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Benedito do Carmo Gomes Cantão Elisvânia Nunes Braz José Benedito dos Santos Batista Neto [Organizadores] VIVÊNCIAS ACADÊMICAS uma abordagem sobre produções científicas em enfermagem [Volume 1] Belém/PA 2024 Editor-Chefe Tassio Ricardo Martins da Costa Enfermeiro, Mestrado em andamento, Universidade do Estado do Pará (UEPA). Editor- chefe, Editora Neurus. Professor Universitário. Consultor em Desenvolvimento de Pesquisa em Ciências da Saúde. Belém, Pará, Brasil. Editora-Executiva Ana Caroline Guedes Souza Martins Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Doutoranda, Programa de Doutorado Acadêmico Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI- FIOCRUZ-RJ). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UEPA. Belém, Pará, Brasil. Editora-Técnica Niceane dos Santos Figueiredo Teixeira Enfermeira, Universidade da Amazônia (UNAMA). Mestranda no Programa de Pós- graduação em Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior, Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialização em Unidade de Terapia Intensiva adulto e em Estomaterapia, Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Belém, Pará, Brasil. Conselho Editorial Ailson Almeida Veloso Junior Enfermeiro. Doutorando pelo Programa pós-graduação em Biologia Parasitária na Amazônia PPGBPA/UEPA/IEC, Mestre pelo Programa de Mestrado Profissional Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista Enfermagem Oncológica e Terapia Intensiva, Docente do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Gamaliel, Tucuruí, Pará, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9632297802142144 Amanda Ouriques de Gouveia Enfermeira. Doutoranda em Psicologia Pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará, Mestra em Gestão e Saúde na Amazônia pela FSCMPA, Especialização em Docência do Ensino Superior e Especialização em Saúde Mental com abordagem psicossocial e Docente da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Gamaliel, Tucuruí, Pará, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9381804070335131 CORPO EDITORIAL http://lattes.cnpq.br/9632297802142144 http://lattes.cnpq.br/9381804070335131 Eunice Lara dos Santos Cunha Biomédica, Doutoranda pelo Programa Pós-Graduação em Biologia Parasitária na Amazônia PPGBPA/UEPA/IEC, Mestra pelo Programa de Mestrado Profissional Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista em Oncologia. Docente da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Gamaliel, Tucuruí, Pará, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2959876368097416 Jaylen França Cunha Enfermeira, Especialização em Enfermagem em Urgência Emergência e UTI pelo Instituto Educacional Santa Catarina. Docente da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Gamaliel, Tucuruí, Pará, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4531339210984934 Shidney Salatiel Batista de Lima Nutricionista, Mestrando em Gestão e Saúde na Amazônia pelo Programa de Pós- Graduação da FSCMPA. Especialização em Docência do Ensino Superior; Nutrição Clínica e Oncologia. Docente da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Gamaliel, Tucuruí, Pará, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3573784141185049 http://lattes.cnpq.br/2959876368097416 http://lattes.cnpq.br/4531339210984934 http://lattes.cnpq.br/3573784141185049 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) elaborada por Editora Neurus – Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166 O conteúdo, os dados, as correções e a confiabilidade são de inteira responsabilidade dos autores A Editora Neurus e os respectivos autores desta obra autorizam a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e de pesquisa, desde que citada a fonte. Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Editora Neurus Editora Neurus Belém/PA 2024 FICHA CATALOGRÁFICA V857 Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções científicas em enfermagem - Volume 1 / Organização de Benedito do Carmo Gomes Cantão, Elisvânia Nunes Braz, José Benedito dos Santos Batista Neto. – Belém: Neurus, 2024. Livro em PDF 121 p. ISBN 978-65-5446-156-6 1. Enfermagem. 2. Enfermagem - Prática. 3. Ensino superior. I. Cantão, Benedito do Carmo Gomes (Organizador). II. Braz, Elisvânia Nunes (Organizadora). III. Batista Neto, José Benedito dos Santos (Organizador). IV. Título. CDD 610.73 Benedito do Carmo Gomes Cantão Graduado em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará e em Direito pela Faculdade Gamaliel. Doutorando pelo Programa pós- graduação em Biologia Parasitária na Amazônia PPGBPA/UEPA/IEC. Mestre em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Especialista em Enfermagem Oncológica e Terapia Intensiva. Docente do Curso de Enfermagem na Universidade do Estado do Pará (UEPA) e na Faculdade Gamaliel. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9300639695935139 Elisvânia Nunes Braz Graduado em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal o do Pará. Doutoranda pelo Programa Pós-Graduação em Educação na Amazônia pela Universidade Federal o do Pará. Mestra Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade Pela Universidade Federal do Sul do Pará. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior pelo Grupo UNINTER. Docente do Curso de Enfermagem e Coordenadora Acadêmica da Faculdade Gamaliel. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9756897572961670 José Benedito dos Santos Batista Neto Enfermeiro, graduado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Residente em Atenção à Saúde Mental pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da UEPA, associado a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (PRMS - UEPA/FHCGV). Mestrando em Saúde na Amazônia pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde na Amazônia do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (PPGSA - NMT/UFPA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/3330303838815853 INFORMAÇÕES SOBRE OS ORGANIZADORES http://lattes.cnpq.br/9300639695935139 http://lattes.cnpq.br/9756897572961670 http://lattes.cnpq.br/3330303838815853 Prezados leitores, as vivências acadêmicas no âmbito da enfermagem, com ênfase na produção científica, consistem em um universo rico e multifacetado que transcende os muros da sala de aula. Essa jornada de aprendizado e pesquisa se configura como um processo dinâmico e transformador, permeado por desafios e recompensas que contribuem significativamente para o desenvolvimento profissional, intelectual e pessoal do enfermeiro. Nesse contexto, a iniciação à pesquisa científica se destaca como um pilar fundamental para a formação de profissionais engajados na busca por soluções inovadoras para os problemas de saúde da população. Através da participação em projetos de pesquisa, os estudantes de enfermagem têm a oportunidade de desenvolver habilidades essenciais para a investigação científica, como a formulação de perguntas de pesquisa, a coleta e análise de dados, a interpretação de resultados e a comunicação de descobertas. Além disso, as vivências acadêmicas com foco na produção científica proporcionam aos futuros enfermeiros a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos em áreas específicas da enfermagem, contribuindo para a consolidação de uma prática profissionalbaseada em evidências científicas. Essa experiência também os torna mais aptos para lidar com as complexas demandas do mercado de trabalho, onde a pesquisa e a inovação são cada vez mais valorizadas. Em suma, as vivências acadêmicas com foco na produção científica em enfermagem representam um marco crucial na formação de profissionais autônomos, críticos e reflexivos, comprometidos com o avanço do conhecimento e a melhoria da qualidade do cuidado à saúde. Através dessa imersão no universo da pesquisa, os estudantes de enfermagem se preparam para se tornarem agentes de transformação social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e saudável. Boa leitura! APRESENTAÇÃO CAPÍTULO I ................................................................................................................................................. A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EM PREMATUROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Elaine Soares Souta; Larissa Soares Lima; Elen Andrade de Araújo Pessoa; Jamila do Socorro Ferreira dos Santos; Aline Ouriques de Gouveia 11 CAPÍTULO II ................................................................................................................................................ ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA CÂNCER CERVICAL EM COMUNIDADE RIBEIRINHA DO MUNICÍPIO DE BREU BRANCO/PA Merivalda Vasconcelos Lobato; Lais Paes Rodrigues; Mírian Letícia Carmo Bastos 29 CAPÍTULO III ............................................................................................................................................... ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE A IDENTIFICAÇÃO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NOS CENTROS DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO NO INTERIOR DO PARÁ Karem de Carvalho Baia; Uliana Pimentel Lopes; Elen Andrade de Araújo Pessoa; Jamila do Socorro dos Ferreira dos Santos; Ana Zélia Silva Fernandes de Sousa 44 CAPÍTULO IV ............................................................................................................................................... ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AO ATENDIMENTO À CRIANÇA COM AUTISMO E UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE: UMA REVISÃO DA LITERATURA Marlete do Socorro Costa Ferreira; Orielson Costa de Leão; Lais Paes Rodrigues; Laís Araújo Tavares da Silva 64 CAPÍTULO V ................................................................................................................................................ AVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DAS GESTANTES ACOMETIDAS POR PRÉ-ECLÂMPSIA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Kamila Costa Alves; Leandro Soares Souza; Nathália Menezes Dias; Benedito do Carmo Gomes Cantão; Nicolli dos Santos Ferreira; Walace Coelho de Oliveira 74 CAPÍTULO VI ............................................................................................................................................... CRIAÇÃO DE UM FLUXOGRAMA PARA OS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA FRENTE À VIOLÊNCIA INFANTIL Mikaellem Lima Gonçalves; Raquel Silva de Carvalho; Iara da Silva Antunes Caldeira; Aline Ouriques de Gouveia 87 CAPÍTULO VII .............................................................................................................................................. EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: PERCEPÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO Thais de Melo da Silva; Vitória Caroline dos Santos de Souza; Kamila Sarges Rodrigues; Beatriz Amaral de Souza; Julyany Rocha Barrozo de Souza 102 ÍNDICE REMISSIVO ..................................................................................................................................... 122 SUMÁRIO 10 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Elaine Soares SoutaI; Larissa Soares LimaI; Elen Andrade de Araújo PessoaI; Jamila do Socorro Ferreira dos SantosI; Aline Ouriques de GouveiaII IGraduação em Enfermagem, Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Tucuruí, Pará, Brasil. IIMestranda, Programa de Pós-graduação em Gestão e Saúde na Amazônia (PPGGSA)/Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Docente, Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG) e Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí, Pará, Brasil. RESUMO / ABSTRACT O presente estudo tratará sobre a importância do método canguru na promoção do aleitamento materno em prematuros haja vista que o leite materno possui um papel fundamental para a saúde do prematuro pois propicia propriedades nutritivas, imunológicas, aumenta o desenvolvimento neuropsicomotor afetivo e diminui os riscos de infeções, logo menor tempo de hospitalização e melhora na qualidade da assistência ao recém-nascido prematuro. O objetivo geral deste estudo foi verificar qual a importância do método canguru na promoção ao aleitamento materno em prematuro. O método adotado caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura, a amostra foi composta pela captura de artigos de pesquisas primárias indexados no site de pesquisa da biblioteca virtual de saúde. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 13 artigos para análise e discursão. Os dados apontaram a importância que o método canguru tem na promoção do aleitamento materno, onde confirmam que o método canguru é uma estratégia eficiente para: melhora no desempenho neurocomportamental, respostas a estímulos de estresse, sucesso da amamentação e sinais vitais em prematuros, combater os baixos índices de amamentação em prematuros, melhora da diminuição do cortisol salivar, melhora significativa nos aspectos da amamentação e aleitamento materno exclusivo, assim como a satisfação da mãe em relação ao desempenho dos recém- nascidos. Conclui-se nesse estudo, sendo de grande relevância para a sociedade, uma vez que os efeitos do método canguru são direcionados para a mãe-bebê e impactam diretamente na qualidade do desenvolvimento do vínculo afetivo e do crescimento adequado dos recém-nascido. The present study will deal with the importance of the kangaroo method in promoting breastfeeding in premature infants, given that breast milk plays a fundamental role in the health of premature infants, as it provides nutritional and immunological properties, increases affective neuropsychomotor development and reduces the risk of infections, therefore shorter hospitalization time and improvement in the quality of care for premature newborns. The general objective of this study was to verify the importance of the kangaroo method in promoting breastfeeding in preterm infants. The adopted method is characterized as an integrative literature review, the sample was composed by the capture of primary research articles indexed in the research site of the virtual health library. After applying the inclusion and exclusion criteria, 13 articles were selected for analysis and discussion. The data showed the importance that the kangaroo method has in promoting breastfeeding, where they confirm that the kangaroo method is an efficient strategy for: improvement in neurobehavioral performance, responses to stress stimuli, successful breastfeeding and vital signs in preterm infants, combating low rates of breastfeeding in preterm infants, improvement in the decrease of salivary cortisol, significant improvement in aspects of breastfeeding and exclusive breastfeeding, as well as the mother's satisfaction in relation to the performance of the newborns. It is concluded that this study is of great relevance to society, since the effects of the kangaroo method are directed to the mother-baby and directly impact the quality of the development of the affective bond and the adequate growth of the newborn.CAPÍTULO I A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EM PREMATUROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA 11 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Palavras-chave: Prematuro; Método Canguru; Aleitamento Materno. Key words: Premature; Kangaroo Method; Breastfeeding. INTRODUÇÃO No Brasil, assim como nos demais países, a prematuridade constitui-se como um importante problema de saúde pública, de acordo com a Organização Mundial de Saúde o Brasil encontra-se em décimo lugar na classificação mundial da prematuridade sendo considerada a principal causa de morte em crianças nos primeiros 5 anos de vida (Bherering et al., 2021; França et al., 2017; Oliveira et al., 2015). Atualmente, nascem 340.000 prematuros por ano – 11,7% do total de nascimentos, o que representa 931 prematuros por dia. Entre estes, 60-70% desenvolvem-se normalmente e cerca de 10-15% correm o risco de deficiências graves (Raiol; Savelon; Morais; 2022). Os prematuros apresentam características anatomofisiológica singulares, que requerem uma adaptação complexa ao meio extrauterino, frente aos aspectos biológicos, sociais e psicológicos, e na grande maioria das vezes, necessitam de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) (Brasil, 2017; Damasceno et al., 2014; Pieszak et al., 2017). Nesse sentido Paiva et al. (2013), destaca que o processo de admissão do recém-nascido prematuro na UTIN ou em uma unidade de cuidados intermediários se caracteriza como um acontecimento extremamente estressante, perturbador e frustrante gerador de grande sofrimento para tríade mãe-filho-família além de gerar a quebra da relação entre o binômio mãe-filho, podendo desta forma influenciar no processo de aleitamento materno que é considerado a nutrição padrão ouro. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o leite materno protege contra diversas infecções, alergias, doenças respiratórias e crônicas não transmissíveis, além de contribuir na formação da arcada dentária e na prevenção da obesidade infantil e outras doenças (Brasil, 2015). Mediante a perspectiva de minimizar os efeitos negativos do período de internação do recém-nascido (RN) prematuro o governo federal por meio do MS implementou o Método Canguru que é uma política nacional de saúde que integra um conjunto de ações voltadas para a qualificação do cuidado ao RN e sua família. O Método Canguru é dividido em três etapas: na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN); no alojamento conjunto; e alta hospitalar e ambulatorial até peso mínimo de 2,5 kg (Brasil 2018; Santos; Azevedo Filho, 2016). 12 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Nesse sentido, o presente estudo tratará sobre a importância do método canguru na promoção do aleitamento materno por meio de uma revisão integrativa da literatura, buscando conhecer os efeitos do Método Canguru sobre o comportamento materno; identificando a influência do método na formação do vínculo mãe-bebê; e detectando os benefícios para o prematuro. O leite materno possui um papel fundamental para a saúde do prematuro pois propicia várias propriedades nutritivas, imunológicas, aumenta o desenvolvimento neuropsicomotor afetivo e diminui os riscos de infeções, logo menor tempo de hospitalização e melhora na qualidade da assistência ao RN e família (Haberland et at., 2021). METODOLOGIA O presente estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura, é um método que tem como finalidade agrupar e sintetizar os resultados de pesquisas sobre uma determinada temática de modo sistematizado e ordenado contribuindo para o aperfeiçoamento do conhecimento sobre o tema (Marconi; Lakatos, 2010). Para fazer uma revisão integrativa da literatura é necessário percorrer seis etapas distintas, sendo elas: elaboração da questão norteadora, busca na literatura, coleta dos dados, análise crítica dos estudos selecionados, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento (Souza et al., 2010). Diante disso, a questão norteadora foi: “O método canguru traz benefícios e impactos para o aleitamento materno ao prematuro?”. A amostra foi composta pela captura de artigos indexados no site de pesquisa da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) que abordem sobre a importância do método na promoção do aleitamento materno ao recém-nascido prematuro. O perfil para determinar as variáveis de busca que compuseram os resultados deste estudo foi traçado por meio dos descritores de saúde, as bases de dados utilizadas foram: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e National library of medicine (MEDLINE)/PUBMED. Foram incluídos todos os artigos que estavam disponíveis de forma gratuita, na íntegra, publicados em português ou em inglês que puderam ser traduzidos e que foram publicados no período de 2017 a 2022. Quanto aos critérios de exclusão, foram excluídos artigos incompletos, artigos de revisão, artigos duplicados, documentários, biografias, anais de congressos, Manuais, que não disponham de rigor metodológico e que não se enquadraram nos objetivos do presente estudo. 13 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DECs): “Método Canguru”, “Aleitamento Materno”, “Aleitamento”, “Prematuro”, “Kangaroo Mother Care” e “Beastfeeding”, estes descritores foram utilizados associados com o operador booleano “AND”. Os resultados dessa etapa podem ser observados no (Quadro 1.1). Quadro 1.1 – Distribuição numérica das publicações do período de 2017 a 2022 de acordo com as bases de dados e conforme os descritores. DeCS Bases de dados Metodo canguru AND aleitamento materno Prematuro AND metodo canguru AND aleitamento Kangaroo Mother Care Method AND Breastfeeding Total MEDLINE 115 32 162 309 LILACS 11 8 8 27 SciELO 7 4 2 3 PUBMED 1 1 153 155 Fonte: Elaborado pelas autoras, 2022. As informações coletas dos artigos selecionados foram avaliadas de maneira sistemática e rigorosa para a diminuição de vieses de erros e garantir que os critérios de inclusão e exclusão fossem seguidos, assim como, também, para que os objetivos do estudo fossem alcançados. Mediante a essa situação foi criado uma tabela contendo autor, título, tipo de estudo/ano e objetivos, para realizar uma melhor avaliação e sintetização dos dados. Por se tratar de um estudo de revisão integrativa da literatura e ser uma análise fundamentada em estudos, que são reconhecidos pela comunidade científica e já estão disponíveis em bases de dados de acesso livre, o estudo não foi encaminhado para ser avaliado em um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Porém, foram seguidas as orientações éticas conforme preceitua a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012), além disto os direitos autorais dos artigos estão preservados por meio da lealdade das informações e de citações das fontes que foram utilizadas. RESULTADOS Após uma busca minuciosa nas bases de dados foram localizados um total 504 artigos, destes 309, foram encontrados na Medline, 27 no LILACS, 13 na SciELO e 155 na PUBMED. Foram excluídos 319 artigos por estarem duplicados, 16 por serem artigos de 14 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | revisão e 135 mediante a leitura de títulos e resumos, dessa forma apenas 34 artigos foram selecionados para serem lidos na íntegra sendo que 4 deles não corresponderam as questões norteadoras, 13 não estavam, disponíveis de forma gratuitas e 4 estavam incompletos, sendo selecionados somente 13 artigos para compor o resultado dessarevisão. O processo de seleção dos artigos pode ser observado no (Fluxograma 1). Fluxograma 1 – Processo de Triagem dos artigos selecionados. Fonte: Elaborado pelos autores, 2022. A seguir evidenciamos todos os artigos que foram incluídos nessa revisão, segundo autor, título, tipo de estudo, ano e objetivos (Quadro 1.2). 