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WBA0944_v1.0 Ética e responsabilidade profissional Reflexões acerca da atuação profissional – Sigilo Bloco 1 Alberto Carneiro Barbosa de Souza Contrato e Honorários Contrato e honorários Fonte: wildpixel/iStock.com. Figura 1 - Precificar o valor de uma sessāo de psicologia pode ser tarefa difícil Contrato e honorários • Discutir questões financeiras, incluindo honorários e contratos, pode ser desconfortável para alguns profissionais de Psicologia. • Precificar uma sessão de Psicologia pode ser algo subjetivo. • Apesar de previsto pelo CFP, atrasos e faltas nem sempre são cobrados por alguns profissionais. • No Brasil, a maioria dos contratos em Psicologia clínica privada se dá de forma 100% verbal. • A clínica de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) até mesmo como parte do tratamento, em alguns casos, pode ter o contrato por escrito, incluindo cláusulas sobre faltas e atrasos. • Muitos psicólogos preferem prestar serviços como pessoa jurídica (CNPJ) em funçāo das leis de tributaçāo no Brasil. Contrato e honorários • Preço/ honorário da consulta: quantidade de reais que se estabelece para fazer transação financeira de qualquer produto ou serviço. • Valor da consulta: conjunto de benefícios que se agregarāo à saúde mental e qualidade de vida do paciente, assim como fatores qualificadores da prestaçāo de seus serviços formaçāo acadêmica, experiência, reputaçāo profissional). • Via de regra, ao reconhecer o valor de seu serviço, menor será a percepçāo do honorário/ preço pago pela sessāo e vice- versa. • A precificaçāo dos honorários para pessoas jurídicas deve levar em conta fatores que, normalemnte, nāo o sāo para clientes pessoa física, a saber: custo operacional total e valores atrelados ao CNPJ do psicólogo, caso este o tenha. Contrato e honorários • É comum que o paciente nāo contabilize, na avaliaçāo do serviço psicológico prestado, os custos com cursos de formaçāo e demais fatores que você possua. • O paciente leva em conta a melhora da qualidade de vida e este será o maior e, muitas vezes, o único fator que o fará continuar o tratamento. • Paciente pode nem sempre ocorrer com o cliente pessoa jurídica. • Por não existir piso salarial em Psicologia clínica, a precificaçāo da consulta deve ser negociada e agregada ao valor do tratamento para o paciente. • Apesar disso, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) possui uma tabela de honorários à disposiçāo de qualquer psicólogo registrado no Brasil. Contrato e honorários • Qualquer psicólogo, seja pessoa jurídica ou física pode abrir uma clínica de psicologia, desde que seja registrado em seu CRP regional ou estadual. • Apesar do psicólogo se manter como pessoa física, sua clínica necessita possuir pessoa jurídica (CNPJ) e ambos devem ser registrados no CRP. • Por não existir piso salarial em Psicologia clínica, a precificaçāo da consulta deve ser negociada e agregada ao valor do tratamento para o paciente. • Apesar disso, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) possui uma tebela de honorários à disposiçāo de qulaquer psicólogo registrado no Brasil. O psicológo Clínico e o Serviço de Saúde Suplementar Bloco 2 Alberto Carneiro Barbosa de Souza Reflexões acerca da atuação profissional – Sigilo O psicológo clínico e o serviço de saúde complementar • A saúde suplementar visa prover serviços nāo oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou aprimorar serviços já oferecidos. • O psicólogo pode prestar seus serviços por meio de uma operadora de saúde complementar. • Seu contrato pode ser estabelecido como pessoa física (autônomo) ou jurídica (CNPJ). • Caso escolha por pessoa jurídica e exerça a funçāo de psicólogo clinico, deve registrar seu CNPJ em seu CRP estadual ou regional. • O psicólogo deve fornecer à operadora de saúde suplementar o serviço de no mínimo de doze consultas anuais ou de quarenta sessões em anuais, dependendo dos casos clínicos, estabelecidos pelo. CFP. O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar • A ampliaçāo das sessões oferecidas é permitida e fica à critério de cada operadora de plano de saúde suplementar. • Os principais e mais comuns serviços oferecidos por psicólogos, nessas operadoras, sāo: 1. Avaliação psicológica . 2. Avaliação neuropsicológica. 3. Psicoterapia em grupo – Por beneficiário. 4. Sessão de psicomotricidade individual. 5. Sessão de psicoterapia infantil individual e em grupo. 6. Orientação aos pais e responsáveis. 7. Psicoterapia de casal. 8. Psicoterapia familiar. 9. Acompanhamento e reabilitação profissional com psicóloga (o). 10. Atendimento psicológico de emergência. 