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“Numa época em que o sexo é venerado como um deus, um livro pequeno como este é capaz de deixar uma grande contribuição, ajudando muitos homens a superar o vício do sexo.” Mark Driscoll, Mars Hill Church “Tim Challies alcança o equilíbrio perfeito nesta obra pequena, mas tão necessária. Ele avalia a epidemia sexual de nossa cultura de forma bem realista, mas não sem esperança. Seu conselho tem valor prático, embora fuja daquela mentalidade das listas de veri�cação. Faz uma abordagem sem rodeios sobre o pecado sexual sem ser deselegante. Numa época em que praticamente quase todo rapaz luta com pornogra�a, cobiça sexual e masturbação, este livro será um recurso extremamente valioso. Sou grato pela sabedoria, pela sinceridade e pela graça transmitidas por Tim.” Kevin DeYoung, pastor-titular da University Reformed Church (Michigan); conferencista e autor de vários livros, dentre os quais Por que amamos a igreja (Mundo Cristão), Não quero um pastor bacana: e outras razões para não aderir à igreja emergente (Mundo Cristão), e good news we almost forgot [As boas-novas que quase esquecemos], Just do something [Simplesmente faça alguma coisa]. “Numa época em que as pessoas passam muito tempo na internet, a pornogra�a não é, para o homem cristão, apenas um problema; ela é o problema. Todo homem enfrenta a tentação desse pecado que polui a mente, endurece o coração e debilita a alma. Muitos homens em nossas igrejas, jovens ou velhos, precisam de Desintoxicação sexual — um livro mais que bem-vindo. De forma breve e sucinta, Challies identi�ca a natureza tóxica desse pecado e oferece aos homens uma esperança prática, aplicável e, acima de tudo, centrada no evangelho. Quero que todo homem ao qual eu sirvo e que todos os rapazes de nossa equipe de pastores leiam este livro.” Tedd Tripp, pastor da Grace Fellowship (Pensilvânia); conferencista e autor dos livros Pastoreando o coração da criança (Fiel) e Instruindo o coração da criança (Fiel). “A igreja, a noiva de Cristo, chegou à era do sexo. Embora nós, cristãos, tenhamos di�culdade de aceitar o fato, o sexo é praticamente a moeda cultural dominante em nossos dias. Como sabemos que isso é uma perversão do bom plano de Deus, talvez lutemos para aceitar essa realidade — e consequentemente para confrontá-la, como é nosso dever. Desintoxicação sexual é justamente o que precisamos. Claro, honesto, bíblico, escrito em tom �rme, mas agradável, exortativo, mas fundado na graça, realista, mas esperançoso. Tim Challies presenteia aqueles que trabalham com jovens — alvo preferencial de mercado em uma sociedade imersa em sexo — com um recurso fantástico para combater o pecado e exaltar a Cristo. Com certeza temos uma dívida com esse autor! Tenho esperança de que, ao confrontar a todos nós com sua ênfase na santidade, este livro seja amplamente divulgado e alcance longas distâncias, para a saúde da igreja e para o fortalecimento de casamentos.” Owen Strachan, professor de Teologia Cristã e História da Igreja, Boyce College; coautor da Essential Edwards collection [Coleção básica de Edwards]. “Graças a Deus por usar Tim para articular essas verdades sobre o sexo de forma simples e franca em meio a uma cultura de permissividade. Esse livro é simples e bíblico em sua busca por nos ‘desintoxicar’ das mentiras que alimentamos nessa área da sexualidade. Leia e creia.” Ben Zobrist, jogador do Tampa Bay Rays, time de beisebol americano. “Tim empenhou-se muito para expressar essas verdades de maneira simples. E você pode nos agradecer por isso. Ao nos ensinar, ele percebeu que somos jovens simples que precisam de uma explicação simples do que Deus deseja para nossa sexualidade. Estamos convencidos de que, se você for um sujeito normal, com problemas de caras normais e com uma visão de mundo típica de um homem, este livro será útil para você, como tem sido para nós.” John Cowle, Steve Funston, Nick Mitchell e Julian Freeman, rapazes de vinte e poucos anos da igreja de Toronto em que Tim Challies é presbítero. Ficha Catalográ�ca Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Challies, Tim Desintoxicação sexual: um guia para homens que querem fugir da imoralidade sexual / Tim Challies; Tradução Marcia Medeiros – São Paulo: Vida Nova, 2011. Título original: Sexual detox: a guide for guys who are sick of ISBN 978-85-275-0480-5 1. Homens - Conduta de vida 2. Imoralidade 3. Pecado 4. Sexo – Aspectos religiosos – 5. Sexualidade – Aspectos religiosos 6. Tentação 7. Vida cristã I. Título 11-10375 CDD-248.842 Índices para catálogo sistemático: 1. Homens: Guias de vida cristã 248.842 Créditos Copyright ©2010, de Tim Challies Título original: Sexual detox: a guide for guys who are sick of porn Traduzido da edição publicada pela Cruciform Press (Adelphi, Maryland, EUA). 1ª edição: 2011 Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, Caixa Postal 21266, São Paulo, SP, 04602-970. www.vidanova.com.br | e-mail: vidanova@vidanova.com.br Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográ�cos, fotográ�cos, gravação, estocagem em banco de dados etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte. ISBN 978-85-275-0480-5 Supervisão editorial Marisa K. A. de Siqueira Lopes Coordenação editorial Fabiano Silveira Medeiros Revisão Rosa Ferreira Coordenação de produção Sérgio Siqueira Moura Revisão de provas Ubevaldo G. Sampaio Diagramação Kelly Christine Maynarte Capa Clara Meath Produção para ebook S2 Books Dedicatória Este livro é dedicado à geração de meu �lho, uma geração de garotos que somente pela graça de Deus evitarão a sedução da pornogra�a. — Tim Challies SUMÁRIO Capa Ficha Catalográ�ca Folha de Rosto Créditos Dedicatória AGRADECIMENTOS PREFÁCIO Um A Realidade Dois PORNOGRAFIA VS. CASAMENTO Três UMA TEOLOGIA DA MASTURBAÇÃO Quatro AS TRÊS DÁDIVAS DO SEXO Cinco DESINTOXICAÇÃO NO QUARTO Seis DESINTOXICAÇÃO EM SUA ALMA FONTES CITADAS A HISTÓRIA DESTE LIVRO ADENDO AGRADECIMENTOS Agradeço aos homens da Grace Fellowship Church, em Toronto, Ontário, pelo suporte e assistência no preparo deste livro. Suas respostas francas a perguntas difíceis me ajudaram a entender questões que precisavam ser tratadas. Agradeço aos leitores do meu blog que deram um retorno valioso à série de artigos que serviram de base para este livro. Agradeço a minha esposa e meus �lhos o apoio incondicional. Agradeço a você por ler este livro. Se tiver perguntas, comentários ou preocupações, por favor entre em contato comigo pelo endereço eletrônico: tim@cruciformpress.com. PREFÁCIO QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO? Imagine um grupo de rapazes de vinte e poucos anos reunidos em uma sala, quebrando a cabeça para juntos escreverem um prefácio brilhante para o livro importantíssimo que nos ajudou a abandonar mentiras mundanas para abraçar a verdade bíblica sobre a sexualidade. À medida que trocamos algumas ideias, Steve traz sua famosa receita de biscoitos de chocolate de preparo instantâneo e os coloca diante de mim, John, o representante dos diabéticos no grupo. Imediatamente me vejo diante de uma decisão que preciso tomar. Devo ceder e desfrutar dessas delícias de chocolate (cujas lembranças me fazem entrar e sair de um minicoma do sabor) ou devo resistir e fazer o que sei ser melhor para mim? Essa decisão, como todas, não se baseia apenas em conhecimento. Está baseada em uma crença. Se eu pegar o biscoito, é porque acredito que comer é o melhor para mim — ou, ao menos, que o prazer que ele vai me proporcionar é maior que as consequências para a minha saúde. Em Desintoxicação sexual, Tim Challies trata de homens que sabem que as fantasias sexuais, a masturbação e a pornogra�a são um erro, mas, apesar disso, decidem ceder a esses pecados. O propósito deste livro não é levá-lo a admitir que o pecado sexual é algo errado — você já sabe disso. Antes, o objetivoé levá-lo a crer nas verdades bíblicas sobre a sexualidade e garantir que essas crenças determinem suas decisões. Ao abraçar o pecado sexual, revela-se o que você de fato crê a respeito da sexualidade. O que você acredita é que o prazer do pecado é melhor que o prazer de obedecer a Deus e desfrutar do sexo da maneira que Deus o criou para ser apreciado. Você acredita que o prazer que extrai de seu pecado é maior do que as consequências que ele terá sobre você e sobre os que estão a seu redor. Você acredita que seu prazer momentâneo é maior do que as recompensas que o Senhor tem reservadas para você — tanto nesta vida quanto na futura. Todos sabemos que o pecado sexual é errado, mas precisamos entender por que é errado e saber que Deus criou a sexualidade para algo maior. Tim escreveu este livro para nos ajudar a substituir a visão mundana do sexo por um entendimento sobre a sexualidade de�nido por Deus. POR QUE O TIM? Muitos conhecem Tim por meio de seu blog ou de outros livros e artigos que escreveu. E já sabem que ele é um escritor talentoso e persuasivo, capaz de apresentar as verdades da Escritura com clareza e convicção. Aquilo que ninguém sabe é o que todos nós temos presenciado com o passar dos anos, pelo fato de o conhecermos mais intimamente, como amigo, mentor e pastor. Tim é um homem que se empenha em estudar a verdade com o propósito de aplicá-la a sua vida; depois, busca ensinar o que aprendeu e aplicou para ajudar outros jovens. O fato de Tim acreditar nessas coisas, vivê- las e gostar de abençoar outros homens em sua vida (como nós) o torna especialmente quali�cado para escrever este livro. POR QUE VOCÊ? Estamos escrevendo este prefácio para lhe recomendar este livro o máximo que pudermos. Não principalmente por se tratar de uma nova e imperdível panaceia — uma solução simples para todos os seus problemas na área dos pecados sexuais —, mas por ser algo que Tim nos ensinou e que nos ajudou: ele representa a verdade bíblica. E é somente isso que vai mudar seu coração, seus desejos, suas crenças. Tim empenhou-se muito para expressar essas verdades de maneira simples. E você pode nos agradecer por isso. Ao nos ensinar, ele percebeu que somos jovens simples que precisam de uma explicação simples do que Deus deseja para nossa sexualidade. Estamos convencidos de que, se você for um sujeito normal, com problemas de caras normais e com uma visão de mundo típica de um homem, este livro será útil para você, como tem sido para nós. A verdade é que, quando acreditarmos de coração que a visão bíblica acerca da sexualidade é melhor que nossa visão pecaminosa a respeito do sexo, não deixaremos de ser tentados, mas deixaremos de ceder ao pecado. Quando acreditarmos serem maiores a alegria da obediência e as recompensas da pureza, diminuirá a atração pelo pecado sexual. Quando acreditarmos em tudo o que Deus planejou em Cristo para nós e para a nossa sexualidade, venceremos a tentação. Se isso soa como algo de que você precisa, então nós o incentivamos a ler este livro e com isso desintoxicar e puri�car sua mente e coração, tornando-os prontos para servir ao Deus que o criou como um ser sexual — para a glória dele. John Cowle, Steve Funston, Nick Mitchell, Julian Freeman, Grace Fellowship Church (Toronto, Ontário, Canadá) Um A REALIDADE Sempre agradeço a Deus por ter sido criado numa época em que a internet não estava presente em todos os lares. Não tenho certeza se teria lidado muito bem com essa presença. Não que eu seja tão antigo, mas meus 34 anos signi�cam que nasci e cresci em um mundo diferente. É difícil quanti�car ou mesmo quali�car quanto o mundo mudou desde que a web nos conectou a todos nessa estranha e elaborada rede de bits e bytes, mas sei que quase todas as áreas da vida foram tocadas por ela. O que temos não é o velho mundo + internet; temos um mundo totalmente novo. Mesmo algo tão humano quanto o sexo foi radicalmente alterado por essa realidade digital. Os adolescentes da década de 1990 (quando eu estava crescendo) não eram muito diferentes dos adolescentes de hoje. Queríamos as mesmas coisas — só tínhamos de nos esforçar um pouco mais para conseguir algumas delas. Se quiséssemos ver pornogra�a (e víamos), o processo normalmente exigia o trabalho em conjunto de pelo menos dois meninos. Um distraía o vendedor, enquanto o outro tentava roubar uma revista na prateleira, na parte de trás da loja. O ladrão nomeado para a missão teria de pegar a revista silenciosamente, en�á-la dentro das calças e sair da loja sem ser notado. Era perigoso, envolvia altos riscos e, se algo desse errado, poderia facilmente resultar em um encontro nada agradável entre você, seus pais e a polícia. Hoje, como você sabe, a menos que haja �rewalls que não possam ser hackeados ou �ltros altamente so�sticados, o cara só precisa ligar o computador e, com dois ou três cliques do mouse, terá acesso ilimitado a uma quantidade ilimitada de pornogra�a. Desde a criação da internet, comerciantes pornográ�cos estabeleceram uma base de operações e construíram agressivamente seus impérios digitais de bilhões de dólares. Consequentemente, é muito mais difícil, na realidade, evitar a pornogra�a que se deparar com ela, e seria literalmente impossível alguém conseguir assistir a toda a pornogra�a criada hoje; não haveria horas su�cientes do dia ou dias do ano para tanto. Nem perto disso. É desnecessário dizer que os adolescentes, principalmente os meninos, são rápidos em aproveitar esse banquete ilícito. Até mesmo meninos pré-adolescentes estão sendo atraídos. Desde o primeiro despertar da sexualidade, muitos pré-adolescentes são inundados com pornogra�a. E não são imagens de mulheres posando nuas, timidamente, comuns algumas gerações atrás, mas imagens pesadas, muitas vezes grosseiras, baixas mesmo e degradantes. A sexualidade de toda uma geração de crianças está sendo formada não por diálogos com os pais, não pela leitura do tipo de livro que ganhei na juventude, mas por pro�ssionais da pornogra�a que farão qualquer coisa — qualquer coisa! — para saciar o desejo cada vez maior por uma depravação cada vez mais profunda. Você não precisa ser um cristão conservador para �car profundamente perturbado com tudo isso. Há pouco tempo, li um artigo de uma mulher que se considerava feminista. Ela fazia questão de dizer que gostava de dormir com homens, sem re�etir muito sobre o fato de dormir com uma sucessão ininterrupta deles. No entanto, ela compartilhou o que para ela era uma preocupação crescente. Cada vez menos, ela disse, os homens que dormiam com ela demonstravam qualquer interesse de fato por ela. Simplesmente queriam que ela agisse como uma estrela pornô para o prazer deles. Eles a usavam tão-somente para concretizar as fantasias que a pornogra�a havia alimentado neles. Não havia ternura, nem desejo por intimidade compartilhada, nem, obviamente, amor. Simplesmente usavam o corpo dela como meio para um �m bastante imediato. Essa está rapidamente se tornando, como ela mesma percebeu, a nova norma. O que parece claro é que uma geração de homens, afogando-se em um poço de pornogra�a, começou a formar um novo conjunto de expectativas do que querem das mulheres. Eles querem que as mulheres se subvertam, agindo como estrelas pornô. As mulheres acabam sentindo-se usadas, quase como prostitutas. Na verdade, por causa da pornogra�a, até mesmo as prostitutas estão vendo seu mundo mudar. No best-seller Superfreakonomics: o lado oculto do dia a dia, Steven Levitt e Stephen Dubner dedicam a maior parte de um capítulo à economia da prostituição. Uma das pesquisas que realizaram foi sobre o preço médio de determinados atos sexuais cobrados pelas prostitutas ao longo dos anos. Parece que a classi�cação de tabu de determinados atos sempre �gurou entre os preços mais salgados. No entanto, “tabu” é um referencial mutável. Atos antes culturalmente proibidos por sua natureza extremamente vulgar e degradantesão agora aceitos como formas legítimas de expressão sexual. Portanto, o que já foi o ato mais caro está agora entre os mais economicamente acessíveis. No mundo da prostituição, o que por qualquer outro padrão seria considerado normal agora é chato e indesejável. E é substituído pelo invasivo, pelo degradante. Nos preços cobrados por prostitutas, Levitt e Dubner encontraram uma maneira de medir a velocidade com que a pornogra�a está distorcendo a visão de mundo da sexualidade. Com que velocidade isso está acontecendo? De forma muito rápida. De tabu a convencional, só no período de vida de uma pessoa. Isso leva a imaginar o que poderia mudar durante a vida de cada um de nós. PREPARANDO-SE PARA A DESINTOXICAÇÃO Assim, embora nunca tenha sido fácil ser homem, hoje os desa�os para os homens que querem ser santos, que querem honrar a Deus com a mente e o corpo, são mais difíceis do que nunca.Vivemos em um tempo e em uma cultura que se entregou amplamente ao sexo. Isso se vê por toda parte, e mal se consegue evitar a sedução. Se você for como a maioria dos jovens, já começou a ceder à tentação. Talvez só tenha começado seu contato com a pornogra�a ou talvez já esteja fazendo isso há muitos anos. Talvez lute com a masturbação. Na verdade, você não quer se entregar, mas por alguma razão é muito mais difícil largar o hábito do que jamais poderia imaginar. Talvez você esteja descobrindo que, mais do que nunca, o sexo está enchendo sua mente e afetando seu coração. Este livro destina-se principalmente aos homens jovens, casados ou não, embora eu acredite que ele bene�cie homens de qualquer idade. Para os rapazes solteiros, sim, vamos falar muito sobre casamento, mas por três bons motivos — a maioria de vocês vai se casar, o casamento é a instituição central do ser humano e a sexualidade e o casamento são obviamente inseparáveis. Assim, independentemente de seu estado civil, quero que saiba que, apesar de todos os desa�os apresentados pela pornogra�a, há um caminho melhor, um meio de escape. Os meios de graça que Deus ricamente provê podem prepará-lo para enfrentar a realidade e carregar o fardo de viver neste tempo em particular, neste mundo decaído. O pequeno guia que agora apresento pode ajudá-lo a descobrir (ou redescobrir) o plano de Deus para o sexo e para a sexualidade. Quero ajudá-lo a rastrear as mentiras que você acreditava sobre o sexo, para que elas possam ser substituídas pela verdade que provém diretamente de Deus, aquele que criou o sexo para nós. Espero ajudá-lo a reorientar sua compreensão sobre o sexo, tanto no quadro geral quanto no ato em si, de acordo com o plano de Deus para essa grande dádiva. Imagino que você tenha se detido na palavra desintoxicação no título deste livro. Na verdade, a desintoxicação acontece em seu corpo todos os dias, à medida que vários órgãos transformam ou eliminam aquilo que não é bom para você. Quando alguém é quimicamente envenenado ou exposto a muita radiação, o corpo precisa de ajuda, e