15 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Quadro 1.2 – Descrição dos artigos selecionados segundo autor, título, tipo de estudo, autores, ano e objetivos (n= 15). N Autor / Ano Título Tipo de estudo Objetivo A1 ZHANG et al., 2020, Cuidado mãe canguru intermitente e prática de amamentação de rematuros tardios: resultados de quatro hospitais em diferentes províncias da China. Estudo observaciona l Investigar a associação entre a oferta de MMC intermitente e a prática de amamentação para prematuros tardios em quatro hospitais de diferentes províncias da China. A2 EL- FARRASH et al., 2019. A duração mais longa do cuidado canguru melhora o desempenho neurocomportamen tal e a alimentação em bebês prematuros: um estudo controlado randomizado. Estudo controlado randomizado Investigar o efeito do método canguru (KC) e sua duração no desempenho neurocomportamental, resposta ao estresse, sucesso da amamentação e sinais vitais em prematuros. A3 BASSO et al., 2019. Taxa de aleitamento materno e terapia fonoaudiológica no Método Canguru Estudo retrospectivo, docume ntal, com coleta de dados dos prontuários eletrônicos. verificar o índice de alta hospitalar em aleitamento materno e a atuação fonoaudiológica no período de implantação do Método Canguru em um hospital escola de nível terciário. A4 SINHA et al., 2022. Efeito do cuidado mãe canguru iniciado na comunidade no desempenho da amamentação em bebês com baixo peso ao nascer: um ensaio clínico randomizado. Ensaio clínico randomizado. estimar o efeito da promoção do cuidado mãe canguru iniciado na comunidade (ciKMC) em bebês com baixo peso ao nascer (BPN) no desempenho da amamentação infantil. A5 ALVES et al., 2021. Impacto da segunda e terceira etapas do método canguru: do nascimento ao sexto mês. Coorte retrospectiva. Avaliar se o Método Canguru tem impacto nas taxas de aleitamento materno exclusivo, peso, tempo de internação e taxas de reinternação. A6 ARTESE et al., 2021. Pesquisando o acesso da família: cuidados mãe canguru e políticas de amamentação em UTINs na Itália. Uma pesquisa observaciona l descritiva multicêntrica Avaliar o acesso dos pais às UTINs e instalações oferecidas aos familiares e testar "o estado da arte" em relação ao método mãe canguru (MCM) e políticas de amamentação nas UTINs nível III italianas. A7 MOHAMM A DI et al., 2022. Efetividade do método mãe canguru na resiliência materna e na autoeficácia da amamentação utilizando o método role-play em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Um estudo controlado randomizado Avaliar a eficácia do KMC na resiliência materna e na autoeficácia da amamentação por meio do método role-play em uma unidade de terapia intensiva neonatal. A8 MEHRPIS H EH et al., 2022. A eficácia do cuidado mãe canguru (KMC) no apego de mães com bebês prematuros. Estudo quase experimental Avaliar a eficácia do Método Mãe Canguru (MCM) nos vínculos maternos de mães com bebês prematuros. A9 SOUZA et al., 2022. A possível relação mediadora promovida pela autoeficácia da amamentação associada ao Método Canguru nos indicadores de aleitamento Estudo transversal aninhado em uma coorte, Avaliar o papel mediador da autoeficácia da amamentação na associação entre Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru e aleitamento materno 16 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | materno exclusivo. exclusivo. A10 GOUDARD et al., 2022. O papel do contato pele a pele no aleitamento materno exclusivo: um estudo de coorte Coorte multicêntrica Compreender o papel da exposição ao contato pele a pele e sua duração mínima na determinação do aleitamento materno exclusivo na alta hospitalar em lactentes com peso ao nascer de até 1.800g. A 11 BROTHER TON et al., 2021. Impacto do cuidado mãe canguru precoce versus cuidado padrão na sobrevida de recém-nascidos leves a moderadamente instáveis <2000 gramas: um estudo controlado randomizado. Ensaio clínico randomizado pragmático não cego Compreender o efeito do cuidado mãe canguru precoce na sobrevivência de recém- nascidos leves a moderadamente instáveis <2.000 g é uma lacuna de evidência de alta prioridade para cuidados com recém-nascidos pequenos e doentes. A 12 NUNES et al., 2017. Relação entre o uso da posição entre o uso da posição canguru em bebes pré- termos e a interação mãe - filho na alta Observacion al prospectivo exploratório Analisar a influência da duração da Posição Canguru nas interações iniciais entre mães e bebês prematuros. A 13 LI et al. ., 2019. Estudo de estratégias de promoção do aleitamento materno em prematuros na unidade de terapia intensiva neonatal. Coorte observaciona l Explorar o efeito das estratégias de promoção do aleitamento materno nos desfechos clínicos neonatais de prematuros durante a internação na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Fonte: Elaborado pelos autores, 2022. Dos 13 artigos selecionados para compor a amostra final desta pesquisa, 5 foram realizados no Brasil e 8 são internacionais, todos os artigos selecionados evidenciam a relação do método canguru na promoção do aleitamento materno de RNPT. Assim, os autores do A1 se propuseram a investigar os efeitos do MC ao AME em recém-nascidos tardios em diversos hospitais chineses entre 2017 e 2019. O estudo contou com um total de 844 participantes, dos quais 627 escolheram praticar o MC e 217 escolheram não aplicar, a investigação foi limitada a não randomização dos grupos sob uma perspectiva ética para não inserir as mães e seus filhos em grupos onde não se sentiriam confortáveis para realizar o MC. Segundo Zhang et al., (2020), o MC foi associado a um aumento de quase 2 vezes os índices de AME e amamentação, que, na China, estava abaixo de 29,2% aos 6 meses no ano de 2019. Os resultados também sugerem que o MC intermitente é eficiente para combater os baixos índices de amamentação em bebês prematuros e que mesmo por curtos períodos pode impactar no AME não apenas na alta, mas também em até 42 dias após a alta. Os autores do artigo A2 investigaram os efeitos do MC e o seu tempo de aplicação no desempenho neurocomportamental, respostas a estímulos de estresse, 17 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | sucesso da amamentação e os sinais vitais em bebês prematuros. Os autores randomizaram 120 bebês para receberem o MC durante 120 minutos por 7 dias consecutivos, 40 bebês para receberem o MC durante 60 minutos por 7 dias consecutivos, e 40 bebês (grupo controle) para receberem apenas cuidados convencionais ao RN de acordo com protocolos da UTIN, tendo seus pais autorizados a segurá-los de 15 a 30 minutos por dia durante o experimento. Todos os grupos receberam um exame clínico minucioso, coleta de dados antropométricos, tiveram os sinais vitais aferidos e realizado o teste de cortisol salivar antes e depois da aplicação do experimento. Ademais, El-Farrash et al. (2019), relatam que os resultados apontaram maiores pontuações para os grupos que receberam o MC em relação ao grupo controle. Sendo estes, menor tempo para atingir a alimentação enteral para ambos os grupos do MC, aumento da saturação deO2 e temperatura para o grupo que recebeu 120 minutos do MC em relação aos outros grupos, diminuição significativa nos níveis de cortisol salivar para os dois grupos do MC em relação ao grupo controle. Ambos os grupos do MC apresentaram, no fim dos 7 dias, melhoras na qualidade dos movimentos com maior amplitude, suavidade e harmonia, maior atenção e orientação a estímulos externos, menos excitabilidade e letargia em comparação ao grupo controle, sendo que o grupo de 120 minutos de MC teve esses resultados mais proeminentes em comparação aos demais. Os autores do A3 verificaram os índices de alta hospitalar em aleitamento materno e a atuação fonoaudiológica no período de implantação do MC em um hospital escola de nível terciário. O estudo documental retrospectivo investigou os prontuários dos RN pré-termo ou de baixo peso ou admitidos no período de 2016 a 2017 durante a implantação do MC no hospital. Segundo Basso et al. (2020), de um total de 259 RN incluídos no estudo, 85,5% tiveram alta em aleitamento materno, destes 48,3% em AME e 38,2% em aleitamento materno misto, 75,6% foram posicionados em seio materno na primeira semana de vida. Com um percentual de 47,9% a alta fonoaudiológica foi mais frequente em AME e que não precisaram de intubação. Os investigadores do estudo A4 testaram a hipótese de que o MC melhora o desempenho efetivo da amamentação em bebês com RNBP após o fim do período neonatal, ou seja, 28 dias após o nascimento, com uma amostra de 550 bebês sendo divididos em 2 grupos randomizados, um para receber a aplicação do MC até completar os 28 dias de nascimento e o outro para o grupo controle. Segundo Sinha e seus colaboradores (2022), a prevalência de desempenho de amamentação eficaz foi muito maior no grupo que recebeu o MC do que o grupo controle. Ao fim do experimento os 18 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | lactentes apresentaram melhoras significativas em todos os aspectos relacionados a amamentação e ao AME, incluindo a satisfação das mães com o desempenho de seus bebês. Os autores do estudo A5 avaliaram o impacto do MC nas taxas de AME, no peso, no tempo de internação e nas reinternações. Os investigadores avaliaram os dados de 93 prontuários e dividiram em 2 grupos, um grupo (n=36) que recebeu cuidados do MC e outro grupo (n=57) que recebeu cuidados comuns para controle. Alves et al., (2021), identificaram que as taxas de AME foram superiores no momento da alta, na primeira consulta de acompanhamento ambulatorial e no quarto mês de idade gestacional no grupo que recebeu cuidados MC do que o grupo que recebeu cuidados comuns, neste último observou-se maiores índices de reinternação. Apesar desses achados, os autores não observaram diferença no tempo de internação no momento da alta hospitalar. Os autores do estudo A6 avaliaram o acesso dos pais às UTIN e testaram o “estado da arte” em relação ao MC e às políticas de amamentação das UTIN italianas de nível III, bem como o acesso dos pais à unidade. Os investigadores tiveram uma amostra de 86 UTIN. Artese et al. (2021), relatam que no total, 62% das enfermarias permitiam a ambos os pais acesso aberto durante 24 horas à unidade, enquanto 38% relataram acesso com algum grau de restrição de tempo. Destas, 27% permitiam acesso diário por mais de 10h e 73% permitiam acesso por menos de 10h, com tempo médio diário de 4h. O MC era oferecido em 94% das unidades, mas 62% delas o MC foi limitado a um horário específico do dia e em 11% delas os pais não foram envolvidos no MC. Os investigadores do estudo A7 realizaram um experimento para investigar os efeitos do MC nas mães por meio da dramatização sobre a resiliência e a autoeficácia da amamentação. Os autores conduziram um estudo controlado randomizado simples-cego com um grupo recebendo o treinamento por meio da dramatização e outro para recebendo treinamento por meio de cartilhas, sendo este o grupo controle. Apesar disso, a amostra foi por conveniência, um total de 78 mães com seus bebês internados em um hospital universitário do Irã. Ademais, Mohammed et al. (2022), identificaram que ambos os grupos apresentaram resultados significativos no escore de resiliência, com a maior diferença para o grupo que recebeu a dramatização, em relação à autoeficácia em amamentar os resultados foram extremamente eficazes e, da mesma forma, o grupo que recebeu a dramatização como intervenção apresentou resultados muito superiores em comparação 19 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | ao grupo controle, mesmo que ambos os métodos tenham sido eficientes para provar as hipóteses. Os autores do artigo A8 se propuseram a avaliar a efetividade do MC no apego entre as mães e os bebês prematuros. A investigação contou com uma amostra de 100 mães com seus bebês internados, sendo dividida pela metade para formar o grupo que receberia a intervenção do MC duas vezes por dia durante 45 minutos e o grupo controle. Ademais, Mehrpisheh et al. (2022), identificaram que o apego entre as mães e seus bebês foi muito maior no grupo que recebeu a intervenção do que o grupo controle, este não apresentou mudanças significativas quando foram comparados os dados medidos antes e depois do experimento, além disso os autores mostraram que o os bebês no grupo da intervenção tiveram maior número de mamadas quando comparados ao grupo controle. Os investigadores do estudo A9 avaliaram o papel mediador da autoeficácia em amamentar na associação entre a UCIN Canguru e o AME. O estudo transversal aninhado em coorte foi realizado entre 2018 e 2020 contou com uma amostra de 114 bebês. Estes foram divididos em dois grupos, um para receber o MC e outro para ser o grupo controle. Segundo Souza et al. (2022), o grupo que recebeu o MC apresentou maior taxa de AME na alta hospitalar, além disso os autores referem que houve uma associação positiva entre permanecer no MC e a autoeficácia em amamentar com AME na alta hospitalar, no entanto a autoeficácia da amamentação não demonstrou ter papel relevante para a alta hospitalar. Os autores do estudo A10 se propuseram a compreender o papel da exposição do contato pele a pele e sua duração mínima na determinação do AME na alta hospitalar de lactentes com peso de até 1.800 g. O estudo foi de abordagem metodológica do tipo coorte multicêntrico foi realizado em 5 unidades neonatais de hospitais brasileiros e contou com um total de 388 bebês. Goudard et al. (2022), conseguiram alcançar seus objetivos e afirmam que a taxa de AME na alta foi de 66,1%. Segundo os autores, os lactentes com peso entre 1.125g e 1.655g o contato pele a pele foi fortemente associado ao AME, além disso os bebês que receberam até 2 horas e 30 minutos de contato pele a pele tiveram mais chances de receber alta em AME. Os autores do estudo A11 investigaram o efeito do MC para a sobrevida de RN leves a moderadamente instáveis com peso menor que 2.000g. O ensaio clínico randomizado foi realizado no único hospital escola de Gâmbia entre 2018 e 2020 e contou com uma amostra de 277 bebês com idade entre 1h e 24h, divididos em um grupo para receber cuidados padrão, sendo incluído o MC após as 24h, como grupo controle, e outro grupo com o MC sendo iniciado com menos de 24h após a admissão. 20 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Segundo Brotherton et al. (2021), relatam que não houve diferença nas taxas de mortalidade entre os grupos ou com a análise de sobrevida, dessa forma o resultado foi contrário às expectativas dos investigadores, no entanto eles conseguiram identificar um efeito do MC para diminuir os índices de hipotermia em RN. Ademais, os autores do A12 analisaram a influência do tempo de duração do MC entre as interações iniciais entre asmães e seus bebês. O estudo observacional, prospectivo e exploratório essas interações por meio de filmagens durante a amamentação previamente à alta hospitalar. De acordo com Nunes et al., (2017), a internação hospitalar durou de 14 a 70 dias, durante esses dias o tempo mínimo do MC foi de 60 minutos e o máximo de aproximadamente 70 horas, dessa forma quanto maior o tempo de internação maior foi a interação com o MC das mães e bebês. Os resultados dos autores apontaram que quanto maior o tempo de aplicação do MC mais os bebês tentavam interagir com as mães, e quanto maior o tempo de aplicação do MC menos as mães conversavam com seus bebês. Diante disso, os autores também apontam que não houve diferenças estatísticas relevantes entre a duração e a frequência do MC e a sensibilidade materna, dessa forma também não houve associação significativa entre os fatores maternos avaliados e as respostas dos RN. Os investigadores do estudo A13 exploraram o efeito das estratégias de promoção do aleitamento materno nos resultados clínicos neonatais de prematuros durante a internação na UTIN. O estudo contou com uma amostra de 123 bebês divididos entre grupo controle e grupo de intervenção. Li et al., (2019), referem que o grupo de intervenção foram mais precoces ao atingir a nutrição enteral completa, além disso esse grupo também mostrou menor tempo de internação quando comparado ao grupo controle. DISCUSSÃO Este estudo identificou que o MC é uma estratégia eficiente para incentivar e aumentar os índices do AME (Zhang et al., 2020), que o MC foi eficiente para melhorar os sinais vitais e o desenvolvimento dos RN em UTI, além de esses RN terem se tornado menos sensíveis aos estímulos externos, evidenciando que quanto maior o tempo de exposição ao MC melhores serão os parâmetros relacionados ao desenvolvimento do neonato e menores as incidências de hipotermia (Brotherton et al., 2021; EL-Farrash et al., 2019). Da mesma forma, o desempenho da amamentação eficaz foi melhorado por meio do MC, além disso, todos os aspectos relacionados a amamentação também foram otimizados nos bebês que receberam esta intervenção (Li et al., 2019; Sinha et al., 2022). 21 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | O MC também foi um importante fator que influenciou nas altas hospitalares em AME (Alves et al., 2021; Goudard et al., 2022; Li et al., 2019; Souza et al., 2022). Um resultado interessante foi o de que a dramatização como um método de auxílio para a aplicação do MC demonstrou ser muito eficiente para melhorar a eficácia do MC e o bom desempenho das mães ao amamentarem seus bebês. Além disso, também foi possível encontrar evidências em relação a como o MC é influente no processo de criação de vínculo entre o binômio Mãe-bebê (Nunes et al., 2017; Mehrpisheh et al., 2022; Mohammedi et al., 2022). Sendo assim, Lemos e colaboradores (2010) relatam que a prematuridade, bem como o baixo peso ao nascer, a necessidade de ventilação mecânica e longos períodos de internação hospitalar e a necessidade de uso de medicações são fatores que predispõe algumas fragilidades no desenvolvimento adequado dos lactentes. Diante do exposto, a literatura corrobora com os resultados deste estudo. Meier, Furman e Degenhardt (2007) e Paes (2018) referem que a ingestão inadequada de leite pode interferir no ganho ponderal dos RN e prolongar a icterícia em RN prematuros tardios, fazendo com que a suplementação por meio de fórmulas seja mais provável, além do término antecipado da amamentação. Alguns autores evidenciam os benefícios para o desenvolvimento do leite materno no contato pele a pele nas primeiras horas após o nascimento (Almeida, 2017; Hurst et al., 1997; Nyqvist, 2008), e que esse contato é benéfico para o estabelecimento do AME (Moore et al., 2016). Outros dados da literatura reafirmam a quantia de tempo de exposição ao MC é proporcional aos sinais de melhora nos sinais vitais, no ganho ponderal, na capacidade adaptativa à ambientes e estímulos, bem como no desenvolvimento neurocomportamental (Almeida; Forti, 2007; Fildman; Eidelman, 2003; Lucci, 2019; Silva et al., 2016). Outrossim, Hofer (2006) e Moore et al., (2016) também concordam, e relatam que o contato pele a pele entre o bebê e sua mãe está associado à regulação de mecanismos fisiológicos neonatais, incluindo aspectos comportamentais, cardiorrespiratórios, hormonais e digestivos. Lau (2018) relata em seu estudo que os benefícios do MC para a satisfação materna também são relevantes, a autora refere que isto se deve aos mecanismos de feedback aprimorados entre o binômio mãe-bebê, quanto melhor o vínculo menor será o estresse e maior será a confiança no ato de amamentar. Um estudo brasileiro (Alves et al., 2021), avaliou as taxas de reinternação no período pós-alta e na primeira consulta ambulatorial, os mesmos autores apontam este tema como sendo negligenciado em outros estudos nacionais. Um outro estudo evidenciou 22 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | que os índices de infecções diminuíram em bebês que receberam alta em associação ao MC (Conde-Agudelo; Díaz-Rosselo, 2014). Silva et al., (2015) informa que o MC também é um importante fator de prevenção às reinternações. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como tema a importância do método canguru na promoção do aleitamento materno ao prematuro e como abordagem metodológica uma revisão integrativa, a problemática foi em torno dos benefícios e impactos do MC para o prematuro com o objetivo de verificar na literatura a importância do método canguru na promoção ao aleitamento materno do recém-nascido. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho o tema mostrou-se como sendo de grande relevância para a sociedade, uma vez que os efeitos do MC são direcionados para a mãe e bebê e impactam diretamente na qualidade do desenvolvimento do vínculo afetivo e do crescimento adequado dos RN. Sendo assim, foi possível alcançar os objetivos de forma satisfatória, evidenciados pelos achados descritos nos resultados desta pesquisa. Nós conseguimos identificar que o MC é extremamente benéfico para os bebês prematuros ou não prematuros, além de ser muito eficaz para iniciar, estabelecer ou melhorar a qualidade do vínculo afetivo entre o binômio mãe-bebê. Da mesma forma, é um método útil para promover o AME durante os seis meses recomendados pela OMS e intermitente após esse período. Além disso, os benefícios destacam-se no melhoramento do desenvolvimento e crescimento infantil, nos aspectos fisiológicos relacionados ao sistema imunológico, ao sistema psicomotor e comportamental e também para a confiança materna em relação à amamentação. Portanto, é evidente que este estudo é de grande relevância para a comunidade acadêmica e científica, pois está pautada na possibilidade de desenvolver estratégias para educação e promoção em saúde e para incentivar a prática do AME e na possibilidade de desenvolver novos estudos e levantar novas questões para serem debatidas na comunidade científica. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. R. C. S. G. Estudo comparativo das representações maternas em díades com bebés de termo e extremo pré-termo. 2017. Tese de Doutorado. Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Educação de Lisboa. 23 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | ALVES, F. N. et al. 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Nesse sentido, algumas hipóteses foram consideradas no desenvolvimento desse trabalho: A distância e dificuldade de deslocamento são fatores que influenciam a não realização do PCCU. O deslocamento e a distância dos Centros de Saúde para a Comunidade Vila das Crioulas. O desconhecimento das mulheres sobre o CCU e exame preventivo são fatores que podem estar ligados a não realização do PCCU. Esta pesquisa se identifica como descritiva com abordagem quantitativa. Descritiva porque tem a finalidade de descrever as características de uma determinada população ou fenômeno, tais como distribuição por idade, sexo, levantamento de atitudes e opiniões, nível de escolaridade, entre outros, utilizando-se de técnicas padronizadas para coleta de dados como questionário. Observou-se que a renda familiar e a escolaridade das mulheres são pontos importantes nesse estudo visto que a uma parte não possui escolaridade completa e a maioria declarou possuir renda menor que 1 salário mínimo. A Organização Mundial da Saúde prevê que entre 2018 e 2040, cerca de 30 milhões de novos casos de câncer, em ambos os sexos e todas as idades. O câncer apresenta, portanto, um fardo psicossocial e econômico para os indivíduos e famílias afetados, comunidades e sistemas de saúde, com impactos significativos na saúde pública global. O câncer do colo do útero está entre os principais tipos de canceres e possui. Nesse sentido, foi realizado uma ação educativa em saúde como estratégia de conscientização à This study aimed to identify the risk factors for cervical cancer in women from the Vila das Crioulas Community in Breu Branco-Pará. In this sense, some hypotheses were considered in the development of this work: The distance and difficulty of displacement are factors that influence the nonperformance of PCCU. The displacement and distance from the Health Centers to the Vila das Crioulas Community. The women's lack of knowledge about CCU and the preventive exam are factors that can be linked to the non- performance of PCCU. This research is identified as descriptive with a quantitative approach. Descriptive because it aims to describe the characteristics of a certain population or phenomenon, such as distribution by age, sex, attitudes and opinions, level of education, among others, using standardized techniques for data collection such as a questionnaire. It was observed that the family income and the schooling of the women are important points in this study, since some of them do not have complete schooling and most of them declared to have an income of less than one minimum wage. The World Health Organization predicts that between 2018 and 2040, about 30 million new cases of cancer, in both sexes and all ages. Cancer therefore presents a psychosocial and economic burden to affected individuals and families, communities and health systems, with significant impacts on global public health. Cervical cancer is among the main types of cancers and has. In this sense, an educational action in health was carried out as a strategy to raise awareness of the health of riverine women in the municipality of Breu- Branco PA. In view of the research it is observed that most women do not CAPÍTULO II ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA CÂNCER CERVICAL EM COMUNIDADE RIBEIRINHA DO MUNICÍPIO DE BREU BRANCO/PA 29 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | saúde da mulher ribeirinha no município de Breu- Branco PA. Diante da pesquisa observa-se a grande parte das mulheres não realizam o PCCU conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. Ressalta-se também que elas apresentam fatores de risco para o CCU. O deslocamento é um dos motivos que podem favorecer que com que essas mulheres não realizem o exame de forma correta, pois a distância da Unidade de Saúde influencia para que elas não busquem os serviços necessários. perform PCCU as recommended by the Ministry of Health. It is also noteworthy that they present risk factors for CCU. The displacement is one of the reasons that may favor that these women do not perform the exam correctly, because the distance from the Health Unit influences them not to seek the necessary services. Palavras-chave: Câncer do colo do útero HPV; Comunidades Ribeirinhas Key words: Cervical cancer; HPV; Riverine Communities. INTRODUÇÃO Para o crescimento de um tumor, é necessário conciliar dois fatores, a causa exigida por um determinado patógeno e os fatores influenciadores. O processo de carcinogênese se inicia com o dano de um ou de um grupo de genes em uma célula, evoluindo, em caso de falha de mecanismos de reparo para destruir células ou restaurar o sistema imunológico (Brasil, 2020). A carcinogênese pode ser espontânea ou devido à ação de carcinógenos (químicos, físicos ou biológicos), que podem ou não causar alterações genéticas ou alterações na função dos genes (de Jesus e Oliveira, 2020). Certas características do CCU são extremamente relevantes quando se discute a incidência da progressão da doença nos últimos anos. O primeiro é o fato dessa patologia ser caracterizada pela replicação desordenada do epitélio do revestimento uterino, que danifica o estroma (tecido subjacente) e pode se espalhar para órgãos contíguos ou distais (Vaz et al. 2020). Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres, sendo responsável por aproximadamente 230 mil óbitos anualmente, com taxa de incidência maior em países subdesenvolvidos, atingindo principalmente mulheres na faixa etária entre 20 a 29 anos, sendo assim, o risco aumenta rapidamente, até atingir seu pico geralmente na idade de 45 a 49 anos (Moreira; Andrade, 2018). Atualmente se observa a existência de um perfil de tipos de canceres em países em desenvolvimento semelhante a países desenvolvidos, entretanto, nos países subdesenvolvidos ainda persistem canceres relacionados a condições socioeconômicas menos favoráveis, como é o caso do câncer do colo do útero (CCU) (INCA, 2019). Vários fatores têm sido associados ao desenvolvimento do CCU, na infecção pelo HPV. No entanto, os efeitos na saúde associados ao baixo nível socioeconômico de uma população, 30 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | bem como suas consequências, como má alimentação e/ou desnutrição, podem estar associados à alta mortalidade por CCU entre as mulheres no Brasil e países em desenvolvimento (Almeida et al., 2021). Na Amazônia brasileira, os desafios estruturaise políticos para a implementação de políticas públicas de saúde se intensificam diante da diversidade regional, com implicações para a organização do sistema de saúde: áreas de inundação ribeirinha e maré baixa, populações altamente dispersas, condições precárias de transporte, necessidades especiais presença de 11 populações tradicionais como comunidades indígenas e ribeirinhas e também os quilombolas (Lima et al., 2021). METODOLOGIA Esta pesquisa se identifica como descritiva com abordagem quantitativa. Descritiva porque tem a finalidade de descrever as características de uma determinada população ou fenômeno, tais como distribuição por idade, sexo, levantamento de atitudes e opiniões, nível de escolaridade, entre outros, utilizando-se de técnicas padronizadas para coleta de dados como questionário (Gil, 2008). O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual do Pará Campus Marabá VIII – Marabá, em pesquisas com seres humanos, e aprovado sob o número de parecer 3.736.328. O presente estudo foi realizado no ano de 2022, nos meses de setembro e outubro. O local foi a Comunidade Vila das Crioulas, localizado às margens do rio Tocantins, pertencente ao município de Breu Branco – Pará. A cidade de Breu Branco, possui uma área de 3941,911 km². Encontra-se à 446 km da capital Belém- PA, tem uma população estimada em 2021 de aproximadamente 64.738 habitantes, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa foi realizada com 17 mulheres moradoras da Comunidade Vila das Crioulas, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Logo após a seleção dos critérios de inclusão descritos para a pesquisa, todas as mulheres selecionadas receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a devida aceitação e autorização em fazer parte da pesquisa. Os dados do questionário foram processados e analisados através de estatística básica, no programa Microsoft Excel versão 2021 e apresentados em forma de tabela e gráficos de frequência absoluta e relativa. Vale ressaltar que tal análise proporcionou organizar e sintetizar os dados coletados durante a pesquisa para alcançar os objetivos 31 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | propostos. Essa análise foi embasada no referencial teórico, sustentando, segundo os autores citados, as afirmações ou negações. RESULTADO E DISCUSSÃO As participantes e as pesquisadoras do estudo tiveram a oportunidade de realizar uma apresentação pessoal, para que assim a abordagem fosse mais dinâmica e deixar o público mais confortável. Nesse momento, músicas regionais eram tocadas para deixar o clima mais agradável, essencial para desfazer tensão inicia, proporcionar um ambiente mais acolhedor e após isso foi ofertado um café da manhã para elas. Seguiu-se então a explanação da pesquisa por meio da entrega de um folder explicativo acerca do PCCU que incentivou a participação das mulheres nos questionamentos. Foi realizada uma roda de conversa com as mulheres que residem na Comunidade Vila das Crioulas. Sendo abordado a importância do exame de PCCU na prevenção do câncer do colo uterino, fatores de risco, infecção pelo vírus HPV, e também a prevenção. A conversa aconteceu de maneira simplificada para que assim houvesse uma melhor compreensão das participantes. Ademais, o TCLE foi apresentado antes da realização da pesquisa para que cada participante entenda os objetivos, riscos e benefícios e a confidencialidade das informações pessoais fornecidas. Após todas responderem, foi iniciado uma breve palestra sobre a coleta de PCCU e o autoexame das mamas (figura 2.1). É possível perceber os benefícios resultantes por meio da curiosidade despertada, que aparece nas perguntas sobre o assunto e na interação entre as mulheres. O método do autoexame das mamas e do exame preventivo são formas interessantes de fazer com que elas sigam melhor as orientações. Além disso, o último momento foi essencial, pois nele houve uma troca de diferentes experiências e sentimentos das mulheres presentes, para preencher as lacunas e reiterar os benefícios do autoconhecimento da saúde da mulher. 