11. Atendimento hospitalar e domiciliar. O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar Fonte: Alfribeiro/ iStock.com. Figura 2 - O serviço de saúde suplementar desafoga a demanda do SUS O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar • Não existe o tempo mínimo/ máximo de sessão de Psicologia clínica, determinada pelo CFP nos serviços de psicólogos à operadoras de saúde suplementar. • A duração da sessão deve estar à critério do psicólogo e pode ser negociada com o beneficiado. • É vedada ao psicólogo de operadoras de saúde complementar cobrar as faltas de pacientes conveniados. • É vedado ao psicólogo cobrar valores diferentes dos que a operadora autoriza, assim como oferecer serviços não previstos em seu contrato com a mesma. • O código de ética de Psicologia deve ser observado e respeitado tanto pelo psicólogo quanto pela operadora de saúde suplementar em todo o tempo. O psicológo clínico e o serviço de saúde complementar • Qualquer documento psicológico pedido pela operadora de saúde complementar deve conter apenas informações que não quebre o sigilo profissional e este é proibida de exigir. • O prontuário psicológico deve ser mantido pelo psicólogo e jamais compartilhado, a não ser por ordem judicial. • O valor dos honorários são estabelecidos pela operadora de saúde complementar. • O psicólogo pode oferecer tratamentos de forma remota (on-line) pela operadora de saúde suplementar síncronos (em tempo real) ou assíncronos (gravados). • É vedado ao psicólogo prestar serviço de Psicologia de emergência pela operadora, assim como atendimentos relativos à violência de gênero. Cobrança de Honorários Bloco 3 Alberto Carneiro Barbosa de Souza Reflexões acerca da atuação profissional – Sigilo Cobrança de honorários • Os cursos de graduaçāo em Psicologia deveriam abordar, com mais atençāo, a discussão sobre questões que envolvam honorários na profissão. • Por nāo terem treinamento para tal, é comum que psicólogos clínicos recém-formados desenvolvam sentimentos de culpa e desvalorização do seu trabalho (HELLER; ANTUNES; ENCK, 2021). • Questões ligadas a pagamentos podem se mostrar complexos tanto para o paciente quanto para o psicólogo clínico, pois questões ligadas ao dinheiro podem simbolizar conflitos emocionais de ambas as partes. • A motivaçāo em ajudar pode conflituar com a necessidade de precificar tal ajuda. • Levar em conta a real condição financeira do paciente é importante para que este possa arcar com o tratamento e não desistir porque não pode mais pagar. Cobrança de honorários • É fundamental que ambas as partes compreendam que os honorários fazem parte do próprio tratamento e, por isso, devem ser compreendidos como tal (STEWART, 2005). • A cobrança de honorários deve ser feita de forma clara e sem culpa, pois pendências emocionais neste campo podem comprometer o bom andamento do tratamento ou até mesmo inviabilizá-lo. • O valor dos honorários nāo deve ser visto como uma precificaçāo do tratamento, mas como um símbolo no qual o paciente faz para sua própria melhora. • Os tratamentos pro bono (gratuitos) devem ocorrer apenas em situaçōes muito específicas. Redes sociais e a ética em Psicologia Fonte: Mongkolchon Akesin/ iStock.com. Figura 3 - A negociaçāo de honorários é parte do tratamento psicológico Cobrança de honorários • Os honoráriosdevem ser sempre um tema confortável para o psicólogo e para o paciente durante todo o tratamento e não somente na negociaçāo inicial. Dessa forma, haverá maior abertura para outros temas que impliquem dinheiro como símbolo de poder e/ou conflitos emocionais. • Segundo Gross (2009), “o dinheiro pode servir como um meio de motivação para a mudança psicoterapêutica, mas não algo impulsionado pelo sentido de sacrifício para o cliente”. • Existe a possibilidade do paciente investir um valor menor do que poderia pagar. Isso deve ser um alerta para o psicólogo de que possa existir desvalorização do tratamento em curso. • As razões para este cenário podem ser pelo fato do paciente acreditar que seu psicólogo não tenha a experiência necessária para seu caso ou, em casos mais extremos, nāo confiar em seu potencial clínico. Teoria em Prática Bloco 4 Alberto Carneiro Barbosa de Souza Resolução de caso proposto Quadro que se apresenta: • Adolescente, J. Q. V., 16 anos. • Em situação de vulnerabilidade socioeconômica. • Bom rendimento escolar. • Possui residência fixa e trabalho. • Planos de se formar e melhorar de vida. • Namorada menor de idade, M. Z. U., 17 anos, é apreendida com entorpecentes e J. Q. V. assume a culpa. • M. Z. U pede à psicóloga para manter sigilo. Resolução do caso proposto Postura a ser adotada pelo psicólogo: De acordo com o código de ética de Psicologia, o psicólogo deve reportar o que foi revelado por M. Z. U, pois, caso não faça isso, estará causando danos ao paciente. Os danos causados