a desintoxicação se torna mais intencional, mais como um procedimento médico. Um terceiro tipo de desintoxicação é o mais popular. Esse tipo de desintoxicação ocorre quando alguém está tentando se libertar do vício das drogas ou do álcool. Em cada um desses casos, a ideia básica é a mesma. Algo entrou em você que não lhe pertence e precisa ser eliminado. Se permanecer em seu organismo ou aumentar de quantidade, você só vai �car mais doente, podendo até morrer. Desintoxicação, portanto, é uma volta à normalidade, um retorno à saúde. É a reversão de um processo de corrupção e poluição, e o levará de volta para o lugar onde deveria estar. Uma enorme porcentagem dos homens precisa de uma desintoxicação pornográ�ca, uma rede�nição moral e psicológica. Na verdade, suspeito que a grande maioria dos homens, até mesmo cristãos, compartilha desesperadamente dessa necessidade. Você está entre eles? Se for esse o seu caso, reconheça você ou não, a pornogra�a corrompeu seu pensamento, enfraqueceu sua consciência, deformou seu senso de certo e errado e distorceu sua compreensão e expectativas sobre a sexualidade. Você precisa ser reajustado e reinicializado por Aquele que criou o sexo. Neste livro, quero ajudá-lo a se desintoxicar de todo o lixo que tem visto, de todas as mentiras em que tem acreditado. Não é um processo fácil. Raramente acontecerá de forma rápida. Implica despojar-se de antigas realidades e abraçar um novo normal, o normal original. Para estar disposto a passar por isso, você precisa enxergar quanto sua situação atual é de fato ruim e perceber que o caminho em que está não leva a nenhum lugar que seja bom. Você precisa ver que o caminho da pornogra�a só leva a mais isolamento, culpa, alienação e dor. Seja você solteiro ou casado, um retorno ao normal é o único recurso que pode prepará-lo para tornar-se um marido puro, amoroso, atencioso e sacri�cial. Agora, portanto, você já sabe que precisa mudar. Poucos homens cristãos se entregam à pornogra�a sem se dar conta de que precisam largá-la. Todo rapaz cristão que se entrega à pornogra�a quer parar, mas muitos querem parar só um pouquinho menos do que querem continuar. O problema não é conhecimento — mas desejo e condições. E assim, o pecado prevalece. Aqui vai uma promessa. Você nunca vai parar enquanto não começar a enxergar a natureza monstruosa do pecado que está cometendo. Nunca vai parar antes que o grau de terror ao pecado seja maior para você que o grau do prazer que a prática desse pecado lhe proporciona. Você vai precisar odiar esse pecado antes que possa libertar-se dele. Signi�ca dizer que você precisa de mais graça. Você precisa clamar para ser transformado, a �m de que possa ver a natureza monstruosa desse pecado e depois agir, com fé de que Deus o alcançará com graça à medida que buscar eliminar a pornogra�a e começar a se reajustar. O MONSTRO CAMUFLADO A questão da pornogra�a tem sido tão debatida nos círculos cristãos, que corre o risco de se tornar um clichê. Mas os verdadeiros perigos humanos — físicos, emocionais, psicológicos e espirituais — são realidades que não podemos evitar nem desconsiderar. Simplesmente não podemos permitir que a pornogra�a se torne (ou permaneça!) integrada a nossa vida. Devemos reconhecer a monstruosidade que ela representa. Uma forma útil de pensar sobre a pornogra�a é vê-la como inerentemente zombadora, violenta e gradativa. Zombadora. A pornogra�a zomba da intenção de Deus para o sexo. Na verdade, todas as mensagens da pornogra�a são diretamente contrárias aos propósitos de Deus. Aqui estão apenas alguns exemplos. Quando Deus diz que o propósito do sexo é construir unidade entre marido e mulher, a pornogra�a diz que seu propósito é preencher qualquer necessidade sentida, com qualquer parceiro, com ou sem o consentimento desse parceiro. Na verdade, a pornogra�a ensina que o sexo é tudo menos contato íntimo corpo a corpo, alma a alma, entre cônjuges dispostos a praticá-lo. Deus a�rma que o desejo sexual é bom em um contexto controlado, porque impulsiona o homem a buscar a esposa (e a esposa, ao marido). Mas a pornogra�a diz que o desejo sexual não pode e não deve ser controlado, podendo nos fazer atrair por qualquer pessoa que consideramos atraente. Violenta. A pornogra�a rede�ne nosso próprio entendimento sobre o sexo, sobre a masculinidade e a feminilidade. É inerentemente violenta, intrinsecamente desamorada. Não se trata de amor mútuo, de cuidado e de comprometimento, mas, sim, de conquistas e vitórias, de “fazer tudo do seu jeito” (uma maneira reveladora de expressar o problema) com outra pessoa. Separa o amor do sexo, deixando o sexo como a grati�cação imediata de desejos essenciais. Vive além das regras, da ética e da moral. Está extremamente distante do amor. Dessa forma, é uma perversão da sexualidade, não uma versão legítima dela, e ensina depravação e degradação em detrimento de prazer mútuo e intimidade. Será possível quea pornogra�a se assemelhe a um ato de amor mútuo e comprometido? É claro que sim, mas nem sequer pense em usar isso como desculpa para justi�cá-la. Qualquer avaliação honesta sobre a pornogra�a deve reconhecer que ela não tem a intenção de se limitar a essas representações quase legítimas. Por quê? Porque a pornogra�a é também gradativa. Gradativa. Assim é também a verdadeira natureza do pecado, não é mesmo? O pecado é sempre gradual, e o Sheol nunca está satisfeito (Pv 27.20). Sempre quer mais. Sempre procura expandir suas fronteiras. Se você der um centímetro, logo ele procura tomar um quilômetro. Você já se assustou com a natureza gradativa de seu pecado? Talvez tenha havido um momento em que enxergou de que maneira um pecado em particular foi tomando conta de você. Você achava que estava no controle dele, mas então, quase num instante, descobriu que ele tinha escalado para o próximo nível. E você já não estava mais no controle — o pecado estava agora guiando o caminho, e você simplesmente seguia em seu encalço, acompanhando os impulsos da carne. Estar nessa situação é terrível, não é mesmo? Sei, sem dúvida, que muitos, muitos homens jovens (homens de meia- idade e mais velhos também) podem testemunhar do poder que a pornogra�a tem de assumir o controle, um nível após outro. O primeiro vislumbre de pornogra�a pode ser fugaz — intrigante, mas de curta duração. Um corpo nu é tudo de que os olhos precisam, e um vislumbre único fornece combustível su�ciente por um tempo. Mas em pouco tempo o coração anseia por mais. O que antes preenchia agora é chato; o que antes era degradante de repente passa a ser desejável. Ao longo do caminho, altera-se toda a percepção sobre o sexo. Ele deixa de ser a simples relação entre um homem e uma mulher. Em vez disso, torna-se uma sucessão de atos, mesmo atos que são, de certa forma, desconcertantes ou degradantes. Se você estiver vendo pornogra�a, seja há quanto tempo for, sei que pode se identi�car com isso. Certas coisas que o interessavam no início, que o excitavam, agora parecem muito brandas. E coisas que antes eram degradantes já estão começando a despertar algum interesse. O pecado é assim. Sempre foi assim. Sempre vai exigir mais de você. E, nesse ínterim, quando você tem maior ou menor certeza de estar no controle, ele é que está, na realidade, controlando você. Sutilmente, implacavelmente, ele remodela sua mente e coração de forma muito real. É por isso que você precisa de um recomeço. Um retorno ao normal. Uma desintoxicação. ESCLARECENDO AS PROMESSAS A primeira mensagem deste livro, então, é que você deve enxergar o que a pornogra�a está fazendo em seu coração. Você deve reconhecer que a corrupção da pornogra�a é real e que, apesar das pequenas mentiras convenientes e autograti�cantes que possamos contar a nós mesmos, a corrupção só vai piorar. O pecado subjacente à prática da pornogra�a não vai deixar de escalar até aleijar seu casamento, ou até você morrer, ou até que �que muito velho e fraco para se importar com sexo. A única diferença para rapazes solteiros? O pecado não vai parar de escalar enquanto não destruir qualquer esperança de você um dia se casar. É meu desejo que você odeie e tema as realidades da pornogra�a assim como deve odiar e temer o pecado em si. Quero que saiba que não pode ser um marido amoroso, um esposo e�caz ou um homem santi�cado enquanto sua mente estiver cheia das mentiras da pornogra�a. Quero que você veja que precisa, sim, parar de ver pornogra�a e (mesmo que já tenha rompido com esse hábito) precisa encontrar uma nova maneira de enxergar o sexo. Por isso é que a desintoxicação acontece em duas etapas. Esse processo de duas fases é comum a qualquer pessoa que tenha estudado o que a Bíblia chama de santi�cação: há o despir-se do velho e o revestir-se do novo — a rejeição da pornogra�a e o acolhimento de uma visão santi�cada da sexualidade. Qual é o objetivo então? Precisamos ser claros sobre o alvo para o qual estamos tentando rumar. Precisamos de expectativas que façam sentido de duas maneiras. Em primeiro lugar, não devem ser nem inferiores nem superiores à realidade que vemos nas Escrituras. Em segundo lugar, devem ser compatíveis com o que é possível fazer em um livro pequeno como este. Em primeiro lugar, lembre-se de que estamos tentando reajustá-lo ou desintoxicá-lo para levá-lo de volta a um tempo em que a pornogra�a tinha pouca ou nenhuma in�uência sobre você. Você não pode ser reajustado a um estado de “não-pecado”, porque nunca esteve lá! Você e eu sempre seremos suscetíveis à tentação. Nenhum tratamento pode libertar da experiência da tentação sexual. E nenhum plano, programa ou disciplina pode garantir que você jamais ceda à tentação. Um grande e maravilhoso progresso pode realmente ser conquistado. Quando este livro fala sobre ser “liberto” do pecado sexual, é isso mesmo que está dizendo. Deus quer que alcancemos esse tipo de progresso notável. Está ansioso para nos dar a graça de alcançá-lo, e devemos lutar por isso com todas as forças do nosso ser. Mas não se trata de perfeição. Portanto, tropeços e lutas não podem ser equiparados a fracassos. Quando devidamente tratados, são simplesmente parte do progresso. Em segundo lugar, minha habilidade é limitada, e este livro é curto. Tudo o que posso fazer aqui é tentar enquadrar o problema para você de forma clara, inspirá-lo a que o leve a sério e oferecer-lhe uma trajetória simples e alguns próximos passos com base no ensino bíblico. No �nal de tudo, quero que você assuma a responsabilidade nessa questão em sua própria vida. Se �zer isso — se levar a sério as diretrizes e sugestões deste livro, se clamar a Deus por graça para aplicá-las e se aprender mais alguns passos —, você pode ter toda a con�ança de que Deus terá prazer em ouvi-lo e ajudá-lo. Para você refletir Vou terminar cada capítulo com a seção “Para você re�etir”. Especialmente nessa era de velocidade e força digital, é muito fácil zipar informações realmente necessárias e depois pular para o próximo bloco de informações sem nunca de fato re�etir sobre o que assimilamos apenas pela metade. A pornogra�a é uma área em que a franqueza é especialmente importante. Você pode usar essas perguntas em um debate em grupo ou apenas consigo mesmo, mas eu as coloquei aqui para ajudá-lo a separar um momento para re�etir e, esperemos, para que o ajudem a lidar com esse assunto com muita sinceridade. 1. Vamos enfrentar logo a questão fundamental. Você já teve contato com pornogra�a? Sim ou não? 2. Essa foi uma pergunta bastante simples; então vamos aprofundá-la um pouco. Como foi que você viu pornogra�a pela primeira vez e quantos anos tinha? Quantas vezes você já teve contato desde essa primeira experiência? 3. Qual foi a última vez que teve contato com pornogra�a? Ela “achou você” ou você foi procurá-la? 4. Você já �cou assustado com seu pecado? Quando? Como reagiu? 5. Você percebeu se os elementos da pornogra�a que lhe interessavam ou prendiam sua atenção antes continuam no mesmo nível? Ou seu gosto mudou? Seja honesto. 6. Você acha que sua mente, seu coração ou suas expectativas sobre sua esposa (se casado), ou sua percepção das mulheres em geral (se não for casado) foram in�uenciados pela pornogra�a? De que maneira? 7. Se for casado, você acha que a pornogra�a afetou sua mente, seu coração ou suas expectativas em relação à esposa? Como especi�camente? Dois PORNOGRAFIA VS. CASAMENTO A essa altura, você provavelmente não se sentirá surpreso por saber que, quando me encontro com um jovem, até mesmo casado, praticamente concluo que ele esteve ou está envolvido com a prática da pornogra�a. Sinceramente, não acho que seja uma atitude irrealista, injusta ou cética. É de novo o problema da acessibilidade. A pornogra�a é tão predominante, que é praticamente certo que todo jovem vai se deparar com ela. E, depois de a experimentar, é difícil não se entregar. Então, como se diz,a vida acaba imitando a “arte”. Um jovem entra no casamento com a mente cheia de imagens pornográ�cas e com o coração repleto das abstrações e do caos das fantasias sexuais. Tendo visto dezenas (centenas? milhares?) de atos sexuais em cenas pornográ�cas, ele despeja sobre a esposa a bagagem perversa das expectativas pornográ�cas. O jovem marido mais ou menos presume que a esposa praticará qualquer ato sexual que ele possa conceber e que ela fará isso com a mesma satisfação, desejo e habilidade (se essa for a palavra certa) das mulheres que ele viu na tela. Sejamos claros. A pornogra�a abre caminho dentro do coração na forma de uma semente, e depois procura crescer tanto quanto puder para assumir o maior controle possível. No processo, atravanca sua capacidade de se relacionar intimamente com as pessoas, especialmente e de forma mais nociva com sua esposa. A pornogra�a tem o poder singular de causar prejuízo a um casamento, porque, no �nal das contas, foca-se no ego e não na união. Entregar-se à pornogra�a é uma forma de isolamento psicológico, um afastamento para um pequeno mundo de autograti�cação. É um tipo de manifestação sexual que torna seu apetite muito maior, mesmo quando seu mundo �ca muito menor. No capítulo anterior, eu disse que a pornogra�a é inerentemente violenta. Vemos aqui a violência que ela causa à natureza humana como Deus a projetou. A pornogra�a é uma representação da sexualidade que promove tanto atos isolados de masturbação quanto atos egoístas e abomináveis de abuso sexual. Ela zomba de uma união verdadeiramente íntima, rejeitando a união mais profunda que um homem e uma mulher podem conhecer. Uma das coisas mais intensamente prejudiciais que a pornogra�a faz, portanto, é reforçar a falsa crença de que a excitação sexual não tem simplesmente nenhuma relação com a pessoa completa que é formada pela união entre duas pessoas. Em vez disso, a excitação sexual associa-se ao isolamento e ao foco no eu. O que supostamente deveria referir-se a compartilhar torna-se simplesmente objeto de posse. Entregar-se à pornogra�a signi�ca ter toda a percepção da sexualidade alterada, moldada por pro�ssionais da indústria pornográ�ca. Você — o homem que Deus chamou para amar a esposa como Cristo ama a igreja — pode estar olhando para ela através do olhar de um pornógrafo! Você gostaria que Hugh Hefner ou algum produtor de vídeo pornô da internet olhasse para o corpo de sua esposa, examinando-o de alto a baixo, avaliando-o por um conjunto de padrões simplesmente condenáveis? No entanto, lá está você olhando para ela através dos olhos que recebeu de homens como esses. Você entregou a eles sua visão. Entregou a eles um pedaço de sua alma. E eles lhe entregaram de volta sua alma maltratada e suja, e sua visão, fragmentada e distorcida. Portanto, hoje minha preocupação fundamental com homens jovens e casados (mais uma preocupação pela esposa, ou futura esposa no caso de solteiros) é que eles não porni�quem o leito conjugal, trazendo uma poluição desonrosa àquilo que Deus pretende que seja puro e impondo um egoísmo crescente ao que Deus pretende que seja altruísta. CASAMENTO NÃO É A SOLUÇÃO Tenho falado com homens solteiros para quem a resposta à dependência em relação à pornogra�a e ao vício da masturbação é o casamento. “Se me casar, posso ter relações sexuais legítimas, e todo esse pecado simplesmente vai me deixar.” Dê ao cara uma saída legítima para seus desejos, e ele deixará de procurar o que não presta, certo? Isso pode parecer uma suposição lógica, mas está tragicamente equivocada. Zilhões de homens, com a esposa ferida, vão testemunhar que de forma alguma a coisa funciona dessa maneira. Talvez você possa testemunhar por si mesmo. Sim, quando se casar, no início pode achar que o relacionamento com a esposa seja sexualmente grati�cante em todos os sentidos. Mas é quase certo que o pecado jaz à porta, adormecido, aguardando um momento oportuno. Pode levar semanas, meses ou mesmo anos. Contudo, cedo ou tarde vai mostrar sua cara feia mais uma vez. Pode acontecer quando sua esposa viajar por alguns dias ou quando você se encontrar sozinho em um quarto de hotel, em uma cidade estranha. Talvez ocorra na época do nascimento de um bebê, quando, por um tempo, sua esposa estiver impossibilitada de ter relações sexuais. Porém, em algum momento, é muito provável que o pecado volte para assombrá-lo e ferir você e sua esposa. O que muitas vezes não se leva em conta é que a pornogra�a é completamente diferente do sexo que honra a Deus dentro do casamento. A ideia de que “o casamento vai resolver tudo” pressupõe que o sexo ilegítimo e egoísta está em pé de igualdade com o sexo legítimo dentro do casamento. Essa percepção presume que mau comportamento pode ser simplesmente substituído por bom comportamento, trocados como peças em uma máquina, como se o sexo fosse nada mais que uma atividade mecânica. Como Deus deixa muito claro em sua Palavra, o sexo e as questões em torno dele são fundamentalmente de natureza espiritual. As tentações da pornogra�a nos engajam a mente e o corpo naquilo que é essencialmente uma batalha espiritual. Essa batalha inclui um componente físico, mas vai muito além disso. A tentação da masturbação é provavelmente a mais comum dentre as manifestações físicas espúrias dessa batalha espiritual. Mas essa tentação não vai acabar simplesmente porque você tem em sua esposa uma saída física e sexual legítima. A batalha física não é a questão central. É uma manifestação externa da maior ou menor habilidade com que você tem travado a batalha interior, espiritual. “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso que torna o homem impuro. Porque do coração é que saem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e calúnias. São essas coisas que tornam o homem impuro” (Mt 15.18-20). O externo é apenas uma manifestação do interior. É por isso que “substituir” a masturbação pelo leito conjugal nunca vai funcionar completamente. É preciso haver mais que uma substituição da parte física e mecânica do sexo. É preciso haver uma substituição do aspecto espiritual. Da mesma forma, apenas deixar a pornogra�a de lado, embora seja o procedimento correto, não é o su�ciente. Como em todos os assuntos sobre crescimento espiritual, você precisa substituir a mentira pela verdade e uma prática profana por outra santa. Mais uma coisa. Eu disse isso no capítulo anterior e provavelmente vou dizer outras vezes. Por mais que você amadureça nessa área, a batalha nunca acaba. Sim, a desintoxicação é real. É necessária, é fundamental, é absolutamente indispensável. Mas não há nenhuma fórmula mágica, nem existe algo como o simples enterrar de uma estaca no coração de seu pecado. Pense no homem cristão mais puro, mais nobre, mais maduro que você conhece. É provável que ele seja muito mais imune aos engodos pornográ�cos do que a maioria dos caras, mas não está completamente imune. Nem você vai estar. Nunca. É necessário experimentar a maravilhosa transformação de uma desintoxicação profunda e extensa. Só então você estará mais forte. Haverá uma nova leveza e o senso de liberdade e de alegria em Deus, enquanto ele derrama graça renovada. Mas nenhum de nós nunca “chega” a qualquer tipo de estado permanente. Nunca nos tornamos imunes a esse parasita da alma. Assim, ser libertos e permanecer libertos são coisas diferentes, mas envolvem o mesmo processo: arrepender-se, despir-se do velho e revestir-se do novo. Você precisa praticar os três passos, com regularidade, pelo resto de sua vida. Desculpe. É assim que funciona. Os dois capítulos seguintes tratam da teologia da sexualidade, para garantir que falemos a mesma língua e, em seguida, possamos partir para a desintoxicação. Mas primeiro re�ita sobre as perguntas a seguir. Para você refletir 1. Você acredita que a pornogra�a tenha feito algum estrago em seu coração? Como você descreveria issocom suas palavras? 