32 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Figura 2.1 – Registro de ação educativa: exposição dos materiais usados Fonte: arquivo pessoal da autora. Além disso, a escolaridade está diretamente ligada às práticas de autocuidado e melhoria da saúde, que são influenciadas diretamente pelo conhecimento, a importância de conhecer as informações de saúde e o acesso às informações de saúde. Estudos têm mostrado que diferentes níveis socioeconômicos e educacionais estão diretamente associados a níveis mais baixos de alfabetização em saúde e meios de prevenção do CCU. Portanto, educação em saúde de longo prazo e atividades educativas disponíveis para as mulheres são cruciais para que elas compreendam a importância do diagnóstico precoce (Silva et al., 2021). Em relação à escolaridade, considera-se que as entrevistadas possuem grau de instrução, pois todas possuem algum grau de escolaridade. A maioria das mulheres afirmou possuir ensino médio completo e algumas possuem ensino superior outras não concluíram o ensino fundamental. Sabendo que a escolaridade interfere nas medidas preventivas, o nível de escolaridade baixo impede o acesso a informações de saúde. Este resultado mostra necessidade de serviços e profissionais de saúde que desenvolvam estratégias de educação em saúde específico para esta população (Fonseca; da Silva; da Silva, 2021). Quanto ao estado civil, a maioria (65% das participantes da pesquisa) relataram estar em uma união estável, apesar de não ter sido avaliado a orientação sexual delas. De 33 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Sousa Silva et al. (2021) afirmam que independente do estado civil, a existência de práticas sexuais regulares estimula as mulheres a procurar os serviços de saúde e torna-se uma oportunidade de contato, aconselhamento e triagem. Ressalta-se que 80% das mulheres sexualmente ativas adquirem a infecção pelo HPV, principal causa do PCCU, o que reafirma a necessidade do rastreamento dessas mulheres. Outro fator observado na pesquisa se refere a idade da primeira relação sexual, que ficou na faixa entre 12 a 20 anos. Esse início precoce pode ser um fator predisponente para a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e o desenvolvimento de lesões pré- cancerosas cervicais devido a tecidos reprodutivos imaturos. Outrossim, vários estudos no Brasil têm mostrado que a exposição precoce ao HPV e a falta de rastreamento levam a lesões cervicais graves antes da idade em que o rastreamento é recomendado (da Silva et al., 2022). Essa situação é preocupante, tendo em vista que as jovens só procuram atendimento médico para realização do exame de Papanicolau após alguns anos de início da atividade sexual e após várias trocas de parceiros, muitas vezes por sentirem algum desconforto e dúvidas. As mulheres que tiveram a primeira relação sexual entre os 10 e os 19 anos tem três vezes mais chances de desenvolver uma neoplasia endocervical do que as mulheres que tiveram a primeira relação entre os 20 e os 30 anos (Souza et al., 2020). Outro ponto observado foi IST, nesse sentido, 14 participantes disseram não ter tido nenhuma IST, e 3 disseram ter tido IST. Das 3 que tiveram IST, a primeira respondeu que foi Gonorreia, a segunda HPV e a terceira disse de forma inespecífica, não tendo certeza de qual patógeno seria o causador, mas que achava ser bactéria. Todas alegaram buscar consulta com o médico para esclarecimento e tratamento. Ressalta-se que a infecção pelo vírus. A prevalênciado HPV vem aumentando consideravelmente em todo o mundo por decorrência de inúmeros fatores, é compreensível que a iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais e sexo desprotegido sejam os principais contribuintes para esse aumento. De acordo com Negrão e colaboradores (2018) a maioria das mulheres sexualmente ativas terá contato com o vírus em algum momento de sua vida. Sobre o período em que se deve repetir o exame PCCU, 14 participantes afirmaram saberem o período e 3 não sabiam. Das 14 que responderam sim, 12 disseram ser de 6 em 6 meses e cinco responderam ser uma vez ao ano. A periodicidade recomendada para a realização do exame do PCCU é a cada 3 anos, após 2 testes anuais negativos consecutivos normais, e depois a cada 3 anos dentro da faixa etária recomendada ou após o início da atividade sexual. Essa periodicidade é baseada na 34 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | observação da história natural do CCU, o que permite a detecção precoce e o tratamento imediato das lesões pré-cancerosas devido à sua lenta evolução para uma doença mais grave (INCA, 2016). O exame citopatológico deve ser priorizado em mulheres que se tornaram sexualmente ativas e pode ser executado em qualquer Unidade Básica de Saúde. É de extrema importância que profissionais capacitados que atuam na saúde orientem as pacientes sobre a periodicidade desse exame e enfatizem a importância das inspeções, pois sua execução regular pode reduzir a morbidade e mortalidade relacionado ao CCU (BRASIL, 2018). Todas as participantes desse estudo consideram o PCCU um exame importante. Sobre a finalidade do exame PCCU, 23% responderam para detectar o câncer uterino, prevenir o câncer e detectar IST; 12% disseram apenas detectar câncer uterino; 41%responderam prevenir câncer e 24% responderam detectar o câncer uterino e prevenir o câncer. É imprescindível que as mulheres entendam a importância e a finalidade do exame preventivo e compreendam a necessidade dele como método preventivo, não apenas quando apresentam sintomas ginecológicos, para evitar que o processo infeccioso evolua para um quadro mais grave. É importante ressaltar que a realização do exame de PCCU está associada à prevenção e ao diagnóstico precoce do CCU, que também pode detectar alterações no colo do útero (Dias et al., 2021). Vários estudos têm mostrado que o aconselhamento de enfermagem em cuidados preventivos geralmente se concentra na realização de exames e informações de rotina, e não na escuta, na comunicação e nas necessidades da mulher. Portanto, ressalta- se a importância de uma abordagem metodológica que priorize a escuta e o diálogo. Acredita-se que a partir do estabelecimento do vínculo afetivo, da empatia e do engajamento entre o enfermeiro e a mulher, elementos essenciais da relação, os profissionais estarão mais aptos a identificar as necessidades e estimular a compreensão da sexualidade e o autoconhecimento (Souza; Costa, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da pesquisa observa-se que a grande parte das mulheres não realizam o PCCU conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. Ressalta-se também que elas apresentam fatores de risco para o CCU. O deslocamento é um dos motivos que podem favorecer que com que essas mulheres não realizem o exame de forma correta, pois a 35 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | distância da Unidade de Saúde influencia para que elas não busquem os serviços necessários para a manutenção de sua saúde. Neste estudo, observou-se que existem várias barreiras para a realização do exame, tanto pela forma como os serviços de saúde estão organizados como também pela maneira que a mulher procura esse serviço, seja por falta de interesse em realizar o exame, medo ou até mesmo o constrangimento, ficou claro que a maioria das justificativas para não fazê-lo demonstra desconhecimento sobre a importância do exame regular, bem como sobre os benefícios o que evidencia a necessidade de campanhas e programas sobre a importância da realização do PCCU. Sendo assim, o deslocamento e a distância são fatores observados durante o estudo, que acarreta a não realização do exame pelas mulheres da Comunidade Vila das Crioulas. A realização desta pesquisa oportunizou a reflexão sobre a importância do acolhimento, das ações em saúde bem para a realização do PCCU especialmente nas localidades mais afastadas da zona urbana. A vivência desse momento permitiu colocar em prática os princípios da integralidade e da humanização, além de valorizar o cuidado com seu corpo e a sua saúde. É necessário um olhar mais humanizado diante das necessidades dessa população, isso mostra a importância de tais intervenções por meio da desmitificação de mitos e tabus em relação a realização do PCCU, visto se tratar de um exame muito importante para a saúde. Assim, é necessário realizar ações de educação em saúde de forma continuada, para enfatizar a importância da realização do PCCU conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, assim, proporcionando uma maior adesão ao exame, além de possibilitar uma assistência mais humanizada, contínua e também de qualidade. Por fim, sugere-se que futuras pesquisas abordem as ações em saúde voltadas a realização PCCU, para que assim haja incentivo quanto a realização do exame. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Carmem Mariana Carneiro et al. Principais fatores de risco associados ao desenvolvimento do câncer de colo do útero, com ênfase para o Papilomavírus humano (HPV): um estudo de revisão. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 10, n. 1, pág. e19810111634-e19810111634, 2021. BAGIO, Camila Beltrame et al. 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Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia. 2021. SILVA, Mikaela Luz et al. Conhecimento de mulheres sobre câncer de colo do útero: Uma revisão integrativa. Brazilian Journal of health Review. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 7263-7275 jul./aug.. 2020. ISSN 2595-6825. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/12566/10545. Acesso em 25 de maio de 2022. SILVA, Thaís Rodrigues de Sousa et al. A importância do exame Preventivo de Câncer de Colo de Útero e os fatores relacionados a não adesão. Research, Society and Development, v. 10, n. 4, p. e51710414079-e51710414079, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14079/12949. Acesso em 10 de novembro de 2022. SOUZA, Meriele Santos et al. Perfil das mulheres que se submetem ao exame Papanicolau na Estratégia Saúde da Família. Revista Uningá, v. 57, n. 1, p. 51-60, 2020. Disponível em: https://revista.uninga.br/uninga/article/view/3034/2193. Acesso em 20 de novembro de 2022. 41 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | VALÉRIO, Marcela Pugas et al. Câncer de colo de útero: do diagnóstico ao tratamento Cervical Cancer: From Diagnosis to Treatment. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 3, p. 20235-20241, 2022. VAZ, Guilherme Parreira et al. Perfil epidemiológico do câncer de colo de útero na região norte do brasil no período de 2010 a 2018. Rev Patol Tocantins, v. 7, n. 2, 2020.Disponível: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/patologia/article/view/8750/17139. Acesso em 25 de maio de 2022 VIEIRA, Adriele Ananias. Perfil de familiares de pacientes com câncer. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia. 2021. Disponível em: http://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/31987/1/PerfilFamiliaresPacientes.pdf. Acesso em 18 de maio de 2022. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cancer Management. Geneva: WHO; 2020. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Cancer Management. Geneva: WHO; 2020. Disponível em: https://apps.who.int/iris/rest/bitstreams/1267643/retrieve. Acesso em 18 de maio de 2022. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO guideline for screening and treatment of cervical pre-cancer lesions for cervical cancer prevention, second edition. Geneva: World Health Organization; 2021. 42 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | 43 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Karem De Carvalho BaiaI; Uliana Pimentel LopesI; Elen Andrade de Araújo PessoaI; Jamila do Socorro dos Ferreira dos SantosI; Ana Zélia Silva Fernandes de SousaII IGraduação em Enfermagem, Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Tucuruí, Pará, Brasil. IIMestra, Programa de Pós-graduação em Gestão e Saúde na Amazônia (PPGGSA)/Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Docente, Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), Tucuruí, Pará, Brasil. RESUMO / ABSTRACT O período gestacional é acompanhado de inúmeras transformações na fisiologia e vida da mulher e há modificações que se perduram no puerpério, as quedas hormonais, a aceitação de um novo corpo e a dependência total de um novo ser, podendo levar o período pós-parto, a um estado de desordem psicológica, que podem desencadear transtornos de humor como a depressão pós-parto (DPP). Nesse contexto, o objetivo geral desta pesquisa é conhecer como os enfermeiros atuantes em centros de saúde identificam os sintomas depressivos puerperais no município de Tucuruí/PA. O estudo tem o caráter descritivo e exploratório sob uma abordagem qualitativa. Os resultados apontaram que os entrevistados conseguiram descrever as características chave da patologia para a sua identificação. Quanto a assistência evidenciou-se a escuta qualificada e a encaminhamento da paciente ao psicólogo frente sinais e sintomas depressivos. Enquanto em relação as ações que objetivam orientar as gestantes sobre a temática resumiram-se em rodas de conversa e palestras de acordo com o calendário municipal. Constatou- se que há dificuldades no manejo da paciente com DPP em relação acessibilidade ao psicólogo, além das condições financeiras da mesma associadoa locomoção, ausência e/ou dificuldade da inserção da rede de apoio da puérpera e a própria negação da mulher diante ao seu estado depressivo. Diante disso, fica claro que a DPP é um problema de saúde pública que necessita da atenção multiprofissional, destacando o enfermeiro, com a função de identificação da DPP. The gestational period is accompanied by numerous changes in the physiology and life of the woman and there are changes that last in the puerperium, the hormonal drops, the acceptance of a new body and the total dependence on a new being, which may lead to the postpartum period, to a state of psychological disorder, which can trigger mood disorders such as postpartum depression (PPD). In this context, the general objective of this research is to know how nurses working in health centers identify puerperal depressive symptoms in the city of Tucuruí/PA. The study has a descriptive and exploratory character under a qualitative approach. The results showed that the interviewees were able to describe the key characteristics of the pathology for its identification. As for the assistance, qualified listening and referral of the patient to the psychologist in the face of depressive signs and symptoms were evidenced. While in relation to the actions that aim to guide pregnant women on the subject, they were summarized in conversation circles and lectures according to the municipal calendar. It was found that there are difficulties in the management of the patient with PPD in relation to accessibility to the psychologist, in addition to the financial conditions of the same associated with locomotion, absence and/or difficulty in the insertion of the puerperal support network and the woman's own denial of her depressive state. In view of this, it is clear that PPD is a public health problem that requires multidisciplinary care, with emphasis on nurses, with the role of identifying PPD. CAPÍTULO III ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE A IDENTIFICAÇÃO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NOS CENTROS DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO NO INTERIOR DO PARÁ 44 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Palavras-chave: Depressão Pós-Parto; Período Pós-Parto; Identificação Psicológica; Papel do Profissional de Enfermagem. Key words: Postpartum Depression; Postpartum Period; Psychological Identification; Role of the Nursing Professional. INTRODUÇÃO De acordo com Alves e Bezerra (2020), durante a gravidez o corpo da mulher passa por várias modificações físicas e psicológicas para que um novo ser possa crescer e se desenvolver a partir dela. No decorrer desta fase do ciclo de vida da mulher, essas mudanças afetam extremamente a rotina e a zona de conforto dessa mãe, assim como também do seu parceiro(a) e/ou sua rede de apoio, podendo causar um desequilíbrio emocional e psíquico, prejudicando dessa forma sua autoestima, identidade feminina e a sexualidade. Além das transformações no período da gestação, há aquelas que se perduram no puerpério, as quedas hormonais, a aceitação de um novo corpo e a dependência total de um novo ser (Elias; Pinho e Oliveira, 2021). É necessário que a mulher gerencie a sua nova estrutura familiar e os desafios em manter o bem-estar geral do recém-nascido, que vão além das necessidades fisiológicas básicas, mas também ao processo de desenvolvimento e afeto (Silva, et al., 2021; Cunha; Eroles e Resende, 2020). A depressão pós-parto (DPP) ocorre normalmente após as quatro primeiras semanas do nascimento, acometendo principalmente as primíparas em virtude do sentimento de incapacidade diante os cuidados com o filho, além de vários fatores que podem estar associados como: baixa escolaridade, menor idade materna, baixos níveis socioeconômicos, gravidez não planejada ou indesejada e a não adaptação com a criança. Apesar de ser pouco explanado, uma a cada quatro mulheres apresentam sinais e sintomas depressivos no período de 6 a 18 meses após do nascimento do bebê (Temóteo et al., 2018). Outrossim, Monteiro et al., (2020) apontam que muitas mulheres vivenciam quadros graves de DPP ou uma condição relacionada a ela. Sendo a prevalência dessa patologia em torno de 10% a 20% entre as novas mães e 1 em cada 7 mulheres podem desenvolver a DPP no ano subsequente ao parto. Ademais, várias mulheres que abortam ou têm natimortos também apresentam sintomas de DPP. Estudo pressupõe que o índice de DPP é maior do que as estatísticas de fato revelam, em decorrência a falha em diagnosticar precocemente esses episódios (Fonseca et al., 2010). 45 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Segundo Matos et al. (2017) durante o ciclo gravídico-puerperal a mulher deve ser acompanhada por uma equipe multiprofissional em especial pela equipe de enfermagem, que realiza as consultas de pré-natal e pós-natal, no qual objetiva-se detectar fatores de risco, mantendo assim o bem-estar materno infantil através de uma atenção qualificada, humanizada e holística. De posse da gravidade dos sintomas depressivos e do quanto eles podem afetar todo o cotidiano do binômio - mãe e bebê - além de toda sua estrutura familiar e bem-estar, ressalta-se a importância da detecção precoce destes pela equipe que os assiste, destacando a equipe de enfermagem, que estabelece um contato ímpar no acompanhamento das mulheres durante o período gravídico-puerperal (Gomes; Santos, 2017). Ressaltando a necessidade de um olhar holístico e multiprofissional a esta paciente, visto que não são apenas as questões fisiológicas que estão em modificação neste período. Destaca-se a função do enfermeiro como indispensável na promoção e prevenção da qualidade de vida das puérperas, uma vez que é este profissional que as acompanham durante todo o período gravídico puerperal, cabendo a este a identificação de situações de risco materno infantil, assim como a condução do rastreamento dessas mães diante a identificação de sinais e sintomas depressivos e o encaminhamento para outros profissionais se necessário. Diante do exposto, essa pesquisa objetivara conhecer a pratica dos enfermeiros em centros de saúde pública na identificação dos sintomas depressivos puerperais. Por entender que se tratar de um grave problema de saúde pública, que afeta o binômio – mãe e bebê – este estudo é relevante não apenas para o meio acadêmico, mas em especial no auxílio do processo de trabalho dos enfermeiros. METODOLOGIA O presente estudo tem o caráter descritivo e exploratório sob uma abordagem qualitativa. Os participantes da pesquisa foram profissionais de enfermagem que atuam diretamente na Atenção Primária a Saúde, em cinco Centros de Saúde do município de Tucuruí – PA. A seleção das participantes se deu por meio da amostragem não probabilística, do tipo amostra por acessibilidade, no qual são selecionados integrantes da população acessíveis ou disponíveis para participar do processo de pesquisa (Freitag, 2018), totalizando assim em 11 entrevistados. 46 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Quanto a área do estudo selecionada consistiu nos centros de saúde: Cohab (Travessa W03 Quadra 11 - 120, CEP: 68459190); Getat (Rua Maranhão – Sem número, CEP: 68457060); Matinha (Travessa 24 de outubro - Sem número, CEP: 68458970); Mercedez Barroso (Rua A - 02, CEP: 68458970); Terra Prometida (Travessa 9 de julho - Sem número, CEP: 68458620). Os critérios de inclusão para este estudo foram de Enfermeiros: Atuantes nos Centros de Saúde no município de Tucuruí – PA e; prestam assistência ao pré-natal de risco habitual e no puerpério. O critério de exclusão será: Profissionais afastados das suas atividades, por motivo de licença, doenças ou de férias. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturadacom perguntas abertas e fechadas. O roteiro foi elaborado mediante os objetivos do estudo, estruturado nos seguintes eixos temáticos norteadores, sobre perfil de identificação profissional e com perguntas norteadoras sobre a depressão pós-parto, a identificação dos sintomas bem como conhecer a assistência ofertada. A coleta de dados iniciou após a emissão do parecer de aprovação e autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Pará do polo de Marabá, com Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE): 62908522.6.0000.8607 e número de Parecer: 5.692.476 e da Secretaria Municipal de Saúde de Tucuruí. Seguiu todas as etapas previstas para estudos envolvendo seres humanos conforme a Resolução nº 466/2012 (Brasil, 2012). Processo seguiu duas etapas: Primeiramente, as pesquisadoras foram aos locais de estudo, antes da coleta de dados, para conhecer a equipe e as normas operacionais e funcionais dos locais destinados a pesquisa. Realizado um primeiro contato com os enfermeiros responsáveis, onde foi apresentado o projeto e determinado o dia e horário de preferência dos entrevistados. Em seguida, de acordo com o dia e horário marcado foi entregue aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, onde realizamos a leitura conjunta e assinatura em 2 (duas) vias que ficou uma com o entrevistado e outra com as pesquisadoras. Cada participante recebeu no seu roteiro de entrevista uma codificação alfanumérica sequencial (ENFERMEIRO – E, E1, E2, E3) para fins de sigilo, e teve a entrevista gravada com o uso de aplicativo de smartphone para esse fim. Sendo assegurado os direitos de desistência e/ou retirada de depoimento, a qualquer tempo, também não houve quaisquer compensações financeiras pela participação, sendo esclarecido o risco e benefício relacionado à sua participação. 