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Prévia do material em texto

“Numa época em que o sexo é venerado como um deus, um livro pequeno como este é capaz de deixar
uma grande contribuição, ajudando muitos homens a superar o vício do sexo.”
Mark Driscoll, Mars Hill Church
“Tim Challies alcança o equilíbrio perfeito nesta obra pequena, mas tão necessária. Ele avalia a epidemia
sexual de nossa cultura de forma bem realista, mas não sem esperança. Seu conselho tem valor prático,
embora fuja daquela mentalidade das listas de veri�cação. Faz uma abordagem sem rodeios sobre o
pecado sexual sem ser deselegante.  Numa época em que praticamente quase todo rapaz luta com
pornogra�a, cobiça sexual e masturbação, este livro será um recurso extremamente valioso. Sou grato
pela sabedoria, pela sinceridade e pela graça transmitidas por Tim.”
Kevin DeYoung, pastor-titular da University Reformed Church (Michigan); conferencista e
autor de vários livros, dentre os quais Por que amamos a igreja (Mundo Cristão), Não quero um pastor
bacana: e outras razões para não aderir à igreja emergente (Mundo Cristão), e good news we almost
forgot [As boas-novas que quase esquecemos], Just do something [Simplesmente faça alguma coisa].
“Numa época em que as pessoas passam muito tempo na internet, a pornogra�a não é, para o homem
cristão, apenas um problema; ela é o problema. Todo homem enfrenta a tentação desse pecado que polui
a mente, endurece o coração e debilita a alma. Muitos homens em nossas igrejas, jovens ou velhos,
precisam de Desintoxicação sexual — um livro mais que bem-vindo. De forma breve e sucinta, Challies
identi�ca a natureza tóxica desse pecado e oferece aos homens uma esperança prática, aplicável e, acima
de tudo, centrada no evangelho. Quero que todo homem ao qual eu sirvo e que todos os rapazes de
nossa equipe de pastores leiam este livro.”
Tedd Tripp, pastor da Grace Fellowship (Pensilvânia); conferencista e autor dos livros
Pastoreando o coração da criança (Fiel) e Instruindo o coração da criança (Fiel).
“A igreja, a noiva de Cristo, chegou à era do sexo. Embora nós, cristãos, tenhamos di�culdade de aceitar
o fato, o sexo é praticamente a moeda cultural dominante em nossos dias. Como sabemos que isso é uma
perversão do bom plano de Deus, talvez lutemos para aceitar essa realidade — e consequentemente para
confrontá-la, como é nosso dever. Desintoxicação sexual é justamente o que precisamos. Claro, honesto,
bíblico, escrito em tom �rme, mas agradável, exortativo, mas fundado na graça, realista, mas
esperançoso. Tim Challies presenteia aqueles que trabalham com jovens — alvo preferencial de mercado
em uma sociedade imersa em sexo — com um recurso fantástico para combater o pecado e exaltar a
Cristo. Com certeza temos uma dívida com esse autor! Tenho esperança de que, ao confrontar a todos
nós com sua ênfase na santidade, este livro seja amplamente divulgado e alcance longas distâncias, para
a saúde da igreja e para o fortalecimento de casamentos.”
Owen Strachan, professor de Teologia Cristã e História da Igreja, Boyce College; coautor da
Essential Edwards collection [Coleção básica de Edwards].
“Graças a Deus por usar Tim para articular essas verdades sobre o sexo de forma simples e franca em
meio a uma cultura de permissividade. Esse livro é simples e bíblico em sua busca por nos ‘desintoxicar’
das mentiras que alimentamos nessa área da sexualidade. Leia e creia.”
Ben Zobrist, jogador do Tampa Bay Rays, time de beisebol americano.
“Tim empenhou-se muito para expressar essas verdades de maneira simples. E você pode nos agradecer
por isso. Ao nos ensinar, ele percebeu que somos jovens simples que precisam de uma explicação simples
do que Deus deseja para nossa sexualidade. Estamos convencidos de que, se você for um sujeito normal,
com problemas de caras normais e com uma visão de mundo típica de um homem, este livro será útil
para você, como tem sido para nós.”
John Cowle, Steve Funston, Nick Mitchell e Julian Freeman, rapazes de vinte e poucos
anos da igreja de Toronto em que Tim Challies é presbítero.
Ficha Catalográ�ca
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Challies, Tim
Desintoxicação sexual: um guia para homens que querem fugir da imoralidade sexual / Tim Challies; Tradução Marcia
Medeiros – São Paulo: Vida Nova, 2011.
Título original: Sexual detox: a guide for guys who are sick of
ISBN 978-85-275-0480-5
1. Homens - Conduta de vida 2. Imoralidade
     3. Pecado 4. Sexo – Aspectos religiosos – 5. Sexualidade – Aspectos religiosos 6. Tentação 7. Vida cristã I. Título
11-10375                                   CDD-248.842
Índices para catálogo sistemático:
1. Homens: Guias de vida cristã 248.842
Créditos
Copyright ©2010, de Tim Challies
Título original: Sexual detox: a guide for guys who are sick of porn
Traduzido da edição publicada pela Cruciform Press
(Adelphi, Maryland, EUA).
1ª edição: 2011
Publicado no Brasil com a devida autorização
e com todos os direitos reservados por
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova,
Caixa Postal 21266, São Paulo, SP, 04602-970.
www.vidanova.com.br | e-mail: vidanova@vidanova.com.br
Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
xerográ�cos, fotográ�cos, gravação, estocagem em banco de
dados etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte.
ISBN 978-85-275-0480-5
Supervisão editorial
Marisa K. A. de Siqueira Lopes
Coordenação editorial
Fabiano Silveira Medeiros
Revisão
Rosa Ferreira
Coordenação de produção
Sérgio Siqueira Moura
Revisão de provas
Ubevaldo G. Sampaio
Diagramação
Kelly Christine Maynarte
Capa
Clara Meath
Produção para ebook
S2 Books
Dedicatória
Este livro é dedicado à geração de meu �lho, uma
geração de garotos que somente pela graça de Deus evitarão a sedução da
pornogra�a.
— Tim Challies
SUMÁRIO
Capa
Ficha Catalográ�ca
Folha de Rosto
Créditos
Dedicatória
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
Um A Realidade
Dois PORNOGRAFIA VS. CASAMENTO
Três UMA TEOLOGIA DA MASTURBAÇÃO
Quatro AS TRÊS DÁDIVAS DO SEXO
Cinco DESINTOXICAÇÃO NO QUARTO
Seis DESINTOXICAÇÃO EM SUA ALMA
FONTES CITADAS
A HISTÓRIA DESTE LIVRO
ADENDO
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos homens da Grace Fellowship Church, em Toronto, Ontário, pelo
suporte e assistência no preparo deste livro. Suas respostas francas a perguntas
difíceis me ajudaram a entender questões que precisavam ser tratadas.
Agradeço aos leitores do meu blog que deram um retorno valioso à série
de artigos que serviram de base para este livro.
Agradeço a minha esposa e meus �lhos o apoio incondicional.
Agradeço a você por ler este livro. Se tiver perguntas, comentários ou
preocupações, por favor entre em contato comigo pelo endereço eletrônico:
tim@cruciformpress.com.
PREFÁCIO
QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?
Imagine um grupo de rapazes de vinte e poucos anos reunidos em uma sala,
quebrando a cabeça para juntos escreverem um prefácio brilhante para o livro
importantíssimo que nos ajudou a abandonar mentiras mundanas para
abraçar a verdade bíblica sobre a sexualidade.  À medida que trocamos
algumas ideias, Steve traz sua famosa receita de biscoitos de chocolate de
preparo instantâneo e os coloca diante de mim, John, o representante dos
diabéticos no grupo. Imediatamente me vejo diante de uma decisão que
preciso tomar.  Devo ceder e desfrutar dessas delícias de chocolate (cujas
lembranças me fazem entrar e sair de um minicoma do sabor) ou devo resistir
e fazer o que sei ser melhor para mim?
Essa decisão, como todas, não se baseia apenas em conhecimento. Está
baseada em uma crença. Se eu pegar o biscoito, é porque acredito que comer é
o melhor para mim — ou, ao menos, que o prazer que ele vai me proporcionar
é maior que as consequências para a minha saúde.
Em Desintoxicação sexual, Tim Challies trata de homens que sabem que
as fantasias sexuais, a masturbação e a pornogra�a são um erro, mas, apesar
disso, decidem ceder a esses pecados. O propósito deste livro não é levá-lo a
admitir que o pecado sexual é algo errado — você já sabe disso.  Antes, o
objetivoé levá-lo a crer nas verdades bíblicas sobre a sexualidade e garantir
que essas crenças determinem suas decisões.
Ao abraçar o pecado sexual, revela-se o que você de fato crê a respeito da
sexualidade. O que você acredita é que o prazer do pecado é melhor que o
prazer de obedecer a Deus e desfrutar do sexo da maneira que Deus o criou
para ser apreciado. Você acredita que o prazer que extrai de seu pecado é
maior do que as consequências que ele terá sobre você e sobre os que estão a
seu redor.  Você acredita que seu prazer momentâneo é maior do que as
recompensas que o Senhor tem reservadas para você — tanto nesta vida
quanto na futura.
Todos sabemos que o pecado sexual é errado, mas precisamos entender
por que é errado e saber que Deus criou a sexualidade para algo maior. Tim
escreveu este livro para nos ajudar a substituir a visão mundana do sexo por
um entendimento sobre a sexualidade de�nido por Deus.
POR QUE O TIM?
Muitos conhecem Tim por meio de seu blog ou de outros livros e artigos que
escreveu. E já sabem que ele é um escritor talentoso e persuasivo, capaz de
apresentar as verdades da Escritura com clareza e convicção.  Aquilo que
ninguém sabe é o que todos nós temos presenciado com o passar dos anos,
pelo fato de o conhecermos mais intimamente, como amigo, mentor e
pastor.  Tim é um homem que se empenha em estudar a verdade com o
propósito de aplicá-la a sua vida; depois, busca ensinar o que aprendeu e
aplicou para ajudar outros jovens. O fato de Tim acreditar nessas coisas, vivê-
las e gostar de abençoar outros homens em sua vida (como nós) o torna
especialmente quali�cado para escrever este livro.
POR QUE VOCÊ?
Estamos escrevendo este prefácio para lhe recomendar este livro o máximo
que pudermos. Não principalmente por se tratar de uma nova e imperdível
panaceia — uma solução simples para todos os seus problemas na área dos
pecados sexuais —, mas por ser algo que Tim nos ensinou e que nos ajudou:
ele representa a verdade bíblica. E é somente isso que vai mudar seu coração,
seus desejos, suas crenças.
Tim empenhou-se muito para expressar essas verdades de maneira
simples. E você pode nos agradecer por isso. Ao nos ensinar, ele percebeu que
somos jovens simples que precisam de uma explicação simples do que Deus
deseja para nossa sexualidade. Estamos convencidos de que, se você for um
sujeito normal, com problemas de caras normais e com uma visão de mundo
típica de um homem, este livro será útil para você, como tem sido para nós.
A verdade é que, quando acreditarmos de coração que a visão bíblica
acerca da sexualidade é melhor que nossa visão pecaminosa a respeito do
sexo, não deixaremos de ser tentados, mas deixaremos de ceder ao
pecado.  Quando acreditarmos serem maiores a alegria da obediência e as
recompensas da pureza, diminuirá a atração pelo pecado sexual.  Quando
acreditarmos em tudo o que Deus planejou em Cristo para nós e para a nossa
sexualidade, venceremos a tentação.
Se isso soa como algo de que você precisa, então nós o incentivamos a ler
este livro e com isso desintoxicar e puri�car sua mente e coração, tornando-os
prontos para servir ao Deus que o criou como um ser sexual — para a
glória dele.
John Cowle, Steve Funston,
Nick Mitchell, Julian Freeman,
Grace Fellowship Church
(Toronto, Ontário, Canadá)
Um
A REALIDADE
Sempre agradeço a Deus por ter sido criado numa época em que a internet
não estava presente em todos os lares. Não tenho certeza se teria lidado muito
bem com essa presença.  Não que eu seja tão antigo, mas meus 34 anos
signi�cam que nasci e cresci em um mundo diferente. É difícil quanti�car ou
mesmo quali�car quanto o mundo mudou desde que a web nos conectou a
todos nessa estranha e elaborada rede de bits e bytes, mas sei que quase todas
as áreas da vida foram tocadas por ela. O que temos não é o velho mundo +
internet; temos um mundo totalmente novo. Mesmo algo tão humano quanto
o sexo foi radicalmente alterado por essa realidade digital.
Os adolescentes da década de 1990 (quando eu estava crescendo) não
eram muito diferentes dos adolescentes de hoje. Queríamos as mesmas coisas
— só tínhamos de nos esforçar um pouco mais para conseguir algumas
delas.  Se quiséssemos ver pornogra�a (e víamos), o processo normalmente
exigia o trabalho em conjunto de pelo menos dois meninos. Um distraía o
vendedor, enquanto o outro tentava roubar uma revista na prateleira, na parte
de trás da loja.  O ladrão nomeado para a missão teria de pegar a revista
silenciosamente, en�á-la dentro das calças e sair da loja sem ser notado. Era
perigoso, envolvia altos riscos e, se algo desse errado, poderia facilmente
resultar em um encontro nada agradável entre você, seus pais e a polícia.
Hoje, como você sabe, a menos que haja �rewalls que não possam ser
hackeados ou �ltros altamente so�sticados, o cara só precisa ligar o
computador e, com dois ou três cliques do mouse, terá acesso ilimitado a uma
quantidade ilimitada de pornogra�a. Desde a criação da internet,
comerciantes pornográ�cos estabeleceram uma base de operações e
construíram agressivamente seus impérios digitais de bilhões de
dólares.  Consequentemente, é muito mais difícil, na realidade, evitar a
pornogra�a que se deparar com ela, e seria literalmente impossível alguém
conseguir assistir a toda a pornogra�a criada hoje; não haveria horas
su�cientes do dia ou dias do ano para tanto. Nem perto disso. É desnecessário
dizer que os adolescentes, principalmente os meninos, são rápidos em
aproveitar esse banquete ilícito.
Até mesmo meninos pré-adolescentes estão sendo atraídos. Desde o
primeiro despertar da sexualidade, muitos pré-adolescentes são inundados
com pornogra�a. E não são imagens de mulheres posando nuas, timidamente,
comuns algumas gerações atrás, mas imagens pesadas, muitas vezes
grosseiras, baixas mesmo e degradantes. A sexualidade de toda uma geração
de crianças está sendo formada não por diálogos com os pais, não pela leitura
do tipo de livro que ganhei na juventude, mas por pro�ssionais da pornogra�a
que farão qualquer coisa — qualquer coisa! — para saciar o desejo cada vez
maior por uma depravação cada vez mais profunda.
Você não precisa ser um cristão conservador para �car profundamente
perturbado com tudo isso. Há pouco tempo, li um artigo de uma mulher que
se considerava feminista. Ela fazia questão de dizer que gostava de dormir
com homens, sem re�etir muito sobre o fato de dormir com uma sucessão
ininterrupta deles.  No entanto, ela compartilhou o que para ela era uma
preocupação crescente. Cada vez menos, ela disse, os homens que dormiam
com ela demonstravam qualquer interesse de fato por ela.  Simplesmente
queriam que ela agisse como uma estrela pornô para o prazer deles. Eles a
usavam tão-somente para concretizar as fantasias que a pornogra�a havia
alimentado neles.  Não havia ternura, nem desejo por intimidade
compartilhada, nem, obviamente, amor. Simplesmente usavam o corpo dela
como meio para um �m bastante imediato.  Essa está rapidamente se
tornando, como ela mesma percebeu, a nova norma. O que parece claro é que
uma geração de homens, afogando-se em um poço de pornogra�a, começou a
formar um novo conjunto de expectativas do que querem das mulheres. Eles
querem que as mulheres se subvertam, agindo como estrelas pornô.  As
mulheres acabam sentindo-se usadas, quase como prostitutas.
Na verdade, por causa da pornogra�a, até mesmo as prostitutas estão
vendo seu mundo mudar. No best-seller Superfreakonomics: o lado oculto do
dia a dia, Steven Levitt e Stephen Dubner dedicam a maior parte de um
capítulo à economia da prostituição. Uma das pesquisas que realizaram foi
sobre o preço médio de determinados atos sexuais cobrados pelas prostitutas
ao longo dos anos. Parece que a classi�cação de tabu de determinados atos
sempre �gurou entre os preços mais salgados.  No entanto, “tabu” é um
referencial mutável.  Atos antes culturalmente proibidos por sua natureza
extremamente vulgar e degradantesão agora aceitos como formas legítimas de
expressão sexual. Portanto, o que já foi o ato mais caro está agora entre os mais
economicamente acessíveis. No mundo da prostituição, o que por qualquer
outro padrão seria considerado normal agora é chato e indesejável.  E é
substituído pelo invasivo, pelo degradante.
Nos preços cobrados por prostitutas, Levitt e Dubner encontraram uma
maneira de medir a velocidade com que a pornogra�a está distorcendo a visão
de mundo da sexualidade. Com que velocidade isso está acontecendo?  De
forma muito rápida. De tabu a convencional, só no período de vida de uma
pessoa. Isso leva a imaginar o que poderia mudar durante a vida de cada um
de nós.
PREPARANDO-SE PARA A DESINTOXICAÇÃO
Assim, embora nunca tenha sido fácil ser homem, hoje os desa�os para os
homens que querem ser santos, que querem honrar a Deus com a mente e o
corpo, são mais difíceis do que nunca.Vivemos em um tempo e em uma
cultura que se entregou amplamente ao sexo. Isso se vê por toda parte, e mal
se consegue evitar a sedução.
Se você for como a maioria dos jovens, já começou a ceder à
tentação. Talvez só tenha começado seu contato com a pornogra�a ou talvez já
esteja fazendo isso há muitos anos.  Talvez lute com a masturbação.  Na
verdade, você não quer se entregar, mas por alguma razão é muito mais difícil
largar o hábito do que jamais poderia imaginar. Talvez você esteja descobrindo
que, mais do que nunca, o sexo está enchendo sua mente e afetando seu
coração.
Este livro destina-se principalmente aos homens jovens, casados ou não,
embora eu acredite que ele bene�cie homens de qualquer idade.  Para os
rapazes solteiros, sim, vamos falar muito sobre casamento, mas por três bons
motivos — a maioria de vocês vai se casar, o casamento é a instituição central
do ser humano e a sexualidade e o casamento são obviamente
inseparáveis. Assim, independentemente de seu estado civil, quero que saiba
que, apesar de todos os desa�os apresentados pela pornogra�a, há um
caminho melhor, um meio de escape. Os meios de graça que Deus ricamente
provê podem prepará-lo para enfrentar a realidade e carregar o fardo de viver
neste tempo em particular, neste mundo decaído. O pequeno guia que agora
apresento pode ajudá-lo a descobrir (ou redescobrir) o plano de Deus para o
sexo e para a sexualidade.  Quero ajudá-lo a rastrear as mentiras que você
acreditava sobre o sexo, para que elas possam ser substituídas pela verdade
que provém diretamente de Deus, aquele que criou o sexo para nós. Espero
ajudá-lo a reorientar sua compreensão sobre o sexo, tanto no quadro geral
quanto no ato em si, de acordo com o plano de Deus para essa grande dádiva.