2. Antes de se casar (se for casado), você chegou a pensar que seu problema com pornogra�a e masturbação simplesmente desapareceriam se você se casasse? Isso aconteceu? 3. Você acredita que a masturbação e a pornogra�a sejam ruins para o casamento? De que maneira? 4. Você acredita que a masturbação e a pornogra�a tendem a torná-lo mais aberto e alegre com as pessoas ou mais reservado e isolado? 5. Quando se trata de pecado sexual, você está mais comprometido com seu pecado ou em obedecer a Deus? Seja honesto. Três UMA TEOLOGIA DA MASTURBAÇÃO Quando eu era criança, rumores sobre os efeitos físicos da masturbação entre meus amigos corriam soltos. Ninguém sabia como os rumores tinham surgido, mas sussurrávamos de lá para cá, um para o outro, com toda a autoridade que garotos em idade escolar podem reunir, dizendo que havia crescido cabelo nas mãos das pessoas que tinham feito isso, que o cabelo delas havia caído, que �caram cegas ou simplesmente loucas. Mas, como James Dobson disse: “Se fosse o caso, a população inteira do sexo masculino e cerca de metade das mulheres estariam cegas, debilitadas, doentes e fracas da cabeça. Entre 95 e 98% de todos os meninos se envolvem nessa prática — e sabe-se que o resto mente”. Meus pais certamente nunca me contaram fábulas sobre masturbação. Nem meus professores ou líderes de jovens. Todavia, no playground as histórias corriam soltas. Talvez não soubéssemos muito bem o que era relação sexual ou de onde vinham os bebês, mas tínhamos bastante certeza sobre o que aconteceria se nos masturbássemos... muita. Será que a persistência desses rumores não revela algo óbvio? A masturbação é uma fonte de culpa e vergonha. As pessoas que a praticam temem ser expostas. No entanto, os rumores de minha infância são infundados. Na verdade, você não �ca cego nem perde o cabelo. Não há nenhuma razão física para negar a si mesmo esse prazer quase sexual. Então, de onde vem a culpa e a vergonha? É apenas uma preocupação psicológica irracional? Masturbação é realmente errado? Essa é uma questão extremamente importante. Estou usando esse espaço para tratar da masturbação por duas razões. Em primeiro lugar porque ela a�ige quase todo homem. E em segundo porque, se entendermos esse assunto da forma errada, teremos uma compreensão totalmente equivocada da teologia do sexo. Portanto, comecemos inquirindo alguns escritores cristãos de destaque que não têm tanta certeza de que a masturbação seja pecado. Em seu livro Quando homens �éis são tentados, o autor Bill Perkins escreve: “Parece-me que a masturbação é amoral. Em algumas circunstâncias, é um comportamento aceitável. Em outras ocasiões, é claramente errada”. Ele então oferece três testes que, segundo ele, avaliarão se em determinada situação é certa ou errada: o teste do pensamento (se o ato é acompanhado por fantasias impróprias), o teste do autocontrole (se o ato se torna obsessivo) e o teste do amor (se o ato leva a pessoa a deixar de atender às necessidades do cônjuge). James Dobson ensina uma visão semelhante. Quando eu era jovem, meus pais me deram o livro dele, Adolescência feliz, e me lembro bem de suas a�rmações sobre a masturbação. Dobson diz que praticamente todo menino tenta se masturbar. E ele acredita que a culpa leva a consequências catastró�cas em inúmeras crianças. A�rma que os pais raramente devem falar com os �lhos sobre masturbação. Se precisarem, porém, devem tranquilizá-los de que é uma prática normal. Aqui está o que ele diz em seu site: Em minha opinião, a masturbação não é um grande problema para Deus. É uma parte normal da adolescência que não envolve mais ninguém. Não causa doença. Não gera bebês, e Jesus não a mencionou na Bíblia. Não estou dizendo a você que se masturbe, e espero que não sinta necessidade disso. Mas, se o �zer, acredito que não deve lutar com culpa por causa disso. Por que estou dizendo isso? Porque lido com muitos jovens cristãos dilacerados pela culpa em relação à masturbação; querem parar e não conseguem. Gostaria de ajudá-lo a evitar essa agonia. Tenho certeza de que o dr. Dobson tem as melhores intenções e, embora eu conheça Bill Perkins ainda menos, desejo estender a ele a mesma benevolência. Mas preciso parar um instante e criticar a perspectiva geral desses autores sobre o assunto. O TESTE DE PERKINS Vão aqui apenas alguns breves comentários sobre o teste que o autor Bill Perkins propõe. Ele diz que a masturbação é errada somente em presença de um dos três elementos que mencionou. Mas nenhuma parte de seu teste procura se pautar no menor exame bíblico. Em primeiro lugar, ele diz que a masturbação é errada quando acompanhada de fantasias impróprias. Para o homem, no entanto, a única fantasia sexual apropriada é a que envolve a esposa. E, se isso leva à masturbação, como tratarei mais tarde, controlar a fantasia para tentar manter-se focado na esposa é quase impossível. Em segundo lugar, ele diz que a masturbação é errada quando se torna obsessiva. Mas a Bíblia não exige que para ser pecado a falta de autocontrole precise primeiro chegar ao nível da obsessão. Certamente, um padrão de pecado é pior do que uma ocasião de pecado, mas ambos são errados. Em terceiro lugar, ele diz que a masturbação é errada quando leva a pessoa a deixar de atender às necessidades do cônjuge. Uma separação física prolongada entre marido e mulher certamente poderia produzir uma situação em que a masturbação não roubaria o prazer sexual do cônjuge. Mas obviamente não é o único critério. Não há motivos para concluir que a masturbação seja permitida simplesmente porque você estará longe da esposa durante um longo tempo. CONDENADA SEM SER CITADA O dr. Dobson, por sua vez, diz que a masturbação é parte normal da adolescência. Normal é uma palavra interessante, não é? Nesse contexto, é confortante, quase salutar. Mas normal não é sinônimo de moralmente aceitável. Se todos pecaram e carecem da glória de Deus, então o pecado é tanto absolutamente normal quanto horrivelmente errado. Nenhum de nós �ca isento pelo fato de “todo o mundo fazer” e, portanto (grande suspiro de alívio), somos simplesmente normais. Para ser sincero, a declaração de Dobson aqui chega às raias do humanismo. Para ele, masturbação é algo extremamente comum. Ele entende também que a reação natural diante dela é a culpa e a vergonha. Então conclui que a culpa e a vergonha devem ser infundadas. Nem Dobson nem Perkins se esforçam para examinar atentamente o que a Bíblia diz sobre o tema. Mas os dois chegam a uma conclusão. Dizem que a masturbação é amoral — nem boa, nem má em si mesma. Por quê? Porque nenhuma passagem especí�ca da Bíblia a apoia ou condena citando-a pelo nome. Não estou atribuindo as palavras a seguir a nenhum dos autores que mencionei, mas recentemente eu as li em um site que defende esse ponto de vista: “Se masturbação é pecado, então é um pouco estranho que a Escritura tenha deixado o cristão em dúvida sobre a condição moral desse ato”. Entretanto, a Bíblia não é omissa sobre o assunto. Não nos deixa no escuro. É verdade que a Escritura nunca menciona a masturbação especi�camente. No entanto, como a Bíblia fala, de fato, extensa e explicitamente sobre a sexualidade e sobre a cobiça sexual, não precisa falar explicitamente sobre algo tão estreitamente a�m, como a masturbação. Vejamos duas maneiras pelas quais podemos saber que a Bíblia condena a masturbação sem nunca mencioná-la. Em primeiro lugar, considere que, se a masturbação é extremamente comum hoje (como acontece com a maioria dos pecados) e quase sempre está associada à cobiça sexual, podemos seguramente concluir que essa era também a situação no mundo antigo. Então, pense em Jesus pregando o Sermão do Monte. Quando disse especi�camente que quem “olhar com desejo para uma mulher já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5.28), você acha que talvez — apenas talvez — os homens na plateia tenham entendido que amasturbação fazia parte do assunto em questão? Em segundo lugar, considere o fato de que a Bíblia nunca se refere diretamente ao aborto. No entanto, como a Escritura fala claramente sobre o valor da vida humana e sobre o pecado do homicídio, estamos certos ao concluir que o aborto é pecado. Como a Escritura fala abertamente sobre o poder da sexualidade e da cobiça sexual, podemos concluir praticamente com a mesma certeza que a masturbação é quase sempre pecaminosa. Em cada caso, o ato especí�co está tão intimamente ligado à categoria maior de pecado, que a associação é simplesmente óbvia, assim como o é também a condição moral compartilhada entre o ato e a categoria. Estritamente falando, é acertado dizer que a masturbação é amoral: você não pode dizer que é sempre má ou sempre boa. Isso porque, em ocasiões muito raras, a masturbação pode não ser pecado. Mas o mesmo vale para o aborto. Em casos raros e extremos, tirar a vida de uma criança que ainda não nasceu pode ser o melhor procedimento: se um feto continuar a se desenvolver dentro da trompa de Falópio, por exemplo, o bebê e a mãe vão morrer. Mas a rara exceção não nos impede, nem pode, de a�rmar con�antemente que a Escritura ensina de forma geral a pecaminosidade do aborto. Então também não hesitemos em dizer: a Bíblia ensina que a masturbação é pecado. O PREJUÍZO CAUSADO Por que exatamente a masturbação é pecado? Acima de tudo porque, assim como qualquer outro pecado, viola a santidade de Deus. A masturbação é contra Deus, contra seus caminhos e propósitos para como o homem e a mulher devem se relacionar entre si em uma união conjugal que re�ita o relacionamento de Cristo com a igreja. A masturbação também é pecado porque nos prejudica. Somos feitos à imagem de Deus. Fomos criados para glori�cá-lo em cada aspecto da vida, e a masturbação nos impede nessa missão sobretudo de duas maneiras: poluindo nossa mente e nos levando ao isolamento. Poluição da mente A grati�cação sexual, é claro, não é apenas um ato físico, mas envolve a mente, não raro de forma bastante intensa. Durante a masturbação, imagens pornográ�cas, tanto vistas quanto imaginadas, quase sempre fornecem o combustível para o homem. Na verdade, na grande maioria das vezes é quase impossível separar da masturbação em si essas fantasias baseadas em imagens. Esse tipo de fantasia pode ser perigoso pelo menos de duas formas. Em primeiro lugar, como a maioria dos adultos já aprendeu, e da maneira mais difícil, a realidade raramente é tão maravilhosa quanto a fantasia. Muitas pessoas criam expectativas em relação ao sexo que a realidade não pode satisfazer. Ouso dizer que é muito difícil um adolescente criar uma fantasia em que sua parceira impeça os avanços dele por estar muita cansada. É difícil até mesmo inventar uma fantasia em que ela rejeite a participação em um ato especí�co por achá-lo desconfortável ou desagradável. O fato é que a fantasia pode criar expectativas não saudáveis e irrealistas sobre o sexo. Em segundo lugar, assim como as cenas de sexo nos �lmes raramente envolvem pessoas casadas que podem, diante de Deus, legitimamente apreciar o sexo, da mesma forma a fantasia raramente gira em torno de parceiros sexuais legítimos. Em teoria, tudo bem que o marido sonhe com um encontro sexual com a esposa, mas se passar disso a coisa �ca complicada. A masturbação, mesmo nessas circunstâncias, pode estimular o melhor marido a preencher a mente com pensamentos sobre outras mulheres. E um cristão solteiro, não tendo uma parceira dada por Deus com quem possa consumar o desejo sexual, simplesmente não tem nenhuma razão legítima para se entregar à fantasia sexual. Alguns vão contestar, alegando que, quando se masturbam, não passa de um ato físico, algo feito para aliviar o estresse ou o tédio. Vão insistir em a�rmar que não sucumbem a pensamentos impróprios. Sou extremamente cético em relação a essas alegações, mas não as descarto, porque não sou capaz de enxergar o coração das pessoas nem ler a mente de ninguém. Mas, mesmo supondo que, para levar em conta o argumento, uma pequena porcentagem dos homens se masturba sem imagens pornográ�cas na mente, ainda há pelo menos uma forte razão pela qual a masturbação é tão prejudicial. Isolamento Um exame atento do ensino bíblico sobre a sexualidade não dá nenhuma razão para crer que Deus tenha jamais planejado o sexo para ser praticado isoladamente. Na realidade, o âmago da sexualidade é a troca do prazer sexual entre duas pessoas: marido e mulher. O sexo foi criado como meio de satisfação mútua, expressão de amor em que o marido pensa primeiro na mulher, e a mulher pensa primeiro no marido. É um meio singularmente poderoso pelo qual marido e mulher podem cumprir a ordem do Senhor de que um estime o outro mais que a si mesmo. Ao preencherem as necessidades um do outro, também têm as próprias necessidades satisfeitas. É uma bela �gura da intimidade! Como qualquer casal pode testemunhar, quanto mais altruísta for o sexo, melhor ele se torna. Quanto mais cada cônjuge busca agradar o outro, mais satisfatória, grati�cante e bela é a experiência. Essa troca, o centro do propósito de Deus para a sexualidade, é exatamente o que a masturbação não pode oferecer. A masturbação despoja a sexualidade de seu propósito divino de satisfação mútua. Se a manifestação sexual legítima tem por objetivo produzir unidade, a masturbação produz isolamento e divisão. Como vimos no capítulo 2, ao tratarmos da pornogra�a, a masturbação é inerentemente egocêntrica. Juntas, a pornogra�a e a masturbação criam uma sensação �ctícia de intimidade entre o espectador e os anônimos de uma revista ou de uma tela. Mas um ato que pode parecer girar em torno de duas pessoas concentra-se total e exclusivamente em uma só pessoa, completamente sozinha. A masturbação (repito, mesmo na ausência hipotética de imagens pornográ�cas) mina profundamente a capacidade do homem de renunciar e resistir a suas tendências mais egocêntricas, pecaminosas e isolacionistas. A masturbação simplesmente não pode cumprir o propósito de Deus para a sexualidade e, portanto, não tem lugar algum na vida daquele que se denomina cristão. LIDANDO COM A CULPA Mas e a culpa? Que dizer da vergonha e do medo que faz com que os meninos imaginem cabelos nascendo na palma das mãos? Será que devemos simplesmente tentar eliminar toda a culpa? Será que os pais devem dizer aos �lhos que a masturbação é algo com que não precisam se preocupar porque... é “normal”? Tentando nos preservar da dor, esse tipo de conselho nos ensina a desprezar nossa consciência moral. É melhor deformar a alma, ao que parece, que cobrar muito da nossa psique. Seja honesto e aberto com os jovens, no entanto, e eles de fato se mostrarão desejosos de conversar sobre suas lutas com a masturbação. Querem mesmo ter certeza de que é errado e de que podem e devem superá-la. A culpa que sentem não é irracional, mas uma manifestação da graça de Deus. Como uma terminação nervosa pedindo que você tire uma pedra do sapato antes que comece a sangrar, essa culpa é dor com propósito corretivo. Antes de tudo, é importante esclarecer com que exatamente devemos nos sentir culpados. (Como diria John Piper: “Não desperdice sua culpa!”.) A masturbação é, sem dúvida alguma, um ato marcante, de modo que pode ser natural concentrar-se nesse ato como o problema essencial. Os homens geralmente se sentem mal porque se masturbaram (ou foram fortemente tentados a se masturbar). Mas a masturbação é na realidade apenas uma manifestação exterior de um problema interno. A culpa, a dor emocional e a sensação de estar sujo por dentro existem porque o ato da masturbação revelou a corrupção que já reside constantemente dentro de nós. Sim, o ato da masturbação é em si errado, como mostra a ordem de Paulo para cultivarmos o autocontrole. Mas, para começo de conversa, a única razão por que ela ocorre é o pecado que habita em nós. Como escreveJoshua Harris em Sexo não é problema (lascívia, sim), “a masturbação não é um hábito imundo que torna as pessoas sujas. Ela apenas revela a sujeira que já está em nosso coração”. Assim, embora a masturbação não torne ninguém imundo, ela causa danos mentais e espirituais à medida que os rapazes lutam com sentimentos de culpa, remorso e vergonha. Infelizmente, para a maioria de nós, a culpa não é por si só su�ciente para conter o comportamento pecaminoso. Infelizmente, porém, para muitos homens cristãos, a culpa por causa da masturbação pode tornar-se tão extrema, que passa a de�nir o estado espiritual. Alguns até começam a questionar sua salvação, vendo-se exclusivamente pela lente desse pecado persistente. Não há dúvida de que se trata de um pecado grave, mas não está nem perto de merecer tamanho destaque. “Quando exageramos a importância desse ato”, escreve Joshua Harris, com sabedoria, “ou vamos desconsiderar as muitas evidências da obra de Deus em nós, ou vamos desprezar outras manifestações mais graves da cobiça sexual com as quais Deus quer que lidemos”. Se você luta com esse pecado, saiba com certeza que há esperança para você, esperança de uma mudança de fato. Não busque consolar-se com o conforto frio de que “todos se masturbam”. Não se evita a agonia da culpa desconsiderando o pecado ou empreendendo esforços inúteis para se convencer de que ele é inofensivo. A solução para a culpa é concentrar-se na obra consumada de Cristo na cruz. Extraia o consolo da boa notícia do evangelho. O sangue de Jesus foi derramado por pecados como esse, e o poder do Espírito Santo foi dado para que possamos vencer o pecado. A masturbação não é um pecado que não possa ser vencido pelo poder de Deus. Você pode ser liberto. Para você refletir 1. Embora a masturbação não cause danos físicos, muitos rapazes que se masturbam ainda lutam com culpa e tristeza. Você pode se identi�car com essa experiência? Se já se masturbou alguma vez, você experimentou sentimento de culpa? 