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E-BOOK LICENCIAMENTO AMBIENTAL Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença APRESENTAÇÃO Em território nacional, o licenciamento ambiental foi implantado objetivando o controle prévio, bem como a realização e o acompanhamento de atividades que se beneficiam de uma forma ou outra dos recursos naturais, podendo ocasionar poluição ou mesmo causar a degradação do meio ambiente. Esse instrumento é um processo administrativo que resulta, ou não, na emissão de uma licença ambiental pelo órgão ambiental competente. Mas como surgiu essa necessidade de realização do licenciamento ambiental? Após vários acidentes graves, os quais provocaram diversos passivos ambientais, bem como a própria cobrança internacional, o Brasil se viu na obrigação de criar ferramentas que visam a não somente proteger o meio ambiente, mas também a conciliar o desenvolvimento da forma mais sustentável possível. Sendo assim, pode-se dizer que o marco inicial do licenciamento ambiental ocorreu com a implantação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 6.938/1981). No entanto, as diretrizes para a aplicação desse processo pelos órgãos ambientais somente foram publicadas cinco anos após, com a Resolução CONAMA no 1/86. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como ocorreram o aprimoramento das normativas ambientais com o passar do tempo e a definição dos objetivos do licenciamento ambiental. Além disso, serão apresentados os diferentes tipos de licenças ambientais existentes. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o histórico do licenciamento ambiental em território nacional.• Definir licenciamento ambiental e seus objetivos.• Identificar os tipos de licenças ambientais e seus objetivos.• DESAFIO A função principal do licenciamento ambiental é garantir que não ocorram impactos ambientais negativos no meio ambiente, ou então que estes sejam minimizados por meio de ações que devem ser descritas e respeitadas. Para isso, diferentes tipos de licenças são implantadas, cada uma apresentando diferentes funções e exigências. 1- Com base nas informações obtidas na área, seu chefe quer saber se a licença prévia será deferida ou indeferida. Justifique sua escolha. 2- Quais serão os impactos ambientais que podem ocorrer na área com a implantação do empreendimento? Apresente três impactos ambientais positivos e três impactos ambientais negativos. INFOGRÁFICO O licenciamento ambiental é uma obrigação legal, exigida antes que determinada atividade/obra se instale, para qualquer empreendimento que cause poluição ou degradação ao meio ambiente, sendo um dos instrumentos principais da Política Nacional do Meio Ambiente. Esse processo engloba três tipos de licença (licença prévia, licença de instalação e licença de operação), que cobrem desde o planejamento até a execução da atividade regulada, englobando todos os aspectos tanto do ambiente natural (meio físico e meio biótico) como do ambiente humano (meio social e meio econômico). Para saber mais a respeito dos diferentes tipos de licenças ambientais, veja o Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO A primeira manifestação política relacionada ao tema impacto ambiental surgiu com a criação do NEPA (National Environmental Policy Act), em 1969, nos Estados Unidos. No ano seguinte, o processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi criado, exigindo que para todos os empreendimentos com potencial impactante os seguintes critérios fossem observados: identificação dos impactos ambientais positivos e dos impactos ambientais negativos, modos de compensação, relação dos sistemas ambientais utilizados no curto prazo e a manutenção, ou mesmo melhoria, do seu padrão no longo prazo e a definição clara sobre possíveis comprometimentos dos recursos ambientais no caso de a proposta ser aprovada. Mais tarde, esse instrumento também foi adotado por França, Canadá, Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha. Em junho de 1972, ocorreu a Conferência de Estocolmo, que passou a fazer parte das políticas de desenvolvimento adotadas nos países mais avançados e, também, naqueles em processo de desenvolvimento. Para entender sobre o surgimento do licenciamento ambiental em território brasileiro, leia o capítulo Histórico e importância do licenciamento ambiental no Brasil, que faz parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apresentar o histórico do licenciamento ambiental em território nacional. Conceituar licenciamento ambiental e apresentar os seus objetivos. Defi nir os tipos de licenças ambientais e os seus objetivos. Introdução O licenciamento ambiental foi implantado no País com o objetivo de acom- panhar e controlar previamente a realização de atividades que se beneficiam dos recursos naturais e podem poluir ou degradar o meio ambiente. Este instrumento é um processo administrativo que pode resultar, ou não, na emissão de uma licença ambiental pelo órgão ambiental competente. Mas de onde veio a necessidade de realizar licenciamentos ambien- tais? Após vários acidentes graves provocarem grandes passivos ambien- tais — que resultaram, inclusive, na cobrança internacional —, o Brasil se viu obrigado a criar e implementar ferramentas de controle e proteção, que hoje visam não apenas proteger o meio ambiente, mas também conciliar o desenvolvimento da forma mais sustentável possível. O marco inicial do licenciamento ambiental ocorreu com a implanta- ção da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981), mas as diretrizes para a aplicação desse processo pelos órgãos ambientais somente foram publicadas cinco anos depois, com a Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. U N I D A D E 1 Neste capítulo, você vai saber como ocorreu o aprimoramento das normativas ambientais com o passar do tempo, conhecer a definição e os objetivos do licenciamento ambiental, bem como os diferentes tipos de licenças ambientais que existem no Brasil. Preocupação ambiental A partir da Revolução Industrial, as cidades cresceram exponencialmente e, com isso, nasceram novos formatos urbanos, sem planejamento prévio. Em todo o mundo, o meio ambiente foi explorado incessantemente sem qualquer preocupação — no Brasil, não foi diferente. Arraes, Mariano e Simonassi (2012) ressaltam que, desde o início da década de 1970, altas taxas de desmatamento são observadas na Amazônia. Em 1995, essa taxa de desmatamento atingiu o seu maior nível e, nos anos seguintes, apresen- tou oscilações decorrentes de diversas causas, como incêndios, comércio de madeiras, expansão de atividade agropecuária, aumento da densidade populacional e incentivos fi scais. Além disso, os recursos hídricos acabaram virando verdadeiros esgotos a céu aberto, interferindo negativamente na fauna e na fl ora. Infelizmente, a ocorrência de diversos passivos ambientais foi necessária para que o Governo e a população tomassem consciência da importância da preservação. Apesar dos enormes avanços em legislações ambientais que pretendem garantir o uso e a ocupação do ambiente de forma sustentável,ainda há um enorme caminho a ser percorrido, uma vez que o desenvolvimento é necessário e o ambiente continua sendo o mesmo. Na maioria dos casos, a preocupação com o meio ambiente surgiu apenas após a ocorrência de acidentes que provocaram enormes passivos ambientais. Com isso, as normas, leis, diretrizes e padronizações foram criadas para evitar ou mesmo diminuir esses acidentes. A seguir, vamos conhecer o histórico do licenciamento em território nacional. Histórico do licenciamento ambiental Durante muitos anos, o desenvolvimento econômico decorrente da Revolu- ção Industrial impediu que os problemas ambientais fossem considerados. Conforme o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009), a poluição e os impactos ambientais do desenvolvimento desordenado eram visíveis, mas os benefícios proporcionados pelo progresso eram justifi cados como Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença14 um “mal necessário”, algo que dava à humanidade o direito de poluir em troca do desenvolvimento. Por incrível que pareça, o termo meio ambiente foi usado pela primeira vez apenas da década de 1960, em uma reunião do Clube de Roma. O objetivo central dessa reunião foi discutir métodos de reconstrução dos países no pós-guerra, sendo estabelecida a polêmica sobre os problemas ambientais. Em território nacional, as primeiras tentativas de aplicação de metodologias para avaliação de impactos ambientais foram decorrentes de exigências de órgãos financeiros internacionais para aprovação de empréstimos a projetos governamentais. Com a crescente conscientização da sociedade, principalmente internacional, tornou-se cada vez mais necessária a adoção de práticas ade- quadas de gerenciamento ambiental em quaisquer atividades modificadoras do meio ambiente (BRASIL, 2009). Em 1988 surgiu a Constituição Federal, documento que estabelece normas a todas as esferas da federação, entre elas a preservação do meio ambiente. O Ministério do Meio Ambiente ressalta que o documento remete à cooperação entre os responsáveis e à gestão compartilhada, fortalecendo a ação municipal e a ação cooperada entre os entes federados (BRASIL, 2009). Com a gestão compartilhada, a União, os Estados e os municípios devem estar unidos na proteção ao meio ambiente. Para que isso aconteça, existem órgãos reguladores em cada um desses locais. O art. 225 da Constituição Federal prevê que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Dessa forma, o meio ambiente é um direito fundamental de todo cidadão, e cabe ao Estado e a cada indivíduo da comunidade o dever de resguardá-lo. 15Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença O art. 10 da PNMA (BRASIL, 1981) estabelece que: a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou poten- cialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente — SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis — IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. As diretrizes para o processo de licenciamento só foram estabelecidas em 1986. Até então, processos similares aos de licenciamento eram realizados apenas pelas capitais ou mesmo em nível federal, em grandes obras. Foi a Resolução CONAMA nº. 001/1986, que definiu como impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente que seja causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas. Mais tarde, em 1997, por meio da Resolução CONAMA nº. 237, de 19 de dezembro de 1997, surgiu o conceito de licenciamento ambiental, definido como: [...] procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou po- tencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997). Reforçando a PNMA, surgiu, em 12 de fevereiro de 1998, a Lei nº. 9.605, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente. No art. 60, ela estabelece a obrigatoriedade do licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental e define as penalidades aplicadas ao infrator (BRASIL, 1998). Os arts. 66 e 67 da mesma legislação descrevem como crime ambiental quando um funcionário público faz afirmação falsa ou enganosa, omite a verdade ou sonega informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental, definindo que pode ser punido com reclusão de um a três anos e multa (BRASIL, 1998). Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença16 Este capítulo não aborda todas as legislações, porque são muitas. Porém, é importante que você saiba que cada Estado e os municípios apresentam legislações próprias, que podem ser mais restritivas que as federais, mas nunca podem passar sobre as legislações impostas pela União. Como exemplo, podemos citar a Lei nº. 11.520, de 3 de agosto de 2000, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências, e cujo art. 55 descreve que: A construção, instalação, ampliação, reforma, recuperação, alteração, operação e desativação de estabelecimentos, obras e atividades utiliza- doras de recursos ambientais ou consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degrada- ção ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis (RIO GRANDE DO SUL, 2000). Definições e objetivos do licenciamento ambiental O licenciamento ambiental é o procedimento (processo) administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras dos recursos ambientais, que podem ser consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras. Em outras palavras, o licenciamento busca analisar atividades e empreendimentos que podem causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 2009). Já a licença ambiental é a autorização emitida pelo órgão público com- petente. Ela é fornecida ao empreendedor para exercer o seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as precauções requeridas que resguardem o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Devido à natureza autorizativa da licença ambiental, ela apresenta um caráter precário. Ou seja, a licença pode ser caçada caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas. A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local onde se instala. 17Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Nem toda atividade demanda licença ambiental, somente aquelas que tenham potencial de causar poluição ou degradação ambiental e/ou utilizam recursos naturais (STRUCHEL, 2016). Conforme o art. nº 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que ressalta que todostêm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o licencia- mento ambiental visa exatamente proteger o meio ambiente, mas sem colocar em risco o desenvolvimento, que é inevitável e essencial para o avanço da sociedade. O licenciamento ambiental tem como objetivo encontrar o convívio equili- brado entre a ação econômica do homem e o meio onde a atividade é permitida pelos instrumentos técnicos e legais existentes. Por isso toda concessão busca sempre a compatibilidade do desenvolvimento econômico e da livre iniciativa com o meio ambiente, prevenindo os impactos ambientais provocados por atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais ou que sejam considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a ponto de causar degra- dação ambiental e inconvenientes ao bem-estar público. O licenciamento ambiental é um instrumento da PNMA) que age preventivamente para proteger um bem comum do povo (no caso, o meio ambiente. A preservação é conciliada com o desenvolvimento econômico-social para garantir direitos constitu- cionais fundamentais em dois setores: economia e sociedade. O cuidado é para que o exercício de um direito não comprometa o outro, igualmente importante. Dessa forma, o licenciamento ambiental visa evitar ou minimizar ao má- ximo os impactos ambientais que podem ocorrer em determinada atividade ou obra. Mas o que é exatamente um impacto ambiental? De acordo com a Resolução CONAMA nº. 001/1986, é considerado impacto ambiental quando há qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986): a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença18 a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. Ou seja, com base nos extratos acima, podemos concluir que qualquer pro- jeto ou atividade que possa desencadear impactos ambientais negativos (Figura 1) precisa ser submetido a um processo de licenciamento. O licenciamento ambiental é a principal ferramenta da sociedade para controlar a manutenção do meio ambiente, que está diretamente ligada com a saúde pública e com boa qualidade de vida para toda a população. Assim, podemos concluir que o licenciamento ambiental é o principal instrumento do Poder Público para controlar e preservar o meio ambiente para as sociedades atuais e futuras. Figura 1. Exemplos de impactos ambientais negativos no meio ambiente. Fonte: Shutterstock.com. O licenciamento ambiental é uma exigência legal e uma ferramenta do Poder Público para o controle ambiental que, em muitos casos, é vista como um desafio para o setor empresarial. É obrigação de todo empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente desde as etapas iniciais do seu planejamento até a instalação e efetiva operação. 19Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Diferentes tipos de licenciamento ambiental Existem diferentes tipos de licenciamento ambiental, expedidos pelo Poder Executivo. A Resolução CONAMA nº. 237/1997, art. 8º — precedida pelo Decreto nº. 99.274, de 6 de junho de 1990, art. 19 — desdobra as licenças em três subespécies (BRASIL, 1997): licença ambiental prévia (LP); licença ambiental de instalação (LI); licença ambiental de operação (LO). A LP é concedida na fase preliminar do planejamento da atividade ou do empreendimento. Aprova a localização e concepção, atesta a viabilidade ambiental e estabelece os requisitos básicos e condicionantes que devem ser atendidos nas próximas fases de implementação (FIORILLO, 2014). A fina- lidade da LP é definir as condições para que o projeto seja compatível com a preservação do meio ambiente. É também um compromisso que o empre- endedor assume ao aceitar os requisitos determinados pelo órgão ambiental (BRASIL, 2007). Assim, pode-se dizer que a LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento. Nessa etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa. Inicialmente, o órgão licenciador determina se a área sugerida para a instalação é adequada com base no zoneamento municipal. Podem ser requeridos também estudos ambientais complementares como o EIA/RIMA. Apenas após os estudos o órgão licenciador define as condições nas quais a atividade deverá se enquadrar a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu respectivo Relatório de Impacto Am- biental (RIMA), instituído pela Resolução CONAMA nº. 001/1986, são instrumentos da PNMA criados para identificar e avaliar os impactos ambientais de um projeto. A Constituição determina que, para conceder o licenciamento ambiental a atividades ou empreendimentos potencialmente causadores de significativa degradação, o Poder Público deve exigir o EIA/RIMA, que será anexado à LP por se tratar de um estudo prévio dos impactos que poderão ocorrer com a instalação e operação de determinado empreendimento. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença20 A LI, de acordo com Fiorillo (2014), obrigatoriamente é precedida pela LP e consiste na autorização para a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. Em outras palavras, nessa etapa, o projeto do futuro empreendimento deverá demostrar o cumprimento da totalidade das condições e restrições impostas na LP. É importante comentar que a LI deve ser solicitada antes do início das obras e no prazo de validade da LP, para que o órgão ambiental tenha condições de verificar se o projeto apresentado é suficiente para atender todas as condições e restrições necessárias na implantação do empreendimento. A LI, que dá direito à implantação do empreendimento na área aprovada, somente é concedida se o órgão ambiental aprovar os planos e projetos de controle ambiental. Já a LO também denominada licença de funcionamento, sucede a de instalação, tendo como finalidade autorizar a “operação da atividade ou em- preendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação”, conforme dispõe o art. 8º, III, da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997). Todo empreendimento só pode iniciar as suas atividades após a expe- dição da LO. E é fundamental lembrar que ela não tem caráter definitivo, o que faz com que empreendedores precisem estar atentos a períodos de renovação. A LO deve ser lida, compreendida e cumprida pelo empreendedor. O seu descumpri- mento poderá gerar penalizações administrativas, multas, interdição, suspensão, não renovação da licença, entre outras. Além disso, pode acarretar em punições na esfera civil e criminal (art. 60 da Lei de Crimes Ambientais). 21Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença De acordo com a Lei Complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011, art.14 (BRASIL, 2011), a renovação da LO deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 dias da expiração do seu prazo de validade, registrado na respectiva licença. Caso esse prazo não seja respeitado, há risco de penalidades administrativas, cíveis e criminais. A licença será expedida apenas se todas as condicionantes estabelecidas na LO do empreendimento estiverem sendo cumpridas. Outros tipos de licenças ambientais Segundo o art. 8º da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997), as licenças devem ser requeridas na fase em que se encontra o empreendimento. Dessa forma, existem alguns outros tipos de licenças ambientais que os órgãos ambientais podem exigir, sendo que o Instituto da Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) do Espírito Santo (ESPÍRITOSANTO, 2017), destaca: Licença ambiental simplifi cada (LS) — ato administrativo de procedimento simplifi cado pelo qual o órgão ambiental emite apenas uma licença, que en- globa todas as fases do licenciamento, estabelecendo as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas de baixo impacto ambiental, que se enquadrem na classe simplifi cada conforme normas legais. O prazo de validade da LS é de, no mínimo, quatro anos, não podendo ultrapassar seis anos. Licença ambiental de regularização (LAR) ou licença de operação-regulari- zação (LOR) — ato administrativo pelo qual o órgão ambiental emite uma única licença que engloba todas as fases do licenciamento. Aplica-se a atividades que já se encontram em fase de implantação ou que já estejam em funcionamento, estabelecendo as condições, restrições e medidas de controle ambiental em respeito às exigências próprias das licenças prévia, de instalação e de operação. Licença ambiental única (LAU) — ato administrativo expedido quando a atividade, por sua natureza, constituir-se tão somente na fase de operação e possuir limite temporal, além de não se enquadrar na hipótese de Licença Simplifi cada ou Autorização Ambiental. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença22 Autorização ambiental (AA) — ato administrativo no qual o órgão compe- tente estabelece as condições de realização ou operação de empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário ou para execução de obras que não caracterizem instalações permanentes e obras emergenciais de interesse público, transporte de produtos e resíduos perigosos ou, ainda, para avaliar a efi ciência das medidas adotadas pelo empreendimento ou atividade. 1. Com relação ao licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. a) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão judiciário competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. b) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. c) O principal objetivo do licenciamento ambiental é garantir um ambiente equilibrado para as gerações presentes. d) Os projetos de licenciamento ambiental são analisados por órgãos ambientais federais e estaduais. e) O licenciamento ambiental é um procedimento judicial pelo qual o Ministério Público competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. 2. Entre as alternativas a seguir, qual é considerada um estudo/ documento fundamental que deve ser entregue na LI? a) Diagnóstico ambiental da área. b) Definição das medidas mitigadoras. c) Planta baixa da edificação. d) Contrato social do empreendimento. e) Análise dos impactos ambientais do projeto. 3. O desenvolvimento econômico e social trouxe consigo diversos passivos ambientais. Com o passar do tempo, devido a cobranças internacionais e ao avanço de tecnologias e legislações, o licenciamento surgiu como uma ferramenta que visa conciliar o desenvolvimento com o meio ambiente. Dessa forma, a alternativa que melhor descreve o conceito de impactos ambientais é? a) Retirada total ou parcial das árvores, florestas e demais 23Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença vegetações de uma região, ou seja, da cobertura vegetal. b) Consiste no acúmulo de detritos, lixo, entulho ou outros materiais no leito de recursos hídricos c) Qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, as quais podem ser tanto positivas como negativas. d) É o processo de degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultantes das atividades humanas ou de fatores naturais (variações climáticas). e) É o processo de desgaste, transporte e sedimentação do solo, dos subsolos e das rochas como efeito da ação dos agentes erosivos, tais como a água, os ventos e os seres vivos. 4. Tratando-se do licenciamento ambiental em território nacional, qual é a alternativa correta? a) O licenciamento ambiental é um instrumento da PNMA, sendo o objetivo principal favorecer o desenvolvimento, visando o aumento da economia e da qualidade de vida da sociedade. b) De acordo com a Resolução CONAMA nº. 001/1986, o impacto ambiental ocorre quando há principalmente alterações da biota e da qualidade dos recursos ambientais. c) O licenciamento ambiental é a única ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente. d) A cobrança internacional foi um dos principais motivos para o início do licenciamento ambiental no Brasil. e) Todo e qualquer tipo de empreendimento necessita de licenciamento ambiental. 5. O licenciamento ambiental é obrigatório para qualquer empresa/atividade que possa ocasionar em impactos ambientais negativos. Com relação ao licenciamento ambiental, qual é a alternativa correta? a) Devido aos custos envolvidos com o licenciamento ambiental, as empresas necessitam aumentar o preço dos produtos demasiadamente. b) O licenciamento ambiental fornece melhorias no desempenho ambiental das empresas/corporações. c) Devido às fiscalizações e normativas que as empresas com licenciamento enfrentam, estas apresentam menor competitividade no mercado. d) Todo e qualquer tipo de financiamento exige o licenciamento ambiental. e) O licenciamento ambiental é exigido apenas para atividades industriais que apresentam alto grau poluidor. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença24 ARRAES, R. A.; MARIANO, F. Z.; SIMONASSI, A. G. Causas do desmatamento no Brasil e seu ordenamento no contexto mundial. Revista de Economia e Sociologia Rural, Piracicaba, v. 50, n. 1, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/resr/v50n1/ a07v50n1.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. 2. ed. Bra- sília: TCU, 2007. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi- nistrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605. htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponívelem: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. 25Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença ESPÍRITO SANTO. Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo. Licen- ciamento ambiental. Disponível em: <https://idaf.es.gov.br/licenciamento-ambiental>. Acesso em: 22 nov. 2017. FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. RIO GRANDE DO SUL. Lei nº. 11.520, de 3 de agosto de 2000. Institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. 2000. Dis- ponível em: <http://www.al.rs.gov.br/legiscomp/arquivo.asp?idNorma=11&tipo=pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Leituras recomendadas MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. MANZOLI, A. Análise das emissões veiculares em trajetos urbanos curtos com localização por GPS. Tese (Doutorado) — Universidade de São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos, 2009. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença26 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O licenciamento ambiental é uma obrigação legal para empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais e/ou que são capazes de causar degradação ambiental. Mas não são todos os empreendimentos que são obrigados por lei a terem o licenciamento, apenas as atividades que constam na Resolução CONAMA nº 237, de 1997, que lista as atividades e os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. Para que o desenvolvimento ocorra, é necessário retirar recursos da natureza. Dessa forma, o licenciamento ambiental objetiva achar soluções para essa extração ser o menos agressiva possível ao ambiente, além de seguir as legislações em vigor. Para saber mais sobre licenciamento ambiental, acompanhe o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Dentre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao licenciamento ambiental? A) a) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão judiciário competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. B) b) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. C) c) O principal objetivo do licenciamento ambiental é garantir um ambiente equilibrado para as gerações presentes. D) d) Os projetos de licenciamento ambiental são analisados por órgãos ambientais federais e estaduais. e) O licenciamento ambiental é um procedimento judicial pelo qual o Ministério Público E) competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. 2) Qual destes é considerado um estudo/documento fundamental que deve ser entregue na licença de instalação (LI)? A) a) Diagnóstico ambiental da área. B) b) Definição das medidas mitigadoras. C) c) Planta baixa da edificação. D) d) Contrato social do empreendimento. E) e) Análise dos impactos ambientais do projeto. 3) O desenvolvimento econômico e social trouxe consigo diversos passivos ambientais. Com o passar do tempo, em razão das cobranças internacionais e do avanço de tecnologias e legislações, o licenciamento surgiu como uma ferramenta que visa a conciliar o desenvolvimento com o meio ambiente. Dessa forma, qual alternativa melhor descreve o conceito de impactos ambientais? A) a) Retirada total ou parcial das árvores, florestas e demais vegetações de uma região, ou seja, da cobertura vegetal. B) b) Acúmulo de detritos, lixo, entulho ou outros materiais no leito de recursos hídricos. C) c) Qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, as quais podem ser tanto positivas como negativas. d) É o processo de degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, D) resultantes das atividades humanas ou de fatores naturais (variações climáticas). E) e) É o processo de desgaste, transporte e sedimentação do solo, dos subsolos e das rochas, como efeito da ação dos agentes erosivos, tais como a água, os ventos e os seres vivos. 4) Em se tratando do licenciamento ambiental em território nacional, qual a alternativa correta? A) a) O licenciamento ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), sendo o objetivo principal favorecer o desenvolvimento, visando ao aumento da economia e da qualidade de vida da sociedade. B) b) De acordo com a Resolução CONAMA no 1/86, o impacto ambiental ocorre quando há, principalmente, alterações da biota e da qualidade dos recursos ambientais. C) c) O licenciamento ambiental é a única ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente. D) d) A cobrança internacional foi um dos principais motivos para o início do licenciamento ambiental no Brasil. E) e) Todo e qualquer tipo de empreendimento necessita de licenciamento ambiental. 5) O licenciamento ambiental é obrigatório para qualquer empresa/atividade que possa ocasionar impactos ambientais negativos. Em relação ao licenciamento ambiental, qual a alternativa correta? A) a) Devido aos custos envolvidos com o licenciamento ambiental, as empresas necessitam aumentar o preço dos produtos demasiadamente. b) O licenciamento ambiental fornece melhorias no desempenho ambiental das B) empresas/corporações. C) c) Em razão das fiscalizações e das normativas que as empresas com licenciamento enfrentam, estas apresentam menor competitividade no mercado. D) d) Todo e qualquer tipo de financiamento exige o licenciamento ambiental. E) e) O licenciamento ambiental é exigido apenas para atividades industriais que apresentam alto grau poluidor. NA PRÁTICA Os profissionais da área ambiental precisam estar cientes dos temas que regem o licenciamento ambiental e dos diferentes tipos de licenças. Apesar de as licenças prévia, de instalação e de operação serem mais comumente empregadas, existem outros tipos de licenças, como é o caso da licença de operação-regularização (LOR), em que um determinado empreendimento já está devidamente instalado e trabalhando, porém, não tem o licenciamento ambiental. Outro caso é o empreendimento que visa a se instalar em um prédio já edificado. Acompanhe, a seguir, uma situação prática que normalmente ocorre com os profissionais envolvidos com questões de licenciamento ambiental. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A exploração de recursos minerais é uma atividade extrativa de grande importância para a construção civil, pois é um dos pilares para que exista o desenvolvimento da nação. No entanto, a estreita relação da exploração de tais recursos com o crescimento econômico direciona para que muitas vezes essa atividade não seja realizada de modo adequado, ocasionando diversos prejuízos ao meio ambiente. Leia no estudo a seguir sobre a situação da gestão ambiental da ALFA, com base na metodologia proposta pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDES). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Visando explorar como as empresas de consultoria especializadas em avaliação de impacto ambiental promovem gestão do conhecimento, foram levantadas práticas adotadas por oito empresas desse ramo. O estudo procurou verificar se há relação entre a classificação das empresas segundo o grau de complexidade e a inovação em sua carteira de projetos, com práticas e ferramentas de gestão do conhecimento mencionadas na literatura, com os repositórios internos de conhecimento ecom suas experiências relacionadas à criação, troca e retenção de conhecimento. Leia o artigo a seguir e saiba mais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Importância do licenciamento APRESENTAÇÃO O licenciamento ambiental é um dos mais importantes instrumentos de gestão do meio ambiente. Por meio dele, a administração pública vai efetivar o controle prévio das atividades econômicas utilizadoras de recursos ambientais e potencialmente degradadoras, impondo condições e medidas de controle ambiental ao empreendedor a fim de que esse adeque sua atividade, sua obra, seu empreendimento ou seu serviço às normas de tutela ambiental, evitando, minimizando ou compensando danos ao meio ambiente e à sadia qualidade de vida e saúde da coletividade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver os principais benefícios do licenciamento ambiental tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade de modo geral. Além disso, as competências de cada órgão ambiental serão definidas nas diferentes esferas (federal, estadual e municipal). Como você já sabe, o objetivo do licenciamento ambiental é evitar ao máximo os impactos ambientais. Assim, você também vai ver os principais estudos que devem ser apresentados nos diferentes tipos de licenças ambientais (licença prévia, instalação e operação). Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os benefícios do licenciamento ambiental para o meio ambiente e para a sociedade. • Definir as diferentes esferas do licenciamento (federal, estadual e municipal) e sua importância para a gestão territorial. • Caracterizar o principal instrumento do licenciamento (AIA) e sua importância para o desenvolvimento sustentável. • DESAFIO O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) foi instituído pela Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público e responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Seu desafio agora é explicar a Ricardo quais as vantagens que o empreendimento dele pode obter com o encaminhamento do licenciamento ambiental. Apresente três benefícios ambientais e três benefícios econômicos, e não esqueça que os benefícios devem estar de acordo com o empreendimento em questão. INFOGRÁFICO A discussão a respeito do licenciamento ambiental em território nacional é relativamente recente. Ela iniciou após a implantação da Lei n.º 6.938/81, a qual criou a Política Nacional do Meio Ambiente, que antecedeu inclusive a própria Constituição Federal de 1988. Porém, é fundamental que os profissionais da área ambiental entendam quais são as verdadeiras atribuições de cada órgão ambiental a fim de que saibam para quem encaminhar o projeto ambiental. Acompanhe, no Infográfico a seguir, um pequeno resumo das principais atribuições dos órgãos ambientais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO São inúmeras as vantagens que o licenciamento ambiental pode trazer tanto para o próprio órgão ambiental competente quanto para o empreendimento/atividade ou mesmo para a sociedade. Por meio do licenciamento ambiental, o órgão consegue realizar controle e fiscalização mais eficazes, o empreendimento, além de estar livre de sanções, apresenta maior competitividade e melhora sua imagem externa, e a sociedade obtém benefícios pela preservação do meio ambiente. Porém, para que realmente o licenciamento seja eficaz, cada um precisa fazer sua parte e respeitar as legislações em vigor. Para entender mais a respeito dos diferentes órgãos ambientais e dos benefícios do licenciamento ambiental, leia o capítulo Importância do licenciamento ambiental,, que faz parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Importância do licenciamento ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identifi car os benefícios do licenciamento ambiental para o meio ambiente e a sociedade. Defi nir as diferentes esferas do licenciamento (federal, estadual e municipal) e a sua importância para a gestão territorial. Caracterizar o principal instrumento do licenciamento e a sua impor- tância para o desenvolvimento sustentável. Introdução O licenciamento ambiental é um dos mais importantes instrumentos de gestão do meio ambiente. Por meio dele, a administração pública efetivará o controle prévio das atividades econômicas utilizadoras de recursos ambientais e potencialmente degradadoras, impondo condições e medidas de controle ambiental ao empreendedor, a fim de que ele adéque a sua atividade, a sua obra, o seu empreendimento ou o seu serviço às normas de tutela ambiental. Assim, o licenciamento ambiental evita, minimiza ou compensa danos ao meio ambiente e à qualidade de vida da coletividade. Neste capítulo, serão apresentados os principais benefícios do licen- ciamento ambiental tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade como um todo. Além disso, as competências de cada órgão ambiental serão definidas nas diferentes esferas (federal, estadual e municipal), e serão descritos os principais estudos que devem ser apresentados nos diferentes tipos de licenças ambientais (licença prévia, instalação e operação). Benefícios do licenciamento ambiental O licenciamento ambiental é um procedimento técnico-administrativo pelo qual o órgão ambiental competente avalia empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental, autorizando, ou não, a sua instalação e operação. A avaliação envolve o estudo da localização do empreendimento, do seu porte e dos processos construtivo e produtivo utilizados, a fim de verificar se as suas características podem provocar interferências negativas no meio ambiente, como a poluição do ar, a geração de resíduos, a intervenção em cursos d’água e a supressão de vegetação nativa. Portanto, o processo de licenciamento estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental que devem ser cumpridas, tanto na fase de instalação do empreendimento quanto na fase de operação. Dessa forma, o licenciamento é uma exigência legal. Mas quais são exa- tamente os seus benefícios? Não é apenas o meio ambiente que sai ganhando com o licenciamento de determinada atividade, mas também toda a sociedade. Entre alguns dos principais benefícios do licenciamento ambiental, po- demos citar: proteger o meio ambiente para as futuras gerações; proteger os ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; planejar e fiscalizar o uso dos recursos ambientais; garantir a qualidade dos recursos renováveis; racionalizar o uso do solo, do subsolo, da água e do ar; proteger áreas ameaçadas de degradação. Tratando-se das vantagens do licenciamento ambiental para empresas/ corporações, além da redução de possibilidade de multas e da poluição am- biental, podemos destacar: Benefícios estratégicos — diferenciação no mercado; demonstração do compromisso da empresa com o meio ambiente e com o futuro; confi ança oferecida às partes interessadas; melhoria na imagem perante órgãos regu- lamentadores; facilidade na obtençãode licenças e autorizações; simpatia de clientes e usuários; facilidade no acesso ao mercado internacional; atração de parceiros; antecipação à tendência de caráter mandatário e às exigências dos clientes. Importância do licenciamento ambiental28 Benefícios operacionais — melhoria na gestão de riscos ambientais atuais e futuros; melhoria dos procedimentos operacionais; melhoria da produtividade; melhoria nas condições de saúde e segurança no trabalho; redução de acidentes que impliquem responsabilidade civil; estabelecimento de rotina para análise das áreas do negócio que possam afetar o meio ambiente; estímulo ao desenvolvi- mento e compartilhamento de soluções ambientais; facilidade na transferência de tecnologia; melhoria no desempenho dos funcionários e dos equipamentos. Benefícios fi nanceiros — diminuição dos riscos de incorrer em infrações legais e regulamentares; redução potencial nas despesas com seguros, produtos e serviços adquiridos, além do comportamento global no mercado; possibilidade de redução de custos; possibilidade de economia de despesas no consumo de água, energia e matéria-prima. Mas não são apenas as indústrias que necessitam de licenciamento am- biental — as propriedades rurais que realizam atividades quem possam gerar passivos ambientais também devem requerê-lo. Dessa forma, os benefícios do licenciamento para áreas rurais proporcionam: planejamento do imóvel rural; comprovação da regularidade ambiental (após validação pelo órgão ambiental competente); acesso/continuidade do acesso ao crédito (financiamentos); acesso ao programa de regularização ambiental (PRA). Como você pode ver, o licenciamento ambiental apresenta vantagens para o órgão ambiental, os empreendimentos e toda a sociedade. Provavelmente você esteja se perguntando como a sociedade vai obter algum benefício com o licenciamento ambiental de uma indústria, por exemplo. É simples. A sociedade ganha quando as atividades e os empreendimentos estão de acordo com as legislações ambientais porque: as propriedades rurais respeitam as áreas de preservação permanente (APP) e as reservas legais; o desmatamento ocorre de uma forma controlada; as indústrias realizam o correto gerenciamento dos seus resíduos; os despejos de efluentes líquidos indústrias são baseados em parâmetros de qualidade; os recursos hídricos são respeitados. 