Imagino que você tenha se detido na palavra desintoxicação no título
deste livro. Na verdade, a desintoxicação acontece em seu corpo todos os dias,
à medida que vários órgãos transformam ou eliminam aquilo que não é bom
para você. Quando alguém é quimicamente envenenado ou exposto a muita
radiação, o corpo precisa de ajuda, e a desintoxicação se torna mais
intencional, mais como um procedimento médico.  Um terceiro tipo de
desintoxicação é o mais popular. Esse tipo de desintoxicação ocorre quando
alguém está tentando se libertar do vício das drogas ou do álcool. Em cada um
desses casos, a ideia básica é a mesma.  Algo entrou em você que não lhe
pertence e precisa ser eliminado.  Se permanecer em seu organismo ou
aumentar de quantidade, você só vai �car mais doente, podendo até morrer.
Desintoxicação, portanto, é uma volta à normalidade, um retorno à
saúde. É a reversão de um processo de corrupção e poluição, e o levará de
volta para o lugar onde deveria estar.
Uma enorme porcentagem dos homens precisa de uma desintoxicação
pornográ�ca, uma rede�nição moral e psicológica. Na verdade, suspeito que a
grande maioria dos homens, até mesmo cristãos, compartilha
desesperadamente dessa necessidade. Você está entre eles? Se for esse o seu
caso, reconheça você ou não, a pornogra�a corrompeu seu pensamento,
enfraqueceu sua consciência, deformou seu senso de certo e errado e
distorceu sua compreensão e expectativas sobre a sexualidade. Você precisa
ser reajustado e reinicializado por Aquele que criou o sexo.
Neste livro, quero ajudá-lo a se desintoxicar de todo o lixo que tem visto,
de todas as mentiras em que tem acreditado.  Não é um processo
fácil. Raramente acontecerá de forma rápida.  Implica despojar-se de antigas
realidades e abraçar um novo normal, o normal original. Para estar disposto a
passar por isso, você precisa enxergar quanto sua situação atual é de fato ruim
e perceber que o caminho em que está não leva a nenhum lugar que seja
bom.  Você precisa ver que o caminho da pornogra�a só leva a mais
isolamento, culpa, alienação e dor. Seja você solteiro ou casado, um retorno ao
normal é o único recurso que pode prepará-lo para tornar-se um marido
puro, amoroso, atencioso e sacri�cial.
Agora, portanto, você já sabe que precisa mudar. Poucos homens cristãos
se entregam à pornogra�a sem se dar conta de que precisam largá-la. Todo
rapaz cristão que se entrega à pornogra�a quer parar, mas muitos querem
parar só um pouquinho menos do que querem continuar. O problema não é
conhecimento — mas desejo e condições. E assim, o pecado prevalece.
Aqui vai uma promessa. Você nunca vai parar enquanto não começar a
enxergar a natureza monstruosa do pecado que está cometendo. Nunca vai
parar antes que o grau de terror ao pecado seja maior para você que o grau do
prazer que a prática desse pecado lhe proporciona. Você vai precisar odiar esse
pecado antes que possa libertar-se dele. Signi�ca dizer que você precisa de
mais graça. Você precisa clamar para ser transformado, a �m de que possa ver
a natureza monstruosa desse pecado e depois agir, com fé de que Deus o
alcançará com graça à medida que buscar eliminar a pornogra�a e começar a
se reajustar.
O MONSTRO CAMUFLADO
A questão da pornogra�a tem sido tão debatida nos círculos cristãos, que
corre o risco de se tornar um clichê. Mas os verdadeiros perigos humanos —
físicos, emocionais, psicológicos e espirituais — são realidades que não
podemos evitar nem desconsiderar. Simplesmente não podemos permitir que
a pornogra�a se torne (ou permaneça!) integrada a nossa vida.  Devemos
reconhecer a monstruosidade que ela representa. Uma forma útil de pensar
sobre a pornogra�a é vê-la como inerentemente zombadora, violenta e
gradativa.
Zombadora. A pornogra�a zomba da intenção de Deus para o
sexo.  Na verdade, todas as mensagens da pornogra�a são diretamente
contrárias aos propósitos de Deus. Aqui estão apenas alguns exemplos.
Quando Deus diz que o propósito do sexo é construir unidade entre
marido e mulher, a pornogra�a diz que seu propósito é preencher
qualquer necessidade sentida, com qualquer parceiro, com ou sem o
consentimento desse parceiro. Na verdade, a pornogra�a ensina que o
sexo é tudo menos contato íntimo corpo a corpo, alma a alma, entre
cônjuges dispostos a praticá-lo.
Deus a�rma que o desejo sexual é bom em um contexto controlado,
porque impulsiona o homem a buscar a esposa (e a esposa, ao marido).
Mas a pornogra�a diz que o desejo sexual não pode e não deve ser
controlado, podendo nos fazer atrair por qualquer pessoa que
consideramos atraente.
Violenta. A pornogra�a rede�ne nosso próprio entendimento sobre o
sexo, sobre a masculinidade e a feminilidade.  É inerentemente violenta,
intrinsecamente desamorada. Não se trata de amor mútuo, de cuidado e de
comprometimento, mas, sim, de conquistas e vitórias, de “fazer tudo do seu
jeito” (uma maneira reveladora de expressar o problema) com outra
pessoa. Separa o amor do sexo, deixando o sexo como a grati�cação imediata
de desejos essenciais.  Vive além das regras, da ética e da moral.  Está
extremamente distante do amor.  Dessa forma, é uma perversão da
sexualidade, não uma versão legítima dela, e ensina depravação e degradação
em detrimento de prazer mútuo e intimidade.
Será possível quea pornogra�a se assemelhe a um ato de amor mútuo e
comprometido? É claro que sim, mas nem sequer pense em usar isso como
desculpa para justi�cá-la.  Qualquer avaliação honesta sobre a pornogra�a
deve reconhecer que ela não tem a intenção de se limitar a essas
representações quase legítimas. Por quê?  Porque a pornogra�a é também
gradativa.
Gradativa. Assim é também a verdadeira natureza do pecado, não é
mesmo?  O pecado é sempre gradual, e o Sheol nunca está satisfeito (Pv
27.20). Sempre quer mais. Sempre procura expandir suas fronteiras. Se você
der um centímetro, logo ele procura tomar um quilômetro.
Você já se assustou com a natureza gradativa de seu pecado? Talvez tenha
havido um momento em que enxergou de que maneira um pecado em
particular foi tomando conta de você. Você achava que estava no controle dele,
mas então, quase num instante, descobriu que ele tinha escalado para o
próximo nível. E você já não estava mais no controle — o pecado estava agora
guiando o caminho, e você simplesmente seguia em seu encalço,
acompanhando os impulsos da carne. Estar nessa situação é terrível, não é
mesmo?
Sei, sem dúvida, que muitos, muitos homens jovens (homens de meia-
idade e mais velhos também) podem testemunhar do poder que a pornogra�a
tem de assumir o controle, um nível após outro. O primeiro vislumbre de
pornogra�a pode ser fugaz — intrigante, mas de curta duração. Um corpo nu
é tudo de que os olhos precisam, e um vislumbre único fornece combustível
su�ciente por um tempo. Mas em pouco tempo o coração anseia por mais. O
que antes preenchia agora é chato; o que antes era degradante de repente passa
a ser desejável. Ao longo do caminho, altera-se toda a percepção sobre o sexo.
Ele deixa de ser a simples relação entre um homem e uma mulher. Em vez
disso, torna-se uma sucessão de atos, mesmo atos que são, de certa forma,
desconcertantes ou degradantes.
Se você estiver vendo pornogra�a, seja há quanto tempo for, sei que pode
se identi�car com isso.  Certas coisas que o interessavam no início, que o
excitavam, agora parecem muito brandas. E coisas que antes eram degradantes
já estão começando a despertar algum interesse. O pecado é assim. Sempre foi
assim.  Sempre vai exigir mais de você.  E, nesse ínterim, quando você tem
maior ou menor certeza de estar no controle, ele é que está, na realidade,
controlando você.  Sutilmente, implacavelmente, ele remodela sua mente e
coração de forma muito real.
É por isso que você precisa de um recomeço. Um retorno ao normal.
Uma desintoxicação.
ESCLARECENDO AS PROMESSAS
A primeira mensagem deste livro, então, é que você deve enxergar o que a
pornogra�a está fazendo em seu coração.  Você deve reconhecer que a
corrupção da pornogra�a é real e que, apesar das pequenas mentiras
convenientes e autograti�cantes que possamos contar a nós mesmos, a
corrupção só vai piorar. O pecado subjacente à prática da pornogra�a não vai
deixar de escalar até aleijar seu casamento, ou até você morrer, ou até que
�que muito velho e fraco para se importar com sexo. A única diferença para
rapazes solteiros? O pecado não vai parar de escalar enquanto não destruir
qualquer esperança de você um dia se casar.
É meu desejo que você odeie e tema as realidades da pornogra�a assim
como deve odiar e temer o pecado em si. Quero que saiba que não pode ser
um marido amoroso, um esposo e�caz ou um homem santi�cado enquanto
sua mente estiver cheia das mentiras da pornogra�a.
Quero que você veja que precisa, sim, parar de ver pornogra�a e (mesmo
que já tenha rompido com esse hábito) precisa encontrar uma nova maneira
de enxergar o sexo.  Por isso é que a desintoxicação acontece em duas
etapas.  Esse processo de duas fases é comum a qualquer pessoa que tenha
estudado o que a Bíblia chama de santi�cação: há o despir-se do velho e o
revestir-se do novo — a rejeição da pornogra�a e o acolhimento de uma visão
santi�cada da sexualidade.
Qual é o objetivo então? Precisamos ser claros sobre o alvo para o qual
estamos tentando rumar.  Precisamos de expectativas que façam sentido de
duas maneiras.  Em primeiro lugar, não devem ser nem inferiores nem
superiores à realidade que vemos nas Escrituras. Em segundo lugar, devem ser
compatíveis com o que é possível fazer em um livro pequeno como este.
Em primeiro lugar, lembre-se de que estamos tentando reajustá-lo ou
desintoxicá-lo para levá-lo de volta a um tempo em que a pornogra�a tinha
pouca ou nenhuma in�uência sobre você. Você não pode ser reajustado a um
estado de “não-pecado”, porque nunca esteve lá! Você e eu sempre seremos
suscetíveis à tentação. Nenhum tratamento pode libertar da experiência da
tentação sexual. E nenhum plano, programa ou disciplina pode garantir que
você jamais ceda à tentação.
Um grande e maravilhoso progresso pode realmente ser
conquistado. Quando este livro fala sobre ser “liberto” do pecado sexual, é isso
mesmo que está dizendo. Deus quer que alcancemos esse tipo de progresso
notável. Está ansioso para nos dar a graça de alcançá-lo, e devemos lutar por
isso com todas as forças do nosso ser. Mas não se trata de perfeição. Portanto,
tropeços e lutas não podem ser equiparados a fracassos. Quando devidamente
tratados, são simplesmente parte do progresso.
Em segundo lugar, minha habilidade é limitada, e este livro é curto. Tudo
o que posso fazer aqui é tentar enquadrar o problema para você de forma
clara, inspirá-lo a que o leve a sério e oferecer-lhe uma trajetória simples e
alguns próximos passos com base no ensino bíblico. No �nal de tudo, quero
que você assuma a responsabilidade nessa questão em sua própria vida.  Se
�zer isso — se levar a sério as diretrizes e sugestões deste livro, se clamar a
Deus por graça para aplicá-las e se aprender mais alguns passos —, você pode
ter toda a con�ança de que Deus terá prazer em ouvi-lo e ajudá-lo.
Para você refletir
Vou terminar cada capítulo com a seção “Para você re�etir”.  Especialmente
nessa era de velocidade e força digital, é muito fácil zipar informações realmente
necessárias e depois pular para o próximo bloco de informações sem nunca de
fato re�etir sobre o que assimilamos apenas pela metade.
A pornogra�a é uma área em que a franqueza é especialmente
importante. Você pode usar essas perguntas em um debate em grupo ou apenas
consigo mesmo, mas eu as coloquei aqui para ajudá-lo a separar um momento
para re�etir e, esperemos, para que o ajudem a lidar com esse assunto com
muita sinceridade.
1. Vamos enfrentar logo a questão fundamental. Você já teve contato com
pornogra�a? Sim ou não?
2. Essa foi uma pergunta bastante simples; então vamos aprofundá-la um
pouco. Como foi que você viu pornogra�a pela primeira vez e quantos
anos tinha? Quantas vezes você já teve contato desde essa primeira
experiência?
3. Qual foi a última vez que teve contato com pornogra�a? Ela “achou
você” ou você foi procurá-la?
4. Você já �cou assustado com seu pecado? Quando? Como reagiu?
5. Você percebeu se os elementos da pornogra�a que lhe interessavam ou
prendiam sua atenção antes continuam no mesmo nível? Ou seu gosto
mudou? Seja honesto.
6. Você acha que sua mente, seu coração ou suas expectativas sobre sua
esposa (se casado), ou sua percepção das mulheres em geral (se não for
casado) foram in�uenciados pela pornogra�a? De que maneira?
7. Se for casado, você acha que a pornogra�a afetou sua mente, seu
coração ou suas expectativas em relação à esposa?  Como
especi�camente?
Dois
PORNOGRAFIA
VS. CASAMENTO
A essa altura, você provavelmente não se sentirá surpreso por saber que,
quando me encontro com um jovem, até mesmo casado, praticamente
concluo que ele esteve ou está envolvido com a prática da
pornogra�a. Sinceramente, não acho que seja uma atitude irrealista, injusta ou
cética.  É de novo o problema da acessibilidade.  A pornogra�a é tão
predominante, que é praticamente certo que todo jovem vai se deparar com
ela. E, depois de a experimentar, é difícil não se entregar.
Então, como se diz,a vida acaba imitando a “arte”. Um jovem entra no
casamento com a mente cheia de imagens pornográ�cas e com o coração
repleto das abstrações e do caos das fantasias sexuais. Tendo visto dezenas
(centenas? milhares?) de atos sexuais em cenas pornográ�cas, ele despeja
sobre a esposa a bagagem perversa das expectativas pornográ�cas. O jovem
marido mais ou menos presume que a esposa praticará qualquer ato sexual
que ele possa conceber e que ela fará isso com a mesma satisfação, desejo e
habilidade (se essa for a palavra certa) das mulheres que ele viu na tela.
Sejamos claros. A pornogra�a abre caminho dentro do coração na forma
de uma semente, e depois procura crescer tanto quanto puder para assumir o
maior controle possível. No processo, atravanca sua capacidade de se
relacionar intimamente com as pessoas, especialmente e de forma mais nociva
com sua esposa. A pornogra�a tem o poder singular de causar prejuízo a um
casamento, porque, no �nal das contas, foca-se no ego e não na união.
Entregar-se à pornogra�a é uma forma de isolamento psicológico, um
afastamento para um pequeno mundo de autograti�cação.  É um tipo de
manifestação sexual que torna seu apetite muito maior, mesmo quando seu
mundo �ca muito menor.
No capítulo anterior, eu disse que a pornogra�a é inerentemente
violenta. Vemos aqui a violência que ela causa à natureza humana como Deus
a projetou. A pornogra�a é uma representação da sexualidade que promove
tanto atos isolados de masturbação quanto atos egoístas e abomináveis de
abuso sexual. Ela zomba de uma união verdadeiramente íntima, rejeitando a
união mais profunda que um homem e uma mulher podem conhecer. Uma
das coisas mais intensamente prejudiciais que a pornogra�a faz, portanto, é
reforçar a falsa crença de que a excitação sexual não tem simplesmente
nenhuma relação com a pessoa completa que é formada pela união entre duas
pessoas. Em vez disso, a excitação sexual associa-se ao isolamento e ao foco no
eu.  O que supostamente deveria referir-se a compartilhar torna-se
simplesmente objeto de posse.
Entregar-se à pornogra�a signi�ca ter toda a percepção da sexualidade
alterada, moldada por pro�ssionais da indústria pornográ�ca.  Você — o
homem que Deus chamou para amar a esposa como Cristo ama a igreja —
pode estar olhando para ela através do olhar de um pornógrafo! Você gostaria
que Hugh Hefner ou algum produtor de vídeo pornô da internet olhasse para
o corpo de sua esposa, examinando-o de alto a baixo, avaliando-o por um
conjunto de padrões simplesmente condenáveis?  No entanto, lá está você
olhando para ela através dos olhos que recebeu de homens como esses. Você
entregou a eles sua visão. Entregou a eles um pedaço de sua alma. E eles lhe
entregaram de volta sua alma maltratada e suja, e sua visão, fragmentada e
distorcida.
Portanto, hoje minha preocupação fundamental com homens jovens e
casados (mais uma preocupação pela esposa, ou futura esposa no caso de
solteiros) é que eles não porni�quem o leito conjugal, trazendo uma poluição
desonrosa àquilo que Deus pretende que seja puro  e impondo um egoísmo
crescente ao que Deus pretende que seja altruísta.
CASAMENTO NÃO É A SOLUÇÃO
Tenho falado com homens solteiros para quem a resposta à dependência
em relação à pornogra�a e ao vício da masturbação é o casamento.  “Se me
casar, posso ter relações sexuais legítimas, e todo esse pecado simplesmente
vai me deixar.” Dê ao cara uma saída legítima para seus desejos, e ele deixará
de procurar o que não presta, certo? Isso pode parecer uma suposição lógica,
mas está tragicamente equivocada. Zilhões de homens, com a esposa ferida,
vão testemunhar que de forma alguma a coisa funciona dessa maneira. Talvez
você possa testemunhar por si mesmo.
Sim, quando se casar, no início pode achar que o relacionamento com a
esposa seja sexualmente grati�cante em todos os sentidos. Mas é quase certo
que o pecado jaz à porta, adormecido, aguardando um momento oportuno.
Pode levar semanas, meses ou mesmo anos.  Contudo, cedo ou tarde vai
mostrar sua cara feia mais uma vez. Pode acontecer quando sua esposa viajar
por alguns dias ou quando você se encontrar sozinho em um quarto de hotel,
em uma cidade estranha. Talvez ocorra na época do nascimento de um bebê,
quando, por um tempo, sua esposa estiver impossibilitada de ter relações
sexuais. Porém, em algum momento, é muito provável que o pecado volte para
assombrá-lo e ferir você e sua esposa.
O que muitas vezes não se leva em conta é que a pornogra�a é
completamente diferente do sexo que honra a Deus dentro do casamento. A
ideia de que “o casamento vai resolver tudo” pressupõe que o sexo ilegítimo e
egoísta está em pé de igualdade com o sexo legítimo dentro do
casamento.  Essa percepção presume que mau comportamento pode ser
simplesmente substituído por bom comportamento, trocados como peças em
uma máquina, como se o sexo fosse nada mais que uma atividade
mecânica. Como Deus deixa muito claro em sua Palavra, o sexo e as questões
em torno dele são fundamentalmente de natureza espiritual. As tentações da
pornogra�a nos engajam a mente e o corpo naquilo que é essencialmente uma
batalha espiritual. Essa batalha inclui um componente físico, mas vai muito
além disso.
A tentação da masturbação é provavelmente a mais comum dentre as
manifestações físicas espúrias dessa batalha espiritual. Mas essa tentação não
vai acabar simplesmente porque você tem em sua esposa uma saída física e
sexual legítima. A batalha física não é a questão central. É uma manifestação
externa da maior ou menor habilidade com que você tem travado a batalha
interior, espiritual. “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso que
torna o homem impuro. Porque do coração é que saem os maus pensamentos,
homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e
calúnias. São essas coisas que tornam o homem impuro” (Mt 15.18-20).
O externo é apenas uma manifestação do interior.  É por isso que
“substituir” a masturbação pelo leito conjugal nunca vai funcionar
completamente. É preciso haver mais que uma substituição da parte física e
mecânica do sexo. É preciso haver uma substituição do aspecto espiritual. Da
mesma forma, apenas deixar a pornogra�a de lado, embora seja o
procedimento correto, não é o su�ciente. Como em todos os assuntos sobre
crescimento espiritual, você precisa substituir a mentira pela verdade e uma
prática profana por outra santa.