2. É possível a pessoa manter a mente livre de pecado enquanto se masturba? É possível argumentar que o ato físico é inofensivo e somente as fantasias que o acompanham são erradas? 3. Você entende por que é possível referir-se à masturbação como “sexo egocêntrico” ou “sexo egoísta”? Em que sentido a natureza individualista e isolada da masturbação contraria o plano de Deus para o sexo? 4. A Bíblia diz que o corpo do homem pertence a sua esposa. Que impacto isso exerce no debate sobre a masturbação? Esse princípio lhe dá o direito de realizar qualquer ato sexual sem sua esposa? 5. Você quer parar de se masturbar? Ou é um pecado do qual você gosta tanto, que �caria muito decepcionado e indisposto se tivesse de abrir mão dele? 6. Você crê que Cristo está disposto a lhe perdoar por esse pecado e que, por meio de seu Espírito Santo, não apenas está disposto, mas é também capaz de libertá-lo? Quatro AS TRÊS DÁDIVAS DO SEXO Quando Deus criou o homem, ele o criou macho e fêmea. No mínimo, quando Deus criou a ideia do homem, ele o criou macho e fêmea e ordenou que fruti�casse e se multiplicasse, que subjugasse e dominasse o restante da criação. Mas, quando Deus de fato soprou o fôlego de vida no pó da terra e formou um ser humano com vida e respirando, criou apenas uma pessoa, um homem: Adão, o primeiro e por um tempo o único ser humano. Macho e fêmea tinham sido criados na mente de Deus, mas até então apenas esse homem caminhava sobre a terra. Não sabemos quanto tempo depois Deus formou Eva, mas sabemos com certeza que por um tempo Adão viveu no celibato. E, durante esse período, ele se uniu a Deus na busca de uma companheira adequada. Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada” (Gn 2.18). Mas ele não fez essa ajudadora imediatamente. Em vez disso, trouxe diante de Adão todos os seres vivos, um a um. E em toda a criação não havia ajudadora para Adão, nenhuma companheira adequada para ele. Por todo esse tempo, Adão esperou pacientemente, esperou em estado de perfeição, con�ando na provisão de Deus, sem cometer nenhum pecado. O Éden era imperfeito pela ausência de sexo e casamento? De forma alguma! Apenas seria ainda melhor com eles, pois, nas palavras de Deus, não era bom que aquele homem �casse sozinho. Quando Adão �nalmente viu sua esposa, irrompeu em um cântico de louvor, dizendo: Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada (Gn 2.23, nvi). Não negligencie o intensi�cador “sim”. Foi naquele período de busca, no qual esperou em Deus sem pecar, que Adão aprendeu a valorizar o que Deus por �m lhe proveu. Foi na inocência que Adão conseguiu ser ainda mais agradecido pela graça de Deus. Quando Eva chegou, trouxe consigo o relacionamento ímpar que hoje chamamos casamento. Acabava aqui a fase de celibato de Adão, e seu propósito tinha sido alcançado; estava agora bem próxima a oportunidade da intimidade sexual. E era algo bom. Muito bom. Sob as condições certas, ainda é. O SEXO É BOM Muitos teólogos procuraram encontrar o signi�cado mais profundo do sexo. “O sexo é uma �gura, uma metáfora que nos remete às alegrias do céu”, poderiam dizer. E talvez seja isso mesmo. Mas não acho que a Bíblia nos a�rme isso com toda a clareza. Nem estou convencido de que precisamos encontrar um sentido mais profundo no sexo para con�rmar que se trata de algo bom. O sexo é inerentemente bom porque foi criado por um Deus bom. Não precisamos construir uma teologia complexa em torno do sexo, como se só fosse bom em algum sentido secundário. O sexo no casamento é perfeitamente bom em si mesmo. Mesmo que seu signi�cado supremo não seja mais profundo que o prazer e a satisfação mútua, ele é bom porque Deus é bom. Ele poderia facilmente ter decretado que o sexo fosse essencial em cada casamento e ao mesmo tempo torná-lo inerentemente desagradável! Não foi o que fez. Ele fez o sexo quase transcendente em seu prazer. O sexo, em sua melhor versão, de fato supera a maioria dos demais prazeres da vida no que tange à alegria, à liberdade e à vulnerabilidade. E nessas coisas o sexo aproxima o marido e a mulher de maneira completamente inigualável, sem precedentes mesmo. Quando você entende isso — que o sexo tem o poder de unir duas pessoas como nada mais é capaz de unir —, você também entenderá por que o sexo deve ser desfrutado somente entre marido e mulher. Você vai entender por que Deus proíbe o sexo pré-conjugal (a fornicação), por que proíbe o sexo extraconjugal (o adultério) e por que até mesmo proíbe o sexo egoísta (a masturbação). Todas essas coisas aviltam a verdadeira dádiva. Todas fazem mau uso desse bom presente de Deus. Mas sejamos um pouco mais especí�cos sobre as razões por que o sexo é algo tão bom. Há pelo menos três maneiras de o sexo incentivar e a�rmar o que é bom: o sexo conduz a uma obediência alegre, fortalece a liderança masculina e promove a verdadeira liberdade. O sexo conduz a uma obediência alegre Há quem a�rme que o desejo sexual tem por objetivo somente estimular a procriação — que o desejo de ter relações sexuais aproximará marido e mulher com o resultado feliz e supremo da concepção. Aqui C. S. Lewis oferece uma correção muito proveitosa (em Cristianismo puro e simples). Ele con�rma que a �nalidade biológica do sexo é a procriação (e não podemos perder de vista esse importante objetivo do sexo), mas estabelece um paralelo útil com o apetite alimentar. O propósito biológico de comer é restaurar o corpo, e, embora algumas pessoas sejam dadas a excessos, percebemos que o apetite ultrapassa só um pouco seu propósito biológico. Um homem pode comer duas vezes mais do que seu corpo necessita para seu objetivo biológico, mas poucos chegam mesmo a comer esse tanto. No que diz respeito ao sexo, porém, o apetite excede em muito sua �nalidade biológica. Se o apetite sexual correspondesse a sua função biológica,ou a pessoa apenas desejaria fazer sexo algumas vezes em toda a vida ou teria milhares de �lhos. Não aprendemos com isso que Deus deseja que tenhamos sexo por razões que ultrapassam a procriação? A única alternativa é que esse apetite é um produto do pecado e deve ser reprimido. Mas não, isso não é verdade. A Bíblia é clara em a�rmar que o desejo sexual legítimo, ou seja, dentro do casamento e para com o cônjuge, é legítimo diante de Deus. Deus dá ao homem o desejo ou apetite sexual porque quer que ele tenha relações sexuais com a esposa. Será que não pode ser simples assim? Além disso, esse apetite supera qualquer �nalidade biológica, porque ele quer que o casal tenha muitas relações sexuais. A�nal, a única advertência nas Escrituras quanto à frequência do sexo no casamento aparece em 1Coríntios 7.5, onde lemos que pode haver uma breve pausa para �ns especí�cos e limitados. A implicação é que em todos os demais casos o sexo vai ser parte normal da vida. Aliás, a Bíblia chega a dizer que o corpo da esposa pertence ao marido — ele tem autoridade sobre o corpo dela — e o corpo do marido pertence à esposa — ela tem autoridade sobre o corpo dele. O princípio dominante aqui é que marido e mulher devem ter relações sexuais com frequência e não podem recusar esse presente especial um ao outro. É bom que queiramos ter relações sexuais. Deus fez as coisas dessa maneira. Deus fez o sexo para o casamento e o casamento para o sexo. O desejo sexual motiva o homem (em parte) a buscar uma esposa e a se casar com ela para que juntos possam desfrutar do sexo. Esse mesmo desejo motiva o homem (em parte) a continuar procurando a esposa mesmo depois de casados. Sem esse desejo, esse apetite, seria muito fácil evitarmos cumprir nosso dever dado por Deus de ter sexo, — e com muita frequência, — e de assim experimentar intimidade e unidade —, e isso em grandes doses. Você vê como tudo isso é belo e bom? Deus dá um desejo que deve ser cumprido de uma única maneira. Se não sentíssemos fome, talvez não comêssemos. Se pararmos de comer por muito tempo, sofreremos pela falta de alimento, nosso corpo vai parar de ser restaurado e vamos de�nhar e começar a morrer. Se não experimentássemos o desejo sexual, talvez não tivéssemos relações sexuais. E, se pararmos de fazer sexo por opção, nosso casamento sofrerá com a falta de intimidade e, de modo semelhante, deslizará em direção ao �m. O desejo sexual, então, é um dom de Deus, não para nos atormentar, mas para nos conduzir à obediência. Quando o marido sente o desejo sexual inevitável, não se trata de um convite à pornogra�a e à masturbação, mas um empurrãozinho para ele buscar a esposa. O sexo fortalece a liderança do marido Ainda assim, o desejo sexual, o apetite para o sexo, não é dado em igual medida. É normalmente dado em maior dose aos homens. Por que isso ocorre? A resposta, estou convencido, situa-se no centro da relação marido- mulher. Deus ordena que o homem, o marido, seja o líder. O homem deve assumir o papel de liderança, ao passo que a mulher deve segui-lo. Deus quer que o homem assuma a liderança mesmo no sexo e, portanto, dá ao homem um maior desejo sexual. Dessa forma, o homem pode conduzir a esposa, tomando a iniciativa, tendo o cuidado de amá-la de forma que possa despertar nela o desejo de ter sexo com ele. Tenho a impressão de que a Queda aconteceu logo após a Criação. Não está claro para nós quanto tempo transcorreu entre os dois acontecimentos. Mas podemos supor que, durante esse período, naquele mundo perfeito, Adão e Eva desfrutaram do sexo perfeito. Naquele ínterim, nunca houve uma ocasião em que Eva tenha se recusado a Adão, porque jamais houve um momento em que Adão não estivesse pensando em Eva em primeiro lugar. Que razão ela teria para se recusar? Mas foi depois de pecarem — quando Adão parou de pensar primeiro em Eva e quando ela começou a se rebelar contra a liderança dele — que o sexo passou a ser uma luta. E continua a ser uma luta até hoje. A maioria dos casais vai testemunhar que teve mais brigas e desentendimentos sobre sexo do que sobre qualquer outro assunto. O meio mais especial de graça para o marido e a mulher tornou-se a maior causa de con�itos. De modo geral, o homem encontra intimidade e aceitação no sexo, enquanto a mulher precisa primeiro experimentar intimidade e aceitação antes de estar preparada para desfrutar do sexo. Na maioria das vezes, é aqui que surge o problema. Como marido e mulher devem lidar com essa incompatibilidade parcial de desejos? Entendendo o papel da liderança piedosa no casamento e permitindo que ela aconteça da maneira que Deus quer. Tudo começa com uma combinação poderosa: o apetite sexual do homem, mais o amor que sente pela esposa, mais as liberdades sexuais concedidas a eles em virtude do casamento. São coisas maravilhosas, mas, se são tudo o que o marido consegue enxergar, ele vai acabar sendo um tirano sexual para com a mulher que Deus lhe deu para amar e entesourar. Ele precisa reconhecer (e aprender a lidar com) as diferentes formas em que ele e a esposa experimentam intimidade e aceitação. A primeira responsabilidade do marido é preencher as necessidades que a esposa tem de intimidade e de aceitação antes do sexo — sendo romântico com ela. A responsabilidade correspondente da esposa é demonstrar graça em relação às tentativas do marido de ser romântico com ela, mesmo quando ele não se sai muito bem. (E o marido, por sua vez, deve demonstrar graça para com a esposa, se ela se esforça para receber as tentativas imperfeitas dele de ser romântico!) O marido deve procurar liderar de tal forma que a esposa não tenha motivos para recusá-lo. Deve ser sensível às necessidades dela, a seus desejos. Deve reconhecer as ocasiões em que, por uma razão ou outra, ela acha extremamente difícil entregar-se a ele. E não deve persuadi-la a realizar atos que a deixem pouco à vontade ou a façam sentir-se forçada. Ele precisa ser um exemplo de líder que serve, mesmo no quarto. Seus primeiros pensamentos devem estar direcionados a ela. Como em todas as áreas da vida, a esposa é chamada a desa�ar a liderança do marido somente quando ele exige dela algo que lhe viole a consciência ou a lei de Deus. Podemos ver isso como uma responsabilidade reativa da mulher, mas mais importante é a responsabilidade pró-ativa do marido. Ou seja, no exercício de sua liderança, o marido jamais deve colocar a esposa em uma situação em que ela tenha de apelar para a consciência ou para a Bíblia diante dos desejos sexuais dele. Assim, o apetite sexual do marido não pode estar dissociado de sua liderança. O marido tem um desejo que somente a esposa pode satisfazer. Por isso, assume a liderança na busca de satisfazer esse desejo. Faz isso satisfazendo os desejos da esposa, o que, por sua vez, a levará a perceber, compreender e por �m satisfazer os desejos dele. Então, nesse ato de consumação, Deus concede uma graça que supera a mera união de carne e sangue. O sexo promove a verdadeira liberdade Por último, Deus nos dá o sexo porque ele tem o poder singular de aproximar o marido da esposa e a esposa do marido. O sexo foi criado por Deus para ser fonte de sedução e conquista. Tem por objetivo colocar um selo emocional poderoso sobre o casamento — não sobre a masturbação, não sobre a fornicação nem sobre qualquer outro uso pecaminoso do sexo. As formas pecaminosas de atração são escravidão e trazem consigo culpa e vergonha. Dentro do casamento, porém, o tipo de atração inerente à relação sexual signi�ca liberdade e traz consigo alegria e gratidão. Por meio da união sexual, marido e mulher são feitos um, unidos de forma excepcional. Há um mistério nisso que só pode ser comparado à união de Deus com seu povo, o qual é enxertado nele. Na dádiva da intimidade sexual, Deus dá ao marido e à mulher algo incrivelmente poderoso. Ele foi sábio ao estabelecer limites rigorosos a esse poder e tem todo o direito de agirdessa forma, porque foi ele quem criou o sexo e lhe deu seu propósito maravilhoso, uni�cador e cativante. O sexo então deve ser compartilhado somente entre marido e mulher e não pode se estender a outras pessoas, seja antes do casamento, seja durante o casamento (Mt 5.27,28). Introduzir quem quer que seja no relacionamento, seja de forma física ou mesmo abstrata, como por meio da pornogra�a compartilhada, perverte a natureza recíproca da sexualidade. O sexo, como tudo mais na vida, deve ser feito com autocontrole, não com imprudência ou autograti�cação. Signi�ca que deve ser feito em amor, não em ódio. Tragicamente, o homem viola a própria esposa quando se impõe violentamente a ela. Como isso desvirtua o sexo! O sexo não deve ser estimulado ou despertado até que chegue a hora certa (Ct 8.4). O sexo deve ser praticado regularmente ao longo do casamento (1Co 7.1- 5). Qual é a razão e qual é o propósito subentendidos nesses limites? Como tudo o que Deus dá, esses limites são para o nosso bem. Por sinal, em consonância com os desígnios de Deus para o sexo, esses limites incentivam, reforçam e estimulam a liberdade. Não o conceito de liberdade do mundo, que é mais uma espécie de anarquia sem limites nem fronteiras, mas a liberdade sexual como Deus a projetou. A verdadeira liberdade. Os limites de Deus, corretamente observados, não inibem a liberdade, mas a incentivam. Quando tentamos buscar a liberdade como escolhemos de�ni-la, sofremos. Como crianças tolas que não sabem a diferença entre liberdade e perigo mortal, corremos em direção ao tráfego e não conseguimos entender por que alguém começaria a gritar. Mas, quando usamos o dom do sexo como Deus quer, ganhamos nele grande alegria e liberdade. Os limites de Deus tornam possível a verdadeira liberdade. Assim, o sexo é algo bom, maravilhosamente bom. E os limites que Deus estabeleceu para ele são igualmente bons. Agora, prossigamos para a desintoxicação. Para você refletir 1. Com suas palavras, descreva a �nalidade para a qual Deus criou o sexo. Antes de ler o que acabou de ler aqui, alguma vez você tinha pensado na razão por que Deus achou por bem criar o sexo? 2. Você acredita que Deus possa criar coisas agradáveis simplesmente por se deleitar no prazer que essas coisas nos trazem? Que exemplos você pode citar além do sexo? 3. Você já �cou frustrado ou zangado com Deus por ele lhe ter dado o desejo sexual? 4. Que mensagem o desejo sexual está comunicando a você? Para responder a essa pergunta, primeiro você precisa responder: “Qual é o propósito do desejo sexual em minha vida?”. E a resposta a essa outra pergunta depende de você ser solteiro ou casado! 5. De que forma a pornogra�a desvirtua o plano de Deus para o sexo? 6. Você acredita que Deus possa lhe dar aquilo de que necessita para afastá-lo completamente do pecado sexual? Cinco DESINTOXICAÇÃO NO QUARTO Agora que temos uma compreensão bíblica básica de que o sexo é bom e dos limites que Deus estabeleceu, devemos perguntar: “Qual a melhor maneira de o marido expressar seu amor pela esposa sexualmente?”. Esse tipo de pergunta, que leva em conta todo o conjunto, é de vital importância. Podemos ter problemas, no entanto, se buscarmos responder à próxima pergunta que provavelmente virá à mente: “O que podemos fazer e o que não podemos?”