29Importância do licenciamento ambiental Toda a sociedade acaba se beneficiando direta ou indiretamente do licenciamento ambiental, pois o meio ambiente é um bem de todos. Além disso, quanto maiores os cuidados com a preservação ambiental, menores os índices de patogenias e gastos desnecessários com os quais a sociedade vai arcar, principalmente pelo aumento de impostos. Com isso, em vez de realizar a limpeza e o tratamento de recursos hídricos, solos, ar, entre outros, esse dinheiro poderá ser gasto em saúde, educação, segurança, entre outros serviços extremamente necessários no País. Diferentes esferas dos órgãos ambientais No Brasil, existem três esferas do governo: União, estados e municípios. Cada uma delas possui legislações específi cas. A União fi xa diretrizes gerais e es- tabelece as responsabilidades próprias, enquanto as outras duas fi xam normas complementares. É fundamental comentar que órgãos estaduais e municipais podem restringir a legislação federal, mas nunca ser menos rigorosos. Além das constituições federal e estaduais e das leis orgânicas municipais, outros diplomas legais tratam dos aspectos ambientais, como, por exemplo os decretos. A Lei Orgânica Municipal age como uma Constituição Municipal. É a lei mais importante que rege os municípios e o Distrito Federal. Cada município brasileiro pode determinar as suas próprias leis orgânicas, contanto que não infrinjam a constituição e as leis federais e estaduais. É fundamental que os profissionais da área ambiental conheçam as exigên- cias, normas, legislações e os procedimentos legais federais e que cada estado ou município estabelecem para a instalação e funcionamento de determinado empreendimento ou atividade. Para entender o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), veja o Quadro 1. Importância do licenciamento ambiental30 Fonte: O autor. Esfera Órgão ambiental Função Órgão superior Conselho do governo Tem como objetivo central auxiliar o Presidente da República na formulação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Órgão consultivo e deliberativo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) O CONAMA é estratégico e essencial para a implementação da PNMA e do SISNAMA. Tem o papel de promover a conciliação necessária entre os diferentes setores da sociedade, com o seu caráter democrático e a sua composição amplamente representativa. Órgão central Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal Encarregado de planejar, coordenar e supervisionar as ações relativas à PNMA. Como órgão federal, implementa os acordos internacionais na área ambiental. Órgão executor Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) Entidade autárquica, dotada de personalidade jurídica de Direito público e autonomia administrativa, é a encarregada da execução da PNMA e da sua fiscalização. Órgão seccionais Secretarias estaduais do meio ambiente ou entidades supervisionadas como a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (FEEMA), por exemplo. Entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos de controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras. Quadro 1. Estrutura do SISNAMA. (Continua) 31Importância do licenciamento ambiental A Constituição Federal (BRASIL, 1988) ressalta que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, necessário para a qualidade de vida da população, sendo a sua preservação fundamental para que as futuras gerações dela possam usufruir. Para distribuir as responsabilidades entre municípios, estados e a União, foi instituído o SISNAMA, que se caracteriza por ser um modelo descentralizado de gestão ambiental, criando uma rede articulada de organizações nos diferentes âmbitos da federação. A Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Competências dos órgãos ambientais É fundamental entender as competências de cada órgão (federal, estadual e municipal). Com a publicação da Lei nº. 11.284, de 2 de março de 2006, e da Lei Complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011, a União teve o seu papel reformulado no que se refere à gestão dos recursos fl orestais, assumindo também a gestão de empreendimentos e atividades: localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma conti- nental ou na zona econômica exclusiva; Fonte: Do autor. Esfera Órgão ambiental Função Órgão locais Entidades ou órgãos municipais, como conselhos do meio ambiente, comitês de bacias hidrográficas, etc. São órgãos ou entidades municipais voltados para o meio ambiente, responsáveis por avaliar e estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos seus recursos, supletivamente ao estado e à União. Quadro 1. Estrutura do SISNAMA. (Continuação) Importância do licenciamento ambiental32 localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação (UCs) instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados. Já os estados ficaram incumbidos de gerir os temas que dizem respeito a: empreendimentos e atividades cujos impactos diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais municípios; estejam localizados em mais de um município; em UCs de domínio estadual ou em florestas e demais formas de ve- getação natural de preservação permanente; delegados pela União por instrumento legal ou convênio (BRASIL, 2006, 2011). O art. 9º, inciso XIV, da LC 140/2011 (BRASIL, 2011), determinou que cabe aos municípios promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local ou que estejam localizados em UCs instituídas pelos municípios, que não sejam APAs. A definição dos empre- endimentos cujo impacto ambiental é considerado de âmbito local é atribuição dos conselhos estaduais de meio ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade. Avaliação de Impacto Ambiental (AIA): instrumento do licenciamento ambiental Como você sabe, a principal função do licenciamento ambiental é promover o desenvolvimento da sociedade e da economia sem impactar de forma negativa o meio ambiente, para que tanto as gerações do presente quanto as futuras desfrutem de um ambiente equilibrado. Nesse contexto, todas as atividades que de uma forma ou outra estão sujeitas a impactos ambientais devem estar munidas do licenciamento ambiental. 33Importância do licenciamento ambiental A AIA é considerada um instrumento preventivo, usado nas políticas de ambiente e na gestão ambiental com o objetivo de assegurar que determinado projeto ou atividade, passível de causar danos ambientais, seja analisado de acordo com os prováveis impactos no meio ambiente que ele possa causar. Dessa forma, a elaboração de uma AIA é baseada em estudos ambientais elaborados por equipes multidisciplinares (engenheiros, geólogos, biólogos, topógrafos, sociólo- gos, arqueólogos, etc.), que apresentam diagnósticos, descrições, análises e avaliações sobre os impactos ambientais efetivos e potenciais na área onde a atividade vai ocorrer. A seguir, serão apresentados os principais estudos ambientais necessários, e que devem ser apresentados ao órgão ambiental competente, em relação a licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO). A LP é extremamente importante no atendimento ao princípio da prevenção e, de acordo com o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2007), esse princípio se desenha quando, diante da ineficácia ou pouca valia em se reparar um dano e da impossibilidade de se recompor uma situação anterior idêntica, a ação preventiva é a melhor solução. Nesse conceito, encaixam-se os danos ambientais, cujo impacto negativo muitas vezes é irreversível e irreparável. Durante o processo de obtenção da licença prévia, são analisados diversos fatores que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se pleiteia. É nessa fase que: são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento; são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos; são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar ou atenuar os impactos; são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes; são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o empreendimento; são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os im- pactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreen- dimento, levando-se em conta a sua localização e os seus prováveis impactos, em confronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais. Importância do licenciamento ambiental34 Mas quais são exatamente os estudos ambientais que devem ser entregues para obter a licença? Antes de mais nada, é importante comentar que pode haver variação desses estudos, dependendo do órgão ambiental que vai analisar o projeto de licenciamento. Isso é definido com base no porte da empresa, no grau poluidor, na área onde será instalado o empreendimento, na presença ou não de vegetação, na ocupação antrópica anterior, etc. Dessa forma, é fundamental que os profissionais envolvidos consultem sempre o órgão ambiental para saber exatamente quais estudos ambientais devem ser apresentados em cada situação. Porém, a Resolução CONAMA nº. 001, de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986), ressalta que devem ser apresentados na LP: Diagnóstico ambiental da área. Nesse diagnóstico, são analisados: a) o meio físico — o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’agua, o regime hidrológico, as correntes marinhas (se for o caso), as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais — a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raridades e ameaçadas de extinção, bem como as APPs; c) o meio socioeconômico — o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando a presença de sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Análise dos impactos ambientais do projeto. Devem ser apresentadas alterna- tivas pela identifi cação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos, ou seja, benéficos e adversos, di- retos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; o grau de reversibilidade; as propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. 35Importância do licenciamento ambiental Os principais impactos ambientais que podem ocorrer são: a supressão da vegetação, fragmentação de habitats; interferência em APPs; barreira de deslocamento da fauna; danos no patrimônio arqueológico; desapropriações; processos erosivos; bota-foras; ruídos e vibrações; poluição (emissões). Defi nição das medidas mitigadoras. Deve ser apresentado quais são os impactos (principalmente os negativos) que a atividade ou obra vai ocasionar no meio ambiente. Descrição de programas de acompanhamento. Devem ser indicados os fatores e parâmetros a serem considerados, visando diminuir ao máximo os impactos na área. Entre os resultados esperados nesse acompanhamento, podemos citar: recuperação de áreas degradadas; adoção de tecnologias ecologicamente corretas; gestão dos resíduos; recuperação de APPs; controle dos processos erosivos; minimização de interferência em comunidades; promoção da educação ambiental. Já a LI somente é concedida se o órgão ambiental aprovar os planos e projetos de controle ambiental. Dessa forma, a LI dá direito à implantação do empreendimento na área aprovada. Os estudos ou documentos que devem ser entregues na LI variam de acordo com a atividade desenvolvida. Há diferença na documentação para indústrias, atividades agrossivo-pastoril, mineração, saneamento, tratamento e destinação de resíduos, entre outros. Importância do licenciamento ambiental36 Normalmente, os estudos e documentos que devem ser entregues na LI estão descritos na LI, mas, para não haver dúvidas, é indicado que os profissionais entrem em contato com o órgão ambiental competente. Na maioria dos casos, na LI, são entregues documentos formais da atividade, como cópia dos documentos (CPF e RG) do responsável legal do empreendimento, cópia do cartão CNPJ, contrato social, transcrição ou matrícula no cartório de registro de imóveis atualizada (últimos 90 dias), cópia da LP, planta definitiva e devidamente aprovada do empreendimento, planta topográfica da área do empre- endimento, projeto do Sistema de Tratamento de Esgoto ou Efluentes (ETES), etc. Tratando-se da LO, três características básicas são relevantes: é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, doefetivo cumpri- mento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação); contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de limite para o funcionamento do empreendimento ou da atividade; especifica as condicionantes determinadas para a operação do empre- endimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou cancelamento da operação. Da mesma forma que nas demais licenças ambientais, na LO devem ser entregues alguns documentos, que são listados na LI. Em caso de dúvidas, por segurança, os profissionais envolvidos no projeto de licenciamento devem sempre procurar o órgão ambiental responsável. Normalmente, um dos principais itens que deve ser entregue na LO é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Esse plano comprova a capacidade de uma empresa de gerir de modo ambientalmente correto todos os resíduos que gera. Ele oferece uma segurança de que os processos produtivos serão controlados, minimizando a geração de resíduos na fonte, reduzindo e evitando grandes poluições ambientais e as suas consequências para a saúde pública e o desequilíbrio da fauna e da flora. 37Importância do licenciamento ambiental Dependendo do porte, da magnitude e do grau poluidor da obra ou atividade, uma equipe multidisciplinar pode estar envolvida no projeto de licenciamento. Para cada projeto ambiental encaminhado (LP, LI e LO), os profissionais envolvidos devem entregar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no órgão ambiental. A ART é um instrumento de defesa da sociedade, pois garante que as obras e os ser- viços serão prestados por profissionais habilitados, bem como proporciona segurança jurídica para o contratante, caso haja problemas com a obra ou o estudo. 1. Existem diferentes tipos de estudos ambientais que devem ser entregues ao órgão ambiental visando obter a licença ambiental, sendo que, para cada tipo de licença, diferentes exigências, laudos e estudos são exigidos. Em relação às ações mitigadoras, qual é a alternativa correta? a) São apresentadas na LI. b) O seu principal objetivo é descrever os impactos ambientais negativos que a atividade ou o empreendimento poderá ocasionar. c) São apresentados exemplares de fauna e flora que poderão sofrer interferências negativas. d) É descrito o uso e a ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando a presença de sítios e monumentos arqueológicos. e) A principal ação mitigadora é a apresentação do PGRS, descrevendo o que será feito com os resíduos gerados quando o empreendimento estiver funcionando. 2. Existem diferentes órgãos ambientais, de diferentes esferas (federais, estaduais e municipais), sendo que cada um apresenta competências específicas. Com relação às atribuições municipais, tratando-se do licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. a) O município poderá promover licenciamento de atividades de impacto ambiental local. b) Os municípios não possuem competência para promover licenciamento ambiental. Importância do licenciamento ambiental38 c) O estado poderá promover licenciamento de atividades delegadas pelo município por instrumento legal ou convênio. d) O município apenas poderá licenciar obras que estiverem fora dos limites municipais. e) Os municípios poderão apenas licenciar propriedades rurais e indústrias de pequeno porte. 3. O SISNAMA é dividido em diferentes esferas. Entre as alternativas a seguir, qual representa um exemplo de órgão seccional? a) IBAMA. b) Órgão ambiental municipal. c) Conselho do governo. d) Secretaria estadual do meio ambiente. e) Ministério do Meio Ambiente. 4. O licenciamento ambiental é um instrumento utilizado pelo Brasil com o objetivo de exercer controle prévio e realizar o acompanhamento de atividades que utilizem recursos naturais, que sejam poluidoras ou que possam causar degradação do meio ambiente. Com relação aos benefícios do licenciamento ambiental, qual é a alternativa correta? a) A principal vantagem da sociedade com o licenciamento ambiental é a diminuição dos impostos. b) O principal objetivo do licenciamento ambiental industrial é obter benefícios estratégicos. c) As propriedades rurais necessitam do licenciamento ambiental unicamente para obter diferentes tipos de financiamentos. d) Os órgãos ambientais se beneficiam do licenciamento devido à aquisição de taxas que devem ser pagas e que aumentam os cofres públicos. e) O marketing verde é um dos grandes benefícios que o licenciamento ambiental poderá fornecer para o setor industrial. 5. É importante conhecer quais são as competências de cada órgão ambiental, nas diferentes esferas (federal, estadual e municipal). Compete ao IBAMA analisar qual tipo de projeto ambiental? a) Quando a atividade ultrapassar os limites municipais. b) A atividade que ocorrer em terras indígenas. c) Apresenta impacto local. d) Quando o município delegar por meio de instrumento legal ou convênio. e) Em todas as UCs espalhadas no território nacional. 39Importância do licenciamento ambiental BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. 2. ed. Bra- sília: TCU, 2007. BRASIL. Lei nº. 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. 2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=485>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017.Leituras recomendadas BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Importância do licenciamento ambiental40 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontraa obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR De maneira geral, o desenvolvimento sustentável visa a atender três aspectos básicos: o econômico, o ambiental e o social. Esses devem interagir totalmente para que a sustentabilidade se sustente. Mas o que exatamente desenvolvimento sustentável tem a ver com licenciamento ambiental? Como sabemos, o licenciamento visa a conciliar o desenvolvimento com o meio ambiente, fazendo com que haja harmonia entre ambos, ou seja, visa a reduzir ao máximo os impactos ambientais que determinada atividade/empreendimento possa ocasionar. Para saber mais sobre avaliação de impacto ambiental, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Existem diferentes tipos de estudos ambientais que devem ser entregues ao órgão ambiental visando a obter a licença ambiental, sendo que, para cada tipo de licença, diferentes exigências, laudos e estudos são exigidos. Em relação às ações mitigadoras, qual a alternativa correta? A) As ações mitigadoras são apresentadas na licença de instalação (LI). B) O principal objetivo da ação mitigadora é descrever os impactos ambientais negativos que a atividade/empreendimento poderá ocasionar. C) Os exemplares de fauna e flora que poderão sofrer interferências negativas são apresentados. D) d) As ações mitigadoras descrevem o uso e a ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando a presença de sítios e monumentos arqueológicos. E) A principal ação mitigadora é a apresentação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, descrevendo o que será feito com os resíduos gerados quando o empreendimento estiver funcionando. 2) Existem diferentes órgãos ambientais de diferentes esferas (federais, estaduais e municipais), sendo que cada um apresenta competências específicas. Em relação às atribuições municipais em se tratando do licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. A) O município poderá promover licenciamento de atividades de impacto ambiental local. B) Os municípios não têm competência para promover licenciamento ambiental. C) O estado poderá promover licenciamento de atividades delegadas pelo município por instrumento legal ou convênio. D) O município apenas poderá licenciar obras que estiverem fora dos limites municipais. E) Os municípios poderão apenas licenciar propriedades rurais e indústrias de pequeno porte. 3) O Sistema Nacional do Meio Ambiente é dividido em diferentes esferas. Entre as alternativas a seguir, qual representa um exemplo de órgão seccional? A) Ibama. B) Órgão ambiental municipal. C) Conselho do governo. D) Secretaria estadual do meio ambiente. E) Ministério do meio ambiente. 4) O licenciamento ambiental é um instrumento utilizado pelo Brasil com o objetivo de exercer controle prévio e de realizar o acompanhamento de atividades que utilizem recursos naturais, que sejam poluidoras ou que possam causar degradação do meio ambiente. Em relação aos benefícios do licenciamento ambiental, qual a alternativa correta? A) A principal vantagem da sociedade com o licenciamento ambiental é a diminuição dos impostos. B) O principal objetivo do licenciamento ambiental industrial é obter benefícios estratégicos. C) As propriedades rurais necessitam do licenciamento ambiental unicamente para obter diferentes tipos de financiamentos. D) Os órgãos ambientais se beneficiam do licenciamento devido à aquisição de taxas que devem ser pagas, as quais aumentam os cofres públicos. E) O marketing verde é um dos grandes benefícios que o licenciamento ambiental poderá fornecer para o setor industrial. 5) É importante conhecer quais as competências de cada órgão ambiental nas diferentes esferas (federal, estadual e municipal). Compete ao Ibama analisar qual tipo de projeto ambiental? A) A atividade que ultrapassar os limites municipais. B) A atividade que ocorrer em terras indígenas. C) A atividade que apresentar impacto local. D) Quando o município delegar por meio de instrumento legal ou convênio. E) As atividades em todas as unidade de conservação (UC) espalhadas no território nacional. NA PRÁTICA O licenciamento ambiental é de fundamental importância para a proteção do meio ambiente. Porém, isso não significa que, com a licença em mãos, a empresa está imune à poluição ambiental. Muito pelo contrário. Existe uma série de condicionantes apresentadas na licença e que devem ser seguidas. Caso essas condicionantes não forem respeitadas, isso poderá implicar acidentes, como foi o caso da Samarco, em 2015, a qual liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. As consequências ambientais foram terríveis, afetando a vida aquática dos rios, provocando o assoreamento dos mesmos, mudando seus cursos e acarretando na diminuição da profundidade e no soterramento de nascentes. A lama, além de causar a morte dos rios, destruiu uma grande região ao redor desses locais. A força dos rejeitos arrancou a mata ciliar, e o que restou foi coberto pelo material. Para saber mais sobre esse acidente e o que está sendo feito para buscar minimizar os impactos ambientais, acompanhe o material a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O licenciamento ambiental visa a proteger o meio ambiente, sendo que o empreendimento deverá ler e respeitar cuidadosamente as condicionantes que constam no mesmo. Quais são as consequências ambientais quando essas condicionantes não são respeitadas? Confira, no vídeo a seguir, como os órgãos ambientais investigaram vazamento de chorume da CTR em Seropédia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! As licenças ambientais não devem apenas visar à lucratividade e aos benefícios do empreendedor. Devem levar em conta inúmeros fatores, como o diagnóstico ambiental e a opinião da comunidade nos arredores. Acompanhe, no vídeo a seguir, o que pode ocorrer quando a sociedade, o empreendedor e o órgão ambiental não estão de acordo com a instalação de um aterro sanitário. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Confira o artigo a seguir que analisa a competência em matéria de licenciamento ambiental, partindo de uma análise da competência constitucional material comum na área ambiental e fazendo distinção entre a competência administrativa fiscalizadora e a competência licenciadora. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Legislação ambiental pertinente APRESENTAÇÃO O licenciamento ambiental é uma excelente ferramenta que visa a proteger o meio ambiente de impactos ambientais negativos oriundos, principalmente, do desenvolvimento desenfreado que o planeta vem sofrendo. Baseia-se em alguns princípios básicos e tem como função principal orientar a atuação do legislador e dos poderes públicos na concretização e cristalização dos valores sociais relacionados ao meio ambiente, harmonizando as normas do ordenamento ambiental, direcionando a sua interpretação e aplicação e ressaltando a autonomia do direito ambiental. Dessa forma, o licenciamento ambiental está baseado em legislações, que são aplicadas a todos de modo igualitário. Independentemente do poder aquisitivo, da magnitude da obra/atividade, da presença ou não de conhecidos no órgão ambiental, do beneficiamento ou não da sociedade, o meio ambiente é a principal preocupação do licenciamento ambiental. Por isso, é fundamental e essencial os profissionais estarem cientes das mais diferentes legislações, pois cada estado e município pode apresentar legislações específicas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os distintos princípios que regem o licenciamento ambiental, sobre a sua natureza jurídica e sobre a importância do Novo Código Florestal. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentaros seguintes aprendizados: Definir os princípios constitucionais fundamentais em matéria ambiental.• Identificar a natureza jurídica do licenciamento ambiental.• Explicar o Novo Código Florestal.• DESAFIO Os profissionais da área ambiental devem procurar o órgão ambiental competente sempre que necessitarem realizar um licenciamento ambiental. Sabendo que o produtor visa a respeitar os mesmos 17 metros de distância do recurso hídrico para a construção do novo aviário, seu desafio consiste em responder aos seguintes questionamentos: I. Com base em que legislação você, como engenheiro agrícola, poderá ajudar seu cliente? II. O órgão ambiental municipal está certo ou errado em não querer renovar a licença ambiental do aviário já existente? Qual a faixa mínima de área de preservação permanente (APP) que o produtor terá que respeitar? III. Qual a importância do cadastro ambiental rural (CAR) no processo de licenciamento ambiental? IV. Há alguma possibilidade de seu cliente conseguir a licença ambiental do aviário novo? Justifique suas respostas. INFOGRÁFICO Quando se trata de discutir a questão ambiental, o maior desafio é combinar crescimento econômico com preservação ambiental. Para haver um equilíbrio, as legislações ambientais apresentam papel fundamental, definindo parâmetros/padrões que possam nortear o licenciamento ambiental. Porém, essas normativas devem apresentar alguns princípios básicos, responsáveis por apontar o rumo a ser seguido e por guiar a interpretação e aplicação das normas jurídicas. Existem vários princípios básicos e, para o licenciamento ambiental, eles se baseiam nos princípios do direito ambiental. Para saber quais são alguns desses princípios, confira o Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO A criminalização de certas condutas para proteger o meio ambiente e, consequentemente, a qualidade de vida mostra-se perfeitamente justificável. As agressões ao meio ambiente provocadas pela poluição do ar, do solo e da água são tantas que somente com aplicação de sanções penais para tentar evitá-las. Dessa forma, existem várias legislações que tratam da preservação do meio ambiente e que são baseadas em princípios que garantem e igualidade para todos. Para entender sobre os princípios e a legislação referentes ao licenciamento ambiental, leia o capítulo Legislação ambiental pertinente, que faz parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Legislação ambiental pertinente Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os princípios constitucionais fundamentais em matéria ambiental. Apontar a natureza jurídica do licenciamento ambiental. Apresentar o novo Código Florestal. Introdução O licenciamento ambiental é uma excelente ferramenta para proteger o meio ambiente de impactos ambientais negativos, oriundos princi- palmente do desenvolvimento desenfreado do planeta. A sua função principal é orientar a atuação do legislador e dos poderes públicos na concretização e cristalização dos valores sociais relativos ao meio am- biente, harmonizar as normas do ordenamento ambiental, direcionar a sua interpretação e aplicação, e ressaltar a autonomia do Direito Ambiental. Baseado em legislações vigentes, o licenciamento ambiental é apli- cado a todos de modo igualitário, indiferentemente do poder aquisitivo, da magnitude da obra ou atividade, de ter conhecidos ou não no órgão ambiental, do beneficiamento ou não da sociedade — o meio ambiente é a principal preocupação do licenciamento ambiental. Portanto, é fun- damental que os profissionais estejam cientes de todas as legislações, pois cada estado ou município pode apresentar legislações específicas. Neste capítulo, você vai aprender sobre os distintos princípios que regem o licenciamento ambiental, a natureza jurídica do licenciamento ambiental e a importância do novo Código Florestal. Princípios constitucionais do licenciamento ambiental De acordo com o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE SUSTENTABILIDADE, 2017), os princípios jurídicos são essenciais ao Direito, uma vez que as leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções internacionais são criados com base em princípios jurídicos que representam o topo do Direito em si e da própria acepção de justiça. Todo o ordenamento jurídico brasileiro tem princípios como base — na área ambiental, com o licenciamento, não é diferente. Os princípios são regras jurídicas bases de um sistema, que apontam o rumo a ser seguido e guiam a interpretação e a aplicação das demais normas jurídicas. Machado (2012) ressalta que as normas constitucionais são dotadas, ou seja, são apoiadas em diferentes graus de eficácia e que a sua existência e aplicação obedecem a uma hierarquia no sistema constitucional (União/estados/municípios). A estrutura da Constituição Federal é baseada em princípios fundamentais, sendo que nenhuma norma poderá violar os alicerces desse edifício jurídico: os princí- pios maiores ditam as diretrizes para os menores, harmonizando todo o sistema jurídico-constitucional. Struchel (2016) descreve que os princípios ambientais apresentam a função principal de orientar a atuação do legislador e dos poderes públicos na concretização e cristalização dos valores sociais relativos ao meio ambiente, harmonizando as normas do ordenamento ambiental, direcionando a sua interpretação e aplicação, e ressaltando a autonomia do Direito Ambiental. Os princípios do Direito Ambiental, portanto, relacionam-se com os do li- cenciamento ambiental. A seguir, são apresentados os princípios do licenciamento ambiental, conforme Struchel (2016): Legislação ambiental pertinente42 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito funda- mental da pessoa humana — refere-se a intergerações, ou seja, parte-se da premissa de que o desenvolvimento é necessário, mas não a qualquer preço, sendo imprescindível a manutenção do meio ambiente para presentes e futuras gerações, o que se denomina desenvolvimento sustentável. Princípio da natureza — deve haver uma ordem pública ambiental, o que justifi ca certos limites impostos pelo Estado à propriedade, atividade ou empreendimento, como o de respeitar unidades de conservação (UCs), áreas de preservação permanente (APPs), etc. No momento em que a Constituição Federal elege o meio ambiente como bem pertencente a todos, extrai-se a sua natureza pública, principalmente porque o Estado tem o dever de proteger o ambiente para as presentes e futuras gerações. Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento — a consagração desse princípio ocorreu com a constituição do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), em que os processos de desenvolvimento, principalmente os que utilizam recursos naturais, devem apresentar os passivos ambientais negativos. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público — o órgão ambiental deverá assegurar o bem-estar da coletividade e a proteção dos bens ambientais para evitar a degradação da qualidade ambiental. De acordo com o art. 3º da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, entende-se por degradação ambiental atividades que, direta ou indiretamente: prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetam desfavoravelmente a biota; afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lançam materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981). 43Legislação ambiental pertinente Princípio da prevenção — consiste na atuação antecipada para evitar danos que, na maioria dos casos, são irreversíveis, mas previsíveis pelo atual estado da técnica. Esse princípio procura evitar que o dano ambiental ocorra por meio de mecanismos judiciais e extrajudiciais. Princípio da precaução — toda vez que houver incerteza científi ca sobre se determinado ato pode prejudicar os bens ambientais ou o ser humano, esse princípio deverá ser levado em conta. O objetivo é minimizar os riscos, protegendo o meio ambiente pela redução da extensão ou incerteza do dano. Princípio da proporcionalidade — encontra as suas bases nos direitos fun- damentais, indicando o equilíbrio entre o sacrifício imposto ao interesse de alguns (particular ou corporativo) e a vantagem geral obtida (coletiva), de modo a não tornar excessivamente onerosa a prestação. Princípio da informação — a informação propicia o controle e a parti- cipação da sociedade nos processos de licenciamento ambiental, seja por meio da Lei de Acesso à Informação, seja por meio de conselhos de meio ambiente, audiências públicas e tutelas jurídicas como direito de petição, ação popular e ação civil pública. Cabe ao Estado, por meio do órgão público, repassar todas as informações sobre o meio ambiente e formas de preservação. Princípio da educação ambiental — visando à preservação ambiental, as questões devem ser estudadas por crianças e adultos em todos os níveis de ensino, formal e informal, inclusive primando pela sua conscientização com o apoio e incentivo estatal. Princípio da participação comunitária — consiste na atuação popular na preservação ambiental, seja administrativa, seja judicialmente. Como o meio ambiente equilibrado é um direito de todos, deve ser preservado não apenas pelo Estado, mas por toda a sociedade. Legislação ambiental pertinente44 Além dos princípios já citados, podemos mencionar também estes: Princípio da prevenção — efeitos adversos conhecidos oriundos de atividades antrópicas devem ser prevenidos. Princípio da legalidade — basear-se integralmente na legislação vigente. Princípio da impessoalidade — neutralidade dos atos. Não se deve prejudicar ou privilegiar quem quer que seja. Princípio da moralidade — agir com probidade. Princípio da publicidade — transparência dos atos. Princípio da eficiência — manter ou ampliar a qualidade dos serviços. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade — a administração pública está proibida de atuar ou ir além do necessário para o alcance do interesse público. Princípio do devido processo legal — necessidade formal de submeter as atividades potencialmente poluidoras a um processo rígido composto, resultando, ou não, na emissão da Licença Ambiental. Princípio do contraditório e da ampla defesa — assegura-se o direito do requerente de pleitear reavaliação de uma decisão negativa. Princípio da onerosidade — recolhimento de recursos financeiros por meio das taxas de licenciamento ambiental. Princípio da tempestividade — cumprimento dos prazos legais. Princípio da celeridade — manter o processo de licenciamento rápido, eficiente e seguro. Princípio da formalidade — necessidade de documentação na constituição dos autos do processo. Natureza jurídica do licenciamento ambiental Apesar de tímidas, as primeiras leis de proteção ambiental apresentam al- gumas preocupações de âmbito de preservação dos recursos naturais, como a aplicação de penas fi scais e criminais em caso de destruição de fl orestas de preservação permanente, previstas no Código Florestal, e o controle da poluição no Código da Pesca. 45Legislação ambiental pertinente A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº. 6.938/1981) foi o marco inicial do licenciamento ambiental no País. Além de estabelecer os direcionamentos necessários para o desenvolvimento econômico sustentável, criou instrumentos para aplicar a medida como: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (BRASIL, 1981). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é fundamental em relação ao licenciamento ambiental. Entre as várias resoluções estabelecidas pelo CONAMA, destacam-se: a Resolução CONAMA 001, de 23 de janeiro de 1986, que dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental; a Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997, que regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na PNMA. Não há como mencionar todas as legislações ambientais atuais, pois estas variam principalmente de acordo com os estados e os municípios, que apre- sentam legislações específicas. A seguir estão as principais portarias federais que apresentam diretrizes para o licenciamento ambiental: Portaria nº. 13, de 12 de janeiro de 2010 — Diário Oficial da União (DOU) de 13/01/2010; Portaria nº. 14, de 12 de janeiro de 2010 — DOU de 13/01/2010; Portaria nº. 18, de 12 de janeiro de 2010 — DOU de 13/01/2010; Portaria nº. 371, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 01/10/2010; Legislação ambiental pertinente46 Portaria nº. 372, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 01/10/2010; Retificação da Portaria nº. 372, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 29/10/2012; Portaria nº. 480, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011; Portaria nº. 481, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011; Portaria nº. 482, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011. Sempre que for preciso realizar um licenciamento ambiental, os profissionais da área ambiental devem procurar o órgão competente, porque os estados e os municípios podem apresentar restrições maiores se comparadas às leis federais. Nesses casos, o órgão ambiental deve fornecer formulários e informar quais são os estudos ambientais necessários para obter a licença ambiental. Caso o órgão ambiental não tenha formulá- rios específicos, deverá indicar algum modelo em que os profissionais possam se basear. Uma das legislações mais importante em relação ao licenciamento am- biental é o Código Florestal (Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012), cujo art. 1º estabelece normas gerais sobre (BRASIL, 2012): a proteção da vegetação; Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de Reserva Legal; a exploração florestal; o suprimento de matéria-prima florestal; o controle da origem dos produtos florestais; o controle e a prevenção dos incêndios florestais. Prevê ainda instrumentos econômicos e financeiros para o alcance desses objetivos. Mas você sabe qual é a diferença entre APP e Reserva Legal? As APPs, conforme os arts. 2º e 3º do Código Florestal, são espaços territoriais especialmente protegidos, definidos como área coberta ou não por vegetação nativa. As APPs têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Mesmo em área urbana, a faixa de APP deve ser respeitada, não importando se se encontra 47Legislação ambiental pertinente em propriedade pública ou particular. Nos termosdo art. 4º do Código Florestal, a supressão de vegetação em APP somente pode ser autorizada em casos de utilidade pública ou interesse social, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento, ou em casos de supressão eventual e de baixo impacto ambiental. Já a Reserva Legal é definida como a “área localizada dentro de uma pro- priedade ou posse rural necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas”, conforme art. 3º do Código Florestal (BRASIL, 1998). Quando essas áreas não são respeitadas, conforme previsto nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, tem-se a ocorrência de um crime ambiental. Porém, essa lei não se aplica apenas às APPs e Reservas Legais. Qualquer impacto ambiental negativo, interferência na biodiversidade, comércio de fauna e flora silvestres, entre outros, são considerados crimes ambientais. As leis que tratam do meio ambiente no Brasil estão entre as mais completas e avançadas do mundo (PORTAL BRASIL, 2017). De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/1998), existem seis diferentes tipos de crimes ambientais: Crimes contra a fauna — agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória. Crimes contra a flora — destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção. Poluição e outros crimes ambientais — a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural — construção em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. Crimes contra a administração ambiental — afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental. Infrações administrativas —ações ou omissão que violem regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Novo Código Florestal A Lei de Proteção da Vegetação Nativa, popularmente conhecida como novo Código Florestal, é uma das legislações ambientais mais importantes no Brasil, implantada pela Lei nº. 12.651/2012. Antes de 2012, no entanto, o País já tinha um Legislação ambiental pertinente48 Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de novembro de 1965). No entanto, como havia sido elaborado nos anos 1960, precisou ser revisto e atualizado para os dias atuais. A Lei nº. 12.651/2012 é umas das provas da democracia existente nos últimos tempos. A discussão envolveu forças políticas no Congresso Nacional, mobilizou inúmeros setores organizados da sociedade e gerou um intenso debate em torno do uso dos recursos naturais dos diferentes biomas do País. Segundo Jaguszewski, Gotuzzo e Condorelli (2014), o novo Código Florestal brasileiro inova ao estabelecer regramento diferenciado para áreas de interesse ambiental onde ainda existam remanescentes de vegetação nativa e para áreas onde o exercício de atividades humanas tenha se iniciado no passado. Para isso, a lei apresenta: regras gerais, aplicadas para as áreas de interesse ecológico onde ainda existam remanescentes de vegetação nativa; regras transitórias, que buscam dar enquadramento para as situações de estabelecimento de atividades humanas iniciadas no passado. Porém, vários pesquisadores afirmam que, na verdade, o novo Código Florestal prejudicou principalmente as matas ciliares, definidas como forma- ção vegetal localizada nas margens dos córregos, lagos, represas e nascentes. Antes, a área definida como APP era contada a partir da vazão cheia do rio, o que mudou com o novo Código Florestal. As matas ciliares são legalmente protegidas, pois estão inseridas em APPs. Essas áreas, cobertas ou não com vegetação, possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade. Além de facilitar o fluxo gênico da fauna e da flora, protegem o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, de acordo com o Inciso II do art. 3º da Lei nº. 12.651/2012. 49Legislação ambiental pertinente As matas ciliares devem apresentar áreas mínimas de preservação que podem variar de acordo com a largura do rio, sendo: cursos de até 10 metros (incluindo nascentes) — APP mínima de 30 metros; cursos de 10 metros a 50 metros — APP mínima de 50 metros; cursos de 50 metros a 200 metros — APP mínima de 100 metros; cursos de 200 metros a 600 metros — APP mínima de 200 metros; cursos acima de 600 metros — APP mínima de 500 metros. Para facilitar o entendimento de como ocorre a delimitação de APP, confira a Figura 1. Figura 1. Delimitação de APP. Fonte: Áreas... [(200-?)]. Apesar de a metragem se manter (30 m para um rio com largura de até 10 metros), o cálculo é diferente. Agora conta-se a partir da borda do leito regular, ou seja, a contagem é feita a partir de um rio mais baixo. A mudança gera a diminuição de cerca de dois a cinco metros de APP, dependendo da região, conforme pode ser observado na Figura 2. Legislação ambiental pertinente50 Figura 2. Cálculo de APP de acordo com a Lei nº. 12.651/2012. Fonte: Soares (2012). Além disso, o novo Código Florestal define que, em Áreas Rurais Consolidas, ou seja, áreas ocupadas com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvi- pastoris, antes de 22 de julho de 2008, as faixas de APP caem (Figura 3) para: Figura 3. Recomposição de APP de rios, riachos e ribei- rões em Áreas Rurais Consolidadas. Fonte: Áreas... [(200-?)]. 51Legislação ambiental pertinente O módulo fiscal, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- pecuária (2012), é definido como unidade de medida, em hectares, cujo valor é fixado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para cada Município. Leva em conta: o tipo de exploração predominante no município (hortifrutigranjeira, cultura permanente, cultura temporária, pecuária ou florestal); a renda obtida no tipo de exploração predominante; outras explorações existentes no Município que, embora não predomi- nantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada e o conceito de “propriedade familiar”. A dimensão de um módulo fiscal varia de acordo com o município onde está localizada a propriedade. O valor do módulo fiscal no Brasil varia de 5 a 110 hectares. 1. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao novo Código Florestal (Lei nº. 12.651/2012)? a) Define que todas as propriedades rurais que se encontram no País devem possuir 25% de vegetação nativa. Esse espaço recebe o nome de Reserva Legal. b) Todas as propriedades rurais devem respeitar as distâncias mínimas de mata ciliar/galeria, de acordo com a largura do recurso hídrico, variando de 30 até 500 metros. c) Todos os lagos e lagoas naturais devem apresentar, no mínimo, 15 metros de APP com uma vegetação nativa do local. d) Pelo novo Código Florestal, a APP às margens de um rio começa a contar a partir do nível mais alto. e) São considerados a APP, além dos recursos hídricos, as áreas com inclinações acima de 45°, os topos de morro, as bordas de tabuleiros e os campos de altitude. 