47 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, utilizou-se para análise e interpretação dos dados coletados a Análise de Conteúdo na Modalidade Temática, pelo fato desta técnica permitir a compreensão dos dados de significado psicológico e social (Bardin, 2011). A análise de conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos que permite a exploração o sentido das falas e contextualizá-las ao momento e circunstância em que foram proferidas (Bardin, 2011). A análise de conteúdo de Bardin (2011), descreve três etapas para a análise das informações: Pré – análise (1): Organizar os materiais e verificar o que está disponível, avaliando o que faz sentido para a pesquisa e o que ainda precisa ser coletado, por meio de uma leitura flutuante de cada entrevista. Exploração do material (2): Codificar o material por meio de recortes de registro das entrevistas, nos quais serão categorizados em correlação aos objetivos do estudo. Tratamento dos resultados e interpretação (3): Realizar o tratamento dos resultados obtidos e sua interpretação por meio da inferência, atribuindo significado aos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a coleta de dados em campo foram entrevistados 11 participantes, no qual todos exercem o cargo de enfermeiro nos Centros de Saúde do município de Tucuruí- PA. O perfil profissional da amostra foi caracterizado por meio da idade, sexo, tempo de formação, especialidade e tempo de atuação na Atenção Primaria a Saúde, descritos na tabela 1, tabela 2 e tabela 3, respectivamente. Mediante a análise dos dados a discussão dos mesmos foram divididas em duas categorias, sendo elas: I. Percepção dos profissionais acerca da Depressão Pós-Parto, destinado ao direcionado das perguntas sobre o conhecimento sobre a temática. II. Assistência de Enfermagem a puérpera, no qual aborda como o enfermeiro conduz sua consulta frente a puérpera, quais ações são realizadas para a promoção e prevenção a saúde dentro desse contexto e quais são as dificuldades encontradas na sua assistência. De acordo com a tabela 1, observa-se que em relação ao sexo 81,81% (n=9) são do sexo feminino e 18,18% (n=2) do sexo masculino. De acordo com estudo de Almeida (2004), a representação de gênero prevalece à força de trabalho feminino, fazendo com que seja compartilhada com outros autores essa predominância feminina na enfermagem 48 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | ocorrendo essa multiplicação histórica da enfermagem, isso comprova que a profissão é mais predominante pelo sexo feminino. Tabela 3.1 – Características dos participantes de acordo com as variáveis: sexo e idade. Sexo n (11) % Feminino 9 81,81% Masculino 2 18,18% Idade n (11) % 21-30 4 36,36% 31-40 3 27,27% 41-50 2 18,18% >50 2 18,18% Fonte: Elaborada pelas autoras, 2022. Em relação a idade notamos que 36,36% (n=4) se encaixavam na faixa etária de 21 a 30 anos, 27,27% (n=3) entre 31 a 40 anos, 18,18% (n=2) entre 41 a 50 anos e por fim 18,18% (n=2) pertencem a maior que 50 anos de idade. Os dados comprovam que o estudo de Machado, et al. (2016), revela em sua pesquisa que a maiorias dos enfermeiros estão na faixa etária de 31 a 40 anos, demonstrando que a profissão tem um perfil jovem. Com relação ao tempo de formação dos enfermeiros 9,0% (n=1) tem menos de um ano de formação, 45,45% (n=5) tem de um a dez anos, 36,36% (n=4) obtém de onze a vinte anos e 9,0% (n=1) tem mais de vinte anos de formação acadêmica. Tabela 3.2 – Caracterização dos participantes de acordo com as variáveis: tempo de formação como enfermeiro e período de atuação na APS. Tempo de formação n (11) % <1 1 9,0% 1-10 5 45,45% 11-20 4 36,36% >20 1 9,0% Tempo de atuação na APS n (11) % <1 1 9,0% 1-10 6 54,54% 11-20 3 27,27% >20 1 9,0% Fonte: Elaborada pelas autoras, 2022. Em continuidade, Formiga, et al. (2005), relata que a experiencia profissional, a participação institucional e estabilidade alcançada com o tempo de serviço é uma condição que favorece o estímulo para a permanência em uma organização, e também o tempo de 49 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | trabalho na instituição pode estar se associando, dessa forma se inclui também a satisfação individual para estimular os profissionais a permanência. Quanto ao tempo atuação na Atenção Primária a Saúde (APS) dos entrevistados percebe-se que se concentra no intervalo de tempo de 01 a 10 anos, um período de curta a médio prazo dentro de um setor que requer um conhecimento do perfil geral do território que se abrange e das necessidades que essa população necessita de acordo com o contexto inserido. Com relação as especialidades observam-se que alguns dos profissionais de enfermagem se encaixam em mais de uma categoria, distribuídas entre: Urgência e Emergência 45,45% (n=5), Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 18,18% (n=2), Saúde da Família 18,18% (n=2). Saúde Mental 9,0% (n=1), Saúde do Trabalhador 9,0% (n=1), Hemoterapia 9,0%, (n=1), Nefrologia 9,0% (n=1), Estética 9,0% (n=1), Oncologia 9,0% (n=1) e nenhuma especialidade 18,18% (n=2). Tabela 3.3 – Descrição dos participantes de acordo com suas especializações. Especialidades n (11) % Urgência e Emergência 5 45,45% UTI 2 18,18% Saúde da Família 2 18,18% Saúde Mental 1 9,0% Saúde do Trabalhador 1 9,0% Hemoterapia 1 9,0% Nefrologia 1 9,0% Estética 1 9,0% Oncologia 1 9,0% Nenhuma Especialidade 2 18,18% Fonte: Elaborada pelas autoras, 2022. Carvalho (2016) destaca em sua pesquisa que as especialidades com maior predominância são UTI e Urgência e Emergência, estando em congruência com a amostragem a cima do presente estudo. Quando se diz respeito a formação do enfermeiro, é notório que ocorreu um número significativo de profissionais que detêm uma pós- graduação, 81,81% (n=9), sendo 18,18%(n=2) sem nenhuma especialidade. CONHECIMENTO DO PROFISSIONAL ACERCA DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO A enfermagem atua no rastreio da depressão pós parto frente as puérperas, diante disso é necessário que esses profissionais conheçam a patologia, suas 50 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | características e agravos, assim como seus sinais e sintomas, para que a identificação precoce da DPP seja eficaz. Ferreira (2011) aponta, que se faz necessário compreender o significado da palavra entendimento, pois é fonte de conhecimento juntamente com a sensibilidade, chegando a entender, compreender e pensar no objeto. Ao serem indagados de que forma eles descreveriam a depressão pós parto a maioria, 45,45% (n=5), definiu como uma tristeza profunda que a paciente se encontra, segue alguns relatos: E1 – (...) um estado de grande tristeza profunda, onde a mãe se vê incapaz de cuidar do próprio bebê (...) E2 – (...) aquela tristeza pós parto, que é uma coisa até normal a mulher ter aquele momento de tristeza pós parto. Só que ele vai perdurar por mais tempo (...) E4- É uma tristeza profunda que a mulher sente após o parto. E5- (...) é o estado de tristeza que algumas puérperas apresentam no momento do pós parto (...) Enquanto outros 2 enfermeiros (18,18%) designaram também como uma patologia de origem emocional que altera o estado físico e psíquico da mulher: E6- (...) pode se apresentar por um quadro de alguma alteração fisiológica ou emocional. E11- (...)conjunto de alterações psicológicas que o paciente apresenta após o período do parto. Questões emocionais, principalmente(...) Prosseguindo com a entrevista, quanto aos sinais e sintomas que os levariam a pressupor um quadro de depressão puerperal, o choro foi o mais citado entre eles, assim como a tristeza: E4 – Aquela mulher chorosa que está sempre chorando, que não está cuidando muito bem do seu bebê (...) E11- (...) o choro, o inverso também, uma euforia, ansiedade e uma preocupação excessiva (...) E3 – (...) baixa autoestima, é o primeiro, e segundo a tristeza, é uma tristeza é um desânimo, e a mãe fica chorona e qualquer coisinha ela desaba (...) E9 – uma tristeza profunda, ela não tem aquela vontade de “viver a vida”, presenciar o que seja de melhor na parte do pós-parto (...) ela fica bem mais excluída (...) 51 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Aspectos com relação a amamentação, descontentamento com o bebê e a insônia também foram relatados: E5 – (...) insônia e irritabilidade, dificuldade de criar laços com a criança, astenia que é a falta de apetite, choro sem nenhuma explicação, quando no momento da amamentação você não observa aquele olhar de afetividade com a criança (...) E6 – (...) recusar pelo Recém-Nascido ou até mesmo pelo parceiro(...) E10 – (...) não querer amamentar o filho, não querer ficar pertinho (...) E8 – (...) muitas das vezes ela chega que não queria aquele filho (...) não consegue dormir (...) eu tive um caso que ela falou assim: Eu não consigo amamentar meu filho, porque eu não consigo triscar nele(...) De forma geral os entrevistados conseguiram apontar as características chave da patologia para a sua identificação, alterações essas: humor, incapacidade de sentir prazer na vida, fadiga, choro sem motivo concreto, insônia, desinteresse (GOMES et al. 2010), rejeição, negligência e maior hostilidade (SERVILHA et al., 2015). Em adição, Sit e Wisner (2009), também afirma que na DPP há a presença do humor deprimido, a perda de interesse nas atividades outrora prazerosas, alterações no sono, cansaço, dificuldade de concentração, sentimentos de inutilidade e culpa. Galvão e Davim (2011), cita em sua pesquisa a respeito dos sentimentos e sensações ambivalentes de alegria intensa e alívio pelo o nascimento; aumento da autoconfiança; desconforto físico; medo de não conseguir amamentar; decepção com recém-nascido, demonstrando desta forma uma instabilidade emocional, alternando entre a euforia e a depressão, assim como a fala do E11. Quanto a amamentação Greinert et al. (2018) aponta que é o início do enfrentamento da mulher diante o novo papel de ser mãe, onde gera frustração, medo pela incapacidade de suprir as necessidades do bebê e em sua pesquisa é evidenciado a relação do abandono do aleitamento materno precoce com os sintomas da DPP. Ademais, o autor supracitado também evidencia os sentimentos de repulsa e raiva da mãe pela criança, assim como a culpa colocada nos filhos pelas dificuldades geradas. Notado em nossa entrevista tal afirmativa nas falas: 52 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | E3 – (...) bota a culpa na criança (...) E8 – (...) eu já tive paciente que ela chegou a falar para mim assim: eu não gosto do meu filho, aquele filho foi tão desejado e agora, depois que nasceu, eu não gosto dele, não consigo nem olhar para ele (...) ela desconta na criança, ela pensa que é por ela, pela criança (...) Ademais, durante o nosso estudo foi possível observar algumas falas dos entrevistados que afirmam visualizar fatores de risco durante suas experiências profissionais e de acordo seu entendimento quanto a temática: E3 – (...) não é somente porque foi uma gravidez indesejada ou porque o tá recusando tá rejeitando o bebê, as vezes tem muito a ver com a questão financeira também. Principalmente com as a minha né, a minhas gravidas, que a maioria é de zona rural. Então a gente vê e percebe muita, muita dificuldade financeira(...) E5 – (...) ela não tem apoio do parceiro, ela não tem apoio familiar, as vezes é só ela e a criança (...) E7 – (...) o contexto familiar e da comunidade em si, porque não depende só dentro de casa depende da paciente como é a relação dela com marido. (...) eu tenho muito caso de pacientes menor. Aqui tem paciente presente, tem paciente de 14 anos (...) E8 – (...) principalmente aquelas novinhas (...) porque elas engordam muito, não voltam ao seu peso e não conseguem levar aquela vida que ela levava, entendeu? E isso, para elas é um trauma muito grande (...) que perdeu o marido e perdeu o namorado (...) E11 – (...) às vezes são mães solteiras, muito jovens, que estão estudando, muitas largam os estudos, então eu procuro procurar ajuda também da família, principalmente para dar um apoio para essas pacientes. Em continuidade, Gomes et al. (2010) descrevem que há vários fatores de risco associados a DPP, tais como a menor idade, história de transtorno psiquiátrico prévio, eventos estressantes experimentados nos últimos 12 meses, conflitos conjugais, estado civil de solteira ou divorciada, instabilidade financeira e ausência ou pouco suporte social. Ademais, Guedes et al., (2011) incluem como fatores de risco a gestação não planejada, pouca idade materna, baixo nível socioeconômico, relacionamento conjugal prejudicado, mãe solo, ajuda insatisfatória nos cuidados com a criança, desemprego. Sobreira e Pessoa (2012) vem reafirmando os achados dos autores supracitados, apontando os fatores de menor escolaridade, baixo nível socioeconômico, baixo apoio social, história de doença psiquiátrica, baixa autoestima, gravidez não planejada, 53 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | insatisfação na relação do casal, rede de apoio reduzida são condições que corroboram com a manifestação da DPP. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS PUÉRPERAS Este segmento trata-se da conduta e assistência da enfermagem prestada na atenção primária a saúde à puérpera com sinais e sintomas depressivos. Ao questionar as amostras de que maneira conduziria sua prestação de cuidado frente a paciente nessas condições todos responderamde forma similar: E2 – A primeira coisa que eu ia fazer é conversar com ela, fazer aquele acolhimento (...) encaminhamento pra que ela passasse com a psicóloga (...) E5 – uma escuta qualificada desde quando você inicia o pré-natal, até mesmo nessa consulta puerperal(...) buscar compreender o que essa puérpera está sentindo para que junto com a equipe multidisciplinar a gente possa atuar (...) E6 – (...) o primeiro profissional que a gente acionaria para ter o suporte é o nosso psicólogo. E7 – Eu conversaria com ela após achar que ela tem esses sinais sintomas e tentaria pegar o máximo de informações possíveis do que essa paciente tem pra eu poder encaminhar ela para um melhor profissional (...) E9 – (...) fazer uma escuta qualificada. E se ela colocasse a sua confiança em mim, procuraria outras formas de poder ajudar a ela, como através da do psicólogo (...) E11 – conversar, de orientar, chamar a família também, porque a gente atende uma população assim, bem carente (...) essas situações de risco e já encaminhando(...) Silva et al. (2010) aponta que o enfermeiro deve se abastecer de informações a respeito da DPP, visto que ele está inserido na porta de entrada da prestação de serviço a essa paciente, a atenção básica, tendo como obrigação realizar um acolhimento direcionado as necessidades da mesma. Reitera também que poucos dispõem o conhecimento e/ou experiência com a problemática, delegando assim para outros profissionais todas as ações terapêuticas na reabilitação dessas mulheres. Confirmando a afirmativa do autor supracitado: E1 – Bem, eu até hoje não atendi, graças a Deus (...) E2 - Eu nunca atendi uma paciente com depressão pós parto(...) 54 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | E9 – Porque até o momento eu não presenciei. Não cheguei a presenciar nem uma puérpera que tivesse com um quadro de depressão (...) E10 – (...) eu ainda não peguei nenhum caso (...) Outrossim, Alves et al. (2007) afirma que as puérperas esperam da equipe de enfermagem atenção, paciência, apoio e orientação nessa nova fase que é uma experiencia única e singular para cada paciente. Ademais a mulher expõe seus temores, angustias e dúvidas a esse profissional, depositando assim sua confiança e expectativas. Em continuidade, Freitas et al. (2014) afirma que o profissional de enfermagem precisa estar preparado para esse cuidado, realizando a assistência ao trinômio mãe-bebê-família, contribuindo na prevenção de complicações e promovendo conforto físico e emocional, para que desta forma a puérpera possa exercer saudavelmente a maternidade junto a sua rede de apoio. Quanto as atitudes realizadas na unidade que objetivam orientar as gestantes sobre a temática e a maioria relatou a existência de rodas de conversa e palestras de acordo com o calendário municipal de ações (agosto dourado, setembro amarelo, outubro rosa e assim por seguinte), mas sem objetivar diretamente a saúde mental, depressão pós- parto ou o próprio puerpério, como pode-se observar: E4 – (...) a gente tem as campanhas (...) agosto dourado, que é a campanha da amamentação (...) roda de conversa com as gestantes (...) E5 – (...) através de ações educativas de palestras também é inserida no grupo de gestante para a realização de rodas de conversa (...) E6 – (...) a gente faz roda de conversas e a gente faz as rodas de conversas com os profissionais da unidade E8 – (...)nós temos o nosso grupo de gestante que a gente faz a palestra mensalmente (...) E9 – (...) quase que de mês em mês a gente tem umas certas rodas de conversa com a gestante, principalmente nos meses alusivos aos dias D, no caso Março lilás, outubro rosa, esses que envolvem mais as mulheres (...) E10 – (...) roda de conversa (...) E11 – (...) acho que não há (...) não existe um trabalho específico para acompanhamento dessas pacientes. E7 – Então, aqui na unidade não tem nenhum tipo de orientações. Tem os meses de outubro Rosa e novembro Azul tem as palestras de acordo com cada mês (...) 55 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | De acordo com os enfermeiros a educação em saúde às pacientes sobre a DPP se restringiu às rodas de conversa que acontecem uma vez por mês e que são conduzidas de acordo com as experiencias compartilhadas no momento, e aos meses de alusão a saúde, sendo mais enfocado de fato no setembro amarelo. A educação em saúde tem como objetivo assegurar a qualidade da atenção prestada e reduzir complicações advindas do desconhecimento da comunidade, dessa forma o SUS estimula ações educativas e propõe a melhoria do bem-estar da população (Quental et al. 2017). Ademais, Kirsch e Veronezi (2019) aponta o enfermeiro como educador, tendo a responsabilidade de apresentar a informação de acordo com as necessidades da sua comunidade, visando à melhoria da saúde do indivíduo, da família e da população em geral. Ademais, a formação do vínculo entre cliente e servidor ocorre pela aproximação de ambos e essa ligação faz com que a prática educativa se torne mais dinâmica e efetiva. Compreende-se assim a importância da educação em saúde nos mais variados âmbitos sociais, enfatizando o período gestacional, é necessário informar e alertar sobre as mudanças físicas, fisiológicas e psicológicas ocorridas durante a gestação, bem como a complexidade desta fase para as gestantes e seus parceiros, e para a compreensão das reais necessidades que envolvem o pré-parto e o pós-parto (Pereira, et al. 2020). Por fim, instigamos sobre as dificuldades encontradas por eles na condução de quadros de depressão puerperal na atenção primária a saúde e 45,45% (n=5) relataram a acessibilidade ao psicólogo, por mais que este profissional faça parte da equipe multiprofissional dos centros de saúde, a demanda não está sendo correspondida de acordo com os entrevistados. E1 – O psicólogo. Nós não temos a quantidade é muito pouco para a demanda (...) E2 – (...) a dificuldade maior que vai ter vai ser delas passarem com psicólogo (...) agora a gente tem nas unidades, mas mesmo assim às vezes ainda é demorado (...) E8 – (...) o nosso município é muito carente de psicólogo (...) pra gente conseguir uma vaga para encaixar uma paciente é um mês, dois meses (...) E10 – (...)encaminhá-la pro psicólogo, porque a demanda é muito grande pra psicóloga daqui da unidade (...) E11 – (...) a escassez de profissional qualificado, principalmente, é uma demanda muito grande de outros serviços (...) 56 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | A atenção básica deve se responsabilizar por 80% dos problemas de saúde de sua população no âmbito individual e coletivo, por meio da promoção, proteção e prevenção da saúde, sendo essa uma quantidade expressiva que apresenta questões relacionadas ao sofrimento mental, levando ainda em consideração à subjetividade contemporânea e seu imediatismo inerente, a maneira como estão organizados os serviços e a capacitação dos profissionais, preocupa a logística de demandas (Jimenez, 2011). Estudos sobre a atuação do psicólogo no contexto da atenção primária evidencia uma atuação que não atende as demandas da saúde coletiva de acordo com o modelo clínico tradicional sem a necessária contextualização que esse cenário implica. Sendo assim, os psicólogos enfrentam o grande desafio de redimensionamento de suas práticas para lidar com uma realidade desafiadora e complexa (Böing e Crepaldi, 2010). Cintra e Bernardo (2017) destaca a importância da atuação do psicólogo na atenção básica e aponta quanto a não limitação a uma prática curativa e individualizante, mas que abranja ações que promovam autonomia, conscientização e empoderamento do paciente, visando a transformação social da comunidade,trazendo um trabalho para além dos muros dos Centros de Saúde. Diante disso, um dos entrevistados sugeriu como possível solução, uma unidade de referência destinado para a saúde da mulher e vertentes da saúde mental que as norteia: E11 – (...) eu acho que talvez a gente tivesse que ter um local, talvez uma unidade ou um grupo, pelo menos uma unidade de referência, para a gente poder estar encaminhando essas pacientes que a gente não tem, porque assim a gente tem uma unidade para transtorno mental de uma forma geral, que é o CAPS, mas assim ainda tem aquele estigma muito grande (...) Então eu acho que um local para a gente detectou olha, eu vou te mandar, tu vai passar com uma equipe preparada, eu acho que seria o ideal. Enquanto os outros apontaram como dificuldade na linha de cuidado fatores de risco inerente a DPP como condições financeiras associado a locomoção, ausência e/ou dificuldade da inserção da rede de apoio da puérpera e a própria negação da mulher diante ao seu estado depressivo. E3 – (...) a maioria é de zona rural, então a gente vê e percebe muita, muita dificuldade financeira e dificuldade de locomoção, as vezes vem fazer a consulta, já quer realizar tudo num dia só porque precisa voltar. E5 – A maior dificuldade encontrada inserir a família dessa gestante dentro dessa rede de apoio (...) E6 – (...) eu acho que a principal dificuldade é a recusa por não aceitar que está passando por episódio. E7 – Elas quererem falar, porque a maioria das vezes elas não querem dizer (...) 57 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | E9 – (...) eu creio que mais difícil mesmo seria todo o acompanhamento com ela (...) ainda não consegue ter toda a locomoção para poder ir para a unidade básica e ser consultada (...) A renda familiar é uma variável socioeconômica associada a depressão pós- parto, as dificuldades impostas pela pobreza corroboram negativamente a situação e contribuem nos conflitos familiares e no relacionamento direto com o bebê (Moraes, et al., 2006; Gomes, et al., 2010). Ainda, Carvalho e Benincasa (2019) afirma em sua pesquisa a importância da família, companheiro e/ou amigos como rede de apoio, bem como a boa relação com o conjugue, pois são peças fundamentais na vida das puérperas, solicitando suporte social e emocional, fazendo a mulher se sentir amada, cuidada, valorizada e segura. Dessa forma, a ausência da mesma agrava o quadro de depressão puerperal. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o exposto, evidencia-se que a DPP é um problema de saúde pública que necessita da atenção e assistência de enfermagem, além da equipe multiprofissional, visto que a mesma é uma patologia que entra em desordem com o psíquico e físico da puérpera, ocasionando consequências no bem estar físico e emocional da paciente do recém-nascido e da sua rede de convivência. A pesquisa conseguiu alcançar os objetivos traçados, foi possível conhecer como os profissionais de enfermagem dos centros de saúde do município de Tucuruí identificam os sinais e sintomas depressivos no pós-parto, evidenciado principalmente pela tristeza profunda e choro fácil, prosseguidos da dificuldade na amamentação, displicência com o bebe e insônia de suas pacientes, no qual as pontuam, assiste e conduzem através de uma escuta qualificada, a construção de um elo de confiança e o encaminhamento da mesma para o psicólogo. Quanto as dificuldades dos profissionais frente a DPP concentrou-se na sua condução ao psicólogo. Evidenciou-se a necessidade de mais psicólogos na rede de atenção básica em decorrência a demanda de casos, assim como uma maior articulação com a rede de saúde mental objetivando a melhora dessas pacientes e a continuidade da atenção de enfermagem em congruência com a de psicologia. Ademais, foi pontuado fatores de riscos associados ao desenvolvimento da DPP e a dificuldade de condução do cuidado, uma vez que há a ausência e/ou impasse da inserção da família no plano de cuidado dessa mulher, as condições financeiras são 58 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | precárias e não facilita nem mesmo a locomoção da paciente, a menor idade e a própria recusa e/ou não aceita o quadro em que se encontra, influenciam negativamente na evolução da cliente para o bem estar e equilíbrio. Em relação a experiencia e capacitação dos enfermeiros face a intervenção da DPP foi possível notar que há uma certa insegurança no manejo dessas pacientes mesmo conhecendo parcialmente a patologia. Por fim, observou-se uma carência muito grande do enfermeiro quanto educador, não há ações de educação em saúde que realmente pontue e apresente a população quanto os sinais e sintomas da DPP e tudo que essa patologia envolve diante o trinômio mãe-bebê-família, sendo de suma importância que haja a perpetuação desse conhecimento em comunidade assim como entre a própria rede de saúde, para que estejam preparados para identificar e orientar essa puérpera de forma humanizada e efetiva. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.H.; et al. Perfil da demanda dos alunos da pós-graduação stricto sensu da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Revista Latino- Americana de Enfermagem [online]., v. 12, n. 2, 2004. ALVES, A. M., et al. 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RESUMO / ABSTRACT O autismo infantil é uma síndrome comportamental com diferentes causas no qual o processo de desenvolvimento infantil encontra-se profundamente distorcido e que nos últimos anos o autismo tem possuído cada vez mais visibilidade quanto ao seu diagnóstico e tratamento. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo analisar a literatura brasileira sobre a atuação do enfermeiro no atendimento de pessoas acometidas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA) e utilização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Trata-se de uma pesquisa com proposta metodológica de abordagem de revisão integrativa da literatura. As principais referências discutidas foram: Baggio et al, Franzoi et al, Gava, entre outros estudos importantes que fundamentaram conceitualmente os argumentos da temática. Os resultados expressam a importância do profissional enfermeiro frente ao plano terapêutico do autismo, além das suas atribuições com relação ao uso das Práticas Integrativas Complementares em Saúde, bem como a explanação das práticas utilizadas nesse processo. Conclui-se, ao final, que a atenção de especialistas em diversas áreas é um processo muito importante na identificação, diagnóstico e tratamento de crianças com TEA, os enfermeiros podem atuar no âmbito da equipe multidisciplinar tanto na identificação quanto na promoção da autonomia e qualidade de vida das pessoas com TEA. Childhood autism is a behavioral syndrome with different causes in which the child development process is deeply distorted and that in recent years autism has had more and more visibility regarding its diagnosis and treatment. In view of this, the present work aims to analyze the Brazilian literature on the role of nurses in the care of people affected by Autistic Spectrum Disorder (ASD) and the use of Integrative and ComplementaryHealth Practices. This is a research with a methodological proposal for an integrative literature review approach. The main references discussed were: Baggio et al, Franzoi et al, Gava, among other important studies that conceptually substantiate the thematic arguments. The results express the importance of the professional nurse in relation to the therapeutic plan for autism, in addition to their attributions regarding the use of Complementary Integrative Practices in Health, as well as the explanation of the practices used in this process. In the end, it is concluded that the attention of specialists in different areas is a very important process in the identification, diagnosis and treatment of children with ASD, nurses can act within the scope of the multidisciplinary team both in the identification and in the promotion of autonomy and quality of life for people with ASD. Palavras-chave: Autismo; Atuação do enfermeiro; Práticas Integrativas Complementares em saúde. Key words: Autism; Nurse's performance; Complementary Integrative Practices in Health. CAPÍTULO IV ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AO ATENDIMENTO À CRIANÇA COM AUTISMO E UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE: UMA REVISÃO DA LITERATURA 64 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | INTRODUÇÃO O autismo é intitulado como Transtorno do Espectro Autismo (TEA), não se referindo apenas a um atraso ou uma interrupção do processo normal de desenvolvimento, embora estes possam estar presentes também, mas a manifestação clínica de um processo atípico é prejudicial ao desenvolvimento. Eles envolvem, necessariamente, alterações quantitativas e principalmente qualitativas da experiência subjetiva, dos processos cognitivos, da comunicação (linguagem) e do comportamento. Entende-se como causas genéticas a coexistência, na forma de comorbidade, entre determinadas síndromes genéticas e o TEA (Araújo et al., 2021). O ideal é que o diagnóstico seja feito por uma equipe interdisciplinar composta por médico, neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo e nutricionista. Esses seis profissionais, por sua vez, devem analisar e estudar cada caso em conjunto, destacando as características do quadro clínico da criança e oferecer às famílias, informações de forma fidedigna e esclarecedora, não apenas no que se refere ao diagnóstico, mas, do perfil clínico, cognitivo e adaptativo para a criança. A família deve ser orientada sobre a importância no que se refere aos tratamentos, intervenções e encaminhamentos aos serviços e apoios adequados (EFFGEM et al., 2017). De acordo com Araújo et al. (2021), a ligação entre o enfermeiro, o paciente autista e seus familiares torna-se de fundamental importância, uma vez que no desempenhar do trabalho da enfermagem denota-se um olhar cuidadoso, que deve estar atento às necessidades do outro e ao seu sofrimento. Na maior parte dos casos, haverá a dificuldade de expressão oral por parte do autista, cabendo ao enfermeiro a prestação de assistência diferenciada. Nos últimos anos tornou-se possível à implementação das Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS), essas que vem ampliando substancialmente e estimulando órgãos gestores da saúde sobre sua importância, bem como sua eficácia na recuperação, alívio e diminuição de sintomas. Existe um amplo espectro de práticas terapêuticas, porém há quatro domínios principais das PICS em autistas: Intervenções de Medicina mente-corpo (destinadas a direcionar interações entre cérebro e o comportamento), Tratamentos baseados em biologia (oferece substâncias naturais como alternativas de tratamento), Manipulações e práticas baseadas no corpo, (que tentam tratar condições através da manipulação corporal) e Medicina energética, (“canalização de 65 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | energia” com objetivo de promover a cura), promovendo relaxamento e facilitando na interação família/cuidadores e profissionais de saúde (Araújo et al., 2021). O enfermeiro deve estar disposto a ir além da situação, deve interpretar o movimento corporal, ler as entrelinhas do paciente para proporcionar a melhor assistência. Neste contexto, este estudo pretende esclarecer de que forma ações e práticas no âmbito das PICS propostas pelo enfermeiro podem auxiliar no acompanhamento e reabilitação de pacientes com TEA. METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa da literatura, cujo propósito foi colocar o pesquisador em contato com o que já se produziu e registrou a respeito do objeto de estudo. Com isso, o presente trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa eletrônica de artigos científicos publicados. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: Artigos científicos com textos completos disponíveis para análise, publicados no idioma português publicado entre janeiro de 2016 e junho de 2022, bem como Trabalho de Conclusão de Curso que versem sobre a assistência de enfermagem, autismo infantil e as práticas integrativas complementares. Serão excluídos editoriais, monografias, bem como artigos que não apresentem relação direta com o referido tema. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados para compor o estudo 06 artigos. Para a coleta de dados, foi realizada uma busca no Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Dentre as bases de dados pesquisadas na BVS, foram selecionadas a Literatura Latino-Americana de Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Base de Dados Especializados de Enfermagem (BDENF). A coleta foi realizada no período de agosto a dezembro de 2022. Um instrumento de coleta de dados foi utilizado, permitindo a organização por base de dados específica e quantidade de artigos selecionados através da leitura dos resumos e posterior leitura completa. Por fim, as palavras-chave para o trabalho são “Assistência de enfermagem”, “Transtorno Autístico”, e “Terapias Complementares”. O projeto de pesquisa não requereu submissão no Comitê de Ética de Pesquisa (CEP), pois não envolve diretamente seres humanos, ou seja, foram utilizados dados secundários disponíveis ao livre acesso público de maneira online. Porém, segue os 66 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | princípios éticos da resolução 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. Entretanto, todos os preceitos éticos estabelecidos foram respeitados, zelando pela legitimidade das informações utilizando de citações e referências dos autores por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). RESULTADO E DISCUSSÃO Conforme o estudo de Cabral, et al. (2019), realizado em um centro de reabilitação física e intelectual no município de Barcarena no estado do Pará, o mesmo refere que a relação terapêutica que consiste em uma interação mútua de influência é a ação principal que o enfermeiro deve desempenhar em sua assistência, pois isso acarretará na formação do seu processo de enfermagem. Entende-se que o processo de enfermagem é essencial para o estabelecimento dos cuidados prestados ao paciente, pois é através dos traçados dele que se realiza a assistência, com isso o enfermeiro pode atuar de forma autônoma, proporcionando uma contribuição para o plano terapêutico da criança. Diante desse contexto, Calegari, et al., (2018) ao realizar um estudo na Unidade de Cirurgia Pediátrica em um Hospital de ensino de São Paulo, corrobora com a ideia de Cabral, pois em sua análise, o enfermeiro tende a realizar um papel importantíssimo e crucial diante de uma criança autista hospitalizada, é consiste em sua atuação profissional prestar orientação,e estabelecer certos limites quanto ao comportamento da criança, visto que o mesmo está em uma unidade de internação. Sabe-se que o enfermeiro é um educador, e dentro desse setor não é diferente, pois o mesmo tende a prestar esse suporte à criança e a família. Bem como, conforme o estudo realizado por Baggio et al. (2021) sobre equoterapia realizada em uma fazenda do 3º Regimento da Cavalaria Montada na cidade de Passo Fundo no que se refere a equipe, o enfermeiro realiza diversas orientações prestando a educação em saúde para pais e outros responsáveis presentes, apresentando temas variados e demasiadamente importantes como a saúde mental, e também auxilia nas funções motoras durante a terapia. Ainda de acordo com Baggio, et al. (2021), o enfermeiro também realiza a prestação de primeiros socorros quando necessário, orienta quanto a prevenção de acidentes, bem como atua na criação do plano terapêutico, além disso o profissional enfermeiro consiste em uma peça essencial, pois atua em campos opostos da objetividade 67 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | e no desenvolvimento de procedimentos e tecnologias, utilizando da criatividade sempre quando necessário. Em conformidade, o estudo de Franzoi, et al. (2016) em seu estudo sobre a musicoterapia em um Centro de Atenção Psicossocial promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina, o enfermeiro realiza sua assistência em atendimentos individuais e em grupo, fazendo oficinas terapêuticas e até mesmo visitas domiciliares, em contrapartida, o mesmo também atua de maneira articulada com outros serviços como o serviço social e escolas. Vale ressaltar, que as práticas complementares são extremamente importantes para acelerar o desenvolvimento positivo do tratamento, promover o desenvolvimento físico e motor e a comunicação verbal e não verbal para integrá-los mais intimamente à sociedade, garantindo autonomia e interação a uma criança autista, segundo dados coletados de Franzoi, Santos, Backes e Ramos (2016). No decorrer deste tópico, foram abordados sobre algumas das principais PIC’s para o tratamento do TEA. A primeira delas é a terapia com Florais de Bach. Estes florais são essências florais, extraídas de plantas silvestres, flores e árvores do campo, elaboradas pelo médico inglês, Edward Bach por volta de 1930. Bach se inspirou nos trabalhos de Paracelso, Hahnemann e Steiner, no qual objetivou alterar as desordens de personalidade, no contexto de vida e subjetividade das pessoas, almejando uma harmonia entre o corpo e a mente (Gava; Turrini, 2019). Portanto, esta é uma terapia é recomendada pela Organização Mundial da Saúde desde 1974. Isso deu origem a 38 essências naturais, que se dividem em sete grupos, onde cada grupo corresponde a uma emoção, que é: o grupo do medo; falta de interesse nas condições atuais; indecisão e incerteza; de solidão; hipersensibilidade a influências e opiniões; depressão, desespero e preocupação excessiva (Gava; Turrini, 2019). No estudo realizado por Gava e Turrini (2019), este mostra uma criança de sete anos, diagnosticada no espectro do autismo aos três anos de idade, em que para ela foi indicada a fórmula Rescue Remedy, Cherry Plum, White Chestnut e Walnut, isto é, terapias com florais, em solução de glicerina, com posologia de no mínimo quatro gotas, quatro vezes ao dia. Foram apenas duas consultas, uma no início e logo após quatorze dias de uso de fórmulas, nesta última a mãe relatou que seu comportamento melhorou, a criança voltou a dormir a noite toda, não estava mais ansiosa e/ou agressiva, o comportamento restrito e as estereotipias diminuíram. 68 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Dessa forma, a criança manteve o comportamento normal e apresentou melhora nos resultados escolares: ficou mais calma e fácil de concentrar nas aulas, embora não houvesse mudanças no comportamento social e os interesses limitados da criança. Para Gava e Turrini (2019), pelos preços não elevados para a terapia com os florais, por não ter efeitos colaterais e riscos, e trazer benefícios, são considerados um tratamento alternativo para crianças com TEA, mas são necessárias mais pesquisas para confirmar isso, incluindo ensaios clínicos. Baggio e colaboradores (2021) realizaram um relato de experiência acerca da Equoterapia, uma intervenção terapêutica para indivíduos com deficiência e com Transtorno do Espectro Autista. Esta é uma terapia que utiliza o cavalo como ferramenta para possibilitar efeitos terapêuticos e educativos, com abordagem multidisciplinar e aliada a um ambiente multissensorial que proporciona estimulação sensório-motora e busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com e sem necessidades especiais, bem como indivíduos com TEA. A terapia é realizada duas vezes por semana na Fazenda do Regimento de Cavalaria Montada da Brigada Militar, Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul. O estudo apontou que a experiência da equoterapia cria uma conexão entre os pacientes e a natureza, proporcionando resultados físicos, psicológicos, morais, sociais e espirituais tanto para os indivíduos com TEA quanto para a equipe que a implementa. Também promove uma formação diferenciada, desenvolvendo o trabalho em equipe multidisciplinar e assim uma assistência integral (Baggio, et al., 2021). Outra prática integrativa para crianças com TEA foi apresentada em estudo realizado por Calegari et al. (2018), intitulado “A criança autista em sessão de brinquedo terapêutico dramático: uma análise Winnicottiana”. Os autores concluíram que existem várias intervenções para minimizar dificuldades em crianças com TEA, incluindo atividades recreativas, como o uso de brinquedos, uma vez que brincar permite espontaneidade, liberdade de expressão, libera tensões e emoções e promove a catarse. Portanto, se um especialista deseja avaliar uma criança por meio da brincadeira, deve seguir seus critérios psicológicos comportamentais e verificar se é compatível com a maturidade cognitivoafetivo-emocional do paciente. Outra terapia foi estudada por Cabral et al. (2019), no estudo intitulado “o uso do PECS (Picture Exchange Communication System) como tecnologia do cuidado à criança com autismo”. De acordo com os dados coletados, tornou-se nítido que, é muito importante que pais e profissionais estejam cientes do que as tecnologias podem oferecer. O Pictures 69 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Exchange Communication System (PECS) O PECS foi implementado pela primeira vez com discentes no ensino infantil diagnosticados com autismo. Esta terapia utiliza o protocolo de ensino baseado no comportamento verbal de modo que os operantes verbais funcionais são sistematicamente ensinados usando estratégias de reforço que levam à comunicação independente. Por fim, o conhecimento é necessário para melhorar o desenvolvimento mental de cada indivíduo, pois os processos de comunicação enfraquecidos pelo diagnóstico de autismo devem ser corrigidos. Santos et al. (2020) realizaram uma pesquisa de campo que objetivou relatar sobre a terapia assistida por animais (pintinhos) em crianças autistas atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Esta terapia apresentou resultados favoráveis no que se refere ao comportamento familiar e social de crianças com TEA que foram atendidas por profissionais da psicopedagogia, ajudando no aprendizado e também contribuiu para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A intervenção musical, isto é, a musicoterapia, é outra Prática Integrativa e Complementar ao tratamento do Transtorno do espectro autista. Considerada a primeira abordagem para crianças com autismo, é também a mais utilizada, eficaz e acessível. O déficit de concentraçãode crianças com TEA é minimizado com o uso da referida tecnologia, pois através da experiência da música, escuta, canto e brincadeira, as crianças são informadas/acalmadas e estimulam significativamente a criatividade, mudando seu comportamento fisiológico e emocional (Franzoi, et al., 2016). Segundo o estudo de Franzoi et al. (2016), em relação ao comportamento físico, a musicoterapia estimula o desenvolvimento da percepção, audição e controle motor, pois a atividade musical mobiliza quase todas as áreas do cérebro: córtex motor; córtex pré- frontal; Córtex sensorial; cerebelo; hipocampo; e córtex visual. Além disso, com atividades envolvendo a intervenção musical, a criança tende a melhorar as habilidades motoras, controlar os músculos e mover-se mais rápido, porque o ritmo desempenha um papel importante no desenvolvimento e equilíbrio do sistema nervoso, já que a música afeta a mente, promove liberação emocional, resposta motora e alivia a tensão. O cenário da intervenção realizada por Franzoi et al. (2016) foi o CAPSi Plano Piloto, no Distrito Federal. A estratégia realizada foi à aplicação da intervenção musical como tecnologia de cuidado em enfermagem nos atendimentos semanais de seis grupos diferentes de crianças com TEA, no período dos meses de janeiro e fevereiro do ano de 2014. 70 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Vale ressaltar que, como as sessões de musicoterapia são realizadas em grupo, esse fato promove a integração e a comunicação interpessoal e reduz a tensão e a ansiedade, ambas causadas por situações estressantes. Franzoi et al. (2016) enfatizam que apesar de a música ser um recurso terapêutico na assistência de enfermagem a crianças com autismo, em determinadas situações, dependendo das condições em que é utilizada/aplicada, pode apresentar-se como um elemento iatrogênico. Isso foi observado quando algumas crianças tapavam os ouvidos com as mãos e faziam expressões faciais de incômodo ao sentiram incomodadas com os sons e vibrações, tornando-se essencial que o enfermeiro esteja habilitado para uso deste recurso de maneira segura. Dessa forma, portanto, o tratamento do TEA com a implementação das PIC’s contribui na assistência à saúde de maneira isolada ou simultânea ao paciente. Portanto, nota-se que a aplicação das PICs é grande aliadas para o tratamento e mitigação dos sintomas em crianças com TEA. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi estudado e exposto, conclui-se que a atenção de especialistas em diversas áreas é um processo muito importante na identificação, diagnóstico e tratamento de crianças com TEA. Os enfermeiros podem atuar no âmbito da equipe multidisciplinar tanto na identificação quanto na promoção da autonomia e qualidade de vida das pessoas com TEA. Métodos eficazes de amenizar seus sintomas e tratá-los são utilizados, já que não há uma cura definitiva. Ademais, o referido trabalho aponta que com a implementação das PIC’s, juntamente com a atuação do enfermeiro, frente ao tratamento do TEA, houve o melhor rendimento e desenvolvimento da criança com autismo. Sem dúvida, as PICs expressam a preocupação com a saúde das pessoas, criando e recriando novos espaços, seguindo as exigências da sensibilidade e do sentimento, não apenas da razão, mas também no desenvolvimento comportamental e cognitivo, além disso, há a redução dos sintomas, tornando-os capazes a viver melhor em sociedade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Cássio et al. Papel do enfermeiro na assistência de enfermagem ao autismo. 2021. Disponível em: https://revistarebis.rebis.com.br/index.php/rebis/article/view/186. Acesso em 26 de setembro de 2022. 71 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | BAGGIO, G.; BOLFE, K. D.; WERKHAUSEN, N.; MELLO, P. C. Equoterapia: intervenções terapêuticas e educativas com pessoas com deficiência e com Transtorno do Espectro Autista. Research, Society and Development, 2021. CABRAL, A. B. S.; CAMPOSA. C. S.; RODRIGUESM. L. B.; BecharaS. de L. F.; MoraesL. S. de. O uso do PECS como tecnologia do cuidado à criança com autismo. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 31, p. e923, 7 out. 2019. CALEGARI, T.; GIMENES, B, P.; LUZ, J. H.; CAMPOS, Y, A. E. S.; BORBA, R. I. H.; RIBEIRO, C. A. A criança autista em sessão de brinquedo terapêutico dramático: uma análise winnicottiana. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped, v. 18, n. 1, p. 43-48, jun. 2018. EFFGEM, V. et al. A visão de profissionais de saúde acerca do TDAH – processo diagnóstico e práticas de tratamento. Constr. psicopedag., São Paulo, v. 25, n. 26, p. 34- 45, 2017. FRANZOI, M. A. H. et al. Intervenção musical como estratégia de cuidado de enfermagem a crianças com transtorno do espectro do autismo em um centro de atenção psicossocial. Revista Texto Contexto Enfermagem. Florianópolis, v. 25, n.1, p. 1-8, 2016. GAVA F. G. S, TURRINI R. N, T. O uso de Florais de Bach para manejo dos sintomas de Autismo Infantil: Relato de Experiência. Rev Paul Enferm [Internet]. 2019;30. doi:10.33159/25959484. repen.2019v30a6. 2019 SANTOS, R. F.; et al. Terapia Assistida por Animais (TAA) em crianças com transtorno do espectro autista atendidas pelo Centro de Atenção Psicossocial. Research, Society and Development, 2020. 72 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | 73 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Kamila Costa AlvesI; Leandro Soares SouzaI; Nathália Menezes DiasII; Benedito do Carmo Gomes CantãoIII; Nicolli dos Santos FerreiraIV; Walace Coelho de OliveiraIV IGraduação em Enfermagem pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Tucuruí, Pará, Brasil. IIMestra pelo programa Profissional de Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) UEPA. Docente na Universidade Estadual do Pará (UEPA) e Docente na Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Tucuruí, Pará, Brasil. IIIMestre pelo programa Profissional de Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) UEPA. Docente na Universidade Estadual do Pará (UEPA) e Docente na Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Tucuruí, Pará, Brasil. IVDiscente de Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí, Pará, Brasil. RESUMO / ABSTRACT Levando em consideração as alterações envolvidas na saúde da gestante acometidas patologicamente, o presente estudou objetivou caracterizar o estado de saúde das gestantes acometidas por pré-eclâmpsia, por meio da produção cientifica no período de 2015 a 2019. Sendo caracterizado como pesquisa descritiva do tipo quantitativa de revisão integrativa da literatura, a partir de levantamento bibliográfico eletrônico, analisando uma seleção de trinta artigos que apresentam diferentes abordagens sobre a pré- eclâmpsia, com intuito de avaliar a saúde das gestantes acometidas pela mesma. Sendo assim, foi possível observar a importância da representatividade do enfermeiro em emergências e no tratamento de gestantes, visando à redução do índice de mortalidade das gestantes e dos fetos como também das complicações neurais e fisiológicas para que a assistência prestada produza resultado positivo quanto à saúde da gestante e do feto. Entre as abordagens da amostra, destacam-se as etiologias associadas para o risco de pré-eclâmpsia, que levam em consideração os aspectos clínicos, nutricionais e terapêutico do paciente, além dos antecedentes familiares. Portanto, a atuação do profissional de enfermagem é de suma relevância, considerando os aspectos da condição clínica da gestante. taking into account thechanges involved in the health of the pathologically affected pregnant woman, the present study aimed to characterize the health status of pregnant women affected by pre-eclampsia, through scientific production in the period from 2015 to 2019. Being characterized as descriptive research of the quantitative type of integrative literature review, from an electronic bibliographic survey, analyzing a selection of thirty articles that present different approaches to pre- eclampsia, in order to evaluate the health of pregnant women affected by it. Thus, it was possible to observe the importance of nurses' attuacion in emergencies and in the treatment of pregnant women, aimed at reducing the mortality rate of pregnant women and fetuses as well as neural and physiological complications so that the assistance provided produces a positive result regarding the health of the pregnant woman and the fetus. Among the sample approaches, the associated etiologies for the risk of preeclampsia, that take into account the clinical, nutritional and therapeutic aspects of the patient, in addition to family history. Therefore, the performance of the nursing professional is of paramount importance, considering the aspects of the pregnant woman's clinical condition. Palavras-chave: Pré-eclâmpsia; Enfermagem; Feto; Gestante; Assistência em Saúde. Key words: Pre-Eclampsia; Nursing; Fetus; Pregnancy; Health Assistance. CAPÍTULO V AVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DAS GESTANTES ACOMETIDAS POR PRÉ-ECLÂMPSIA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA 74 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | INTRODUÇÃO O processo de gestação acarreta para o organismo feminino uma série de alterações de âmbito fisiológico e emocional associado ao físico. Neste sentido, o profissional de enfermagem se apresenta de fundamental importância atuando de forma a exercer papel essencial na condução e transmissão de apoio, orientação e confiança para que a gestante possa caminhar com autonomia e empoderamento durante a gestação e o parto (Baston; Hall, 2010). No mundo morre uma mulher a cada minuto devido às complicações na fase gestacional. Complicações estas que podem evoluir, por exemplo, para uma Síndrome Hipertensiva Gestacional e que se não diagnosticada e tratada precocemente pode levar ao óbito fetal ou materno. No período de um ano cerca de quinhentas e vinte e nove mil mulheres morrem em países em desenvolvimento, e que poderiam ser evitadas se houvesse assistência de qualidade (Silva, 2016). Diante do atual desenvolvimento tecnológico, verifica-se que na assistência pré- natal que o enfermeiro identifica problemas de forma rápida, visando diminuir e prevenir complicações através de uma assistência qualificada (Rios; Vieira, 2007). E desta forma, o papel do enfermeiro é de extrema importância na identificação de uma gestação de alto risco, pois este é o que tem maior aproximação com gestante, e mais ainda na Estratégia Saúde da Família, já que é a porta de entrada para qualquer paciente (Silva; Monteiro, 2010). Portanto, o presente estudo tem como objetivo caracterizar o estado de saúde das gestantes acometidas por pré-eclâmpsia, por meio da produção cientifica no período de 2015 a 2019. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo quantitativa de revisão integrativa da literatura a partir de levantamento bibliográfico eletrônico, de artigos publicados entre 2015 a 2019, nas seguintes bases de dados: Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de dados de enfermagem (BDENF); utilizando como descritores as palavras: Pré-eclâmpsia, saúde da mulher, cuidado pré-natal e gravidez de alto risco. Os mesmos serão utilizados de forma separada e cruzados a fim de identificar uma amostra maior. 