. A maioria dos homens quer passar rapidamente do abstrato para o concreto, do geral para o especí�co. Os princípios só não bastam. Queremos uma lista de veri�cação. “O que devo fazer na cama? O que não devo fazer?” Eu poderia com certeza fazer uma listinha para você — duas colunas representando atos sexuais especí�cos, uma com os “Permitidos”, para deixá- lo bem con�ante, e outra com os desestimulantes “Proibidos”. Provavelmente tal lista pareceria bem organizada e de certa forma poderia até ser útil. O problema é que seria a minha lista, e não posso lhe dar nada de�nitivo. Também não posso lhe dar a lista da Bíblia, uma vez que não existe. Qualquer lista que eu criasse inevitavelmente re�etiria minha consciência, meus pontos fortes e meus pontos fracos. Quase certamente seria legalista em alguns aspectos e licenciosa em outros. O mesmo valeria para qualquer lista que você ou qualquer outra pessoa viesse a montar. O que um casal acha divinamente agradável é repulsivo para outro. A liberdade sexual de uma pessoa é o cativeiro ímpio de outra, mesmo dentro dos limites e das liberdades do casamento. Essa é uma das estranhas realidades do modo que Deus nos criou — ele nos criou diferentes e até mesmo com consciências diferentes. Isso signi�ca, como vimos no capítulo anterior, que há grande liberdade dentro do casamento para explorar, experimentar coisas novas e desfrutar o que é mutuamente agradável. Quanto à questão dos atos sexuais dentro do casamento, a Bíblia deixa tudo bem genérico, incentivando marido e mulher a encontrar padrões e práticas coerentes com as Escrituras que funcionam melhor para eles como casal. A pergunta correta é, portanto: “Qual é o propósito de Deus para o sexo? Qual é sua intenção?”. Para o casal cristão sincero, essa forma de abordar a questão conduzirá a um conjunto de práticas mutuamente agradáveis e grati�cantes e, ao mesmo tempo, inteiramente em consonância com as Escrituras. A abordagem de uma lista detalhada e no �nal decepcionante é um substituto pobre de adotar uma perspectiva bíblica e observar algumas diretrizes de santidade. Neste capítulo trataremos das diretrizes tanto positivas quanto negativas. O QUE O SEXO NÃO É Em virtude da nossa natureza pecaminosa, há pelo menos três coisas que facilmente todos podemos pressupor que o sexo seja, quando na verdade não é. O sexo não é o fundamental. Se a única in�uência sobre sua vida for a cultura pop, talvez seja difícil compreender isso, mas o sexo não é a coisa mais importante da vida. Casados ou solteiros, nossa tendência é considerar o sexo algo maior do que ele é. Os ídolos começam como algo bom a que damos uma importância exagerada, e poucas coisas se transformam sutilmente em idolatria com maior frequência ou maior poder que o sexo. Permitimos que uma boa dádiva de Deus suplante o Deus que a deu. O sexo é bom, é mesmo maravilhoso, mas não é o mais importante. O sexo não é algo para ser experimentado de forma indireta. Somos hoje pessoas da intermediação. Nossa tecnologia faz a mediação, ou se interpõe, entre nós e o mundo físico. A cada ano experimentamos mais e mais da vida de forma indireta, por meio de algum tipo de tela, computador, tv, cinema, telefone celular ou coisas do gênero. Nós nos acostumamos a aprender por meio da tela, a nos comunicar por meio da tela, até mesmo a adorar por meio da tela. Muitos se acostumaram também a experimentar o sexo por meio da tela. Através das lentes da pornogra�a on-line, uma geração inteira está aprendendo uma série de meias-verdades sobre o sexo real. Tragicamente, as primeiras experiências sexuais de muitos, se não da maioria dos jovens de hoje, ocorrem num contexto indireto, onde a tela exibe o ato sexual e o espectador responde. Mas qual a real �nalidade do sexo? O sexo foi planejado para ser o contato �nal e sem intermediação, contato entre duas pessoas reais, duas pessoas imediatas. É o caráter face a face, corpo a corpo, alma a alma do sexo que o torna tão poderoso e signi�cativo. O sexo indireto é uma contradição de termos, uma autocontradição, uma atividade que perdeu seu propósito e poder essencial. É uma versão fraudulenta, falsi�cada do sexo. Em um ambiente de intermediação, o sexo simplesmente não pode existir de forma pura, bíblica, essencial, humana. A intermediação é diretamente oposta à �nalidade. O sexo não gira primordialmente em torno das pessoas. Com todas as paixões humanas e físicas em torno do sexo, pode ser difícil compreender plenamente que o sexo não diz respeito a você em primeiro lugar, nem mesmo se foca em seu cônjuge. O sexo é para Deus. Soa estranho?É verdade. O marido pode ser motivado pelo desejo de procurar a esposa e de ter uma relação sexual com ela. Está tudo bem, e isso é muito bom. Mas o marido cristão que tenha abraçado a visão bíblica sobre o sexo será motivado, em última análise, pela obediência ao mandamento de Deus — de que o marido e a esposa desfrutem do sexo com frequência, honrando a Deus, ao honrar um ao outro. A esposa pode ser motivada a ter uma relação sexual pelo desejo de agradar o marido ou para evitar uma briga. Isso pode ser bom também. Mas, se ela está pensando biblicamente, sua primeira ou mais importante motivação será obedecer a Deus. Imagine que em certa ocasião um cristão casado não tenha desejo sexual. Por causa da ordem de Deus, esse marido ou esposa deve reconsiderar seriamente. Na verdade, mesmo que por um tempo prolongado nenhum dos cônjuges queira fazer sexo, o casal deve ainda assim manter as relações sexuais por causa de Deus, por obediência a ele. (Esse casal também precisa tratar da razão por que o desejo por intimidade desapareceu, questão muito mais importante!) Quando o assunto se volta para as expectativas de Deus sobre o sexo, pode ser difícil ouvir claramente o que está sendo dito (no entanto, se for realmente difícil, pode ser um sinal de que para você o sexo se tornou um �m em si mesmo). O sexo certamente é uma questão particular, delicada; por isso, pode parecer estranho tratar do tema. Mas Deus também tem direito aos aspectos particulares da nossa vida. Não podemos manter o sexo como um pequeno mundo todo nosso. Reconheçamos, portanto, que o sexo é para Deus, da mesma forma que nossa linguagem é para Deus, o que fazemos com nosso dinheiro é para Deus e como gastamos nosso tempo livre é para Deus. Em cada caso, Deus exige a primazia, e seu padrão não é nada menos que obediência perfeita. Assim, o marido e a esposa amorosos que compreendam o ensino bíblico sobre o casamento às vezes terão relações sexuais por amor a Deus, mesmo quando não querem — mas, se falharem nessa área, o evangelho fornece um meio para que sua desobediência seja perdoada, como em qualquer outro pecado. Assim como na linguagem, no dinheiro, nas relações entre empregador e empregado ou em qualquer outra coisa, não é que você ou é perfeito, ou é um condenado sem esperança. O que é necessário é compreender que Deus é o primeiro em todas as coisas, até mesmo quanto ao sexo, e que devemos buscar obedecer a ele pela graça. O QUE O SEXO É Vimos que a Bíblia de�ne o sexo que honra a Deus como bom, saudável, verdadeiro, um mandamento e com limites claros. Reconhecemos que isso cria uma enorme liberdade no casamento. É uma liberdade para explorar, descobrir, brincar, dizer “sim”, “não” ou “nunca mais”. Mas é uma liberdade que precisa ser santi�cada, especialmente para os que tiveram a compreensão do sexo orientada pela pornogra�a. Provavelmente todos precisamos de alguma desintoxicação no quarto. Revistas e sites de aconselhamento (cristãos e não-cristãos) estão cheios de perguntas sobre o que constitui um comportamento sexual aceitável. Quando leio essas perguntas, não é difícil saber quais foram escritas por pessoas cujos apetites foram orientados pela pornogra�a. São perguntas que essencialmente dizem: “Tudo bem se minha esposa e eu praticarmos esse ato pornográ�co especí�co?”. Devemos retornar à questão: o que supostamente estimula estrelas pornôs muito provavelmente não é o que estimula sua esposa ou a faz sentir- se amada e valorizada. É muito mais provável que a faça sentir-se humilhada — transformada em algum objeto fácil, em vez de ser sua noiva preciosa. Depois de de�nirmos alguns dos pontos positivos que vemos na Bíblia sobre sexo, não é difícil reconhecer que a pornogra�a está do lado oposto. O sexo é terno. Há ternura na pornogra�a? Ou violência? O sexo é doce. Há doçura na pornogra�a? Ou degradação? O sexo é desinteressado e doador. Já a pornogra�a trata de conquistar, de atender às minhas necessidades mais básicas e egoístas. Agora mesmo. O sexo tem limites. A pornogra�a zomba dos limites. Ensina que qualquer coisa que eu deseje é aceitável simplesmente porque a desejo. Lembre-se sempre de que a pornogra�a, na maioria dos casos, é projetada para incitar a cobiça sexual em determinado tipo de pessoa — alguém já insensível ao que é bom e puro. A pornogra�a é criada para despertar o coração endurecido, não o coração tenro. AS PERGUNTAS CERTAS Portanto, continua a pergunta. Como um marido determina o que deve fazer com a esposa no quarto? Ele tem de fazer alguma coisa. O que ele deve fazer e o que não deve? Depois de entendermos que não há uma lista divina de veri�cação em relação ao sexo e termos clareza sobre algumas das coisas que o sexo é e não é, podemos propor a pergunta mais fundamental. Fazemos isso, no entanto, explorando questões secundárias. Aqui estão cinco perguntas secundárias que, acredito, se mostrarão muito úteis. Cada uma é planejada para ajudá-lo a responder dentro de uma perspectiva bíblica à velha pergunta: “Tudo bem se eu ____?”. Qual sua intenção com isso? Qualquer ato que praticamos, no quarto ou em qualquer outro lugar, é motivado pelo coração. Portanto, há mais valor em perguntar “O que em meu coração me leva a querer fazer isso?” do que “Esse ato especi�camente é errado?”. Você percebe a mudança de foco? Considero o ato, mas em seguida associo o desejo desse ato a sua fonte: meu coração. Nesse sentido, Jesus ensinou a seus discípulos que é o que vem de dentro, e não as coisas externas, que contamina o homem (Mc 7.1- 23). Todo mal, seja adultério, cobiça, imoralidade sexual, vem do interior. Você precisa cultivar um coração sensível, dispondo-se a examiná-lo para descobrir suas motivações. Por quê? Para que você faça somente o que é motivado sobretudo por amor a seu cônjuge, evitando o que é motivado em primeiro lugar por qualquer tipo de pecado. Uma palavra de cautela: como cristãos que ainda têm o pecado habitando dentro de si, nosso coração é um ambiente confuso. Não se perturbe se você perceber que suas motivações em relação ao sexo ou a algum ato em particular sejam uma mistura de coisas boas e más. Suas motivações podem nunca ser completamente puras. Faça seu julgamento com base no que você acredita motivá-lo em primeiro lugar. Esse é um ato de um conquistador ou de um servo? Você sabe muito bem que grande parte da pornogra�a apresenta atos de sujeição, não atos de amor e serviço. Você sabe que na pornogra�a o prazer do homem geralmente é muito maior e muito mais real que o da mulher. Não submeta sua esposa a atos que a fariam sentir-se apenas um meio para um �m, subjugada e não amada e cuidada, contaminada, em vez de estimada. Isso traz prazer a somente um ou aos dois? Um dos propósitos do sexo é o prazer mútuo. O melhor sexo é aquele que permite a ambos os cônjuges dar e receber ao mesmo tempo e por meio dos mesmos atos. Ele é único nesse sentido, e singularmente poderoso e preenchedor. Pode haver ocasiões em que haverá um desnível entre dar e receber prazer, mas cada cônjuge deve sempre buscar o maior prazer do outro, não de si mesmo. Nunca busque o prazer à custa de seu cônjuge; nunca cometa atos que sejam prazerosos para um e desagradáveis para o outro. Isso perturba sua consciência ou a consciência de sua esposa? A consciência é um presente especial de Deus, e ele nos manda �car atentos a ela (v. Tt 1.15, em que ter uma consciência contaminada é associado à impureza e à descrença). Deus dá a todos a mesma lei mediante sua Palavra, mas dá a cada um uma consciência própria. A Bíblia ordena que estejamos atentos a essa consciência e não a violemos. Não viole sua consciência com respeito a certos atos e não bajule sua esposa para que ela viole a dela. Você pode ser grato a Deus por isso? É difícil agradecer a Deus aquilo que �zemos violando a lei ou a consciência. Ao considerar certos atos, avalie se você conseguiria agradecer a Deus por eles. Se não, não ospratique. Esses parâmetros serão frustrantes para muitos homens, pois revelam que certas fantasias abastecidas pela pornogra�a — coisas que viram na tela e desejaram muito, esperando um dia experimentar — não serão satisfeitas. Muito do que é mostrado como normal na pornogra�a é proibido por Deus como pecado contra ele e contra seu cônjuge. Mas, se você con�a em Deus, deve saber que ele lhe dará graça, não apenas para superar isso — na verdade para superar a si mesmo —, mas também para encontrar maior prazer em coisas mais puras. Inúmeros casais comprometidos a�rmarão ter encontrado grande e crescente prazer durante anos e décadas naquilo que, de acordo com a pornogra�a, seria uma relação sexual muito entediante. Para tais casais consagrados, o tempo de sexo gasto exclusivamente um com o outro se mostrou muito mais interessante, muito mais fascinante, muito mais íntimo e muito mais satisfatório que qualquer prazer que pudessem encontrar em uma aventura sexual. Você con�a em Deus para que isso aconteça a você e a sua noiva? Para você refletir 1. Ao pensar sobre o que é permitido na relação sexual, qual é o risco potencial de se concentrar em uma lista? 2. Este capítulo a�rmou que os atos que você vê na pornogra�a são criados para incitar a cobiça sexual no coração das pessoas que já estão endurecidas contra o verdadeiro desígnio de Deus para o sexo. Você acredita que isso seja verdade? 3. Qual das cinco “perguntas certas” deste capítulo você acha que cria o maior contraste entre manifestações piedosas da sexualidade e os atos da pornogra�a que você já viu? 4. Qual das cinco perguntas o �zeram perceber que alguns de seus pensamentos e expectativas sobre a relação sexual foram in�uenciados pela pornogra�a? 5. Você acredita que uma vida inteira de relação sexual “normal” com uma única parceira possa trazer mais satisfação e ser mais interessante do que atos alimentados pela fantasia pornográ�ca? Seis DESINTOXICAÇÃO EM SUA ALMA Neste mundo caído, muitas vezes o desejo sexual se torna um fardo pesado. Se for assim para você, então conheço suas lutas, porque há alguns anos minhas lutas eram iguais às suas. Quando jovem, eu, como tantos outros, lutava com a incapacidade de expressar de forma honrosa e bíblica o meu desejo sexual então �orescente. Até clamei a Deus, perguntando por que ele me daria um fardo assim. Mais alguns anos, passei de jovem solteiro a jovem casado, lutando (e às vezes não lutando) contra a cobiça sexual, a pornogra�a e todo o resto. Por um tempo, essas coisas me seduziram, me atraíram e procuraram me escravizar. Hoje, posso dizer com alegria e gratidão que a pornogra�a não tem sobre mim o poder que já teve. Deus me livrou do desejo de me entregar. Então entendo suas lutas. Mas também posso garantir que é possível encontrar a liberdade. Não uma liberdade que diz: “Não faço isso mesmo que eu queira muito, muito fazer”, mas uma liberdade que verdadeiramente signi�ca nem mesmo desejar fazer mais. É algo que se foi. Deus mostrou-me o horror dessa situação, mostrou-me a beleza da pureza e com sua graça afastou de mim o desejo de pecar nessa área. Como conquistar essa condição? Ninguém jamais inventou um método melhor para vencer o pecado que aquele que Deus articulou por meio de Paulo. Firmes no evangelho e contando com a graça e o poder de Deus para tornar nossos esforços e�cazes, temos de nos esvaziar daquilo que é da carne e, em substituição, encher-nos do Espírito. Às vezes desejei que o mundo fosse diferente. E que o pecado não fosse tão persistente nem tão profundamente entremeado em mim. Gostaria que houvesse algum outro método para vencê-lo. Talvez você deseje essas coisas também. Mas a realidade é que nunca vamos chegar a lugar algum no combate ao nosso pecado se não lutarmos. Temos de nos envolver na empreitada de morti�car o pecado. Ao nos aproximarmos do �nal deste livro, você está pronto para a Grande Dica de Encerramento? Você precisa parar com a pornogra�a. E precisa parar de se masturbar. Agora mesmo. Neste instante. Não amanhã. Hoje. Vai ser difícil? Provavelmente. Será o �m do mundo se você tropeçar de vez em quando? Nem perto disso. Então você realmente precisa levar a sério parar? Você tem de continuar tentando? Sim, com toda a certeza, você precisa. Desconsiderar o fato de que a tentação sexual deseja prendê-lo simplesmente não vai funcionar. Você não pode apenas tirá-la do alcance dos olhos, �ngindo que não está lá. É como aquelas pessoas das quais você ouve falar no noticiário que assassinaram alguém e colocaram o corpo em uma parede ou em uma caixa no porão. Quem pode imaginar que essa técnica pode ser bem-sucedida? Em pouco tempo o corpo vai apodrecer e cheirar. A realidade da situação vai tornar-se evidente por si só. É assim que o pecado funciona. Você pode tentar escondê-lo numa parede e pendurar algo legítimo na frente. Você pode colocá-lo numa caixa e jogar um cobertor por cima. Mas é tudo apenas um exercício de negação. Cedo ou tarde, a morte que você esconde vai cheirar mal. Você não vai enganar ninguém no �nal, muito menos aquele que vê as profundezas do coração. “A Sepultura e a Destruição estão abertas perante o Senhor! Quanto mais o coração dos �lhos dos homens!” (Pv 15.11). Não desconsidere seu pecado! Em vez de desconsiderar seu pecado, você precisa envolver-se na batalha diária de matá-lo. E, ao matá-lo, ao esvaziar-se dele, precisa substituir mentiras pela verdade. Você precisa iniciar um programa que vai ajudar a reformular seu entendimento sobre o sexo, substituindo as distorções pela pura verdade. “Portanto, eliminai vossas inclinações carnais: prostituição, impureza, paixão, desejo mau e avareza, que é idolatria; é por causa dessas coisas que a ira de Deus sobrevém aos desobedientes”(Cl 3.5,6). Deus lhe deu a Bíblia para que você possa fazer exatamente isso. Por meio da Bíblia, somos capazes de tomar emprestado o olhar de Deus, ver o mundo como ele o vê e saber o que fazer com o que vemos. O OLHAR DE DEUS Para mim, uma série de passagens da Escritura tornou-se fundamental para minha compreensão sobre o sexo e minha capacidade de exercer o autocontrole. Quando era jovem e pensava em casar, e mesmo depois, quando ainda jovem, mas recém-casado, essas passagens foram meios de graça para mim em minha resolução por não sucumbir à sedução da pornogra�a. Quatro passagens em particular se destacaram. Amor e diversão Esse primeiro versículo que quero examinar é um pouco estranho, admito. Gênesis 26.8 conta a história de Isaque e Abimeleque, o rei pagão de Gerar. Você se lembra de que Isaque — como o pai dele, Abraão — viajou por uma terra estranha e temeu por sua vida. Também como seu pai, Isaque escolheu a covardia para escapar de uma situação delicada, negando a esposa para não arriscar o próprio bem-estar. Mas então Abimeleque olhou por uma janela e “viu que Isaque estava se divertindo com Rebeca, sua mulher”. O verbo divertir-se aparentemente é de difícil tradução, e as diversas versões