Mais uma coisa. Eu disse isso no capítulo anterior e provavelmente vou
dizer outras vezes. Por mais que você amadureça nessa área, a batalha nunca
acaba.  Sim, a desintoxicação é real.  É necessária, é fundamental, é
absolutamente indispensável.  Mas não há nenhuma fórmula mágica, nem
existe algo como o simples enterrar de uma estaca no coração de seu
pecado. Pense no homem cristão mais puro, mais nobre, mais maduro que
você conhece.  É provável que ele seja muito mais imune aos engodos
pornográ�cos do que a maioria dos caras, mas não está completamente
imune. Nem você vai estar. Nunca.
É necessário experimentar a maravilhosa transformação de uma
desintoxicação profunda e extensa.  Só então você estará mais forte. Haverá
uma nova leveza e o senso de liberdade e de alegria em Deus, enquanto ele
derrama graça renovada. Mas nenhum de nós nunca “chega” a qualquer tipo
de estado permanente. Nunca nos tornamos imunes a esse parasita da alma.
Assim, ser libertos e permanecer libertos são coisas diferentes, mas
envolvem o mesmo processo: arrepender-se, despir-se do velho e revestir-se
do novo. Você precisa praticar os três passos, com regularidade, pelo resto de
sua vida. Desculpe. É assim que funciona.
Os dois capítulos seguintes tratam da teologia da sexualidade, para
garantir que falemos a mesma língua e, em seguida, possamos partir para a
desintoxicação. Mas primeiro re�ita sobre as perguntas a seguir.
Para você refletir
1. Você acredita que a pornogra�a tenha feito algum estrago em seu
coração? Como você descreveria issocom suas palavras?
2. Antes de se casar (se for casado), você chegou a pensar que seu
problema com pornogra�a e masturbação simplesmente
desapareceriam se você se casasse? Isso aconteceu?
3. Você acredita que a masturbação e a pornogra�a sejam ruins para o
casamento? De que maneira?
4. Você acredita que a masturbação e a pornogra�a tendem a torná-lo
mais aberto e alegre com as pessoas ou mais reservado e isolado?
5. Quando se trata de pecado sexual, você está mais comprometido com
seu pecado ou em obedecer a Deus? Seja honesto.
Três
UMA TEOLOGIA DA
MASTURBAÇÃO
Quando eu era criança, rumores sobre os efeitos físicos da masturbação entre
meus amigos corriam soltos.  Ninguém sabia como os rumores tinham
surgido, mas sussurrávamos de lá para cá, um para o outro, com toda a
autoridade que garotos em idade escolar podem reunir, dizendo que havia
crescido cabelo nas mãos das pessoas que tinham feito isso, que o cabelo delas
havia caído, que �caram cegas ou simplesmente loucas.  Mas, como James
Dobson disse: “Se fosse o caso, a população inteira do sexo masculino e cerca
de metade das mulheres estariam cegas, debilitadas, doentes e fracas da
cabeça. Entre 95 e 98% de todos os meninos se envolvem nessa prática — e
sabe-se que o resto mente”. Meus pais certamente nunca me contaram fábulas
sobre masturbação. Nem meus professores ou líderes de jovens. Todavia, no
playground as histórias corriam soltas. Talvez não soubéssemos muito bem o
que era relação sexual ou de onde vinham os bebês, mas tínhamos bastante
certeza sobre o que aconteceria se nos masturbássemos... muita.
Será que a persistência desses rumores não revela algo óbvio?  A
masturbação é uma fonte de culpa e vergonha. As pessoas que a praticam
temem ser expostas.  No entanto, os rumores de minha infância são
infundados.  Na verdade, você não �ca cego nem perde o cabelo.  Não há
nenhuma razão física para negar a si mesmo esse prazer quase sexual. Então,
de onde vem a culpa e a vergonha? É apenas uma preocupação psicológica
irracional? Masturbação é realmente errado?
Essa é uma questão extremamente importante. Estou usando esse espaço
para tratar da masturbação por duas razões. Em primeiro lugar porque ela
a�ige quase todo homem. E em segundo porque, se entendermos esse assunto
da forma errada, teremos uma compreensão totalmente equivocada da
teologia do sexo. Portanto, comecemos inquirindo alguns escritores cristãos
de destaque que não têm tanta certeza de que a masturbação seja pecado.
Em seu livro Quando homens �éis são tentados, o autor Bill Perkins
escreve: “Parece-me que a masturbação é amoral. Em algumas circunstâncias,
é um comportamento aceitável. Em outras ocasiões, é claramente errada”. Ele
então oferece três testes que, segundo ele, avaliarão se em determinada
situação é certa ou errada: o teste do pensamento (se o ato é acompanhado
por fantasias impróprias), o teste do autocontrole (se o ato se torna obsessivo)
e o teste do amor (se o ato leva a pessoa a deixar de atender às necessidades do
cônjuge).
James Dobson ensina uma visão semelhante. Quando eu era jovem, meus
pais me deram o livro dele, Adolescência feliz, e me lembro bem de suas
a�rmações sobre a masturbação. Dobson diz que praticamente todo menino
tenta se masturbar. E ele acredita que a culpa leva a consequências
catastró�cas em inúmeras crianças. A�rma que os pais raramente devem falar
com os �lhos sobre masturbação. Se precisarem, porém, devem tranquilizá-los
de que é uma prática normal. Aqui está o que ele diz em seu site:
Em minha opinião, a masturbação não é um grande problema para Deus. É uma parte normal da
adolescência que não envolve mais ninguém. Não causa doença. Não gera bebês, e Jesus não a
mencionou na Bíblia.  Não estou dizendo a você que se masturbe, e espero que não sinta
necessidade disso. Mas, se o �zer, acredito que não deve lutar com culpa por causa disso. Por que
estou dizendo isso? Porque lido com muitos jovens cristãos dilacerados pela culpa em relação à
masturbação; querem parar e não conseguem. Gostaria de ajudá-lo a evitar essa agonia.
Tenho certeza de que o dr. Dobson tem as melhores intenções e, embora
eu conheça Bill Perkins ainda menos, desejo estender a ele a mesma
benevolência.  Mas preciso parar um instante e criticar a perspectiva geral
desses autores sobre o assunto.
O TESTE DE PERKINS
Vão aqui apenas alguns breves comentários sobre o teste que o autor Bill
Perkins propõe. Ele diz que a masturbação é errada somente em presença de
um dos três elementos que mencionou.  Mas nenhuma parte de seu teste
procura se pautar no menor exame bíblico.
Em primeiro lugar, ele diz que a masturbação é errada quando
acompanhada de fantasias impróprias.  Para o homem, no entanto, a única
fantasia sexual apropriada é a que envolve a esposa.  E, se isso leva à
masturbação, como tratarei mais tarde, controlar a fantasia para tentar
manter-se focado na esposa é quase impossível.
Em segundo lugar, ele diz que a masturbação é errada quando se torna
obsessiva. Mas a Bíblia não exige que para ser pecado a falta de autocontrole
precise primeiro chegar ao nível da obsessão. Certamente, um padrão de
pecado é pior do que uma ocasião de pecado, mas ambos são errados.
Em terceiro lugar, ele diz que a masturbação é errada quando leva a
pessoa a deixar de atender às necessidades do cônjuge. Uma separação física
prolongada entre marido e mulher certamente poderia produzir uma situação
em que a masturbação não roubaria o prazer sexual do cônjuge.  Mas
obviamente não é o único critério.  Não há motivos para concluir que a
masturbação seja permitida simplesmente porque você estará longe da esposa
durante um longo tempo.
CONDENADA SEM SER CITADA
O dr. Dobson, por sua vez, diz que a masturbação é parte normal da
adolescência. Normal é uma palavra interessante, não é?  Nesse contexto, é
confortante, quase salutar.  Mas normal não é sinônimo de moralmente
aceitável.  Se todos pecaram e carecem da glória de Deus, então o pecado é
tanto absolutamente normal quanto horrivelmente errado. Nenhum de nós
�ca isento pelo fato de “todo o mundo fazer” e, portanto (grande suspiro de
alívio), somos simplesmente normais.
Para ser sincero, a declaração de Dobson aqui chega às raias do
humanismo. Para ele, masturbação é algo extremamente comum. Ele entende
também que a reação natural diante dela é a culpa e a vergonha. Então conclui
que a culpa e a vergonha devem ser infundadas.
Nem Dobson nem Perkins se esforçam para examinar atentamente o que
a Bíblia diz sobre o tema. Mas os dois chegam a uma conclusão. Dizem que a
masturbação é amoral — nem boa, nem má em si mesma. Por quê? Porque
nenhuma passagem especí�ca da Bíblia a apoia ou condena citando-a pelo
nome. Não estou atribuindo as palavras a seguir a nenhum dos autores que
mencionei, mas recentemente eu as li em um site que defende esse ponto de
vista: “Se masturbação é pecado, então é um pouco estranho que a Escritura
tenha deixado o cristão em dúvida sobre a condição moral desse ato”.
Entretanto, a Bíblia não é omissa sobre o assunto.  Não nos deixa no
escuro.  É verdade que a Escritura nunca menciona a masturbação
especi�camente.  No entanto, como a Bíblia fala, de fato, extensa e
explicitamente sobre a sexualidade e sobre a cobiça sexual, não precisa falar
explicitamente sobre algo tão estreitamente a�m, como a masturbação.
Vejamos duas maneiras pelas quais podemos saber que a Bíblia condena a
masturbação sem nunca mencioná-la.
Em primeiro lugar, considere que, se a masturbação é extremamente
comum hoje (como acontece com a maioria dos pecados) e quase sempre está
associada à cobiça sexual, podemos seguramente concluir que essa era
também a situação no mundo antigo.  Então, pense em Jesus pregando o
Sermão do Monte. Quando disse especi�camente que quem “olhar com desejo
para uma mulher já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5.28), você
acha que talvez — apenas talvez — os homens na plateia tenham entendido
que amasturbação fazia parte do assunto em questão?
Em segundo lugar, considere o fato de que a Bíblia nunca se refere
diretamente ao aborto. No entanto, como a Escritura fala claramente sobre o
valor da vida humana e sobre o pecado do homicídio, estamos certos ao
concluir que o aborto é pecado. Como a Escritura fala abertamente sobre o
poder da sexualidade e da cobiça sexual, podemos concluir praticamente com
a mesma certeza que a masturbação é quase sempre pecaminosa. Em cada
caso, o ato especí�co está tão intimamente ligado à categoria maior de pecado,
que a associação é simplesmente óbvia, assim como o é também a condição
moral compartilhada entre o ato e a categoria.
Estritamente falando, é acertado dizer que a masturbação é amoral: você
não pode dizer que é sempre má ou sempre boa.  Isso porque, em ocasiões
muito raras, a masturbação pode não ser pecado. Mas o mesmo vale para o
aborto. Em casos raros e extremos, tirar a vida de uma criança que ainda não
nasceu pode ser o melhor procedimento: se um feto continuar a se
desenvolver dentro da trompa de Falópio, por exemplo, o bebê e a mãe vão
morrer. Mas a rara exceção não nos impede, nem pode, de a�rmar
con�antemente que a Escritura ensina de forma geral a pecaminosidade do
aborto.  Então também não hesitemos em dizer: a Bíblia ensina que a
masturbação é pecado.
O PREJUÍZO CAUSADO
Por que exatamente a masturbação é pecado? Acima de tudo porque, assim
como qualquer outro pecado, viola a santidade de Deus.  A masturbação é
contra Deus, contra seus caminhos e propósitos para como o homem e a
mulher devem se relacionar entre si em uma união conjugal que re�ita o
relacionamento de Cristo com a igreja.
A masturbação também é pecado porque nos prejudica. Somos feitos à
imagem de Deus. Fomos criados para glori�cá-lo em cada aspecto da vida, e a
masturbação nos impede nessa missão sobretudo de duas maneiras: poluindo
nossa mente e nos levando ao isolamento.
Poluição da mente
A grati�cação sexual, é claro, não é apenas um ato físico, mas envolve a mente,
não raro de forma bastante intensa. Durante a masturbação, imagens
pornográ�cas, tanto vistas quanto imaginadas, quase sempre fornecem o
combustível para o homem. Na verdade, na grande maioria das vezes é quase
impossível separar da masturbação em si essas fantasias baseadas em
imagens. Esse tipo de fantasia pode ser perigoso pelo menos de duas formas.
Em primeiro lugar, como a maioria dos adultos já aprendeu, e da maneira
mais difícil, a realidade raramente é tão maravilhosa quanto a fantasia. Muitas
pessoas criam expectativas em relação ao sexo que a realidade não pode
satisfazer. Ouso dizer que é muito difícil um adolescente criar uma fantasia
em que sua parceira impeça os avanços dele por estar muita cansada. É difícil
até mesmo inventar uma fantasia em que ela rejeite a participação em um ato
especí�co por achá-lo desconfortável ou desagradável. O fato é que a fantasia
pode criar expectativas não saudáveis e irrealistas sobre o sexo.
Em segundo lugar, assim como as cenas de sexo nos �lmes raramente
envolvem pessoas casadas que podem, diante de Deus, legitimamente apreciar
o sexo, da mesma forma a fantasia raramente gira em torno de parceiros
sexuais legítimos. Em teoria, tudo bem que o marido sonhe com um encontro
sexual com a esposa, mas se passar disso a coisa �ca complicada.  A
masturbação, mesmo nessas circunstâncias, pode estimular o melhor marido a
preencher a mente com pensamentos sobre outras mulheres.  E um cristão
solteiro, não tendo uma parceira dada por Deus com quem possa consumar o
desejo sexual, simplesmente não tem nenhuma razão legítima para se entregar
à fantasia sexual.
Alguns vão contestar, alegando que, quando se masturbam, não passa de
um ato físico, algo feito para aliviar o estresse ou o tédio.  Vão insistir em
a�rmar que não sucumbem a pensamentos impróprios.  Sou extremamente
cético em relação a essas alegações, mas não as descarto, porque não sou capaz
de enxergar o coração das pessoas nem ler a mente de ninguém. Mas, mesmo
supondo que, para levar em conta o argumento, uma pequena porcentagem
dos homens se masturba sem imagens pornográ�cas na mente, ainda há pelo
menos uma forte razão pela qual a masturbação é tão prejudicial.
Isolamento
Um exame atento do ensino bíblico sobre a sexualidade não dá nenhuma
razão para crer que Deus tenha jamais planejado o sexo para ser praticado
isoladamente. Na realidade, o âmago da sexualidade é a troca do prazer sexual
entre duas pessoas: marido e mulher.
O sexo foi criado como meio de satisfação mútua, expressão de amor em
que o marido pensa primeiro na mulher, e a mulher pensa primeiro no
marido.  É um meio singularmente poderoso pelo qual marido e mulher
podem cumprir a ordem do Senhor de que um estime o outro mais que a si
mesmo.  Ao preencherem as necessidades um do outro, também têm as
próprias necessidades satisfeitas.  É uma bela �gura da intimidade!  Como
qualquer casal pode testemunhar, quanto mais altruísta for o sexo, melhor ele
se torna. Quanto mais cada cônjuge busca agradar o outro, mais satisfatória,
grati�cante e bela é a experiência.
Essa troca, o centro do propósito de Deus para a sexualidade, é
exatamente o que a masturbação não pode oferecer. A masturbação despoja a
sexualidade de seu propósito divino de satisfação mútua. Se a manifestação
sexual legítima tem por objetivo produzir unidade, a masturbação produz
isolamento e divisão. Como vimos no capítulo 2, ao tratarmos da pornogra�a,
a masturbação é inerentemente egocêntrica.  Juntas, a pornogra�a e a
masturbação criam uma sensação �ctícia de intimidade entre o espectador e
os anônimos de uma revista ou de uma tela. Mas um ato que pode parecer
girar em torno de duas pessoas concentra-se total e exclusivamente em uma só
pessoa, completamente sozinha. A masturbação (repito, mesmo na ausência
hipotética de imagens pornográ�cas) mina profundamente a capacidade do
homem de renunciar e resistir a suas tendências mais egocêntricas,
pecaminosas e isolacionistas.
A masturbação simplesmente não pode cumprir o propósito de Deus
para a sexualidade e, portanto, não tem lugar algum na vida daquele que se
denomina cristão.
LIDANDO COM A CULPA
Mas e a culpa? Que dizer da vergonha e do medo que faz com que os meninos
imaginem cabelos nascendo na palma das mãos?  Será que devemos
simplesmente tentar eliminar toda a culpa? Será que os pais devem dizer aos
�lhos que a masturbação é algo com que não precisam se preocupar porque...
é “normal”? Tentando nos preservar da dor, esse tipo de conselho nos ensina a
desprezar nossa consciência moral. É melhor deformar a alma, ao que parece,
que cobrar muito da nossa psique.
Seja honesto e aberto com os jovens, no entanto, e eles de fato se
mostrarão desejosos de conversar sobre suas lutas com a
masturbação. Querem mesmo ter certeza de que é errado e de que podem e
devem superá-la. A culpa que sentem não é irracional, mas uma manifestação
da graça de Deus. Como uma terminação nervosa pedindo que você tire uma
pedra do sapato antes que comece a sangrar, essa culpa é dor com propósito
corretivo.
Antes de tudo, é importante esclarecer com que exatamente devemos nos
sentir culpados.  (Como diria John Piper: “Não desperdice sua culpa!”.) A
masturbação é, sem dúvida alguma, um ato marcante, de modo que pode ser
natural concentrar-se nesse ato como o problema essencial.  Os homens
geralmente se sentem mal porque se masturbaram (ou foram fortemente
tentados a se masturbar).  Mas a masturbação é na realidade apenas uma
manifestação exterior de um problema interno. A culpa, a dor emocional e a
sensação de estar sujo por dentro existem porque o ato da masturbação
revelou a corrupção que já reside constantemente dentro de nós. Sim, o ato da
masturbação é em si errado, como mostra a ordem de Paulo para cultivarmos
o autocontrole.  Mas, para começo de conversa, a única razão por que ela
ocorre é o pecado que habita em nós.
Como escreveJoshua Harris em Sexo não é problema (lascívia, sim), “a
masturbação não é um hábito imundo que torna as pessoas sujas. Ela apenas
revela a sujeira que já está em nosso coração”. Assim, embora a masturbação
não torne ninguém imundo, ela causa danos mentais e espirituais à medida
que os rapazes lutam com sentimentos de culpa, remorso e
vergonha.  Infelizmente, para a maioria de nós, a culpa não é por si só
su�ciente para conter o comportamento pecaminoso.
Infelizmente, porém, para muitos homens cristãos, a culpa por causa da
masturbação pode tornar-se tão extrema, que passa a de�nir o estado
espiritual.  Alguns até começam a questionar sua salvação, vendo-se
exclusivamente pela lente desse pecado persistente. Não há dúvida de que se
trata de um pecado grave, mas não está nem perto de merecer tamanho
destaque.  “Quando exageramos a importância desse ato”, escreve Joshua
Harris, com sabedoria, “ou vamos desconsiderar as muitas evidências da obra
de Deus em nós, ou vamos desprezar outras manifestações mais graves da
cobiça sexual com as quais Deus quer que lidemos”.
Se você luta com esse pecado, saiba com certeza que há esperança para
você, esperança de uma mudança de fato.  Não busque consolar-se com o
conforto frio de que “todos se masturbam”. Não se evita a agonia da culpa
desconsiderando o pecado ou empreendendo esforços inúteis para se
convencer de que ele é inofensivo. A solução para a culpa é concentrar-se na
obra consumada de Cristo na cruz.  Extraia o consolo da boa notícia do
evangelho. O sangue de Jesus foi derramado por pecados como esse, e o poder
do Espírito Santo foi dado para que possamos vencer o pecado. A
masturbação não é um pecado que não possa ser vencido pelo poder de
Deus. Você pode ser liberto.
