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HISTORIA DO DIREITO E DIREITO ROMANO AULA 4 Abertura Bons estudos. O Direito e as estruturas políticas no Império Romano Olá! A utilização frequente da magistratura deveria, na verdade, ser excepcional e extraordinária. A ditadura demonstra a crise e a insuficiência da constituição política republicana. Assim, muitos motivos podem ser identificados como responsáveis pela crise da República. R O Império Romano foi a terceira e última fase da história política da Roma Antiga, período em que ocorreram o esplendor e a decadência da civilização romana. Nesta aula você vai ver os principais fatos que determinaram o apogeu e a queda do Império Romano, identificando as estruturas políticas e classificando os instrumentos jurídicos criados nesse período. Referencial Teórico Identificar a estrutura política no Império Romano é uma tarefa importantíssima para bem compreender os instrumentos jurídicos criados naquela etapa, que, por sua vez, são a base para a criação de toda a cultura jurídica ocidental. No texto a seguir, você vai ser convidado a viajar no tempo e estudar o apogeu e a queda do Império Romano para compreender essa herança jurídica e cultural que chegou para nós. Leia mais no capítulo O Direito e as estruturas políticas no Império Romano, da obra História do Direito, base teórica desta aula e, ao final, você estará apto a: • Identificar a estrutura política no Império Romano. • Classificar os instrumentos jurídicos criados no Império Romano. • Explicar o apogeu e a queda do Império Romano. O Direito e as estruturas políticas no Império Romano Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identi� car a estrutura política no Império Romano. Classi� car os instrumentos jurídicos criados no Império Romano. Explicar o apogeu e a queda do Império Romano. Introdução O Império Romano foi a terceira e última fase da história política da Roma Antiga, período em que ocorreram o esplendor e a decadência da civilização romana. Neste capítulo, você vai ler sobre os principais fatos que determinaram o apogeu e a queda do Império Romano, identificando as suas estruturas políticas e classificando os instrumentos jurídicos criados nesse período. A estrutura política no Império Romano Podemos identifi car muitos motivos como responsáveis pela crise da república. O mais importante é a formidável expansão dos seus limites territoriais, que já na época de Júlio César ia desde o oeste da Europa (Hispânia e Gália) até o Oriente próximo, dominando todo o Mar Mediterrâneo, ou mare nostrum. Essa expansão territorial foi muito efi caz para a dominação e globalização implementada no período do Império Romano, mas foi também causa da crise das instituições republicanas, que não encontraram outra solução senão a utilização da ditadura como expediente recorrente. Sebastião Cruz (1969) delimita que, além da expansão territorial, a crise da república também se justificou pela grave desmoralização da gente de Roma, pelo aparecimento de novas classes sociais e pelo próprio antagonismo da velha nobreza e da nova aristocracia (armadores de navios, banqueiros, industriais). Devido a isso, ocorreram lutas de classe de todas as sortes, culminando com a revolta dos escravos que pretendiam liberdade. A divisão da história de Roma pode ser assim delimitada: período da realeza ou monarquia, que começou em 753 a.C. com a fundação de Roma e foi até 510 a.C., com o início da república romana; fase republicana, que foi até 27 a.C., quando Otaviano inaugurou o principado; dominato, que começou em 285 d.C., iniciado por Diocleciano, fase absolutista do Império que, apesar de acabar em 476 d.C. no Ocidente, tem marco final no Oriente em 565 d.C., data da morte de Justiniano, responsável pela compilação de todo o Direito romano. A estrutura política que se instaurou na nova fase da história de Roma foi o principado, primeira etapa do que na historiografia se chama de Império Romano, que, nesse primeiro período, é