2. Com relação aos princípios constitucionais do licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. a) O princípio da proporcionalidade objetiva minimizar os riscos, protegendo o meio ambiente e reduzindo a extensão ou incerteza do dano. b) Os conselhos do meio ambiente têm extrema importância, pois fornecem informações a respeito das questões relacionadas ao meio ambiente para a população. Dessa forma, o conselho busca o princípio da informação. Legislação ambiental pertinente52 c) O princípio da legalidadeobjetiva privilegiar atividades/ empreendimentos que busquem aumentar a economia do País. d) O princípio da celeridade ressalta que o licenciamento ambiental deverá ser rápido, para evitar prejuízos ao empreendimento ou atividade que se busca exercer. e) O princípio da publicidade ressalta que o Poder Público deverá estar ciente de todos as atividades que possam envolver prejuízos ambientais. 3. A PNMA (Lei nº. 6.938/1981) foi o marco inicial do licenciamento ambiental no País, tendo criado alguns instrumentos visando ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo desses instrumentos, podemos citar o zoneamento ambiental, o qual é definido como: a) um instrumento de organização territorial e planejamento eficiente do uso do solo e da gestão ambiental, compreendendo o estabelecimento de zonas diferenciadas de uso e ocupação do solo. b) espaços naturais protegidos principalmente em função da capacidade estabilizadora do solo propiciada pelas matas ciliares e outras vegetações. c) área de imóvel rural com ocupação antrópica (resultante da ação humana) preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, nesse último caso, a adoção do regime de pousio (descanso dado a uma terra cultivada por um ou mais anos). d) áreas do imóvel rural que deve ser coberta por vegetação natural e que pode ser explorada com o manejo florestal sustentável. e) parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 habitantes por hectare e malha viária implantada. 4. Das alternativas a seguir, qual está correta em relação à Lei de Crimes Ambientais? a) É considerado crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural construir em áreas de preservação ambiental sem autorização do órgão ambiental competente. b) É considerado crime contra a flora somente quando houver fabricação, venda ou lançamento de balões em florestas. c) É considerado crime contra a fauna qualquer tipo de criação de animais em cativeiro. d) É considerado crime contra a flora destruir ou danificar a vegetação primária, ou seja, vegetação caracterizada como de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos. e) A Lei de Crimes Ambientais é regida pela Lei nº. 6.938/1981. 5. Estima-se que o território nacional tenha cerca de 5,2 milhões de proprietários de imóveis rurais no Brasil. Porém, sabemos pouco a respeito dessas propriedades. Para resolver o problema, a Lei nº. 12.651/2012 criou o cadastro ambiental rural (CAR). Em relação a esse cadastro, assinale a alternativa correta. a) É um registro eletrônico, 53Legislação ambiental pertinente obrigatório para todos os imóveis rurais. b) O CAR deverá contemplar uma planta georreferenciada, contendo principalmente as Áreas Rurais Consolidadas. c) Propriedades rurais sob posse de pessoa jurídica não são obrigadas a realizar o CAR. d) O CAR não apresenta ligação com o licenciamento ambiental. e) O CAR deverá ser feito exclusivamente por profissionais da área ambiental. ÁREAS de Preservação Permanente. [200-?]. Disponível em: <http://www.ciflorestas. com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-recursos- -hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9605.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Código florestal. Disponível em: 2012. Disponível em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/area-de-reserva- -legal-arl/modulo-fiscal>. Acesso em: 22 nov. 2017. Legislação ambiental pertinente54 INSTITUTO BRASILEIRO DE SUSTENTABILIDADE. Principais leis ambientais brasileiras. 2017. Disponível em: <https://www.inbs.com.br/principais-leis-ambientais-brasileiras/>. Acesso em: 24 nov. 2017. JAGUSZEWSKI, E. D.; GOTUZZO, C. C.; CONDORELLI, E. M. F. Cadastro ambiental rural: manual do treinamento. 4. ed. Porto Alegre: SENAR/AR-RS, 2014. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. PORTAL BRASIL. Legislação ambiental no Brasil é uma das mais completas do mundo. 2010. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/10/legislacao>. Acesso em: 22 nov. 2017. SOARES, N. Professores afirmam que Novo Código Florestal ameaça biomas. 2012. Dis- ponível em: <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2012/04/professores- -afirmam-que-novo-codigo-florestal-ameaca-biomas/>. Acesso em: 22 nov. 2017. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. 55Legislação ambiental pertinente Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A Lei n.o 12.651, de 25 de maio de 2012, visa a garantir a preservação ou conservação ambiental mínima necessária e possibilitar a continuidade das atividades agrossilvipastoris atualmente desenvolvidas. Dessa forma, reconhece-se a importância do setor rural, porém é necessário um ambiente ecologicamente equilibrado e adequado à realidade do país. Como inovação, surge o cadastro ambiental rural (CAR), uma base de dados estratégica para controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil. Para saber mais a respeito do CAR, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao Novo Código Florestal (Lei n.o 12.651, de 25 de maio de 201? A) Define que todas as propriedades rurais que se encontram no país devem ter 25% de vegetação nativa. Esse espaço recebe o nome de reserva legal. B) Define que todas as propriedades rurais devem respeitar as distâncias mínimas de mata ciliar/galeria, de acordo com a largura do recurso hídrico, variando de 30 metros até 500 metros. C)Define que todos os lagos e lagoas naturais devem apresentar, no mínimo, 15 metros de área de preservação permanente (APP) com uma vegetação nativa do local. D) Define que a área de preservação permanente às margens de um rio começa a contar a partir do nível mais alto. Considera como área de preservação permanente (APP), além dos recursos hídricos, as áreas com inclinações acima de 45°, os topos de morro, as bordas de tabuleiros e os E) campos de altitude. 2) Em relação aos princípios constitucionais do licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. A) O princípio da proporcionalidade objetiva minimizar os riscos, protegendo o meio ambiente e reduzindo a extensão ou incerteza do dano. B) Os conselhos do meio ambiente têm extrema importância, pois fornecem informações a respeito de questões relacionadas ao meio ambiente para a população. Dessa forma, o conselho busca o princípio da informação. C) O princípio da legalidade objetiva privilegiar atividades/empreendimentos que busquem aumentar a economia do país. D) O princípio da celeridade ressalta que o licenciamento ambiental deverá ser rápido para evitar prejuízos ao empreendimento ou à atividade que se busca exercer. E) O princípio da publicidade ressalta que o poder público deverá estar ciente de todos as atividades que possam envolver prejuízos ambientais. 3) A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n.o 6.938/198 foi o marco inicial do licenciamento ambiental no país, criando alguns instrumentos que visam ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo desses instrumentos, pode-se citar o zoneamento ambiental, que é definido como: A) Instrumento de organização territorial e planejamento eficiente do uso do solo e da gestão ambiental, compreendendo o estabelecimento de zonas diferenciadas de uso e ocupação do solo. Espaços naturais protegidos principalmente em função da capacidade estabilizadora do B) solo propiciada pelas matas ciliares e outras vegetações. C) Área de imóvel rural com ocupação antrópica (resultante da ação humana) preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, nesse último caso, a adoção do regime de pousio (descanso dado a uma terra cultivada por 1 ou mais anos). D) Áreas do imóvel rural que devem ser cobertas por vegetação natural e que podem ser exploradas com manejo florestal sustentável. E) Parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 habitantes por hectare e malha viária implantada. 4) Das alternativas a seguir, qual está correta em relação à Lei de Crimes Ambientais? A) É considerado crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural construir em áreas de preservação ambiental sem autorização do órgão ambiental competente. B) É considerado crime contra a flora somente quando houver fabricação, venda ou lançamento de balões em florestas. C) É considerado crime contra a fauna qualquer tipo de criação de animais em cativeiro. D) É considerado crime contra a flora destruir ou danificar a vegetação primária, ou seja, a vegetação caracterizada como de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos. E) É regida pela Lei n.o 6.938/1981. Estima-se que o território nacional tenha cerca de 5,2 milhões de proprietários de imóveis rurais no Brasil. Porém, pouca coisa se sabe a respeito dessas propriedades. 5) Para buscar resolver o problema, a Lei n.o 12.651/12 criou o cadastro ambiental rural. Em relação a esse cadastro, assinale a alternativa correta. A) É um registro eletrônico e obrigatório para todos os imóveis rurais. B) Deve contemplar uma planta georreferenciada contendo, principalmente, as áreas rurais consolidadas. C) Não é obrigatório que as propriedades rurais sob posse de pessoa jurídica realizem o CAR. D) Não apresenta ligação com o licenciamento ambiental. E) Dever ser feito exclusivamente por profissionais da área ambiental. NA PRÁTICA As leis que tratam do meio ambiente no Brasil estão entre as mais completas e avançadas do mundo. Sendo assim, conhecer as legislações é fundamental não só visando à proteção do meio ambiente, mas também para agir com ética e responsabilidade. Caso você fosse responsável pelo setor de meio ambiente do seu município, que atitudes julga serem mais corretas? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Confira, no vídeo a seguir, a importância de realizar o cadastro ambiental rural. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Uma pesquisa teve por objetivo quantificar a reserva legal de propriedades rurais localizadas no extremo sul de Porto Alegre e caracterizá-la em termos de cobertura de vegetação nativa de acordo com as disposições previstas no Novo Código Florestal de 2012. Para saber os resultados e as discussões obtidos pelos autores dessa pesquisa, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia, no artigo a seguir, uma revisão bibliográfica para compreender a evolução do Código Florestal Brasileiro, as situações que culminaram nas alterações aprovadas em 2012 e as bases científicas que pautam ou deveriam pautar suas diretrizes sobre a conservação das florestas, bem como para entender as possíveis consequências da nova lei. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Autorizações ambientais APRESENTAÇÃO A Resolução CONAMA nº. 237/97 regulamenta um rol abrangente de atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. Porém, os entes federativos, dentro dos parâmetros estabelecidos na Lei Complementar nº. 140/11, arts. 7º, 8º e 9º, podem incluir tipologias no interesse de proteção do meio ambiente e qualidade de vida em níveis federal, estadual ou municipal. Estão sujeitos ao licenciamento ambiental a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de empreendimentos e atividades que utilizem recursos ambientais, que sejam considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como aqueles capazes de causar degradação ambiental. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a diferença entre licenciamento, autorização e declaração ambiental. Em relação ao licenciamento, é importante que você esteja atento às atividades passíveis de licenciamento e, principalmente, ao prazo de validade para os diferentes tipos de licenças. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar licença ambiental, autorização e declaração ambiental.• Avaliar as atividades sujeitas ao licenciamento ambiental.• Identificar os prazos vinculados a cada licença ambiental.• DESAFIO As autorizações são concedidas para estabelecer as condições de realização ou operação de empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário ou para executar obras que não caracterizem instalações permanentes. Nesse caso, visando auxiliar seu cliente, responda às perguntas a seguir: a) O que seu cliente deverá providenciar visando ao transporte e à comercialização dessas madeiras? b) Quais os principais objetivos dessa nova autorização? c) Caso não haja tempo suficiente para cortar a vegetação e a autorização municipal venha a perder a validade, poderá ser requerida uma renovação dela? Justifique sua resposta. INFOGRÁFICO O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, a instalação, a ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Essa definição está na Resolução nº. 237/97, e prevêa concessão de Licenças Ambientais ou de Autorizações Ambientais. Ambas são atos administrativos que apresentam as condições, as restrições e as medidas de controle ambiental para uma determinada atividade. Por outro lado, são distintas. Veja, neste Infográfico, a diferença entre autorização, declaração e licença ambiental. CONTEÚDO DO LIVRO Toda atividade que ocasiona impactos ambientais está sujeita ao licenciamento ambiental. Essa descrição é ampla, pois impacto ambiental é definido como sendo as alterações no ambiente causadas pelo desenvolvimento das atividades humanas no espaço geográfico. Nesse sentido, eles podem ser positivos, quando resultam em melhorias para o ambiente, ou negativos, quando causam algum risco para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. No Capítulo Autorizações ambientais, parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você compreenderá mais a respeito das atividades que necessitam de licenciamento ambiental, bem como os prazos de validade e a diferença entre licenciamento e autorizações. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Autorizações ambientais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar licença ambiental, autorização e declaração ambiental. Apresentar as atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. Identifi car os prazos vinculados a cada licença ambiental. Introdução A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 237, de 19 de dezembro de 1997, regulamenta uma série de atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. Porém, os entes federativos, dentro dos parâmetros estabelecidos na Lei Complementar (LC) nº. 140, de 8 de dezembro de 2011, arts. 7º, 8º e 9º, podem incluir tipologias no interesse de proteção do meio ambiente e qualidade de vida em níveis federal, estadual ou municipal. Estão sujeitos ao licenciamento ambiental a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Neste capítulo, você vai aprender a diferença entre licenciamento, autorização e declaração ambiental. É importante que os profissionais estejam sempre atentos às atividades passíveis de licenciamento e, prin- cipalmente, ao prazo de validade para cada tipo de licença. Diferenças entre licença, autorização e declaração ambiental Qualquer atividade ou empreendimento que pode causar danos ao meio ambiente deve apresentar licenciamento ambiental. Por isso é necessário diferenciar licenciamento ambiental de licença ambiental. Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo que licencia uma atividade utilizadora de recursos naturais, efetiva ou potencialmente perigosa ao meio ambiente. Já a licença ambiental é um ato administrativo que apresenta as condições, restrições e medidas de controle ambiental. É permanente, desde que o empreendimento ou atividade respeite as condicionantes contidas na licença ambiental. Vale ressaltar que esse ato apresenta data de validade. As licenças ambientais mais utilizadas são: Licença prévia (LP) — conferida na fase inicial, atesta a viabilidade am- biental do empreendimento ou atividade. Estabelece requisitos básicos que devem ser atendidos nas fases de instalação e operação, observando os planos municipais, estaduais ou federais ambientais e de uso do solo, neles incluídas as diretrizes do Plano Diretor. Licença de instalação (LI) — expressa o consentimento para o início da implementação do empreendimento ou atividade, de acordo com as especi- fi cações do Projeto Executivo aprovado, conforme conteúdo do inciso II do art. 8º da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997). Licença de operação (LO) — possibilita o início da ocupação dos empreendi- mentos ou início das atividades após a verifi cação do efetivo cumprimento das licenças anteriores, nos moldes do inciso III do art. 8ª da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997). Já as autorizações são definidas como ato administrativo concedido pelo órgão ambiental competente, de natureza precária, que autoriza a execução específica de um empreendimento ou atividade utilizadora de recursos am- bientais, não sendo classificada como licença ambiental. Ou seja, a autorização será concedida para estabelecer as condições de realização ou operação de empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário ou para execução de obras que não caracterizem instalações permanentes. Caso o empreendimento, atividade, pesquisa, serviço ou obra de caráter temporário passe a configurar situação permanente, será exigida a licença ambiental correspon- dente, em substituição. O prazo de validade da licença pode variar conforme o órgão ambiental que está realizando o licenciamento. Autorizações ambientais2 Existem diferentes tipos de autorizações e cada uma possui modalidades específicas. Veja a seguir. Autorização para Exploração Florestal: ■ Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) — conjunto de ativida- des e intervenções planejadas, adaptadas às condições das florestas e aos objetivos sociais e econômicos do seu aproveitamento, visando à produção racional de produtos e subprodutos florestais, possibilitando o seu uso em regime de rendimento sustentável. ■ Plano de Manejo Agroflorestal Sustentável (PMAS) — uso racional do solo para a elevação da produção total, combinando culturas agrícolas e frutíferas com essências florestais, em forma simultâ- nea ou consecutiva, e que aplique práticas de manejo em regime de rendimento sustentável, compatíveis com as formas cultural e socioeconômica de vida da população local. ■ Plano de Manejo Silvipastoril Sustentável (PMSS) — uso racional do solo para elevar a produção total, combinando técnicas pastoris e florestais, de forma simultânea ou sequencial, de maneira que alcance a elevação da produtividade em regime de rendimento sustentável. ■ Planos de Manejo Integrados Agrossilvipastoril Sustentável (PMIAS) — conjunto de sistemas e práticas de uso do solo que envolve a interação socioeconômica e conservacionista aceitável de árvores e arbustos com culturas agrícolas, pastagens e animais, de forma sequencial ou simultânea, de maneira que alcance a maior produti- vidade total em regime sustentável. Autorização para Uso Alternativo do Solo: qualquer alteração ou supressão na cobertura vegetal nativa, visando à implantação de empreendimentos públicos e privados, atividades de mineração, atividades agropecuárias e silviculturais. Autorização para o Uso do Fogo Controlado: documento que autoriza o uso do fogo controlado como prática cultural e manejo em atividades agrícolas e silviculturais. Autorização para o Transporte de Produtos Florestais: também conhecida como Documento de Origem Florestal (DOF), que constitui o transporte e armazenamento de produtos fl orestais de origem nativa, inclusive o carvão 3Autorizações ambientais vegetal nativo, contendo as informações sobre a procedência desses produ- tos, nos termos do art. 36 da Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012 (Código Florestal) (BRASIL, 2012). Conforme a Portaria IBAMA nº. 44, de 6 de abril de 1993, são considerados produtos florestais: madeira em toras; toretes; postes não imunizados; escoramentos; palanques roliços; dormentes nas fases de extração e fornecimento; mourões ou moirões; achas e lascas; pranchões desdobrados com motosserra; lenha; palmito; xaxim; óleos essenciais; bloco ou filé, tora em formato poligonal, obtida a partir da retirada de costaneiras (BRASIL, 1993). Autorização para o Transporte de Produtos Perigosos: é um documento emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (IBAMA), obrigatório desde 10 de junho 2012, para o exercício da atividade de transporte marítimo e de transporte interestadual (terrestre e fl uvial) de produtos perigosos. A Autorização Ambiental para Transporte de Produtos Perigosos é obrigatória às empresas que exercem a atividade nos modais rodoviário (veículos), ferroviário (trens) e aquaviário (embarca- ções), em mais de uma unidade da Federação. A mesma autorização vale para transportadores de produtos perigosos no modal marítimo (embarcações), conforme a Instrução Normativa IBAMA nº. 05, de 9 de maio de 2012, e as suas atualizações. A Figura 1 ilustra acidentes que podem resultar em graves prejuízos ambientais. Autorizações ambientais4 Figura 1. Acidentes com o transporte de produtos perigosos podem resultar em graves passivos ambientais. Fonte: Shutterstock.com. O órgão ambiental competente pode fornecer uma declaração chamada de ato adminis- trativo, em que é relatada a situação de um determinado empreendimento ou atividade. Para exemplificar, podemos supor que um empreendimento licenciamento pelo órgão ambiental estadual tenha despejado efluente líquido industrial em um rio, ocasionando a morte de peixes. Nesse caso, o órgão ambiental municipal deve emitir uma declaração ao órgão estadual para relatar o acontecimento. Isso deve acontecer porque o órgão ambiental municipal não é responsável pelo empreendimento, pois não possui atribuição legal para atuar na causa. As declarações também podem ser geradas pelo próprio empreendimento ou atividade. Um exemplo é a Declaração Ambiental do Produto (EPD), que visa informar os clientes de uma empresa sobre os impactos que o seu produto ou serviço gera sobre o meio ambiente. O documento serve como prova do 5Autorizações ambientais compromisso da empresa com a proteção do meio ambiente. A declaração acaba sendo também uma ferramenta de marketing eficaz, que define o perfil ambiental completo do produto ou do serviço fornecido. Atividades sujeitas ao licenciamento ambiental Não é todo empreendimento que precisa de licenças ambientais. De acordo com a Lei n°. 6.938, de 31 de agosto de 1981, são passíveis de licenciamento as atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental (BRASIL, 1981). Por se tratar de uma defi nição extremamente ampla, mais tarde a Resolução CONAMA nº. 237/1997, em seu Anexo I, defi niu uma série de atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. O Quadro 1 apresenta uma lista baseada nesse documento. Área/ empreendimento Atividades passíveis de licenciamento Extração e tratamento de minerais Pesquisa mineral com guia de utilização; lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem beneficiamento; lavra garimpeira; perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural. Indústria de produtos minerais não metálicos Beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração; fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos, como produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros. Indústria metalúrgica Fabricação de aço e de produtos siderúrgicos; produção de fundidos de ferro e aço, arames, relaminados com ou sem tratamento de superfícies, inclusive galvanoplastia; relaminação de metais não ferrosos, inclusive ligas; produção de soldas e anodos; metalúrgica de metais preciosos; fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfícies. Quadro 1. Principais atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. (Continua) Autorizações ambientais6 (Continuação) (Continua) Área/ empreendimento Atividades passíveis de licenciamento Indústria mecânica Fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico e de superfícies. Indústria de material elétrico, eletrônico e de comunicações Fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores; fabricação de material elétrico, eletrônico e de equipamentos para telecomunicações e informática. Indústria de material de transporte Fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios, fabricação e montagem de aeronaves, fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes. Indústria de madeira Serraria e desdobramento de madeira; preservação de madeira; fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada; fabricação de estruturas de madeira e de móveis. Indústria de papel e celulose Fabricação de celulose e pasta mecânica; fabricação de papel e papelão; fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada. Indústria de fumo Fabricação de cigarros, charutos, cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo. Indústria de borracha Beneficiamento de borracha natural; fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos; fabricação de laminados e fios de borracha; fabricação de espuma e de artefatos de espuma de borracha, inclusive látex. Indústria de couros e peles Secagem e salga de couros e peles, curtimento e fabricação de couros e peles, fabricação de cola animal. Indústria química Produção de substância e fabricação de produtos químicos, como: cosméticos, óleos e gorduras, resinas e fibras, explosivos, solventes, produtos de limpeza, fertilizantes, entre outros. Indústria de produtos de matéria plástica Fabricação de laminados plásticos e de artefatos de material plástico. Quadro 1. Principais atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. 7Autorizações ambientais (Continuação) (Continua) Área/ empreendimento Atividades passíveis de licenciamento Indústria têxtil, de vestuário e artefatos de tecidos Beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos; fabricação e acabamento de fios e tecidos; tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos, fabricação de calçados e componentes para calçados. Indústria de produtos alimentares e bebidas Beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares; matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal; fabricação de conservas; preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados; preparação e beneficiamento de leite e derivados; refino e preparação de óleo e gorduras vegetais; fabricação de bebidas alcóolicas e não alcóolicas; entre outros. Turismo Complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos. Indústrias diversas Usinas de produção de concreto, asfalto e galvanoplastia. Obras civis Rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos; barragens e diques; canais para drenagem; retificação de curso de água; transposição de bacias hidrográficas, entre outras. Serviços de utilidade Produção de energia termoelétrica; transmissão de energia elétrica; estações de tratamento de água; tratamento e destinação de resíduos industriais líquidos e sólidos; dragagens e derrocamentos em corpos d’água; recuperação de áreas contaminadas ou degradas, entre outros. Atividades diversas Parcelamento do solo; distrito e polo industrial. Transporte, terminais e depósitos Transporte de cargas perigosas; transporte por dutos, marinas, portos e aeroportos; terminais de minério, petróleo e derivados de produtos químicos; depósitos de produtos químicos e produtos perigosos. Quadro 1. Principais atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. Autorizações ambientais8 A Resolução CONAMA n°. 237/1997 é exemplificativa e não pretende esgotar todas as possibilidades, pois seria impossível, mas funciona como um norteador para os empreendedores, órgãos ambientaise os próprios profissionais da área (BRASIL, 1997). Validade das licenças ambientais Após a obtenção do licenciamento ambiental, devemos fi car atentos ao prazo de validade, que é estabelecido pelo órgão ambiental competente para cada licença, conforme a Resolução CONAMA nº. 237/1997, art. 18 (BRASIL, 1997). Fonte: Adaptado de Brasil (1997). Área/ empreendimento Atividades passíveis de licenciamento Atividades agropecuárias Projeto agrícola; criação de animais; projetos de assentamentos e de colonização. Uso de recursos naturais Silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais; atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre; utilização do patrimônio genético natural; manejo de recursos aquáticos vivos; introdução de espécies exóticas e geneticamente modificadas, uso da diversidade biológica pela biotecnologia. Quadro 1. Principais atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. (Continuação) 9Autorizações ambientais O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, ob- servadas a natureza, as características e as peculiaridades da atividade ou do empreendimento e, ainda, a compatibilidade do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação (Resolução CONAMA nº. 237/1997, art. 9º) (BRASIL, 1997). É fundamental ressaltar que apenas as LPs obtidas pelo instrumento de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), LIs e LOs poderão ser renovadas. Para as demais modalidades, é necessário reiniciar os procedimentos administrativos. LP antecedida de EIA/RIMA: poderá ser renovada uma vez, desde que não tenham ocorrido mudanças ambientais que indiquem a necessidade de novo EIA, a critério do órgão licenciador. LI: poderá ser regularmente renovada dentro da necessidade de execução de obras contempladas pela primeira licença de instalação emitida. LO: poderá ser regularmente renovada durante o período de uso do empreendimento. Licenças ambientais têm prazo de vigência parcialmente defi nido por Lei Federal. No entanto, cada órgão licenciador competente, tanto municipal quanto estadual, poderá estabelecer os prazos de validade para cada li- cença (LP, LI e LO), levando em consideração o estabelecido nos planos e projetos entregues e também o exposto na Resolução Nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Para saber quais são os prazos máximos, veja o Quadro 2, que apresenta um resumo da validade das licenças ambientais. Autorizações ambientais10 Fonte: Adaptado de Struchel (2016). LP LI LO Requisitos mínimos para o estabelecimento do prazo de validade: Conforme estabelecido no cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade. Conforme estabelecido no cronograma de instalação do empreendimento ou atividade. Conforme estabelecido nos planos de controle ambiental. Duração do prazo de validade: Não pode ser superior a cinco anos. Não pode ser superior a seis anos. Não pode ser inferior a quatro e superior a dez anos. Quadro 2. Prazos de licenças ambientais. Dependendo do município ou estado brasileiro de requerimento da licença ambiental, o nome da licença ou sua sigla pode variar, ou mesmo podem ser estabelecidas licenças diferenciadas, como no município de Aracruz (ES), onde são conceituadas pela Lei Municipal nº 2.436, de dezembro de 2001, a Licença Ambiental de Regularização (LAR), a Licença Ambiental Única (LU) e a Licença Ambiental Simplificada (LS), tendo também prazos especificados por essa mesma Lei. Renovação das licenças ambientais Outra característica importante da licença é sua estabilidade temporal, uma vez que não é defi nitiva, podendo ser renovada periodicamente (BRASIL, 1981; BRASIL, 1997; BRASIL, 2011). Struchel (2016) comenta que a renovação da licença ambiental deverá ser solicitada conforme defi nido na legislação e impresso na própria licença e o empreendedor requerer a sua renovação. 11Autorizações ambientais A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 dias da expiração do prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente (art. 14) (BRASIL, 2011). Além disso, o órgão ambiental competente poderá revisar a qualquer mo- mento as licenças ambientais. A revisão poderá ser feita em três hipóteses, conforme art. 19 da Resolução CONAMA nº. 237/1997: violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiarem a expedição da licença; superveniência de graves riscos ambientais e de saúde (BRASIL, 1997). É muito importante ficar atento à validade e às condicionantes contidas na licença ambiental. Com a validade expirada, além de o estabelecimento estar sujeito a sanções, terá que reiniciar todo o processo de licenciamento ambiental. Ou seja, no lugar de apenas renovar a LO, deverá encaminhar ao órgão ambiental um novo projeto, visando a uma licença de operação-regularização. Além das taxas mais elevadas, poderá haver também a exigência de maiores estudos de impactos ambientais. Autorizações ambientais12 BRASIL. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. 2012. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. 13Autorizações ambientais BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. 2011. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Portaria nº. 44-n, de 06 de abril de 1993. Dispõe sobre a autorização para transporte de produto de florestal - ATPF e dá outras providências. 1993. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/estruturas/pnf/_arquivos/portaria_ibama_44n_93.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Leituras recomendadas BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução normativa nº. 5, de 9 de maio de 2012. 2012. Disponível em: <http://www.ibama. gov.br/phocadownload/produtosperigosos/in_05_2012.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil.Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. DICA DO PROFESSOR Comumente escutamos nos noticiários sobre acidentes envolvendo cargas perigosas, colocando em risco a qualidade do meio ambiente. Dessa forma, as empresas precisam providenciar a autorização de transporte de produtos perigosos. Essa autorização, que é totalmente gratuita, é obrigatória às empresas transportadoras que exercerem a atividade de transporte de produtos perigosos nos modais rodoviário (veículos), ferroviário (trens) e aquaviário (embarcações) em mais de uma unidade da federação. Nesta Dica do Professor, você saberá mais a respeito da autorização de transporte de produtos perigosos. Assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Resolução CONAMA nº 237/97 definiu atividades/empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental. Dentre as alternativas a seguir, qual atividade estaria ISENTA de licenciamento? A) Beneficiamento de borracha natural. B) Construção de uma rodovia. C) Parcelamento do solo. D) Agência de turismo. E) Exploração econômica de madeira. As licenças/autorizações ambientais apresentam datas de validade, sendo que o 2) proprietário deverá ficar atento quanto aos prazos de vencimento, podendo inclusive sofrer sanções. Em relação à validade das licenças/autorizações ambientais, assinale a alternativa correta. A) A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 dias de expiração de seu prazo de validade. B) Após emitida a licença ambiental, o órgão ambiental não poderá mais revisar o licenciamento ambiental da atividade. C) As autorizações ambientais têm data de validade de no máximo dois anos. D) Em relação às licenças de operação-regularização, estas têm validade de no máximo dois anos. E) A licença prévia não pode apresentar validade superior a quatro anos. 3) É fundamental conhecer a diferença entre licença, autorização e declaração. Qual das alternativas a seguir está correta? A) A declaração municipal não tem fins legais. B) A autorização é um documento permanente, enquanto a licença ambiental tem data de validade. C) A autorização é concedida apenas para atividades que visam à exploração florestal. D) A licença ambiental é definida como um ato administrativo pelo qual o órgão judiciário competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. E) A licença ambiental é exigida quando o empreendimento ou a atividade passa a configurar situação permanente. 4) É essencial que os profissionais estejam atentos não somente aos diferentes tipos de licenciamento, mas também às diferentes autorizações que os órgãos ambientais podem solicitar. Como exemplo, pode-se citar o documento de origem florestal (DOF). Qual a alternativa correta em relação a essa autorização? A) A única forma de requisitar o DOF é procurar a sede do Ibama mais próxima. B) É obrigatório apenas quando houver comercialização de produtos florestais entre Estados. C) Consiste em uma autorização fornecida pelo Ibama para comercialização e transporte de produtos florestais. D) O DOF é exigido para pessoas físicas. E) O DOF é exigido apenas para produtos florestais brutos, como madeira em tora, lenha, palmito, xaxim, entre outros. 5) Outra autorização fundamental emitida pelo órgão ambiental é a autorização para o transporte de produtos perigosos. Assinale a alternativa correta a respeito dessa autorização. A) Apenas os produtos que possam causar danos ambientais devem ter a autorização para o transporte de produtos perigosos. B) Para cada novo transporte, deve-se requer uma nova autorização para o transporte de produtos perigosos. Tanto a matriz como as filiais devem requer a autorização para o transporte de produtos C) perigosos. D) Esta autorização é obrigatória para atividade de transporte de produtos perigosos no modal rodoviário (veículos). E) As pequenas empresas, normalmente, deixam de fazer a autorização de transporte de produtos perigosos em razão dos altos custos envolvidos. NA PRÁTICA Mesmo que as atividades ou os empreendimentos tenham o devido licenciamento ambiental, este não é o único documento necessário, dependendo do tipo de atividade desenvolvida. Dessa forma, é fundamental que os profissionais estejam atentos às autorizações que os órgãos ambientais podem exigir. Caso elas não tenham sido providenciadas, poderão haver complicações, colocando, inclusive, o andamento das atividades ou o próprio estabelecimento em risco. Confir Na prática, uma situação em que a falta de um documento gerou complicações. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A autorização de produtos perigosos consiste em um documento emitido pelo Ibama e que obrigatório desde 10 de junho 2012 para o exercício da atividade de transporte marítimo e de transporte interestadual (terrestre e fluvial) de produtos perigosos. Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre essa autorização. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O entendimento pleno do licenciamento ambiental e de sua aplicabilidade por gestores públicos, empreendedores e sociedade é imprescindível para a proteção dos recursos ambientais existentes. Leia o artigo a seguir e saiba mais a respeito desse assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia no artigo a seguir uma análise crítica dos procedimentos de avaliação ambiental nos projetos da Iirsa, em especial daqueles que envolvam o território brasileiro. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Crimes ambientais APRESENTAÇÃO Em relação ao licenciamento ambiental, é imprescindível conhecer os conceitos e legislações que envolvem os crimes ambientais, sendo estes definidos como todas as agressões ao meio ambiente e seus componentes. Normalmente, logo nos vem à mente os danos à fauna e à flora, porém existem diferentes modalidades de crimes ambientais. É considerado crime ambiental inclusive a ação de atividades que não provocam impactos ambientais negativos. É fundamental, em relação aos projetos ambientais, o diagnóstico dos impactos ambientais de forma correta, sendo analisados todos os impactos que possam ocorrer no ambiente, na sociedade e até mesmo na economia de uma região (dependendo da atividade/empreendimento). Caso contrário, se esses impactos forem omitidos, será cometido um crime ambiental. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender sobre conceitos relacionados a crimes ambientais, seus diferentes tipos e quais são as sanções penais aplicadas quando identificado um crime ambiental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o significado de crimes ambientais e legislações vigentes.• Descrever os diferentes tipos de crimes ambientais.• Discernir sobre as sanções penais para atividades lesivas ao meio ambiente.• DESAFIO Crime ambiental é ocasionado para toda e qualquer ação que causar poluição, de qualquer natureza, que resulte ou possa resultar em danos à saúde ou em impactos ambientais, que provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Seu desafio, como futuro profissional da área ambiental, consiste em redigir um pequeno texto informando se ocorreu ou não um crime ambiental, bem como justificar sua resposta. Em caso afirmativo, quais tipos de crimes ambientais poderiam enquadrar-se nesse cenário e qual medida deve ser adotada visando a recuperação da área? INFOGRÁFICO O meio ambiente é protegido pela Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Considera-se como crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente. Qualquer cidadão pode realizar umadenúncia ambiental, que pode ser feita no próprio órgão ambiental municipal, estadual ou mesmo federal. O Ibama fornece uma linha para denúncia, conhecida como linha verde. Através deste canal, a denúncia é investigada e em caso de confirmação, é encaminhada ao Ministério Público para que as providências administrativas e criminais cabíveis sejam tomadas. As penas são aplicadas conforme a gravidade da infração prevista pela Lei de Crimes Ambientais, e, quanto mais reprovável for a conduta, mais severa será a punição. Mas você sabe quais são exatamente os tipos de crimes ambientais? Confira no Infográfico a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Como exemplos mais comuns de crimes ambientais, podemos citar os crimes contra a fauna e a flora. O tráfico de animais é um dos principais comércios ilegais do País, sendo que nove entre dez animais contrabandeados morrem antes de chegar ao seu destino, consequência das más condições que lhes são impostas e, ainda, por lesão e mutilação feita pelos próprios traficantes para que não produzam sons e/ou fiquem paralisados por causa da dor. Em relação aos crimes contra a flora, estes estão relacionados, principalmente, com o desmatamento e as queimadas irregulares. Em 2015, o número de incêndios florestais no país aumentou 27,5% e, de acordo com o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), aproximando-se do recorde histórico, registrado em 2010. Para entender mais sobre os tipos e penalidades contra o meio ambiente, leia o capítulo Crimes ambientais, que faz parte do livro Licenciamento Ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Licenciamento_Ambiental_Book.indb 2 07/12/2017 16:18:40 Crimes ambientais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Defi nir crimes ambientais e as legislações vigentes. Descrever os diferentes tipos de crimes ambientais. Identifi car as sanções penais para atividades lesivas ao meio ambiente. Introdução Tratando-se de licenciamento ambiental, é imprescindível conhecer os conceitos e as legislações que envolvem os crimes ambientais, que são todas as agressões ao meio ambiente e aos seus componentes. Normalmente, quando falamos em crime ambiental, logo pensamos em danos à fauna e a flora, mas existem diferentes modalidades de crime que precisamos conhecer. Pode ser considerada crime ambiental, por exemplo, uma ação de atividade que não provoque impactos ambientais negativos. Por isso é fundamental que, em todos projetos ambientais, sejam realizados diagnósticos eficientes dos impactos ambientais, em que sejam analisados todos os impactos que possam ocorrer no ambiente, na sociedade e até mesmo na economia de uma região, dependendo da atividade ou do empreendimento. Se esses impactos forem omitidos, configura-se um crime ambiental. Neste capítulo, você vai aprender os conceitos de crime ambiental, os seus diferentes tipos e quais são as sanções penais aplicadas quando um deles for identificado. Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 73 07/12/2017 10:34:37 Crimes ambientais: definição e normativas De acordo com Barsano e Barbosa (2013), as leis, normas técnicas e outras regulamentações, objetivando principalmente a preservação ambiental e o melhor aproveitamento dos recursos naturais no decorrer dos anos, foram fruto de acontecimentos históricos específi cos em diversos países. Esses acontecimentos foram sendo moldados conforme as necessidades de cada momento e a análise dos interesses de todos envolvidos: os poderes públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil. O Brasil apresenta uma enorme biodiversidade, tanto em fauna quanto em flora, além de ser privilegiado com a magnitude dos recursos hídricos. Esses recursos naturais sempre foram alvo do interesse e da cobiça humana, e, desde a época das colonizações, passando pela Revolução Industrial, até o início do século XX, os recursos naturais existentes tinham como finalidade única atender a demanda de matéria-prima para o desenvolvimento econômico no curto prazo. Portanto, a degradação ambiental não é algo novo na história do Brasil, como você pode verificar nos seguintes exemplos (BARSANO; BARBOSA, 2013): a exploração do pau-brasil e de outras madeiras nobres; a economia açucareira dos senhores de engenho; a economia mineradora em várias fases históricas; o ciclo da borracha e o ciclo do café; o crescimento da indústria de base com plataformas de petróleo, usinas hidrelétricas e nucleares, metalurgia, entre outras; a ocupação territorial de áreas não habitadas como a Amazônia, o cerrado e as costas litorâneas; o crescimento urbano por meio das migrações e imigrações. Nesse cenário de enormes prejuízos que o meio ambiente vinha sofrendo durante séculos de uso descontrolado e não planejado, foi necessário criar medidas de contenção. Entre uma série extensa de leis que regem a proteção ao meio ambiente em território nacional, as Leis nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei dos Crimes Ambientais ou Lei da Natureza) e 12.305, de 2 de agosto de 2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos — PNRS) são consideradas marcos no setor. A Lei nº. 9.605/1998 (BRASIL, 1998) dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Já a Lei nº. 12.305/2010 (BRASIL, 2010) institui a PNRS, dispondo sobre os seus princípios, objetivos e instrumentos, Crimes ambientais74 Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 74 07/12/2017 10:34:37 bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos — incluídos os perigosos —, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Toda agressão ao meio ambiente e aos seus componentes (como flora, fauna, recursos naturais e patrimônio cultural) que ultrapassa os limites estabelecidos por lei é con- siderada crime ambiental. Além disso, toda conduta que ignora normas ambientais legalmente estabelecidas, mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente, como a ocupação indevida de áreas ou a proliferação de patogenias a uma comunidade, também é considerada crime ambiental. É crime ambiental toda ação que causar poluição, de qualquer natureza, que resulte ou possa resultar em danos à saúde ou em impactos ambientais, que provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Enquadram-se nesses casos, de acordo com Vasconcelos (2014): tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momen- tânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abaste- cimento público de água de uma comunidade; dificultar ou impedir o uso público das praias; lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou subs- tâncias oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos; deixar de adotar, quando assim exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. A Lei de Crimes Ambientais determina as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Essa legislaçãodefine a responsabilidade das pessoas físicas ou jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente pelos danos que os seus empreendimentos possam causar à natureza. 75Crimes ambientais Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 75 07/12/2017 10:34:37 Além das agressões ambientais que possam ultrapassar os limites estabelecidos por lei, como o lançamento de efluentes em recursos hídricos (em desacordo com os padrões das normativas), também é considerado crime ambiental quando as condutas ignoram as normas ambientais, mesmo sem causar danos ao meio ambiente. Um exemplo típico são os empreendimentos ou atividades que não possuem licenciamento ambiental. Nesse caso, há a desobediência a uma exigência da legislação ambiental e, por isso, ela é passível de punição por multa ou detenção. Tipos de crimes ambientais As legislações ambientais não foram criadas para proteger o meio ambiente, mas para atender a interesses econômicos. Em um segundo momento, buscou- -se a tutela e o controle das reservas naturais existentes no País, mas sem manifestar um conhecimento mais aprofundado ou simplesmente ignorando a preservação do meio ambiente como fundamento vital para a preservação da vida, priorizando apenas as metas de desenvolvimento industrial (BARSANO; BARBOSA, 2013). Dessa forma, a Lei de Crimes Ambientais foi um marco na área am- biental, pois definiu como crime não apenas as atividades que trouxessem impactos ambientais, mas também as que ignoram as legislações ambientais. A referida norma classifica os crimes ambientais em seis diferentes tipos, apresentados a seguir. Crimes contra a fauna: agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar, pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar, realizar experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, mesmo que para fi ns didáticos ou científi cos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com esta. Ou ainda a modifi cação, danifi cação ou destrui- ção do seu ninho, abrigo ou criadouro natural. A introdução de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também confi gura crime ambiental. Crimes ambientais76 Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 76 07/12/2017 10:34:37 O tráfego de animais silvestres é o um dos principais comércios ilegais do mundo, perdendo apenas para as drogas e armas. Trinta e oito milhões de animais silvestres são retirados dos seus ecossistemas todo ano, somente no Brasil, para abastecer o mercado negro (SITE..., 2016). Crimes contra a fl ora: destruir ou danifi car fl oresta de preservação perma- nente mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção, bem como as vegetações fi xadoras de dunas ou protetoras de man- gues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou fl oresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fi ns comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com esta; extrair de fl orestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou difi cultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danifi car, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. Poluição e outros crimes ambientais: a poluição acima dos limites estabeleci- dos por lei é considerada crime ambiental. Como consequências, pode resultar em danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição signifi cativa da fl ora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica, que pode resultar na interrupção do abastecimento público, e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou grafi tar bem, edifi cação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danifi car registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estru- tura, edifi cação ou local protegidos quer por seu valor paisagístico, histórico, 77Crimes ambientais Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 77 07/12/2017 10:34:37 cultural, religioso, arqueológico, entre outros. Também é crime a construção em solo não edifi cável, como em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. Crimes contra a administração ambiental: incluem afi rmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científi cos em processos de licenciamento ou autorização ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais; deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; difi cultar ou obstar a ação fi scalizadora do Poder Público. Infrações administrativas: toda ação ou omissão que viola regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Tratando- -se das infrações administrativas, existem alguns princípios que os órgãos ambientais devem levar em conta: Devido processo legal — obrigatoriedade de observância de todos os princípios e normas para garantir o regular andamento do processo administrativo. Legalidade — ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei, em sua acepção mais ampla. Impessoalidade — a administração pública não poderá atuar discrimi- nando pessoas, sendo que para a Lei todos são iguais. Moralidade — é proibido ao administrador agir em desacordo com os conceitos de normas de condutas virtuosas, em conformidade com o que é honesto e justo. Publicidade — impõe que todos os atos administrativos sejam de domí- nio público, sendo necessária uma publicação para garantir a eficácia dos seus efeitos. Eficiência — a atividade administrativa deve oferecer resultados efe- tivos para os administrativos, devendo ser exercida com rendimento funcional. Razoabilidade — a administração pública deverá atuar dentro de cri- térios aceitáveis do ponto de vista da racionalidade, devendo existir fundamentos para ampará-los, considerando todos os fatos e circuns- tâncias e guardar relação de proporcionalidade. Crimes ambientais78 Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 78 07/12/2017 10:34:38 Proporcionalidade — a administração pública deve ter critérios de ponderabilidade e de seu equilíbrio entre o ato praticado, a finalidade perseguida e as consequências do ato. Segurança jurídica — veda a descontinuação sem motivação de atos e situações consolidadas, implicando na obrigação de fundamentação plena dos atos de revisão, anulação ou revogação. Interesse público — deve ser amparado o bem-estar da sociedade como um todo. Ampla defesa — confere liberdade ao indivíduo de, em defesa dos seus interesses, alegar todos os fatos que entender cabíveis e propor todos os tipos de provas, obedecendo a lealdade processual e a boa-fé. Contraditório — todos os atos processuais administrativos devem primar pela possibilidade de serem contrariados, oportunizando “contradizer a imputação que lhe é posta”. Motivação — obriga que todos os atos praticados no processo sejam fundamentados. Só assim é que se pode aferir se o ato foi praticado em conformidade com a lei, mesmo no caso de atos discricionários. No dia 5 de novembro de 2015, a cidade histórica de Mariana foi o cenário do maior desastre ambiental da história do Brasil e um dosmaiores do mundo. O rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, provocou o vazamento de 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério, matando 19 pessoas, destruindo centenas de imóveis e deixando milhares de pessoas desabrigadas. O vazamento, considerado o maior de todos os tempos em volume de material despejado por barragens de rejeitos de mineração, provocou também a poluição do Rio Doce e danos ambientais que se estenderam aos estados do Espírito Santo e da Bahia. O Ministério Público de Minas Gerais denunciou a Samarco e alguns funcionários da mineradora por cometerem crimes ambientais em benefício da empresa, não havendo preocupação com o meio ambiente. Diferentes tipos de sanções penais As penas previstas pela Lei de Crimes Ambientais são aplicadas conforme a gravidade da infração, ou seja, quanto mais reprovável for a conduta, atividade ou passivo ambiental, mais severa será punição. Porém, antes de falarmos 79Crimes ambientais Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 79 07/12/2017 10:34:38 dos diferentes tipos de penas, é necessário entender quais são os critérios observados pelas autoridades de acordo com o art. 6º da Lei nº. 9.605/1998: 1. A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e as con- sequências para a saúde pública e para o meio ambiente. 2. Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental. 3. A situação econômica do infrator, no caso de multa (BRASIL, 1998). As penalidades ressalvadas na Lei nº. 9.606/1998 podem ser: privativa de liberdade, em que o sujeito condenado deverá cumprir a pena em regime penitenciário; restritiva de direitos, quando for aplicada ao sujeito, em substituição à prisão (BRASIL, 1998). Uma empresa que viola um direito ambiental não poderá ter a liberdade restringida, como ocorre com uma pessoa física, mas é sujeita a penalizações. Nesse caso, aplicam-se as penas de multa ou restritivas de direitos, que são a suspensão parcial ou total das atividades, a interdição temporária do estabelecimento, obra ou atividade, e a proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. Também é possível que a pena seja a prestação de serviços à comunidade por meio do custeio de programas e de projetos ambientais, da execução de obras de recuperação de áreas degradadas ou de contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Comumente as penas restritivas de direito são mais utilizadas, sendo que o art. 7º da Lei nº. 9.605/1998 estabelece cinco diferentes tipos: 1. Prestação de serviços à comunidade: consiste na atribuição ao conde- nado de tarefas gratuitas junto a parques, jardins públicos e unidades de conservação e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. 2. Interdição temporária de direitos: proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. Crimes ambientais80 Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 80 07/12/2017 10:34:38 3. Suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. 4. Prestação pecuniária: consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixado pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. 5. Recolhimento domiciliar: baseia-se na autodisciplina e senso de responsa- bilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado à sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (BRASIL, 1998). Também chamado de crime ou dano comissivo ou intencional, o dano doloso é aquele em que o agente prevê o resultado lesivo da sua conduta e, mesmo assim, leva adiante, produzindo o resultado. Já o dano culposo é uma conduta voluntária, sem intenção de produzir o resultado ilícito, porém previsível, que poderia ser evitado. A conduta deve ser resultado de negligência, imperícia ou imprudência. Além de multas, serviços comunitários e até prisão, ocorre outro enorme prejuízo, que não está definido em nenhuma lei, principalmente para as em- presas. O descumprimento das leis e a falta de licenciamento ambiental para o exercício das atividades prejudicam, de forma direta, o seu maior patrimônio: a reputação. Quando uma empresa é identificada pelo seu cliente ou público consumidor como um agente agressor do meio do ambiente, a sua imagem é rapidamente destruída, devido ao descrédito e desconfiança em todo o mercado. Como consequências, podemos citar a diminuição nas vendas e queda no valor das ações, levando à crise financeira, podendo inclusive fechar o estabelecimento. Barreto ([2017]) ressalta que diante de um crime ambiental, a ação civil pública (regulamentada pela Lei 7.347/85) é o instrumento jurídico que protege o meio ambiente. O objetivo da ação é a reparação do dano que ocasionou a lesão dos recursos ambientais. Podem propor essa ação o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, o estado, o município, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de economia mista e as associações com finalidade de proteção ao meio ambiente. 81Crimes ambientais Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 81 07/12/2017 10:34:38 Foi publicado no Diário Oficial da União do dia 24 de outubro de 2017 o decreto que permite a conversão de multas ambientais não quitadas em prestação de serviços de melhoria do meio ambiente, como o reflorestamento de áreas degradadas. O documento estabelece que o autuado interessado em converter uma multa deverá se responsabilizar por todos os serviços necessários para recuperar uma área degradada definida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (BRASIL, 2017). 1. Das alternativas a seguir, qual está correta em relação à Lei de Crimes Ambientais? a) A Lei de Crimes Ambientais é regida pela Lei nº. 6.938/1981. b) É considerado crime contra a flora destruir ou danificar a vegetação primária, ou seja, vegetação caracterizada como de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos. c) É considerado crime contra a flora somente quando houver fabricação, venda ou lançamento de balões em florestas. d) É considerado crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural construir em áreas de preservação ambiental sem autorização do órgão ambiental competente. e) É considerado crime contra a fauna qualquer tipo de criação de animais em cativeiro. 2. Apesar de poucas pessoas saberem, as infrações administrativas são um dos tipos de crimes ambientais previstos. Esse tipo de crime é regido por alguns princípios, sendo que, das alternativas a seguir, a correta é: a) o princípio da legalidade ressalta que ninguém e obrigado a fazer ou deixar de fazer algo sem uma denúncia de acusação. b) a administração pública não poderá atuar discriminando pessoas. c) o interesse social é a única questão a ser analisada na instalação de uma atividade ou de um empreendimento. d) ao cometer um crime ambiental, o poluidor não terá direito de se defender. e) o órgão ambiental deverá fundamentar os seus atos quando solicitado por um juiz. 3. Quando identificado um crime ambiental, existem diferentes penalidades, definidas pela Lei nº. 9.605/1998. Em relação a essas penalidades, assinale a alternativa correta. a) O poluidor poderá sofrer um tipo Crimes ambientais82Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 82 07/12/2017 10:34:39 de penalidade apenas, ou seja, ou ele poderá sofrer sanções, ou prestará serviços comunitários ou estará privativa de direito (prisão). b) A prestação de serviços comunitários consiste unicamente na recuperação da área degradada. c) As penas previstas pela Lei de Crimes Ambientais são aplicadas conforme a gravidade da infração. d) Indiferentemente das condições financeiras do réu, o valor da multa é paga de forma igualitária para todos. e) O município jamais poderá propor a reparação do dano ambiental, sendo que cabe unicamente ao Ministério Público tal prática. 4. A Lei Federal nº. 9.605/1998 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Segundo esse instrumento legal, um exemplo de circunstância que atenua a pena é: a) a reincidência nos crimes de natureza ambiental. b) realizar crime contra a fauna em períodos que estes estão mais vulneráveis. c) o fato de o agente ter coagido outrem para a execução material da infração. d) o baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. e) o fato de o agente ter cometido a infração à noite. 5. Analisando a figura a baixo, podemos dizer que essa prática se caracteriza como qual tipo de crime ambiental? Fonte: Canal RioClaro, 2016, documento on-line. a) Crime contra a fauna. b) Crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. c) Crime contra a administração ambiental. d) Infrações administrativas. e) Crime contra a flora. BARRETO, M. E. Legislação ambiental: Lei 7.347\85 considerações sobre o instrumento da ação civil pública ambiental na efetividade da proteção ao meio ambiente. [2017]. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_ artigos_leitura&artigo_id=9170>. Acesso em: 26 nov. 2017. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Meio ambiente: guia prático e didático. 2. ed. São Paulo: Erica, 2013. 83Crimes ambientais Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 83 07/12/2017 10:34:41 BRASIL. Decreto nº. 9.179, de 23 de outubro de 2017. Altera o Decreto nº. 6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio am- biente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, para dispor sobre conversão de multas. 2017. Disponível em: <http://www2.camara. leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9179-23-outubro-2017-785605-publicacaoori- ginal-154023-pe.html>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305. htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi- nistrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605. htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. CANAL RIOCLARO. No mês das festas juninas, um alerta: soltar balão é crime ambiental. Notícias: Brasil. Maceió: Associação dos Bombeiros Militares de Alagoas, 7 jun. 2016. Disponível em: <http://abmal.com.br/noticia/3570/no-mes-das-festas-juninas-um- -alerta-soltar-balao-e-crime-ambiental>. Acesso em: 27 nov. 2017. SITE traz informações sobre o tráfico de animais silvestres. Jornal da USP, 2016. Dis- ponível em: <http://jornal.usp.br/atualidades/site-traz-informacoes-sobre-o-trafico- -de-animais-silvestres/>. Acesso em: 26 nov. 2017. VASCONCELOS, T. P. Crime ambiental: agressões ao meio ambiente e seus componentes. 2014. Disponível em: <http://www.iunib.com/revista_juridica/2014/05/07/crime-am- biental-agressoes-ao-meio-ambiente-e-seus-componentes/>. Acesso em: 26 nov. 2017. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério Do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Lei nº. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de respon- sabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig. htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Crimes ambientais84 Cap5_Licenciamento_Ambiental.indd 84 07/12/2017 10:34:41 DICA DO PROFESSOR Já faz um bom tempo que a questão ambiental vem sendo discutida, tanto no cenário nacional quanto no internacional, em decorrência do consenso da população mundial sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, bem como de impedir a proliferação dos danos ambientais causados por pessoas, tanto físicas quanto jurídicas. No Brasil, a relevância sobre o tema originou uma legislação mais rígida sobre as questões ambientais, visando a coibir práticas abusivas contra o meio ambiente. Caso seja identificado um dano ambiental, o indivíduo poderá ser enquadrado na Lei n.º 9.605/98, a qual refere-se aos crimes ambientais. Porém, é fundamental que os profissionais da área ambiental estejam familiarizados com algumas definições que podem ocasionar dúvidas. Para saber quais são essas definições, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Das alternativas a seguir, qual está CORRETA em relação à Lei de Crimes Ambientais? A) A Lei de Crimes Ambientais é regida pela Lei n.o 6.938/1981. B) É considerado crime contra a flora: destruir ou danificar a vegetação primária, ou seja, vegetação caracterizada como de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos. C) É considerado crime contra a flora somente quando houver fabricação, venda ou lançamento de balões em florestas. É considerado crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural construir em D) áreas de preservação ambiental sem autorização do órgão ambiental competente. E) É considerado crime contra a fauna qualquer tipo de criação de animais em cativeiro. 2) Apesar de poucas pessoas saberem, as infrações administrativas são um dos tipos de crimes ambientais previstos. Esse tipo de crime é regido por alguns princípios, sendo que das alternativas a seguir, a CORRETA é? A) O princípio da legalidade ressalta que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo sem uma denúncia de acusação. B) A administração pública não poderá atuar discriminando pessoas. C) O interesse social é a única questão a ser analisada na instalação de uma atividade/empreendimento. D) Ao cometer um crime ambiental, o poluidor não terá direito de se defender. E) O órgão ambiental deverá fundamentar seus atos quando solicitado por um juiz. 3) Quando identificado um crime ambiental, existem diferentes penalidades, definidas pela Lei n.o 9.605/98. Em relação a essas penalidades, assinale a alternativa CORRETA. A) O poluidor poderá sofrer um tipo de penalidade apenas, ou seja, ou ele poderá sofrer sanções, ou prestará serviços comunitários ou sofrerá pena privativa de direito (prisão). B) A prestação de serviços comunitários consiste unicamente na recuperação da área degradada. C) As penas previstas pela Lei de Crimes Ambientais são aplicadas conforme a gravidade da infração. D) Indiferentemente das condições financeiras do réu, o valor da multa é pago de forma igualitária para todos. E) O município jamais poderá propor a reparação do dano ambiental, sendo que cabe unicamente ao Ministério Público tal prática. 4) A Lei Federaln.o 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Segundo esse instrumento legal, um exemplo de circunstância que atenua a pena é? A) A reincidência nos crimes de natureza ambiental. B) Realizar crime contra a fauna em períodos que estes estão mais vulneráveis. C) O fato de o agente ter coagido outrem para a execução material da infração. D) O baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. E) O fato de o agente ter cometido a infração à noite. Analisando a figura a baixo, pode-se dizer que tal prática caracteriza-se por qual tipo de crime ambiental? 5) A) Crime contra a fauna. B) Crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. C) Crime contra a administração ambiental. D) Infrações Administrativas. E) Crime contra a flora. NA PRÁTICA As aves são o principal alvo do tráfico de animais silvestres no Brasil e correspondem a 80% das espécies contrabandeadas no mercado negro. Dependendo da espécie da ave, o valor comercializado no mercado negro pode variar de R$ 10,00, pago aos caçadores, a US$ 30 mil, valor pelo qual o animal acaba revendido, muitas vezes no exterior. O mercado consumidor desses animais é o exterior, principalmente com ênfase para países europeus e asiáticos, onde os animais são comprados por colecionadores ou, então, para fins de exposição e competições de canto. Porém, uma boa parcela dessas espécies é comercializada dentro do Brasil, seja para criação ilegal, consumo ou exploração da pele ou das penas. Dessa forma, os órgãos ambientais, juntamente com a polícia, exercem um papel de extrema importância visando a evitar esse tipo de crime contra a fauna. Veja a seguir um exemplo de como ocorre o trabalho dos órgãos ambientais competentes após uma denúncia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A construção do Código Florestal Brasileiro e as diferentes perspectivas para a proteção das florestas O objetivo deste trabalho é compreender a evolução da legislação florestal brasileira, os motivos que levaram à aprovação da Lei n.º 12.651 (Novo Código Florestal), de 2012, e quais os argumentos contrários a essa norma. Como muitas propriedades rurais estavam em desacordo com o definido pelo código florestal antigo, inclusive estando sujeitas a penalidades, pois não possuíam reserva legal ou não respeitavam as áreas de preservação permanente, foi necessário atualizar essa legislação. Confira no artigo a seguir uma revisão bibliográfica a respeito desse assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Tráfico de animais silvestres moveu R$ 7 bilhões no Brasil em 10 anos Esta reportagem mostra a crueldade e o desrespeito à vida dos animais que o tráfico internacional de animais silvestres ocasiona. As quadrilhas desafiam as autoridades e alimentam um mercado lucrativo e criminoso, sendo que centenas de animais, muitos em risco de extinção, são capturados diariamente, e muitos acabam morrendo antes de chegar ao destino final. Assista à reportagem a seguir e fique por dentro desse assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Revista Brasileira de Direito Animal Este artigo objetiva perquirir uma análise dos direitos dos animais, no intuito de averiguar sua harmonia com a Constituição Federal, de 1988. Nesse escopo, dá-se seguimento a uma apreciação filosófica, ética e jurídica dos conceitos que envolvem o Direito Animal, bem como das normas legais infraconstitucionais que auxiliam na consecução do objetivo da Lei Maior: o da vedação à crueldade praticada contra esses seres. Acompanhe o artigo a seguir, o qual apresenta uma revisão bibliográfica completa a respeito desse assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Procedimentos para a obtenção das licenças ambientais APRESENTAÇÃO O licenciamento ambiental é um processo que envolve a elaboração de inúmeros laudos e documentos. Dependendo do tipo de licenciamento necessário, diferentes profissionais são necessários. O estudo de impacto ambiental, por exemplo, geralmente solicitado durante a Licença Prévia, envolve uma equipe multidisciplinar com engenheiros, biólogos, geólogos, topógrafos, entre outros, cada um realizando estudos correspondentes a sua área, mas também cruzando as informações para a verificação dos impactos ambientais que determinado empreendimento/atividade poderá ocasionar em sua totalidade. É recomendável procurar o órgão ambiental antes de iniciar um projeto ambiental, pois ele deve fornecer formulários em que constam os documentos necessários e os estudos que devem ser anexados ao projeto. Após a entrega do projeto e caso o órgão ambiental tiver dúvidas, poderão ser solicitados estudos ou documentos adicionais. Realizada a vistoria, será dado um parecer favorável ou não, dependendo do tipo de impactos ambientais que poderão ocorrer. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender principalmente quais são os profissionais envolvidos no licenciamento ambiental, quais os procedimentos necessários para obter o licenciamento ambiental e como ocorre a análise e os tramites no órgão ambiental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os principais procedimentos para obter o licenciamento ambiental.• Identificar os diferentes profissionais envolvidos no licenciamento ambiental.• Analisar o processo de avaliação do projeto ambiental pelo órgão ambiental competente.• DESAFIO É comum, principalmente em municípios de pequeno porte, serem contratadas empresas (mediante processo de licitação) para a realização de pareceres técnicos de projetos de licenciamento ambiental, projetos de recuperação de áreas degradadas (PRAD), entre outros. Além da medida, você deverá apresentar um parecer técnico. Ele será favorável ou desfavorável? O parecer deve estar baseado nas informações apresentadas no projeto ambiental. Justifique sua resposta. INFOGRÁFICO Para muitos, o licenciamento ambiental é bastante burocrático, mas essencial, pois as atividades precisam seguir e respeitar a legislação ambiental vigente, bem como apresentar um determinado padrão mínimo esperado. Além disso, a atividade/empreendimento deve ser apresentada e aprovada pelo órgão ambiental, que vai verificar (após vistoria) se realmente não haverá impactos ambientais ao meio ambiente e à sociedade num todo. Comumente, na licença prévia (LP) há maior número de profissionais multidisciplinares envolvidos em comparação com a licença de instalação e operação. Esse fato é explicado devido aos diferentes tipos de estudos ambientais que devem ser apresentados como, por exemplo, laudo geológico, laudo da cobertura vegetal, laudo da fauna associada, laudo topográfico, medidas compensatórias e mitigadoras, entre outros. Já na licença de instalação e operação, esses mesmos profissionais podem estar envolvidos principalmente acompanhando o empreendimento e verificando se realmente as condicionantes serão cumpridas. Outros profissionais podem entrar em cena, como engenheiros civis, advogados, arquitetos, entre outros. Porém, é preciso tomar alguns cuidados ao encaminhar o projeto ambiental ao órgão ambiental. Acompanhe, no Infográfico a seguir, como ocorre o processo de análise do projeto pelo órgão ambiental. Mas tenha em mente que esse processo pode não ser utilizado por todos os órgãos, podendo haver variações de acordo com a esfera federal, estadual ou municipal. CONTEÚDO DO LIVRO O diagnóstico ambiental configura-se como a base fundamental dos estudos do ecossistema, consistindo na identificação e na apresentação das características dos compartimentos ambientais da área de influência do empreendimento em estudo a fim de propiciar conhecimento da dinâmicadas características físicas, bióticas e antrópicas e suas interações e inter-relações. Esse diagnóstico é levantado por diferentes profissionais, pois não basta apenas analisar o meio biótico, deve-se levar em conta também o meio abiótico e socioeconômico. É importante gastar certa parcela do tempo nessa etapa, porque, quando o diagnóstico for encaminhado ao órgão ambiental, será um item bastante analisado e discutido e, caso esteja equivocado, o projeto corre risco de ser indeferido. Com isso, tempo e dinheiro serão gastos visando à adequação do projeto à realidade da área. Para entender mais sobre os profissionais envolvidos no licenciamento ambiental, quais os procedimentos e o processo de avaliação do projeto ambiental pelo órgão ambiental competente, leia o capítulo Procedimentos para obtenção de licenças ambientais, que faz parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Procedimentos para obtenção de licenças ambientais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais procedimentos para obter o licenciamento ambiental. � Identificar os diferentes profissionais envolvidos no licenciamento ambiental. � Discutir o processo de avaliação do projeto ambiental pelo órgão ambiental competente. Introdução Dependendo do tipo de licenciamento necessário (principalmente na licença prévia — LP), uma equipe multidisciplinar pode estar envolvida, como engenheiros, biólogos, geólogos, topógrafos, entre outros. Cada um realizará laudos correspondentes à sua área, que serão reunidos para que possam ser analisados os reais impactos ambientais que determinado empreendimento ou atividade pode ocasionar. É recomendável procurar o órgão ambiental antes de iniciar um projeto ambiental, pois ele deve fornecer formulários em que constam os documentos necessários e os estudos que devem ser anexados. Após a entrega do projeto ambiental, caso o órgão ambiental tiver dúvidas, pode solicitar estudos ou documentos adicionais. Realizada a vistoria, será dado um parecer favorável ou não, dependendo dos tipos de impactos ambientais que constam nos laudos. Neste capítulo, você descobrirá quais são os profissionais envolvidos no licenciamento ambiental e quais são os procedimentos necessários para a obtenção do licenciamento ambiental. Ainda, verá como ocorrem a análise e os tramites junto ao órgão ambiental. Procedimentos para obter o licenciamento ambiental Existem diferentes esferas dos órgãos ambientais — podem ser federais, estaduais ou municipais. Cada estado e município pode exigir documentos e estudos separadamente, assim como os trâmites legais para protocolar o projeto podem variar. O procedimento para obter o licenciamento ambiental descrito neste ca- pítulo tem a intenção de servir como um molde, ou seja, não deve ser usado para todos os tipos de órgãos ambientais. Indicamos que, antes de iniciar um projeto ambiental, o órgão ambiental competente seja consultado para saber exatamente quais são os documentos e estudos que devem ser providenciados, a fim de evitar surpresas no andamento do processo. As solicitações de documentos licenciatórios, como licenças, declarações, autoriza- ções, certificados, entre outros, somente serão protocolados com a apresentação da documentação necessária e completa. Para facilitar o entendimento de como deverá ocorrer o encaminhamento do licenciamento ambiental (LP, licença de instalação [LI] e licença de operação [LO]) em relação ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), bem como a análise do projeto pelo órgão ambiental, o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2004) apresenta 14 (quatorze) procedimentos básicos: � Procedimento 1 — o empreendedor protocoliza no órgão ambien- tal o seu pedido de LP, acompanhado do esboço do projeto do seu empreendimento. Procedimentos para obtenção de licenças ambientais2 � Procedimento 2 — o órgão ambiental avalia os projetos, realiza vistoria no local e, com base nisso, elabora os termos de referências dos estudos ambientais e efetua o registro do empreendimento em cadastro próprio. � Procedimento 3 — o empreendedor entrega ao órgão ambiental cópia dos estudos ambientais, realizados de acordo com os termos de referência elaborados pelo próprio órgão de meio ambiente. � Procedimento 4 — o órgão ambiental verifica se os estudos foram re- alizados de forma satisfatória; em caso negativo, são devolvidos para complementação. O prazo total para a análise é de 1 ano (Resolução Con- selho Nacional do Meio Ambiente [CONAMA] nº. 237) (BRASIL, 1997). � Procedimento 5 — o órgão ambiental emite parecer favorável ou não à implementação do empreendimento, fixando o valor da compensação ambiental. Emite a LP, estabelecendo condicionantes que, se cumpridas, habilitam o empreendedor a adquirir a LI. � Procedimento 6 — o empreendedor retira, no órgão ambiental, a LP, à qual dá publicidade. Obtida a licença, elabora o projeto básico do empreendimento. � Procedimento 7 — o empreendedor detalha os programas ambientais e apresenta-os ao órgão ambiental, junto com o pedido de LI. � Procedimento 8 — o órgão ambiental avalia se houve o cumprimento das condicionantes da LP. Em caso positivo, emite a LI, com condicio- nantes que, se implementadas, habilitam o empreendedor a obter a LO. � Procedimento 9 — o empreendedor retira, no órgão ambiental, a LI, à qual dá publicidade. � Procedimento 10 — o órgão ambiental monitora, durante a vigência da LI, a implementação das condicionantes da LI e, constatando que está satisfatória, a pedido do empreendedor, emite a LO. � Procedimento 11 — o empreendedor retira, no órgão ambiental, a LO, à qual dá publicidade. � Procedimento 12 — o órgão ambiental realiza o monitoramento das condicionantes e dos impactos ambientais do empreendimento durante o tempo em que existir a atividade ou o empreendimento licenciado. � Procedimento 13 — o empreendedor apresenta requerimento solici- tando a renovação da LO, acompanhado da documentação exigida, com antecedência mínima de 120 da expiração do prazo de validade da licença anterior. � Procedimento 14 — o órgão ambiental, com base nas informações geradas pelo monitoramento das condicionantes, pronuncia-se sobre 3Procedimentos para obtenção de licenças ambientais a renovação da licença no prazo de 120 dias, sob pena de a LO ser prorrogada por decurso de prazo. O licenciamento envolve as seguintes despesas, todas a cargo do empre- endedor ou proprietário da área (BRASIL, 2004): � contratação da elaboração dos estudos ambientais (EIA, Relatório de Impacto Ambiental [RIMA], entre outros); � contratação, se necessário, de empresa de consultoria, para interagir com o órgão ambiental (acompanhamento a tramitação do processo de licencia- mento), podendo ou não ser a mesma empresa que elaborou o EIA/RIMA; � despesas relativas à realização de reuniões de atos relacionados com o processo de licenciamento; � pagamento de compensação ambiental; � pagamento das taxas (emissão das licenças e da análise dos estudos e projetos) cobradas pelo órgão licenciador; � despesas relativas à implementação dos programas ambientais (medidas mitigadoras). O custo da análise dos documentos necessários para a obtenção da licença ambiental (art. 13 da Resolução CONAMA 237/1997) inclui as despesas com viagens para fins de vistoria do empreendimento (diárias e passagens) e os custos da análise propriamente dita, que considera os salários e respectivos encargos da equipe do órgão responsável, no período em que durar a análise dos estudos ambientais (BRASIL, 1997). Licenciamento ambiental e profissionais envolvidos É fundamental frisar que, antes de iniciar um projeto de licenciamento am- biental, você deve procurar o órgão ambiental competente para saber quais estudos ambientais devem ser apresentados.Existem questões financeiras e prazos envolvidos, e, dependendo do tipo de estudo, levará determinado prazo para esses estudos ficarem prontos. Imagine que você quer instalar uma padaria, por exemplo, e que um enge- nheiro ambiental montou todo o projeto. Após a análise inicial desse projeto, o órgão ambiental solicitou um laudo geológico, que pode ser realizado apenas por geólogos ou engenheiros de minas. Dessa forma, o projeto ficará parado Procedimentos para obtenção de licenças ambientais4 no órgão ambiental, esperando as complementações serem entregues. Sem contar que os custos para o empreendedor serão maiores e, dependendo do tipo de contrato firmado entre as partes, poderá haver divergências. O licenciamento ambiental pode envolver diferentes profissionais, de acordo com o tipo de licença requerida, o grau poluidor, o porte do em- preendimento, a localização e as exigências dos órgãos ambientais. Aqui, vamos focar nos profissionais que podem estar envolvidos em um EIA, por se tratar de um estudo com maior complexibilidade, envolvendo profissionais de áreas distintas. O EIA, normalmente acompanhado do RIMA, é um estudo prévio que serve de ins- trumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões na implantação da obra referente a um projeto específico. Apesar de o art. 2º da Resolução CONAMA nº. 001, de 23 de janeiro de 1986, listar, a título exemplificativo, os casos de empreendimentos ou atividades sujeitas ao EIA e ao Rima, caberá ao órgão ambiental competente identificar as atividades e os empre- endimentos causadores de “impactos significativos” (BRASIL, 2007). As normativas de um licenciamento ambiental são realizadas pelos órgãos ambientais, em suas distintas esferas, municipal, estadual e federal e, portanto, não pertencem a nenhuma outra autarquia profissional ou conselho federal. Em termos práticos, não é o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), o Conselho Regional de Biologia (CRBio), o Conselho Regional de Química (CRQ) nem qualquer outro órgão federal ou regional que regulamenta a prática do licenciamento ambiental. Os profissionais que realizam atividades para licenciamento podem ser egressos de diversas áreas de formação, pois o ato de licenciar, efetiva- mente, não é feito por nenhum profissional específico, mas pelo próprio órgão, cabendo aos profissionais apenas ter o domínio na elaboração dos levantamentos e na formulação dos textos. Após isso, o estudo é entregue ao órgão ambiental competente, que, a partir do que recebe, licencia (ou não) o projeto em questão. Porém, antes de iniciarmos a discussão a respeito dos profissionais e das suas respectivas funções, é importante diferenciar alguns conceitos referentes às equipes que podem estar envolvidas em um EIA/RIMA: 5Procedimentos para obtenção de licenças ambientais � equipe multidisciplinar — conjunto de várias disciplinas dentro de uma mesma área do conhecimento; � equipe interdisciplinar — conjunto das diferentes contribuições das várias ciências no sentido de encontrar uma explicação e um entendi- mento de determinado assunto; nesse caso, o impacto ambiental, social e econômico causado pela implantação de determinado empreendimento, em determinado local. É importante frisar, que, no estudo, deverá constar a Anotação de Res- ponsabilidade Técnica (ART) de cada profissional. A responsabilidade de cada membro da equipe multidisciplinar ou a equipe como um todo depende da prova de culpa. A conduta dolosa dos membros da equipe multidisciplinar poderá configurar o crime de falsidade ideológica, estando os profissionais sujeitos às penas previstas em lei. Para compreender melhor quais os profissionais que podem estar envolvidos no licenciamento ambiental (LP, LI e LO), veja o Quadro 1. Profissional envolvido Atividade(s) desenvolvida(s) Engenheiro (químico, ambiental, florestal, civil, etc.) Análise físico-química e microbiológica da água, do esgoto ou efluente; responsável pela estação de tratamento de efluentes/esgoto e pelo PGRS; descrição e elaboração de medidas mitigadoras e compensatórias; gestão correta dos resíduos; reposição florestal obrigatória; práticas de manejo adequado do solo, etc. Engenheiro civil/ arquiteto Confecção de plantas baixas; acompanhamento da edificação; entre outros. Biólogo Elaboração do laudo de cobertura vegetal, descrição da fauna associada (aves, peixes, mamíferos, répteis, anfíbios, insetos), etc. Geólogo/ engenheiro de minas Elaboração do laudo geológico, morfológico, geotécnica, geomorfológica, etc. Topógrafo Elaboração do laudo topográfico. Quadro 1. Exemplo de uma equipe técnica visando à elaboração de EIA/RIMA. (Continua) Procedimentos para obtenção de licenças ambientais6 Não quer dizer que apenas os profissionais apresentados no Quadro 1 constituem o corpo técnico dos estudos ambientais e que estão aptos a trabalhar com licenciamento ambiental. Diversos outros profissionais podem estar envolvidos, dependendo do empreendimento a ser instalado. Além disso, em alguns casos, é necessária a presença de profissionais com conhe- cimentos específicos, como, por exemplo, na análise de peixes (ictiofauna), anfíbios e répteis (herpetofauna), conjunto de mamíferos (mastofauna), entre outros. Em cada equipe, é indicado que haja um profissional responsável pela coordenação geral, o qual deverá ter experiência tanto na área ambiental quanto em liderança. Além disso, no projeto ambiental final, devem constar o nome completo, o CPF, a qualificação profissional, o número do conselho de classe e região, o endereço completo, a declaração dos profissionais, sob as penas da lei, de que as informações prestadas são verdadeiras, local e data, assinatura de cada responsável técnico e o número da ART ou AFT (Anotação de Função Técnica) e data de expedição. Fonte: O autor. Profissional envolvido Atividade(s) desenvolvida(s) Sociólogo Análise dos impactos da obra na sociedade. Arqueólogo Análise dos fragmentos históricos. Advogado Prestar assistência profissional em assunto jurídico. Hidrólogo Estudo dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos). Geógrafo Realização de estudos ambientais, planejamento regional, mapeamentos, etc. Economista Análise da viabilidade financeira do empreendimento ou da atividade. Quadro 1. Exemplo de uma equipe técnica visando à elaboração de EIA/RIMA. (Continuação) 7Procedimentos para obtenção de licenças ambientais Nos processos de licenciamento ambiental conduzidos por órgão ambiental federal, estadual ou municipal, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) deve ser consultado preventivamente. A manifestação do Instituto é imprescindível para que um empreendimento ou atividade em processo de licenciamento não venha a impactar ou destruir os bens culturais considerados patrimônio dos brasileiros, protegidos por tombamento. Análise do projeto ambiental pelo órgão ambiental Para o encaminhamento da documentação e do projeto, os órgãos ambien- tais somente os aceitam após estarem devidamente preenchidos e na ordem descrita no formulário e nos termos de referência. A documentação recebida passará por uma triagem, sendo encaminhada para a abertura de processo administrativo quando estiver completa. Caso seja considerada incompleta, será devolvida ao requerente. Quando ocorrer a devolução, o requerente receberá um formulário com a indicação exata dos itens faltantes, acompanhado dos modelos de documentação a serem apresentados. O órgão ambiental possui formulários padronizados e termos de referência para a elaboração dos documentos técnicos exigidos nas três fases do licen- ciamento ambiental (LP, LI e LO). É fundamental que a documentação seja preparada pelo solicitante seguindo esses padrões. Dessa forma, o processo de licenciamento somente é protocolado e formalizado se todos os documentos solicitados forem apresentados. Entre os documentos mais comumente solicitados,podemos citar: Requerimento ambiental — para protocolar qualquer solicitação de docu- mento licenciatórios, é necessária a apresentação do requerimento. É importante ressaltar que, normalmente, encontram-se disponíveis formulários específicos para autorização, certificado, declaração, alteração, licença e registro. Registro pessoa física ou jurídica (cópia do CPF ou cartão CNPJ) — o cartão do CNPJ (em caso de pessoa jurídica) pode ser obtido da internet, na página da Receita Federal (BRASIL, 2017). Caso a empresa ainda não possua o cartão CNPJ, deverá encaminhar cópia ou carimbo do CNPJ ou CPF/CIC do empreendedor responsável. Procedimentos para obtenção de licenças ambientais8 Na abertura de processos de LO, LP de ampliação e LI de ampliação, é necessário que, no cartão do CNPJ, na descrição da atividade principal ou secundária, conste o ramo, ou a atividade, para o qual está sendo solicitado o licenciamento, que deverá corresponder ao que está sendo pedido ao órgão ambiental. Por exemplo, caso esteja escrito conserto veicular no cartão CNPJ, a licença não pode ser solicitada para outra atividade, como panificação. Cópia da última licença ambiental — somente se houver, principalmente se tratando de uma renovação da LO. Além disso, deve-se encaminhar toda a documentação descrita na licença antiga, normalmente com título “com vistas à obtenção/renovação da licença, o empreendedor deverá apresentar [...]”