Para você refletir
1. Embora a masturbação não cause danos físicos, muitos rapazes que se
masturbam ainda lutam com culpa e tristeza. Você pode se identi�car
com essa experiência?  Se já se masturbou alguma vez, você
experimentou sentimento de culpa?
2. É possível a pessoa manter a mente livre de pecado enquanto se
masturba?  É possível argumentar que o ato físico é inofensivo e
somente as fantasias que o acompanham são erradas?
3. Você entende por que é possível referir-se à masturbação como “sexo
egocêntrico” ou “sexo egoísta”? Em que sentido a natureza
individualista e isolada da masturbação contraria o plano de Deus para
o sexo?
4. A Bíblia diz que o corpo do homem pertence a sua esposa.  Que
impacto isso exerce no debate sobre a masturbação? Esse princípio lhe
dá o direito de realizar qualquer ato sexual sem sua esposa?
5. Você quer parar de se masturbar? Ou é um pecado do qual você gosta
tanto, que �caria muito decepcionado e indisposto se tivesse de abrir
mão dele?
6. Você crê que Cristo está disposto a lhe perdoar por esse pecado e que,
por meio de seu Espírito Santo, não apenas está disposto, mas é
também capaz de libertá-lo?
Quatro
AS TRÊS DÁDIVAS
DO SEXO
Quando Deus criou o homem, ele o criou macho e fêmea.  No mínimo,
quando Deus criou a ideia do homem, ele o criou macho e fêmea e ordenou
que fruti�casse e se multiplicasse, que subjugasse e dominasse o restante da
criação. Mas, quando Deus de fato soprou o fôlego de vida no pó da terra e
formou um ser humano com vida e respirando, criou apenas uma pessoa, um
homem: Adão, o primeiro e por um tempo o único ser humano. Macho e
fêmea tinham sido criados na mente de Deus, mas até então apenas esse
homem caminhava sobre a terra.
Não sabemos quanto tempo depois Deus formou Eva, mas sabemos com
certeza que por um tempo Adão viveu no celibato. E, durante esse período, ele
se uniu a Deus na busca de uma companheira adequada. Deus disse: “Não é
bom que o homem esteja só; eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja
adequada” (Gn 2.18). Mas ele não fez essa ajudadora imediatamente. Em vez
disso, trouxe diante de Adão todos os seres vivos, um a um. E em toda a
criação não havia ajudadora para Adão, nenhuma companheira adequada
para ele.  Por todo esse tempo, Adão esperou pacientemente, esperou em
estado de perfeição, con�ando na provisão de Deus, sem cometer nenhum
pecado. O Éden era imperfeito pela ausência de sexo e casamento? De forma
alguma! Apenas seria ainda melhor com eles, pois, nas palavras de Deus, não
era bom que aquele homem �casse sozinho.
Quando Adão �nalmente viu sua esposa, irrompeu em um cântico de
louvor, dizendo:
Esta, sim, é osso dos meus ossos
e carne da minha carne!
Ela será chamada mulher,
porque do homem foi tirada (Gn 2.23, nvi).
Não negligencie o intensi�cador “sim”. Foi naquele período de busca, no
qual esperou em Deus sem pecar, que Adão aprendeu a valorizar o que Deus
por �m lhe proveu.  Foi na inocência que Adão conseguiu ser ainda mais
agradecido pela graça de Deus.
Quando Eva chegou, trouxe consigo o relacionamento ímpar que hoje
chamamos casamento.  Acabava aqui a fase de celibato de Adão, e seu
propósito tinha sido alcançado; estava agora bem próxima a oportunidade da
intimidade sexual. E era algo bom. Muito bom. Sob as condições certas, ainda
é.
O SEXO É BOM
Muitos teólogos procuraram encontrar o signi�cado mais profundo do
sexo. “O sexo é uma �gura, uma metáfora que nos remete às alegrias do céu”,
poderiam dizer.  E talvez seja isso mesmo.  Mas não acho que a Bíblia nos
a�rme isso com toda a clareza.  Nem estou convencido de que precisamos
encontrar um sentido mais profundo no sexo para con�rmar que se trata de
algo bom.  O sexo é inerentemente bom porque foi criado por um Deus
bom.  Não precisamos construir uma teologia complexa em torno do sexo,
como se só fosse bom em algum sentido secundário.
O sexo no casamento é perfeitamente bom em si mesmo. Mesmo que seu
signi�cado supremo não seja mais profundo que o prazer e a satisfação mútua,
ele é bom porque Deus é bom. Ele poderia facilmente ter decretado que o sexo
fosse essencial em cada casamento e ao mesmo tempo torná-lo inerentemente
desagradável! Não foi o que fez. Ele fez o sexo quase transcendente em seu
prazer. O sexo, em sua melhor versão, de fato supera a maioria dos demais
prazeres da vida no que tange à alegria, à liberdade e à vulnerabilidade.  E
nessas coisas o sexo aproxima o marido e a mulher de maneira completamente
inigualável, sem precedentes mesmo.
Quando você entende isso — que o sexo tem o poder de unir duas
pessoas como nada mais é capaz de unir —, você também entenderá por que o
sexo deve ser desfrutado somente entre marido e mulher. Você vai entender
por que Deus proíbe o sexo pré-conjugal (a fornicação), por que proíbe o sexo
extraconjugal (o adultério) e por que até mesmo proíbe o sexo egoísta (a
masturbação). Todas essas coisas aviltam a verdadeira dádiva. Todas fazem
mau uso desse bom presente de Deus.
Mas sejamos um pouco mais especí�cos sobre as razões por que o sexo é
algo tão bom. Há pelo menos três maneiras de o sexo incentivar e a�rmar o
que é bom: o sexo conduz a uma obediência alegre, fortalece a liderança
masculina e promove a verdadeira liberdade.
O sexo conduz a uma obediência alegre
Há quem a�rme que o desejo sexual tem por objetivo somente estimular a
procriação — que o desejo de ter relações sexuais aproximará marido e
mulher com o resultado feliz e supremo da concepção.  Aqui C. S. Lewis
oferece uma correção muito proveitosa (em Cristianismo puro e simples). Ele
con�rma que a �nalidade biológica do sexo é a procriação (e não podemos
perder de vista esse importante objetivo do sexo), mas estabelece um paralelo
útil com o apetite alimentar.
O propósito biológico de comer é restaurar o corpo, e, embora algumas
pessoas sejam dadas a excessos, percebemos que o apetite ultrapassa só um
pouco seu propósito biológico. Um homem pode comer duas vezes mais do
que seu corpo necessita para seu objetivo biológico, mas poucos chegam
mesmo a comer esse tanto.  No que diz respeito ao sexo, porém, o apetite
excede em muito sua �nalidade biológica. Se o apetite sexual correspondesse a
sua função biológica,ou a pessoa apenas desejaria fazer sexo algumas vezes
em toda a vida ou teria milhares de �lhos. Não aprendemos com isso que
Deus deseja que tenhamos sexo por razões que ultrapassam a procriação? A
única alternativa é que esse apetite é um produto do pecado e deve ser
reprimido. Mas não, isso não é verdade. A Bíblia é clara em a�rmar que o
desejo sexual legítimo, ou seja, dentro do casamento e para com o cônjuge, é
legítimo diante de Deus.
Deus dá ao homem o desejo ou apetite sexual porque quer que ele tenha
relações sexuais com a esposa.  Será que não pode ser simples assim? Além
disso, esse apetite supera qualquer �nalidade biológica, porque ele quer que o
casal tenha muitas relações sexuais. A�nal, a única advertência nas Escrituras
quanto à frequência do sexo no casamento aparece em 1Coríntios 7.5, onde
lemos que pode haver uma breve pausa para �ns especí�cos e limitados. A
implicação é que em todos os demais casos o sexo vai ser parte normal da
vida. Aliás, a Bíblia chega a dizer que o corpo da esposa pertence ao marido —
ele tem autoridade sobre o corpo dela — e o corpo do marido pertence à
esposa — ela tem autoridade sobre o corpo dele. O princípio dominante aqui é
que marido e mulher devem ter relações sexuais com frequência e não podem
recusar esse presente especial um ao outro.
É bom que queiramos ter relações sexuais.  Deus fez as coisas dessa
maneira. Deus fez o sexo para o casamento e o casamento para o sexo. O
desejo sexual motiva o homem (em parte) a buscar uma esposa e a se casar
com ela para que juntos possam desfrutar do sexo. Esse mesmo desejo motiva
o homem (em parte) a continuar procurando a esposa mesmo depois de
casados.  Sem esse desejo, esse apetite, seria muito fácil evitarmos cumprir
nosso dever dado por Deus de ter sexo, — e com muita frequência, — e de
assim experimentar intimidade e unidade —, e isso em grandes doses.
Você vê como tudo isso é belo e bom? Deus dá um desejo que deve ser
cumprido de uma única maneira.  Se não sentíssemos fome, talvez não
comêssemos. Se pararmos de comer por muito tempo, sofreremos pela falta de
alimento, nosso corpo vai parar de ser restaurado e vamos de�nhar e começar
a morrer. Se não experimentássemos o desejo sexual, talvez não tivéssemos
relações sexuais. E, se pararmos de fazer sexo por opção, nosso casamento
sofrerá com a falta de intimidade e, de modo semelhante, deslizará em direção
ao �m.
O desejo sexual, então, é um dom de Deus, não para nos atormentar, mas
para nos conduzir à obediência.  Quando o marido sente o desejo sexual
inevitável, não se trata de um convite à pornogra�a e à masturbação, mas um
empurrãozinho para ele buscar a esposa.
O sexo fortalece a liderança do marido
Ainda assim, o desejo sexual, o apetite para o sexo, não é dado em igual
medida.  É normalmente dado em maior dose aos homens.  Por que isso
ocorre? A resposta, estou convencido, situa-se no centro da relação marido-
mulher.
Deus ordena que o homem, o marido, seja o líder.  O homem deve
assumir o papel de liderança, ao passo que a mulher deve segui-lo. Deus quer
que o homem assuma a liderança mesmo no sexo e, portanto, dá ao homem
um maior desejo sexual. Dessa forma, o homem pode conduzir a esposa,
tomando a iniciativa, tendo o cuidado de amá-la de forma que possa despertar
nela o desejo de ter sexo com ele.
Tenho a impressão de que a Queda aconteceu logo após a Criação. Não
está claro para nós quanto tempo transcorreu entre os dois acontecimentos.
Mas podemos supor que, durante esse período, naquele mundo perfeito, Adão
e Eva desfrutaram do sexo perfeito.  Naquele ínterim, nunca houve uma
ocasião em que Eva tenha se recusado a Adão, porque jamais houve um
momento em que Adão não estivesse pensando em Eva em primeiro
lugar.  Que razão ela teria para se recusar?  Mas foi depois de pecarem —
quando Adão parou de pensar primeiro em Eva e quando ela começou a se
rebelar contra a liderança dele — que o sexo passou a ser uma luta. E continua
a ser uma luta até hoje. A maioria dos casais vai testemunhar que teve mais
brigas e desentendimentos sobre sexo do que sobre qualquer outro assunto. O
meio mais especial de graça para o marido e a mulher tornou-se a maior causa
de con�itos.
De modo geral, o homem encontra intimidade e aceitação no sexo,
enquanto a mulher precisa primeiro experimentar intimidade e aceitação
antes de estar preparada para desfrutar do sexo. Na maioria das vezes, é aqui
que surge o problema.  Como marido e mulher devem lidar com essa
incompatibilidade parcial de desejos?  Entendendo o papel da liderança
piedosa no casamento e permitindo que ela aconteça da maneira que Deus
quer.
Tudo começa com uma combinação poderosa: o apetite sexual do
homem, mais o amor que sente pela esposa, mais as liberdades sexuais
concedidas a eles em virtude do casamento. São coisas maravilhosas, mas, se
são tudo o que o marido consegue enxergar, ele vai acabar sendo um tirano
sexual para com a mulher que Deus lhe deu para amar e entesourar.  Ele
precisa reconhecer (e aprender a lidar com) as diferentes formas em que ele e
a esposa experimentam intimidade e aceitação.
A primeira responsabilidade do marido é preencher as necessidades que a
esposa tem de intimidade e de aceitação antes do sexo — sendo romântico
com ela. A responsabilidade correspondente da esposa é demonstrar graça em
relação às tentativas do marido de ser romântico com ela, mesmo quando ele
não se sai muito bem. (E o marido, por sua vez, deve demonstrar graça para
com a esposa, se ela se esforça para receber as tentativas imperfeitas dele de
ser romântico!)
O marido deve procurar liderar de tal forma que a esposa não tenha
motivos para recusá-lo.  Deve ser sensível às necessidades dela, a seus
desejos. Deve reconhecer as ocasiões em que, por uma razão ou outra, ela
acha extremamente difícil entregar-se a ele. E não deve persuadi-la a realizar
atos que a deixem pouco à vontade ou a façam sentir-se forçada. Ele precisa
ser um exemplo de líder que serve, mesmo no quarto.  Seus primeiros
pensamentos devem estar direcionados a ela.
Como em todas as áreas da vida, a esposa é chamada a desa�ar a
liderança do marido somente quando ele exige dela algo que lhe viole a
consciência ou a lei de Deus. Podemos ver isso como uma responsabilidade
reativa da mulher, mas mais importante é a responsabilidade pró-ativa do
marido. Ou seja, no exercício de sua liderança, o marido jamais deve colocar a
esposa em uma situação em que ela tenha de apelar para a consciência ou para
a Bíblia diante dos desejos sexuais dele.
Assim, o apetite sexual do marido não pode estar dissociado de sua
liderança. O marido tem um desejo que somente a esposa pode satisfazer. Por
isso, assume a liderança na busca de satisfazer esse desejo. Faz isso
satisfazendo os desejos da esposa, o que, por sua vez, a levará a perceber,
compreender e por �m satisfazer os desejos dele. Então, nesse ato de
consumação, Deus concede uma graça que supera a mera união de carne e
sangue. 
O sexo promove a verdadeira liberdade
Por último, Deus nos dá o sexo porque ele tem o poder singular de aproximar
o marido da esposa e a esposa do marido. O sexo foi criado por Deus para ser
fonte de sedução e conquista. Tem por objetivo colocar um selo emocional
poderoso sobre o casamento — não sobre a masturbação, não sobre a
fornicação nem sobre qualquer outro uso pecaminoso do sexo. As formas
pecaminosas de atração são escravidão e trazem consigo culpa e
vergonha. Dentro do casamento, porém, o tipo de atração inerente à relação
sexual signi�ca liberdade e traz consigo alegria e gratidão.
Por meio da união sexual, marido e mulher são feitos um, unidos de
forma excepcional. Há um mistério nisso que só pode ser comparado à união
de Deus com seu povo, o qual é enxertado nele. Na dádiva da intimidade
sexual, Deus dá ao marido e à mulher algo incrivelmente poderoso. Ele foi
sábio ao estabelecer limites rigorosos a esse poder e tem todo o direito de agirdessa forma, porque foi ele quem criou o sexo e lhe deu seu propósito
maravilhoso, uni�cador e cativante. 
O sexo então deve ser compartilhado somente entre marido e mulher e
não pode se estender a outras pessoas, seja antes do casamento, seja
durante o casamento (Mt 5.27,28). Introduzir quem quer que seja no
relacionamento, seja de forma física ou mesmo abstrata, como por meio
da pornogra�a compartilhada, perverte a natureza recíproca da
sexualidade.
O sexo, como tudo mais na vida, deve ser feito com autocontrole, não
com imprudência ou autograti�cação.  Signi�ca que deve ser feito em
amor, não em ódio.  Tragicamente, o homem viola a própria esposa
quando se impõe violentamente a ela. Como isso desvirtua o sexo!
O sexo não deve ser estimulado ou despertado até que chegue a hora
certa (Ct 8.4).
O sexo deve ser praticado regularmente ao longo do casamento (1Co 7.1-
5). 
Qual é a razão e qual é o propósito subentendidos nesses limites? Como
tudo o que Deus dá, esses limites são para o nosso bem.  Por sinal, em
consonância com os desígnios de Deus para o sexo, esses limites incentivam,
reforçam e estimulam a liberdade. Não o conceito de liberdade do mundo, que
é mais uma espécie de anarquia sem limites nem fronteiras, mas a liberdade
sexual como Deus a projetou. A verdadeira liberdade. 
Os limites de Deus, corretamente observados, não inibem a liberdade,
mas a incentivam. Quando tentamos buscar a liberdade como escolhemos
de�ni-la, sofremos. Como crianças tolas que não sabem a diferença entre
liberdade e perigo mortal, corremos em direção ao tráfego e não conseguimos
entender por que alguém começaria a gritar. Mas, quando usamos o dom do
sexo como Deus quer, ganhamos nele grande alegria e liberdade. Os limites de
Deus tornam possível a verdadeira liberdade. 
Assim, o sexo é algo bom, maravilhosamente bom. E os limites que Deus
estabeleceu para ele são igualmente bons. Agora, prossigamos para a
desintoxicação.
Para você refletir
1. Com suas palavras, descreva a �nalidade para a qual Deus criou o
sexo. Antes de ler o que acabou de ler aqui, alguma vez você tinha
pensado na razão por que Deus achou por bem criar o sexo?
2. Você acredita que Deus possa criar coisas agradáveis simplesmente por
se deleitar no prazer que essas coisas nos trazem? Que exemplos você
pode citar além do sexo? 
3. Você já �cou frustrado ou zangado com Deus por ele lhe ter dado o
desejo sexual? 
4. Que mensagem o desejo sexual está comunicando a você?  Para
responder a essa pergunta, primeiro você precisa responder: “Qual é o
propósito do desejo sexual em minha vida?”. E a resposta a essa outra
pergunta depende de você ser solteiro ou casado! 
5. De que forma a pornogra�a desvirtua o plano de Deus para o sexo?
6. Você acredita que Deus possa lhe dar aquilo de que necessita para
afastá-lo completamente do pecado sexual?
Cinco
DESINTOXICAÇÃO
NO QUARTO
Agora que temos uma compreensão bíblica básica de que o sexo é bom e dos
limites que Deus estabeleceu, devemos perguntar: “Qual a melhor maneira de
o marido expressar seu amor pela esposa sexualmente?”. Esse tipo de
pergunta, que leva em conta todo o conjunto, é de vital importância. Podemos
ter problemas, no entanto, se buscarmos responder à próxima pergunta que
provavelmente virá à mente: “O que podemos fazer e o que não podemos?”. A
maioria dos homens quer passar rapidamente do abstrato para o concreto, do
geral para o especí�co. Os princípios só não bastam. Queremos uma lista de
veri�cação. “O que devo fazer na cama? O que não devo fazer?”
Eu poderia com certeza fazer uma listinha para você — duas colunas
representando atos sexuais especí�cos, uma com os “Permitidos”, para deixá-
lo bem con�ante, e outra com os desestimulantes “Proibidos”. Provavelmente
tal lista pareceria bem organizada e de certa forma poderia até ser útil. O
problema é que seria a minha lista, e não posso lhe dar nada
de�nitivo. Também não posso lhe dar a lista da Bíblia, uma vez que não existe.
Qualquer lista que eu criasse inevitavelmente re�etiria minha
consciência, meus pontos fortes e meus pontos fracos. Quase certamente seria
legalista em alguns aspectos e licenciosa em outros. O mesmo valeria para
qualquer lista que você ou qualquer outra pessoa viesse a montar. O que um
casal acha divinamente agradável é repulsivo para outro. A liberdade sexual de
uma pessoa é o cativeiro ímpio de outra, mesmo dentro dos limites e das
liberdades do casamento. Essa é uma das estranhas realidades do modo que
Deus nos criou — ele nos criou diferentes e até mesmo com consciências
diferentes.