conhecido como alto império. Pelo menos três séculos englobam esse período e o próximo, chamado de baixo império ou dominato. Este se diferencia politicamente do primeiro porque são instaurados uma monarquia absoluta e um regime de tetrarquia, governo de quatro indivíduos a partir da divisão do território em pars ocidens e pars oriens. Além disso, nessa primeira fase, podemos identificar as seguintes insti- tuições político-administrativas: Príncipe — usa-se a palavra princeps para designar a fi gura mais importante da nova constituição política, que é o imperador. Senado — no início do Império, o Senado ainda tem muita importância na estrutura política, principalmente porque produz uma fonte de Direito Civil, com força de lei, denominada senatus consultum. No setor político propriamente, vai perdendo força, e a sua autoridade vai sendo substituída pela vontade do imperador. Assembleias populares — as assembleias não foram formalmente abolidas por Otaviano, mas foram, aos poucos, esvaziadas e chegam ao fi m por inatividade. O Direito e as estruturas políticas no Império Romano64 Governadores das províncias — província signifi ca originariamente cargo confi ado a um magistrado (CRUZ, 1969), mas secundariamente signifi ca o próprio território sobre o qual o magistrado exerce seu poder. Na prática, todos os territórios fi cavam fora da península itálica. Durante a república, um magistrado governava esses territórios; no principado, Otaviano divide em dois tipos de províncias (senatoriais e imperiais) e decide quem as governa. Burocracia funcional ou funcionários administrativos — já desde Otaviano surge uma nova estrutura administrativa composta dos seguintes cargos: legados, prefeitos, procuradores e auxiliares. A Figura 1 apresenta um dos símbolos do Império Romano: o Coliseu. Figura 1. Coliseu romano, um dos mais famosos símbolos do Império Romano. Fonte: Belenos/Shutterstock.com. O princeps e a constituição política no principado Em 23 a.C., Otaviano renunciou ao cargo de cônsul que exercia desde 27 a.C., mas foi aclamado Augusto pelo Senado e recebeu a tribunicia potestas em caráter vitalício. A tribunicia potestas era o direito e o poder de um tribuno sobre a plebe, contendo nele tanto o direito de veto das demais deliberações como o direito de administrar a justiça. Ele não era magistrado, mas era o primeiro cidadão, que reunia em si muitos outros títulos, como Augustus, 65O Direito e as estruturas políticas no Império Romano Imperator e Pater Patriae. Assim, além de inaugurar com a sua habilidade política a Pax Augusta, fez uma série de reformas. Entre elas, criou o consilium principis, que, segundo Sebastião Cruz (1969), no surgimento, era composto por algumas pessoas escolhidas pelo imperador por serem amigos próximos e integrantes da família, mas logo depois se transforma em um órgão permanente constituído principalmente por juristas com duas atribuições primordiais: (adsessores) assistir como técnicos os juízes no tribunal do imperador e (consiliarii) assistir como técnicos o próprio imperador na elaboração dos documentos legislativos. De qualquer forma, Otaviano foi um hábil político, porque, de uma forma muito estratégica, conseguiu criar uma estrutura política sui generis. José Carlos Moreira Alves (2007, p. 32) descreve: [...] O principado apresenta dupla faceta: em Roma, é ele monarquia mitigada, pois o príncipe é apenas o primeiro cidadão, que respeita as instituições polí- ticas da república; nas províncias imperiais, é verdadeira monarquia absoluta, porque o princeps tem aí poderes discricionários. Com isso, o primeiro imperador consegue agradar tanto aqueles que pre- tendiam ver restaurada a monarquia como os republicanos, já que não acaba imediatamente com as magistraturas, mas começa a reunir em suas mãos todos os poderes antes repartidos na estrutura democrática e republicana do período anterior. Como o cargo não é propriamentede magistrado, mas uma inovadora forma de governar, Otaviano vai esvaziando o