. Formulário específico — este é um dos principais itens do projeto ambiental. Esse formulário (disponível normalmente no site do órgão ambiental) deve ser apresentado de acordo com as normas, os roteiros, os termos de referência ou as instruções técnicas, acompanhado da documentação nestes solicitada. Toda a documentação, incluindo o formulário específico de licenciamento ambiental, termo de referência, EIA/RIMA, plantas baixas, etc., deverá ser anexada ao respectivo processo administrativo do licenciamento. Os formulários variam de acordo com a atividade ou o empreendimento. São identi- ficados segundo código específico, que deve ser verificado com o órgão ambiental competente. O formulário deve ser assinado pelo responsável pelo empreendimento na úl- tima folha, e as demais devem ser rubricadas. Caso haja uma procuração (terceiros representam a empresa), deverá ser apresentada com o documento assinado pelo responsável da empresa. Comprovante de pagamento da taxa de licenciamento ambiental — para cada tipo de documento solicitado, haverá cobrança de taxas pelo órgão ambiental. Esses valores apresentam grandes variações, e normalmente os 9Procedimentos para obtenção de licenças ambientais órgãos municipais apresentam valores menores em comparação aos órgãos estaduais e federais, porque os municípios licenciam atividades com porte/ grau poluidor menor, além de estarem mais próximos do estabelecimento ou da atividade. Sempre que for protocolado informações adicionais, no requerimento de apresentação deverá constar obrigatoriamente o número do processo administrativo no qual a informação deve ser anexada. Após verificado que a documentação está completa, é gerado um proto- colo da documentação, o qual permite verificar o andamento do processo. Normalmente, no próprio site do órgão, é possível analisar o andamento, ou se pode ligar para o órgão, mas é fundamental ter em mãos o número do protocolo. Caso sejam necessários esclarecimentos adicionais a consultas técnicas, podem ser obtidos mediante prévio agendamento (normalmente a partir de 10 dias úteis), a contar da data de protocolo, com os setores competentes. Após concluída a tramitação do processo, os documentos licenciatórios serão disponibilizados no site do órgão, certificados digitalmente e com data de validade jurídica. Parecer técnico O parecer técnico é realizado a partir da análise técnica das informações no processo: � apresentados pelo requerente/empreendedor; � constatadas em vistoria. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (2004), durante o processo de avaliação, o empreendimento ou a atividade vão receber a visita dos técnicos do órgão ambiental, que verificarão as condições em que se encontra a área. Essa vistoria avalia se realmente o projeto ambiental Procedimentos para obtenção de licenças ambientais10 descreve todos os impactos ambientais existentes e se as medidas apresentadas realmente são suficientes para a recuperação da área. O parecer técnico considera principalmente: � a legislação ambiental vigente e pertinente à atividade; � a caracterização do empreendimento (tipo de atividade, tecnologia empregada, tecnologias de controle e poluição disponíveis) e a situação ambiental do entorno; � possíveis impactos da atividade no entorno; � possibilidades de minimização do impacto da atividade no entorno; � eficácia da recuperação da área por meio das metodologias empregadas. Não existe como prever quanto tempo o órgão ambiental leva para analisar o projeto e fazer a vistoria técnica. De acordo com o art. 14 da Resolução CONAMA 237/1997 (BRASIL, 1997): O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise di- ferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/ RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. Dessa forma, é fundamental o cronograma do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) prever o tempo máximo necessário pelo órgão ambiental para dar uma resposta. A morosidade dos órgãos públicos em licenciar empreendimentos em todo o Brasil tem impactado diretamente o desenvolvimento econômico e sustentável em diversas áreas do País. Devido à falta de agilidade nesses processos, muitos enxergam o licenciamento como um fluxograma burocrático a ser preenchido por papéis (OLIVEIRA; HENKES, 2016). Falta de recursos financeiros e escassez de profissionais técnicos nesses órgãos faz com que o processo de análise e aprovação seja extremamente lento no território nacional. 11Procedimentos para obtenção de licenças ambientais BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal. 2017. Disponível em: <http://idg. receita.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. 2. ed. Bra- sília: TCU, 2007. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. Brasília: TCU, 2004. Disponível em: <http://www.ambiente.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/ cart_tcu.PDF>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Manual de licencia- mento ambiental: guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae. pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. OLIVEIRA, M. J.; HENKES, J. A. Licenciamento ambiental: uma análise sobre a morosidade dos órgãos públicos e suas consequências. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, Florianópolis, v. 4, n. 2, 2016. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul. br/index.php/gestao_ambiental/article/view/3220/2289>. Acesso em: 22 nov. 2017. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estadoà luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Procedimentos para obtenção de licenças ambientais12 DICA DO PROFESSOR Saber quais os impactos ambientais que a implantação de determinada atividade pode ocasionar é fundamental. Em obras maiores, como a construção de uma hidrelétrica, construção/duplicação de rodovias, entre outras, é fundamental realizar o estudo de impacto ambiental (EIA), que deve descrever os impactos no meio físico, biológico e socioeconômico. Dessa forma, é essencial contar com uma equipe multidisciplinar. Para saber mais a respeito dos profissionais envolvidos no licenciamento ambiental, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A análise do projeto ambiental pelo órgão ambiental competente é de grande importância, sendo que, normalmente, essa etapa pode levar um determinado tempo. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação à análise do projeto pelo órgão ambiental? A) O órgão ambiental pode levar, por lei, até 1 ano para analisar todo e qualquer projeto ambiental. B) O empreendedor, quando tem urgência para obter a licença ambiental, deve pagar uma taxa a mais para que o processo seja agilizado. C) O parecer técnico baseia-se, unicamente, nas informações disponibilizadas no projeto ambiental entregue no órgão ambiental. D) O órgão ambiental poderá solicitar estudos adicionais sempre que achar necessário. E) O parecer favorável do órgão ambiental significa que o empreendimento/atividade está livre de degradação ambiental. 2) Imagine que você é o responsável técnico de um empreendimento e que seu cliente quer saber o andamento do projeto no órgão ambiental. Entre as alternativas a seguir, qual aponta a atitude mais apropriada? A) Analisar o andamento do projeto no site do órgão ambiental por meio do número de protocolo ou então entrar em contato (telefone, e-mail) para saber como anda o andamento. B) Instruir o cliente a iniciar a atividade/empreendimento devido à demora na análise. C) Sugerir a retirada do projeto no órgão ambiental e o envio para outro órgão, visando a uma maior rapidez na análise do projeto. D) Dizer ao cliente que ele precisa pagar uma taxa a mais no órgão ambiental para que o andamento do projeto ocorra de forma mais rápida. E) Ir pessoalmente ao órgão ambiental e tirar satisfação, afinal de contas a demora está demasiada. 3) Dependendo da atividade a ser desenvolvida, diversos profissionais podem estar envolvidos. Qual o profissional mais indicado para elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)? A) Engenheiro florestal. B) Sociólogo. C) Geógrafo. D) Geólogo. E) Engenheiro ambiental. 4) O encaminhamento do projeto ambiental no órgão ambiental muitas vezes é acompanhado por certa burocracia. Porém, existem procedimentos básicos que devem ser respeitados. Em relação a esses procedimentos, qual a alternativa correta? A) O empreendedor protocoliza, no órgão ambiental, um pedido de licenciamento ambiental simples, descrevendo principalmente a atividade almejada. O órgão ambiental vai definir se essa atividade poderá ou não ser realizada. B) O órgão ambiental verifica se os estudos foram realizados de forma satisfatória. Em caso negativo, são devolvidos para complementação. C) A licença de instalação somente será fornecida se todos os documentos forem entregues conforme solicitado. D) d) A vistoria técnica consiste na análise do projeto ambiental, verificando se todos os documentos foram entregues e a qualidade do projeto. E) Enquanto o órgão ambiental estiver analisando a projeto ambiental para obtenção de licença prévia, é indicado que os profissionais já montem o projeto visando a obter a licença de instalação. 5) Um dos papéis do gestor ambiental refere-se à preocupação da definição de local adequado para a implantação de um determinado projeto, por exemplo, uma empresa ou unidade de conservação. Refletindo sobre essa questão, podemos dizer: A) Ao considerar um local, deve-se levar em conta exclusivamente a legislação. B) O planejamento do uso do solo é a única medida que deve ser tomada ao considerar a escolha do local. C) O zoneamento ambiental é extremamente importante para a organização territorial D) d) A análise do tipo de solo presente no local de instalação de um determinado empreendimento visa, unicamente, a saber se está mais suscetível a contaminações. E) O levantamento do uso do solo é importante para determinar a organização do espaço. Contudo, a realização desse levantamento é opcional. NA PRÁTICA Existem diversos profissionais envolvidos na área ambiental, como engenheiros (civil, sanitarista, ambiental, agrícola, florestal), geólogos, biólogos, topógrafos, químicos, entre outros. Porém, cada profissional apresenta atribuições específicas, sendo que um não pode invadir a área do outro. É exatamente para isso que servem os conselhos de classe como, por exemplo, o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), o CRBio (Conselho Regional de Biologia) e o CRQ (Conselho Regional de Química), os quais definem as atribuições de cada profissional. O licenciamento ambiental é uma atividade que normalmente necessita de mais de um profissional, tornando o diagnóstico ambiental o mais completo possível. Para aprimorar seus conhecimentos a respeito desse assunto, acompanhe o Na Prática a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Especialista aponta um sucateamento dos órgãos de licenciamento ambiental no Brasil Acompanhe, no vídeo a seguir, uma entrevista com um especialista da área sobre o sucateamento dos órgãos de licenciamento ambiental no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Licenciamento ambiental: entrave ou referência de sustentabilidade? Acompanhe, no artigo a seguir, quais os maiores problemas do licenciamento ambiental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Os conflitos técnicos e legais do licenciamento ambiental em Minas Gerais Acesse o artigo, a seguir, que apresenta uma avaliação da qualidade técnica e legal do processo de licenciamento ambiental de empreendimentos minerários, em Minas Gerais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Condicionantes e prazos de validade APRESENTAÇÃO O licenciamento ambiental tem por finalidade garantir que o desenvolvimento ocorra em harmonia e equilíbrio com o meio ambiente. Isso quer dizer que quando o empreendedor obtém a licença ambiental, ele não precisa mais se preocupar, a não ser para renovar a licença quando ela estiver vencendo, certo? Errado. O empreendedor precisa respeitar as condicionantes, impostas pelo órgão ambiental, baseadas nas legislações ambientais vigentes. Existem diferentes condicionantes, variando de acordo com o tipo de licença (LP, LI e LO). Por exemplo, na licença prévia, o empreendedor precisa achar soluções que visam a reduzir os impactos ambientais negativos; na licença de instalação, deve-se buscar soluções para reduzir resíduos ou poluições referentes à construção do empreendimento, como material particulado. Na licença de operação, as condicionantes muitas vezes estão voltadas ao armazenamento, segregação e tratamento adequados dos resíduos gerados pelo empreendimento. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a definição de condicionantes e seus principais tipos. Além disso, irá aprender sobre os estudos adicionais que o órgão ambiental poderá exigir e os prazos que o empreendedor possui para a entrega deles. Por fim, serão apresentadas formas de verificação do andamento do processo licenciatório e as consequências, quando identificada alguma irregularidade.Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Demonstrar as principais condicionantes presentes na LP, LI e LO.• Identificar os distintos estudos adicionais exigidos pelo órgão ambiental.• Explicar as formas de verificação do andamento dos processos licenciatórios e as formas de invalidação das licenças ambientais. • DESAFIO As condicionantes são compromissos assumidos pelos empreendedores, ainda durante o processo de licenciamento ambiental de seus empreendimentos, e têm como objetivo evitar, mitigar ou compensar os impactos ambientais e sociais que determinado empreendimento ou atividade poderá ocasionar. Dessa forma, seu cliente precisa saber: 1. Se ele necessita encaminhar uma nova licença ambiental ao órgão ambiental, ou pelo fato do estabelecimento já possuir licenciamento, deverá esperar a licença em vigor vencer, e só então encaminhar as alterações? 2. Caso ocorra uma fiscalização ambiental, o órgão ambiental poderá impor algum tipo de sanção ao estabelecimento? Justifique suas respostas com argumentos plausíveis. INFOGRÁFICO Para que um determinado empreendimento obtenha a licença ambiental, esse precisa seguir e respeitar as condicionantes impostas pelo órgão ambiental competente. A palavra condicionante propriamente dita, refere-se a tudo aquilo que condiciona, ou seja, que restringe/cria condicionamentos. Em outras palavras, as condicionantes estabelecem condições para a realização ou o cumprimento de alguma coisa. Em relação às condicionastes ambientais, estas consistem em um compromisso e uma garantia que precisa existir, de modo a identificar os impactos ambientais e achar soluções para reduzir ou adequar esses às normas ambientais em vigor. As condicionantes ambientais são, dessa forma, ações que visam a mitigar e controlar impactos que podem afetar drasticamente o meio ambiente em que um determinado empreendimento será ou está sendo inserido. Existem diferentes tipos de condicionantes. Para saber quais são esses tipos, acompanhe o Infográfico a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Muitas vezes os termos condicionantes e compensações ambientais acabam sendo confundidos. As condicionantes ambientais consistem nos compromissos e garantias que o empreendedor deve assumir, com base em seu projeto e nos programas e medidas mitigadoras previstos nos estudos ambientais. As compensações ambientais referem-se a ações objetivamente relacionadas à compensação de impactos não mitigáveis (que não podem ser reduzidos) identificados nos estudos ambientais, ou seja, ações específicas e diretamente relacionadas a impactos também específicos e identificados de forma clara o objetiva. Para entender mais a respeito das condicionantes impostas pelos órgãos ambientais competentes, com base nas legislações ambientais vigentes, leia o capítulo Condicionantes e prazos de validade, que faz parte do livro Licenciamento Ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Condicionantes e prazos de validade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apresentar as principais condicionantes presentes nas licenças prévia, de instalação e de operação. Identifi car os distintos estudos adicionais exigidos pelo órgão ambiental. Descrever as formas de verifi cação do andamento dos processos licenciatórios e as formas de invalidação das licenças ambientais. Introdução O licenciamento ambiental tem por finalidade garantir que o desenvolvi- mento ocorra em harmonia e equilíbrio com o meio ambiente. Ou seja, a partir da obtenção da licença ambiental, o empreendedor não precisa mais se preocupar, a não ser com a renovação da licença quando esta estiver vencendo, certo? Errado! O empreendedor precisa respeitar as condicionantes, as quais são impostas pelo órgão ambiental e baseadas nas legislações ambientais vigentes. Existem diferentes condicionantes, que variam de acordo com o tipo de licença (licença prévia [LP], licença de instalação [LI] e licença de operação [LO]). Por exemplo, na LP, o empreendedor precisa achar soluções que visam minimizar os impactos ambientais negativos. Na LI, deve buscar soluções para reduzir resíduos ou po- luições referentes à construção do empreendimento, como material particulado. Já na LO, as condicionantes, muitas vezes, estão voltadas ao armazenamento, à segregação e ao tratamento adequados dos resíduos gerados pelo negócio. Neste capítulo, você vai ler a respeito dos condicionantes e dos seus principais tipos. Além disso, identificará os estudos adicionais que o órgão ambiental poderá exigir e os prazos do empreendedor para os entregar. Por fim, serão apresentadas formas de verificação do andamento do processo licenciatório e as consequências quando identificada alguma irregularidade. Licenças ambientais e as suas condicionantes A licença ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão licenciador autoriza a realização de uma atividade e estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreen- dedor. Portanto, o órgão ambiental deverá expor de maneira clara os motivos que levaram à decisão. As condições impostas, ou condicionantes, em geral relacionadas com os impactos causados pelos empreendimentos, são medidas para evitar, mitigar ou compensar tais consequências (OBSERVATÓRIO LITORAL SUSTENTÁVEL, 2016). A compensação ambiental é obrigatória em processos de licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que provoquem perda de biodiversidade e de recursos naturais, como perda de vegetação nativa, perda de habitat, corredores ecológicos e ecossistemas de interesse para a flora e a fauna, com fundamento no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). No entanto, há impactos no meio ambiente que não são sujeitos à mitiga- ção, ou seja, a reversão dos danos ambientais é impossível. Assim, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) determinou que a compensação de perdas ocorrerá por intermédio da destinação de recursos para a manutenção ou criação de unidades de conservação (UC). A arrecadação e a destinação dos recursos estão relacionadas à execução do licenciamento ambiental: se o processo é estadual ou municipal, é tarefa do órgão ambiental estadual, pois é o responsável pelo licenciamento nessas esferas; se o processo de licenciamento é federal, é tarefa do Comitê de Com- pensação Ambiental Federal (CCAF), órgão colegiado presidido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o órgão licenciador federal. As condicionantes, por sua vez, são compromissos assumidos pelos empreendedores ainda durante o processo de licenciamento ambiental Condicionantes e prazos de validade100 dos seus empreendimentos. São definidas nas diferentes fases do licen- ciamento (LP, LI e LO), quando o órgão licenciador avaliará os estudos de impacto ambiental do empreendimento e emitirá a licença, desde que determinadas condições sejam cumpridas (OBSERVATÓRIO LITORAL SUSTENTÁVEL, 2016). O objetivo das condicionantes é evitar, mitigar ou compensar os impactos ambientais e sociais que determinado empreendimento poderá ocasionar. Ou, então, as condi- cionantes podem ser exigências de realização de estudosou do monitoramento do impacto (ambiental e social) da atividade ou do empreendimento. Após a análise do projeto e a realização da vistoria técnica, o órgão am- biental pode aprovar, rejeitar ou requerer complementações/adequações no pedido de licenciamento. Se aprovado o estudo, o órgão licenciador emite a LP atestando a viabilidade ambiental do empreendimento e definindo as condições necessárias para que o empreendedor possa requer a LI e a LO. Mas quais seriam essas condicionantes na LP, LI e LO? Primeiramente, é preciso ressaltar que essas condicionantes variam de um empreendimento para outro e são as mesmas impostas pelo órgão ambiental. Veja algumas condicionantes nas diferentes licenças ambientais: LP. Normalmente as condicionantes se referem à preservação do meio ambiente e da sociedade, respeitando o projeto ambiental e a licença ambiental. Dessa forma, o empreendimento deverá buscar soluções para minimizar os impactos na fauna, na fl ora, nos recursos hídricos, no solo e na sociedade. LI. Será fornecida após as condicionantes da LP terem sido atendidas. Entre algumas condicionantes que podem estar presentes na LI, encontram-se: a necessidade de o empreendimento possuir local apropriado para ar- mazenamento de resíduos gerados, preferencialmente em área coberta, respeitando normas ambientais vigentes; a proibição da queima de resíduos sólidos de qualquer natureza; a notificação do órgão ambiental em caso de acidente que possa oca- sionar dano ambiental; 101Condicionantes e prazos de validade a prevenção de ascensão e dispersão de material particulado durante a execução da obra. LO. Será fornecida após as condicionantes da LI terem sido atendidas. Entre algumas condicionantes que podem estar presentes na LO, citam-se: a necessidade de segregação, classificação, acondicionamento e arma- zenamento dos resíduos sólidos em áreas que não provoquem conta- minação do meio ambiente; a determinação de manter à disposição da fiscalização ambiental todos os comprovantes de destinação dos resíduos gerados com datas, peso, volume e cópias do licenciamento ambiental das empresas recolhedoras; a elaboração e atualização de planilha de dados referente à destinação/ doação de resíduos, com controle de datas, quantidades, volumes e o responsável pela coleta e destinação final; envio semestral (o prazo pode variar) de uma planilha contendo os dados da destinação/doação dos resíduos para o órgão ambiental. Basicamente, existem três principais tipologias de condicionantes am- bientais definidas pelos órgãos licenciadores: Preventivas, mitigadoras e compensadoras. Medidas preventivas são aquelas que visam evitar que determinada atividade cause algum dano ambiental. Me- didas mitigadoras têm como objetivo minimizar, ou seja, reduzir ou abrandar algum dano ambiental. Medidas compensatórias buscam compensar um dano ambiental que não pode ser prevenido ou mitigado. Estudos e monitoramentos. O empreendedor deverá monitorar o meio físico, biótico ou socioeconômico, observando possíveis impactos que possam ser causados pelo empreendimento. Ou, ainda, deve realizar estudos, diagnósticos e mapeamentos adicionais ao EIA para a adequada caracterização de aspectos físico, biótico ou socioeconômico de impacto do empreendimento, sempre que necessário. Caráter administrativo e de procedimentos. Essa tipologia está relacionada à regularidade do processo de licenciamento ambiental e à adequação do empreendedor a procedimentos que devem obedecer a critérios da legali- dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência. Por exemplo, o órgão ambiental poderá defi nir prazos para a apresentação de documentos Condicionantes e prazos de validade102 técnicos ou, ainda, solicitar a apresentação de relatórios periódicos que comprovem a execução de obrigações previstas nas licenças. Caso esses itens não sejam respeitados, poderá haver sanções ou mesmo o cancelamento da licença ambiental. Estudos adicionais no licenciamento ambiental Para a obtenção da licença ambiental, além do atendimento aos padrões estabelecidos, os impactos ambientais negativos decorrentes da implantação do empreendimento devem ser previstos, corrigidos, mitigados e compen- sados, assim como introduzidas práticas adequadas de gestão na operação (BRASIL, 2002). Dessa forma, existe uma enorme gama de distintos estudos ambientais que podem ser exigidos pelo órgão ambiental, os quais variam, principalmente, de acordo com o porte do empreendimento, o grau poluidor e a localização. Entre os estudos mais comumente solicitados, tem-se o EIA e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) o Relatório de Controle Ambiental (RCA), o Projeto Básico Ambiental (PBA), o Plano de Controle Ambiental (PCA), o Plano de Recuperação de Áreas Degradas (PRAD) e o Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA). Estudos adicionais podem ser exigidos quando o órgão ambiental entender que não há informações suficientes que garantam a proteção do meio ambiente e da sociedade, ou quando os técnicos do órgão ambiental percebem que há alguma informação incoerente ou duvidosa no projeto ambiental, em relação à área. Além disso, também são solicitados quando o órgão ambiental entender que a compensação ambiental não está coerente com a legislação vigente ou, então, que não é suficiente para minimizar ou mitigar os passivos ambientais referentes à obra/atividade. Veja a seguir os estudos adicionais que podem ser exigidos pelo órgão ambiental, conforme IBAMA (BRASIL, 2002). 103Condicionantes e prazos de validade Análise de risco — é utilizada para avaliar tanto a implementação quanto a operação de uma atividade ou um empreendimento no que se refere aos perigos envolvendo a operação com produtos perigosos (químicos tóxicos, infl amáveis ou explosivos). Os fatores que infl uenciam os estudos de análise de riscos são periculosidade das substâncias, quantidade das substâncias e vulnerabilidade da região. Dessa forma, esses estudos devem apresentar principalmente a caracterização do empreendimento e da região, a identifi cação de perigos e consolidação dos cenários acidentais, a estimativa dos efeitos físicos e análise de vulnerabilidade, a estimativa de frequências, a estimativa e avaliação de riscos, o gerenciamento de riscos e conclusões. Plano de Ação de Emergência (PAE) — normalmente está associado ao processo de gerenciamento de riscos. A sua elaboração se baseia nos resultados obtidos no estudo de análise e avaliação de riscos e na legislação vigente. Comumente, o órgão ambiental pode solicitar os seguintes estudos/itens na PAE: descrição das instalações envolvidas; cenários acidentais considerados; área de abrangência e limitações do plano; estrutura organizacional, contemplando as atribuições e responsabili- dades dos envolvidos; fluxograma de acionamento; ações de resposta às situações emergenciais, como combate a incêndios, isolamento, evacuação e controle de vazamentos; tipos e cronogramas de exercícios teóricos e práticos, de acordo com os diferentes cenários acidentais estimados; documentos anexos, como plantas de localização da instalação e planta industrial, incluindo a vizinhança sob risco, listas de acionamento (internas e externas), lista de equipamentos, sistemas de comunicação e alternativos de energia elétrica, relatórios, etc. Importância e cuidados Para cada tipo de licença ambiental, existem diferentes estudos e análises que devem ser apresentados ao órgão ambiental. Porém, é muito comum os responsáveis pelo empreendimento/atividade não lerem o licenciamento na íntegra após recebê-lo, arquivando-o em um lugar qualquer. Condicionantes e prazos de validade104 É importante ressaltar que a licença ambiental, bem como demais alvarás, deve estar fixada em local visível. Na maioria das licenças, constaque, caso não forem cumpridas as condi- cionantes ambientais, o órgão ambiental tem o direito de cancelar a licença. Para facilitar o entendimento, serão descritos a seguir dois exemplos práticas de empreendimentos que, mesmo possuindo o licenciamento ambiental (no caso, a licença de operação), devem apresentar documentos periodicamente para o órgão ambiental. 1. Posto de gasolina sem lavagem veicular: o órgão ambiental poderá descrever na LO que, semestralmente, os comprovantes de destinação dos resíduos deverão ser entregues para uma empresa devidamente licenciada e apta a recebê-los/tratá-los, conforme descrito no Plano Geral de Resíduos Sólidos (PGRS). Ou seja, caso os recibos não forem apresentados, o empreendimento não estará respeitando as condicionan- tes contidas na licença ambiental, e, dessa forma, poderá ser multado e ter a sua licença anulada. 2. Posto de gasolina com lavagem veicular: além de solicitar os recibos de destinação de resíduos, o órgão ambiental poderá requerer que, trimestralmente, semestralmente ou anualmente, seja entregue um laudo físico-químico da qualidade do efluente final. Esse laudo deve ser emitido por um laboratório devidamente credenciado e conter a análise de diferentes parâmetros, como pH, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), turbidez, óleos e graxas, surfactantes, entre outros. Os parâmetros são utilizados na caracterização da qualidade da água e indicam a quantidade de impurezas presentes nela, bem como apontam se tais impurezas estão de acordo com o que foi instituídos para determinado uso. Atualmente, a Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011, dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementando e alterando a Resolução nº. 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 105Condicionantes e prazos de validade No art. 4º da Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (BRASIL, 1997), é descrito que a União pode articular-se com os Estados, tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. Logo, cada estado brasileiro poderá apresentar legislações específicas mais restritivas tratando-se dos parâmetros máximos permitidos, tanto para captação de águas para consumo humano quanto para o lançamento de águas em corpos receptores (efluente final). A periodicidade da apresentação dos laudos, recibos, entre outros, varia de acordo com órgão ambiental, o tipo e o porte do empreendimento, e o grau poluidor. Dessa forma, é fundamental deixar a licença ambiental em local visível, ou mesmo elaborar planilhas que facilitem a organização, a fim de não perder os prazos de entrega. Cabe ressaltar que muitos responsáveis técnicos pelo empreendimento ganham um dinheiro extra nesses períodos. Isto porque, como possuem o seu nome atrelado ao empreendimento, uma vez que emitiram uma Anota- ção de Responsabilidade Técnica (ART), lembram o empreendedor das suas responsabilidades com o órgão ambiental, e, dessa forma, comumente são os responsáveis por entrar em contato com as empresas que recolhem os resíduos ou as análises de efluentes. Além disso, quando os parâmetros analisados não atenderem à legislação, muitas vezes por falta de limpeza na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), os técnicos solicitam a limpeza ou o uso/alteração de algum agente químico, como coagulantes/floculante ou correção de pH, para que as nor- mativas de lançamento de efluentes sejam atendidas — serviço cobrado separadamente. Verificação dos processos licenciatórios Entre as principais etapas do licenciamento ambiental, estão: a contratação de uma equipe multidisciplinar; a realização dos estudos ambientais; Condicionantes e prazos de validade106 a elaboração do projeto ambiental; o pagamento de taxas; encaminhamento do projeto ambiental ao órgão competente. Quando o projeto é apresentado ao órgão ambiental, de acordo com as suas exigências, é entregue um recibo contendo o número de protocolo da documentação. Esse protocolo consiste em uma sequência de números e letras que tem como finalidade a verificação do andamento do processo licenciatório. É fundamental o proprietário ter em mãos o número do protocolo quando necessitar verificar o andamento do seu projeto. Como existem pilhas de projetos a serem ana- lisados, o protocolo agiliza a consulta. Existem diferentes formas de verificação do processo licenciatório: pelo do site do órgão ambiental, na central de atendimento ou ligando diretamente para o órgão. Porém, é indicado que o empreendedor, na medida do possível, consulte o andamento por meio do site, pois muitos órgãos ambientais passam por algumas dificuldades, como o número reduzido de técnicos. Essa realidade faz o andamento dos projetos ficar ainda mais lento quando é necessário prestar informações para o empreendedor. Para consultar o processo de licenciamento em órgão federal, como o IBAMA, o em- preendedor deverá acessar o site https://goo.gl/aLBqVT, clicando na aba “Consulta a processos de licenciamento ambiental”, conforme figura abaixo. Cada órgão ambiental estadual possui particularidades nos seus sites, portanto recomendamos que você entre em contato diretamente com o orgão. Já os órgãos ambientais municipais, dependendo do porte, podem não ter um endereço eletrônico para verificar o andamento; assim, você deve entrar em contato por telefone ou pessoalmente. 107Condicionantes e prazos de validade Figura 1. Consulta do processo licenciatório em nível federal. Fonte: Brasil (2002). Formas de invalidação de documentos licenciatórios As licenças ambientais poderão ser revogadas, suspensas, anuladas ou cas- sadas se, no curso da sua vigência, for considerado o descumprimento das condicionantes previstas na licença concedida. A licença ambiental pode ser revogada se um dos seguintes casos ocorrer: por motivo de conveniência ou oportunidade, o documento licenciatório ambiental for invalidado; o documento licenciatório é válido, mas se tornou inconveniente ao interesse público; o documento licenciatório foi emitido contendo erro, de qualquer das partes, mas não houve ilegalidade; a revogação for utilizada para correções de erros e alterações de respon- sabilidade ambiental durante a vigência de documentos licenciatórios. A suspensão da licença ambiental pressupõe a suspensão dos seus efeitos, ou seja, a descontinuidade da vigência. A suspensão da licença ambiental pode ocorrer por vontade do próprio administrativo, que temporariamente interrompe a atividade autorizada. Condicionantes e prazos de validade108 É importante ressaltar, entretanto, que a eficácia do documento licenciatório ambiental poderá ser retomada após a verificação do atendimento de normas ambientais. A anulação pode ocorrer por motivo de ilegalidade ou ilegitimidade. A licença ambiental pode ser anulada sempre que não tenha sido observada a totalidade das normas legais que disciplinam a sua concessão. Por fim, a cassação da licença ambiental pode ocorrer por descumprimento por parte do empreendedor das condições que deveriam ser atendidas. Nesse caso, a norma ambiental deve ser infringida de maneira que não possibilite a sua adequação no desenvolvimento ordinário da atividade. 1. Com relação às condicionantes ambientais, assinale a alternativa correta. a) Apenas a LO apresenta condicionantes. b) O responsável técnico é o responsável por impor as condicionantes, as quais devem estar apresentadas no projeto ambiental. c) O principal objetivo das condicionantes ambientais é proteger a sociedade de possíveis impactos ambientais negativos. d) As condicionantes consistem em compromissos assumidos pelo responsável técnico, ainda durante o processo de licenciamento ambiental. e) Caso as condicionantes ambientais impostas não sejam respeitadas, o empreendedor poderásofrer sanções, como multas ou mesmo a perda da licença ambiental. 2. Após encaminhar o projeto ambiental, João obteve a licença ambiental de operação. Porém, ao chegar no seu empreendimento, verificou que o número do CNPJ estava errado na licença ambiental. Entre as alternativas a seguir, qual está correta? a) João deverá encaminhar todo o processo de licenciamento ambiental novamente. b) João deve solicitar a anulação da licença ambiental. c) João pode ter a sua licença cassada, pois, afinal, ele prestou informações falsas. d) João deve entrar em contato com o responsável técnico 109Condicionantes e prazos de validade contratado por ele, para que o mesmo encaminhe no órgão ambiental, por meio de um protocolo, um pedido formal de alteração do número de CNPJ. e) João não deve se importar com este erro, pois não haverá prejuízos. 3. Com relação aos prazos de análise do projeto ambiental e aos prazos do empreendedor para a entrega de estudos adicionais, qual é a alternativa correta? a) Os prazos de análises dos diferentes processos licenciatórios (LP, LI e LO) são iguais. b) Uma vez estipulado um prazo para entrega de estudos adicionais, não poderá mais ser alterado. c) Os órgãos ambientais têm o prazo máximo de um mês para apresentar um parecer para determinada atividade/ empreendimento. d) Por lei, o órgão ambiental poderá fornecer o prazo máximos de quatro meses para que o empreendedor apresenta estudos adicionais (quando necessário). e) A renovação da licença de operação deve ser solicitada 90 dias antes da expiração do prazo de validade. 4. Pedro é um dos responsáveis técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e está analisando um projeto de supressão de vegetação. Durante a análise, ele percebeu que não foram descritos os impactos na fauna local. Entre as alternativas a seguir, qual está correta? a) Pedro poderá solicitar estudos adicionais, pois o projeto ambiental não apresenta tal impacto ambiental. b) Uma vez protocolado o projeto ambiental, os técnicos não possuem autonomia para exigir complementações. c) Pedro deverá entrar em contato por telefone com o responsável técnico e informar a não descrição dos impactos na fauna. d) Pedro deverá indeferir o projeto ambiental. e) Pedro deverá fornecer a licença ambiental, porém, exigindo que o proprietário apresente, ainda durante o vigor da licença, o laudo de impacto na fauna. 5. Entre as alternativas a seguir, qual é considerado um exemplo de condicionantes visando obter a licença de operação? a) Apresentar o laudo geológico da área. b) Apresentar a planta baixa do empreendimento. c) Apresentar estudos de impacto de vizinhança. d) Apresentar o laudo de cobertura vegetal. e) Apresentar o PGRS. Condicionantes e prazos de validade110 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Guia de procedimentos do licenciamento ambiental: documento de referência. Brasília: MMA, 2002. BRASIL. Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. OBSERVATÓRIO LITORAL SUSTENTÁVEL. Condicionantes. Boletim informativo, n. 3, 2016. Disponível em: <http://polis.org.br/wp-content/uploads/bo_03.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. Leituras recomendadas BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. Brasília: TCU, 2004. Disponível em: http://www.ambiente.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/ cart_tcu.PDF>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 111Condicionantes e prazos de validade Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado. Portanto, modificações posteriores, como, por exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da área de influência, deverão ser levadas novamente ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o órgão ambiental monitorará, ao longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes determinadas ao empreendimento. Em relação às condicionantes, estas visam à implementação correta dos programas de monitoramento e acompanhamento ambiental do empreendimento. Também objetivam prevenir riscos à saúde e ao meio ambiente. Para saber mais a respeito das condicionantes, assista o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Em relação às condicionantes ambientais, assinale a alternativa CORRETA. A) Apenas a licença de operação (LO) apresenta condicionantes. B) O responsável técnico é o responsável por impor as condicionantes, as quais devem estar apresentadas no projeto ambiental. C) O principal objetivo das condicionantes ambientais é proteger a sociedade de possíveis impactos ambientais negativos. D) As condicionantes consistem em compromissos assumidos pelo responsável técnico, ainda durante o processo de licenciamento ambiental. E) Caso as condicionantes ambientais impostas não sejam respeitadas, o empreendedor poderá sofrer sanções, como multas ou mesmo a perda da licença ambiental. 