Isso signi�ca, como vimos no capítulo anterior, que há grande liberdade
dentro do casamento para explorar, experimentar coisas novas e desfrutar o
que é mutuamente agradável. Quanto à questão dos atos sexuais dentro do
casamento, a Bíblia deixa tudo bem genérico, incentivando marido e mulher a
encontrar padrões e práticas coerentes com as Escrituras que funcionam
melhor para eles como casal.
A pergunta correta é, portanto:  “Qual é  o propósito de Deus  para o
sexo? Qual é sua intenção?”. Para o casal cristão sincero, essa forma de abordar
a questão conduzirá a  um conjunto de práticas  mutuamente  agradáveis e
grati�cantes  e, ao  mesmo tempo,  inteiramente em consonância com as
Escrituras. A abordagem de uma lista detalhada e no �nal decepcionante é um
substituto pobre de adotar uma perspectiva bíblica  e observar
algumas diretrizes de santidade. Neste capítulo trataremos das diretrizes tanto
positivas quanto negativas.
O QUE O SEXO NÃO É
Em virtude da nossa natureza pecaminosa, há pelo menos três coisas que
facilmente todos podemos pressupor que o sexo seja, quando na verdade não
é.
O sexo não é o fundamental. Se a única in�uência sobre sua vida
for a cultura pop, talvez seja difícil compreender isso, mas o sexo não é a coisa
mais importante da vida. Casados ou solteiros, nossa tendência é considerar o
sexo algo maior do que ele é. Os ídolos começam como algo bom a que damos
uma importância exagerada, e poucas coisas se transformam sutilmente em
idolatria com maior frequência ou maior poder que o sexo. Permitimos que
uma boa dádiva de Deus suplante o Deus que a deu. O sexo é bom, é mesmo
maravilhoso, mas não é o mais importante.
O sexo não é algo para ser experimentado de forma
indireta. Somos hoje pessoas da intermediação. Nossa tecnologia faz a
mediação,  ou se interpõe, entre nós e o mundo  físico.  A cada
ano  experimentamos mais e mais da vida  de forma indireta, por meio
de algum tipo de  tela, computador, tv, cinema,  telefone celular ou coisas do
gênero. Nós nos acostumamos a aprender por meio da tela, a nos comunicar
por meio da tela, até mesmo  a adorar  por meio da tela.  Muitos  se
acostumaram também a experimentar o sexo por meio da tela.
Através das lentes da pornogra�a on-line, uma geração inteira está
aprendendo uma série de meias-verdades sobre o sexo real. Tragicamente, as
primeiras experiências sexuais de muitos, se não da maioria dos jovens de
hoje, ocorrem num contexto indireto, onde a tela exibe o ato sexual e o
espectador responde. Mas qual a real �nalidade do sexo? O sexo foi planejado
para ser o contato �nal e sem intermediação, contato entre duas pessoas reais,
duas pessoas imediatas. É o caráter face a face, corpo a corpo, alma a alma do
sexo que o torna tão poderoso e signi�cativo. O sexo indireto é uma
contradição de termos, uma autocontradição, uma atividade que perdeu seu
propósito e poder essencial. É uma versão fraudulenta, falsi�cada do sexo. Em
um ambiente de intermediação, o sexo simplesmente não pode existir de
forma pura, bíblica, essencial, humana. A intermediação é diretamente oposta
à �nalidade.
O sexo não gira primordialmente em torno das pessoas.
Com todas as paixões humanas e físicas em torno do sexo, pode ser difícil
compreender plenamente que o sexo não diz respeito a você em primeiro
lugar, nem mesmo se foca em seu cônjuge.  O sexo é para Deus.  Soa
estranho?É verdade. O marido pode ser motivado pelo desejo de procurar a
esposa e de ter uma relação sexual com ela. Está tudo bem, e isso é muito
bom. Mas o marido cristão que tenha abraçado a visão bíblica sobre o sexo
será motivado, em última análise, pela obediência ao mandamento de Deus —
de que o marido e a esposa desfrutem do sexo com frequência, honrando a
Deus, ao honrar um ao outro. A esposa pode ser motivada a ter uma relação
sexual pelo desejo de agradar o marido ou para evitar uma briga. Isso pode ser
bom também. Mas, se ela está pensando biblicamente, sua primeira ou mais
importante motivação será obedecer a Deus.
Imagine que em certa ocasião um cristão casado não tenha desejo sexual.
Por causa da ordem de Deus, esse marido ou esposa deve reconsiderar
seriamente. Na verdade, mesmo que por um tempo prolongado nenhum dos
cônjuges queira fazer sexo, o casal deve ainda assim manter as relações sexuais
por causa de Deus, por obediência a ele. (Esse casal também precisa tratar da
razão por que o desejo por intimidade desapareceu, questão muito mais
importante!)
Quando o assunto se volta para as expectativas de Deus sobre o sexo,
pode ser difícil ouvir claramente o que está sendo dito (no entanto, se for
realmente difícil, pode ser um sinal de que para você o sexo se tornou um �m
em si mesmo). O sexo certamente é uma questão particular, delicada; por isso,
pode parecer estranho tratar do tema. Mas Deus também tem direito aos
aspectos particulares da nossa vida. Não podemos manter o sexo como um
pequeno mundo todo nosso.
Reconheçamos, portanto, que o sexo é para Deus, da mesma forma que
nossa linguagem é para Deus, o que fazemos com nosso dinheiro é para Deus
e como gastamos nosso tempo livre é para Deus. Em cada caso, Deus exige a
primazia, e seu padrão não é nada menos que obediência perfeita. Assim, o
marido e a esposa amorosos que compreendam o ensino bíblico sobre o
casamento às vezes terão relações sexuais por amor a Deus, mesmo quando
não querem — mas, se falharem nessa área, o evangelho fornece um meio
para que sua desobediência seja perdoada, como em qualquer outro pecado.
Assim como na linguagem, no dinheiro, nas relações entre empregador e
empregado ou em qualquer outra coisa, não é que você ou é perfeito, ou é um
condenado sem esperança. O que é necessário é compreender que Deus é o
primeiro em todas as coisas, até mesmo quanto ao sexo, e que devemos buscar
obedecer a ele pela graça.
O QUE O SEXO É
Vimos que a Bíblia de�ne o sexo que honra a Deus como bom, saudável,
verdadeiro, um mandamento e com limites claros. Reconhecemos que isso
cria uma enorme liberdade no casamento. É uma liberdade para explorar,
descobrir, brincar, dizer “sim”, “não” ou “nunca mais”. Mas é uma liberdade
que precisa ser santi�cada, especialmente para os que tiveram a compreensão
do sexo orientada pela pornogra�a. Provavelmente todos precisamos de
alguma desintoxicação no quarto.
Revistas e sites de aconselhamento (cristãos e não-cristãos) estão cheios
de perguntas sobre o que constitui um comportamento sexual aceitável.
Quando leio essas perguntas, não é difícil saber quais foram escritas por
pessoas cujos apetites foram orientados pela pornogra�a. São perguntas que
essencialmente dizem: “Tudo bem se minha esposa e eu praticarmos esse ato
pornográ�co especí�co?”.
Devemos retornar à questão: o que supostamente estimula estrelas
pornôs muito provavelmente não é o que estimula sua esposa ou a faz sentir-
se amada e valorizada. É muito mais provável que a faça sentir-se humilhada
— transformada em algum objeto fácil, em vez de ser sua noiva preciosa.
Depois de de�nirmos alguns dos pontos positivos que vemos na Bíblia sobre
sexo, não é difícil reconhecer que a pornogra�a está do lado oposto.
O sexo é terno. Há ternura na pornogra�a? Ou violência?
O sexo é doce. Há doçura na pornogra�a? Ou degradação?
O sexo é desinteressado e doador. Já a pornogra�a trata de conquistar, de
atender às minhas necessidades mais básicas e egoístas. Agora mesmo.
O sexo tem limites. A pornogra�a zomba dos limites. Ensina que
qualquer coisa que eu deseje é aceitável simplesmente porque a desejo.
Lembre-se sempre de que a pornogra�a, na maioria dos casos, é projetada
para incitar a cobiça sexual em determinado tipo de pessoa — alguém já
insensível ao que é bom e puro. A pornogra�a é criada para despertar o
coração endurecido, não o coração tenro.
AS PERGUNTAS CERTAS
Portanto, continua a pergunta. Como um marido determina o que deve fazer
com a esposa no quarto? Ele tem de fazer alguma coisa. O que ele deve fazer e
o que não deve?
Depois de entendermos que não há uma lista divina de veri�cação em
relação ao sexo e termos clareza sobre algumas das coisas que o sexo é e não é,
podemos propor a pergunta mais fundamental.  Fazemos isso, no entanto,
explorando questões secundárias. Aqui estão cinco perguntas secundárias que,
acredito, se mostrarão muito úteis.  Cada uma é planejada para ajudá-lo a
responder dentro de uma perspectiva bíblica à velha pergunta: “Tudo bem se
eu ____?”.
Qual sua intenção com isso?  Qualquer ato que praticamos, no
quarto ou em qualquer outro lugar, é motivado pelo coração.  Portanto, há
mais valor em perguntar “O que em meu coração me leva a querer fazer isso?”
do que “Esse ato especi�camente é errado?”. Você percebe a mudança de
foco? Considero o ato, mas em seguida associo o desejo desse ato a sua fonte:
meu coração. Nesse sentido, Jesus ensinou a seus discípulos que é o que vem
de dentro, e não as coisas externas, que contamina o homem (Mc 7.1-
23).  Todo mal, seja adultério, cobiça, imoralidade sexual, vem do
interior. Você precisa cultivar um coração sensível, dispondo-se a examiná-lo
para descobrir suas motivações. Por quê? Para que você faça somente o que é
motivado sobretudo por amor a seu cônjuge, evitando o que é motivado em
primeiro lugar por qualquer tipo de pecado.
Uma palavra de cautela: como cristãos que ainda têm o pecado habitando
dentro de si, nosso coração é um ambiente confuso. Não se perturbe se você
perceber que suas motivações em relação ao sexo ou a algum ato em
particular sejam uma mistura de coisas boas e más. Suas motivações podem
nunca ser completamente puras. Faça seu julgamento com base no que você
acredita motivá-lo em primeiro lugar.
Esse é um ato de um conquistador ou de um servo? Você
sabe muito bem que grande parte da pornogra�a apresenta atos de sujeição,
não atos de amor e serviço. Você sabe que na pornogra�a o prazer do homem
geralmente é muito maior e muito mais real que o da mulher. Não submeta
sua esposa a atos que a fariam sentir-se apenas um meio para um �m,
subjugada e não amada e cuidada, contaminada, em vez de estimada.
Isso traz prazer a somente um ou aos dois? Um dos propósitos
do sexo é o prazer mútuo. O melhor sexo é aquele que permite a ambos os
cônjuges dar e receber ao mesmo tempo e por meio dos mesmos atos. Ele é
único nesse sentido, e singularmente poderoso e preenchedor. Pode haver
ocasiões em que haverá um desnível entre dar e receber prazer, mas cada
cônjuge deve sempre buscar o maior prazer do outro, não de si mesmo. Nunca
busque o prazer à custa de seu cônjuge; nunca cometa atos que sejam
prazerosos para um e desagradáveis para o outro.
Isso perturba sua consciência ou a consciência de sua
esposa? A consciência é um presente especial de Deus, e ele nos manda �car
atentos a ela (v. Tt 1.15, em que ter uma consciência contaminada é associado
à impureza e à descrença). Deus dá a todos a mesma lei mediante sua Palavra,
mas dá a cada um uma consciência própria. A Bíblia ordena que estejamos
atentos a essa consciência e não a violemos. Não viole sua consciência com
respeito a certos atos e não bajule sua esposa para que ela viole a dela.
Você pode ser grato a Deus por isso? É difícil agradecer a Deus
aquilo que �zemos violando a lei ou a consciência. Ao considerar certos atos,
avalie se você conseguiria agradecer a Deus por eles. Se não, não ospratique.
Esses parâmetros serão frustrantes para muitos homens, pois revelam que
certas fantasias abastecidas pela pornogra�a — coisas que viram na tela e
desejaram muito, esperando um dia experimentar — não serão satisfeitas.
Muito do que é mostrado como normal na pornogra�a é proibido por Deus
como pecado contra ele e contra seu cônjuge. Mas, se você con�a em Deus,
deve saber que ele lhe dará graça, não apenas para superar isso — na verdade
para superar a si mesmo —, mas também para encontrar maior prazer em
coisas mais puras.
Inúmeros casais comprometidos a�rmarão ter encontrado grande e
crescente prazer durante anos e décadas naquilo que, de acordo com a
pornogra�a, seria uma relação sexual muito entediante. Para tais casais
consagrados, o tempo de sexo gasto exclusivamente um com o outro se
mostrou muito mais interessante, muito mais fascinante, muito mais íntimo e
muito mais satisfatório que qualquer prazer que pudessem encontrar em uma
aventura sexual. Você con�a em Deus para que isso aconteça a você e a sua
noiva?
Para você refletir
1. Ao pensar sobre o que é permitido na relação sexual, qual é o risco
potencial de se concentrar em uma lista?
2. Este capítulo a�rmou que os atos que você vê na pornogra�a são
criados para incitar a cobiça sexual no coração das pessoas que já estão
endurecidas contra o verdadeiro desígnio de Deus para o sexo. Você
acredita que isso seja verdade?
3. Qual das cinco “perguntas certas” deste capítulo você acha que cria o
maior contraste entre manifestações piedosas da sexualidade e os atos
da pornogra�a que você já viu?
4. Qual das cinco perguntas o �zeram perceber que alguns de seus
pensamentos e expectativas sobre a relação sexual foram in�uenciados
pela pornogra�a?
5. Você acredita que uma vida inteira de relação sexual “normal” com
uma única parceira possa trazer mais satisfação e ser mais interessante
do que atos alimentados pela fantasia pornográ�ca?
Seis
DESINTOXICAÇÃO EM SUA
ALMA
Neste mundo caído, muitas vezes o desejo sexual se torna um fardo pesado. Se
for assim para você, então conheço suas lutas, porque há alguns anos minhas
lutas eram iguais às suas. Quando jovem, eu, como tantos outros, lutava com a
incapacidade de expressar de forma honrosa e bíblica o meu desejo sexual
então �orescente. Até clamei a Deus, perguntando por que ele me daria um
fardo assim.  Mais alguns anos, passei de jovem solteiro a jovem casado,
lutando (e às vezes não lutando) contra a cobiça sexual, a pornogra�a e todo o
resto. Por um tempo, essas coisas me seduziram, me atraíram e procuraram
me escravizar.
Hoje, posso dizer com alegria e gratidão que a pornogra�a não tem sobre
mim o poder que já teve. Deus me livrou do desejo de me entregar. Então
entendo suas lutas. Mas também posso garantir que é possível encontrar a
liberdade. Não uma liberdade que diz: “Não faço isso mesmo que eu queira
muito, muito fazer”, mas uma liberdade que verdadeiramente signi�ca nem
mesmo desejar fazer mais. É algo que se foi. Deus mostrou-me o horror dessa
situação, mostrou-me a beleza da pureza e com sua graça afastou de mim o
desejo de pecar nessa área.
Como conquistar essa condição? Ninguém jamais inventou um método
melhor para vencer o pecado que aquele que Deus articulou por meio de
Paulo. Firmes no evangelho e contando com a graça e o poder de Deus para
tornar nossos esforços e�cazes, temos de nos esvaziar daquilo que é da carne
e, em substituição, encher-nos do Espírito.
Às vezes desejei que o mundo fosse diferente. E que o pecado não fosse
tão persistente nem tão profundamente entremeado em mim. Gostaria que
houvesse algum outro método para vencê-lo. Talvez você deseje essas coisas
também. Mas a realidade é que nunca vamos chegar a lugar algum no combate
ao nosso pecado se não lutarmos. Temos de nos envolver na empreitada de
morti�car o pecado.  Ao nos aproximarmos do �nal deste livro, você está
pronto para a Grande Dica de Encerramento?
Você precisa parar com a pornogra�a.  E precisa parar de se
masturbar. Agora mesmo. Neste instante. Não amanhã. Hoje.
Vai ser difícil? Provavelmente. Será o �m do mundo se você tropeçar de
vez em quando? Nem perto disso. Então você realmente precisa levar a sério
parar? Você tem de continuar tentando? Sim, com toda a certeza, você precisa.
Desconsiderar o fato de que a tentação sexual deseja prendê-lo
simplesmente não vai funcionar. Você não pode apenas tirá-la do alcance dos
olhos, �ngindo que não está lá. É como aquelas pessoas das quais você ouve
falar no noticiário que assassinaram alguém e colocaram o corpo em uma
parede ou em uma caixa no porão. Quem pode imaginar que essa técnica
pode ser bem-sucedida? Em pouco tempo o corpo vai apodrecer e cheirar. A
realidade da situação vai tornar-se evidente por si só.
É assim que o pecado funciona.  Você pode tentar escondê-lo numa
parede e pendurar algo legítimo na frente. Você pode colocá-lo numa caixa e
jogar um cobertor por cima.  Mas é tudo apenas um exercício de
negação. Cedo ou tarde, a morte que você esconde vai cheirar mal. Você não
vai enganar ninguém no �nal, muito menos aquele que vê as profundezas do
coração. “A Sepultura e a Destruição estão abertas perante o Senhor! Quanto
mais o coração dos �lhos dos homens!” (Pv 15.11).  Não desconsidere seu
pecado!
Em vez de desconsiderar seu pecado, você precisa envolver-se na batalha
diária de matá-lo.  E, ao matá-lo, ao esvaziar-se dele, precisa substituir
mentiras pela verdade.  Você precisa iniciar um programa que vai ajudar a
reformular seu entendimento sobre o sexo, substituindo as distorções pela
pura verdade.  “Portanto, eliminai vossas inclinações carnais: prostituição,
impureza, paixão, desejo mau e avareza, que é idolatria; é por causa dessas
coisas que a ira de Deus sobrevém aos desobedientes”(Cl 3.5,6). Deus lhe deu
a Bíblia para que você possa fazer exatamente isso. Por meio da Bíblia, somos
capazes de tomar emprestado o olhar de Deus, ver o mundo como ele o vê e
saber o que fazer com o que vemos.
O OLHAR DE DEUS
Para mim, uma série de passagens da Escritura tornou-se fundamental para
minha compreensão sobre o sexo e minha capacidade de exercer o
autocontrole. Quando era jovem e pensava em casar, e mesmo depois, quando
ainda jovem, mas recém-casado, essas passagens foram meios de graça para
mim em minha resolução por não sucumbir à sedução da pornogra�a. Quatro
passagens em particular se destacaram.
Amor e diversão
Esse primeiro versículo que quero examinar é um pouco estranho,
admito. Gênesis 26.8 conta a história de Isaque e Abimeleque, o rei pagão de
Gerar. Você se lembra de que Isaque — como o pai dele, Abraão — viajou por
uma terra estranha e temeu por sua vida.  Também como seu pai, Isaque
escolheu a covardia para escapar de uma situação delicada, negando a esposa
para não arriscar o próprio bem-estar. Mas então Abimeleque olhou por uma
janela e “viu que Isaque estava se divertindo com Rebeca, sua mulher”. O
verbo divertir-se aparentemente é de difícil tradução, e as diversas versões da
Bíblia o interpretam de forma bastante diferente.  Quando jovem, li um
comentário que dizia, com razão, que ele poderia ser traduzido por “praticar
esportes”.