75 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | A fim de atender às demandas internacionais sobre revisão sistemática, há padrões de protocolos para as revisões quantitativas. Embora das especificidades desses protocolos, algumas de suas qualidades são comuns, como: justificativa, objetivos, critérios de inclusão, tipo de pesquisa para inclusão, estratégia de procura, especificações para avaliar a utilidade dos estudos, formas de procedência e síntese, formas de apresentação dos resultados e declaração de conflito de interesses (Guanilo et al., 2011). Mediante os aspectos metodológicos descritos acima, será considerada a seguinte questão norteadora para condução desta pesquisa: Quais são os principais fatores de risco, etiologias e cuidados a serem prestados às gestantes acometidas por pré- eclâmpsia identificados por meio de uma revisão integrativa do conhecimento científico? Nesse sentido, para construção dessa revisão utilizou-se critérios de inclusão que são: Artigos indexados e completos; compreendidos no período de 2015 a 2019; encontrados nas bases de dados mencionadas nesta pesquisa; publicados na língua portuguesa e de produção nacional. Já em relação aos critérios de exclusão farão parte: Artigos que não apresentam versão sobre a temática em questão; não foram publicados oficialmente; teses, dissertações e monografias. A coleta de dados foi realizada nas bases de dados mencionadas e no período de 2015 a 2019 com o auxílio dos descritores escolhidos. Em seguida aplicou-se os critérios de inclusão e exclusão. Para a análise dos dados, os artigos foram selecionados e analisados quanto à pertinência ao tema de pesquisa, anos de publicação, etiologias, fatores de risco, principais formas de diagnósticos e manifestações clínicas a serem realizados por meio de uma análise estatística descritiva simples. Realizou-se tabulação dos dados com o auxílio do Microsoft Word versão 2010, portanto, elaboração dos gráficos e tabelas para a exposição dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a realização do mapeamento sistemático de literatura foram selecionados na base de dados proposta cerca de 80 artigos que versavam sobre a temática discutida. No entanto, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram exclusos 50 artigos que correspondiam à temática tratada. Nesse sentido, restaram apenas 30 artigos que respondiam à questão norteadora conforme representados no fluxograma 1. 76 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Fluxograma 5.1 – Produção Científica Identificada. Fonte: Os autores, 2020. Quadro 5.1 – Diversidade dos estudos identificados na literatura no ano de 2015 a 2019. Quantidade Título do artigo Autor/Ano Cidade E1 Perfil de gestantes com pré-eclâmpsia. AMORIN et al., 2017 Pernambuco E2 Causas de morte materna no estado do Pará, Brasil. BOTELHO et al., 2015 Pará E3 Atuação de enfermagem nas emergências obstétricas pré-eclâmpsia e eclâmpsia. BRITO; FORTES, 2017 Mindelo- Portugal E4 Receptores de citocinas pro inflamatórias na pré-eclâmpsia. CASTRO, 2015 Natal E5 Doença hipertensiva específica da gestante: um cuidado sob olhar farmacêutico. CAVALCANTE et al., 2016 Ceará E6 Pré-eclâmpsia e mortalidade materna CORTINHAS et al., 2019 Rio de Janeiro E7 Avaliação da microcirculação em gestantes com pré-eclâmpsia leve. COSTA et al., 2017 Pernambuco E8 Representatividade do enfermeiro na assistência a gestantes com pré-eclâmpsia. ENDRINGER; CRUZ; MENEZES, 2017 São Paulo E9 Caracterização socioeconômica e de estilo de vida de gestantes com pré-eclâmpsia assistidas em uma maternidade de referência de alto risco de Maceió – AL. FERREIRA et al., 2018 Maceió E10 A síndrome hipertensiva específica da gestação: a perspectiva da enfermagem FEREIRA; MEIRELES; REIS, 2019 Goiás E11 Perfil epidemiológico das gestantes com restrição de crescimento intrauterinode início GALINDO; GUSMÃO; VILELA, 2019 Pernambuco 77 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | precoce atendidas em um hospital escola de Pernambuco. E12 Cuidados pré-natais e puerperais às gestantes de um centro de saúde de Minas Gerais quanto ao risco de pré-eclâmpsia: aspectos clínicos, nutricionais e terapêuticos SILVA, et al., 2017 Minas Gerais E13 Pré-eclâmpsia: entender para aprimorar o cuidado Pré-eclâmpsia. GUIDA, 2017 São Paulo E14 Pré-eclâmpsia e suas causas: uma revisão bibliográfica. JÚNIOR, 2017 Rondônia E15 Pré-eclâmpsia. KAHHALE; FRANCISCO; ZUGAIB, 2018 São Paulo E16 Associação dos polimorfismos dos genes da Óxido nítrico sintase e metaloproteinases da matriz extracelular com a pré-eclâmpsia. LEONARDO, 2015 São Paulo E17 A hipertensão gestacional e o risco de pré- eclâmpsia: revisão bibliográfica. MELO et al., 2015 Paraíba E18 A hipertensão gestacional MELO, 2015 Pombal E19 Vigilância do óbito fetal: estudo das principais causas. MENEZZI et al., 2016 Minas Gerais E20 Perfil de Gestantes Acometidas de Parto Prematuro em uma Maternidade Pública. PEREIRA et al., 2018 Rio de Janeiro E21 Pré-eclâmpsia como fator preditivo de doença renal crônica: revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais. SANTO, 2015 Espírito Santo E22 Importância da implementação de protocolos de ação na pré-eclâmpsia. SANTOS et al., 2015 Minas Gerais E23 Uso de sulfato de magnésio na pré-eclampsia eclâmpsia. SILVA et al., 2019 Rio de Janeiro E24 Pré-eclâmpsia - uma revisão literária. SILVA, 2016 Brasília E25 Assistência de enfermagem à gestante com Síndrome neurológica: pré-eclampsia e eclâmpsia. SILVA et al., 2019 Ceará E26 Tratamento da eclâmpsia: uma análise acerca da atuação do enfermeiro. SILVA et al., 2019 Paraíba E27 Procedimentos fisioterapêuticos no Tratamento da pré-eclâmpsia. SOUZA et al., 2019 Goiás E28 Anestesia em gestantes com síndrome HELLP: relato de caso ZUCCOLOTTO et al., 2016 São Paulo E29 Características maternas e fatores de risco para pré-eclâmpsia em gestantes. FERREIRA, et. al, 2019 Piauí E30 Análise retrospectiva de gestantes com rastreamento positivo ao doppler para doença hipertensiva gestacional. TENÓRIO, 2018 Alagoas Fonte: Os autores, 2020. Com as publicações acima identificadas, primeiramente fora realizado um mapeamento de literatura relacionando os mesmos a data de sua publicação. Após análises, constatou-se que os anos de 2015, 2018 e 2019 possuem maior número de publicações em detrimento aos anos demais anos. Destaca-se que, ao ano de 2019 78 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | apresentou o maior número de artigos publicados perfazendo 26,67% do percentual dos artigos selecionados no Quadro 2, o comparativo de artigos conforme seu ano de publicação encontra-se relacionado em quadro a seguir: Quadro 5.2 – Distribuição temporal das publicações. Período Nº de artigos Ref. aos artigos Percentual (%) 2015 7 E2, E4, E16, E17, E18, E21 e E22 23,33% 2016 4 E28, E24, E5 e E19 13,33% 2017 7 E14, E13, E12, E8, E7, E3 e E1 23,33% 2018 4 E30, E20, E15 e E9 13,33% 2019 8 E6, E10, E11, E23, E25, E26, E27 e E29 26,67% Fonte: Os autores, 2020. Outra análise para mapeamento dos artigos fora a cidade de publicação, conforme observado no gráfico a seguir: Gráfico 5.1 – Disposição dos artigos por Estado. Fonte: Os autores, 2020. Observa-se que os artigos selecionados em maioria são produções cientificas nacionais e apenas um se trata de artigo científico internacional, demonstrando a importância da temática abordada no corpo cientifico brasileiro. Outra metodologia adotada para análise dos artigos está relacionada ao assunto tratado no artigo, assim fora possível analisar qualitativamente os artigos selecionados, haja vista que os artigos possuem a mesma temática, contudo aborda ela de maneira distinta. ALAGOAS DISTRITO FEDERAL CEARÁ ESPIRITO SANTO GOIÁS MINAS GERAIS INTERNACIONAL RIO GRANDE DO NORTE PARÁ PARAIBA PERNAMBUCO RIO DE JANEIRO RONDONIA SÃO PAULO PIAUÍ 79 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Para tanto, os artigos que explanaram o perfil da gestante com pré-eclâmpsia e eclâmpsia, E1, E9, E11, E12, E20 e E29, onde foram realizadas pesquisas quanto à formação de um Perfil para a Gestante com pré-eclâmpsia, após entrevista fora discutido quais fatores mais se destacavam tais como: A maioria das gestantes apresentava idade entre 26 a 32 anos, de modo que a idade materna é fator determinante de complicações durante o período gravídico. Apontou-se que a maioria das pacientes possuía idades nos extremos da fase reprodutiva, para tanto, a gestação de uma jovem, bem como a gestação que ocorre em idade avançada, é considerada de risco gestacional para a pré-eclâmpsia. (Amorin et al., 2017). Há estudos selecionados que desenvolvem uma temática voltada para a atuação e representatividade do enfermeiro em emergências e no tratamento de gestantes que sofrem com pré-eclâmpsia e eclâmpsia, sendo eles E3, E8, E10, E25 e E26 os quais destacam características semelhantes acerca da redução do índice de mortalidade das gestantes e dos fetos como também diminuição das complicações neurais e fisiológicas. Infere-se que, o enfermeiro tem praticado ações de prevenções para incidir os agravos dessa complicação, promoções e recuperações com acompanhamento e avaliação dos casos dentro dos limites de atuação da sua graduação. O enfermeiro é imprescindível na implantação de um cuidado mais especializado, com o intuito de individualizar a assistência, visando à prevenção, à promoção e à recuperação da saúde dessas gestantes, através de estratégias e protocolos específicos (Barros, 2006), visto que nas situações de eclâmpsia um acompanhamento realizado pelo enfermeiro capacitado tende a diminuir as chances de agravo do quadro clínico da paciente. Referenciando o protocolo de atendimento para gestantes que se enquadram com alteração de pressão gestacional especifica os artigos, E4, E5, E7, E16, E22, E23, E27, E28 e E30. O uso de receptores de citocinas pró-inflamatórias onde os monócitos e linfócitos observados em mulheres com pré-eclâmpsia são classificados como um dos contribuintes do processo inflamatório durante o progresso patológico, pela mudança dos tipos de células identificadas na avaliação laboratorial comparativa entre gestantes sem risco de eclâmpsia e gestantes com pré-eclâmpsia. Aborda também o auxílio farmacológico no tratamento a pré-eclâmpsia fazendo a introdução de medicamentos, sendo eles anti-hipertensivos, corticosteroides, sulfato de magnésio e medicamentos inibidores de ECA, para controle do quadro clínico da gestante e auxilio no desenvolvimento do feto. Levantam posicionamento sobre o uso de sulfato de 80 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | magnésio para prevenção da eclâmpsia, e que em suas pesquisas não obteve impacto relevante pontuando a falta de padronização nos esquemas terapêuticos para as gestantes com pré-eclâmpsia. De tal modo é versado sobre a introdução do profissional fisioterapeuta no tratamento a pré-eclâmpsia, interferindo sobre a dor e desconforto que a gestante vier ocasionar e o caso de paciente acometida por síndrome de HELPP, o uso de sulfato de magnésio e manejo adequado de anestésico para paciente desses casos. Os artigos acima citados referiam a necessidade de padronização do protocolo de atendimento da gestante nos casos de pré-eclâmpsia/eclâmpsia, de forma a diminuir os riscos oriundos dessa complicação. São explanados nos artigos que referem à avaliação da microcirculaçãoem pacientes com pré-eclâmpsia leve utilizando a técnica de fluxometria laser Doppler, o rastreamento por Doppler que é utilizado como um marcador precoce que reflete o desenvolvimento e o grau de perfusão do leito vascular placentário, podendo detectar precocemente a pré-eclâmpsia. E por fim, artigos o E13, E14 E15, E17, E18, E21 e E24 que tratam sobre revisão bibliográfica e conceitos sobre a patologia em comento foram selecionados na avaliação de casos enfatizando as altas taxas de mortalidade ocasionadas, a relação entre antecedentes pessoais bem como o que a pré-eclâmpsia pode ocasionar como o parto prematuro, deslocamento prematuro da placenta e entre outros. Contribuindo para que novos pontos de vistas sobre a pré-eclâmpsia pudessem ser avaliados, e buscar respostas para a ocorrência e formas de prevenção e tratamento da mesma, utilizando conhecimentos científicos para complementar a avaliação da saúde da mulher acometida por pré- eclâmpsia. Ao avaliar as condições que tornam a saúde das pessoas envolvidas nos estudos em destaque no Quadro 2, a qualidade de vida e saúde das mulheres acometidas pela pré-eclâmpsia e a eclâmpsia são destacadas nos artigos como uma junção de inúmeros fatores de risco que contribuem para o surgimento desse problema nas mulheres enumerando o histórico familiar, diabetes, gravidez após os 35 anos aproximadamente, ou antes, dos 18 anos aproximadamente, alimentação desregulada, alto nível de pressão, lúpus, além da falha da assistência durante a gestação, acompanhamento dos profissionais com o intuito de prevenir a ocorrência da mesma. É importante também que seja dada ênfase ao contato que há nas relações paciente e profissional, que por sua vez é imprescindível para a prevenção desse mal e 81 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | detectá-lo precocemente contribuindo para diminuição das complicações e taxa de morbimortalidade. E é relatado o papel do enfermeiro no primeiro contato com os pacientes através da assistência, acompanhamento, exames físicos e laboratoriais, avaliação do feto em seu desenvolvimento para que sinais sejam identificados o quanto antes. E também, a capacitação da equipe de enfermagem é indispensável para a melhoria da qualidade de saúde dos pacientes, tendo em vista que tais mudanças serão benéficas para todos, caracterizada por atendimentos mais completos seguindo os parâmetros indicados pelos dirigentes governamentais como essenciais para a qualidade de vida e saúde, com intuito de buscar sempre novas abordagens que melhore a atenção básica, e consequentemente diminuir as ocupações dos níveis mais elevados de complexidade de casos. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS PARA A PRÉ-ECLAMPSIA Diante da literatura observada, ficou evidenciado que há uma diversidade de possíveis causas para a pré-eclâmpsia, tais como: genético, diabetes mellitus, obesidade, nuliparidade, doença renal crônica, ambiental, gravidez múltipla e níveis altos de testosterona. Para Botelho e seus colaboradores (2014), ao realizar um estudo sobre as principais causas de morte materna no estado do Pará, identificou como principal causa as síndromes hipertensivas. Isto por que o autor supracitado apresentou que 32,9% dos óbitos ocorreram em decorrência de edema, proteinúria, complicações no parto e transtornos hipertensivos. Para Menezzi e seus colaboradores (2016), a etiologia das síndromes hipertensivas possuem derivações diferentes quando analisadas pelo ângulo socioeconômico. Neste sentido, ficou claro que em países em desenvolvimento sua causa esta geralmente relacionada a infecções. Enquanto em países desenvolvidos sua causa tem relação direta com anomalias e síndromes congênitas. Contudo, Júnior (2017), infere que as relações entre a circulação materna e fetal permanecem estreitas e pouco desenvolvidas. Consequentemente, o suprimento de sangue para a placenta é restrito, levando à disfunção na perfusão uteroplacentária, hipóxia e estresse oxidativo placentário, resultando em uma resposta inflamatória sistêmica com dano endotelial e desequilíbrio entre fatores vasoconstritores e vasodilatadores, levando à hipertensão arterial sistêmica. 82 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E FORMAS TERAPÊUTICAS MAIS EVIDENCIADAS NO ACERVO LITERÁRIO Conforme Endryger, Cruz e Menezes (2017), relata que as manifestações clínicas se apresentam a depender da gravidade e da qualidade da assistência prestada a essa paciente. Neste sentido, o mesmo autor infere que a assistência prestada deve ser de fácil acessibilidade, pois, o enfermeiro deve visar uma assistência preventiva que se dá início nas primeiras consultas do pré-natal, realizando um levantamento dos possíveis fatores de risco para uma pré-eclâmpsia. Os autores supracitados vão além, ao mencionarem que as condições socioeconômicas dessas mulheres devem ser levadas em conta, pois, o desfavorecimento econômico tem repercussão em possíveis intercorrências no ciclo gestacional, justamente pelo estilo de vida, padrão alimentar, sobrecarga de trabalho e instabilidade emocional. Conforme os autores Galindo, Gusmão e Vilela (2019), em decorrências das complicações destas manifestações clínicas, o feto pode ser comprometido em suas funções vitais de forma irreversível, inclusive com risco de óbito intrauterino devido ao processo de deterioração existente. Ainda segundo os mesmos autores, estas complicações podem estar associadas a existência de patologias pré-existentes tais como Diabetes Mellitus, processos infecciosos e cardiorrespiratórios. Este fato pode ser confirmado ao verificarmos os dados apresentados por Leonardo (2015), ao apresentar que as complicações decorrentes das síndromes hipertensivas na gestação estão entre as mais significativas causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal, em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento que são responsáveis por 500.000 mortes maternas todos os anos. Diante destes fatos, Cortinhas e seus colaboradores (2019), inferem que a elevada taxa de óbitos maternos por pré-eclâmpsia pode ser justificada pela precária assistência prestada no pré-natal durante a gestação a nível nacional. Além disso, o atendimento inadequado e insatisfatório nas urgências e emergências obstétricas e perinatais contribuem imensamente para o aumento das mortes maternas. Para Guida (2017), são utilizadas várias estratégias terapêuticas a fim de controlar os níveis pressóricos da pressão arterial. Diante disso, observa-se que há uma unanimidade na literatura averiguada quanto ao uso de esquemas anti-hipertensivos propostos para o controle pressórico, isto por conta da eficácia das drogas atualmente 83 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | disponíveis, sendo o labetalol, um betabloqueador periférico, e a metildopa, um alfa- agonista de ação central, como os mais difundidos para este fim. Apesar de todo aparato farmacológico além de outras formas terapêuticas existentes, o autor acima mencionado, infere que caso a paciente esteja em um estágio grave de pré-eclâmpsia profissional de saúde deve disponibilizar à mãe e ao feto um tratamento paliativo até que o parto seja programado, o que dependerá da idade gestacional, da condição materno-fetal, bem como, dos riscos e benefícios geridos entre mãe e feto. Neste sentido, Menezes (2019), assevera que os cuidados terapêuticos devem se estender para o feto, com a contagem de movimentos fetais diariamente; avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o teste a cada três semanas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a finalidade de diagnosticar e minimizar as complicações decorrentes da pré-eclâmpsiae reduzir os impactos que este quadro clínico possa ocasionar é importante refletir sobre as ações em saúde e avaliar a qualidade da assistência prestada para as gestantes. Neste momento, o enfermeiro é a chave na implementação do protocolo de atendimento adequado, sem esquecer que a individualização da assistência é essencial, tais cuidados de enfermagem visam à prevenção, à promoção e à recuperação da saúde dessas gestantes, e a diminuição dos elevados índices de morbimortalidade materna e perinatal. Além disso, de tal forma, através da análise dos perfis das gestantes acometidas por pré-eclâmpsia, e tendo base nas suas situações socioeconômicas e de escolaridade é possível traçar protocolos de atendimento e formas de conscientização e cuidados a pré- eclâmpsia. Em suma, observou-se que para a avaliação das gestantes acometidas por pré- eclâmpsia é necessário a realização do perfil da gestante, e o devido acompanhamento e rastreamento dos sintomas, tornando o enfermeiro peça chave para a avaliação e tratamento das pacientes. REFERÊNCIAS AMORIM, F. C. M et al. Perfil de gestantes com pré-eclâmpsia. Revista enfermagem UFPE online, Recife, v. 11, n. 4, p. 1574-1583, 2017. 84 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | BARROS S. M. O. Enfermagem no ciclo gravídico-puerperal. 1. ed. São Paulo: Manole, 2005. 259 p. BASTON, H.; HALL, J. Enfermagem obstétrica essencial: uma abordagem harmonizada. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 157 p. BOTELHO, N. M et al. Causas de morte materna no estado do Pará, Brasil. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 36, n. 7, 2014. CORTINHAS, A. B. B. et al. Pré-eclâmpsia e mortalidade materna. Revista Caderno de Medicina. v. 2, n. 1, p. 63-73, 2019. GALINDO, M. W. S; GUSMÃO, I. M. B; VILELA, L. C. Perfil epidemiológico das gestantes com restrição de crescimento intrauterino de início precoce atendidas em um hospital escola de Pernambuco. Jornal ginecológico e obstétrico, 2019. GUIDA, J. P. S. Pré-eclâmpsia: entender para aprimorar o cuidado. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciência da Saúde) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017. JÚNIOR, O. G. V. Pré-Eclâmpsia e Suas Causas: Uma Revisão Bibliográfica. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Centro Universitário São Lucas, 2017. MENEZES, E. M. P. P. Análise retrospectiva de gestantes com rastreamento positivo ao doppler para doença hipertensiva gestacional. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Enfermagem, Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. Ariquemes, 2019. MENEZZI et al. Vigilância do óbito fetal: estudo das principais causas. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 208-212, 2016. RIOS, C. T. F; VIEIRA, N. F. C. Ações educativas no pré-natal: reflexão sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educação em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n. 2, p. 477-486, 2007. SILVA, M.B.; MONTEIRO, P.S. Adequação do pré-natal em gestantes atendidas na Estratégia de Saúde da Família em Palmas/TO, Comunicação em Ciência da Saúde, v. 21, n. 1, p. 21-30, 2010. SILVA, M. M. Pré-Eclâmpsia: uma revisão literária. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Biomedicina, Faculdade de Ciências da Educação e Saúde. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Brasília, 2016. ZUCCOLOTTO, E. B. et al. Anestesia para gestante com síndrome HELLP: relato de caso. Revista Brasileira De Anestesiologia, v. 66, n. 6, p. 657-660, 2016. 85 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | 86 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Mikaellem Lima GonçalvesI; Raquel Silva De CarvalhoI; Iara da Silva Antunes CaldeiraI; Aline Ouriques de GouveiaII IDiscente de Enfermagem pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), Tucuruí, Pará, Brasil. IIMestranda no Programa de Pós-graduação em Gestão e Saúde na Amazônia (PPGGSA)/Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Docente na Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG) e Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí – Pará, Brasil. RESUMO / ABSTRACT A infância é o momento da vida em que o ser humano está em total desenvolvimento, é nessa fase que o carácter e a personalidade do adulto serão formados, por esta razão é conveniente que a infância seja preservada da melhor maneira possível. Sendo assim, a violência infantil que é caracterizada como um problema de saúde pública que acarreta em consequências físicas e emocionais. O estudo tem como objetivo criar um fluxograma para os profissionais de saúde ao enfrentamento de denúncias de violência às crianças e adolescentes atendidas em unidades básicas de saúde no município de Tucuruí. Trata- se de uma revisão de literatura com abordagem exploratória e descritiva. Na plataforma LILACS o cruzamento trouxe um total de 42 artigos, após aplicar os critérios de inclusão restaram apenas 02 artigos. Na plataforma SCIELO apenas 02 artigos foram encontrados, dos quais nenhum estava de acordo com os critérios de inclusão. A plataforma Google Acadêmico trouxe um retorno de 14.800 artigos, destes apenas 06 foram selecionados para análise na íntegra. Após a leitura na íntegra, restaram apenas 03 artigos. A síntese dos principais conteúdo foi aplicada em três dimensões: natureza da violência, tipo de violência e condutas dos profissionais em relação à violência contra a criança. Este protocolo pode orientar muitos profissionais durante o atendimento, além de qualificar a assistência e o suporte oferecido pela atenção básica em esfera local childhood is the moment in life when the human being is in full development, it is in this phase that the character and personality of the adult will be formed, for this reason it is convenient that childhood is preserved in the best possible way. Thus, child violence is characterized as a public health problem that has physical and emotional consequences. create a flowchart for health professionals when dealing with complaints of violence against children and adolescents treated at basic health units in the municipality of Tucuruí. this is a literature review with an exploratory and descriptive approach. on the LILACS platform, the crossing brought a total of 42 articles, after applying the inclusion criteria, only 02 articles remained. On the SCIELO platform, only 02 articles were found, none of which met the inclusion criteria. The Google Scholar platform returned 14,800 articles, of which only 06 were selected for full analysis. After reading in full, only 03 articles remained. The synthesis of the main contents was applied in three dimensions: nature of violence, type of violence and professionals' conduct in relation to violence against children. this protocol can guide many professionals during care, in addition to qualifying the assistance and support offered by primary care at the local level. Palavras-chave: Saúde da criança e adolescente; Violência infantil; Maus-tratos infantil; pessoal de saúde; Saúde da Família. Key words: Child and adolescent health; Child violence; Child abuse; Health personnel; Family Health. CAPÍTULO VI CRIAÇÃO DE UM FLUXOGRAMA PARA OS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA FRENTE À VIOLÊNCIA INFANTIL 87 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | INTRODUÇÃO O desenvolvimento infantil é um processo valioso por estar relacionado ao crescimento, maturação e a aprendizagem, o qual vem refletir a cada fase da vida (Silva et al., 2014). A infânciaé o momento da vida em que o ser humano está em total desenvolvimento, é nessa fase que o carácter e a personalidade do adulto serão formados, por esta razão é conveniente que a infância seja preservada da melhor maneira possível (Alberto et al., 2020). As crianças precisam ser vistas como uma classe vulnerável, pois a partir do seu nascimento, necessitam ser cuidadas por alguém para que possam suprir as suas principais necessidades, por serem tão incapazes que não conseguem se auto cuidar. Desde a alimentação a sua segurança, há uma grande vulnerabilidade para essa classe, consequentemente, estão suscetíveis de sobremaneira a atos de todos os tipos de violência. Se esses cuidados durante essa fase forem banalizados, essa criança pode desenvolver doenças emocionais e seu desenvolvimento ser prejudicado (Hino et al., 2019). A inexistência de relacionamento e vínculo afetivos da parte dos responsáveis para com a criança é capaz de prejudicar suas funções cognitivas e emocionais devido ao comprometimento do sistema nervoso central. Ocorrências impróprias no ambiente familiar, à falta de apoio e o descaso em relação aos pais, podem acarretar inúmeras consequências para um bom desenvolvimento infantil, ocasionando assim, um ser consideravelmente vulnerável e sujeito a sérios problemas de saúde (Silva et al., 2019). Um desses problemas é a violência infantil que é caracterizada como um problema de saúde