poder das magistraturas sem acabar com elas imediatamente. Um dos poderes mais importantes que concentrou nas suas mãos foi o imperium proconsulare maius, pelo qual, além de comandar todos os exérci- tos, poderia fiscalizar pessoalmente a administração de todas as províncias (tanto as imperiais, submetidas diretamente ao princeps, como as senatoriais, submetidas ao Senado), o que, na prática, dava a ele poder pleno de comando de toda a estrutura política inaugurada com ele. E então uma surpreendente evolução: as antigas magistraturas, responsáveis pelo esplendor da democracia em Roma, agora submetidas ao poder e controle do imperador, transformaram- -se em um corpo burocrático de funcionários estatais. O Direito e as estruturas políticas no Império Romano66 A classificação da estrutura funcional e burocrática é a seguinte (CRUZ, 1969, p. 75): Legati Augusti pro praetore — encarregado do governo das províncias. Legatus legionis — encarregado do comando das legiões. Praefecti praetorio — chefe da guarda imperial, superintendente em assuntos cíveis e criminais. Praefectus urbi — encarregado de substituir o imperador e policiar a cidade. Praefectus vigilum — encarregado do policiamento noturno. Praefectus annonae — encarregado de abastecer a cidade e regular os preços, além de jurisdição sobre delitos. Praefectus aerarii — encarregado da administração do tesouro público, além da jurisdição em negócios fiscais. Praefectus Aegypti — encarregado de governar o Egito. Procuratores — encarregados de administrar a fazenda pública. Os instrumentos jurídicos criados no Império Romano O Direito nunca está dissociado do poder. Mudando a estrutura constitucional e o deslocamento do poder, as fontes de Direito sofrem as mesmas variações de um reboque que segue o automóvel. Mais do que isso, algumas fontes jurídicas são criadas para legitimar e assegurar a efetividade do exercício do poder do imperador. Essa nova estrutura política iniciada no Império Romano determina as seguintes fontes do Direito: o costume; as leis comiciais; o edito dos magistrados; os senatus consultum; as Constituições Imperiais; a jurisprudência. 67O Direito e as estruturas políticas no Império Romano As fontes do Direito Costume Chamado de mos maiorum, foi fonte primária no período da realeza e fonte material para a positivação da Lei das XII Tábuas, mas chegou ao período clássico sofrendo diversos ataques, desde a própria expansão territorial até a crise da república. Como fonte de Direito, pode ser compreendido como “Direito baseado no costume o que o tempo consagrou, sem a intervenção da lei, com a aprovação geral” (Cícero. De inventione, II, 22, 67). No principado, passou a ter colocação secundária em face da concentração do poder nas mãos do princeps. Leis comiciais O mais importante sobre as leis comiciais no tempo do Império refere-se à chamada reforma de Augusto ou Leis Júlias: Leges Juliae Judiciariae e Lex Julia de maritandis ordinibus. Depois dessas leis, os comícios entraram em franca decadência e chegaram ao fi m pela falta de conteúdo legislativo a votar, principalmente porque, pela tribunicia potestas, a proposta era do imperador, e este, com o intuito de concentrar o poder (e o Direito) nas suas mãos, não utiliza mais esse expediente legislativo. Segundo José Carlos Moreira Alves (2007, p. 37), “é certo, todavia, que o poder legislativo dos comícios não foi abolido, expressamente, mas desapareceu por ter, de fato, deixado de ser exercido pelos comícios”. Edito dos magistrados O edito era uma fonte do Direito provinda do atributo da magistratura de ditar regras. No início da república, essa fonte se dava com uma proclamação oral do programa de governo do magistrado, sendo que, mais tarde, passou a ser escrito em uma tábua pintada de branco (álbum). Essa fonte foi uma das mais poderosas na história de Roma, porque, por meio dela, os magistrados tinham função judiciária (o pretor) e faziam o planejamento do seu trabalho, que se desdobrava na concessão das