Abimeleque olhou pela janela e viu Isaque e Rebeca fazendo algo que lhe
permitiu perceber que certamente eles não eram irmão e irmã. Ao mesmo
tempo, Abimeleque conhecia o caráter de Isaque bem o su�ciente para não
acusá-lo de nenhum ato imoral.  Isaque e Rebeca estavam se divertindo —
estavam brincando, �ertando, simplesmente desfrutando de seu jovem amor
(apenas talvez não no lugar mais recomendável).  De alguma forma, essa
passagem retrata para mim uma liberdade e uma inocência que eu queria ter
com minha esposa. Duas coisas �caram muito claras para mim: eu sabia que
queria essa liberdade e abertura em nosso casamento e sabia que não poderia
tê-las se qualquer um de nós estivesse pecando sexualmente contra o outro.
O caminho do entendimento
O segundo versículo é 1Pedro3.7, que orienta: “... maridos, vivei com elas a
vida do lar, com entendimento, dando honra à mulher como parte mais frágil
e herdeira convosco da graça da vida, para que as vossas orações não sejam
impedidas”. Aqui percebi que o relacionamento com minha esposa tinha uma
importância espiritual enorme.  Se não dou honra a minha esposa, minhas
próprias orações (não as dela!) serão impedidas.
Como líder do lar, preciso continuar crescendo espiritualmente. Para isso,
tenho de ser �el em oração. E só posso ser �el em oração, aprendi, se tratar
minha esposa como ela merece ser tratada. Se eu cedesse à cobiça sexual, à
pornogra�a e a todos os outros tipos de pecado sexual, estaria destruindo
minha família. Di�cilmente seria a única pessoa a sofrer. Como poderia trazer
esse tipo de dor às pessoas que mais amo?
A fonte da alegria
A próxima passagem é uma de minhas favoritas em toda a Bíblia. Provérbios
5.18,19 diz: “Que teu manancial seja bendito. Alegra-te com a esposa que tens
desde a mocidade. Como corça amorosa e gazela graciosa, que os seios de tua
esposa sempre te saciem e que te sintas sempre embriagado pelo seu amor”. Eu
amo a doçura dessa passagem.  Ela chama o homem a encontrar alegria,
satisfação e intimidade sempre e somente na esposa que Deus lhe
deu. Convida-o a recordar o prazer que tinha na época em que ele e a esposa
eram inocentes e recém-casados. E chama-o a viver nesse prazer. Ele não tem
o direito de ir a qualquer outro lugar, não tem o direito de “beber de outra
cisterna”, usando a terminologia de Salomão (cf. Pv 5.15).  E por que ia
querer? O versículo celebra tanto a dádiva do sexo quanto sua exclusividade.
A Bíblia chama o homem solteiro a não se intoxicar com mulher
alguma. E chama o homem casado a se intoxicar, não com qualquer mulher
ou com uma série de mulheres, mas com uma mulher: a esposa de sua
mocidade. Toda vez que se entrega à pornogra�a, cada vez que cede à cobiça
sexual, você está diminuindo sua capacidade de se focar em uma só mulher,
de se intoxicar em seu amor e de encontrar alegria e satisfação somente nela.
Apenas alguns versículos depois aparecem estas palavras sensatas: “Pois
os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor; ele observa todas as
suas veredas. O ímpio, porém, será preso por suas próprias maldades e detido
pelas cordas do seu pecado. Ele morre pela falta de disciplina e anda sem
rumo pelo excesso de loucura” (v. 21-23). Homens que se recusam a ser
intoxicados com o amor da esposa, homens que encontram prazer no corpo
(ou nas imagens do corpo) de outras mulheres estão cometendo grande
loucura. Não se trata de simples bobagens inconsequentes, e sim de atos que
colocam o homem em perigo de morte.  É uma loucura moral que leva à
destruição espiritual. Essa loucura, essa falta de disciplina, essa falta de
preocupação com o próprio pecado desvia o homem do caminho que conduz
à vida moral e espiritual, levando-o ao único caminho que lhe resta: o que leva
em direção à morte espiritual e moral.
Mulheres mais jovens como irmãs
A última passagem que me ajudou de forma especial foi 1Timóteo 5.1,2, que
diz: “Não sejas duro na repreensão ao idoso, mas exorta-o como a um pai; aos
jovens, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às jovens, como a
irmãs, com toda pureza”. Vi aqui a conexão entre as mulheres da pornogra�a e
a ordem de Deus para que eu trate todas as jovens como irmãs. Como poderia
fazer isso se estivesse olhando maliciosamente para elas na tela?  Como
poderia olhar de forma libidinosa para essas jovens na tela e, em seguida,
imaginar que seria capaz de apagar tal cobiça sexual e tratar outras jovens de
minha vida como irmãs? Ceder à cobiça sexual em uma área teria impacto em
todas as outras áreas. Deus deu-me a ordem de ver as jovens não como objetos
sexuais, mas como irmãs. Eu tinha de me relacionar com elas com toda a
pureza — em meu coração, em minha mente, em minha vida.
Esses versículos, apesar de serem uma compilação eclética, desa�aram-
me profundamente.  Mais do que isso, rede�niram minha mente.  Eu os
memorizei, ponderei sobre eles, mantive-os em mente e vivi por eles. Ao longo
do tempo, eles desintoxicaram minha alma. Qualquer desejo de me entegar à
cobiça sexual desvaneceu.  Sei que essa foi uma obra de Deus, porque ele
operou por meio de sua Palavra, exatamente como disse que faria. Em lugar
da tendência antiga, ele me deu um grande e ainda crescente amor por minha
esposa e aumentou a alegria e a satisfação em meu relacionamento com ela. Eu
não trocaria isso por nada.
SUA PRÓPRIA ARMA SECRETA
Antes de concluir, quero acrescentar mais um fator a essa mistura. Deve ser a
arma secreta menos utilizada na igreja hoje em dia, e o mais irônico é que essa
“arma” é uma dádiva extremamente tangível de Deus, um presente
especi�camente apresentado para ajudar todos nós a crescer em santidade.
Se você quer mesmo vencer a pornogra�a, converse com seu pastor.
Considere todos os recursos que a igreja já produziu na luta contra a
cobiça sexual e a pornogra�a. Considere o fato inegável de que todos sabem
que a tentação sexual é um problema enorme para quase todos os homens,
pelo menos durante parte da vida.  Por que então desconsideramos uma
dádiva de Deus de fundamental importância planejada para nos ajudar a
crescer em santi�cação?  Por que negligenciamos a sabedoria e o
discernimento de homens chamados e capacitados a pastorear o rebanho de
Deus?
Há pouquíssimos pastores nos Estados Unidos, por exemplo, que não
estejam ajudando alguém a lutar contra a pornogra�a. Sua história não será
nem um pouco nova. Disponha-se a pedir ajuda. Ponha de lado seu orgulho e
vergonha e quebrante-se. Não se engane pensando que, por serem pecados
ocultos, a pornogra�a e a masturbação são incomuns. A luta do homem
contra a tentação sexual é essencialmente universal. Você acha que talvez seu
pastor responderá: “Estou simplesmente chocado. Para mim você era a última
pessoa que lutava nessa área”? Con�e em mim: isso não vai acontecer. Em vez
disso, posso quase garantir que ele vai ser solidário e estará tanto disposto
quanto ansioso por ajudá-lo a lutar e a vencer.
Embora Deus possa às vezes eliminar o desejo de ver pornogra�a, é
muito mais provável que o processo de libertação seja longo e difícil. É bem
possível que você precise de ajuda. Portanto, atravesse essa ponte e assuma o
compromisso de buscar a ajuda de seu pastor. A igreja local é o contexto ideal
para combater esse tipo de pecado. Lá você encontrará a autoridade e o apoio
que o ajudarão a lutar e, em última análise, a vencer.
Sei que algumas pessoas não têm acesso fácil a seus pastores. Nesse caso,
encontre um cristão maduro, con�ável (certi�que-se de que ele atenda a essas
quali�cações!), com quem você possa conversar.  É provável que você não
tenha muito sucesso se procurar um colega, alguém de sua idade ou mais
jovem. Procure um cristão a quem você ama e respeita e conte aquilo com que
está lutando.  E isso envolverá quebrantamento e humilhação, o que não
poderia ser diferente.
Deixe-me fazer um alerta sobre os relacionamentos de prestação de
contas. Embora eu esteja convencido de que em muitos casos podem ser
muito úteis, eles também representam um perigo sutil.  É possível que
venhamos a temer alguém com quem nos abrimos mais do que tememos ao
Senhor. O temor de Deus pode �car atrás do temor do homem à medida que
nosso desejo de honrar a Deus é ofuscado pelo desejo de ter apenas coisas
boas para relatar em nosso próximo encontro de prestação de contas. Não
estou nem falando sobre a tentação de mentir nesse encontro. Estou falando
sobre o que se passa em seu coração enquanto você luta contra a tentação
sexual. Um dia você está lutando para a glória de Deus e no próximo está
lutando para evitar a vergonha diante do homem.
Devemos querer crescer em santi�cação não para impressionar os outros
ou diminuir o desconforto pessoal, mas para cada vez mais honrar a Deus em
todas as coisas.Ao escrever sobre o valor do apoio mútuo na comunidade da
igreja local, Paul Tripp menciona: “O objetivo do relacionamento não é
apanhar a outra pessoa cometendo um erro, mas motivá-la e incentivá-la a
fazer o que é certo. Ministramos um ao outro sabendo que, embora a lei seja
capaz de revelar o pecado, somente a graça pode nos livrar dele!”. Encontre
uma pessoa motivada não a apanhá-lo em seu pecado, mas a exortá-lo, a orar
por você e a repreendê-lo, se necessário. Em outras palavras, busque para você
um verdadeiro mentor.
A PUREZA E SEU FUTURO
Pode ser fácil pensar que ver pornogra�a uma vez por outra, vendo imagens
que servem de combustível para a masturbação, não trará consequências. Mas,
se você já pensou assim, se ainda pensa assim, você está errado. Você está
pecando contra Deus e contra sua atual ou futura esposa, e assim
prejudicando a si mesmo. Cada ato de pecado sexual reduz sua capacidade de
ser líder e alguém que ama de verdade.
Quando você peca sexualmente, seja antes, seja durante o casamento,
você empilha todo tipo de bagagem nas costas do relacionamento conjugal
presente ou futuro.  Consequentemente, o relacionamento é obrigado a
carregar um peso desnecessariamente pesado e complicado. Coisas que
poderiam ter sido mais fáceis se tornam mais difíceis, algumas vezes de forma
permanente. Surgem complicações e tentações que nunca deveriam
surgir.  Sim, nosso Deus é benevolente e perdoador para com todo pecador
arrependido, mas há consequências para o pecado que mesmo o perdão de
Deus não pode apagar completamente.
Portanto, não zombe da graça de Deus nem faça pouco caso de sua
clemência.  Não defraude sua esposa — mesmo que ainda não a tenha
conhecido. Não defraude a si mesmo ou a esse relacionamento precioso. Não
defraude seus �lhos, de hoje ou do futuro, tornando-se menos capaz de dar a
eles um modelo de vida conjugal que honre a Deus, que se ajuste às Escrituras
e que estabeleça um padrão bíblico piedoso.
Se um jovem pudesse olhar à frente e ver como seria sua vida sem a
bagagem do pecado sexual — como seria o casamento se tivesse aproveitado
os recursos da graça de Deus —, ele clamaria a Deus para ser mais forte, e
Deus atenderia a esse clamor. Solteiro ou casado, não é tarde demais para você
clamar agora. Não é demasiado tarde para parar de aumentar a bagagem. Não
é tarde demais para se desintoxicar. Em sua misericórdia, Deus vai começar a
puri�cá-lo e a remover a pilha dessa bagagem, talvez quase na totalidade.
Quero incentivá-lo a deixar que todos os recursos da graça de Deus o
motivem à pureza moral. Entre esses recursos-chave estão a Bíblia, a oração e
a con�ança na graça e no poder de Deus para o exercício do
autocontrole. Mantenha vivo em sua mente o fato de que na cruz Jesus Cristo
carregou sobre si todo o seu pecado sexual. Enfrentou o justo castigo por esse
pecado e a plenitude da ira de Deus; enfrentou a morte que esse seu pecado
exige. Ao ressuscitar, mostrou que havia triunfado sobre a morte. Agora lhe
oferece vida e liberdade — liberdade do pecado, liberdade até mesmo do
desejo de pecar.
Alguns homens conseguem afastar-se da pornogra�a por um ato da
vontade. Se esse é o seu caso, então ótimo: siga em frente. Alguns conseguem
fazer isso construindo muros de legalismo e obrigando-se a viver dentro
desses limites. Essa abordagem troca o autofoco pecaminoso da pornogra�a
pela autossu�ciência pecaminosa do legalismo, por isso não tenho o menor
entusiasmo de incentivar esse enfoque.  Muitos homens, provavelmente a
maioria, precisam de ajuda de fora — algum tipo de prestação de contas que
enfatize a exortação e a transparência e que rejeite a condenação e o legalismo.
Assim, se essa é uma batalha que você luta somente com Deus ou com Deus e
mais os seus irmãos em Cristo, você deve em última análise encontrar a
liberdade por meio da Palavra de Deus. Precisamos combater o pecado com a
verdade de Deus, substituindo as mentiras nas quais queremos acreditar pelo
que Deus diz ser verdade.  Talvez alguns dos versículos que Deus usou na
minha vida o ajudem; talvez ele o ajude a encontrar outros. Mas, seja qual for
o caso, recorra à Bíblia e encontre ali tanto o fundamento para a pureza
quanto a sabedoria que pode ajudá-lo momento após momento.
Alguns dos e-mails mais trágicos que recebi em todo o meu ministério na
internet vêm de mulheres com idade em torno de 45 anos. Relatam histórias
da ruína absoluta de maridos que entraram na pornogra�a quando jovens e
nunca se preocuparam em abandoná-la. E aí estão eles, tantos anos depois,
ainda prejudicando a si mesmos, à esposa e à família. As escolhas que �zeram
quando jovens ameaçam hoje dilacerar sua família. Nunca desistiram de seus
pecados; apegaram-se a eles, alimentaram-nos, seguiram nesse padrão todos
esses anos. As mulheres, aquelas com quem Deus chama esses homens a se
intoxicarem pelo resto da vida, convivem com buracos no coração, desejando
que o marido tome seu lugar e os preencham.
Será que sua esposa pode estar entre essas mulheres algum dia?
O fato é que Deus não nos dá passe livre quando se trata de pecado; não
nos permite viver de forma descontrolada por um tempo e depois
simplesmente “nos safar”. O pecado traz consequências, quer você peque aos
dezoito, quer aos oitenta anos.  Abandone seu pecado hoje.  Busque a
liberdade. Busque a Cristo.
Para você refletir
1. Em seu coração, você espera ter um relacionamento sexual normal,
longo e terno com sua esposa? Ou acha que se sentirá incompleto se
não tentar os tipos de atos que presenciou na pornogra�a?
2. Você já se pegou pensando que o que faz moralmente não importa
muito no cômputo geral da vida? Acredita que os pecados que comete
hoje podem ter consequência para você e sua família daqui a muitos
anos?
3. Você acredita que a Bíblia oferece ajuda e orientação não apenas para o
quadro geral, mas também para cada momento e a cada desa�o da
vida?
4. Você tem pastores aos quais possa recorrer quando estiver lutando
com esse pecado ou com qualquer outro?  E quanto a homens mais
velhos que possam servir de mentores?
5. Se você ainda está vendo pornogra�a, está disposto hoje mesmo a falar
sobre seu problema com seu pastor, com seu pai ou com um mentor?
6. Das passagens que se mostraram úteis para mim, alguma delas foi útil
a você? Qual ou quais e por quê?
7. Quais versículos bíblicos você pretende usar como meta ou como
medida de seu desejo de ter com sua esposa um relacionamento sexual
bem-sucedido e que glori�que a Deus?  Se você não conhece esses
versículos, como vai encontrá-los?
FONTES CITADAS
Dobson, James. Adolescência feliz: como enfrentar as mudanças no corpo e na
mente. São Paulo: Mundo Cristão, 1997.
Harris, Joshua. Sexo não é problema (lascívia, sim): pureza sexual em um
mundo saturado de lascívia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
Levitt, Stephen D. & Dubner, Stephen J. Superfreakonomics: o lado oculto do
dia a dia. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
Lewis, C.S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: wmf Martins Fontes, 2009.
Perkins, Bill. Quando homens �éis são tentados. São Paulo: Vida, 2008.
Tripp, Paul David. Broken down house. Wapwallopen: Shepherd Press, 2009.
A HISTÓRIA DESTE LIVRO
Este é o livro que ajudou a lançar uma editora pouco comum. Na verdade, a
história deste livro e a história da formação da Cruciform Press são
praticamente inseparáveis.  Queremos relatar, de forma breve, como tudo
aconteceu. 
Em agosto de 2009, Tim Challies começou um diálogo com Kevin Meath
sobre edição de livros. Em pouco tempo, a conversa entre os dois freelancers
convergiu para temas que se cruzavam, como publicação e tecnologia
digital. Logo, a ideia de um negócio começou a se formar. 
Nos últimos anos, a indústria da música havia se transformado — de
forma rápida, radical e de�nitiva —, à medida que a tecnologia rede�nia o
modo de as pessoas obterem e desfrutarem a música.  Algo semelhante
começara a acontecer na publicação impressa, embora um poucomais
lentamente, com a tecnologia alterando a forma e o momento de lermos,
assim como nossas expectativas sobre a leitura. Dessa maneira, Tim e Kevin
decidiram que, para iniciarem um negócio, teria de ser algo construído em
torno da resposta a uma única pergunta: “Como seria uma editora cristã
centrada no evangelho se nascesse inserida na realidade tecnológica do século
21?”.
A ideia era intrigante, mas os dois estavam muito ocupados com outros
projetos para sair ao encalço de mais um. 
Em novembro, Tim preparou uma série de postagens que intitulou
“Desintoxicação sexual”. Resultado de inúmeras e longas conversas com jovens
do sexo masculino, essa série foi usada por Deus para ajudar muitos deles a
identi�car e a lidar com as toxinas sexuais decorrentes da pornogra�a. Tim
posteriormente compilou a série em um e-book.  Tornou-a disponível
gratuitamente em seu blog, de onde foi baixada milhares de vezes. 
Em resposta a pedidos repetidos para tornar o livro disponível em
formato impresso, Tim voltou-se para Kevin para obter ajuda. Isso reacendeu
o diálogo sobre criarem juntos um negócio, e logo perceberam que já podiam
começar a trabalhar no primeiro livro da empresa.  Porém, quanto mais
seriamente conversavam sobre começar um negócio, mais claro �cava que
precisariam de ajuda. Em março de 2010, procuraram um amigo em comum,
Bob Bevington, veterano, experiente na abertura de diversos negócios e, além
de tudo, escritor cristão.  Bob encantou-se com a ideia, e poucas semanas
depois os três começavam de fato o trabalho de estabelecer a Cruciform Press. 
Desintoxicação sexual é nosso primeiro livro. Direcionado a homens —
não apenas a jovens, mas a homens de todas as idades — e lidando com um
problema de tão grande proporção, é nossa esperança que este livro ajude um
número cada vez maior de homens a compreender o chamado de Deus para
que fujam da cobiça sexual da juventude e busquem a pureza. A Cruciform
Press espera e con�a também que, pela graça de Deus, possa continuar
publicando livros breves, claros, criativos e bíblicos, livros que aproximem seu
coração das in�ndáveis glórias do evangelho de Jesus Cristo, o qual é de
grande aplicação em cada área da vida.