pública, o qual vem acarretando consequências físicas e emocionais. Traumas são evidentes e podem causar deficiência no comportamento e desenvolvimento desse indivíduo (Fontan; Silva, 2019). Contudo, as crianças que são vítimas de violências podem ocorrer adversidades que perdurarão ao longo da vida, uma vez que nesta fase do desenvolvimento suas funções fisiológicas e psicológicas ainda estão em formação (Amorim et al., 2021a). Os problemas de saúde são geralmente percebidos através da anamnese e do exame físico, onde pode ser perceptível as características físicas e psicológicas já nas primeiras consultas realizadas nas unidades básicas de saúde (UBS) e as 8 estratégias de saúde da família (ESF). Em vista disto, os profissionais da saúde são considerados fundamentais para o reconhecimento dos casos da violência que tem acometido essa classe (Hingel et al., 2021). Os profissionais da atenção básica podem ser destacados como 88 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | um dos principais consulentes para esses casos, visto que, atuam juntamente com a família para o cuidado e bem estar populacional (Amorim et al., 2021). A violência dissimulada pode gerar certa dificuldade na atuação da equipe em relação à percepção do problema, por muitas vezes não apresentar sinais e sintomas, torna-se imperceptível, visto que o foco está nas agressões físicas que são sinais evidentes. Dessarte julga-se necessário que o profissional disponha de alicerce para o enfrentamento dessa questão, pois além de sinais físicos a criança vítima de violência pode referenciar várias evidências como; o medo, a retração e outras (Silva et al., 2020). Atualmente pode haver barreiras a serem quebradas, no que se diz respeito a essa temática, visto que, tardiamente esses casos são identificados ou muitas vezes até negligenciados. O que leva a autoridade pública buscar questões focadas ao dissabor das vítimas, com o objetivo de criar métodos para uma abordagem apropriada, assim como também, identificar precocemente os sinais e obter ideias para possível prevenção. No entanto, devido à falta de qualificação e métodos para a abordagem e identificação dos sinais, há uma grande necessidade de enfatizar a temática, visto que há uma alta incidência, para que assim obtenha estratégia para o enfrentamento adequado desse grave problema de saúde pública (Amorim et al., 2021). Neste contexto, este estudo possui o objetivo de apresentar a criação de um fluxograma para os profissionais de saúde ao enfrentamento de denúncias de violência às crianças e adolescentes atendidas em unidades básicas de saúde. METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma revisão de literatura com abordagem exploratória e descritiva, este tipo de método permite a síntese de diversos conteúdos publicados em estudos anteriores e a inferência de resultados (Botelho; Cunha; Macedo, 2011; Gil, 2002). A pesquisa foi realizada no período de agosto, setembro e outubro de 2022 utilizando o critério de recuperação de artigos com recorte temporal de 2015 a 2022. O material selecionado que correspondeu ao objetivo principal da pesquisa foi organizado para assim compor a amostra deste estudo. A recuperação de artigos foi realizada mediante o cruzamento dos seguintes descritores: “Saúde da criança e adolescente”, “Violência infantil”, “Maus-tratos infantil”, “Pessoal de saúde” e “Saúde da Família” nas seguintes bases de dados: SciELO (Scientific 89 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), e Google acadêmico. Os critérios de inclusão para esse estudo consideraram artigos em língua portuguesa que trataram da abordagem do profissional de saúde em relação à violência contra crianças e adolescentes, publicados nos anos de 2015 a 2022 e que tivessem no título o termo “violência” ou “violência infantil”. Foram excluídos os artigos que não corresponderam aos objetivos deste estudo, não estavam de acordo com os critérios de inclusão, revisões de literatura e artigos que não apresentaram critérios metodológicos eficientes para retorno de dados confiáveis. Os dados capturados foram submetidos à leitura e análise descritiva simples, em seguida foram organizados em quadro com auxílio do Microsoft Office Word 2019, contendo as principais informações a fim de facilitar a visualização, descrição e entendimento das informações. As leituras para reconhecimento do material bibliográfico tiveram cunho exploratório e seletivo para determinar se os dados selecionados interessavam ao estudo de forma clara e bem definida a partir da leitura dos títulos, dos resumos e na íntegra. O fluxograma é um diagrama utilizado com a perspectiva de delinear as diversas maneiras de como se organizam um conjunto de processos de trabalho em torno de uma cadeia de produção (Merhy, 1977). Não obstante, o fluxograma permite uma representação do processo de trabalho que normalmente é percebido apenas do ponto de vista individual. Nessa perspectiva, com a criação de um fluxograma foi possível instrumentalizar a gestão do processo de trabalho. Dessa forma, para a criação do fluxograma utilizou-se o software Microsoft Office Word versão 2019. No que concerne a esse estudo, o uso do fluxograma se deve à possibilidade de identificar e encaminhar de forma correta as situações de violência contra a criança nos atendimentos em UBS para o fluxo correto da rede a partir dos documentos oficiais. RESULTADO E DISCUSSÃO Na plataforma LILACS o cruzamento trouxe um total de 42 artigos, após aplicar os critérios de inclusão restaram apenas 02 artigos. Na plataforma SCIELO apenas 02 artigos foram encontrados, dos quais nenhum estava de acordo com os critérios de inclusão. A plataforma Google Acadêmico trouxe um retorno de 14.800 artigos, destes apenas 06 foram selecionados para análise na íntegra. Após a leitura na íntegra, restaram apenas 03 artigos. A síntese dos principais conteúdo foi aplicada em três dimensões: 90 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | natureza da violência, tipo de violência e condutas dos profissionais em relação à violência contra a criança. Quadro 6.2 – síntese dos artigos incluídos na amostra Nº Título Citação Revista / Periódico 1 Experiências dosProfissionais de Saúde no manejo da Violência Infantil (SANTOS et al., 2019a) Revista Baiana de Enfermagem 2 Assistência dos Profissionais de Saúde às Crianças e Adolescentes em situação de violência (FREITAS et al., 2020) SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) 3 Notificação da violência infantil, fluxos de atenção e processo de trabalho dos profissionais da Atenção Primária em Saúde (EGRY; APOSTOLICO; MORAIS, 2018) Ciência & saúde Coletiva 4 Concepções e Práticas dos Profissionais de Saúde Acerca da Violência Intrafamiliar contra a Crianças e Adolescentes (COSTA et al., 2015) Trabalho, Educação e Saúde 5 Características dos Profissionais de Saúde da Família no atendimento de Violências contra Crianças e Adolescentes (GIORDANI et al., 2015) Revista de Enfermagem da UFMS Fonte: Elaborado pelos autores, 2022. O artigo de Nº 1 se propôs a conhecer as experiências dos profissionais da atenção básica no estado do Tocantins, Brasil. Para isso o método escolhido foi o de entrevistas. Os autores identificaram por meio das entrevistas que os profissionais ainda têm dificuldades de reconhecer as classificações e as formas como a violência se manifesta, além disso os profissionais têm medo de retaliações caso façam a denúncia. Nesse sentido, para Berthold et al., (2019) e Nunes e Sales (2016) as estratégias de educação continuada são fundamentais para amenizar a situação além de ampliar os mecanismos que oferecem suporte no enfrentamento à violência e tornarem-se, de fato, efetivos na proteção infantil. Os profissionais no campo da saúde têm a atribuição de promover a educação em saúde visando melhorias no aspecto de saúde pública, ou seja, desenvolvem práticas para o bem-estar físico, mental e social da população, de modo a intervir diretamente na qualidade de vida das pessoas. Diante disso, Albaek, Binder e Milde (2019) relatam que é importante implementar estratégias que acolham, incentivem e evidenciem a necessidade do trabalho que estes trabalhadores realizam a fim de que consigam lidar com os desafios relacionados ao abuso infantil. 91 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Ademais, Schek e colaboradores (2018) concordam com os autores mencionados acima e ainda relata que a importância da capacitação profissional é evidenciada por esta ser um pilar para aprimorar os indicadores relacionados à violência infantil. Os autores do estudo de Nº 2 realizaram entrevistas com profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil no estado do Ceará com o intuito de compreender a atuação dos profissionais diante de casos de violência a crianças e adolescentes. Segundo Fontes, Conceição e Machado (2017), a violência sofrida por uma criança ou adolescente que sofrem algum transtorno psíquico é capaz de gerar traumas que irão repercutir em diversas áreas da vida no presente e no futuro. Neste contexto, os profissionais precisam estar atentos para identificar as situações de violência, promover uma assistência com participação de outros profissionais promovendo a interdisciplinaridade e assistência intersetorial. Da mesma forma é necessário acolher as vítimas despidos de preconceitos e com um olhar holístico (BRASIL, 2005). Em continuidade, Freitas e colaboradores (2020), referem que as crianças e adolescentes vítimas de violência necessitam que a rede ofereça uma cobertura ampla e integral por meio de estratégias que problematizem as questões territoriais e suas vulnerabilidades. Os autores também consideram que os profissionais devem incluir os familiares no processo terapêutico, uma vez que cuidar da família também é cuidar do indivíduo em situação de sofrimento psíquico. No entanto, Santos et al., (2019), ressalta que essa proximidade com a família pode expor os profissionais a riscos de conflitos e represálias. Os autores do estudo Nº 3 analisou o fluxo da rede de proteção à criança vítima de violência, no contexto das notificações e decisões de encaminhamento na Atenção Básica. Por meio de uma investigação documental os autores conseguiram evidenciar que qualquer profissional pode atender e acolher as vítimas e realizar a notificação dos casos de violência à criança, além de encaminhar ao órgão responsável por realizar os procedimentos de análise do caso e encaminhamento para setores qualificados para a manutenção do atendimento às vítimas. Quando os profissionais têm alguma dúvida ou não se sentem seguros quanto ao procedimento correto, eles encaminham para algum profissional da assistência social ou psicologia que atuam nas unidades. 92 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Egry, Apostolico e Morais (2018), relatam que muitos profissionais falham em seguir os protocolos e o fluxo da rede preconizado pelas autoridades locais. Muitas vezes sem fazer as notificações ou até mesmo pulando etapas do processo. Desta forma, a European Union Agency for Fundamental Rights (2015 apud EGRY; APOSTOLICO; MORAIS, 2018), afirma que alguns profissionais deixam de cumprir seus deveres por não estarem qualificados para reconhecerem sinais de abuso e violência contra a criança, e isso faz com que haja a subnotificação de ocorrências, portanto é necessário manter programas de treinamento para os profissionais. Além disso, ainda refere que muitos países ainda não garantem o anonimato dos profissionais que realizam as notificações e isso também pode desencorajar os profissionais a não notificarem. O artigo de Nº 4 se propôs a investigar as concepções e práticas dos profissionais da saúde de uma Estratégia de Saúde da Família por meio de entrevistas relacionadas a violência contra crianças e adolescentes. Os investigadores evidenciaram o despreparo e insegurança dos profissionais, segundo os autores isto gera dificuldades de identificar os sinais de maus-tratos, as notificações e o acompanhamento das vítimas. Neste sentido, Ângelo e colaboradores (2013) e Costa e Aguiar (2020) referem que qualquer ação ou omissão que possa prejudicar o bem-estar, a integridade física e/ou psicológica, além da liberdade ou qualquer direito a plenitude do bom desenvolvimento da criança ou adolescente pode ser considerado como violência intrafamiliar. Diante disso, Costa et al., (2015), relata que a formação de vínculos com a comunidade proporciona diversos benefícios para a qualidade do serviço além de favorecer o reconhecimento do profissional por parte dos clientes. Por outro lado, se a comunidade não consegue ver a capacidade do profissional de resolver os seus problemas, este vínculo será prejudicado (Teixeira et al., 2013). Dessa forma, muitos profissionais não se envolvem diante do medo de serem enredados em situações judiciais e até mesmo receio de represálias dos agressores (Saraiva et al., 2012). As autoras do artigo de Nº 5 avaliaram as características dos profissionais de saúde ao atenderem casos de violência a crianças e adolescentes por meio de entrevistas. Elas identificaram que 87,1% dos profissionais não conheciam um protocolo de atendimento e 74,1% afirmaram conhecer alguma legislação relacionada ao tema. Assim, Gilbert (2009) afirma que é importante que os profissionais da atenção básica possuam conhecimentos a respeito dos maus-tratos infantis. A mesma autora também descreve os benefícios de capacitar esses trabalhadores para identificarem os casos. Logo, Reichenheim (2011) insiste na necessidade de integrar os profissionais de 93 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | diferentes áreas do conhecimento para que estes sejam a base na formação, na assistência e na proteção das vítimas a fim de promover o diálogo com os usuários. FLUXOGRAMA O Protocolo de Atenção Integral àCrianças e Adolescentes Vítimas de Violência [entre 2010 e 2022], demonstra a rede de atendimento com os principais atores no estado do Pará. Assim, aplicando ao município de Tucuruí, no contexto da Atenção Básica, pode- se seguir esta ordem: • Profissional de saúde na atenção básica suspeito de caso de violência e encaminha ao Conselho Tutelar; • Conselho Tutelar é responsável por acolher a suposta vítima e decidir para onde encaminhá-la, podendo ser: o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS); o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS); o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); o Delegacia para perícia e possível acompanhamento para o PARAPAZ; Diante do exposto acima, sugere-se o FLUXOGRAMA 01 como o modelo para o fluxo da rede municipal de Tucuruí-PA. 94 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Figura 6.1 – Sugestão de Fluxo da rede de atendimento à criança ou adolescente vítima de violência no município de Tucuruí-PA, 2022 Fonte: Autoria própria. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo tratou dos aspectos relacionados à violência contra a criança e adolescente no intuito de identificar o fluxo da rede de atendimentos encaminhamentos das vítimas no contexto da atenção básica de saúde. Diante disso, a questão norteadora foi respondida de forma satisfatória. Os objetivos foram atingidos de forma parcial, visto que as amostras encontradas não conseguiram abarcar todos os aspectos esperados devido ao rigor metodológico. Dessa forma, a metodologia adotada não conseguiu dar o retorno das expectativas. Os resultados foram parcialmente satisfatórios, uma vez que foi possível identificar diferentes aspectos relacionados ao atendimento e à assistência profissional às 95 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | vítimas de violência que procuram são atendidas na atenção básica. Nesse sentido, é primordial que os profissionais tenham capacidade de reconhecer e identificar sinais e sintomas de maus-tratos, realizar um acolhimento humanizado e inserir os familiares e a equipe multiprofissional no processo, além da criação de vínculo com a comunidade. Assim, foi possível identificar que muitos profissionais ainda se sentem inseguros ou mesmo não receberam as instruções necessárias para estarem qualificados quanto ao encaminhamento das vítimas. Evidenciado pelos diversos autores que referem a necessidade de treinamentos e atividades educativas para os profissionais de forma contínua. Logo, também se evidenciou que a insegurança do profissional que realiza as notificações é um fator importante para a condução e o desfecho dos eventos. Apesar de ser contrário às normas de conduta, entende-se como compreensível uma vez que estes profissionais podem ser expostos a riscos que venham prejudicar sua integridade física ou moral. O fluxograma 1 foi montado baseando-se na leitura das amostras durante o processo metodológico e no protocolo do estado paraense. Como muitos dos órgãos mencionados pelo protocolo não estão presentes no município, foram incluídos apenas os que estão acessíveis na cidade. Este protocolo pode orientar muitos profissionais durante o atendimento, além de qualificar a assistência e o suporte oferecido pela atenção básica em esfera local. REFERÊNCIAS ALBAEK, A. U.; BINDER, P. E.; MILDE, A. M. Entering an emotional minefield: professionals’ experiences with facilitators to address abuse in child interviews. BMC health services research, v. 19, n. 1, p. 1-12, 2019. ALBERTO, M. et al. Trabalho infantil e ato infracional: análise histórico-cultural do desenvolvimento infantojuvenil. Revista SPAGESP [online], jun, 2020, v.21, n.1, p. 127- 142. AMORIM, L. C. et al. As faces da violência contra a criança e o papel do enfermeiro. Recisatec- Revista Científica Saúde E Tecnologia, [s. 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RESUMO / ABSTRACT As emergências psiquiátricas são caracterizadas por um comportamento ou condição que possui uma evolução potencialmente catastrófica, podendo ser percebido por alguém próximo e muitas vezes não pelo próprio afetado, em que recursos adequados para o seu manejo não estão disponíveis no momento da ocorrência. A falta de orientações quanto ao fluxo de atendimento, limitações de estrutura ou o desconhecimento sobre o processo de desequilíbrio mental contribuem para a dificuldade encontrada principalmente pela família diante da inaptidão do paciente. O presente trabalho se faz relevante para a compreensão de fatores associados a essa dificuldade na Unidade de Pronto Atendimento do município de Tucuruí/PA, a atuação da equipe de enfermagem e como conduzem esses pacientes em diversos níveis de complexidade e evolução dentro do cenário no qual atuam, se detém as informações corretas ao referenciar os pacientes. O objetivo se baseia em analisar as percepções dos profissionais de saúde da Unidade de Pronto Atendimento do município de Tucuruí/PA sobre as emergências psiquiátricas. A metodologia de pesquisa em questão possui caráter descritivo, exploratório com abordagem de estudo do tipo qualitativa e a população para desenvolvimento deste trabalho, foi delimitada com enfoque na equipe de saúde mediante entrevista por formulário adaptado. É evidenciado e concluído no estudo a necessidade da implantação de um protocolo para nortear o trabalho da equipe, além de capacitação para auxiliar o atendimento na correta identificação e conduta específica de cada caso, o referenciamento do paciente e a devida orientação aos familiares, também contendo grande importância na relação entre profissionais - Psychiatric emergencies are characterized by a behavior or condition that has a potentially catastrophic evolution, which can be perceived by someone close to them and often not by the person affected, which adequate resources for its management are not available at the time of occurrence. The lack of guidance regarding the flow of care, structure limitations or lack of knowledge about the process of mental imbalance contribute to the difficulty encountered mainly by the family in the face of the patient's ineptitude. The present work is relevant for understanding factors associated with this difficulty in the Emergency Care Unit in the city of Tucuruí/PA, the performance of the nursing team and how they manage these patients at different levels of complexity and evolution within the scenario in which they act, if you have the correct information when referring patients. The objective is based on analyzing the perceptions of health professionals at the Emergency Care Unit in the municipality of Tucuruí/PA on psychiatric emergencies. The research methodology in question has a descriptive, exploratory character with a qualitative study approach and the population for the development of this work was delimited with a focus on the health team through an interview using an adapted form. It is evidenced and concluded in the study the need to implement a protocol to guide the team's work, in addition to training to assist the service in the correct identification and specific conduct of each case, the referral of the patient and the proper guidance to the family members, also containing great importance in the relationship between professionals - patients and family members and the need for specialties. CAPÍTULO VII EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: PERCEPÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO 102 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | pacientes e familiares e a necessidade de especialidades. Palavras-chave: Enfermagem; saúde mental; emergência psiquiátrica. Key words: Nursing; mental health; psychiatric emergency. INTRODUÇÃO Diante da Reforma Sanitária e a criação do Sistema único de Saúde (SUS) proposto pela Constituição de 1988, houve o pontapé inicial para o surgimento da Reforma Psiquiátrica. As Conferências Nacionais de Saúde de 1992 e 2001, proporcionaram a ampliação de práticas integrais voltadas ao trabalho em âmbito multiprofissional, que configura a Atenção Psicossocial, com objetivo de substituir métodos desumanizados adotados por instituições manicomiais (Figueiredo, 2019). Segundo Brasil (2020), o encerramento gradual do modelo hospitalocêntrico, em substituição dos hospitais psiquiátricos, possibilitou a criação e expansão nacional dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em 2002. O Centro de Atenção Psicossocial tem como finalidade a reintegração do indivíduo com transtornos à sociedade, por meio de acolhimento e tratamento (não hospitalar). Em vista disso, a Rede Psicossocial possui em seu quadro serviços disponíveis organizados em um fluxo de atendimento que seguem desde os transtornos menos graves aos mais complexos de caráter emergencial. As emergências psiquiátricas se caracterizam por um comportamento ou condição que possui uma evolução potencialmente catastrófica, podendo ser percebido por alguém próximo e muitas vezes não pelo próprio afetado, em que recursos adequados para o seu manejo não estão disponíveis no momento da ocorrência. Trata-se de um evento grave, no qual a subjetividade é importante, além de ser não programada, com abordagem anterior ausente ou insuficiente e com apoio sociofamiliar ou profissional falho ou conflituoso (Kawakami; Prates; Teng, 2016). Para essa assistência, além da competência multiprofissional, é necessário principalmente que a equipe de enfermagem esteja apta, pois é indispensável para que possa haver formação das ações assistenciais, além de promover a integração entre o núcleo multidisciplinar e a promoção da humanização em saúde mental. A equipe de enfermagem, de modo geral, deve estar mais presente no primeiro contato com o indivíduo em sofrimento, podendo dessa maneira também manter uma maior proximidade com o familiar através da assistência prestada (Buriola et al., 2016; Ribeiro et al., 2019). 103 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar as percepções dos profissionais de saúde da Unidade de Pronto Atendimento do município de Tucuruí-PA sobre as emergências psiquiátricas. METODOLOGIA A pesquisa em questão possui caráter descritivo, exploratório com abordagem de estudo do tipo qualitativa, realizada na ala de Urgência e Emergência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de Tucuruí/PA. A amostra do estudo foi definida com base na amostragem aleatória simples, que de acordo com Figueiró (2014), se baseia na escolha aleatória da população. Portanto, houve a escolha de 15 profissionais para comporem a amostra, sendo 7 enfermeiros, 5 técnicos de enfermagem, 1 médico(a) e 2 assistentes sociais. No entanto, apenas 11 profissionais compuseram a amostra final, com a exclusão de 3 enfermeiros e 1 assistente social do total de 15 predeterminados, por saturação amostral. No presente estudo, se estabelecem como critérios de inclusão, profissionais da saúde que fazem parte da equipe de saúde da Unidade de Pronto Atendimento do município de Tucuruí-PA, que estejam lotados como enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos e assistentes sociais, e que atuem há no mínimo 6 meses no estabelecimento. Abrangem os critérios de exclusão, os profissionais de saúde em período de férias, licençamaternidade, licença saúde, licença prêmio, profissionais da saúde que realizem funções unicamente gerenciais e os que não se encontravam no local da coleta após 5 tentativas. O instrumento utilizado para coleta de dados foi uma entrevista estruturada através de um formulário adaptado de Nobre (2012) e Mendes (2013) com perguntas abertas e fechadas, que segue uma sequência de perguntas lógicas. Dessa forma, segundo Minayo (2010), o participante teve a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada, o que contribui com a riqueza dos resultados. A entrevista transcorreu em um local reservado, cedido pela direção da instituição, a fim de que fosse garantida a privacidade do profissional de saúde no momento da entrevista. Para registro das respostas obtidas utilizou-se um gravador de voz com consentimento do participante. Os dados coletados foram analisados de acordo com a técnica de Análise de Conteúdos do tipo Análise Temática que, conforme Bardin (2011), consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações, objetivando a descrição do conteúdo das mensagens, através de procedimentos sistemáticos. 