ações judiciais e, por isso, do direito de processar. Cada pretor tinha o seu edito, mas poderia repetir o anterior. Assim, consolidaram-se as produções edilícias e formaram um conjunto jurídico espetacular, cujo nome pode ser dado de ius honorarium ou direito O Direito e as estruturas políticas no Império Romano68 decorrente da atuação do pretor. Essa fonte formidável de Direito também sofreu a tendência de concentração do poder nas mãos do imperador, o que se deu pela elaboração do edito perpétuo. O imperador Adriano designou o jurisconsulto Sálvio Juliano (130 d.C.) para elaborar um texto único que reunisse o conteúdo de todos os anteriores, dando, assim, imutabilidade ao texto. Depois de confeccionado esse documento, toda produção por meio de editos só poderia se dar por solicitação do princeps ou do Senado. Senatus consultum Essa fonte inicialmente signifi cava uma consulta feita ao Senado (senatus + consultum), já que, desde os tempos mais remotos, alguns magistrados consultavam o Senado para acessar a sua experiência (senex) a fi m de resolver determinadas questões, mesmo que não fossem ainda obrigados a segui-las. Assim, era uma espécie de parecer emanado do Senado sobre assuntos impor- tantes na vida dos cidadãos. Inicialmente não tinham força vinculativa, sendo que, a partir do primeiro século a.C., tornaram-se fonte mediata de Direito, mormente por meio do edito do pretor, e chegam ao principado como fonte direta e imediata de Direito, criando o Direito Civil. Foi uma fonte importante no campo do Direito Privado, tratando de di- versas matérias, desde Direito Sucessório (senatus consultum Tertuliano e senatus consultum Orficiano, que determinam a vocação hereditária entre mães e filhos, cumpridos diversos requisitos) até Direito Obrigacional (senatus consultum macedonianum, que proibiu o empréstimo de dinheiro a quem não fosse plenamente capaz para todos os atos da vida civil). Constituições imperiais São decisões de caráter jurídico proferidas diretamente pelo imperador. Sebastião Cruz é bem incisivo em ensinar: “diretamente quer dizer, no sentido de que o princeps não necessita de cooperação nem mesmo mediata ou indireta quer do senado quer do povo, são decisões que procedem do imperador unilateralmente” (CRUZ, 1969, p. 269). Essa fonte de Direito foi muito poderosa. O jurisconsulto Gaius, descrevendo o seu alcance, afi rmou que a Constituição Imperial é tudo aquilo que o imperador constitui por decreto, por edito ou por epístola, o que nunca se duvidou que tivesse força de lei, já que o próprio imperador recebe o poder em virtude de uma lei (lex curiata de império). 69O Direito e as estruturas políticas no Império Romano Jurisprudência A palavra jurisprudência (iurisprudentia) signifi ca ciência do Direito, sabedoria. Primitivamente, eram os sacerdotes máximos (pontífi ces) que realizaram esse saber. Depois, foi criado um corpo de jurisconsultos, chamados de jurisprudentes, cuja tarefa era dedicar-se a esse saber. Foi conceituada pelos próprios romanos como conhecimento das coisas divinas e humanas, a ciência do justo e do injusto. O exercício da jurisprudência se dava com três principais atividades: cavere — auxiliar na elaboração de negócios jurídicos, agere — auxiliar no desen- volvimento do processo e respondere — apresentar uma resposta ou opinião a questões jurídicas controvertidas. Esta última atividade, no período do Império, passou a se chamar responsa prudentium, ou resposta dos jurisconsultos, que era então uma fonte do Direto porque o imperador concedeu-lhe uma autoridade (ius respondendi). Gaio afirmou que as respostas dos prudentes são as sentenças e as opiniões daqueles a quem é permitido constituir o Direito (Gaio, 2004). A partir do imperador Adriano, essas respostas têm força de lei. As ConstituiçõesImperiais se apresentam, principalmente, sob um dos quatro tipos (ALVES, 2007, p. 38): Edicta (editos) — normas gerais que, em virtude do ius edicendi do príncipe, dele emanavam e se assemelhavam, na