2) Após encaminhar o projeto ambiental, João obteve sua licença ambiental de operação. Porém, ao chegar em seu empreendimento, verificou que o número do CNPJ está digitado errado na licença ambiental. Entre as alternativas a seguir, qual está CORRETA? A) João deverá encaminhar todo o processo de licenciamento ambiental novamente. B) João deve solicitar a anulação da licença ambiental. C) João pode ter sua licença cassada, pois, afinal de contas, ele prestou informações falsas. D) João deve entrar em contato com o responsável técnico contratado por ele, para que esse encaminhe, no órgão ambiental, através de um protocolo, um pedido formal de alteração do número de CNPJ. E) João não deve se importar com esse erro, pois não haverá prejuízos a ele. 3) Em relação aos prazos de análise do projeto ambiental e dos prazos do empreendedor quanto à entrega de estudos adicionais, qual é a alternativa CORRETA? A) Os prazos de análise dos diferentes processos licenciatórios (LP, LI e LO) são iguais. B) Uma vez estipulado um prazo para entrega de estudos adicionais,esse não poderá mais ser alterado. C) Os órgãos ambientais têm o prazo máximo de um mês para apresentar um parecer para determinada atividade/empreendimento. D) Por lei, o órgão ambiental poderá fornecer o prazo máximos de quatro meses para que o empreendedor apresente estudos adicionais (quando necessário). E) A renovação da licença de operação deve ser solicitada 90 dias antes da expiração do prazo de validade. 4) Pedro é um dos responsáveis técnicos da secretaria municipal do meio ambiente, e está analisando um projeto de supressão de vegetação. Durante a análise, ele percebeu que NÃO foram descritos os impactos na fauna local. Entre as alternativas a seguir, qual está CORRETA? A) Ele poderá solicitar estudos adicionais, pois o projeto ambiental não apresenta tal impacto ambiental. B) Uma vez protocolado o projeto ambiental, os técnicos não possuem autonomia para exigir complementações. C) Pedro deverá entrar em contato, por telefone, com o responsável técnico, informando a não descrição dos impactos na fauna. D) Pedro deverá indeferir o projeto ambiental. E) Pedro deve fornecer a licença ambiental, porém exigir que o proprietário apresente, ainda durante o vigor da licença, o laudo de impacto na fauna. 5) Entre as alternativas a seguir, qual é considerada um exemplo de condicionantes visando a obter a licença de operação? A) Apresentar o laudo geológico da área. B) Apresentar a planta baixa do empreendimento. C) Apresentar estudos de impacto de vizinhança. D) Apresentar o laudo de cobertura vegetal. E) Apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). NA PRÁTICA Carlos adquiriu recentemente uma rampa de lavagem, e após contratar um técnico que realizou o estudo ambiental e encaminhamento do projeto ambiental ao órgão ambiental municipal, obteve a licença ambiental, com validade de 4 anos. Porém, na referida licença ambiental, estão descritas algumas condicionantes ambientais que devem ser cumpridas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Acompanhe no artigo a seguir, os aspectos legais do licenciamento ambiental de loteamentos no município de Caçador/SC. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Para que a Usina Hidrelétrica de Belo Monte fosse construída, foram definidas diversas condicionantes que devem ser realizadas para compensar impactos sociais, ambientais e econômicos na região impactada pela obra. Confira no vídeo a seguir quais são essas condicionantes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Acompanhe no texto a seguir quais são as condicionantes descritas na licença ambiental e o que está sendo feito para atendê-las na construção da hidrelétrica de Belo Monte. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estudos ambientais: definição, objetivos e importância APRESENTAÇÃO Toda e qualquer atividade/empreendimento irá resultar em impactos ambientais, que podem ser tanto positivos como negativos. Esses impactos podem variar de acordo com o grau poluidor e do tamanho do empreendimento. Para saber exatamente quais serão as consequências ambientais, deve-se realizar estudos ambientais, analisando o meio biótico e abiótico. Em outras palavras, os estudos ambientais caracterizam a essência do licenciamento ambiental, são eles que irão definir se determinado empreendimento poderá ou não ocorrer. Existem diferentes tipos de estudos ambientais, sendo fundamental analisar a cobertura vegetal da área e a fauna associada, além de identificar o tipo de solo e a profundidade do lençol freático. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender melhor os estudos ambientais e seus diferentes tipos. Não há como dizer quais estudos serão necessários para determinado licenciamento ambiental, por isso, é importante consultar sempre o órgão ambiental, que fornece, nos próprios termos de referência, o que deverá ser apresentado. Além disso, serão vistos os laudos de cobertura vegetal, da fauna e geológico, laudos que requerem maior atenção e tempo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os objetivos e tipos de estudos ambientais.• Distinguir laudo de cobertura vegetal e laudo de fauna.• Reconhecer a importância do laudo geológico.• DESAFIO Sabe-se que o licenciamento ambiental é um procedimento que envolve uma equipe multidisciplinar, pois é necessário analisar os impactos ambientais do meio abiótico e biótico. Veja a situação a seguir. Visando a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica-PCH, a empresa Construct, após 1 mês de muitos estudos ambientais, encaminhou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para o órgão ambiental estadual, uma vez que a área de inundação ultrapassa limites municipais. Após o corpo técnico do órgão estadual realizar vistoria e apresentação do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para a população, foi possível concluir o seguinte: Percebe-se que a empresa analisou a fauna, a flora e as características da população vizinha ao empreendimento porém, você, como responsável pelo licenciamento ambiental do órgão estadual, julga que essa análise está correta? Você emitiria um parecer técnico favorável ou desfavorável à construção dessa hidrelétrica? Justifique suas respostas com argumentos plausíveis. INFOGRÁFICO O processo de licenciamento ambiental para a liberação de uma determinada atividade/empreendimento consiste em apresentar documentos técnicos e estudos ambientais ao órgão ambiental competente, visando a fornecer embasamento teórico e prático ao licenciamento da atividade em questão. Existem diversos tipos de documentos técnicos que o órgão poderá solicitar, como requerimentos, caracterização do empreendimento, termo de referência e estudos ambientais. Especificamente falando dos estudos ambientais, estes devem ser elaborados com cautela, visando a analisar o meio biótico e abiótico. Existem diferentes tipos de estudos ambientais, como: EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD, programas de monitoramento, educação ambiental, entre outros. Confira no Infográfico a seguir como ocorrem esses estudos ambientais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Basicamente, os estudos ambientais objetivam analisar os impactos ambientais, principalmente os negativos, que uma certa atividade ou empreendimento poderá ocasionar. Mas está enganado quem pensa que esses estudos estão voltados unicamente ao meio ambiente, ou seja, à fauna e à flora. Deve-se analisar também a geologia do local, visando a saber qual é o tipo de solo e a profundidade do lençol freático, pois alguns solos são mais vulneráveis que outros, como, por exemplo, os solos arenosos. Além disso, dependendo da atividade, é fundamental saber a profundidade do lençol freático, pois caso venham a ocorrer vazamentos ou contaminações, enormes passivos ambientais podem ocorrer, colocando em risco tanto o meio ambiente como a população, caso consumam a água contaminada. Para entender mais a respeito dos diferentes tipos e importância dos estudos ambientais, leia o capítulo Estudos Ambientais: definição, objetivos e importância, parte do livro Licenciamento Ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Tiago Stein Estudos ambientais: defi nição, objetivos e importância Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identifi car os objetivos e tipos de estudos ambientais. Distinguir laudo de cobertura vegetal de laudo de fauna. Reconhecer a importância do laudo geológico. Introdução Todo e qualquer empreendimento ou atividade resultará em impactos ambientais, que podem ser tanto positivos quanto negativos. Obviamente, esses impactos variam de acordocom o grau poluidor e o porte do empreendimento. Para saber exatamente quais são as consequências ambientais, devem ser realizados estudos ambientais, que inclui a análise do meio biótico e abiótico. Em outras palavras, os estudos ambientais caracterizam a essência do licenciamento ambiental, pois são eles que vão definir se determinado empreendimento poderá ou não sair. Neste capítulo, você vai ler a respeito dos estudos ambientais e seus diferentes tipos. Existem diferentes tipos de estudos ambientais, sendo fundamental analisar a cobertura vegetal da área e a fauna associada, além de identificar o tipo de solo e a profundidade do lençol freático. Ainda, você vai ler sobre os laudos de cobertura vegetal, da fauna e geológico, por serem laudos demorados, que requerem maior atenção. Definições gerais Como vimos, o licenciamento ambiental objetiva principalmente a proteção do meio ambiente, mas sem deixar de lado o desenvolvimento econômico. Embora essa defi nição pareça simples, esse assunto gera muita discussão na prática, porque, dependendo da atividade ou do empreendimento a ser cons- truído, difi cilmente não haverá impactos ambientais. Um bom exemplo é a construção de uma hidrelétrica, em que vastas áreas acabam sendo inundadas. De um lado está a necessidade de o País fornecer energia para a população; de outro, os impactos ambientais que podem ocorrer. Os estudos ambientais objetivam analisar principalmente os impactos negativos que determinada atividade pode ocasionar no meio ambiente. Para realizar esse levantamento, o órgão ambiental pode solicitar relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (BRASIL, 2009). Portanto, é essencial investir nos estudos ambientais, visando descobrir quais são os prováveis impactos ambientais que determinada atividade pode ocasionar. Está enganado quem pensa que esses estudos estão voltados unicamente ao meio biótico, característico dos seres vivos ou que está vinculado a estes. É preciso analisar também o meio abiótico (todas as influências que os seres vivos possam receber em um ecossistema, derivadas de aspectos físicos, químicos ou físico-químicos do meio ambiente) e o socioeconômico, ou seja, a interferência na vida dos moradores e nas atividades no entorno do empreendimento. Os estudos ambientais necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados (equipe multidisci- plinar), e os custos são arcados pelo empreendedor. Ou seja, o principal objetivo dos estudos ambientais é analisar os possíveis impactos ambientais. De acordo com o MMA (BRASIL, 2009), esses estudos incluem alterna- Estudos ambientais: definição, objetivos e importância114 tivas à ação ou ao projeto e pressupõem a participação do público, não representando um instrumento de decisão em si, mas um instrumento de conhecimento a serviço da decisão. Impactos ambientais são alterações no ambiente causadas pelo desenvolvimento das atividades humanas no espaço geográfico. Podem ser positivos, quando resultam em melhorias para o ambiente, ou negativos, quando essas alterações causam algum risco para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. Normalmente, o termo impacto ambiental é mais utilizado para atividades negativas. Tipos de estudos ambientais Existem diferentes tipos de estudos ambientais. Os mais empregados, de acordo com MMA (BRASIL, 2009), são: Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) — série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científi cos, com o objetivo de caracterizar e identifi car impactos potenciais na instalação futura de um empreendimento, ou seja, de prever a magnitude e a importância desses impactos. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) — o EIA é um documento de natureza técnica, cuja fi nalidade é avaliar os impactos ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. Deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle ambiental, garantindo o uso sustentável dos recursos naturais. Já o RIMA deve refl etir as conclusões do EIA e tem como objetivo informar à sociedade sobre os impactos, medidas mitigadoras e programas de monitoramento do empreen- dimento ou da atividade. Para que esse objetivo seja atendido, o RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e de fácil compreensão. Projeto Básico Ambiental (PBA) — deverá apresentar um detalhamento de todos os programas e projetos ambientais previstos, ou seja, aqueles pro- 115Estudos ambientais: definição, objetivos e importância venientes do EIA/RIMA, bem como os considerados pertinentes pelo órgão licenciador. Constitui-se em um dos documentos-base para a obtenção da licença de instalação (LI). Plano de Controle Ambiental (PCA) — é exigido para a concessão da LI de atividade de extração mineral de todas as classes. O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA, apresentado na fase anterior à concessão da licença prévia (LP). No entanto, o PCA tem sido exigido, também, para o licenciamento de outros tipos de atividades. Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) — concebido para a recomposição de áreas degradadas pela atividade de exploração de recursos minerais. No entanto, tem sido utilizado para os diversos tipos de empreen- dimentos e, geralmente, é previsto no escopo dos estudos ambientais. Relatório de Controle Ambiental (RCA) — é exigido na hipótese de dispensa do EIA/RIMA para a obtenção da LP de atividades de extração mineral da classe II. Deve ser elaborado de acordo com as diretrizes esta- belecidas pelo órgão ambiental competente. O RCA tem sido exigido por alguns órgãos de meio ambiente também para o licenciamento de outros tipos de atividade. Análise de risco — consiste em uma metodologia para analisar as possíveis consequências negativas para a sociedade de atividades humanas ou das forças da natureza. De maneira geral, a análise de riscos tem por objetivo responder às seguintes perguntas com relação a um determinado empreen- dimento ou atividade: O que pode acontecer de errado? Com que frequência isso pode acontecer? Quais são os efeitos e as consequências? É necessário reduzir os riscos? De que modo isso pode ser feito? Estudos ambientais: definição, objetivos e importância116 Relatório Ambiental Simplifi cado (RAS) — estudos relativos aos aspec- tos ambientais relacionados à localização, instalação e operação de novos empreendimentos habitacionais, incluindo as atividades de infraestrutura de saneamento básico, viária e energia, apresentados como subsídio para a concessão da licença requerida, que conterá, entre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, a sua caracterização, a identifi cação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação. Todos esses estudos são aplicáveis para determinados tipos de empreendimentos. Para uniformizar e padronizar esses estudos, os órgãos ambientais elaboram os termos de referência (TR), visando orientar os profissionais na elaboração de qualquer tipo de estudo ambiental. Dessa forma, o TR bem elaborado é um dos passos fundamentais para que um estudo ambiental alcance a qualidade esperada. Laudo de cobertura vegetal e laudo de fauna Como vimos, os estudos ambientais são fundamentais visando prevenir ao máximo os impactos ambientais. Em relação ao licenciamento ambiental, é fundamental saber identifi car a cobertura vegetal e a fauna associadas em determinada área. A identifi cação da cobertura vegetal ocorre por meio de laudos, sendo que esse estudo pode levar bastante tempo, dependendo do tamanho da área a ser analisada. O laudo de cobertura vegetal consiste em levantamento in loco daco- bertura vegetal existente nas áreas, com avaliação da florística, composição qualiquantitativa das espécies florestais, estudo do grau de sucessão florestal existente, identificação de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, com registro fotográfico, emissão de laudos e pareceres técnicos (Figura 1). 117Estudos ambientais: definição, objetivos e importância Figura 1. a) Obtenção da circunferência na altura do peito e b) obtenção da altura média da árvore. Fonte: Robert Cum/Shutterstock. Segundo a Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, elaborar ou apresentar, no licencia- mento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão, é considerado crime ambiental, resultando em uma pena com reclusão de três a seis anos e multa (BRASIL, 1998). Estudos ambientais: definição, objetivos e importância118 Uma das informações mais importantes que deve constar no laudo de cobertura vegetal é a fase de sucessão ecológica que a vegetação se encontra. A expressão sucessão ecológica é usada para descrever processos de alteração nos ecossistemas sobre várias escalas, como temporal, espacial ou vegetacional. Ou seja, sucessão é o processo ordenado de mudanças em um determinado ecossistema, resultando na modificação do ambiente físico pela comunidade biológica (ROSARIO, 2010). Além disso, deve constar, no laudo de cobertura vegetal, a qual grupo ecológico a vegetação da respectiva área pertence. Os grupos ecológicos representam o comportamento das espécies f lorestais nos processos de sucessão ecológica, que ocorrem de forma natural (por exemplo, uma árvore que tomba, abrindo uma clareira em uma mata) ou devido à ação humana. Esses grupos são formados por espécies que apresentam características biológicas e ecológicas em comuns, além da regeneração natural e padrão de crescimento da espécie. O grupo ecológico pode apresentar três dife- rentes tipos: Pioneiras (P) — são as primeiras a aparecerem em uma clareira recente. São espécies cujas sementes necessitam da luz solar direta para germinarem. Normalmente, têm tamanho médio, são transportadas à longa distância por animais, principalmente pássaros e morcegos, e apresentam dormência e alta longevidade. A regeneração natural ocorre principalmente a partir do banco de sementes existentes no solo. A plântula necessita de luz para desenvolvimento e apresenta pouca reserva. A planta jovem apresenta rápido crescimento e competição por luz. São espécies de rápido crescimento, regeneração precoce, com produção contínua de sementes, ciclo de vida curto, podendo atingir de 5 a 8 m de altura. São modifi cadoras do ambiente após a germinação e desenvolvimento, propiciando condições para germinação e desenvolvimento das espécies secundárias e climácicas. Secundárias (S) — também conhecidas como oportunistas de clareira, têm sementes geralmente aladas e de curta longevidade natural, necessitando de períodos secos para a sua dispersão anemocórica (disseminação de sementes de uma planta pela ação dos ventos), mas também podem apresentar dispersão zoocórica (dispersão de sementes por animais). As sementes não apresentam dormência e têm condições de germinarem à sombra da mata, muitas vezes formando banco de plântulas sob o dossel. As plântulas recém-germinadas apresentam pouca reserva e o seu desenvolvimento é estimulado com o sur- gimento de clareira. 119Estudos ambientais: definição, objetivos e importância Algumas bibliografias dividem as espécies secundárias em inicial e tardia. Nas espécies caracterizadas como inicial, o crescimento é mais rápido, a madeira é leve e não toleram sobra, sendo o tempo para primeira reprodução de 5 a 10 anos. Já nas espécies secundárias tardias, o crescimento é médio a rápido, a madeira normalmente é dura são intolerantes a sombra no estágio juvenil e a idade da primeira reprodução é entre 10 a 20 anos (MORAES et al., 2013). Climácicas (C) — com uma grande quantidade de nutrientes e todas condições e recursos ideais, bem como uma fauna já associada ao local, outras espécies muito mais exigentes, com ciclo de vinda longo e melhores competidoras, estabelecem-se: as espécies clímax. Elas dependem da umidade no solo e também de uma ampla gama de nutrientes para que as suas sementes germinem. As sementes das espécies clímax geralmente são grandes, protegidas por uma camada grossa de tecido que evita a perda de água e difi culta a predação por pequenos insetos. Enquanto as pioneiras e secundárias são pouco exigentes, competidoras inferiores e investem em sementes pequenas que são facilmente dispersadas pelo vento e água, as espécies clímax são competidoras superio- res, mais exigentes e dependem geralmente da fauna para dispersar as suas sementes, que são grandes e associadas a frutos. Os frutos dessas espécies são fundamentais, e é por meio deles que a maioria é dispersada. As florestas secundárias são classificadas de acordo com o estágio de regeneração. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução nº. 29, de 7 de dezembro de 1994, defini-as em: estágio inicial de regeneração — surge logo após o abandono do solo. Esse estágio geralmente dura entre seis e dez anos, dependendo do grau de degradação do solo e do entorno. A altura média da vegetação não ultrapassa quatro metros. estágio médio de regeneração — esse estágio pode ocorrer entre seis e 15 anos depois do abandono do solo. As árvores podem atingir o comprimento de 12 metros. A diversidade aumenta, mas ainda há pre- dominância de espécies de árvores pioneiras. estágio avançado de regeneração — inicia-se geralmente depois de 15 anos e pode levar de 60 a 200 anos para alcançar novamente o estágio semelhante à floresta primária (floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas alterações das características Estudos ambientais: definição, objetivos e importância120 originais de estrutura e de espécies). A diversidade aumenta gradual- mente à medida que o tempo passa e esse processo é acelerado caso existam remanescentes primários para fornecer sementes. A altura média das árvores é superior a 12 metros. No laudo de cobertura vegetal, devem ser identificadas espécies raras, endêmicas, ameaçadas de extinção e imunes ao corte conforme portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) nº. 37-N, de 3 de abril de 1992 (INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, 1992). Laudo de fauna Segundo a Lei de Proteção à Fauna Brasileira, os animais selvagens constituem um patrimônio público, sendo a sua preservação um dever e uma necessidade de todos os cidadãos (Lei Federal nº. 5.197, de janeiro de 1967). O art. 1º da referida Lei respalda: os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase de seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora de cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida sua utilização perseguição, destruição, caça ou apanha (BRASIL, 1967). Assim, a fauna presente na referida área deve ser identificada. Esse le- vantamento deve ocorrer principalmente percorrendo toda a sua extensão, analisando vestígios (pegadas, restos de comida, fezes, entre outros) por meio de bibliografias ou de conversa com moradores mais antigos. Pelo fato de muitos animais terem hábitos noturnos, é indicado a colocação de armadilhas, visando identificar o máximo de espécies possíveis. Cabe ressaltar que tanto o laudo vegetal quanto o laudo da fauna devem ser realizados por profissionais as atribuições necessárias, visto que os animais vertebrados (aves, mamíferos, peixes, répteis e anfíbios) e os invertebrados (insetos, aracnídeos, crustáceos, centopeias, moluscos e vermes) possuem 121Estudos ambientais: definição, objetivos e importância característicase hábitos totalmente distintos, que só podem ser identificados por profissionais devidamente capacitados e que conhecem bem as espécies. Dependendo do tipo de empreendimento (no caso de uma hidrelétrica, por exemplo, os impactos ambientais são muito grandes), o levantamento da fauna pode levar até 1 ano, pois é necessário analisar os impactos nos animais migratórios (aves, peixes, entre outros). O órgão ambiental poderá solicitar diferentes estudos/levantamentos da fauna, como: Inventários da Fauna Silvestre, como mastofauna (conjunto de mamí- feros existentes em uma região), herpetofauna (conjunto de répteis e anfíbios de uma região), avifauna (conjunto de aves de uma região) e ictiofauna (conjunto de peixes de uma região); Programas de Monitoramento da Fauna; Programa de Resgate da Fauna Silvestre; Programa de Manejo da Fauna Silvestre; Elaboração de Programas de Monitoramento da Fauna; Elaboração de Programas de Resgate da Fauna; Identificação Taxonômica de Espécies. A construção de hidrelétricas é uma das atividades que mais impacta negativamente o meio ambiente. Houve casos em que o levantamento da flora e da fauna não foi bem feito, ocasionando a extinção de espécies. Para saber mais a respeito do assunto, leia as reportagens disponíveis nestes links: https://goo.gl/XAB3T5 https://goo.gl/yJqfAC https://goo.gl/knmVDG Estudos ambientais: definição, objetivos e importância122 Laudo geológico O laudo geológico é defi nido como um parecer técnico-ambiental, apre- sentando a caracterização geológica e hidrogeológica do ambiente onde o empreendimento será instalado. Os profi ssionais que realizam esse tipo de serviço são principalmente geólogos e engenheiros de minas. Como a expan- são imobiliária vem aumentando nos últimos aos, o laudo geológico tem sido cada vez mais solicitado, sobretudo na demarcação de loteamentos urbanos e rurais, sendo que, nesse caso, o trabalho deverá ser realizado também por um topógrafo. Essa análise técnica acaba assumindo a responsabilidade de dizer se um terreno está apto ou não à construção civil, de acordo com as normas ambientais. Existem diversos tipos de estudos que podem estar inclusos no laudo geológico, sendo recomendado procurar sempre o órgão ambiental para saber exatamente o que será pedido. Isso porque, dependendo da atividade a ser desenvolvida, poderá haver contaminações do solo e até mesmo das águas subterrâneas, ou mesmo queda de taludes, se não forem construídos adequa- damente (Figura 2). Figura 2. Exemplo de uma atividade cujo laudo geológico é de suma importância. Fonte: Dmitriy Kuzmichev/Shutterstock.com. 123Estudos ambientais: definição, objetivos e importância Entre os principais itens que um laudo geológico deve ter, podemos citar, de acordo com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (RIO GRANDE DO SUL, 2017): 1. caracterização geológica da área do empreendimento, abordando aspectos litológicos (composição e grau de alteração das rochas) e estruturais (fraturamentos, falhamentos e tipos de contatos) das rochas ocorrentes por meio da execução de sondagens/cavas representativas de, no mínimo dois metros de profundidade, acompanhada de seções geológicas transversais e longitudinais, especificando tipo e espessura de cada camada com demarcação do nível freático, quando ocorrer; 2. caracterização geomorfológica da área do empreendimento contem- plando a compartimentação do relevo e as formas dominantes, bem como a dinâmica dos processos geomorfológicos; 3. caracterização geotécnica da área do empreendimento, contendo a descrição dos tipos de solo e classes de uso, da declividade dos terrenos versus estabilidade de taludes e propensão a movimentos de massa (áreas com a presença e delimitação de colúvios) e de áreas suscetíveis à erosão e sujeitas à inundação (planície de inundação, travessias e várzeas, solos orgânicos e hidromórficos). No caso de infiltração de efluentes líquidos no solo, devem ser realizados, de forma representativa ao longo da área do empreendimento, ensaios de infiltração de acordo com as normas técnicas brasileiras NBR 13969:1997 ou 7229:1993 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), contendo a indicação da profundidade da cava e locação dos pontos em planta, o tempo de infiltração, coeficiente de infiltração L/m².dia, taxa de percolação em m³/m².dia para cada ensaio, a data e as condições climáticas da época de realização dos referidos testes, e, ainda, posicionamento técnico conclusivo do profissional responsável pelas informações quanto à possibilidade de utilização do solo/subsolo da gleba em receber os efluentes líquidos tratados a serem gerados. 4. caracterização hidrogeológica local, identificando os tipos de aquíferos ocorrentes e o potencial de vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas, considerando a delimitação das zonas de recarga e descarga, bem como a direção de fluxo e a dinâmica do aquífero. Ainda, informa a Estudos ambientais: definição, objetivos e importância124 localização dos poços de captação das águas subterrâneas destinado ao abastecimento público ou privado, existentes na área e no entorno, em um raio de 500 metros sujeitos à influência do empreendimento; 5. caracterização de todos os recursos hídricos superficiais (rios, riachos, sangas, lagos, açudes, nascentes, olhos d’água, drenagens, áreas úmidas, etc.) existentes na área do empreendimento e no seu entorno em um raio de 500 metros (esta metragem pode variar de acordo com as exigência do órgão ambiental competente), contendo a bacia hidrográfica, sub-bacia e curso d’água mais próximo (inserção do empreendimento na micro-bacia hidrográfica), etc. A caracterização deve estar acompanhada de planta em escala adequada com a devida representação dos recursos hídricos identi- ficados, indicando a direção do fluxo preferencial das águas superficiais. O laudo geológico apresenta funções de extrema importância, visando principalmente à proteção ambiental. Entre essas funções, podemos citar: prevenção contra deslizamentos de terra, visto que o estudo da super- fície do solo averígua se ele pode ou não receber a instalação civil, a mineração e demais ações humanas; prevenção contra a contaminação do solo, analisando-se o grau de permeabilidade do solo, identificando se está suscetível à contaminação por combustíveis líquidos, chorume ou outros materiais. combate ao crescimento desordenado das grandes cidades. Uma cons- trução civil só estará autorizada mediante ao parecer positivo do laudo geológico e do licenciamento ambiental sobre as condições físicas do terreno em questão; um projeto arquitetônico que considera que o laudo geológico é desen- volvido de forma mais alinhada às condições ambientais do próprio terreno onde a construção está sendo feita. Futuramente, isso evita erros arquitetônicos que comprometam a estrutura das residências e provoquem rachaduras em paredes e desmoronamentos de casas. É fundamental identificar o tipo de solo, pois este apresenta propriedades e caracterís- ticas distintas. Por exemplo, solos arenosos são mais vulneráveis a processos erosivos em comparação a solos argilosos, o que pode acabar ocasionado graves consequências ambientais, dependo do local e do porte do empreendimento. 125Estudos ambientais: definição, objetivos e importância Estudos ambientais: definição, objetivos e importância126 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi- nistrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605. htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei Federal nº. 5.197, de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L5197.htm>. Acesso em: 23nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 29, de 07 de dezembro de 1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res94/res2994. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Portaria IBAMA nº. 37-N, de 03 de abril de 1992. Reconhece como lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção a relação que apresenta. 1992. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179_05122008033627.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2017. MORAES, L. F. D. et al. Manual técnico para a restauração de áreas degradadas no estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [s.n.], 2013. Disponível em: <https://www.jbrj.gov.br/ sites/all/themes/corporateclean/content/publicacoes/manual_tecnico_restauracao. pdf>. Acesso em: 23 nov. 2017. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler. Licenciamento ambiental. [200-?]. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/licenciamento/area4/mineracao.asp>. Acesso em: 23 nov. 2017. ROSARIO, R. P. G. Estágios sucessionais e o enquadramento jurídico das florestas montanas secundárias na Reserva Florestal do Morro Grande (Cotia, SP) e entorno. Dissertação (Mes- trado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) - Instituto de Botânica da Secretaria do Estado de São Paulo, Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, 2010. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969: Tanques sépticos - Uni- dades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229: projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993. DICA DO PROFESSOR Biodiversidade, ou também conhecida como diversidade biológica, traça a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, medicamentos e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo homem. Dessa forma, toda e qualquer atividade desenvolvida pelo homem deveria passar por um estudo ambiental criterioso, visando a descobrir quais as espécies encontradas na área de instalação. Nem sempre esses estudos são realizados, ou, então, apresentam falhas, colocando em risco a qualidade do meio ambiente, a diversidade biológica e, dependendo da atividade, até mesmo a saúde humana. Confira na Dica do Professor, qual é a importância dos estudos da fauna e da flora e como o meio ambiente pode ser impactado pelas diferentes atividades antrópicas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Visando a identificar os possíveis impactos ambientais, os estudos ambientais apresentam papel fundamental, os quais necessitam conhecimento dos técnicos e cautela. Entre as alternativas a seguir, qual está CORRETA em relação aos estudos ambientais? A) Todos os empreendimentos/atividades que necessitam obter a licença prévia devem providenciar os estudos ambientais. B) O levantamento da fauna de uma região deve ser realizado pelo menos durante 1 ano para os diferentes tipos de empreendimentos. C) Nos estudos ambientais são descritos apenas os impactos na fauna e na flora. D) Os estudos ambientais objetivam apenas levantar impactos ambientais negativos. E) O laudo de cobertura vegetal, um dos principais itens dos estudos ambientais, pode ser realizado por qualquer profissional que tenha cursos superior. 2) Existem diferentes tipos de estudos ambientais, sendo que sua apresentação ou não varia de acordo com o porte do empreendimento, grau poluidor, localização, entre outros. O estudo apresentado para a população, como forma de obter a licença prévia, com um linguajar não técnico, visando o entendimento de todos, é denominado? A) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). B) Relatório de Controle Ambiental (RCA). C) Projeto básico ambiental (PBA). D) Plano de controle ambiental (PCA). E) Estudo de Impacto Ambiental (EIA). 3) Em relação ao levantamento da fauna e da flora, assinale a alternativa CORRETA. A) É fundamental identificar a sucessão ecológica da área onde será implantado o empreendimento. B) A sucessão primária ocorre em uma área que já foi ocupada por uma comunidade anteriormente. C) O órgão ambiental normalmente descreve que os animais invertebrados devem ser identificados no levantamento da fauna. D) A reposição florestal obrigatória é exigida por lei apenas para empreendimentos que apresentam vegetação em estágio avançado de regeneração. E) Espécies pioneiras não necessitam ser apresentadas no laudo florestal, pois essas apresentam um crescimento muito rápido. 4) Em relação ao laudo geológico nos estudos ambientais, qual das alternativas a seguir está CORRETA? A) É exigido pelo órgão ambiental apenas quando há parcelamento dos solos, como a realização de novos loteamentos. B) O objetivo do laudo geológico é apresentar estudos consistentes para a caracterização geológica e hidrogeológica da área de interesse, visando a obtenção do licenciamento ambiental para instalação e/ou funcionamento de empreendimentos. C) A caracterização geomorfológica visa a descrição dos tipos de solo e classes de uso, além de analisar a declividade dos terrenos e a estabilidade de taludes. D) O órgão ambiental solicita o laudo geológico para saber se o solo do local possui capacidade de sustentar a edificação, ou seja, visa a verificar o grau de resistência desse. E) O laudo geológico é uma ferramenta importante na caracterização química da área, pois esse conta com informações relevantes referentes à aptidão do local para a instalação do empreendimento. 5) A Itaipu Binacional é considerada uma das maiores hidrelétricas do mundo, sendo a sua construção uma parceria entre o Brasil e o Paraguai, que ocorreu entre 1975 e 1982. Essa obra, além de ser um desafio na área da engenharia civil, ocasionou vários impactos ambientais. Em relação ao levantamento da fauna e da flora em uma obra de grande porte, como no caso da Usina de Itaipu, qual é a alternativa CORRETA? A) De acordo com a Lei Federal n.o 5.197, de janeiro de 1967, esta ressalta que os animais adultos são propriedades do Estado, e, dessa forma, é fundamental haver o levantamento da fauna que poderá ser afetada. B) Em se tratando do laudo de cobertura vegetal, deve levar-se em conta apenas as árvores de grande porte, pois estas são mais significativas para o levantamento. C) Pelo fato de haver uma grande diversidade biológica, não existem metodologias específicas para o levantamento da cobertura vegetal, sendo que os próprios profissionais devem escolher como realizar o trabalho. D) O laudo apresentando a fauna de uma região deve englobar todos os animais que necessitam da área para sobreviver, inclusive os animais migratórios. E) O levantamento da fauna deve basear-se apenas nos animais visualizados in loco na área afetada. NA PRÁTICA Existem metodologias visando o levantamento da flora e da fauna de um determinado local. Porém, é fundamental que os profissionais envolvidos tenham conhecimento a respeito desses, para que ocorra o correto levantamento das espécies encontradas. Como existe uma diversidade de espécies muito grande, principalmente da flora, é importante que o responsável técnico saiba identificá-las corretamente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Confira na reportagem a seguir como a população pode ser afetada com determinadas atividades/empreendimentos que não respeitam as normas ambientais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Confira um estudo sobre a composição, riqueza e abundância de anuros na Estação Ecológica de Angatuba, um remanescentede Cerrado e Mata Atlântica presente na bacia hidrográfca do Alto Paranapanema. O levantamento das espécies foi realizado em duas etapas de campo: março e novembro de 2007 e outubro de 2008 a março de 2009, totalizando 38 dias de inventário. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Veja um estudo que teve como objetivo inventariar a fauna de mamíferos de médio e grande porte da Reserva Biológica Augusto Ruschi (RBAR), localizada na região serrana do Espírito Santo. Foram utilizadas diversas técnicas indiretas para encontrar evidências de mamíferos na RBAR. Para saber quais foram essas técnicas, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Termos de referência APRESENTAÇÃO Os termos de referência (TR) têm a função principal de orientar os técnicos na elaboração e estudos necessários, visando iniciar o processo de licenciamento ambiental. Cabe ao órgão ambiental fornecer este termo, que normalmente está disponível no site, porém é comum que municípios de pequeno porte não tenham os TR, sendo indicado que os profissionais se baseiem nos termos disponibilizados no órgão estadual. Estes termos visam obter informações do empreendimento e responsável técnico, além de serem descritos os documentos/estudos necessários para cada tipo de licença ambiental. Desta forma, os profissionais envolvidos devem respeitar estes termos, caso contrário, corre-se o risco do órgão ambiental não aceitar ou indeferir o projeto ambiental. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre os termos de referências e a documentação que normalmente é solicitada. Outro ponto crucial são os diferentes tipos de mapas e certidões que podem ser exigidos pelo órgão ambiental, os quais serão apresentados ao longo da unidade, bem como a função e importância de se obter a outorga de água para que determinado empreendimento/atividade consiga a licença ambiental. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os termos de referência e a documentação necessária para encaminhar a licença ambiental. • Identificar os diferentes tipos de mapas e certidões que podem ser solicitados no processo de licenciamento ambiental. • Explicar o que é outorga de água e os procedimentos para obtenção da mesma.• DESAFIO O Termo de Referência visa orientar a equipe técnica, definindo o conteúdo, a abrangência e os métodos a serem utilizados para identificar os impactos ambientais, para os mais diversos tipos de empreendimentos. INFOGRÁFICO Não basta apenas retirar o Termo de Referência no órgão ambiental e preenchê-lo corretamente, é fundamental que os profissionais leiam o mesmo cuidadosamente, pois normalmente no final do TR existe uma lista de documentos e estudos que devem ser anexados, para cada tipo de licença. Estes documentos e estudos anexados visam comprovar a veracidade das informações prestadas no TR, e caso os mesmos não sejam apresentados, o órgão ambiental irá emitir um parecer técnico, informando e dando um prazo para a apresentação destes. Acompanhe o Infográfico a seguir, um esquema dos diferentes tipos de documentos que devem anexados junto com o Termo de Referência. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO A outorga de água é o ato administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante concede o direito de uso dos recursos hídricos nos termos e nas condições estabelecidas no referido ato administrativo. É por meio da outorga de direito de uso da água que o Poder Público promove a harmonização entre os múltiplos usos, garantindo a todos os usuários o acesso aos recursos hídricos, conforme a disponibilidade em cada bacia hidrográfica. Para saber se determinado empreendimento necessita ou não de outorga de água, deve-se consultar o órgão ambiental responsável por analisar e emitir a licença ambiental, ou então, consultar o termo de referência. Em se tratando do termo de referência, é fundamental o preenchimento correto, além de anexar todos os documentos e estudos solicitados pelo mesmo. Para saber mais a respeito do preenchimento correto do termo de referência, os diferentes tipos de mapas e certidões exigidos, a importância e a forma de solicitação da outorga de água, acompanhe a leitura do Capítulo Termo de Referência, parte da obra Licenciamento Ambiental, que serve como base de leitura desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Termos de referência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer termos de referências e a documentação necessária para encaminhar a licença ambiental. Apresentar os diferentes tipos de mapas e certidões que podem ser solicitados no processo de licenciamento ambiental. Defi nir o que é outorga de água e os procedimentos para a obter. Introdução A principal função dos termos de referência (TRs) é orientar os técnicos na elaboração dos estudos ambientais, visando iniciar o processo de licenciamento. Ainda, condensam informações a respeito do empreen- dimento e do seu responsável técnico. Cabe ao órgão ambiental fornecer os TRs, o qual normalmente está disponível no site da instituição. Porém, é comum municípios de pequeno porte não terem os TR. Nesse caso, é indicado que os profissionais se baseiem nos termos disponibilizados pelo órgão estadual. Dessa forma, os profissionais envolvidos devem respeitar os TRs, caso contrário, corre-se o risco de o órgão ambiental não aceitar ou mesmo indeferir o projeto ambiental. Neste capítulo, você estudará sobre os TRs e a documentação que normalmente é solicitada. Também verá os diferentes tipos de mapas e certidões que podem ser exigidos pelo órgão ambiental, bem como a função e a importância de obter a outorga de água para que determinado empreendimento ou atividade consiga a licença ambiental. Definição e objetivos O TR é um documento disponibilizado pelo órgão ambiental cuja fi nalidade é informar as diretrizes para a elaboração de Estudos de Impacto Ambientais/ Relatórios de Impacto Ambientais (EIAs/RIMAs) ou qualquer outro tipo de licenciamento ambiental. Portanto, o TR visa orientar a equipe técnica, defi - nindo o conteúdo, a abrangência e os métodos a serem utilizados para identifi car os impactos ambientais, para os mais diversos tipos de empreendimentos. Para o encaminhamento do projeto ambiental, o empreendedor deve apre- sentar um TR ao órgão ambiental competente (municipal, estadual ou federal), que avaliará e julgará o documento. Em algumas situações, o empreendedor pode agilizar o processo se encaminhar o TR com o pedido de licenciamento. Documentação que deve ser anexada ao TR Além do diagnóstico ambiental da área, há outros documentos que devem ser providenciados pelo empreendedor e anexados ao TR. Normalmente, os próprios TRs apresentam a listagem desses documentos, os quais variam para cada tipo de licença. A seguir, apresentamos os principais documentos que podem ser exigidos pelo órgão ambiental para atividades industriais. Na licença prévia (LP): Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do responsável pelas informações fornecidas na solicitação da LP, para empreendimentos de porte grande e excepcional; documentos pessoais, como cartão do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), cópia do Cadastrode Pessoa Física (CPF), contrato social, entre outros; certidão atualizada do Poder Público Municipal, a qual deve apresentar a razão social do empreendimento e o endereço completo, enquadrando a área selecionada a construção frente ao disposto no plano diretor, nas diretrizes urbanas, na Lei Orgânica do Município, entre outros dispositivos municipais; planta de localização, em escala adequada e assinada (tanto pelo res- ponsável técnico como pelo empreendedor); planta de situação, em escala, de toda a área do empreendimento, com indicação dos prédios existentes ou a serem construídos, das linhas de transmissão existentes e dos corpos hídricos superficiais; Documento de Reserva de Disponibilidade Hídrica (DRDH), no caso de necessidade de captação de água superficial ou subterrânea. Termos de referência130 Na licença de instalação (LI): cópia da LP em vigor; documentos pessoais, como cartão CNPJ, cópia do CPF, contrato social, entre outros; declaração do empreendedor informando que cumpriu as condições e restrições citadas na LP e que a área se encontra sem alterações, acompanhada de relatório fotográfico; planta de situação ou croqui (layout) de toda a área do empreendimento; projeto arquitetônico e do Sistema de Tratamento de Efluentes Domés- ticos, elaborado por profissional habilitado com ART; projeto(s) técnico(s) e respectivo(s) Memoriais de Cálculo e Cronograma de Implantação, com devida ART do(s) técnico(s) responsável(is), caso houver necessidade, do sistema de tratamento de efluentes industriais, dos sistemas de exaustão e contenção de emissões atmosféricas (cabine de pintura) e dos sistemas de contenção de derrames/despejos; Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGIRCC) elaborado por profissional legalmente habilitado com ART; cronograma de implantação do empreendimento. Na licença de operação (LO): cópia da LI; documentos pessoais, como cartão CNPJ, cópia do CPF, contrato social, entre outros; planta baixa de toda a área do terreno, com identificação das áreas constru- ídas, estação de tratamento de efluentes, áreas de armazenamento e dispo- sição de resíduos, chaminés, tanques de armazenamento de produtos, etc; relatório fotográfico do local onde foi instalado o empreendimento, contemplando vistas da área total e pormenorizando as áreas constru- ídas, com ênfase nos sistemas de controle de poluição; Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS); planta de localização, em escala, devidamente cotada; cópia do contrato social, caso tenha havido troca de razão social. 131Termos de referência Esses são apenas alguns exemplos de documentos que podem ser exigidos pelo órgão ambiental e anexados ao TR. Outros documentos/estudos podem ser requeridos. Portanto, é indicado entrar em contato com o respectivo órgão para saber exatamente o que deve ser apresentado. Cuidados necessários para o preenchimento dos TRs É muito comum, em processos licenciatórios, o preenchimento incorreto dos formulários pelos responsáveis técnicos. Por essa razão, a seguir, serão apresentadas algumas dicas e cuidados necessários no preenchimento dos TRs. Use sempre o formulário atualizado no site, pois é comum os técnicos baixarem os TRs e os deixarem salvos no seu computador. Todavia, os órgãos ambientais podem atualizar os TRs e não aceitar o modelo anterior quando for protocolado. Em geral, os técnicos informam apenas o endereço do terreno baldio, principalmente se tratando de licenças prévias e de instalação, e es- quecem de colocar o endereço do proprietário. Caso o órgão ambiental necessitar contatar com o responsável, encontrará dificuldades. O técnico deve ficar atento ao tipo de coordenadas geográficas soli- citadas no TR. Normalmente, os técnicos se confundem com a definição de área útil. Os próprios TRs definem que a área útil total deve ser a soma da área útil construída e da área útil ao ar livre. Por exemplo, se um empreendimento possui 200 m² de área construída, e mais 100 m² de área externa (pátio de manobra, estação de tratamento, entre outros), a área útil total será de 300m². A capacidade máxima produtiva consiste na capacidade máxima de pro- dução com a instalação existente, como máquinas, turnos, colaboradores, entre outros. Desse modo, quando ocorrer a renovação da LO, haverá diver- gências, podendo, inclusive, o órgão ambiental autuar o empreendimento. Alguns técnicos informam que o sistema de tratamentos dos efluentes sanitários consiste em fossa séptica, filtro e sumidouro, porém, poste- Termos de referência132 riormente, informam que o corpo receptor é um rio. Ora, se o sistema é composto por sumidouro, o corpo receptor será o solo. Os técnicos têm o hábito comunicar que a empresa gera efluentes líquidos industriais, porém, quando tipos de tratamento, quantidade, volumes são solicitados, acabam deixando essas informações em branco. O oposto também pode ocorrer: quando preenchem todos os campos e é assinalado que a empresa não gera efluentes industriais. Os técnicos indicam as coordenadas geográficas erradas, principal- mente quando se trata das estações de tratamento. Quando o ponto de lançamento do efluente é solicitado nos TRs, deve-se pegar a coordenada do ponto exato que o efluente é destinado ao rio, em vez dos pontos do portão de entrada da estação, ou o ponto da prefeitura da cidade, entre outros. É muito comum haver divergências sobre o balanço hídrico, principal- mente quanto aos itens de tratamento/reúso/reciclo. Ou seja, o técnico aponta que a empresa utiliza (por exemplo) 10 m³ de água por dia, e realiza o tratamento ou o reuso de 12 m³ diários. Em relação ao preenchimento das tabelas de geração de resíduos, os técnicos colocam apenas o nome fantasia da empresa responsável pelo seu recolhimento, esquecendo de colocar o número de CNPJ e o nome oficial do empreendimento responsável. Normalmente os técnicos informam que não existe Unidades de Conser- vação (UCs) próximas em um raio de 10 km. É fundamental conferir a real existência dessas áreas, pois os órgãos ambientais (principalmente estaduais e federais) conferem esse item, e, caso haja discrepância, a licença ambiental pode ser indeferida. Esses erros de preenchimento são verificados e apontados pelo órgão ambiental, tor- nando o processo licenciatório mais lento e cansativo, tanto para o técnico responsável quanto para o proprietário e o órgão ambiental. 133Termos de referência Principais tipos de mapas e certidões exigidos pelo órgão ambiental Conforme comentamos, além do preenchimento do TR, também deverão ser apresentados ao órgão ambiental mapas, laudos e certidões, os quais visam comprovar a veracidade das informações prestadas no TR e permitir a análise dos possíveis impactos ambientais que poderão ocorrer na área. Qual é a diferença entre mapa, carta e planta? Mapa: caracteriza-se pela representação plana; apresenta escala pequena (grandes áreas); pode exibir delimitações de acidentes naturais (bacias, chapadas, planaltos, entre outros); pode indicar fins temáticos, culturais ou ilustrativos; retrata uma análise qualitativa ou quantitativa genérica. Carta: apresenta escalas médias ou grandes e desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática; possui uma avaliação precisa de direções, distâncias, localização de pontos, áreas e detalhes; considera a curvatura terrestre. Planta: consiste em uma representação em escala grande de uma área muito limitada, portanto, com maior quantidade de detalhes. As figuras abaixo mostram as diferenças entre carta (a), mapa (b) e planta (c). Termos de referência134 Com relação à representação cartográfica de uma área, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1998) descreve que a confecção exige, antes de tudo, o estabelecimento de um método segundo o quala cada ponto da superfície da Terra corresponda um ponto da carta e vice-versa. Diversos métodos podem ser empregados para obtermos essa correspondência de pontos, que constitui os chamados sistemas de projeções. Cabe aos profissionais identificar quais são os melhores métodos, de acordo com o tipo de mapa exigido pelo órgão ambiental competente. No licenciamento ambiental, são utilizados mapas temáticos, os quais estão focados na apresentação de um tema específico para apresentar as informações. Visando facilitar o entendimento dos dados, esses mapas são acompanhados de legendas explicativas, cores e símbolos, os quais auxiliam na interpretação das informações descritas. 135Termos de referência A seguir, indicamos os principais tipos de mapas temáticos que podem ser exigidos no processo de licenciamento ambiental, principalmente para empreendimento de grande porte e alto grau poluidor. Mapa físico: reúne diversas informações relacionadas com os aspectos físicos de algum local (relevo, altitude, hidrografia, entre outros). Os mapas topográficos, por exemplo, estão englobados neste tipo de mapa. Mapa de vegetação: apresenta informações relacionadas com o tipo de cobertura vegetal de determinado local. Mapa político: indica os estados, capitais e cidades mais importantes, objetivando a demarcação da fronteira entre os territórios. Mapa econômico: abrange aspectos relacionados com o tipo de economia de cada região, ou seja, as atividades econômicas desenvolvidas em cada território. Mapa histórico: apresenta informações ou acontecimentos históricos sobre determinado local. O mapa histórico pode apresentar informações sobre passivos/acidentes ambientais na área. Mapa populacional: também chamado de mapa demográfico, engloba informações relacionadas com a densidade demográfica de determinado local. Mapa climático: reúne informações relacionadas com o tipo clima e os fenômenos meteorológicos que ocorrem em determinado local. Mapa pluviométrico: aponta informações sobre os índices pluviomé- tricos (chuvas) de uma região. Para empreendimentos de pequeno porte e baixo grau poluidor, é comum a solicitação de entrega de planta de localização pelo órgão ambiental. A planta de localização deve apresentar escala, estar devidamente assinada (tanto pelo responsável técnico como pelo empreendedor) e conter as seguintes informações: localização do terreno (com dimensões); orientação magnética; demarcação da direção predominante dos ventos; sistema viário no raio de mil metros; rede hidrográfica (rios, riachos, sangas, lagos, açudes, nascentes, olhos d’água, etc.) em um raio de mil metros, indicando a direção do fluxo preferencial das águas superficiais; Termos de referência136 vizinhança no raio de mil metros, apontando os usos residencial, indus- trial, escolar, hospitalar, etc., e identificando os pontos de referência de amplo conhecimento público; linhas de transmissão de alta tensão. Os mapas, laudos e certidões devem ser legíveis e identificar claramente que se referem ao empreendimento objeto do licenciamento. Além disso, devem estar assinados pelo técnico executante e pelo empreendedor contratante, bem como devidamente datados. O órgão ambiental poderá, ainda, solicitar um croqui de localização, o qual consiste em um desenho/mapa mais simples da área, normalmente sem escala, apenas infor- mando localização, vizinhança, recursos hídricos, entre outros. A certidão municipal é outro documento que necessita estar anexado ao projeto ambiental, pois, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 237, de 19 de dezembro de 1997, o órgão ambiental estadual somente poderá iniciar o licenciamento ambiental após consultar o município. De acordo com a respectiva legislação, no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de ve- getação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes (BRASIL, 1997a). Nas certidões, devem constar o zoneamento estabelecido no plano diretor ou nas diretrizes urbanas para o local do empreendimento. Além disso, a certidão deve apresentar a listagem dos usos permitidos na referida área, identificando de forma clara e suficiente que o tipo de atividade do empreendimento está contemplado entre os usos autorizados. Caso o plano diretor ou as diretrizes urbanas ainda não estejam em vigência, o município deverá declarar a situação existente e a não existência de restrições quanto à implantação da atividade almejada naquele local. Porém, caso se trate de ampliação do empreendimento, a certidão do município deverá ser atualizada e expressar claramente que não há impedimento para a ampliação pretendida. 137Termos de referência Outorga de uso de recursos hídricos No licenciamento ambiental, dependendo da atividade a ser desenvolvida, o órgão ambiental poderá solicitar a outorga de água. A outorga de direito de uso da água representa um instrumento pelo qual o poder público autoriza ou ainda permite ao usuário fazer o uso desse bem público. É por meio dele que o Estado exerce, efetivamente, o domínio das águas preconizado pela Constituição Federal, regulando o compartilhamento entre os diversos usuários. Segundo a Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, a água é um bem de domínio da União ou dos Estados (BRASIL, 1988). A Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, intitulada Lei das Águas, descreve que a água é um bem de domínio público. Tais instrumentos legais constituem os principais argumentos que sustentam a implementação da chamada outorga de direito de uso de recursos hídricos (BRASIL, 1997b). A Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas (ANA) e dá outras providências, complementou a regulamen- tação da outorga, estabelecendo a possibilidade da emissão das outorgas preventivas, definindo limites para os prazos de vigências das outorgas preventivas e de direito de uso e, ainda, dispondo sobre a declaração de reserva de disponibilidade hídrica. A outorga é a garantia de água para todos os usos. É, portanto, obrigatória. Essa obrigatoriedade é necessária para que o poder público possa, efetivamente, assegurar o controle, tanto quantitativo como qualitativo dos usos da água, e para que o usuário tenha a autorização de direito de acesso à água para as finalidades desejadas. A outorga de direito de uso de recursos hídricos deve ser solicitada por todos aqueles que usam, ou pretendem usar, os recursos hídricos, seja para captação de águas superficiais ou subterrâneas, para lançamento de efluentes ou para qualquer ação que interfira no regime hídrico existente, além do uso de potenciais hidrelétricos. Essas informações repassadas ao poder público são preciosas para a correta gestão dos recursos hídricos. O controle feito a partir das outorgas permite evitar conflitos entre usuários de recursos hídricos e assegurar o efetivo direito Termos de referência138 de acesso à água. Por isso, a outorga é um valioso instrumento de gestão e sua efetiva implementação depende do compromisso de todo usuário. Mecanismos e critérios para solicitar/obter a outorga de água Segundo a ANA (BRASIL, 2011), para a análise criteriosa de um pedido de outorga é fundamental o conhecimento das informações a seguir. Realidade hídrica da bacia, por meio de estações de monitoramento qualiquantitativo, com séries históricas consistentes, de forma a permitir o cálculo da quantidade de água disponível com alto grau de certeza. Conhecimento da demanda por água, não só em termos quantitativos, mas também em relação aos tipos de usos preponderantes,pois, depen- dendo das características dos usos, pode ser necessária maior garantia do acesso à água. Existência de instrumentos regradores dos usos das águas na bacia, tais como enquadramento, áreas de restrição de uso e prioridades para outorga. Todas essas informações devem ser consideradas na determinação dos critérios para emissão das outorgas, pois estas devem garantir o acesso da água aos usuários, de acordo com os termos da outorga, inclusive em períodos de escassez hídrica. A seguir, serão apresentados alguns passos visando à obtenção da outorga de água na ANA. Caso a outorga seja via estadual, deve-se consultar as normas e critérios de cada estado, pois cada um apresenta leis específicas. 1. Cadastro Nacional de Usuários Hídricos (CNARH): como procedi- mento estabelecido para realizar o pedido de outorga, a ANA solicita que o usuário faça, como passo inicial, o seu registro no CNARH, no endereço eletrônico https://goo.gl/zEtPTf. De acordo com a Resolução ANA nº. 317, de 26 de agosto de 2003, o CNARH contém informações sobre a vazão utilizada, local de captação, denominação e localização do curso d’água, empreendimento do usuário, a sua atividade ou a intervenção que pretende realizar, como derivação, captação e lançamento de efluentes. Tais informações são prestadas pelos usuários de recursos hídricos, em formas e tempos a serem definidos pela ANA (BRASIL, 2003). 139Termos de referência Todos os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos, nos termos da Lei nº. 9.433/1997 (BRASIL, 1997b) devem estar obrigatoriamente registrados no CNARH, assim como as captações, os lançamentos e as acumulações que independem de outorga, para fins de controle de usos múltiplos. Também devem se cadastrar no CNARH as obras de travessia de corpos de água, como pontes, passagens molhadas, dutos, bem como outras interferências hidráulicas como diques, canalizações e soleiras de nível, apesar de não estarem sujeitas à outorga. No CNARH, todas as informações sobre o empreendimento, as finalidades ou componentes e todas as captações de água e lançamentos de efluentes devem ser preenchidas, incluindo aquelas em redes de abastecimento e de esgotamento sanitário, em águas subterrâneas e rios de domínio da União e dos Estados. 2. Renovação, alteração ou transferência: os usuários de recursos hídri- cos poderão solicitar a outorga de direito de uso de recursos hídricos, a sua renovação, alteração ou transferência de titularidade. A renovação da outorga deverá ser requerida à ANA com antecedência mínima de 90 dias da data de término do prazo de validade da outorga. 3. Validades das outorgas de água: a outorga de direito de uso de recursos hídricos não tem validade indeterminada. É concedida por um prazo limitado. A Lei n°. 9.433/1997 estipulou a sua validade máxima em 35 anos, embora possa haver renovação (BRASIL, 1997b). Conforme Resolução ANA n°. 1.041, de 19 de agosto de 2013 (BRASIL, 2013), o prazo de validade das outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União varia de acordo com as atividades desenvolvidas, conforme Quadro 1. Termos de referência140 Fonte: Adaptado de Brasil (2013). Validade das outorgas de água 10 anos 20 anos 35 anos Irrigação de lavouras de até 2 mil ha. Unidades industriais e afins com vazão de captação máxima instantânea de até 1m³/s. Aquicultura e dessedentação animal. Extração de areia em leito de rio e outras atividades minerárias. Outras finalidades não mencionadas anteriormente. No caso de atividades minerárias em fase de pesquisa mineral, o prazo de validade da outorga mencionado acima poderá ser reduzido para cinco anos. Irrigação de lavouras superiores a 2 mil há. Unidades industriais e afins com vazão de captação máxima instantânea superior 1 m³/s. Barragens de regularização de vazões ou de aproveitamento hidrelétrico sem concessão ou ato administrativo de autorização e outras obras hidráulicas que necessitem de outorga. Abastecimento público e esgotamento sanitário operados por prestadores de serviço que independem de concessão ou ato administrativo de autorização. Quadro 1. Validade das outorgas de água. 141Termos de referência 1. Instituída pela Lei nº. 9.433/1997 como um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos a seu acesso. Em relação à outorga de água, assinale a alternativa correta. a) A outorga é fornecida pela União, pelos estados ou municípios. b) Uma vez obtida a outorga de água, possui data de validade indeterminada. c) A ANA é a única a fornecer outorga de água caso for de competência da União. d) A ANA solicita que a renovação da outorga de água deve ser feita cerca de 90 dias antes da sua data de validade expirar. e) Todos os estados apresentam os mesmos passos e critérios para a obtenção da outorga de água. 2. É muito importante o preenchimento correto do TR, pois, caso alguma informação for preenchida de forma equivoca, o órgão ambiental solicitará alterações. Em relação ao preenchimento do TR, assinale a alternativa correta. a) Os TRs são iguais para todos os órgãos ambientais, o que acaba agilizando a análise e a emissão do parecer técnico. b) É fundamental preencher o TR com o nome fantasia do empreendimento. c) A área útil do empreendimento consiste no somatório da área útil construída e da área útil ao ar livre. d) Jamais devemos deixar informações em branco no TR. e) O próprio empreendedor/ proprietário poderá preencher o TR, porém, quem deve assiná-lo é o responsável técnico. 3. É fundamental compreender a diferença entre carta, planta e mapa, os quais podem ser exigidos pelo órgão ambiental. Entre as alternativas a seguir, qual está correta? a) As plantas apresentam uma escala muito pequena, e, dessa forma, exibem grande quantidade de detalhes. b) O mapa é a representação de uma superfície qualquer do espaço geográfico. c) O mapa apresenta uma escala muito grande. d) A carta é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais Termos de referência142 e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político- administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos. e) Os mapas consistem na representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais, paralelos e meridianos, com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala. 4. Existe uma vasta lista de documentos, estudos e mapas que podem ser exigidos no processo de licenciamento ambiental, os quais comumente estão descritos no próprio TR. Entre as alternativas a seguir, qual apresenta um exemplo de documento que deve ser apresentado visando obter uma licença de operação? a) Cópia da LP em vigor. b) Certidão de zoneamento atualizada do poder público municipal. c) PGRS. d) Documento de Reserva de Disponibilidade Hídrica. e) Cronograma de implantação do empreendimento. 5. Tratando-se do prazo de validade das outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, segundo a Resolução ANA nº. 1.041/2013, assinale a alternativa correta. a) Irrigação de lavouras superiores a 2 mil hectares possui validade de outorga de água de 35 anos. b) Barragens com aproveitamento hidrelétrico possuem outorga de água de 35 anos. c) As atividades minerárias possuemvalidade de outorga de água estimada em, no mínimo, 10 anos. d) A validade de outorga de água para atividades de aquicultura e dessedentação animal é de 20 anos. e) A extração de areia em leitos de rios apresenta validade de outorga de água de no máximo cinco anos. 143Termos de referência BRASIL. Agência Nacional de Águas. Resolução nº. 1041, de 19 de agosto de 2013. Define os critérios para análise de balanço hídrico em pedidos de outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos para captação de água e lançamento de efluentes com fins de diluição, bem como prazos de validade das outorgas de direito de uso de recursos hídricos e dá outras providências. 2013. Disponível em: < http://arquivos. ana.gov.br/resolucoes/2013/1041-2013.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Águas. Outorga de direito de uso de recursos hídricos. 6. ed. Brasília: SAG, 6 ed. 2011. BRASIL. Agência Nacional de Águas. Resolução nº. 317, de 26 de agosto de 2003. 2003. Disponível em: <http://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2003/317-2003.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas — ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recur- sos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/L9984.htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. 1997a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/ res23797.html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hí- dricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 1997b. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 26 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1998. Disponível em: <http://www.cartografica.ufpr.br/home/wp- -content/uploads/2013/09/Nocoes-Basicas-Cartografia.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. Leituras recomendadas BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. Brasília: TCU, 2004. Disponível em: <http://www.ambiente.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/ cart_tcu.PDF>. Acesso em: 26 nov. 2017. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. Termos de referência144 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A outorga de água é um dos documentos que podem ser exigidos no termo de referência, dependendo do tipo de empreendimento. A outorga consiste no ato administrativo, mediante o qual o poder público outorgante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (no caso o requerente) o direito de uso de recursos hídricos, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato. O ato administrativo é publicado no Diário Oficial da União (no caso da ANA - Agência Nacional das Águas), ou nos Diários Oficiais dos Estados ou do Distrito Federal. Os instrumentos de outorga e licenciamento ambiental, quando avaliados de forma articulada, contribuem com essa integração, uma vez que permitem que sejam avaliados os empreendimentos quanto ao seu aspecto ambiental e à disponibilidade hídrica para as diversas fases do empreendimento (planejamento, implantação, operação e fechamento). Para saber mais a respeito da outorga de água, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Instituída pela Lei no 9.433/1997 como um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos a seu acesso. Em relação a outorga de água, qual a alternativa CORRETA? A) A outorga é fornecida pela União, pelos estados ou municípios. B) Uma vez obtida a outorga de água, ela tem data de validade indeterminada. C) A Agência Nacional de Águas (ANA) é a única a fornecer outorga de água, caso for de competência da União. D) A ANA solicita que a renovação de outorga da água deve ser feita cerca de 90 dias antes de a data de validade expirar. E) Todos os estados apresentam os mesmos passos e critérios para a obtenção da outorga de água. 2) É muito importante o preenchimento correto do termo de referência, pois caso alguma informação for preenchida de forma equivocada, o órgão ambiental irá solicitar alterações. Em relação ao preenchimento do termo de referência, assinale a alternativa CORRETA. A) Os termos de referência são iguais para todos os órgãos ambientais, o que acaba agilizando a análise e a emissão do parecer técnico. B) É fundamental preencher o termo de referência com o nome fantasia do empreendimento. C) A área útil do empreendimento consiste no somatório da área útil construída e da área útil ao ar livre. D) Jamais deve-se deixar informações em branco no termo de referência. E) O próprio empreendedor/proprietário poderá preencher o termo de referência, porém quem deve assinar o mesmo é o responsável técnico. 3) É fundamental compreender a diferença entre carta, planta e mapa, os quais podem ser exigidos pelo órgão ambiental. Entre as alternativas a seguir, qual está CORRETA? A) a) As plantas apresentam uma escala muito pequena e, desta forma, apresentam grande quantidade de detalhes. B) O mapa é a representação de uma superfície qualquer do espaço geográfico. C) O mapa apresenta uma escala muito grande. D) A carta é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos. E) Os mapas consistem na representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais, paralelos e meridianos, com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala. 4) Existe uma vasta lista de documentos, estudos e mapas que podem ser exigidos no processo de licenciamento ambiental, sendo que estes comumente estão descritos no próprio termo de referência. Entre as alternativas a seguir, qual apresenta um exemplo de documento que deve ser apresentado visando obter uma licença de operação? A) Cópia da Licença Prévia em vigor. B) Certidão de zoneamento atualizada do Poder Público Municipal. C) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). D) Documento de Reserva de Disponibilidade Hídrica. E) Cronograma de implantação do empreendimento. Em se tratando do prazo de validade das outorgas de direito de uso de recursos 5) hídricos de domínio da União, segundo a Resolução ANA no 1041/2013, assinale a alternativa CORRETA. A) Irrigação de lavouras superiores a 2.000 hectares, tem validade de outorga de água de 35 anos. B) Barragens com aproveitamento hidrelétrico têm outorga de água de 35 anos. C) As atividades minerárias possuem validade de outorga de água estimada em no mínimo10 anos. D) A validade de outorga de água para atividades de aquicultura e dessedentação animal é de 20 anos. E) A extração de areia em leitos de rios apresenta validade de outorga de água de no máximo 5 anos. NA PRÁTICA Um dos primeiro documentos que o empreendedor deve apresentar para iniciar o processo de licenciamento ambiental é a Certidão de Zoneamento. Esta certidão atesta, principalmente, a regularidade do empreendimento em relação ao zoneamento urbano, disposto no Plano Diretor Municipal. O zoneamento determina as atividades que podem ser desenvolvidas em cada área do município. Acompanhe por meio de um caso prático, a importância dessa certidão nos processos de licenciamento ambiental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão e a Fundação Estadual do Meio Ambiente assinaram um termo de referência para a obtenção de licenças ambientais. O documento vai permitir que as emissoras regularizem as antenas instaladas no Estado de Santa Catarina, sendo que as licenças ambientais terão validade de 10 anos. Assista a reportagem a seguir, e saiba mais a respeito do assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A água é um dos recursos naturais mais ameaçados, devido à poluição e desenfreada que os recursos hídricos vêm sofrendo. Desta forma, é fundamental haver um controle destes usos, e é exatamente isto que visa à outorga de água. Para saber mais a respeito deste assunto, acompanhe o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia no artigo a seguir sobre os avanços na Gestão de Recursos Hídricos por meio da análise da legislação federal e estadual vigente assim como o instrumento de outorga e a cobrança adotada no Estado do Rio de Janeiro visando o cenário atual. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia no estudo a seguir uma análise da legislação maranhense de recursos hídricos no que se refere à aplicação dos procedimentos de liberação de outorgas dos corpos hídricos sob o domínio do estado, mais especificamente, na concessão de uso da água superficial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aprofunde seus conhecimentos lendo o artigo a seguir, que fornece informações e dicas sobre como deve ser a leitura correta dos mapas, demonstrando também, dessa forma, como um mapa deve ser feito para que seja facilmente compreendido. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estudo de impacto ambiental (EIA) APRESENTAÇÃO O Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) foi instituído no Brasil pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), através da Lei n.o 6938/81, sendo regulamentado pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.o 001/1986. Dessa forma, a instalação de empreendimentos com impactos ambientais significativos exige a realização de estudos de impactos ambientais, bem como do Relatório de Impacto de Meio Ambiente (EIA/RIMA). O EIA engloba várias etapas, com o principal objetivo de identificar os impactos ambientais (principalmente negativos) nas diferentes esferas (social, econômica e ambiental) que um empreendimento pode ocasionar. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os conceitos que regem os estudos de impactos ambientais, bem como as atividades/empreendimento que necessitam apresentar o EIA. Além disso, serão apresentadas as principais etapas e metodologias envolvidas nesse tipo de estudo ambiental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir EIA e apresentar obras/atividades sujeitas a esse estudo.• Identificar quais as etapas envolvidas para a elaboração do EIA.• Reconhecer algumas metodologias para a identificação de impactos ambientais.• DESAFIO A apresentação de EIA/RIMA deve ser feita apenas nos casos de atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Dessa forma, seu desafio consiste em responder se a construção do aeroporto necessita ou não da elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Justifique sua resposta, indicando a legislação que você usou para se basear. Quais são os impactos ambientais negativos que um aeroporto poderia ocasionar (cite pelo menos três)? Lembre-se que a construção do aeroporto é para pequenas aeronaves, principalmente agrícolas, e alguns voos esporádicos de passageiros. INFOGRÁFICO Dependendo do porte e dos impactos ambientais que determinado empreendimento/atividade pode ocasionar, o EIA poderá levar bastante tempo, podendo chegar até mesmo a 1 ano. É necessário analisar os impactos na fauna migratória, como, por exemplo, em hidrelétricas, onde necessita-se saber ao certo se a atividade irá interferir na piracema (período em que os peixes sobem os rios para reprodução). Porém, para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, bem como do Relatório de Impacto de Meio Ambiente, é necessária a realização de várias etapas, visando realizar o correto levantamento de todos os dados e estudos necessários. No Infográfico a seguir você visualizará cada uma delas. CONTEÚDO DO LIVRO Em relação ao meio ambiente e ao licenciamento ambiental, não pode-se deixar de abordar um dos instrumentos de controle preventivo de danos ambientais mais importante. Trata-se do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que é obrigatório, de acordo com Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.º 001/1986, para a atividade ou empreendimento causador de significativo impacto ambiental. Esse estudo consiste em um controle preventivo de danos ambientais para a atividade onde for constatado um grande perigo ao meio ambiente e ao constatá-lo são avaliados os meios para evitar ou minimizar os prejuízos causados. Para entender mais a respeito das etapas e das diferentes metodologias aplicadas ao EIA, leia o capítulo Estudo de Impacto Ambiental, parte do livro Licenciamento Ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. Ronei Tiago Stein MEIO AMBIENTE Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Estudo de Impacto Ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e apresentar obras/ativi- dades sujeitas a ele. � Verificar quais são as etapas envolvidas para elaboração do EIA. � Reconhecer algumas metodologias para identificação de impactos ambientais. Introdução O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) foram instituídos no Brasil pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), por meio da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, e regulamentado pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Dessa forma, a instalação de empreendimentos com impactos ambientais significativos exige a realização de estudos de impactos ambientais, bem como a criação de um relatório de impacto de meio ambiente (EIA/RIMA). O EIA engloba várias etapas e tem como objetivo principal identificar os impactos ambientais (principalmente negativos) que um empre- endimento pode ocasionar nas diferentes esferas (social, econômica e ambiental). Neste capítulo, serão definidos conceitos que regem o estudo de impactos ambientais e quais são as atividades/empreendimentosque necessitam apresentar o EIA. Além disso, serão apresentadas as principais etapas e metodologias envolvidas nesse tipo de estudo ambiental. Definição de Estudo de Impacto Ambiental O EIA é um procedimento administrativo que, apoiado em uma avaliação de impacto sobre as incidências ambientais de determinado projeto e em um processo de participação pública sobre tais incidências, subsidia o órgão ambiental, em termos de aprovação, modificação ou recusa de um projeto. De acordo com o art. 22 da Resolução CONAMA nº. 001/86, “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental — RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente” (BRASIL, 1986). O EIA/RIMA deve ser realizado por uma equipe técnica multidisciplinar, que contará com profissionais das mais diferentes áreas, como geólogos, físicos, biólogos, psicólogos, sociólogos, advogados, engenheiros (de diferentes setores), arqueólogos, entre outros, os quais avaliarão os impactos ambientais positivos e negativos do empreendimento pretendido. Objetiva-se com isso a elaboração de um estudo completo e profundo a respeito da pretensa atividade, conforme ressalta Fiorillo (2014). A maior parcela das bibliografias apresenta o conceito de EIA e RIMA de forma interligada. Portanto, EIA/RIMA consiste em um estudo prévio que serve de instrumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões sobre um projeto a ser estabelecido em determinada área ou meio. O EIA/RIMA tem como objetivo antecipar e apoiar a decisão, fornecendo aos decisores (órgão público) informações sobre as implantações ambientais significativas de determinadas ações propostas, sugerindo modificações da ação visando à eliminação dos potenciais impactos adversos e potenciação dos impactos positivos e, ainda, propondo os meios de minimização dos potenciais impactos inevitáveis. O RIMA reflete as conclusões do EIA, conforme definido no art. 9º da Resolução CONAMA nº. 001/1986. O relatório deve apresentar uma linguagem simples e objetiva, tornando-o formal perante o Poder Público e a sociedade (BRASIL, 1986). Estudo de Impacto Ambiental56 Neste capítulo, estudaremos apenas o EIA, o qual compreende levanta- mento da literatura científica e legal pertinente, trabalhos de campo, análises de laboratório, bem como a redação do relatório. O EIA deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle ambiental, garantindo o uso sustentável dos recursos naturais. Desse modo, o EIA deve seguir um roteiro que contenha (aborde) pelo menos as etapas a seguir, conforme Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009). � Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: a primeira atividade em um estudo de impacto ambiental é o diagnóstico ambiental da área a ser estudada, que é uma atividade extremamente importante, pois serve de base para as atividades posteriores. O diagnóstico deve conter a descrição dos recursos ambientais e suas interações, caracteri- zando as condições ambientais antes da implantação do projeto, assim como contemplar os meios físico, biótico e socioeconômico. Um problema encontrado nessa etapa é a falta de disponibilidade de dados como informações cartográficas atualizadas e em escalas adequadas, dados referentes aos componentes físicos e biológicos do meio ambiente, dados econômicos e sociais da população local, etc. Nem sempre existem todos os dados necessários para o diagnóstico da área, o que exige, na maioria das vezes, trabalho de campo para sua complementação. � Avaliação de Impacto Ambiental (AIA): análise dos impactos am- bientais do projeto e das suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes (diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; a dis- tribuição dos ônus; e benefícios sociais). Essa etapa, de maneira geral, é mais complexa devido à variedade de impactos que podem ocorrer sobre os sistemas ambientais na área de estudo. � Medidas mitigadoras: são aquelas destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados os impactos, deve-se pesquisar quais são os mecanismos capazes de reduzi-los ou anulá-los. 57Estudo de Impacto Ambiental � Programa de monitoramento dos impactos: estabelecidos no EIA, plano que permite comparar, durante a implantação e operação da atividade, os impactos previstos com os que efetivamente ocorreram. O programa deve permitir o acompanhamento da implantação e da operação de todas as medidas mitigadoras e compensatórias previstas, dentro do cronograma proposto, ficando automaticamente vinculado à licença prévia (LP), de forma que a continuidade do processo de licenciamento permita a verificação da efetiva implementação das medidas propostas. Struchel (2016) comenta que, quando o processo de licenciamento ambiental tiver por pressuposto o EIA, esse estudo é elaborado e apresentando anterior- mente à emissão da LP. Trata-se de um procedimento administrativo prévio à implantação do empreendimento e ao início da atividade, que faz parte do requerimento de licença ambiental e sujeita-se a três condicionantes básicas: � transparência administrativa, pois todas informações devem ser públi- cas, salvo o sigilo industrial; � consulta aos interessados, pois a comunidade tem o direito e o dever de participar; � motivação da decisão ambiental, pois as metodologias de investigação dos impactos ambientais (negativos e positivos) devem ser claramente apresentadas. Atividades/empreendimentos sujeitos ao Estudo de Impacto Ambiental O art. 225 da Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988, exige a apresen- tação de EIA/RIMA apenas nos casos de “atividades potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente” (BRASIL, 1988). Por essa razão, Machado (2012) ressalta que não é qualquer atividade capaz de lesar o meio ambiente que deve ser precedida do EIA/RIMA, apenas aquelas que agravem substancialmente o risco de dano a esse bem jurídico constitucional. Entre elas, podemos citar: � estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamentos; � ferrovias; � portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; � aeroportos; Estudo de Impacto Ambiental58 � oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; � linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 kV; � obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos (hidrelétricas); � extração de combustível fóssil; � extração de minério, inclusive os de classe II; � aterros sanitários e de processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; � usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MV. Apesar de a Resolução CONAMA nº 001/86, em seu art. 2º, listar os casos de empreendi- mentos ou atividades sujeitas ao EIA e ao RIMA, caberá ao órgão ambiental competente identificar as atividades e os empreendimentos causadores de impactos significativos. Etapas do Estudo de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental O EIA e o seu respectivo RIMA devem ser previamente definidos junto ao órgão ambiental, por meio do termo de referência (TR). O TR é o instrumento orientador para a elaboração de qualquer tipo de estudo ambiental e tem por objetivo estabelecer as diretrizes orientadoras, o conteúdo e a abrangência do estudo exigido do empreendedor, em etapa antecedente à implantação da atividade modificadora do meio ambiente. O TR é elaborado pelo órgão ambiental a partir das informações prestadas pelo empreendedor na fase de pedido de licenciamento ambiental. Em alguns casos, o órgão ambiental solicita que o empreendedor elabore o TR, reservando-se ao papel de julgá-lo e aprová-lo. 59Estudo de Impacto Ambiental Apósdefinido o TR, o próximo passo é contratar uma equipe multidisci- plinar para realizar o trabalho/levantamento, de acordo com a caraterização do empreendimento e os seus possíveis impactos ambientais (positivos e negativos) no meio físico, biológico e socioeconômico. É imprescindível que toda a equipe entenda a atividade proposta, pois deve ser considerada para a avaliação dos impactos específicos sobre os distintos meios diagnosticados. Além disso, é importante analisar os currículos de todos membros, verificando se possuem experiência na área. Todos devem assinar o trabalho e indicar o seu número de inscrição nos respectivos conselhos profissionais (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, Conselho Regional de Química, Con- selho Regional de Biologia). Os impactos no meio físico, biológico e socioeconômico diferem quando tratamos das atividades de geração de energia hidrelétrica ou mesmo eólica. No primeiro caso, temos um manancial (recurso hídrico) diretamente inserido na área de operação da atividade, impactando mais especificamente a fauna aquática e terrestre, bem como na vegetação ciliar. Já no segundo caso, de geração eólica, os impactos são mais perceptíveis nos animais alados que voam, em aves ou mesmo mamíferos (morcegos). É durante a caracterização do empreendimento que se abordam todos os aspectos ligados à nova atividade. Informações básicas do empreendimento, como Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), razão social, endereço, atividade principal, infraestrutura, área total da empresa e da sua operação, matéria-prima, processo e resíduos gerados, devem ser previamente apresen- tadas. A partir da definição e caracterização da empresa, e levando em consi- deração o potencial de impactos da atividade, o próximo passo é caracterizar as áreas de influência do empreendimento, que, de forma geral, são definidas com base na área aferrada pelo empreendimento, no conhecimento da equipe técnica ou mesmo em impactos específicos em algum dos meios diagnosti- cados. Existem várias denominações para designar as áreas de influência, mas as mais utilizadas e ilustradas nos EIA/RIMAs estão elencadas a seguir. � Área Diretamente Afetada (ADA): diz respeito à área que sofrerá os impactos diretos, ou seja, a área que será diretamente alterada pela implantação do empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental60 � Área de Influência Direta (AID): compreende a área indiretamente afetada pela implantação da obra, integrando as regiões do entorno e também as vias de acesso ao empreendimento. � Área de Influência Indireta (AII): refere-se à área maior, mais abran- gente, que pode ser afetada pelo empreendimento. Pode ser definida, por exemplo, com base na área de uma bacia hidrográfica, quando existir o risco de os efeitos do empreendimento atingirem tais proporções. Definido o TR, realizada a contratação da equipe técnica e a caracterização do empreendimento, o passo seguinte é realizar o diagnóstico ambiental da área. Os meios a serem diagnosticados, nas três áreas de influência definidas, são o físico, o biológico e o socioeconômico. Dados primários e secundários devem embasar os levantamentos e diagnósticos das áreas de influência do empreendimento. Concluída a fase de diagnóstico, ou seja, da compreensão da situação atual da área, a próxima etapa é a análise de impactos. Essa é uma parte um tanto subjetiva, pois imagina-se como será o efeito da implantação do empreendimento sobre os distintos meios diagnosticados, tanto positivo como negativo. Nesse sentido, existem metodologias de levantamento de impactos, das mais simples às mais complexas, que utilizam métodos qualitativos ou quantitativos, mas com foco na identificação dos principais impactos (em especial os negativos) gerados pela atividade. Após o diagnóstico e a AIA, o estágio seguinte consiste nas medidas mitigadoras, as quais visam achar soluções que possam remediar/minimizar os impactos ambientais (principalmente os negativos). Podemos citar como exemplos de medidas mitigadoras realizar o plantio de mudas de árvores, construir taludes para conter a erosão, regar o solo para evitar a emissão de material particulado, capturar e transferir os animais silvestres que podem ser afetados, e edificar novos núcleos habitacionais. A seguir são elencados alguns tipos de medidas mitigadoras. � Medidas mitigadoras preventivas: têm como objetivo minimizar ou eliminar potenciais eventos adversos que se apresentam para causar prejuízos aos itens ambientais do meio natural (físico, biótico e antró- pico). Busca anteceder o impacto negativo. � Medidas mitigadoras corretivas: visam restabelecer a situação anterior à ocorrência de um evento adverso sobre o item ambiental destacado nos meios físico, biótico e antrópico, por meio de ações de controle ou de eliminação/controle do fator provocador do impacto. 