ADENDO
Como adendo, oferecemos aqui, na íntegra, um sermão de Charles Spurgeon
sobre 1Coríntios 10.13.  Esse é, sem sombra de dúvida, um dos principais
versículos da Bíblia sobre resistir à tentação de todo tipo, sobretudo — como
incontáveis homens cristãos certamente podem atestar — a tentação sexual.
Nos dias de Spurgeon, diálogos públicos sobre tentação sexual eram
geralmente camu�ados sob eufemismos.  Não há aqui referência direta à
masturbação, imagens lascivas ou histórias de brutalidade. Mas não se engane:
as questões essenciais da tentação contra a qual os homens lutam hoje são as
mesmas da década de 1880.  Esse sermão pode empregar um vocabulário
diferente do utilizado por Desintoxicação sexual, mas trata da mesma
mensagem. 
CONFORTO AOS QUE SÃO ALVO DE TENTAÇÃO
Um sermão de Charles Spurgeon sobre
1Coríntios 10.13
Sermão proferido por Charles H. Spurgeon no Metropolitan Tabernacle,
em Newington, numa quinta-feira à noite, dia 27 de setembro de 1883. 
Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é �el e não deixará que
sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação
providenciará uma saída, para que a possais suportar (1Co 10.13).
Todos os filhos de Deus estão sujeitos à tentação. Alguns são tentados mais
que outros, mas, tirando os que, de tão jovens, não têm consciência do mal,
estou convencido de que não há nenhum que entrará no céu sem ter sofrido
tentação.  Se há alguém que escapou, certamente foi “o primogênito entre
muitos irmãos” (Rm 8.29). Mas você deve se lembrar de como ele foi levado
pelo Espírito para o deserto, diretamente das águas do batismo, para ser
tentado pelo Diabo. O apóstolo Paulo informa também que, “à nossa
semelhança, foi tentado em todas as coisas, porém sem pecado” (Hb 4.15). O
Senhor Jesus pode verdadeiramente dizer a nós, que somos seus seguidores:
“Se eu, seu Mestre e Senhor, fui tentado, você não pode pensar que escapará
da tentação, porque o discípulo não está acima de seu mestre, nem o servo
acima de seu Senhor”.
O fato de sermos tentados deveria nos quebrantar, pois é uma triste
evidência de que o pecado ainda permanece em nós. Tenho idade su�ciente
para lembrar do tempo em que esfregávamos uma pederneira contra um
pedaço de aço para obter fogo pela manhã. E recordo que sempre parava de
tentar produzir faísca quando descobria que não havia mecha na minha caixa
de apetrechos. Acredito que o Diabo não é tolo, e, se o homem estivesse sem
mecha em sua caixinha de fogo — ou seja, sem corrupção em sua natureza —,
Satanás não continuaria a tentá-lo por muito tempo. Não desperdiçaria tempo
num exercício inútil desses. O homem que acredita ser perfeito nunca poderá
fazer a Oração do Senhor. Terá de criar a própria oração, pois nunca desejará
dizer: “... não nos deixes entrar em tentação” (Mt 6.13). No entanto, amados,
como o Diabo acredita valer a pena gastar tempo em nos tentar, podemos
concluir que há algo em nós que é propenso à tentação — que o pecado ainda
habita em nós, apesar de a graça de Deus nos ter renovado o coração.
O fato de sermos tentados também deve nos lembrar de nossa
fraqueza. Acabei de fazer referência ao modelo de oração de nosso Senhor
Jesus Cristo, em que temos a frase “não nos deixes entrar em tentação” (Mt
6.13). A razão para apresentar uma petição dessas é certamente o fato de
sermos tão fracos e frágeis. Pedimos que não sejamos sobrecarregados porque
temos costas fracas. Suplicamos que o pecado não seja colocado diante de nós
em nenhuma de suas formas atraentes, pois muitas vezes a carne toma
emprestada a força do mundo e até mesmo do Diabo, e essas potências aliadas
passam a ser demasiadamente grandes para nós, a menos que a onipotência de
Deus seja exercida a nosso favor, sustentando-nos para nos impedir de cair.
Alguns �lhos de Deus que conheço �cam muito atribulados pelo fato de
serem tentados. Acreditam que poderiam suportar a provação caso ela viesse
desacompanhada do pecado. Mas não vejo como, via de regra, podemos
separar provação de tentação, uma vez que cada prova que vem sobre nós tem
em si um tipo ou outro de tentação, tanto no que se refere à descrença ou à
murmuração quanto no que diz respeito ao uso de meios errados para escapar
da provação.  Somos tentados, no sentido de sermos testados, tanto pelas
misericórdias recebidas quanto pelos infortúnios sofridos. Mas, para o �lho de
Deus, o mais grave é que, às vezes, ele é tentado a fazer ou a dizer coisas que
absolutamente odeia. O �lho de Deus vê diante de si, com aspecto agradável,
pecados completamente abomináveis para ele, pecados cujo próprio nome
nem sequer pode suportar. No entanto, Satanás vem e coloca diante dele as
carnes impuras em que ele se recusa a tocar. E sei que o Diabo tenta o povo de
Deus injetando na mente pensamentos blasfemos, arremessando-os em seus
ouvidos como um furacão. Ah, mesmo quando você está em oração, pode
acontecer que pensamentos exatamente contrários àquele momento
devocional invadam sua mente. Um pequeno barulho na rua o afastará da
comunhão com Deus; e, antes mesmo que tome consciência disso, seus
pensamentos, como cavalos selvagens, terão galopado por montes e vales, e
você mal saberá como reuni-los novamente. Ora, tentações como essas são
terrivelmente dolorosas para o �lho de Deus. Ele não pode suportar o hálito
envenenado do pecado e, quando descobre que o pecado está batendo à porta,
gritando debaixo de sua janela, perturbando-o dia e noite, como tem
acontecido a alguns — espero que não a muitos —, sente-se extremamente
perseguido e gravemente atribulado.
Talvez ajude se eu lembrar essa pessoa que não há pecado em ser
tentada. O pecado é do tentador, não do tentado. Se você resistir à tentação,
terá umaatitude louvável. Mas não há nada louvável na tentação: ela é má, e
nada mais que isso. No entanto, você não tentou a si mesmo, e aquele que o
tentou é que deve ser culpado de tentação. Evidentemente, você não é culpado
por pensamentos que o a�igem. Eles podem comprovar que o pecado ainda
permanece em você, mas não há pecado em ser tentado. O pecado está em
ceder à tentação, e você será abençoado se conseguir se afastar dela.  Se
conseguir vencê-la, se seu espírito não se render a ela, você deve até mesmo
ser abençoado por meio dela. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação”
(Tg 1.12, rc). Há uma bem-aventurança mesmo na tentação, e, apesar de no
presente ela não parecer agradável, mas opressiva, produzirá depois um fruto
abençoado para os que por ela são exercitados.
Além disso, há coisas piores neste mundo que sermos atacados com
tentações dolorosas. É muito pior ser alvo de uma tentação agradável — ser
delicadamente sugado para a boca do destruidor —, ser arrastado pela
corrente suave para depois ser arremessado catarata abaixo.  Isso é terrível!
Mas lutar contra a tentação, isso é bom. Digo mais uma vez que existem coisas
muito piores que ser provado com uma tentação que desperta toda a
indignação de seu espírito. Um antigo teólogo costumava dizer que tinha mais
medo de um demônio do sono que de um rugidor. E há grande verdade nessa
observação; pois, quando você é deixado completamente em paz e nenhuma
tentação o assalta, você tende a �car carnalmente seguro e a dizer, com
orgulho: “Eu nunca serei abalado”. Acho que nenhum homem está em perigo
tão iminente como aquele que pensa que nenhum perigo lhe possa suceder.
Assim, o que nos mantém na  torre de vigia, mesmo sendo algo mau em si
mesmo, é suplantado pelo bem. A parte mais perigosa da estrada para o céu
não é o vale da sombra da morte. Não achamos que Cristão, o protagonista dO
peregrino, dormiria com todos aqueles duendes, nem no momento em que
achou difícil sentir o caminho e se manter nele, mas, sim, quando ele e
Esperançoso chegaram ao Solo Enfeitiçado, “onde o ar naturalmente deixa os
homens sonolentos”. Era nesse ponto que os peregrinos entravam em grande
perigo, até que Cristão lembrou a seus companheiros de viagem que haviam
sido avisados pelos pastores para não dormir quando chegassem a essa parte
enganosa do caminho.  Creio, portanto, que ser assaltado com tentações
dolorosas — as que incitam o espírito quase à loucura —, por pior que seja a
prova ou por mais difícil que seja de suportá-la, talvez não seja o pior que nos
possa acontecer espiritualmente.  De todos os males que o cercam, sempre
escolha o menor. E, como essas não são as tentações mais prejudiciais, não
entre em total desespero caso lhe caiba ser tentado como foram muitos antes
de você. 
Isso é o su�ciente como introdução a uma pequena conversa sobre
tentação, com o propósito de confortar qualquer pessoa extremamente
tentada por Satanás. Sei que estou falando a muitos nessa condição e por isso
gostaria de repetir as palavras da nossa passagem: “Não veio sobre vós
nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é �el e não deixará que
sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a
tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar” (1Co 10.13).
Querido amigo sob tentação, lembre-se de que você não deve se sentar em
desespero e dizer: “Estou sendo profundamente tentado agora e temo ser
tentado de forma cada vez pior, até que meus pés deslizem, e eu caia, e pereça
completamente”. Não fale como Davi quando foi caçado como uma perdiz nos
montes — “Algum dia ainda morrerei pela mão de Saul” (1Sm 27.1) —, mas
creia que o Senhor, que lhe permite ser tentado, lhe dará livramento em seu
próprio e bom tempo. 
I.Aqui está seu primeiro conforto.
houve um limite em todas as suas
provações anteriores.
“Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana...”
Por vezes, a tentação tem se apoderado de você, como um estrangulador pega
um homem pela garganta, de repente. Tem se apoderado de você — talvez esse
seja o verbo mais preciso que eu possa usar. Ela tem se apoderado de você de
surpresa, amarrando-o e imobilizando-o com rapidez. E, ainda assim, as
tentações que você suportou até agora não vão além das que acometem a
todos os homens.
Em primeiro lugar, são como aquelas enfrentadas por seus companheiros
cristãos. Sei que você é tentado a pensar que é um viajante solitário em uma
estrada que ninguém jamais atravessou; mas, se examinar cuidadosamente a
trilha, descobrirá as pegadas de alguns dos melhores servos de Deus que
passaram ao longo desse caminho enfadonho. É uma viela muito escura, você
diz, que pode realmente ser chamada “Viela Mortal”. Ah!  Mas você vai
descobrir que os apóstolos percorreram esse caminho, os que confessaram sua
fé passaram por esse caminho, mártires andaram por esse caminho e o melhor
dos santos de Deus foi tentado assim como você está sendo agora. “Ah!”, dirá
alguém, “mas estou sendo tentado, como você disse há pouco, com
pensamentos blasfemos e horríveis”. Assim foi com o mestre John Bunyan.
Leia Grace abounding to the chief of sinners [Graça abundante ao principal dos
pecadores] e veja as coisas pelas quais ele teve de passar. Muitos outros tiveram
experiência similar, e entre eles estão alguns de nós que estamos vivos para lhe
dizer que sabemos tudo sobre essa forma especial de tentação, embora o
Senhor tenha nos livrado dela.  “Ah!”, diria outra alma tentada, “mas tenho
sido tentado até mesmo no que se refere a me autodestruir ”. Essa também não
tem sido uma tentação incomum até mesmo aos santos mais queridos de
Deus, e, embora ele os tenha preservado e mantido vivos, ainda assim muitas
vezes eles se sentiram como Jó, quando disse: “Pre�ro ser estrangulado, e
sofrer a morte, a este meu sofrimento” (7.15). “Ah!”, exclama outro, “sou
tentado ao pior dos pecados, ao mais vis pecados, e não deveria me atrever
nem sequer a mencionar as abominações que Satanás me tenta a cometer”.
Você não precisa me dizer, e con�o que você será preservado contra elas pelo
poder onipotente do Espírito Santo de Deus. Mas posso garantir que
mesmo os santos no céu, se lhe pudessem falar neste momento, diriam que
alguns deles foram grandemente a�igidos — mesmo alguns dos mais
valorosos dentre eles, que andaram mais próximos a Deus, foram duramente
atormentados por tentações que não teriam mencionado a seus
companheiros, tamanha perturbação sofrida por eles.  Talvez ainda outro
amigo diga: “Na verdade, tenho sido tentado à autojustiça, que é a maior
tentação que pode acontecer a um homem cuja con�ança está totalmente em
Cristo”. Bem, foi o que aconteceu ao mestre John Knox, o grande pregador da
justi�cação pela fé. Quando estava morrendo, foi tentado a gloriar-se em sua
própria coragem por Cristo, mas lutou contra esse mau pensamento e o
superou, assim como você pode superá-lo.
Você acha que, quando um homem é muito paciente, ele não é tentado à
impaciência.  Irmão, o Espírito de Deus diz, pela pena do apóstolo Tiago:
“Ouvistes sobre a paciência de Jó” (5.11). Sugiro a você esta pergunta: “Você
não ouviu falar da impaciência de Jó?”. Você já ouviu falar, sem dúvida, da
grande fé de Pedro. Nunca ouviu falar da incredulidade de Pedro?  Os
membros do povo de Deus costumam falhar precisamente naquilo em que são
mais famosos, e, no que diz respeito às biogra�as bíblicas, o homem que tem
maior notoriedade por toda a obra do Espírito de Deus em sua vida
geralmente é o que falhou exatamente onde pensava ser mais forte. “Já li sobre
a vida de homens bons”, você diz, “e não sou como eles”. Devo dizer por quê?
Porque a vida deles não foi inteiramente escrita; mas, quando o Espírito Santo
escreve sobre a vida de um homem, ele diz tudo. Quando biógrafos escrevem
sobre a vida de homens bons, é claro que não expressam suas lutas internas e
medos, a menos que seja o caso de um homem como Martinho Lutero, cuja
vida se caracterizoupor uma contínua luta interior e que, embora parecesse
corajoso por fora, não raro tremia por dentro.  Quando escreverem sobre
minha vida, vão contar que tive uma fé forte, mas não vão contar tudo sobre o
outro lado dela.  E então você vai talvez �car pensando: “Ah, não consigo
chegar à altura que Spurgeon atingiu!”. Isso é porque lhe falta o conhecimento
do interior do ser humano, pois, se você conhecesse o interior e o exterior
do homem que caminha mais próximo a Deus — se for sincero e honesto, há
de contar —, saberia que as tentações pelas quais você tem de passar são as
mesmas tentações pelas quais ele teve de passar. E ele sabe que as terá muitas
outras vezes e sabe que, como diz o apóstolo: “Não veio sobre vós nenhuma
tentação que não fosse humana...”.
Então repito: nenhuma tentação o assaltou que seja diferente daquelas
com que os homens em geral são testados em determinado processo de
provação. Esse momento não é o da vitória �nal, irmão. É a hora da batalha, e
as armas usadas contra nós são as mesmas empregadas contra os exércitos dos
�éis em todas as épocas. Você e eu nunca fomos tentados como os anjos que
mantiveram seu primeiro estado e venceram a tentação.  Não posso dizer
como o príncipe das trevas foi tentado ou como tentou seus companheiros,
servos da lealdade ao grande Rei; mas de uma coisa tenho certeza: você nunca
foi assaltado com a tentação própria de um anjo. Sua tentação só foi aquela
adequada a um homem e aquela que outros homens como você superaram.
Outros lutaram bravamente contra tentações semelhantes à sua, e você deve
fazer o mesmo. Sim, você deve fazer o mesmo pelo poder do Espírito de Deus
que repousa sobre você. Costuma-se dizer, nos assuntos da vida comum, que o
que o homem fez o homem pode fazer, e isso vale também em relação à vida
espiritual. As tentações vencidas por outros homens podem ser vencidas por
você, se você procurar a mesma fonte de força e se a buscar no mesmo nome
em que eles buscaram. A força para vencer a tentação vem de Deus somente, e
o nome da vitória é o nome de Jesus Cristo; portanto, avance nessa força e
nesse nome contra todas as suas tentações.  Mãos à obra, pois já foram
derrotadas muito tempo atrás, e você deve derrotá-las novamente.  Não
estremeça por seguir de luta em luta e de vitória em vitória, como aconteceu a
outros que vieram antes de você e agora entraram em seu descanso. 
Outros já estiveram de luto aqui na terra
e molharam de lágrimas seus leitos;
lutaram arduamente, como nós, agora,
com pecados, e dúvidas, e medos. 
Se você pudesse perguntar a eles de onde veio a vitória, eles a atribuiriam
aos recursos que estão tão disponíveis a você quanto estiveram a eles —
precisamente à randiosa obra de Deus, ao Espírito Santo e ao sangue e à
justiça do Senhor Jesus Cristo. Nenhuma tentação aconteceu a você diferente
daquelas com as quais os seres humanos podem lidar e conseguem superar
com a ajuda de Deus.
Repito: até agora nenhuma tentação lhe sucedeu além das que são
comuns ao homem, e a todas Cristo enfrentou.  O grande cabeça da
humanidade, o representante dos homens, sofreu a mesma tentação que agora
está a�igindo você. “Em toda a angústia deles” — ou seja, a a�ição de seu povo
no deserto, que é exatamente igual à sua, se você está no deserto —, “em toda
a angústia deles, ele também �cou angustiado, e o anjo da sua presença os
salvou” (Is 63.9). Ele estava rodeado por enfermidades, “homem de dores e
experimentado nos sofrimentos” (Is 63.9). Repetindo o texto que já citei e que
é tão adequado aqui, ele, “à nossa semelhança, foi tentado em todas as coisas”
(Hb 4.15). “Por essa razão era necessário que em tudo se tornasse semelhante
a seus irmãos, para que viesse a ser um sumo sacerdote misericordioso e �el
nas coisas que dizem respeito a Deus, a �m de fazer propiciação pelos pecados
do povo. Porque, naquilo que ele mesmo sofreu, ao ser tentado, pode socorrer
os que estão sendo tentados”. Ele sabe tudo sobre o problema de cada um de
nós e sabe como lidar com ele e como sustentar-nos em meio à luta.
Portanto, queridos amigos, nenhuma tentação lhes sucedeu exceto a que é
comum aos homens, no sentido de ter sido enfrentada por homens como
vocês, tendo sido superada por homens como vocês e tendo sido enfrentada e
vencida por seu Representante bendito, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Venha então, amado, e deixe que se dissipe todo o mistério em relação a
suas tentações. O mistério dá margem à espada da provação. Talvez a mão que
escreveu na parede não teria amedrontado Belsazar, se ele pudesse ter visto o
corpo ao qual pertencia aquela mão. A�nal, não há mistério sobre seu
problema. Embora você o tenha quali�cado como sem dúvida o maior que já
sucedeu a qualquer ser humano antes, isso não é a verdade; você não é um
imperador no reino da desventura. Não pode verdadeiramente dizer “Eu sou o
homem que viu a a�ição mais que todos os outros”, pois seu Senhor suportou
muito mais que você já suportou, e muitos de seus santos, que passaram da
fogueira à coroa, devem ter sofrido muito mais do que você tem sido chamado
a sofrer até o momento. 
II. Voltemo-nos ao segundo conforto revelado em nossa passagem:
a fidelidade de Deus.
“Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é
�el...”
Ah, que palavra abençoada esta: Deus é �el!  Portanto, ele é �el à sua
promessa. Mesmo Balaão disse: “Deus não é homem para que minta, nem
�lho do homem, para que se arrependa. Por acaso, tendo ele dito, não o fará?
