécies e, consequentemente, diminui sua população. 
Além disso, os plásticos e microplásticos são considerados o mal do 
século, porque os animais marinhos, principalmente os peixes, são encontrados 
com microplásticos em diversos tecidos. Também foram registrados 
microplásticos em peixes de interesse comercial, ou seja, aqueles que nós 
consumimos. Silva (2020) avaliou a ingestão de microplásticos e detectou que a 
maior ingestão dos peixes avaliados foi de 81% em caracapaus e 72% em 
sardinhas, sendo encontrados principalmente nos músculos e nas brânquias. 
Vale a pena ressaltar o processo de biomagnificação, em que ocorre acúmulo 
de substâncias nocivas (metais pesados), que são transferidas ao longo da 
cadeia alimentar. Assim, se nós humanos somos os últimos da teia alimentar, 
seremos aqueles com maior concentração da substância ingerida. 
Por fim, dadas as relevâncias dos peixes para o ecossistema, temos o 
desafio de preservá-los. Relatamos na aula diversos fatores que prejudicam e 
até matam esses animais aquáticos. Dentre esses desafios, temos a redução do 
lixo, diminuir consumismo,repensar sobre alimentação e sobrepesca dos peixes, 
 
 
16 
redução dos materiais descartáveis (com a pandemia, isso foi agravado, devido 
ao uso de máscaras) e inúmeras atitudes para desacelerarmos o aquecimento 
global que também aquece as águas. Não é à toa que especialistas dizem que 
estamos em rumo da sexta extinção em massa! 
NA PRÁTICA 
1. Esta atividade é similar ao jogo dos 7 erros, mas aqui você irá apontar na 
figura as principais adaptações morfológicas dos peixes cartilaginosos e 
ósseos, conforme vimos na aula. 
Figura 9 – Peixes cartilaginosos e ósseos 
 
 
 
17 
 
Créditos: Amadeu Blasco/Shutterstock; EreborMountain/Shutterstock. 
2. Leia o texto a seguir: 
Os tubarões produzem relativamente poucos descendentes durante a 
vida de uma única fêmea. Este é um padrão biológico que depende de 
altas taxas de sobrevivência dos animais jovens e de expectativa de 
vida longa para os adultos... Muitas espécies dependem dos locais de 
cuidado parental – geralmente águas rasas costeiras. (Pough, 2008, p. 
112) 
Atualmente, esse tipo de reprodução pode ser considerado um sucesso 
reprodutivo? Compare com o modo reprodutivo dos peixes ósseos. Pense e 
relacione com as atividades antrópicas e ecológicas. 
 
 
 
 
18 
FINALIZANDO 
Nesta aula, abordamos o maior e mais próspero grupo de vertebrados 
conhecido. Os peixes atuais (vertebrados não amnióticos) são classificados em 
dois grandes grupos: Chondrichthyes e Osteichthyes. Vimos as adaptações 
morfológicas desses peixes, principalmente em relação ao esqueleto, maxilas, 
nadadeiras, habitat e reprodução. Também discorremos sobre a origem e as 
relações filogenéticas entre os grupos atuais e seus ancestrais. Dessa forma, os 
peixes são nossos ancestrais aquáticos, sendo que os peixes sarcopterígeos 
deram origem à linhagem tetrapoda. 
É evidente a presença dos peixes no nosso cotidiano e o quão importante 
eles são para o ecossistema. Mencionamos vários exemplos disso e, 
principalmente, discutimos sobre os desafios para preservação desse grupo, 
devido ao seu hábito aquático ser impactado pelo descarte de toneladas de lixo 
e de substâncias nocivas. Além da sobrepesca e dos efeitos do aquecimento 
global, por exemplo, aquecimento das águas. Assim, esse grupo bem-sucedido 
pode entrar em declínio com todos esses impactos antropogênicos. Então, é 
nosso dever preservar e conservar esses animais. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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e conseqüências. Química nova, v. 30, n. 3, p. 651-666, 2007. 
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KAIZER, L. et al. Fish consumption and breast cancer risk: an ecological study. 
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São Paulo: Roca, 2010. 
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pelágicos com interesse comercial. 89 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia 
Marinha) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2020.

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