da Bíblia o interpretam de forma bastante diferente. Quando jovem, li um comentário que dizia, com razão, que ele poderia ser traduzido por “praticar esportes”. Abimeleque olhou pela janela e viu Isaque e Rebeca fazendo algo que lhe permitiu perceber que certamente eles não eram irmão e irmã. Ao mesmo tempo, Abimeleque conhecia o caráter de Isaque bem o su�ciente para não acusá-lo de nenhum ato imoral. Isaque e Rebeca estavam se divertindo — estavam brincando, �ertando, simplesmente desfrutando de seu jovem amor (apenas talvez não no lugar mais recomendável). De alguma forma, essa passagem retrata para mim uma liberdade e uma inocência que eu queria ter com minha esposa. Duas coisas �caram muito claras para mim: eu sabia que queria essa liberdade e abertura em nosso casamento e sabia que não poderia tê-las se qualquer um de nós estivesse pecando sexualmente contra o outro. O caminho do entendimento O segundo versículo é 1Pedro3.7, que orienta: “... maridos, vivei com elas a vida do lar, com entendimento, dando honra à mulher como parte mais frágil e herdeira convosco da graça da vida, para que as vossas orações não sejam impedidas”. Aqui percebi que o relacionamento com minha esposa tinha uma importância espiritual enorme. Se não dou honra a minha esposa, minhas próprias orações (não as dela!) serão impedidas. Como líder do lar, preciso continuar crescendo espiritualmente. Para isso, tenho de ser �el em oração. E só posso ser �el em oração, aprendi, se tratar minha esposa como ela merece ser tratada. Se eu cedesse à cobiça sexual, à pornogra�a e a todos os outros tipos de pecado sexual, estaria destruindo minha família. Di�cilmente seria a única pessoa a sofrer. Como poderia trazer esse tipo de dor às pessoas que mais amo? A fonte da alegria A próxima passagem é uma de minhas favoritas em toda a Bíblia. Provérbios 5.18,19 diz: “Que teu manancial seja bendito. Alegra-te com a esposa que tens desde a mocidade. Como corça amorosa e gazela graciosa, que os seios de tua esposa sempre te saciem e que te sintas sempre embriagado pelo seu amor”. Eu amo a doçura dessa passagem. Ela chama o homem a encontrar alegria, satisfação e intimidade sempre e somente na esposa que Deus lhe deu. Convida-o a recordar o prazer que tinha na época em que ele e a esposa eram inocentes e recém-casados. E chama-o a viver nesse prazer. Ele não tem o direito de ir a qualquer outro lugar, não tem o direito de “beber de outra cisterna”, usando a terminologia de Salomão (cf. Pv 5.15). E por que ia querer? O versículo celebra tanto a dádiva do sexo quanto sua exclusividade. A Bíblia chama o homem solteiro a não se intoxicar com mulher alguma. E chama o homem casado a se intoxicar, não com qualquer mulher ou com uma série de mulheres, mas com uma mulher: a esposa de sua mocidade. Toda vez que se entrega à pornogra�a, cada vez que cede à cobiça sexual, você está diminuindo sua capacidade de se focar em uma só mulher, de se intoxicar em seu amor e de encontrar alegria e satisfação somente nela. Apenas alguns versículos depois aparecem estas palavras sensatas: “Pois os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor; ele observa todas as suas veredas. O ímpio, porém, será preso por suas próprias maldades e detido pelas cordas do seu pecado. Ele morre pela falta de disciplina e anda sem rumo pelo excesso de loucura” (v. 21-23). Homens que se recusam a ser intoxicados com o amor da esposa, homens que encontram prazer no corpo (ou nas imagens do corpo) de outras mulheres estão cometendo grande loucura. Não se trata de simples bobagens inconsequentes, e sim de atos que colocam o homem em perigo de morte. É uma loucura moral que leva à destruição espiritual. Essa loucura, essa falta de disciplina, essa falta de preocupação com o próprio pecado desvia o homem do caminho que conduz à vida moral e espiritual, levando-o ao único caminho que lhe resta: o que leva em direção à morte espiritual e moral. Mulheres mais jovens como irmãs A última passagem que me ajudou de forma especial foi 1Timóteo 5.1,2, que diz: “Não sejas duro na repreensão ao idoso, mas exorta-o como a um pai; aos jovens, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs, com toda pureza”. Vi aqui a conexão entre as mulheres da pornogra�a e a ordem de Deus para que eu trate todas as jovens como irmãs. Como poderia fazer isso se estivesse olhando maliciosamente para elas na tela? Como poderia olhar de forma libidinosa para essas jovens na tela e, em seguida, imaginar que seria capaz de apagar tal cobiça sexual e tratar outras jovens de minha vida como irmãs? Ceder à cobiça sexual em uma área teria impacto em todas as outras áreas. Deus deu-me a ordem de ver as jovens não como objetos sexuais, mas como irmãs. Eu tinha de me relacionar com elas com toda a pureza — em meu coração, em minha mente, em minha vida. Esses versículos, apesar de serem uma compilação eclética, desa�aram- me profundamente. Mais do que isso, rede�niram minha mente. Eu os memorizei, ponderei sobre eles, mantive-os em mente e vivi por eles. Ao longo do tempo, eles desintoxicaram minha alma. Qualquer desejo de me entegar à cobiça sexual desvaneceu. Sei que essa foi uma obra de Deus, porque ele operou por meio de sua Palavra, exatamente como disse que faria. Em lugar da tendência antiga, ele me deu um grande e ainda crescente amor por minha esposa e aumentou a alegria e a satisfação em meu relacionamento com ela. Eu não trocaria isso por nada. SUA PRÓPRIA ARMA SECRETA Antes de concluir, quero acrescentar mais um fator a essa mistura. Deve ser a arma secreta menos utilizada na igreja hoje em dia, e o mais irônico é que essa “arma” é uma dádiva extremamente tangível de Deus, um presente especi�camente apresentado para ajudar todos nós a crescer em santidade. Se você quer mesmo vencer a pornogra�a, converse com seu pastor. Considere todos os recursos que a igreja já produziu na luta contra a cobiça sexual e a pornogra�a. Considere o fato inegável de que todos sabem que a tentação sexual é um problema enorme para quase todos os homens, pelo menos durante parte da vida. Por que então desconsideramos uma dádiva de Deus de fundamental importância planejada para nos ajudar a crescer em santi�cação? Por que negligenciamos a sabedoria e o discernimento de homens chamados e capacitados a pastorear o rebanho de Deus? Há pouquíssimos pastores nos Estados Unidos, por exemplo, que não estejam ajudando alguém a lutar contra a pornogra�a. Sua história não será nem um pouco nova. Disponha-se a pedir ajuda. Ponha de lado seu orgulho e vergonha e quebrante-se. Não se engane pensando que, por serem pecados ocultos, a pornogra�a e a masturbação são incomuns. A luta do homem contra a tentação sexual é essencialmente universal. Você acha que talvez seu pastor responderá: “Estou simplesmente chocado. Para mim você era a última pessoa que lutava nessa área”? Con�e em mim: isso não vai acontecer. Em vez disso, posso quase garantir que ele vai ser solidário e estará tanto disposto quanto ansioso por ajudá-lo a lutar e a vencer. Embora Deus possa às vezes eliminar o desejo de ver pornogra�a, é muito mais provável que o processo de libertação seja longo e difícil. É bem possível que você precise de ajuda. Portanto, atravesse essa ponte e assuma o compromisso de buscar a ajuda de seu pastor. A igreja local é o contexto ideal para combater esse tipo de pecado. Lá você encontrará a autoridade e o apoio que o ajudarão a lutar e, em última análise, a vencer. Sei que algumas pessoas não têm acesso fácil a seus pastores. Nesse caso, encontre um cristão maduro, con�ável (certi�que-se de que ele atenda a essas quali�cações!), com quem você possa conversar. É provável que você não tenha muito sucesso se procurar um colega, alguém de sua idade ou mais jovem. Procure um cristão a quem você ama e respeita e conte aquilo com que está lutando. E isso envolverá quebrantamento e humilhação, o que não poderia ser diferente. Deixe-me fazer um alerta sobre os relacionamentos de prestação de contas. Embora eu esteja convencido de que em muitos casos podem ser muito úteis, eles também representam um perigo sutil. É possível que venhamos a temer alguém com quem nos abrimos mais do que tememos ao Senhor. O temor de Deus pode �car atrás do temor do homem à medida que nosso desejo de honrar a Deus é ofuscado pelo desejo de ter apenas coisas boas para relatar em nosso próximo encontro de prestação de contas. Não estou nem falando sobre a tentação de mentir nesse encontro. Estou falando sobre o que se passa em seu coração enquanto você luta contra a tentação sexual. Um dia você está lutando para a glória de Deus e no próximo está lutando para evitar a vergonha diante do homem. Devemos querer crescer em santi�cação não para impressionar os outros ou diminuir o desconforto pessoal, mas para cada vez mais honrar a Deus em todas as coisas.Ao escrever sobre o valor do apoio mútuo na comunidade da igreja local, Paul Tripp menciona: “O objetivo do relacionamento não é apanhar a outra pessoa cometendo um erro, mas motivá-la e incentivá-la a fazer o que é certo. Ministramos um ao outro sabendo que, embora a lei seja capaz de revelar o pecado, somente a graça pode nos livrar dele!”. Encontre uma pessoa motivada não a apanhá-lo em seu pecado, mas a exortá-lo, a orar por você e a repreendê-lo, se necessário. Em outras palavras, busque para você um verdadeiro mentor. A PUREZA E SEU FUTURO Pode ser fácil pensar que ver pornogra�a uma vez por outra, vendo imagens que servem de combustível para a masturbação, não trará consequências. Mas, se você já pensou assim, se ainda pensa assim, você está errado. Você está pecando contra Deus e contra sua atual ou futura esposa, e assim prejudicando a si mesmo. Cada ato de pecado sexual reduz sua capacidade de ser líder e alguém que ama de verdade. Quando você peca sexualmente, seja antes, seja durante o casamento, você empilha todo tipo de bagagem nas costas do relacionamento conjugal presente ou futuro. Consequentemente, o relacionamento é obrigado a carregar um peso desnecessariamente pesado e complicado. Coisas que poderiam ter sido mais fáceis se tornam mais difíceis, algumas vezes de forma permanente. Surgem complicações e tentações que nunca deveriam surgir. Sim, nosso Deus é benevolente e perdoador para com todo pecador arrependido, mas há consequências para o pecado que mesmo o perdão de Deus não pode apagar completamente. Portanto, não zombe da graça de Deus nem faça pouco caso de sua clemência. Não defraude sua esposa — mesmo que ainda não a tenha conhecido. Não defraude a si mesmo ou a esse relacionamento precioso. Não defraude seus �lhos, de hoje ou do futuro, tornando-se menos capaz de dar a eles um modelo de vida conjugal que honre a Deus, que se ajuste às Escrituras e que estabeleça um padrão bíblico piedoso. Se um jovem pudesse olhar à frente e ver como seria sua vida sem a bagagem do pecado sexual — como seria o casamento se tivesse aproveitado os recursos da graça de Deus —, ele clamaria a Deus para ser mais forte, e Deus atenderia a esse clamor. Solteiro ou casado, não é tarde demais para você clamar agora. Não é demasiado tarde para parar de aumentar a bagagem. Não é tarde demais para se desintoxicar. Em sua misericórdia, Deus vai começar a puri�cá-lo e a remover a pilha dessa bagagem, talvez quase na totalidade. Quero incentivá-lo a deixar que todos os recursos da graça de Deus o motivem à pureza moral. Entre esses recursos-chave estão a Bíblia, a oração e a con�ança na graça e no poder de Deus para o exercício do autocontrole. Mantenha vivo em sua mente o fato de que na cruz Jesus Cristo carregou sobre si todo o seu pecado sexual. Enfrentou o justo castigo por esse pecado e a plenitude da ira de Deus; enfrentou a morte que esse seu pecado exige. Ao ressuscitar, mostrou que havia triunfado sobre a morte. Agora lhe oferece vida e liberdade — liberdade do pecado, liberdade até mesmo do desejo de pecar. Alguns homens conseguem afastar-se da pornogra�a por um ato da vontade. Se esse é o seu caso, então ótimo: siga em frente. Alguns conseguem fazer isso construindo muros de legalismo e obrigando-se a viver dentro desses limites. Essa abordagem troca o autofoco pecaminoso da pornogra�a pela autossu�ciência pecaminosa do legalismo, por isso não tenho o menor entusiasmo de incentivar esse enfoque. Muitos homens, provavelmente a maioria, precisam de ajuda de fora — algum tipo de prestação de contas que enfatize a exortação e a transparência e que rejeite a condenação e o legalismo. Assim, se essa é uma batalha que você luta somente com Deus ou com Deus e mais os seus irmãos em Cristo, você deve em última análise encontrar a liberdade por meio da Palavra de Deus. Precisamos combater o pecado com a verdade de Deus, substituindo as mentiras nas quais queremos acreditar pelo que Deus diz ser verdade. Talvez alguns dos versículos que Deus usou na minha vida o ajudem; talvez ele o ajude a encontrar outros. Mas, seja qual for o caso, recorra à Bíblia e encontre ali tanto o fundamento para a pureza quanto a sabedoria que pode ajudá-lo momento após momento. Alguns dos e-mails mais trágicos que recebi em todo o meu ministério na internet vêm de mulheres com idade em torno de 45 anos. Relatam histórias da ruína absoluta de maridos que entraram na pornogra�a quando jovens e nunca se preocuparam em abandoná-la. E aí estão eles, tantos anos depois, ainda prejudicando a si mesmos, à esposa e à família. As escolhas que �zeram quando jovens ameaçam hoje dilacerar sua família. Nunca desistiram de seus pecados; apegaram-se a eles, alimentaram-nos, seguiram nesse padrão todos esses anos. As mulheres, aquelas com quem Deus chama esses homens a se intoxicarem pelo resto da vida, convivem com buracos no coração, desejando que o marido tome seu lugar e os preencham. Será que sua esposa pode estar entre essas mulheres algum dia? O fato é que Deus não nos dá passe livre quando se trata de pecado; não nos permite viver de forma descontrolada por um tempo e depois simplesmente “nos safar”. O pecado traz consequências, quer você peque aos dezoito, quer aos oitenta anos. Abandone seu pecado hoje. Busque a liberdade. Busque a Cristo. Para você refletir 1. Em seu coração, você espera ter um relacionamento sexual normal, longo e terno com sua esposa? Ou acha que se sentirá incompleto se não tentar os tipos de atos que presenciou na pornogra�a? 2. Você já se pegou pensando que o que faz moralmente não importa muito no cômputo geral da vida? Acredita que os pecados que comete hoje podem ter consequência para você e sua família daqui a muitos anos? 3. Você acredita que a Bíblia oferece ajuda e orientação não apenas para o quadro geral, mas também para cada momento e a cada desa�o da vida? 4. Você tem pastores aos quais possa recorrer quando estiver lutando com esse pecado ou com qualquer outro? E quanto a homens mais velhos que possam servir de mentores? 5. Se você ainda está vendo pornogra�a, está disposto hoje mesmo a falar sobre seu problema com seu pastor, com seu pai ou com um mentor? 6. Das passagens que se mostraram úteis para mim, alguma delas foi útil a você? Qual ou quais e por quê? 7. Quais versículos bíblicos você pretende usar como meta ou como medida de seu desejo de ter com sua esposa um relacionamento sexual bem-sucedido e que glori�que a Deus? Se você não conhece esses versículos, como vai encontrá-los? FONTES CITADAS Dobson, James. Adolescência feliz: como enfrentar as mudanças no corpo e na mente. São Paulo: Mundo Cristão, 1997. Harris, Joshua. Sexo não é problema (lascívia, sim): pureza sexual em um mundo saturado de lascívia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. Levitt, Stephen D. & Dubner, Stephen J. Superfreakonomics: o lado oculto do dia a dia. Rio de Janeiro: Campus, 2009. Lewis, C.S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: wmf Martins Fontes, 2009. Perkins, Bill. Quando homens �éis são tentados. São Paulo: Vida, 2008. Tripp, Paul David. Broken down house. Wapwallopen: Shepherd Press, 2009. A HISTÓRIA DESTE LIVRO Este é o livro que ajudou a lançar uma editora pouco comum. Na verdade, a história deste livro e a história da formação da Cruciform Press são praticamente inseparáveis. Queremos relatar, de forma breve, como tudo aconteceu. Em agosto de 2009, Tim Challies começou um diálogo com Kevin Meath sobre edição de livros. Em pouco tempo, a conversa entre os dois freelancers convergiu para temas que se cruzavam, como publicação e tecnologia digital. Logo, a ideia de um negócio começou a se formar. Nos últimos anos, a indústria da música havia se transformado — de forma rápida, radical e de�nitiva —, à medida que a tecnologia rede�nia o modo de as pessoas obterem e desfrutarem a música. Algo semelhante começara a acontecer na publicação impressa, embora um poucomais lentamente, com a tecnologia alterando a forma e o momento de lermos, assim como nossas expectativas sobre a leitura. Dessa maneira, Tim e Kevin decidiram que, para iniciarem um negócio, teria de ser algo construído em torno da resposta a uma única pergunta: “Como seria uma editora cristã centrada no evangelho se nascesse inserida na realidade tecnológica do século 21?”. A ideia era intrigante, mas os dois estavam muito ocupados com outros projetos para sair ao encalço de mais um. Em novembro, Tim preparou uma série de postagens que intitulou “Desintoxicação sexual”. Resultado de inúmeras e longas conversas com jovens do sexo masculino, essa série foi usada por Deus para ajudar muitos deles a identi�car e a lidar com as toxinas sexuais decorrentes da pornogra�a. Tim posteriormente compilou a série em um e-book. Tornou-a disponível gratuitamente em seu blog, de onde foi baixada milhares de vezes. Em resposta a pedidos repetidos para tornar o livro disponível em formato impresso, Tim voltou-se para Kevin para obter ajuda. Isso reacendeu o diálogo sobre criarem juntos um negócio, e logo perceberam que já podiam começar a trabalhar no primeiro livro da empresa. Porém, quanto mais seriamente conversavam sobre começar um negócio, mais claro �cava que precisariam de ajuda. Em março de 2010, procuraram um amigo em comum, Bob Bevington, veterano, experiente na abertura de diversos negócios e, além de tudo, escritor cristão. Bob encantou-se com a ideia, e poucas semanas depois os três começavam de fato o trabalho de estabelecer a Cruciform Press. Desintoxicação sexual é nosso primeiro livro. Direcionado a homens — não apenas a jovens, mas a homens de todas as idades — e lidando com um problema de tão grande proporção, é nossa esperança que este livro ajude um número cada vez maior de homens a compreender o chamado de Deus para que fujam da cobiça sexual da juventude e busquem a pureza. A Cruciform Press espera e con�a também que, pela graça de Deus, possa continuar publicando livros breves, claros, criativos e bíblicos, livros que aproximem seu coração das in�ndáveis glórias do evangelho de Jesus Cristo, o qual é de grande aplicação em cada área da vida. ADENDO Como adendo, oferecemos aqui, na íntegra, um sermão de Charles Spurgeon sobre 1Coríntios 10.13. Esse é, sem sombra de dúvida, um dos principais versículos da Bíblia sobre resistir à tentação de todo tipo, sobretudo — como incontáveis homens cristãos certamente podem atestar — a tentação sexual. Nos dias de Spurgeon, diálogos públicos sobre tentação sexual eram geralmente camu�ados sob eufemismos. Não há aqui referência direta à masturbação, imagens lascivas ou histórias de brutalidade. Mas não se engane: as questões essenciais da tentação contra a qual os homens lutam hoje são as mesmas da década de 1880. Esse sermão pode empregar um vocabulário diferente do utilizado por Desintoxicação sexual, mas trata da mesma mensagem. CONFORTO AOS QUE SÃO ALVO DE TENTAÇÃO Um sermão de Charles Spurgeon sobre 1Coríntios 10.13 Sermão proferido por Charles H. Spurgeon no Metropolitan Tabernacle, em Newington, numa quinta-feira à noite, dia 27 de setembro de 1883. Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é �el e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar (1Co 10.13). Todos os filhos de Deus estão sujeitos à tentação. Alguns são tentados mais que outros, mas, tirando os que, de tão jovens, não têm consciência do mal, estou convencido de que não há nenhum que entrará no céu sem ter sofrido tentação. Se há alguém que escapou, certamente foi “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Mas você deve se lembrar de como ele foi levado pelo Espírito para o deserto, diretamente das águas do batismo, para ser tentado pelo Diabo. O apóstolo Paulo informa também que, “à nossa semelhança, foi tentado em todas as coisas, porém sem pecado” (Hb 4.15). O Senhor Jesus pode verdadeiramente dizer a nós, que somos seus seguidores: “Se eu, seu Mestre e Senhor, fui tentado, você não pode pensar que escapará da tentação, porque o discípulo não está acima de seu mestre, nem o servo acima de seu Senhor”. O fato de sermos tentados deveria nos quebrantar, pois é uma triste evidência de que o pecado ainda permanece em nós. Tenho idade su�ciente para lembrar do tempo em que esfregávamos uma pederneira contra um pedaço de aço para obter fogo pela manhã. E recordo que sempre parava de tentar produzir faísca quando descobria que não havia mecha na minha caixa de apetrechos. Acredito que o Diabo não é tolo, e, se o homem estivesse sem mecha em sua caixinha de fogo — ou seja, sem corrupção em sua natureza —, Satanás não continuaria a tentá-lo por muito tempo. Não desperdiçaria tempo num exercício inútil desses. O homem que acredita ser perfeito nunca poderá fazer a Oração do Senhor. Terá de criar a própria oração, pois nunca desejará dizer: “... não nos deixes entrar em tentação” (Mt 6.13). No entanto, amados, como o Diabo acredita valer a pena gastar tempo em nos tentar, podemos concluir que há algo em nós que é propenso à tentação — que o pecado ainda habita em nós, apesar de a graça de Deus nos ter renovado o coração. O fato de sermos tentados também deve nos lembrar de nossa fraqueza. Acabei de fazer referência ao modelo de oração de nosso Senhor Jesus Cristo, em que temos a frase “não nos deixes entrar em tentação” (Mt 6.13). A razão para apresentar uma petição dessas é certamente o fato de sermos tão fracos e frágeis. Pedimos que não sejamos sobrecarregados porque temos costas fracas. Suplicamos que o pecado não seja colocado diante de nós em nenhuma de suas formas atraentes, pois muitas vezes a carne toma emprestada a força do mundo e até mesmo do Diabo, e essas potências aliadas passam a ser demasiadamente grandes para nós, a menos que a onipotência de Deus seja exercida a nosso favor, sustentando-nos para nos impedir de cair. Alguns �lhos de Deus que conheço �cam muito atribulados pelo fato de serem tentados. Acreditam que poderiam suportar a provação caso ela viesse desacompanhada do pecado. Mas não vejo como, via de regra, podemos separar provação de tentação, uma vez que cada prova que vem sobre nós tem em si um tipo ou outro de tentação, tanto no que se refere à descrença ou à murmuração quanto no que diz respeito ao uso de meios errados para escapar da provação. Somos tentados, no sentido de sermos testados, tanto pelas misericórdias recebidas quanto pelos infortúnios sofridos. Mas, para o �lho de Deus, o mais grave é que, às vezes, ele é tentado a fazer ou a dizer coisas que absolutamente odeia. O �lho de Deus vê diante de si, com aspecto agradável, pecados completamente abomináveis para ele, pecados cujo próprio nome nem sequer pode suportar. No entanto, Satanás vem e coloca diante dele as carnes impuras em que ele se recusa a tocar. E sei que o Diabo tenta o povo de Deus injetando na mente pensamentos blasfemos, arremessando-os em seus ouvidos como um furacão. Ah, mesmo quando você está em oração, pode acontecer que pensamentos exatamente contrários àquele momento devocional invadam sua mente. Um pequeno barulho na rua o afastará da comunhão com Deus; e, antes mesmo que tome consciência disso, seus pensamentos, como cavalos selvagens, terão galopado por montes e vales, e você mal saberá como reuni-los novamente. Ora, tentações como essas são terrivelmente dolorosas para o �lho de Deus. Ele não pode suportar o hálito envenenado do pecado e, quando descobre que o pecado está batendo à porta, gritando debaixo de sua janela, perturbando-o dia e noite, como tem acontecido a alguns — espero que não a muitos —, sente-se extremamente perseguido e gravemente atribulado. Talvez ajude se eu lembrar essa pessoa que não há pecado em ser tentada. O pecado é do tentador, não do tentado. Se você resistir à tentação, terá umaatitude louvável. Mas não há nada louvável na tentação: ela é má, e nada mais que isso. No entanto, você não tentou a si mesmo, e aquele que o tentou é que deve ser culpado de tentação. Evidentemente, você não é culpado por pensamentos que o a�igem. Eles podem comprovar que o pecado ainda permanece em você, mas não há pecado em ser tentado. O pecado está em ceder à tentação, e você será abençoado se conseguir se afastar dela. Se conseguir vencê-la, se seu espírito não se render a ela, você deve até mesmo ser abençoado por meio dela. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação” (Tg 1.12, rc). Há uma bem-aventurança mesmo na tentação, e, apesar de no presente ela não parecer agradável, mas opressiva, produzirá depois um fruto abençoado para os que por ela são exercitados. Além disso, há coisas piores neste mundo que sermos atacados com tentações dolorosas. É muito pior ser alvo de uma tentação agradável — ser delicadamente sugado para a boca do destruidor —, ser arrastado pela corrente suave para depois ser arremessado catarata abaixo. Isso é terrível! Mas lutar contra a tentação, isso é bom. Digo mais uma vez que existem coisas muito piores que ser provado com uma tentação que desperta toda a indignação de seu espírito. Um antigo teólogo costumava dizer que tinha mais medo de um demônio do sono que de um rugidor. E há grande verdade nessa observação; pois, quando você é deixado completamente em paz e nenhuma tentação o assalta, você tende a �car carnalmente seguro e a dizer, com orgulho: “Eu nunca serei abalado”. Acho que nenhum homem está em perigo tão iminente como aquele que pensa que nenhum perigo lhe possa suceder. Assim, o que nos mantém na torre de vigia, mesmo sendo algo mau em si mesmo, é suplantado pelo bem. A parte mais perigosa da estrada para o céu não é o vale da sombra da morte. Não achamos que Cristão, o protagonista dO peregrino, dormiria com todos aqueles duendes, nem no momento em que achou difícil sentir o caminho e se manter nele, mas, sim, quando ele e Esperançoso chegaram ao Solo Enfeitiçado, “onde o ar naturalmente deixa os homens sonolentos”. Era nesse ponto que os peregrinos entravam em grande perigo, até que Cristão lembrou a seus companheiros de viagem que haviam sido avisados pelos pastores para não dormir quando chegassem a essa parte enganosa do caminho. Creio, portanto, que ser assaltado com tentações dolorosas — as que incitam o espírito quase à loucura —, por pior que seja a prova ou por mais difícil que seja de suportá-la, talvez não seja o pior que nos possa acontecer espiritualmente. De todos os males que o cercam, sempre escolha o menor. E, como essas não são as tentações mais prejudiciais, não entre em total desespero caso lhe caiba ser tentado como foram muitos antes de você. Isso é o su�ciente como introdução a uma pequena conversa sobre tentação, com o propósito de confortar qualquer pessoa extremamente tentada por Satanás. Sei que estou falando a muitos nessa condição e por isso gostaria de repetir as palavras da nossa passagem: “Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é �el e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar” (1Co 10.13). Querido amigo sob tentação, lembre-se de que você não deve se sentar em desespero e dizer: “Estou sendo profundamente tentado agora e temo ser tentado de forma cada vez pior, até que meus pés deslizem, e eu caia, e pereça completamente”. Não fale como Davi quando foi caçado como uma perdiz nos montes — “Algum dia ainda morrerei pela mão de Saul” (1Sm 27.1) —, mas creia que o Senhor, que lhe permite ser tentado, lhe dará livramento em seu próprio e bom tempo. I.Aqui está seu primeiro conforto. houve um limite em todas as suas provações anteriores. “Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana...” Por vezes, a tentação tem se apoderado de você, como um estrangulador pega um homem pela garganta, de repente. Tem se apoderado de você — talvez esse seja o verbo mais preciso que eu possa usar. Ela tem se apoderado de você de surpresa, amarrando-o e imobilizando-o com rapidez. E, ainda assim, as tentações que você suportou até agora não vão além das que acometem a todos os homens. Em primeiro lugar, são como aquelas enfrentadas por seus companheiros cristãos. Sei que você é tentado a pensar que é um viajante solitário em uma estrada que ninguém jamais atravessou; mas, se examinar cuidadosamente a trilha, descobrirá as pegadas de alguns dos melhores servos de Deus que passaram ao longo desse caminho enfadonho. É uma viela muito escura, você diz, que pode realmente ser chamada “Viela Mortal”. Ah! Mas você vai descobrir que os apóstolos percorreram esse caminho, os que confessaram sua fé passaram por esse caminho, mártires andaram por esse caminho e o melhor dos santos de Deus foi tentado assim como você está sendo agora. “Ah!”, dirá alguém, “mas estou sendo tentado, como você disse há pouco, com pensamentos blasfemos e horríveis”. Assim foi com o mestre John Bunyan. Leia Grace abounding to the chief of sinners [Graça abundante ao principal dos pecadores] e veja as coisas pelas quais ele teve de passar. Muitos outros tiveram experiência similar, e entre eles estão alguns de nós que estamos vivos para lhe dizer que sabemos tudo sobre essa forma especial de tentação, embora o Senhor tenha nos livrado dela. “Ah!”, diria outra alma tentada, “mas tenho sido tentado até mesmo no que se refere a me autodestruir ”. Essa também não tem sido uma tentação incomum até mesmo aos santos mais queridos de Deus, e, embora ele os tenha preservado e mantido vivos, ainda assim muitas vezes eles se sentiram como Jó, quando disse: “Pre�ro ser estrangulado, e sofrer a morte, a este meu sofrimento” (7.15). “Ah!”, exclama outro, “sou tentado ao pior dos pecados, ao mais vis pecados, e não deveria me atrever nem sequer a mencionar as abominações que Satanás me tenta a cometer”. Você não precisa me dizer, e con�o que você será preservado contra elas pelo poder onipotente do Espírito Santo de Deus. Mas posso garantir que mesmo os santos no céu, se lhe pudessem falar neste momento, diriam que alguns deles foram grandemente a�igidos — mesmo alguns dos mais valorosos dentre eles, que andaram mais próximos a Deus, foram duramente atormentados por tentações que não teriam mencionado a seus companheiros, tamanha perturbação sofrida por eles. Talvez ainda outro amigo diga: “Na verdade, tenho sido tentado à autojustiça, que é a maior tentação que pode acontecer a um homem cuja con�ança está totalmente em Cristo”. Bem, foi o que aconteceu ao mestre John Knox, o grande pregador da justi�cação pela fé. Quando estava morrendo, foi tentado a gloriar-se em sua própria coragem por Cristo, mas lutou contra esse mau pensamento e o superou, assim como você pode superá-lo. Você acha que, quando um homem é muito paciente, ele não é tentado à impaciência. Irmão, o Espírito de Deus diz, pela pena do apóstolo Tiago: “Ouvistes sobre a paciência de Jó” (5.11). Sugiro a você esta pergunta: “Você não ouviu falar da impaciência de Jó?”. Você já ouviu falar, sem dúvida, da grande fé de Pedro. Nunca ouviu falar da incredulidade de Pedro? Os membros do povo de Deus costumam falhar precisamente naquilo em que são mais famosos, e, no que diz respeito às biogra�as bíblicas, o homem que tem maior notoriedade por toda a obra do Espírito de Deus em sua vida geralmente é o que falhou exatamente onde pensava ser mais forte. “Já li sobre a vida de homens bons”, você diz, “e não sou como eles”. Devo dizer por quê? Porque a vida deles não foi inteiramente escrita; mas, quando o Espírito Santo escreve sobre a vida de um homem, ele diz tudo. Quando biógrafos escrevem sobre a vida de homens bons, é claro que não expressam suas lutas internas e medos, a menos que seja o caso de um homem como Martinho Lutero, cuja vida se caracterizoupor uma contínua luta interior e que, embora parecesse corajoso por fora, não raro tremia por dentro. Quando escreverem sobre minha vida, vão contar que tive uma fé forte, mas não vão contar tudo sobre o outro lado dela. E então você vai talvez �car pensando: “Ah, não consigo chegar à altura que Spurgeon atingiu!”. Isso é porque lhe falta o conhecimento do interior do ser humano, pois, se você conhecesse o interior e o exterior do homem que caminha mais próximo a Deus — se for sincero e honesto, há de contar —, saberia que as tentações pelas quais você tem de passar são as mesmas tentações pelas quais ele teve de passar. E ele sabe que as terá muitas outras vezes e sabe que, como diz o apóstolo: “Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana...”. Então repito: nenhuma tentação o assaltou que seja diferente daquelas com que os homens em geral são testados em determinado processo de provação. Esse momento não é o da vitória �nal, irmão. É a hora da batalha, e as armas usadas contra nós são as mesmas empregadas contra os exércitos dos �éis em todas as épocas. Você e eu nunca fomos tentados como os anjos que mantiveram seu primeiro estado e venceram a tentação. Não posso dizer como o príncipe das trevas foi tentado ou como tentou seus companheiros, servos da lealdade ao grande Rei; mas de uma coisa tenho certeza: você nunca foi assaltado com a tentação própria de um anjo. Sua tentação só foi aquela adequada a um homem e aquela que outros homens como você superaram. Outros lutaram bravamente contra tentações semelhantes à sua, e você deve fazer o mesmo. Sim, você deve fazer o mesmo pelo poder do Espírito de Deus que repousa sobre você. Costuma-se dizer, nos assuntos da vida comum, que o que o homem fez o homem pode fazer, e isso vale também em relação à vida espiritual. As tentações vencidas por outros homens podem ser vencidas por você, se você procurar a mesma fonte de força e se a buscar no mesmo nome em que eles buscaram. A força para vencer a tentação vem de Deus somente, e o nome da vitória é o nome de Jesus Cristo; portanto, avance nessa força e nesse nome contra todas as suas tentações. Mãos à obra, pois já foram derrotadas muito tempo atrás, e você deve derrotá-las novamente. Não estremeça por seguir de luta em luta e de vitória em vitória, como aconteceu a outros que vieram antes de você e agora entraram em seu descanso. Outros já estiveram de luto aqui na terra e molharam de lágrimas seus leitos; lutaram arduamente, como nós, agora, com pecados, e dúvidas, e medos. Se você pudesse perguntar a eles de onde veio a vitória, eles a atribuiriam aos recursos que estão tão disponíveis a você quanto estiveram a eles — precisamente à randiosa obra de Deus, ao Espírito Santo e ao sangue e à justiça do Senhor Jesus Cristo. Nenhuma tentação aconteceu a você diferente daquelas com as quais os seres humanos podem lidar e conseguem superar com a ajuda de Deus. Repito: até agora nenhuma tentação lhe sucedeu além das que são comuns ao homem, e a todas Cristo enfrentou. O grande cabeça da humanidade, o representante dos homens, sofreu a mesma tentação que agora está a�igindo você. “Em toda a angústia deles” — ou seja, a a�ição de seu povo no deserto, que é exatamente igual à sua, se você está no deserto —, “em toda a angústia deles, ele também �cou angustiado, e o anjo da sua presença os salvou” (Is 63.9). Ele estava rodeado por enfermidades, “homem de dores e experimentado nos sofrimentos” (Is 63.9). Repetindo o texto que já citei e que é tão adequado aqui, ele, “à nossa semelhança, foi tentado em todas as coisas” (Hb 4.15). “Por essa razão era necessário que em tudo se tornasse semelhante a seus irmãos, para que viesse a ser um sumo sacerdote misericordioso e �el nas coisas que dizem respeito a Deus, a �m de fazer propiciação pelos pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo sofreu, ao ser tentado, pode socorrer os que estão sendo tentados”. Ele sabe tudo sobre o problema de cada um de nós e sabe como lidar com ele e como sustentar-nos em meio à luta. Portanto, queridos amigos, nenhuma tentação lhes sucedeu exceto a que é comum aos homens, no sentido de ter sido enfrentada por homens como vocês, tendo sido superada por homens como vocês e tendo sido enfrentada e vencida por seu Representante bendito, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Venha então, amado, e deixe que se dissipe todo o mistério em relação a suas tentações. O mistério dá margem à espada da provação. Talvez a mão que escreveu na parede não teria amedrontado Belsazar, se ele pudesse ter visto o corpo ao qual pertencia aquela mão. A�nal, não há mistério sobre seu problema. Embora você o tenha quali�cado como sem dúvida o maior que já sucedeu a qualquer ser humano antes, isso não é a verdade; você não é um imperador no reino da desventura. Não pode verdadeiramente dizer “Eu sou o homem que viu a a�ição mais que todos os outros”, pois seu Senhor suportou muito mais que você já suportou, e muitos de seus santos, que passaram da fogueira à coroa, devem ter sofrido muito mais do que você tem sido chamado a sofrer