61Estudo de Impacto Ambiental � Medidas mitigadoras compensatórias: procuram repor bens socio- ambientais perdidos em decorrência de ações diretas ou indiretas do empreendimento. � Medidas potencializadoras: buscam otimizar e maximizar o efeito de um impacto positivo decorrente direta ou indiretamente da implantação do empreendimento. É fundamental que haja um planejamento do EIA e organização dos trabalhos que serão realizados. Um diagnóstico incorreto ou mesmo omisso pode gerar enormes conflitos de terra, os quais são realidade nos dias atuais. Além disso, um estudo mal elaborado pode ocasionar enormes prejuízos ambientais, principalmente para a fauna e a flora. Portanto, dependendo da atividade/empreendimento, a conclusão do EIA poderá levar até um ano, pois é necessária, por exemplo, a análise da presença de animais migratórios. Metodologias para o Estudo de Impacto Ambiental Antes de definir quais são as metodologias empregadas nos estudos de impacto ambiental, é preciso comentar sobre as informações que devem constar no EIA/RIMA. Veja o Quadro 1 a seguir. Informações no EIA/RIMA Informações gerais Identifica, localiza, informa e sintetiza o empreendimento Caracterização do empreendimento Refere-se ao planejamento, à implantação, à operação e à desativação da obra Área de influência Limita sua área geográfica, representando-a em mapas Diagnóstico ambiental Caracteriza o ambiente da área antes da implantação do empreendimento Quadro 1. Informações que devem constar no EIA/RIMA (Continua) Estudo de Impacto Ambiental62 De forma geral, os estudos de impacto ambiental devem atentar para quatro pontos principais, a saber: a identificação causa-efeito, a previsão ou cálculo dos efeitos e magnitudes dos impactos, a interpretação dos impactos e efeitos ambientais e a prevenção dos efeitos. Existem diferentes métodos que podem ser aplicados no Estudo de Impacto Am- biental, os quais não são estabelecidos pela legislação. Podem e devem, portanto, ser modificados de acordo com o tipo de projeto que será desenvolvido. Além disso, os impactos devem ser considerados durante todas as fases do empreendimento: fase preliminar (LP), fase de instalação (licença de instalação [LI]), fase de operação (licença de operação [LO]) e fase de desativação (se for o caso). (Continuação) Informações no EIA/RIMA Qualidade ambiental Expõe as interações e descreve as inter- -relações dos componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema, apresentando-os em um quadro sintético Fatores ambientais São responsáveis pela pormenorização do meio físico, meio biótico, meio antrópico, em função das características da área onde se desenvolverá o projeto AIA Identifica e interpreta os prováveis impactos ocorridos nas diferentes fases do projeto. Leva-se em conta a repercussão do empreendimento sobre o meio Medidas mitigadoras São medidas que visam minimizar os impactos adversos, especificando sua natureza, época em que deverão ser adotadas, prazo de duração, fator ambiental específico a que se destinam e responsabilidade pela sua implantação Quadro 1.Informações que devem constar no EIA/RIMA 63Estudo de Impacto Ambiental De acordo com a Resolução CONAMA nº. 001/1986, a AIA deve considerar alguns atributos: � natureza — os impactos são benéficos ou adversos, positivos ou negativos? � duração — os impactos são temporários ou permanentes? � incidência — os impactos são diretos (ocorrem na área onde o empreen- dimento será implantado) ou são indiretos (podem afetar outras regiões)? � reversibilidade — os impactos são reversíveis ou irreversíveis? � sinergia — os impactos são cumulativos ou sinérgicos (acumulativos)? (BRASIL, 1986). Os métodos de AIA objetivam comparar, organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma determinada atividade, incluindo formas de apresentação escrita e visual desses dados. Quanto aos métodos de avaliação de impactos e ponderação de atributos, os mais utilizados em EIAs/RIMAs estão descritos a seguir. Listagens de controle (checklist): apresenta uma relação dos impactos mais relevantes, associando-os ou não ao respectivo aspecto (a causa do impacto) ou mesmo ao meio afetado (físico, biológico, socioeconômico). Além disso, o método permite avaliar os impactos por meio da atribuição de qualificações ou quantificação de atributos como magnitude e natureza. Seu emprego também permite a elaboração e aplicação de questionários. Como vantagem, essa ferramenta pode ser considerada simples e de fácil visualização, no entanto, não permite caracterizar e discutir cada impacto de forma mais minuciosa. Matrizes de interação (matriz de Leopold): aponta os impactos em uma matriz bidimensional. Em um eixo são relacionadas as características do ambiente e, no outro, as ações (aspectos) do projeto. Na quadrícula de intera- ção entre os dois eixos, é possível identificar e avaliar o impacto quanto aos atributos avaliadores propostos no método. Entre as vantagens do método, está a facilidade de observação dos impactos além da avaliação e interação dos atributos. Por outro lado, a quantidade de atributos avaliadores é menor que na aplicação de outras ferramentas, como o checklist, por exemplo. Após a identificação e a valoração dos impactos ambientais, é preciso indicar as medidas mitigadoras e compensatórias para cada impacto detectado no estudo. As medidas mitigadoras podem ser classificadas quanto a natureza (preventiva ou corretiva), fase (construção, operação e/ou desativação), duração (curto, médio ou longo), e responsabilidade (empreendedor ou poder público). Estudo de Impacto Ambiental64 O Quadro 2 apresenta alguns critérios que devem ser avaliados na instalação e na operação do empreendimento e alguns planos de monitoramento. Etapa do empreendimento Itens a serem avaliados Instalação � Redução das interferências e transtornos à população, no que se refere às emissões atmosféricas, ruídos tráfego de máquinas � Controle dos impactos resultantes das obras de terraplanagem (erosão e instabilidade do solo). � Mitigação da retirada de cobertura vegetal � Proteção de nascentes, cursos d’água e lagoas existentes na área � Proteção do patrimônio histórico e paisagístico � Mitigação do incremento da impermeabilização do solo � Mitigação dos efeitos do lançamento das águas pluviais � Destinação final adequada para efluentes sanitários e resíduos sólidos gerados no canteiro de obras e demais instalações de apoio administrativo Operação � Garantia de segurança à população do entorno � Garantia de atendimento de transporte coletivo ao empreendimento � Tratamento e disposição final de efluentes sanitários do empreendimento � Coleta e destino final de resíduos sólidos � Arborização do sistema viário e espaços de uso comum � Recuperação e revegetação das áreas degradas Planos de monitoramento O monitoramento proposto deverá abordar, no mínimo: � plano de avaliação das obras destinadas à contenção de encostas e drenagem pluvial � plano de acompanhamento do desenvolvimento da arborização � plano de monitoramento do sistema de abastecimento e da qualidade da água � plano de monitoramento do sistema de tratamento de efluentes líquidos Quadro 2. Itens que devem ser avaliados ao longo do EIA para que sejam encontradas medidas mitigadoras 65Estudo de Impacto Ambiental O EIA/RIMA é obrigado por lei, mas o método de avaliação dos impactos dependerá da equipe técnica que desenvolverá o estudo. Qualquer que seja o método escolhido para utilização, o mais importante é descrever detalhada- mente cada impacto detectado, bem como as formas de mitigar ou compensar cada um desses impactos. 1. Existem diferentes metodologias usadas nos EIA, para o meio físico, o biológico e o socioeconômico. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação a essas metodologias? a) No checklist, os impactos são demostrados na forma de matriz. b) A metodologia baseada em redes de interação baseia-se na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais causados somente na construção do empreendimento. c) A sobreposição de cartas é uma metodologia que permite uma boa compreensão de relações espaciais. Sua adoção é indicada nos projetos de desenvolvimento regional e com configuração linear. d) O método de matriz consiste na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais. e) No método quantitativo há a qualificação dos impactos, que permite obter índices de qualidade ambiental. 2. Com relação aos conceitos que regem o EIA/RIMA, assinale a alternativa correta. a) Os EIA/RIMA são elaborados pelo empreendedor, sendo que o órgão ambiental competente deverá arcar com os custos. b) No RIMA, são apresentados os resultados obtidos no EIA em uma linguagem acessível à população. c) Os EIA/RIMA são exigidos para todos os empreendimentos que possam causar algum tipo de impacto ambiental negativo. d) Os EIA/RIMA são elaborados pelo empreendedor por meio da contratação de profissionais somente da área ambiental. e) O EIA deve ser realizado pelo órgão ambiental e pelo empreendedor. 3. Assinale a alternativa que se refere corretamente ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e ao Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). a) O RIMA possui conteúdo específico e de difícil entendimento para leigos. b) O RIMA precede o EIA. c) O EIA-RIMA é um estudo complexo elaborado por diversos especialistas. d) O órgão ambiental definirá se deverá ser desenvolvido um EIA ou um RIMA para cada Estudo de Impacto Ambiental66 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. empreendimento específico. e) É o EIA que serve de base para a apresentação do estudo de impactos à comunidade durante a audiência pública. 4. Existem algumas atividades/ empreendimentos que necessitam apresentar o EIA/RIMA. Entre as alternativas a seguir, qual é um exemplo de empreendimento cuja apresentação desse tipo de estudo ambiental é obrigatória? a) Supressão de vegetação acima de dois hectares. b) Construção de empreendimentos acima de 300 m². c) Projetos de aquacultura. d) Linha de transmissão de energia com 500 KV. e) Estradas com uma faixa de rodagem. 5. Entre as alternativas a seguir, qual está corretaem relação as etapas que envolvem o EIA? a) Diagnóstico ambiental, AIA, medidas mitigadoras e elaboração de programas. b) Identificação dos processos e estabelecimento de indicadores, mensuração qualitativa e quantitativa, viabilização ambiental e plano de ação ambiental. c) Elaboração do Plano de Mobilização Social, realização do diagnóstico, apresentação do prognóstico e concepção de programas, projetos e ações necessárias para atingir as metas. d) Diagnóstico ambiental, AIA, medidas mitigadoras, elaboração de programas e mobilização social. e) Diagnóstico ambiental, prognóstico ambiental, medidas mitigadoras e plano de ação ambiental. 67Estudo de Impacto Ambiental Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Os métodos de avaliação de impacto ambiental servem de referência nos estudos ambientais para se determinar, de forma mais precisa, a significância de uma alteração ambiental. Também são usados para padronizar e facilitar a abordagem do meio físico que, em geral, leva em consideração vários aspectos. Quaisquer metodologias de abordagem podem ser utilizadas, desde que em acordo com a literatura nacional e/ou internacional sobre o assunto. Porém, deve- se tomar cuidado, pois a maioria dos métodos apresenta caráter subjetivo na abordagem do meio físico. Portanto, devem ser utilizados critérios bem definidos para a escolha do método a ser usado, ou seja, cada método tem uma aplicação definida, sendo utilizado conforme o caso. Para saber mais a respeito das principais metodologias utilizadas no Estudo de Impacto Ambiental, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Existem diferentes metodologias usadas nos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), tanto para o meio físico, biológico como socioeconômico. Entre as alternativas a seguir, qual está CORRETA em relação a essas metodologias? A) No checklist, os impactos são demostrados na forma de matriz. B) A metodologia baseada em redes de interação baseia-se na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais causados somente na construção do empreendimento. C) A sobreposição de cartas é uma metodologia que permite uma boa compreensão de relações espaciais. Sua adoção é indicada nos projetos de desenvolvimento regional e com configuração linear. D) O método de matriz consiste na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais. E) No método quantitativo há a qualificação dos impactos, obtendo-se índices de qualidade ambiental. 2) Em relação aos conceitos que regem o EIA/RIMA, assinale a alternativa CORRETA. A) Os EIA/RIMA são elaborados pelo empreendedor, sendo que o órgão ambiental competente deverá arcar com os custos. B) No RIMA são apresentados os resultados obtidos no EIA em uma linguagem acessível à população. C) Os EIA/RIMA são exigidos para todos os empreendimentos que possam causar algum tipo de impacto ambiental negativo. D) Os EIA/RIMA são elaborados pelo empreendedor por meio da contratação de profissionais somente da área ambiental. E) O EIA deve ser realizado pelo órgão ambiental e pelo empreendedor. 3) Assinale a alternativa que se refere corretamente ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A) O RIMA possui conteúdo específico e de difícil entendimento para leigos. B) O RIMA precede o EIA. C) O EIA/RIMA é um estudo complexo elaborado por diversos especialistas. D) O órgão ambiental definirá se deverá ser desenvolvido um EIA ou um RIMA para cada empreendimento específico. E) É o EIA que serve de base para a apresentação do estudo de impactos à comunidade durante a audiência pública. 4) Existem algumas atividades/empreendimentos que necessitam apresentar EIA/RIMA. Entre as alternativas a seguir, qual é um exemplo de empreendimento que necessita apresentar esse tipo de estudo ambiental? A) Supressão de vegetação acima de 2 hectares. B) Construção de empreendimentos acima de 300 m2. C) Projetos de aquacultura. D) Linha de transmissão de energia com 500 KV. E) Estradas com 1 faixa de rodagem. 5) Entre as alternativas a baixo, qual está CORRETA em relação às etapas que envolvem o Estudo de Impacto Ambiental? A) Diagnóstico ambiental, análise dos impactos ambientais, medidas mitigadoras e elaboração de programas. B) Identificação dos processos e estabelecimento de indicadores, mensuração qualitativa e quantitativa, viabilização ambiental e plano de ação ambiental. Elaboração do Plano de Mobilização Social, realização do diagnóstico, apresentação do C) prognóstico e concepção de programas, projetos e ações necessárias para atingir as metas. D) Diagnóstico ambiental, análise dos impactos ambientais, medidas mitigadoras, elaboração de programas e mobilização social. E) Diagnóstico ambiental, prognóstico ambiental, medidas mitigadoras e plano de ação ambiental. NA PRÁTICA Acabar com a seca do nordeste é mais do que um sonho, é um projeto com a maior infraestrutura hídrica que o Brasil jamais viu antes. Estamos falando da transposição do rio São Francisco, obra de infraestrutura do Governo Federal que tem o objetivo de levar água para 12 milhões de pessoas de 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Entretanto, desde que entrou em cena, o projeto tem gerado muita polêmica. Em relação ao Estudo de Impacto Ambiental, este foi um grande desafio, devido à extensão do empreendimento e pelos mais diversos impactos ambientais negativos que a obra poderá ocasionar, principalmente para o meio ambiente. Acompanhe a seguir quais são os principais impactos ambientais negativos desta obra. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Avaliação de impacto ambiental: metodologias aplicadas no Brasil Leia, no artigo a seguir, um estudo sobre as diferentes metodologias utilizadas/implantadas no Estudo de Impacto Ambiental no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estudo de impacto ambiental nas APAs Muitas vezes as atividades/empreendimentos ocasionam em impactos ambientais em áreas de preservação permanente (APP). Confira no vídeo a seguir como ocorre o EIA nesse tipo de local. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Situação de Impacto Ambiental:um estudo em uma Indústria de Extração Mineral A exploração de recursos minerais é uma atividade extrativa de grande importância para a construção civil, porém, ocasiona em enormes impactos ambientais. O artigo a seguir tem como objetivo diagnosticar a situação da Gestão Ambiental da ALFA, com base na metodologia proposta pelo CEBDES (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável). Para saber quais são os resultados e conclusões obtidos pelos autores, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Relatório de impacto ambiental (RIMA) APRESENTAÇÃO O relatório de impacto ambiental (RIMA) expõe as conclusões do estudo de impacto ambiental (EIA). As informações devem ser objetivas e apresentar uma linguagem de fácil compreensão, ilustrada por mapas, cartas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, para que a população possa entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação. Nesta Unidade de Aprendizagem, vão ser descritas as diferenças entre o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (RIMA). Além disso, vai ser apresentado um roteiro dos principais pontos/etapas que um EIA/RIMA deve conter. Um desses pontos, que vai ser tratado com maior enfase nesta unidade, são as audiências públicas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar estudode impacto ambiental (EIA) de relatório de impacto ambiental (RIMA).• Relacionar a produção do EIA/RIMA e da audiência pública com as etapas do processo de licenciamento. • Descrever sobre a apresentação do RIMA em audiências públicas.• DESAFIO A construção do relatório de impacto ambiental (RIMA) deve ser feita da mesma forma que a construção do estudo de impacto ambiental (EIA), com os mesmos conteúdos e etapas. No entanto, o RIMA deve ser escrito com uma linguagem mais acessível, ou seja, da forma mais simples possível. Você, como futuro profissional da área ambiental, concorda com as respostas dadas pelo técnico da prefeitura? Existe alguma forma de os moradores terem suas dúvidas respondidas? Mesmo se tratando de uma pequena central hidrelétrica (PCH), ela necessita ou não do EIA/RIMA? Justifique suas respostas. INFOGRÁFICO A audiência pública é a parte do licenciamento ambiental em que se fazem esclarecimentos à população sobre uma atividade potencialmente causadora de degradação ambiental. Sua principal finalidade é expor ao público as características do projeto e o conteúdo do estudo de impacto ambiental (EIA) e do relatório de impacto ambiental (RIMA), o qual consiste em um resumo do EIA com uma linguagem simplificada e acessível ao leigo. Esses documentos são elaborados pelo empreendedor e são distribuídos a órgãos e entidades para que possam enviar suas manifestações ao órgão ambiental e como subsídio à audiência pública. Durante a audiência pública, os participantes podem fazer perguntas sobre o empreendimento e tirar dúvidas de como se dá o licenciamento. Além disso, a plateia pode encaminhar propostas e solicitações que são protocoladas pelo órgão ambiental e passam a fazer parte do processo administrativo que trata do requerimento de licença ambiental pretendida. Para saber mais a respeito da importância do RIMA e das audiências públicas, confira o Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO A audiência pública é um instrumento de participação popular fundamental no processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) referido nas Resoluções Conama 01/86 e 009/87 e ratificado no texto da Constituição Estadual (1989). Sua realização se dá após a execução do estudo de impacto ambiental (EIA), do relatório de impacto ambiental (RIMA) e da apresentação desses ao órgão ambiental. A audiência pública serve para informar, discutir, tirar dúvidas e ouvir opiniões sobre os anseios da comunidade, em especial da população diretamente afetada, cujas preocupações, pronunciamentos e informações o órgão ambiental encarregado do licenciamento vai levar em consideração no procedimento decisório sobre a aprovação ou não do projeto. Para saber mais a respeito de audiência pública, leia o capítulo Relatório de impacto ambiental (RIMA), parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. Ronei Tiago Stein MEIO AMBIENTE Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Relatório de Impacto Ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). � Relacionar a produção do EIA/RIMA e da audiência pública com as etapas do processo de licenciamento. � Descrever a apresentação do RIMA em audiências públicas. Introdução O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) reflete as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Portanto, o RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada para a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que a população possa entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais da sua implementação. Neste capítulo, serão descritas as diferenças entre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Também será apresentado um roteiro dos principais pontos/etapas que um EIA/RIMA deve conter. Um desses pontos, que será tratado com maior ênfase nesse texto, são as Audiências Públicas. Diferenças entre Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental O EIA é um procedimento administrativo que visa realizar um estudo dos prováveis impactos que uma obra, um empreendimento ou uma atividade ocasionará no meio ambiente em todas as suas formas (natural, urbano e cultural), cuja aprovação fica a cargo da autoridade ambiental competente (STRUCHEL, 2016). O RIMA, por sua vez, tem por finalidade tornar compreensível para o público o conteúdo do EIA, já que este é elaborado segundo critérios técnicos. Dessa forma, em respeito ao princípio da informação ambiental, o RIMA deve ser claro e acessível, retratando fielmente o conteúdo do estudo, de modo compreensível e menos técnico. O relatório de impacto ambiental e o seu correspondente estudo deverão ser encaminhados para o órgão ambiental competente para que se proceda a análise sobre o licenciamento ou não da atividade, segundo Fiorillo (2014). É importante salientar que o EIA deve ser elaborado de forma minuciosa e técnica. No entanto, a equipe multidisciplinar envolvida no EIA deve transformar essas infor- mações em uma abordagem mais simplificada e acessível para leitura do público em geral, ou seja, elaborar o RIMA. Portanto, a preparação do RIMA deve ser realizada da mesma forma que a do EIA, com os mesmos conteúdos e etapas, mas escrito com uma linguagem mais simples. Esse documento então, o EIA/RIMA, é protocolado para o requerimento da licença prévia (LP) durante o processo de licenciamento. Para facilitar o entendimento a respeito das diferenças entre o EIA e o RIMA, veja o Quadro 1. Aspectos EIA RIMA Linguagem Mais técnica Mais acessível Disponibilidade Apenas ao órgão ambiental Público/sociedade Necessidade de apresentação em audiência pública Não Sim Quadro 1. Principais diferenças entre o EIA e o RIMA Relatório de Impacto Ambiental70 No entanto, é importante que os profissionais da área ambiental saibam também a diferença entre EIA/RIMA e Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV). O EIV se refere à construção de qualquer empreendimento imobiliário, principalmente em áreas urbanas, o qual possa causar impactos positivos ou negativos em todo o seu entorno. Para avaliá-los e corrigi-los, o EIV precisa ser realizado. As reformas em geral, como ampliações, também necessitam do estudo, cuja obrigatoriedade é determinada pela legislação de cada município. O EIV tem função semelhante ao EIA. Contudo, enquanto o EIA compre- ende a identificação e análise dos impactos no meio ambiente, o EIV analisa os impactos de determinada atividade no contexto urbano, relativos ao entorno da atividade pretendida, como impactos no sistema viário (trânsito) ou mesmo de valorização imobiliária. É importante salientar que o EIV não substitui a elaboração e aprovação do EIA, requerido nos termos da legislação ambiental. Da mesma forma, o EIA não supre o EIV. Segundo o art. 36 da Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001, a lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privadas ou públicas em área urbana que dependerão de elaboração de EIV para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal (BRASIL, 2001). O Quadro 2 apresenta as diferenças entre o EIA e o EIV. Fonte: Adaptado de Struchel (2016). EIA EIV Ambiental UrbanoRequisito prévio para a concessão de licença ambiental Requisito prévio para a concessão de licenças e autorizações municipais urbanísticas Campo de análise amplo (meio físico, biológico e socioeconômico) Campo de análise restrito É exigido pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), nos âmbitos federal, estadual e municipal É exigido pelos órgãos municipais Quadro 2. Impactos urbanos versus impactos no meio ambiente natural 71Relatório de Impacto Ambiental Para distribuir as responsabilidades entre municípios, estados e a União, foi instituído o SISNAMA, um modelo descentralizado de gestão ambiental que cria uma rede articulada de organizações nos diferentes âmbitos da federação (BRASIL, 1981). O RIV, por sua vez, pode ser parte do EIV ou ser complementar a ele. A sua principal função é registrar as características do local onde será realizada a construção e do seu entorno, abrangendo toda a área que pode ser influenciada pela futura atividade. Além disso, também contém os impactos proporcionados pela obra, independentemente da gravidade de cada um desses efeitos e do porte da construção ou reforma. O RIV é um demonstrativo no qual toda a área é analisada, como, por exem- plo, a infraestrutura urbana e viária, paisagem e meio ambiente. O resultado produz o nível de harmonização entre o empreendimento e os seus arredores, tanto como complemento do local quanto por similaridade. Ao longo do EIA/RIMA, podem ser encontrados alguns problemas, como: � análise e avaliação ambiental de forma pontual; � conhecimento localizado, ou seja, não há um conhecimento da situação regional ou até mesmo estadual que determinado empreendimento poderá ocasionar; � equipe multidisciplinar limitada; � ausência de análise de séries históricas (p.ex., enchentes); � ausência de parâmetros de controle ambiental; � ausência de formas específicas para elaboração do estudo (inexistência de metodologias para levantamentos específicos); � legislações ultrapassadas; � participação pública inadequada; � crescimento econômico a qualquer preço, deixando aspectos ambientais de lado. Relatório de Impacto Ambiental72 Roteiro de elaboração e apresentação do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental O RIMA, o qual reflete as conclusões do EIA de forma objetiva e em linguagem adequada à sua compreensão, deve estar acessível ao público em locais apro- priados, de forma a garantir o conhecimento do seu conteúdo pelos interessados, durante a análise técnica do pedido de licença ambiental (BRASIL, 2009). A fim de facilitar o entendimento e deixar o presente capítulo mais didático, o Quadro 3 apresenta as principais fases do processo de licenciamento prévio e que envolvem a elaboração do EIA e do RIMA, e também da realização da audiência pública. Fases do EIA/RIMA Procedimento 1 Empreendedor realiza consulta ao órgão ambiental. Identificar questões legais, socioeconômicas e políticas relacionadas com a implantação do projeto. 2 Órgão ambiental emite instrução normativa. Apontar, no termo de referência, todos os itens a serem seguidos para a elaboração do EIA/RIMA pela empresa consultora/ ou profissionais a serem contratados. 3 Empreendedor licita/ contrata a elaboração do EIA/RIMA. Realizar a licitação por meio de convite direto, tomada de preços, carta-convite ou licitação, dependendo se a atividade for pública ou privada. 4 Empresas de consultoria ambiental apresentam as suas propostas técnicas em concorrência (em caso de o empreendimento ser público). Analisar as empresas, que deverão possuir habilitação legal e apresentar as suas propostas no prazo determinado, respeitando e cumprindo as exigências definidas no respectivo edital de concorrência. 5 Empreendedor negocia a(s) proposta(s) e contrata a empresa vencedora, a qual apresentou o menor preço, mas possui capacidade de realizar o EIA/RIMA. Examinar as propostas técnicas e orçamentos antes do estabelecimento/ negociação das cláusulas contratuais. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continua) 73Relatório de Impacto Ambiental Fases do EIA/RIMA Procedimento 6 Consultora elabora o EIA/RIMA. A empresa vencedora deve cumprir todas exigências para a realização dos relatórios, destacando as necessidades de formar uma equipe multidisciplinar habilitada e administrativa. Deve-se obter dados e informações técnico-científicas e dar tratamento a esse material, obedecendo um cronograma de trabalho. Para isso, é necessário recursos materiais e financeiros para a apresentação do produto final, garantindo uma gestão/trabalho com qualidade. 7 Empreendedor deve fiscalizar os segmentos da realização dos estudos. Acompanhar sistematicamente todas as atividades a serem realizadas na elaboração dos estudos/levantamentos. 8 Empreendedor submete os estudos/levantamentos ao órgão ambiental. Os estudos serão analisados por uma equipe técnica especializada e qualificada, que poderá aprová- los (parecer favorável), sugerir modificações/complementações ou reprová-los (parecer desfavorável). 9 Caso for aceito, o órgão ambiental coloca o EIA/ RIMA à disposição do público, marcando a audiência pública, e inicia-se a análise dos estudos elaborados. A audiência será marcada em local, data e horário acessíveis para a participação pública, e divulgada em jornais de grande circulação e no Diário Oficial da União. O RIMA ficará à disposição da comunidade para análise e conhecimento por, no mínimo, 45 dias antes da audiência. 10 Empreendedor encomenda material para a audiência pública à consultoria. As equipes técnicas e de comunicação visual preparam o material para a sua apresentação. São de responsabilidade do empreendedor todos os custos necessários à realização da audiência. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continuação) (Continua) Relatório de Impacto Ambiental74 Embora o RIMA seja mais objetivo e sintético que o EIA e apresente uma linguagem corrente e acessível a leigos, sem prejuízo da sua qualidade técnica, deve seguir um roteiro, listado a seguir. � Descrição do projeto, localização, etapas de construção e operação, utilizando, sempre que necessário, mapas, gráficos e desenhos, e espe- cificando matérias-primas e mão de obra, fontes de energia, processos e técnica operacionais, prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, empregos diretos e indiretos a serem gerados e outras técnicas. � Justificativas técnicas, econômicas, ambientais e de segurança, e compa- tibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais. � Síntese (resumo) do diagnóstico ambiental da área de influência. � Descrição dos principais impactos ambientais (positivos e negativos), fases de ocorrência, medidas mitigadoras e sua eficiência, indicando impactos que não podem ser evitados e mitigados, medidas compen- satórias, bem como os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação. Fonte: Adaptado de Brasil (2009). Fases do EIA/RIMA Procedimento 11 Órgão ambiental realiza a referida audiência, na qual o empreendedor apresenta o empreendimento, e a consultora apresenta o EIA/RIMA para o público presente. Podem ocorrer audiências prévias e/ou seminários em universidades, auditórios públicos, anteriormente à audiência propriamente dita. Expositores treinados defendem os seus pontos de vista e o conteúdo técnico de forma objetiva e coloquial no dia da audiência. 12 Órgão ambiental elabora a ata da audiência, finaliza a análise do EIA/RIMA e emite o parecer técnico. A ata leva em consideração todas as questões analisadas e comentadas na audiência pública, das interferências técnicas do empreendedor, consultora e comunidade. Há um detalhamento de informações e/ou informações adicionais e justificativastécnicas, com possíveis exigências, e, finalmente, a emissão ou não a licença. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continuação) 75Relatório de Impacto Ambiental � Caracterização sucinta da qualidade ambiental futura da área de influ- ência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, incluindo a hipótese de sua não realização. � Planos de monitoramento e acompanhamento dos impactos. � Apresentação da equipe técnica. � Recomendações quanto a alternativas mais favoráveis. Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental e audiências públicas Como descrito anteriormente, o EIA é analisado pelo órgão ambiental e apre- senta um linguajar mais técnico. O RIMA, por sua vez, deve ser disponibilizado para a comunidade com uma linguagem mais simples, e apresentado e discutido em audiência pública. O resultado dessas análises deverá subsidiar a decisão do órgão ambiental no deferimento ou não da LP para o empreendimento. As normas ambientais que visam a atender aos princípios que norteiam o licenciamento ambiental possibilitam a participação da sociedade em decisões que envolvem o meio ambiente, considerando que este é um bem de uso comum. Machado (2012) destaca que um dos principais instrumentos de participação popular é a audiência pública. A audiência pública tem por finalidade expor o projeto e os seus impactos ambientais aos interessados, recolhendo críticas e sugestões dos presentes. Essas informações servirão de subsídios para a análise e o parecer final dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA) e/ou IBAMA sobre o empreendimento proposto, para efeito de licenciamento ambiental. As audiências públicas foram regulamentadas pelas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986), e nº. 09, de 03 de dezembro de 1987. O art. 1º da Resolução CONAMA nº. 009/1987 ressalta que a audiência pública tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões Relatório de Impacto Ambiental76 a respeito (BRASIL, 1987). Machado (2012) ressalta que a audiência pública é realizada com dois objetivos principais: 1. informar o público sobre o projeto e os seus impactos, de modo que os interessados tenham oportunidade de expor suas dúvidas sobre o empreendimento e vê-las esclarecidas; 2. informar aos responsáveis pela decisão e ao proponente do projeto as expectativas e eventuais objeções do público. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009), a audiência pública é promovida pelo OEMA ou IBAMA, ou, quando couber, pelo município, sempre que julgada necessária ou quando solicitada por entidade civil ou pelo Ministério Público ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos. Deverá ser redigido um edital, que deverá ser fixado/disponibilizado em espaços de grande circulação e visualização pela população. Esses locais podem ser jornais impressos (imprensa local), sites, distribuição de panfletos, entre outros, e a abertura do prazo de solicitação da audiência pública deverá ser, no mínimo, de 45 dias antes da sua ocorrência. Durante esse período, cópias do RIMA são colocadas à disposição do público no órgão ambiental, desde que respeitado o sigilo industrial. A audiência pública é realizada com a participação, basicamente, dos grupos de atores a seguir. � Órgão ambiental (OEMA ou IBAMA) ou, quando couber, o muni- cípio: coordena a realização da audiência pública e registra as questões relevantes suscitadas para fins decisórios subsequentes. � O empreendedor: organiza a sua realização, apresenta o empreen- dimento, responde aos questionamentos referentes à implantação pretendida e arca com os custos correspondentes. Geralmente expõe, na audiência pública, a concepção original da ação proposta, desta- cando os benefícios sociais do projeto e explicitando como a dimensão ambiental está incorporada na sua concepção. O empreendedor deve ressaltar as soluções técnicas empregadas para prevenir e/ou controlar os efeitos ambientais esperados, o montante dos recursos financeiros disponíveis e as tecnologias adotadas para a mitigação dos impactos. � A equipe multidisciplinar responsável pela elaboração do RIMA: apresenta suas conclusões, responde tecnicamente pelo seu conteúdo e atende aos questionamentos levantados sobre os estudos realizados. � Órgão da administração pública: federal, estadual e municipal, que tem interesse no projeto proposto, participa da audiência pública para 77Relatório de Impacto Ambiental conhecimento e manifestação sobre conclusões do Estudo de Impacto Ambiental. Como exemplos, podem-se citar os órgãos responsáveis pelo fornecimento de infraestrutura, como água, luz, transporte, vias de acesso, entre outros. � Pessoas físicas: são indivíduos ou grupo de pessoas que, em geral, man- têm relação direta ou que se consideram afetadas pelo empreendimento proposto. Participam da audiência pública para tomarem conhecimento e se manifestarem sobre as conclusões dos Estudos de Impacto Ambiental. � Empresas públicas e privadas: são empreendedores que já possuem projetos instalados e/ou em instalação na área de influência do projeto proposto. Participam como observadores e, também, para manifestarem opiniões sobre as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental. � Entidades civis (ONGs): são representantes de segmentos da sociedade civil organizada que mantêm relação direta com o projeto proposto. Participam da audiência pública para tomar conhecimento e colocar seus questionamentos e aspirações. � Poder Legislativo: membros do Poder Legislativo participam da audi- ência pública para tomar conhecimento e apresentar questionamentos de interesse para o conjunto da sociedade que representam. Os membros devem estabelecer compromissos de compatibilizar e incorporar na legislação as ações propostas nos estudos ambientais. � Comunidade científica: são pesquisadores e/ou centros de conhecimento que participam a convite de algum dos outros agentes, para opinarem sobre as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental do projeto proposto. � Ministério Público: participa para cumprir suas funções institucionais estabelecidas na Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988, da qual destaca-se o inciso III do art. 129: “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (BRASIL, 1988). A sua participação busca garantir a exequibilidade das medidas propostas pelo empreendedor e fiscalizar o Poder Executivo. Existem regras e formas de organização das audiências públicas, as quais foram definidas pela Resolução CONAMA nº 009/1987. Relatório de Impacto Ambiental78 A audiência pública é dirigida pelo representante do órgão ambiental que, após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA, abre a discussão com os interessados presentes. Ao final de cada audiência pública, é lavrada uma ata sucinta, na qual todos os documentos escritos e assinados durante a sessão são anexados. A ata da(s) audência(s) pública(s) e os seus anexos servem de base, com o RIMA, para a análise do órgão ambiental sobre o licenciamento ambiental do projeto. 1. Foi instituído no Brasil pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº. 6.938/1981 e regulamentado pela CONAMA nº001/1986. Apresenta os impactos ambientais que determinada obra/ atividade poderá ocasionar, mas de forma mais simples, visando à compreensão do seu conteúdo pela sociedade. Essa definição se refere a qual das alternativas? a) Estudo de Impacto Ambiental. b) Relatório de Impacto de Vizinhança. c) Plano de Recuperação de Área Degradada. d) Relatório de Impacto Ambiental. e) Estudo de Impacto de Vizinhança. 2. A audiência pública tem por finalidade expor aos interessados