104 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | O projeto de pesquisa cumpre os aspectos éticos exigidos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, uma vez que foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Estadual do Pará Campus VIII/Marabá mediante do Parecer Consubstanciado CAAE 63659922.3.0000.8607. RESULTADO E DISCUSSÃO Considerando as características pessoais dos participantes, constatou-se que 72,73% (n=8) da amostra é do sexo feminino e 27,27% (n=3) do sexo masculino. As idades mínimas e máxima constatadas, respectivamente, foram de 26 e 59 anos, com predomínio de 45,45% da faixa etária dos 36 aos 45 anos, dos 26 aos 35 são 27,27%, dos 46 aos 55 são 9,09% e dos 56 aos 59 são 18,18%. Quanto à naturalidade do profissional, 63,64% (n=7) afirmaram ser naturais do município onde o estudo foi realizado. Os demais, que correspondem a 36,36%, (n=4) apontaram ser naturais de outros municípios. Ao analisar as características profissionais dos participantes, verificou-se que 54,55% (n=6) possuem ensino superior e 45,45% (n=5) ensino técnico. Considerando os profissionais de nível superior, 100% (n=6) relataram possuir pós-graduação. Já os profissionais de nível técnico, 25% (n=1) afirmaram possuir especialização e os outros 75% (n=3) negaram. Entre as especializações citadas estão: Urgência e Emergência, Psiquiatria, Programa Saúde da Família, Atenção Primária à Saúde, Oncologia, Ginecologia e Obstetrícia, Auditoria, Unidade de Terapia Intensiva e Gestão Hospitalar. O tempo de formação dos profissionais variou entre 4 e 34 anos, sendo 54,55% (n=6) formados entre 10 e 15 anos, os 18,18% (n=2) são formados entre 4 e 9 anos, 18,18% (n=2) entre 22 e 27 anos e 9,09% (n=1) entre 28 e 34 anos. Quanto ao tempo de serviço no local do estudo, identificou-se que o tempo varia entre 1 e 9 anos de experiência na instituição, sendo 54,55% (n=6) atuantes na instituição entre 1 e 5 anos e 45,45% (n=5) atuantes entre 6 e 9 anos. A experiência na área de saúde mental foi um quesito avaliado, e conforme os relatos dos profissionais, constatou-se que 72,73% (n=9) dos entrevistados não possui experiência na área e 27,27% (n=2) possui. Quanto à realização de cursos e/ou capacitações verificou-se que 54,55% (n=6) não possui, enquanto a outra parte, 45,45% (n=5) possui. 105 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | NECESSIDADE DO USO DE PROTOCOLOS E QUALIFICAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE Werneck, Farias e Campos (2009), definem protocolos como procedimentos de tratamento e de gestão de um determinado serviço, equipe ou departamento, baseados no conhecimento científico atual e apoiados em evidências científicas, que orientam o fluxo, as condutas e as ações clínicas dos profissionais de saúde. De uma maneira mais específica, os protocolos clínicos direcionam ações clínicas preventivas, promocionais e educativas voltadas para atenção à saúde dos usuários. Já os protocolos de organização dos serviços atuam como instrumentos para gerenciar os serviços prestados, baseados na organização do trabalho, fluxos administrativos, processos de avaliação e a constituição do sistema de informação dentro de uma unidade ou entre os serviços da rede de assistência. Dias, Ferigato e Fernandes (2020), evidenciam que, no Brasil, a existência de conceitos antagônicos reforça as disputas teóricas e práticas não apenas sobre o conceito de crise, mas também sobre as implicações de diferentes enfoques em saúde mental. Nesse contexto, a utilização de protocolos como instrumentos norteiam as práticas de gestão e cuidado em saúde mental. Além disso, possibilitam, por exemplo, a definição das características do usuário para que a partir disso haja o acesso do mesmo a um serviço de cuidado mais adequado ao seu caso. Além disso, determinam os parâmetros de hospitalização e, assim, apresentam um retrato do funcionamento formal da rede, isto é, qual a atribuição dada a cada dispositivo, por exemplo, a partir da organização dos serviços, da concepção de saúde mental e de um projeto de governo. É possível constatar que a ausência de protocolos clínicos e organizacionais, específicos para a demanda de emergência psiquiátrica, gera impactos negativos na atuação do profissional, como a desorientação, evidenciada por meio da fala dos profissionais. Segundo El Hetti (2013), o não uso de protocolos, tornam as ações do profissional imprecisas e falhas. Dentro dos serviços de urgência e emergência, a padronização das condutas se faz necessária, por meios legais e científicos, pois é exigido do profissional atuante, a todo momento, raciocínios e decisões de forma correta e imediata. [...] não, não tem protocolo, não tem. [...] a gente vai fazendo conforme a experiência, né? É claro que a gente tem um conhecimento de teoria da faculdade, mas é muito, assim: O que a gente vai fazer? (TE2) [...] Se tivesse um protocolo desse atendimento... Então, não tem um protocolo, a gente fica: Quem chamar? O que usar na hora? Quais são os medicamentos iniciais? (E5) 106 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | [...] então cada um faz de um jeito ou acha que é feito de um jeito. Eu penso de uma forma, meu colega pensa de outra [...] (TE6) Em contrapartida a isso, Oliveira (2014) destaca que na realidade de uma crise psíquica é inviável que se construa um protocolo sem ferir as singularidades de cada sujeito no momento de sua execução, uma vez que cada paciente possui sua particularidade. Considerando isso, o autor ressalta a importância da ampliação da compreensão das urgências e emergências psiquiátricas como evento que requer acolhimento, diálogo, aproximação entre os sujeitos envolvidos e respeito às necessidades subjetivas e particularidades de cada usuário dos serviços de saúde, para que não haja mecanização da assistência. O autor em evidência ressalta em seu estudo que quando não há efetivação das políticas públicas em saúde mental, a assistência à saúde tende a se tornar mecanizada. Além disso, a ausência de serviços que ofereçam uma assistência adequada e específica aos casos de emergência psiquiátrica e qualificação/capacitação dos profissionais também influenciam a qualidade da assistência prestada. Segundo Ribeiro e Reis (2020), dentro dos serviços de saúde, tem se tornado cada vez mais comum as demandas de emergência psiquiátrica. Para que o profissional da saúde ofereça uma assistência de forma eficaz, é necessário ter um conhecimento amplo sobre o assunto, para não haja riscos ao paciente e nem às pessoasque o rodeiam. Vale ressaltar, ainda, que a capacitação da equipe de saúde se faz extremamente importante para que possa assistir de forma adequada o usuário em sofrimento psíquico. O ideal seria fazer capacitações de como atender, como entender esse paciente [...] (M1) [...] Não temos meios físicos e nem capacitações que possam ajudar a gente trabalhar de forma mais ampla e eficaz por esses pacientes. (E3) [...] a gente deveria estar capacitado para saber como acolher esse paciente. Infelizmente a gente não tem. (E5) [...] é bem complicado porque nós não temos treinamento para esse tipo de paciente. (TE6) Existem situações evidenciadas na assistência à pessoa em emergência psiquiátrica que são, principalmente, a falta de conhecimentos específicos da área de saúde mental, uma vez que na formação profissional não é habitual a capacitação ou aperfeiçoamento na área de psiquiatria, o que dificulta a qualidade da assistência a ser 107 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | prestada. Considerando a qualidade assistencial de um usuário que necessita de atendimento de emergência psiquiátrica, os profissionais envolvidos nesse tipo de atendimento devem ser capacitados regularmente (Paes; Maftum, 2013; Barros, Tung; Mari, 2010). Um estudo realizado por Cury et al (2020), evidencia que unidades de saúde de urgência e emergência que não sejam específicas de psiquiatria, muitas vezes, tendem a não capacitar seus profissionais para o atendimento de emergência psiquiátrica. Além disso, Nascimento et al (2019), evidencia que o desafio de se atuar na área da saúde mental contribui para a falta profissionais que possuam interesse em capacitar-se e/ou fazer especialização nessa área, o que consequentemente prejudica a assistência. A partir da análise das respostas dos profissionais, sentimentos como o de insegurança e despreparo tornaram-se evidentes através de suas falas. Além disso, destaca-se o fato de que mais da metade dos profissionais não possuem capacitação ou cursos na área do cuidado à saúde mental, reforçando dessa forma, as problemáticas mencionadas anteriormente. [...] a gente atende, mas sem grande conhecimento técnico no assunto, entendeu? (M1) [...] a gente não tem uma especialização, a gente não tem cursos. Então nosso conhecimento é bem vago pra trabalhar com esse tipo de paciente. (E3) [...] a equipe no geral fica meio sem saber o que fazer, porque o nosso conhecimento que veio da faculdade, ele é um pouco vago em relação a isso. Quando você vai pra prática, você realmente não sabe o que fazer. (E5) De acordo com Silva e Azevedo (2011 apud Oliveira, 2014), processos de capacitações, treinamentos e educação permanente servem como vias de instrumentalizar os profissionais para as mudanças paradigmáticas propostas pelos conceitos e diretrizes da Reforma Psiquiátrica brasileira e não se pautar, exclusivamente, no ensino de técnicas de contenção ou sedação. Ao analisar as falas dos entrevistados, torna-se extremamente evidente que uma das maiores dificuldades que os profissionais da instituição enfrentam, é o manejo adequado do paciente para a realização da contenção mecânica. Muitos afirmam sentir medo ou desconhecimento da técnica correta de contenção mecânica. 108 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | [...] A gente enfrenta bastante dificuldade em termos de contenção mecânica. (TE2) [...] Quando ele vem via SAMU ou Bombeiros, já vem contido, mas quando ele vem trazido pela família, a gente fica meio restrito de fazer alguma coisa porque a gente sabe que não tem uma contenção. (E5) Nós temos dificuldade quando ele chega que ele não está contido [...]. Eu não tive um treinamento para contenção mecânica de paciente que está em surto. (P6) [...] A dificuldade seria mesmo a contenção desse paciente. (TE7) RELAÇÃO FAMÍLIA-PACIENTE-PROFISSIONAIS Ademais, Schimith et al. (2011), pontua que as relações construídas entre profissionais de saúde e usuários, seja o próprio paciente ou sua família, são consideradas um desafio para a reorganização dos serviços de saúde, e consequentemente, essenciais à plena implementação do SUS. A construção dessas relações, é o que de fato auxilia na concretização do Sistema, mesmo que este seja ancorado em leis com status de políticas de Estado. Para Sequeira (2014), atribui-se uma relevância fundamental na comunicação no processo de construção da relação entre um profissional e usuário alvo dos cuidados ou envolvidos no cuidado do usuário. É dentro do contexto da comunicação que se desenvolve a relação e é, ou pode ser, uma ação terapêutica, por si só, ou completar a ação terapêutica de outra intervenção. A importância dessa comunicação se baseia em diversos fatores, como o acesso ao outro, à sua história, ao seu contexto, e às suas necessidades e o fornecimento de orientações que possibilitam à pessoa, família ou comunidade, uma melhor gestão da sua situação de saúde/doença. As alterações no estado mental do cliente podem dificultar a comunicação. Assim, o profissional deve se expressar com clareza, evitar expressões ambíguas, abstrações, bem como utilizar perguntas e respostas claras e diretas (Vedana, 2016). A gente tenta se comunicar com ele, tenta mostrar para ele que a gente não tá ali pra irritar ele. (TE2) Eu tento conversar com o paciente, por mais que ele não aceite a conversa, aí começa a brigar, xingar [...] mas, a gente releva, porque aquilo ali a gente sabe que ele não tá em sã consciência. (TE4) 109 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | [...] tento o diálogo, se o paciente colaborar, porque às vezes no diálogo ele até permite, dependendo da abordagem que eu faço com ele, ele permite que eu faça a medicação. (TE9) As falas destacadas demonstram que tais profissionais compreendem a importância dessa comunicação, ou pelo menos a tentativa, a fim de evitar o uso de ações invasivas e agressivas como abordagem inicial. A fala da (TE4) reflete pontos cruciais sobre essa comunicação, que são a paciência e profissionalismo, uma vez que os pacientes podem ter comportamentos tido como desrespeitosos, mas sempre se considera seu estado mental. Macedo et al. (2017) aponta que os profissionais da saúde enxergam a Reforma Psiquiátrica como um movimento que propõe alterações na organização dos serviços de saúde mental, na sua postura e prática profissional, exigindo outras maneiras de prestar assistência e enxergar os portadores de transtorno mental. Um movimento que ultrapassa a relação usuário-profissional de saúde e envolve o âmbito familiar e social. Além da inclusão da pessoa com transtorno mental nos serviços comunitários Bessa e Waidman (2013), destacam que é necessário um vínculo entre ela, sua família e o profissional que oferece assistência nos serviços, pois dessa forma é estabelecida uma relação de confiança no cuidado, e a família consegue expressar suas necessidades, ou seja, recebe uma escuta que abrange o trabalho baseado nos pressupostos do cuidado integral e humanizado à saúde mental. Não é só aquele paciente em si que precisa da ajuda. A família também, porque uma família que tem um familiar assim adoece do mesmo jeito. (TE2) A gente tenta conversar com os familiares [...]. (TE4) A gente acolhe o familiar e o orienta, porque nesse momento a nossa parte aqui no serviço social da UPA é praticamente atender basicamente o acompanhante. (AS11) Os profissionais ressaltam que existe a busca por essa comunicação com a família, algo que faz total diferença, pois num momento que o paciente não estiver consciente, ter um familiar presente auxilia a realizar uma assistência de qualidade. Além disso, deve-se ressaltar a necessidade de um olharhumanizado a esse familiar também, visto que desempenhar o papel de acompanhante é cansativo. Townsend (2002), destaca que quando presentes no atendimento, os familiares não devem ser apenas fonte de informação, mas também parceiros e alvo dos cuidados. 110 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | AUSÊNCIA DE DISPOSITIVOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A integração das ações dos serviços de saúde se traduz na necessidade da continuidade de tratamento dos usuários em diversos níveis de complexidade que devem ser reguladas pelas unidades que prestam o serviço, porém essa integração por vezes não ocorre como deveria por diversas razões sendo em muitos casos o descompromisso dos profissionais, por dificuldades impostas pela unidade em questão ou pela gestão vigente local (Souza; Costa, 2010). Nesse sentido, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) veio para ampliar as ações de cuidados em saúde mental por meio de implementação de dispositivos e articulação entre vários pontos de atenção da rede que é integrada pela atenção básica em saúde; atenção psicossocial especializada; atenção de urgência e emergência; atenção residencial de caráter transitório; atenção hospitalar; estratégias de desinstitucionalização; reabilitação psicossocial. (Medrado et al., 2018). Entre os problemas brevemente supracitados que podem ocorrer em qualquer nível ou esfera da rede, evidencia-se com a análise de respostas a ausência de dispositivos específicos direcionados a pacientes em emergência psiquiátrica, que acabam por sobrecarregar determinada unidade que não possua a especialidade psiquiátrica exigida em sua composição como uma Unidade de Pronto Atendimento, ou até mesmo disponha como o CAPS II, funcionante atualmente no município e, no entanto, o mesmo não comporta complexidades que superem sua oferta de serviços primários. Aqui como é uma UPA, não é um local que seja de atendimento específico para ele (psiquiátrico) né? [...] (TE6) [...] não é uma instituição que interna, como eu te falei, mas o paciente fica internado aqui por não ter o leito de especialidade lá no hospital regional ou em outro hospital que ele deveria ir, então a dificuldade maior é essa. (E8) [...] é o que a gente consegue fazer nessa rede de atenção psicossocial a RAPS que chama né [...]. Os serviços de saúde deveriam trabalhar assim com uma integração maior né [...] (E8) De acordo com Peres et al., (2018) os serviços oferecidos pela UPA e SAMU possuem destinação assistencial para urgência e emergência e sua inclusão na RAPS, sem a capacitação devida ou o auxílio de protocolos por vezes obriga a adaptação a essa demanda de atendimentos em saúde mental, e portanto, a assistência integral ao paciente 111 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | passa a ser comprometida assim como o próprio sentimento de incapacitação e confusão vivenciado por parte dos profissionais frente o desafio. Assim como Cardoso (2011) menciona, apesar do avanço do tratamento psiquiátrico e maior entendimento dos distúrbios mentais, seus sintomas e características, a cura e compreensão de determinados casos ainda são desafiadores levando em consideração a singularidade de cada paciente, o funcionamento mental e complexidade que pode advir de inúmeros fatores, que desse modo, muitas vezes apresentam histórico de sucessivas internações, sobretudo em casos de transtornos mentais graves. Além da profundidade de cada cenário único manifestado pelos pacientes, foram observados outros fatores que corroboram para essa dificuldade no atendimento dentro do município de Tucuruí, elementos estes que se configuram como a ausência de componentes da RAPS, preconizado pelo Art. 5º da portaria nº 3.088/2011, e que são essenciais no tratamento a pacientes em agravo em estado superior ao tratamento intra - hospitalar ofertado pelo Hospital Regional de Tucuruí ou o CAPS II da cidade que atende somente a demanda primária, e até mesmo a falta de profissionais especializados em psiquiatria, de fato o médico psiquiatra que se encontra em falta na cidade, pontos estes que foram discutidos pelos entrevistados. [...] psiquiatra é difícil de achar, né? Muito difícil. Aqui em Tucuruí por exemplo só tem uma, que tá trabalhando, o outro tá aposentado. Então tem dificuldade [...] (M1) [...] a população até critica os serviços que não está funcionando, não consegue internar o paciente [...] eu tô falando da problemática de pacientes que são psiquiátricos há muito tempo e continuam numa situação de vulnerabilidade, continuam na rua, continuam em surtos recorrentes, que o paciente não tem uma assistência do CAPS, da atenção básica, da assistência psiquiátrica. (E8) Como antes destacado, em conformidade com o Ministério da Saúde (2013), a RAPS, integrada ao Sistema único de Saúde, como um todo estabelece pontos de atenção para o atendimento integral de pessoas com transtornos mentais, incluindo aqueles sob efeito nocivo do uso de drogas, álcool e outras substâncias com propósito de ampliação do acesso à população em geral e entre esses serviços, a rede dispõe de recursos diversos como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). 112 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Com relação a rede psicossocial disponível no município de Tucuruí-PA, o mesmo possui a nível primário de caráter preventivo e terapêutico as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II); a nível secundário para estabilização e referenciação, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA); a terciário consta o Hospital Regional de Tucuruí (HRT) que dispõe de leitos em ala psiquiátrica. Durante a pesquisa, os participantes demonstraram nas respostas conhecer de maneira satisfatória os componentes da RAPS disponíveis na região, bem como o fluxo da assistência. Bom, geralmente, os postos de saúde e o CAPS, encaminham paciente pra cá (UPA) [...] a gente recebe aqui e solicita transferência pro Regional [...] aí daqui a gente sempre transfere pro Regional ou então se esse paciente não está tão grave assim, está mais estável, melhora aqui e depois manda de volta pra casa ou o médico daqui encaminha pro CAPS [...] (E3) [...] paciente entrou em surto… se ele tá mais calmo ele faz todo acompanhamento na Atenção Básica, mas quando tem surto eles vêm por encaminhamento, vem escrito pelo médico. Tanto do posto como do CAPS. A gente recebe isso. Um papel de encaminhamento solicitando que a UPA faça o encaminhamento para o nível terciário, que no caso seria o Regional. (E5) Em referência ao entendimento dos profissionais (M1) e (E8) sobre lacunas existentes na rede local, avalia-se que o município se encontra em déficit de médicos psiquiatras, por razões não esclarecidas, além da falta de alternativas extra hospitalares que auxiliem em circunstâncias na qual haja recorrência episódica de surtos psicóticos, como a esquizofrenia não tratada por exemplo, ou situações de vulnerabilidade, usuários de substâncias ou não. Condições estas que exijam intervenção contínua por um período maior de tempo com o aporte de profissionais especializados no acompanhamento do usuário, como por exemplo o CAPS III, que proporciona acolhimento noturno e observação contínua a pacientes graves e persistentes, ou os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) tipos I e II, que corresponde ao serviço de moradia a pacientes que também apresentem gravidade mental acentuada a nível de dependência, e que necessitem de cuidados permanentes. Outrossim, Homercher & Volmer (2021) afirmam que o CAPS do tipo IIIé o serviço mais bem qualificado para atuar em demandas de crise psíquica devido seu funcionamento 24 horas, feriados e fins de semana, bem como a atenção da equipe multiprofissional formada por médico psiquiatra, enfermeiro formado em saúde mental, 113 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico (Universidade Federal do Maranhão, 2018). Os autores citados destacam ainda que o dispositivo consegue precisamente conferir um acolhimento mais amplo e ideal no que se refere aos casos de crise psíquica que perseverem, embora nem todos os municípios possuam o CAPS III, e nesse contexto, as Unidades de Pronto Atendimento se fazem presentes no acolhimento das emergências psiquiátricas, estabilização e encaminhamento. Também é importante frisar que, a instalação do CAPS III obedece a critérios populacionais que exigem o mínimo de 150 mil habitantes (Universidade Federal do Maranhão, 2018). Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), em 2021 a população estimada contabiliza 116. 605 habitantes no município de Tucuruí- PA, número abaixo do mínimo indicado para municípios ou regiões de saúde, o que justificaria a não qualificação regional para sua implantação na rede do município, criando o atual condicionamento assistencial emergencial ao CAPS II, UPA, Complexo Hospitalar de Tucuruí (HRT) e em último caso a transferência a outro município, que também se afigura outra vertente de dificuldade sob a avaliação de alguns dos entrevistados. [...] então tem um outro recurso que é mandar pra Belém por meio judicial, entendeu? A família vai lá no Ministério Público, consegue todas as papeladas e a gente consegue o leito pro paciente. (TE2) [...] quando não tem vaga disponível lá, a gente faz encaminhamento até pra Belém. Que também tem sido uma dificuldade nossa de mandar, antes era porta aberta, agora temos a informação que não é mais. [...] (E5) [...] até mesmo tem sido na justiça, pra fazer um TFD (transferência para outro município), encaminhar para Belém. Então hoje a gente tá praticamente sem ter pra onde pedir socorro. (TE7) É pertinente ilustrar que a internação hospitalar em hospitais especializados em psiquiatria não é um recurso que deve ser utilizado ou estimulado indiscriminadamente, visto que o sistema mantém disponível uma gama de opções extra-hospitalares eficazes apesar de falhas aqui mencionadas, todavia, essa ferramenta passa a ser opcional frente o esgotamento de outros recursos referidos, pois há situações na qual o transtorno mental acompanha outras condições que propiciam riscos de agressão à ordem pública, de exposição social ou incapacidade grave de autocuidado (Cardoso; Galera, 2011). 114 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | Sendo assim, tal escolha tem função unicamente de minimizar esses riscos levando em consideração as necessidades psicossociais, o suporte no tratamento psicofarmacológico e a reinserção social do paciente em seu meio, tudo isso por meio de rigorosa avaliação profissional. Dessa forma, sua utilização prudente não deve ser vista como uma incitação hospitalocêntrica, mas como um dos recursos disponíveis para a manutenção da saúde (Cardoso; Galera, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi exposto previamente, compreende-se que o atendimento em saúde mental propõe inúmeros desafios tanto para os profissionais envolvidos que trabalham diariamente dentro de suas respectivas realidades, quanto para o paciente e familiares que buscam auxílio e apoio especializado na tentativa de estabilizar o quadro e recuperar a saúde do indivíduo, reinserindo o mesmo de volta ao seu contexto social. Em análise de respostas das entrevistas realizadas na Unidade de Pronto Atendimento da cidade de Tucuruí-PA, foram apuradas as dificuldades em torno da assistência emergencial psiquiátrica recebida pela unidade e a percepção dos profissionais frente ao atendimento aos pacientes em sofrimento mental. É evidenciado e concluído no estudo a necessidade da implantação de um protocolo para nortear o trabalho da equipe, além de capacitação para auxiliar o atendimento na correta identificação e conduta específica de cada caso, o referenciamento do paciente e a devida orientação aos familiares. Há grande importância na relação entre profissionais - pacientes e familiares que demandam boa escuta e percepção da equipe que deve acolher o todo dos indivíduos que por vezes se encontram em situação de vulnerabilidade em que o bem-estar do mesmo em conjunto da família se encontra prejudicado, principalmente em situações de reincidência. No município, percebeu-se o déficit de profissionais médicos psiquiatras sendo apenas um atuante na região, tal como a ausência de dispositivos da RAPS no serviço a pacientes em estado de gravidade mental persistente que demandem auxílio terapêutico prolongado. Durante a avaliação, junto ao Serviço Residenciais Terapêuticos, o CAPS III se mostrou o mais adequado para absorver tal demanda em quesito de estrutura, equipe multidisciplinar e funcionamento, apesar disso, a região não atende o requisito populacional mínimo de habitantes para sua implementação, e logo, tais pacientes contam apenas com CAPS II e Hospital Geral como suporte. Portanto, nesse cenário, o uso de protocolos e 115 | Vivências acadêmicas: uma abordagem sobre produções cientificas em enfermagem [Volume 1] | aplicação de capacitação da equipe em emergência psiquiátrica é básico e fundamental na contribuição do bom trabalho da equipe e qualidade do tratamento ofertado. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BARROS, R.E.M, TUNG, T.C & MARI, J.J. Serviços de emergência psiquiátrica e suas relações com a rede de saúde mental Brasileira. Rev. Bras. Psiquiatr. 2010 BRASIL. CNS - Conselho Nacional de Saúde. Plenário do Conselho Nacional de Saúde. 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