até o momento. II. Voltemo-nos ao segundo conforto revelado em nossa passagem: a fidelidade de Deus. “Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é �el...” Ah, que palavra abençoada esta: Deus é �el! Portanto, ele é �el à sua promessa. Mesmo Balaão disse: “Deus não é homem para que minta, nem �lho do homem, para que se arrependa. Por acaso, tendo ele dito, não o fará? Ou, havendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19). Uma das promessas de Deus é: “Nunca te deixarei, jamais te desampararei” (Hb 13.5). “Deus é �el“; então vai cumprir essa promessa. Aqui está uma das promessas de Cristo, e Cristo é Deus: “... minhas ovelhas. Estas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrancará da minha mão” (Jo 10.26-28). “Deus é �el”, então essa promessa será cumprida. Você certamente já ouviu esta promessa muitas vezes: “... a tua força seja como os teus dias” (Dt 32.25). Você acredita nisso ou vai fazer de Deus um mentiroso? Se acredita, então varra de sua mente todos os pressentimentos sombrios com esta pequena frase abençoada: “Deus é �el”. Observe, em seguida, que não apenas Deus é �el, mas também é o Senhor da situação, para que possa cumprir sua promessa. Note que o texto diz: “e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir” (1Co 10.13). Assim, você não poderia ter sido tentado se Deus não tivesse permitido que isso acontecesse. Deus é muito mais poderoso que Satanás. O diabo não pôde tocar em Jó, exceto por permissão divina, nem ele pode tentar e provar você a menos que Deus permita. Ele precisa de autorização do Rei dos reis antes que possa tentar um único santo. Por quê? Satanás não tem permissão para manter a chave da própria casa, pois as chaves da morte e do inferno estão presas ao cinto de Cristo, e, sem a permissão de Deus, o cão do inferno não pode sequer abrir a boca para latir a um �lho de Deus, muito menos para vir e preocupar qualquer uma das ovelhas a quem o Senhor, por sua graça, chamou a seu aprisco. Por isso, amado, você tem grande razão de consolo pelo fato de a tentação que o prova ainda estar sob o controle do Criador �el que “não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”. Essa é uma segunda razão para o conforto; saboreie-a debaixo da língua como um pedaço de doce. III. O terceiro conforto está na restrição que Deus impõe à tentação. “... não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir” A maré da provação deverá subir ao mais alto nível da água, e então Deus dirá: “Até aqui virás, mas não avançarás; e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas” (Jó 38.11). Ele “não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”. Isso pode aplicar-se, às vezes, ao período em que a tentação sobrevém. Tenho observado cuidadosamente como Deus controla o tempo daprova de seu povo. Se tal e tal provação tivesse vindo a um de seus �lhos quando jovem, acredito que ele não teria suportado; ou, se a pessoa tivesse perdido algum amigo querido enquanto ela mesma estivesse doente, o problema em dobro a teria esmagado. Mas Deus envia nossas provações na hora certa e, se coloca um peso extra de uma forma, tira algum peso de outra forma. “Tu [...] os expulsaste com o vento forte, na época do vento oriental” (Is 27.8). Trata-se de algo muito simples, mas verdadeiro: se o vento sopra do Norte, não sopra ao mesmo tempo do Sul; e, se uma série de problemas vem a um homem cristão, outra série de problemas geralmente se afasta dele. John Bradford, o famoso mártir, sofria muitas vezes de reumatismo e depressão de espírito, algo com que posso muito me identi�car. Mas, quando foi aprisionado em um calabouço sujo e úmido e soube que nunca sairia dali a não ser para morrer, escreveu: “É singular o fato de que, desde que estou nesta prisão, já tendo outras provas para suportar, meu reumatismo e minha depressão de espírito não tenham nem sequer tocado em mim”. Isso nem se quer é uma grande bênção? E você vai descobrir que normalmente é assim; você não será tentado além do que é capaz de suportar, porque Deus vai permitir que a prova venha em um momento em que você seja mais capaz de suportá-la. Há também grande bondade da parte de Deus quanto à duração da provação. Se algumas de nossas provas durassem muito mais tempo, se tornariam muito pesadas para suportar. Com respeito à destruição de Jerusalém, nosso Senhor disse: “E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos eles serão abreviados” (Mt 24.22). Não tenho dúvida de que muitas vezes Deus opera de imediato nas provações de seus �lhos, porque, se continuassem por mais tempo, elas não teriam um efeito bom, mas ruim sobre nós. Se uma criança precisa ser corrigida, não deixe a punição durar como se ela fosse um criminoso que deve ser condenado por longo período; dê-lhe o castigo merecido e encerre a questão. Assim acontece muitas vezes na disciplina da casa de Deus. Entretanto, existem provas que são prolongadas ano após ano, porque a provação é um ingrediente e�ciente e, se fosse encurtada, talvez não nos abençoasse. Em todos os casos, há uma sabedoria in�nita que torna nossos problemas tão longos quanto necessário, e não mais que isso. O mesmo se aplica ao número de provações. Bendito seja Deus, Se ele ordena o número dez, nunca pode ser onze. Se ele planeja que seus servos passem pelo fogo e não pela água, o próprio Satanás não pode fazê-los passar pela água. Deus conta as gotas do tônico amargo que dá a seus santos enfermos, e eles não poderão receber nenhuma gota a mais do que ele determinou. Então, queridos �lhos de Deus que hoje experimentam a tentação, as tentações que enfrentarão, bem como o número delas, não serão maiores do que podem suportar. O mesmo também acontece quanto à força em que a tentação sobrevém. Você nunca viu uma grande árvore sob o impacto de uma tremenda tempestade? Ela balança para lá e para cá e parece pouco capaz de recuperar-se dos golpes poderosos da tempestade; no entanto, as raízes a sustentam. De repente, vem outro tornado, e parece que a árvore será lançada para fora da terra, mas a tensão cessa justamente a tempo de o velho carvalho balançar com fúria de volta a seu lugar. Entretanto, se quase um quilo de força a mais fosse exercido naquela tremenda explosão, a árvore cairia prostrada sobre a grama. Assim Deus, no caso de seu povo, em todas as circunstâncias, só para no ponto certo. Você pode ser tentado até não ter nem um pingo a mais de forças. Às vezes, o Senhor prova seu povo até parecer que mais um sopro dele certamente faria com que todos naufragassem. É nesse momento então que ele estende sob eles seus braços eternos, e nenhuma outra prova lhes é in�igida. Isso é uma bênção para todos vocês que têm problemas de qualquer tipo, e vocês, que pertencem ao povo de Deus, podem ver este texto e descansar completamente nele: “Deus é �el e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir”. Quanto aos que não são seu povo, sinto muito por vocês. Estou expondo essas verdades preciosas, mas elas não são para vocês. A Palavra de Deus declara: “O ímpio tem muitas a�ições” (Sl 32.10). Se você não tem um Deus em quem buscar refúgio, o que fará quando as tempestades açoitarem seu barco? Para quem ou para onde você pode fugir? O cristão pode cantar: Ó bondoso Salvador, sê tu meu amparador; negras ondas de a�ição, fortes ventos perto estão. Deste espanto e do terror vem salvar-me, ó bom Senhor; e no porto faze entrar minha barca sem quebrar. (Charles Wesley, Salmos e hinos, 169) Mas, pobre alma querida que não ama a Cristo, onde você pode encontrar conforto nos momentos de tristeza e provação? Você, que perdeu a esposa e os �lhos, você, que é oprimido pela pobreza, você, que está atormentado pela doença, você, que ainda não tem o Salvador, o que pode fazer? Pobres sem teto em uma tempestade de neve, o que podem fazer sem ter nem sequer um arbusto para abrigá-los? Esse é exatamente o seu estado, e lamento por vocês, e imploro que não permaneçam nessa condição tão deplorável nem por um momento mais. Venham, almas culpadas, e voem como pombas às chagas de Jesus; este é o dia das boas-vindas do evangelho, em que à graça livre ele conduz. Ah, que a percepção de sua necessidade possa levá-lo a aceitar Cristo como Salvador nesta mesma hora! Quanto a seu povo, que crê nele, há este sólido conforto: nunca serão tentados além do que são capazes de suportar. IV. O próximo conforto que extraímos da nossa passagem relaciona-se com a provisão que o Senhor dá àquele que é tentado. “Mas Deus é �el e [...] juntamente com a tentação providenciará uma saída...” No original grego, o versículo diz: “juntamente com a tentação providenciará uma saída”, pois há uma maneira correta de escapar da tentação. Há vinte maneiras impróprias, e ai do homem que faça uso de qualquer uma delas. Mas há apenas uma maneira adequada de escapar à prova, e esse é o caminho reto, o caminho que Deus providenciou para seu povo trilhar. Deus abriu em meio a todas as provas o caminho por onde seus servos poderiam sair corretamente. Quando os corajosos jovens judeus foram provados por Nabucodonosor, havia um caminho pelo qual poderiam ser preservados da fornalha de fogo ardente. Tinham apenas de dobrar os joelhos diante da grande imagem quando a �auta, a harpa, a cítara e o saltério soassem. Aquela forma de escape nunca teria funcionado, pois não era o caminho certo. O caminho para eles era serem jogados dentro da fornalha e lá terem a presença do Filho de Deus passeando com eles no meio do fogo, o qual não podia atingir. Da mesma forma, sempre que você for exposto a qualquer provação, tenha em mente não tentar fugir da maneira errada. Observe especialmente que o caminho certo é sempre o que Deus planeja; portanto, quem estiver exposto agora à tentação ou à provação não crie sua própria forma de escape. Deus, e somente Deus, tem de fazer isso por você. Por isso, não tente escapar por si mesmo. Conheci um homem que estava com problemas de falta de dinheiro, e a solução que buscou foi usar o dinheiro de alguém de quem ele era o depositário �el. Esse não era o caminho de escape de Deus para ele; por isso, só mergulhou em provação pior que a de antes. Conheço um homem de negócios que estava em grande di�culdade. Tudo estava dando errado para ele; então ele especulou, apostou e arruinou seu negócio e seu caráter pessoal. Aquele não era o caminho de Deus para ele escapar de seus problemas. Às vezes, a melhor coisa que um homem com problemas pode fazer é não fazer simplesmente nada, mas deixar tudo nas mãos de Deus. “Acalmai-vos e vede o livramento que o Senhor vos trará” (Êx 14.13). Quando os israelitas saíram do Egito, Deus os guiou de uma forma que poderia muito bem ter provocadomurmurações. Não havia nada diante deles a não ser o mar, e atrás deles vinha o faraó com toda a sua fúria, gritando: “Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; o meu desejo se fartará deles; arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá” (Êx 15.9). Qual seria agora o caminho de Deus para o escape deles? Exatamente através do mar Vermelho. E do outro lado eles cantaram, quando os egípcios morreram afogados: “Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (Êx 15.1). Teria sido lamentável se tivessem tentado escapar usando métodos próprios ou se tivessem tentado voltar para lutar contra o faraó. Tais alternativas não teriam tido êxito, mas o Senhor preparara para seu povo o melhor caminho de escape que pode haver. Observe também que o Senhor provê o caminho de escape “juntamente com a tentação”. Ele permitiu a prova e, ao mesmo tempo, preparou o caminho para escapar dela. Deus planejou tudo, meu irmão. Não só que você, o campeão dele, sairá e lutará bravamente na força do Senhor, mas também que ele será seu escudo e sua grande recompensa. Ele o guiará ao fogo perigoso; no entanto, providenciará o escape da mesma forma que proveu os meios para você entrar nessa situação. Por isso, vai levá-lo em segurança. Não foi o salmista quem cantou: “àquele que conduziu o seu povo pelo deserto, pois seu amor dura para sempre” (Sl 136.16)? Não só os guiou para o deserto, mas os guiou através dele. Bendito seja seu santo nome! E, se o Senhor o levou para o deserto da angústia e da a�ição, preparou o caminho para a saída ao mesmo tempo que criou a a�ição. “Con�a no Senhor e faze o bem; assim habitarás na terra e te alimentarás em segurança. Agrada-te também do Senhor, e ele satisfará o desejo do teu coração. Entrega teu caminho ao Senhor; con�a nele, e ele tudo fará. Fará tua justiça sobressair como a luz, e teu direito, como o meio-dia. Descansa no Senhor e espera nele; não te aborreças por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do que trama o mal” (Sl 37.3-7). Busque “primeiro o seu reino e a sua justiça” (Mt 6.33), e tudo o mais que precisar lhe será dado. Mantenha-se afastado do pecado da tentação e não precisará temer o sofrimento da tentação. Se as provas não o levam a seus próprios expedientes de escape, mas o levam aos joelhos, elas serão, a�nal, bênção para você. Esse é o quarto conforto, que Deus preparou o caminho para seu povo escapar das provações. “Bem”, dirá alguém, “então vou escapar dessa provação”. Espere um momento, meu amigo, e ouça as palavras de encerramento da passagem bíblica com as quais vou concluir meu discurso. V. Este é o último conforto: o sustento que Deus dá na prova. “para que a possais suportar” O caminho traçado por Deus para o livramento da provação não deve ser evitado pelo povo de Deus, de modo que ela não tenha de trilhá-lo. Antes, constitui um escape que faz o povo de Deus atravessar o problema até a saída na outra extremidade. Não foi uma fuga do mar Vermelho, mas uma fuga através do mar Vermelho que evitou uma provação ainda maior. Se você, amado, está exposto à prova ou à tentação, ele o capacitará a suportá- la. Todavia, ore antes de sair deste prédio, para que essa última palavra, sobre a qual não tenho tempo de me alongar, possa ser cumprida em sua experiência: “para que a possais suportar”. Suponhamos que você tenha de ser pobre. Bem, se Deus assim designou, você será pobre; por isso, ore para que seja capaz de suportar tal situação. Com diligência honesta e com integridade in�exível, lute para chegar a uma posição melhor, mas, se todos os seus esforços falharem, então diga ao Senhor: “todavia, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Talvez seu querido �lho esteja morrendo ou sua esposa esteja enferma; você se apavora com o pensamento de perdê-los e estaria disposto a dar a vida por eles, se pudesse. Bem, faça todo o possível para a recuperação deles, pois a vida é preciosa, e todo o dinheiro gasto para salvá-los será bem gasto; mas, se a saúde não lhes for concedida, ore para que possa ser capaz de suportar até mesmo essa prova tão pesada. É maravilhoso como Deus verdadeiramente ajuda seu povo a passar por problemas que seriam para eles absolutamente esmagadores. Tenho visto mulheres pobres e frágeis que pensei fossem morrer em seu luto, mas se tornaram corajosas e fortes, e vi homens antes covardes diante dos problemas bendizerem ao Senhor pela provação quando o golpe realmente lhes sobreveio. E você pode fazer o mesmo. Suponhamos que você tenha de �car doente. Bem, essa é uma dura provação, e eu, pessoalmente, faria qualquer coisa que pudesse para escapar da a�ição que muitas vezes me atinge; mas, se não tem de ser assim, então preciso mudar minha lista de oração e pedir que eu seja capaz de suportar o sofrimento. Recebi uma carta de um homem de Deus esta manhã que me sustentou muito. Ele diz: “Meu querido irmão, senti muito por ouvir que você estava de novo com dores e com o espírito deprimido, entre outras coisas; mas, quando me lembrei de como Deus o tem abençoado de muitas formas, pensei comigo mesmo: ‘Talvez o sr. Spurgeon não continuasse a pregar as doutrinas da graça e não fosse tão capaz de confortar os fracos �lhos de Deus, se não sofresse essas dores agudas de vez em quando’. Por isso quero parabenizá-lo por tais provações”. Aceitei as congratulações. Você não vai fazer o mesmo, meu irmão ou irmã em a�ição? Ore: “Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice” (Mt 26.39), mas, se ele não afastar, então aqui está aquela outra forma de conforto: “para que a possais suportar”. E lembrem-se, queridos amigos, embora eu os incentive a fazer dessa passagem uma oração, ela é, de fato, uma promessa, e não há oração melhor que uma promessa que se transforma, por assim dizer, em oração. Deus mesmo disse, por seu inspirado apóstolo, que ele “não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar”. Hasteiem as bandeiras, então! Em frente, seja o que for que obstrua o caminho! Cantemos, com o bom e velho John Ryland: Em meio a inundações e chamas, se Jesus guiar, eu o seguirei por onde quer que for. “Não me impeça” deve ser meu exclamar, embora a terra e o inferno venham a se opor. A vida imortal dentro de nós nunca pode ser destruída; a natureza divina que Deus Espírito Santo implantou nunca será pisoteada. “Não te alegres a meu respeito, inimiga minha; quando eu cair, me levantarei; quando eu estiver em trevas, o Senhor será a minha luz” (Mq 7.8). Mas, ah, sinto muito, muito, muito, muito, do fundo da minha alma, por você que não conhece o Senhor, pois esse conforto não é para você! Busque-o, rogo-lhe, busque-o como seu Salvador. Olhe para ele e con�e nele; então, todas as bênçãos da aliança eterna serão suas, pois o Pai concedeu a ele ser o Líder e o Comandante sobre seu povo, e os que olham para ele e o seguem viverão para sempre e sempre. Deus o abençoe, por amor de Cristo! Amém. Capa Ficha Catalográfica Folha de Rosto Créditos Dedicatória SUMÁRIO AGRADECIMENTOS PREFÁCIO QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO? POR QUE O TIM? POR QUE VOCÊ? Um A REALIDADE PREPARANDO-SE PARA A DESINTOXICAÇÃO O MONSTRO CAMUFLADO ESCLARECENDO AS PROMESSAS Para você refletir Dois PORNOGRAFIA VS. CASAMENTO CASAMENTO NÃO É A SOLUÇÃO Para você refletir Três UMA TEOLOGIA DA MASTURBAÇÃO O TESTE DE PERKINS CONDENADA SEM SER CITADA O PREJUÍZO CAUSADO Poluição da mente Isolamento LIDANDO COM A CULPA Para você refletir Quatro AS TRÊS DÁDIVAS DO SEXO O SEXO É BOM O sexo conduz a uma obediência alegre O sexo fortalece a liderança do marido O sexo promove a verdadeira liberdade Para você refletir Cinco DESINTOXICAÇÃO NO QUARTO O QUE O SEXO NÃO É O QUE O SEXO É AS PERGUNTAS CERTAS Para você refletir Seis DESINTOXICAÇÃO EM SUA ALMA O OLHAR DE DEUS Amor e diversãoO caminho do entendimento A fonte da alegria Mulheres mais jovens como irmãs SUA PRÓPRIA ARMA SECRETA A PUREZA E SEU FUTURO Para você refletir FONTES CITADAS A HISTÓRIA DESTE LIVRO ADENDO Conforto aos que são alvo de tentação Um sermão de Charles Spurgeon sobre 1Coríntios 10.13