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TÓPICO 01: TRAÇOS GERAIS DO ESTILO BARROCO Fonte [1] Originalmente, a palavra barroco tinha um sentido pejorativo, significando um tipo de raciocínio tortuoso e enganador, que subvertia o pensamento. Modernamente, o Barroco é considerado uma manifestação cultural e artística importante do século XVII, com larga influência na arte contemporânea. Para Affonso Ávila, “Entre as raízes remotas e os condicionamentos mais decisivos, está por certo o Barroco, não enquanto tão-só um estilo artístico, mas sim como fenômeno de maior complexidade — um estado de espírito, uma visão do mundo, um estilo de vida, de que as manifestações da arte serão a expressão sublimadora” (ÁVILA, 1994, p. 12) Nas palavras de Afrânio Coutinho, “o Barroco é um estilo identificado com uma ideologia, e sua unidade resulta de atributos morfológicos a traduzir um conteúdo espiritual, uma ideologia” (COUTINHO, 1968, p.139). No plano político, impera o absolutismo na Europa; na economia, sobressaem as atividades manufatureiras e comerciais. Fruto de um clima de intolerância em que predomina o conflito entre o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista, a estética barroca relaciona-se às ideias da Contrarreforma e do Concílio de Trento, “numa tentativa de reencontrar o fio perdido da tradição cristã, procurando exprimi-la sob novos moldes intelectuais e artísticos” (COUTINHO, 1968, p.139). Ainda segundo Coutinho, A linha da tradição cristã, medieval, manteve-se sob forma latente, subterrânea, veio à tona com o Barroco, cuja cultura opõe um dique à onda racionalista, sem contudo anulá-la, para afinal ceder. São, por isso, o dualismo, a oposição ou as oposições, contrastes e contradições, o estado de conflito e tensão, oriundos do duelo entre o espírito cristão, antiterreno, teocêntrico, e o espírito secular, racionalista, mundano, que caracterizam a essência do espírito barroco. Daí uma série de antíteses - ascetismo e mundanidade, carne e espírito, sensualismo e misticismo, religiosidade e erotismo, realismo e idealismo, naturalismo e ilusionismo, céu e terra, verdadeiras dicotomias ou "conflitos de tendências antitéticas" (Meissner), "violentas desarmonias" (Wellek), tradutoras da tensão entre as formas clássicas e o ethos cristão, entre as tradições medievais e o crescente espírito secularista inaugurado pelo renascimento (COUTINHO, 1968, p.139). LITERATURA BRASILEIRA I AULA 02: O BARROCO 11 impresso_parcial.pdf 01.pdf