Ou, havendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19). Uma das promessas de
Deus é: “Nunca te deixarei, jamais te desampararei” (Hb 13.5). “Deus é �el“;
então vai cumprir essa promessa. Aqui está uma das promessas de Cristo, e
Cristo é Deus: “... minhas ovelhas. Estas ouvem a minha voz, eu as conheço, e
elas me seguem. Dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as
arrancará da minha mão” (Jo 10.26-28). “Deus é �el”, então essa promessa será
cumprida. Você certamente já ouviu esta promessa muitas vezes: “... a tua força
seja como os teus dias” (Dt 32.25). Você acredita nisso ou vai fazer de Deus
um mentiroso?  Se acredita, então varra de sua mente todos os
pressentimentos sombrios com esta pequena frase abençoada: “Deus é �el”.
Observe, em seguida, que não apenas Deus é �el, mas também é o Senhor
da situação, para que possa cumprir sua promessa. Note que o texto diz: “e não
deixará que sejais tentados além do que podeis resistir” (1Co 10.13). Assim,
você não poderia ter sido tentado se Deus não tivesse permitido que isso
acontecesse.  Deus é muito mais poderoso que Satanás.  O diabo não pôde
tocar em Jó, exceto por permissão divina, nem ele pode tentar e provar você a
menos que Deus permita. Ele precisa de autorização do Rei dos reis antes que
possa tentar um único santo. Por quê? Satanás não tem permissão para manter
a chave da própria casa, pois as chaves da morte e do inferno estão presas ao
cinto de Cristo, e, sem a permissão de Deus, o cão do inferno não pode sequer
abrir a boca para latir a um �lho de Deus, muito menos para vir e preocupar
qualquer uma das ovelhas a quem o Senhor, por sua graça, chamou a seu
aprisco.  Por isso, amado, você tem grande razão de consolo pelo fato de a
tentação que o prova ainda estar sob o controle do Criador �el que “não
deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”.
Essa é uma segunda razão para o conforto; saboreie-a debaixo da língua
como um pedaço de doce. 
III. O terceiro conforto está na
restrição que Deus impõe à tentação.
“... não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”
A maré da provação deverá subir ao mais alto nível da água, e então Deus dirá:
“Até aqui virás, mas não avançarás; e aqui se quebrará o orgulho das tuas
ondas” (Jó 38.11).
Ele “não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”. Isso
pode aplicar-se, às vezes, ao período em que a tentação sobrevém.  Tenho
observado cuidadosamente como Deus controla o tempo daprova de seu
povo. Se tal e tal provação tivesse vindo a um de seus �lhos quando jovem,
acredito que ele não teria suportado; ou, se a pessoa tivesse perdido algum
amigo querido enquanto ela mesma estivesse doente, o problema em dobro a
teria esmagado. Mas Deus envia nossas provações na hora certa e, se coloca
um peso extra de uma forma, tira algum peso de outra forma. “Tu [...] os
expulsaste com o vento forte, na época do vento oriental” (Is 27.8). Trata-se de
algo muito simples, mas verdadeiro: se o vento sopra do Norte, não sopra ao
mesmo tempo do Sul; e, se uma série de problemas vem a um homem cristão,
outra série de problemas geralmente se afasta dele. John Bradford, o famoso
mártir, sofria muitas vezes de reumatismo e depressão de espírito, algo com
que posso muito me identi�car. Mas, quando foi aprisionado em um
calabouço sujo e úmido e soube que nunca sairia dali a não ser para morrer,
escreveu: “É singular o fato de que, desde que estou nesta prisão, já tendo
outras provas para suportar, meu reumatismo e minha depressão de espírito
não tenham nem sequer tocado em mim”. Isso nem se quer é uma grande
bênção? E você vai descobrir que normalmente é assim; você não será tentado
além do que é capaz de suportar, porque Deus vai permitir que a prova venha
em um momento em que você seja mais capaz de suportá-la.
Há também grande bondade da parte de Deus quanto à duração da
provação.  Se algumas de nossas provas durassem muito mais tempo, se
tornariam muito pesadas para suportar.  Com respeito à destruição de
Jerusalém, nosso Senhor disse: “E se aqueles dias não fossem abreviados,
ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos eles serão abreviados” (Mt
24.22). Não tenho dúvida de que muitas vezes Deus opera de imediato nas
provações de seus �lhos, porque, se continuassem por mais tempo, elas não
teriam um efeito bom, mas ruim sobre nós.  Se uma criança precisa ser
corrigida, não deixe a punição durar como se ela fosse um criminoso que deve
ser condenado por longo período; dê-lhe o castigo merecido e encerre a
questão.  Assim acontece muitas vezes na disciplina da casa de Deus.
Entretanto, existem provas que são prolongadas ano após ano, porque a
provação é um ingrediente e�ciente e, se fosse encurtada, talvez não nos
abençoasse. Em todos os casos, há uma sabedoria in�nita que torna nossos
problemas tão longos quanto necessário, e não mais que isso.
O mesmo se aplica ao número de provações. Bendito seja Deus,
Se ele ordena o número dez,
nunca pode ser onze. 
Se ele planeja que seus servos passem pelo fogo e não pela água, o próprio
Satanás não pode fazê-los passar pela água. Deus conta as gotas do tônico
amargo que dá a seus santos enfermos, e eles não poderão receber nenhuma
gota a mais do que ele determinou. Então, queridos �lhos de Deus que hoje
experimentam a tentação, as tentações que enfrentarão, bem como o número
delas, não serão maiores do que podem suportar. 
O mesmo também acontece quanto à força em que a tentação
sobrevém.  Você nunca viu uma grande árvore sob o impacto de uma
tremenda tempestade? Ela balança para lá e para cá e parece pouco capaz de
recuperar-se dos golpes poderosos da tempestade; no entanto, as raízes a
sustentam. De repente, vem outro tornado, e parece que a árvore será lançada
para fora da terra, mas a tensão cessa justamente a tempo de o velho carvalho
balançar com fúria de volta a seu lugar. Entretanto, se quase um quilo de força
a mais fosse exercido naquela tremenda explosão, a árvore cairia prostrada
sobre a grama. Assim Deus, no caso de seu povo, em todas as circunstâncias,
só para no ponto certo. Você pode ser tentado até não ter nem um pingo a
mais de forças. Às vezes, o Senhor prova seu povo até parecer que mais um
sopro dele certamente faria com que todos naufragassem. É nesse momento
então que ele estende sob eles seus braços eternos, e nenhuma outra prova lhes
é in�igida.  Isso é uma bênção para todos vocês que têm problemas de
qualquer tipo, e vocês, que pertencem ao povo de Deus, podem ver este texto
e descansar completamente nele: “Deus é �el e não deixará que sejais tentados
além do que podeis resistir”. Quanto aos que não são seu povo, sinto muito
por vocês.  Estou expondo essas verdades preciosas, mas elas não são para
vocês. A Palavra de Deus declara: “O ímpio tem muitas a�ições” (Sl 32.10). Se
você não tem um Deus em quem buscar refúgio, o que fará quando as
tempestades açoitarem seu barco? Para quem ou para onde você pode fugir? O
cristão pode cantar:
Ó bondoso Salvador,
sê tu meu amparador;
negras ondas de a�ição,
fortes ventos perto estão.
Deste espanto e do terror
vem salvar-me, ó bom Senhor;
e no porto faze entrar
minha barca sem quebrar.
(Charles Wesley, Salmos e hinos, 169)
Mas, pobre alma querida que não ama a Cristo, onde você pode encontrar
conforto nos momentos de tristeza e provação? Você, que perdeu a esposa e os
�lhos, você, que é oprimido pela pobreza, você, que está atormentado pela
doença, você, que ainda não tem o Salvador, o que pode fazer? Pobres sem
teto em uma tempestade de neve, o que podem fazer sem ter nem sequer um
arbusto para abrigá-los? Esse é exatamente o seu estado, e lamento por vocês,
e imploro que não permaneçam nessa condição tão deplorável nem por um
momento mais. 
Venham, almas culpadas, e voem
como pombas às chagas de Jesus;
este é o dia das boas-vindas do evangelho,
em que à graça livre ele conduz.
Ah, que a percepção de sua necessidade possa levá-lo a aceitar Cristo
como Salvador nesta mesma hora! Quanto a seu povo, que crê nele, há este
sólido conforto: nunca serão tentados além do que são capazes de suportar. 
IV. O próximo conforto que extraímos da nossa passagem relaciona-se com
a provisão que o Senhor dá àquele que é tentado.
“Mas Deus é �el e [...] juntamente com a tentação providenciará uma saída...”
No original grego, o versículo diz: “juntamente com a tentação providenciará
uma saída”, pois há uma maneira correta de escapar da tentação. Há vinte
maneiras impróprias, e ai do homem que faça uso de qualquer uma delas. Mas
há apenas uma maneira adequada de escapar à prova, e esse é o caminho reto,
o caminho que Deus providenciou para seu povo trilhar. Deus abriu em meio
a todas as provas o caminho por onde seus servos poderiam sair
corretamente.  Quando os corajosos jovens judeus foram provados por
Nabucodonosor, havia um caminho pelo qual poderiam ser preservados da
fornalha de fogo ardente.  Tinham apenas de dobrar os joelhos diante da
grande imagem quando a �auta, a harpa, a cítara e o saltério soassem. Aquela
forma de escape nunca teria funcionado, pois não era o caminho certo. O
caminho para eles era serem jogados dentro da fornalha e lá terem a presença
do Filho de Deus passeando com eles no meio do fogo, o qual não podia
atingir. Da mesma forma, sempre que você for exposto a qualquer provação,
tenha em mente não tentar fugir da maneira errada.
Observe especialmente que o caminho certo é sempre o que Deus planeja;
portanto, quem estiver exposto agora à tentação ou à provação não crie sua
própria forma de escape. Deus, e somente Deus, tem de fazer isso por você.
Por isso, não tente escapar por si mesmo. Conheci um homem que estava com
problemas de falta de dinheiro, e a solução que buscou foi usar o dinheiro de
alguém de quem ele era o depositário �el. Esse não era o caminho de escape
de Deus para ele; por isso, só mergulhou em provação pior que a de
antes. Conheço um homem de negócios que estava em grande di�culdade.
Tudo estava dando errado para ele; então ele especulou, apostou e arruinou
seu negócio e seu caráter pessoal. Aquele não era o caminho de Deus para ele
escapar de seus problemas.  Às vezes, a melhor coisa que um homem com
problemas pode fazer é não fazer simplesmente nada, mas deixar tudo nas
mãos de Deus. “Acalmai-vos e vede o livramento que o Senhor vos trará” (Êx
14.13). Quando os israelitas saíram do Egito, Deus os guiou de uma forma que
poderia muito bem ter provocadomurmurações. Não havia nada diante deles
a não ser o mar, e atrás deles vinha o faraó com toda a sua fúria, gritando:
“Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; o meu desejo se fartará deles;
arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá” (Êx 15.9). Qual seria
agora o caminho de Deus  para o escape deles? Exatamente através do mar
Vermelho. E do outro lado eles cantaram, quando os egípcios morreram
afogados: “Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente; lançou no mar o
cavalo e o seu cavaleiro” (Êx 15.1). Teria sido lamentável se tivessem tentado
escapar usando métodos próprios ou se tivessem tentado voltar para lutar
contra o faraó. Tais alternativas não teriam tido êxito, mas o Senhor preparara
para seu povo o melhor caminho de escape que pode haver.
Observe também que o Senhor provê o caminho de escape “juntamente
com a tentação”. Ele permitiu a prova e, ao mesmo tempo, preparou o
caminho para escapar dela. Deus planejou tudo, meu irmão. Não só que você,
o campeão dele, sairá e lutará bravamente na força do Senhor, mas também
que ele será seu escudo e sua grande recompensa.  Ele o guiará ao fogo
perigoso; no entanto, providenciará o escape da mesma forma que proveu os
meios para você entrar nessa situação. Por isso, vai levá-lo em segurança. Não
foi o salmista quem cantou: “àquele que conduziu o seu povo pelo deserto,
pois seu amor dura para sempre” (Sl 136.16)? Não só os guiou para o deserto,
mas os guiou através dele. Bendito seja seu santo nome! E, se o Senhor o levou
para o deserto da angústia e da a�ição, preparou o caminho para a saída ao
mesmo tempo que criou a a�ição.  “Con�a no Senhor e faze o bem; assim
habitarás na terra e te alimentarás em segurança. Agrada-te também do
Senhor, e ele satisfará o desejo do teu coração. Entrega teu caminho ao
Senhor; con�a nele, e ele tudo fará. Fará tua justiça sobressair como a luz, e teu
direito, como o meio-dia. Descansa no Senhor e espera nele; não te aborreças
por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do que trama o
mal” (Sl 37.3-7). Busque “primeiro o seu reino e a sua justiça” (Mt 6.33), e
tudo o mais que precisar lhe será dado. Mantenha-se afastado do pecado da
tentação e não precisará temer o sofrimento da tentação. Se as provas não o
levam a seus próprios expedientes de escape, mas o levam aos joelhos, elas
serão, a�nal, bênção para você.
Esse é o quarto conforto, que Deus preparou o caminho para seu povo
escapar das provações.  “Bem”, dirá alguém, “então vou escapar dessa
provação”. Espere um momento, meu amigo, e ouça as palavras de
encerramento da passagem bíblica com as quais vou concluir meu discurso. 
V. Este é o último conforto:
o sustento que Deus dá na prova.
“para que a possais suportar”
O caminho traçado por Deus para o livramento da provação não deve ser
evitado pelo povo de Deus, de modo que ela não tenha de trilhá-lo. Antes,
constitui um escape que faz o povo de Deus atravessar o problema até a saída
na outra extremidade. Não foi uma fuga do mar Vermelho, mas  uma fuga
através do mar Vermelho que evitou uma provação ainda maior.  Se você,
amado, está exposto à prova ou à tentação, ele o capacitará a suportá-
la. Todavia, ore antes de sair deste prédio, para que essa última palavra, sobre a
qual não tenho tempo de me alongar, possa ser cumprida em sua experiência:
“para que a possais suportar”.
Suponhamos que você tenha de ser pobre. Bem, se Deus assim designou,
você será pobre; por isso, ore para que seja capaz de suportar tal situação.
Com diligência honesta e com integridade in�exível, lute para chegar a uma
posição melhor, mas, se todos os seus esforços falharem, então diga ao Senhor:
“todavia, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Talvez seu
querido �lho esteja morrendo ou sua esposa esteja enferma; você se apavora
com o pensamento de perdê-los e estaria disposto a dar a vida por eles, se
pudesse. Bem, faça todo o possível para a recuperação deles, pois a vida é
preciosa, e todo o dinheiro gasto para salvá-los será bem gasto; mas, se a saúde
não lhes for concedida, ore para que possa ser capaz de suportar até mesmo
essa prova tão pesada. É maravilhoso como Deus verdadeiramente ajuda seu
povo a passar por problemas que seriam para eles absolutamente
esmagadores. Tenho visto mulheres pobres e frágeis que pensei fossem morrer
em seu luto, mas se tornaram corajosas e fortes, e vi homens antes covardes
diante dos problemas bendizerem ao Senhor pela provação quando o golpe
realmente lhes sobreveio. E você pode fazer o mesmo.
Suponhamos que você tenha de �car doente.  Bem, essa é uma dura
provação, e eu, pessoalmente, faria qualquer coisa que pudesse para escapar da
a�ição que muitas vezes me atinge; mas, se não tem de ser assim, então preciso
mudar minha lista de oração e pedir que eu seja capaz de suportar o
sofrimento. Recebi uma carta de um homem de Deus esta manhã que me
sustentou muito. Ele diz: “Meu querido irmão, senti muito por ouvir que você
estava de novo com dores e com o espírito deprimido, entre outras coisas;
mas, quando me lembrei de como Deus o tem abençoado de muitas formas,
pensei comigo mesmo: ‘Talvez o sr. Spurgeon não continuasse a pregar as
doutrinas da graça e não fosse tão capaz de confortar os fracos �lhos de Deus,
se não sofresse essas dores agudas de vez em quando’. Por isso quero
parabenizá-lo por tais provações”. Aceitei as congratulações.  Você não vai
fazer o mesmo, meu irmão ou irmã em a�ição? Ore: “Meu Pai, se possível,
afasta de mim este cálice” (Mt 26.39), mas, se ele não afastar, então aqui está
aquela outra forma de conforto: “para que a possais suportar”.
E lembrem-se, queridos amigos, embora eu os incentive a fazer dessa
passagem uma oração, ela é, de fato, uma promessa, e não há oração melhor
que uma promessa que se transforma, por assim dizer, em oração.  Deus
mesmo disse, por seu inspirado apóstolo, que ele “não deixará que sejais
tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a
tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar”. Hasteiem as
bandeiras, então! Em frente, seja o que for que obstrua o caminho! Cantemos,
com o bom e velho John Ryland:
Em meio a inundações e chamas, se Jesus guiar,
eu o seguirei por onde quer que for.
“Não me impeça” deve ser meu exclamar,
embora a terra e o inferno venham a se opor.
A vida imortal dentro de nós nunca pode ser destruída; a natureza divina
que Deus Espírito Santo implantou nunca será pisoteada.  “Não te alegres a
meu respeito, inimiga minha; quando eu cair, me levantarei; quando eu estiver
em trevas, o Senhor será a minha luz” (Mq 7.8).
Mas, ah, sinto muito, muito, muito, muito, do fundo da minha alma, por
você que não conhece o Senhor, pois esse conforto não é para você! Busque-o,
rogo-lhe, busque-o como seu Salvador. Olhe para ele e con�e nele; então,
todas as bênçãos da aliança eterna serão suas, pois o Pai concedeu a ele ser o
Líder e o Comandante sobre seu povo, e os que olham para ele e o seguem
viverão para sempre e sempre. Deus o abençoe, por amor de Cristo! Amém.
	Capa
	Ficha Catalográfica
	Folha de Rosto
	Créditos
	Dedicatória
	SUMÁRIO
	AGRADECIMENTOS
	PREFÁCIO
	QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?
	POR QUE O TIM?
	POR QUE VOCÊ?
	Um A REALIDADE
	PREPARANDO-SE PARA A DESINTOXICAÇÃO
	O MONSTRO CAMUFLADO
	ESCLARECENDO AS PROMESSAS
	Para você refletir
	Dois PORNOGRAFIA VS. CASAMENTO
	CASAMENTO NÃO É A SOLUÇÃO
	Para você refletir
	Três UMA TEOLOGIA DA MASTURBAÇÃO
	O TESTE DE PERKINS
	CONDENADA SEM SER CITADA
	O PREJUÍZO CAUSADO
	Poluição da mente
	Isolamento
	LIDANDO COM A CULPA
	Para você refletir
	Quatro AS TRÊS DÁDIVAS DO SEXO
	O SEXO É BOM
	O sexo conduz a uma obediência alegre
	O sexo fortalece a liderança do marido
	O sexo promove a verdadeira liberdade
	Para você refletir
	Cinco DESINTOXICAÇÃO NO QUARTO
	O QUE O SEXO NÃO É
	O QUE O SEXO É
	AS PERGUNTAS CERTAS
	Para você refletir
	Seis DESINTOXICAÇÃO EM SUA ALMA
	O OLHAR DE DEUS
	Amor e diversãoO caminho do entendimento
	A fonte da alegria
	Mulheres mais jovens como irmãs
	SUA PRÓPRIA ARMA SECRETA
	A PUREZA E SEU FUTURO
	Para você refletir
	FONTES CITADAS
	A HISTÓRIA DESTE LIVRO
	ADENDO
	Conforto aos que são alvo de tentação Um sermão de Charles Spurgeon sobre 1Coríntios 10.13

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