ao paciente representam falta gravíssima de ética e o profissional sofrerá puniçāo disciplinar em seu CRP. A revelação de M. Z. U. faz com que o psicólogo tenha obrigaçāo legal de fazer a denúncia ao Ministério Público e/ou ao Conselho Tutelar, sobe pena de incorrer em crime previsto no Código Penal Brasileiro (CPB). A denúncia deve ser comunicada antes ao paciente, mas independe de sua autorização. Norte para a resolução... • A ética em Psicologia deve, antes de mais nada, preservar o paciente e o psicólogo de possíveis danos psicológicos, emocionais e/ou físicos. • No caso de uma revelação que indique fortemente que o paciente e/ou outras pessoas possam ser prejudicadas de maneira grave, tal como a que M. Z. U. fez ao dizer que não portava drogas, a denúncia deixa de ser uma questão de escolha e passa a ser obrigação legal. • Antes de fazer a denúncia, é importante conversar com calma com o paciente e explicar as razões que fizeram o psicólogo a fazer a denúncia, assim como manter-se sempre disponível para suporte psicoemocional ao paciente. Dica do (a) Professor (a) Bloco 5 Alberto Carneiro Barbosa de Souza Dica do (a) Professor (a) • Três filmes sobre contratos e honorários: 1) Um método perigoso (2011). Direção: David Cronenberg. EUA (1h 39 min.). O filme narra como nasceu a psicanálise e, entre os temas discutidos, aborda a questão dos honorários e sua importância para o tratamento. 2) O diabo veste Prada (2006). Direção: David Frankel EUA (1h 49 min.). O filme acompanha a vida de uma jovem idealista e que ama a moda. Com sua profissionalização, ela compreende a importância da precificação de seu trabalho, o que a faz entrar em conflito com seus valores. 3) SUITS (2011 -2019), série. Diretor: vários. EUA. Essa série mostra como dois sócios cosneguem administrar crises durante sua vida financeira e como o valor de seu negocio afeta sua vida emocional. Dica do (a) Professor (a) • Três livros : 1) Livro: Dinheiro é emocional - Saúde emocional para ter paz financeira (2018). O livro discute questões ligadas ao dinheiro e como afetam nossa estabilidade emocional. Entre os temas abordados, a cobrança por serviços merece destaque. BRUNET, T. Dinheiro é emocional - Saúde emocional para ter paz financeira. São Paulo: Vida Livros, 2018. 2) Livro: A psicologia do dinheiro (2019). O livro acompanha o leitor em um estudo de como o dinheiro afeta ou ajuda nosso equilíbrio psicológico, dependendo da importância e do papel que damos a ele em nossas vidas e em nosso trabalho, desde finanças pessoais até o valor de uma sessāo com um psicólogo. ARIELY, D.; KREISLER, J. A psicologia do dinheiro. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. 3) Livro: Iniciando a prática clínica em Psicologia: da atuação profissional aos fundamentos de gestão (2019). Livro sobre gestāo financeira na clínica psicológica. COSTA, G. B. S.; RESENDE, V. V. Iniciando a prática clínica em Psicologia: da atuação profissional aos fundamentos de gestão. Salvador: Sanar, 2019. Referências ALCHIERI, J. C. Avaliação psicológica: perspectivas e contextos. 1 ed. São Paulo: Vetor, 2007. ARIELY, D.; KREISLER, J. A psicologia do dinheiro. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. BRUNET, T. Dinheiro é emocional - Saúde emocional para ter paz financeira. São Paulo: Vida Livros, 2018. COSTA, G. B. S.; RESENDE, V. V. Iniciando a prática clínica em Psicologia: da atuação profissional aos fundamentos de gestão. Salvador: Sanar, 2019. Referências HELLER, G.; ANTUNES, A. C.; ENCK, N. M. E. Qual o valor da consulta? Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, v. 6, p. 19-29. Porto Alegre, 2002. GROSS, C.; TEODORO, M. L. M. A cobrança dos honorários na prática clínica por psicoterapeutas: uma revisão de literatura. Aletheia, n. 29, p. 117-128. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141 03942009000100010&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 4 fev. 2022. Bons estudos! Ética e responsabilidade profissional Reflexões acerca da atuação profissional – Sigilo Contrato e honorários Contrato e honorários Contrato e honorários Contrato e honorários Contrato e honorários O psicológo Clínico e o Serviço de Saúde Suplementar O psicológo clínico e o serviço de saúde complementar O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar O psicológo clínico e o serviço de saúde suplementar O psicológo clínico e o serviço de saúde complementar Cobrança de Honorários Cobrança de honorários Cobrança de honorários Redes sociais e a ética em Psicologia Cobrança de honorários Teoria em Prática Resolução de caso proposto Resolução do caso proposto Norte para a resolução... Dica do (a) Professor (a) Dica do (a) Professor (a) Dica do (a) Professor (a) Referências Referências Bons estudos!