forma, às oriundas dos magistrados republicanos. Mandata (mandatos) — instruções que o príncipe transmitia aos funcionários imperiais, principalmente aos governadores e funcionários das províncias. Rescripta (rescritos) — respostas sobre questões jurídicas que o imperador dava a particulares, ou a magistrados e a juízes; no primeiro caso, diziam-se subscriptio- nes, porque eram escritas abaixo da pergunta, para que a resposta desta não se separasse; no segundo, epistulae, pois eram redigidas em carta. Decreta (decretos) — eram sentenças prolatadas pelo príncipe em litígios a ele submetidos em primeira instância ou em grau de recurso. O apogeu e a queda do Império Romano A partir de determinado momento, a estrutura político-administrativa estabe- lecida no início do Império (principado) começa a apresentar falhas e incon- sistências, sendo inefi caz diante das novas realidades sociais, econômicas e religiosas que se apresentavam. Segundo os ensinamentos de Sebastião Cruz O Direito e as estruturas políticas no Império Romano70 (1969), podem ser identifi cados como circunstâncias motivadoras da crise do principado e determinantes para o estabelecimento do poder absoluto do im- perador no dominato: as lutas políticas internas em matéria de sucessão dinástica; o fato de muitas províncias pretenderem se equiparar politicamente a Roma; a falta de prestígio da autoridade romana; os violentos conflitos entre o Império Romano e o cristianismo; a crise econômica que assolava a população, submetida a altíssimos impostos; a extraordinária extensão territorial do Império; a permanente migração dos povos, chamada de invasão dos bárbaros. O início do dominato se deu com Diocleciano, que se intitulava Dominus et Deus (senhor e Deus), isso porque o seu poder não provinha mais de uma lex curiata de Império, mas de uma investidura divina (CRUZ, 1969), tendo cabimento até mesmo uma adoratio, justo quando, em sede social, a população começava a se identificar com o cristianismo, abrindo ainda mais o abismo entre a autoridade romana e o súdito por ela governado. As primeiras reações do governo são a perseguição e a violência contra os cristãos, mas um imperador chamado Constantino determinou, em 313 d.C., a tolerância religiosa e fez as bases para o cristianismo se tornar a religião oficial do Império. Mas não é só essa a importância do período do dominato: nele, o Império foi dividido, e a parte ocidental recebeu toda a cultura e religião latina proveniente dessa história magnífica. A queda do Império Romano pode ser resultado das migrações paula- tinas e silenciosas dos povos bárbaros ainda dentro desse período. Essas infiltrações criaram um regionalismo no vastíssimo território romano e principalmente nos exércitos responsáveis por protegê-lo, assim como na população. Mesmo com a atitude de Antonino Caracala, em 212 d.C., de elaborar uma Constituição Imperial, determinando e concedendo a cidadania romana a todos os habitantes do Império, fator positivo para a tributação e contingente bélico, não foi possível impedir o esvaecimento da unidade espiritual da romanidade, aquele fator importante que era motivo de orgulho dos primeiros tempos de Roma. De tudo isso, uma conclusão é necessária: a herança cultural do Império Romano. Essa herança cultural pode ser compreendida em muitos sentidos. Jean Gaudemet (1988, p. 50) escreveu um texto muito inspirador sobre essa herança, intitulado O milagre romano, no qual descreve: 71O Direito e as estruturas políticas no Império Romano [...] A herança jurídica de Roma, a mais citada e a mais evidente, inscreve-se numa herança ideológica mais ampla. Não nos cabe aqui apreciar seu alcance no campo das letras e das artes. Mas ela é inegável no pensamento político. [...] Em diversos outros pontos, nossos códigos nada mais fizeram do que conservar a herança romana. Sem dúvida, muitas reformas, sobretudo nos últimos trinta anos, levando em conta as transformações da sociedade e das mentalidades, romperam com as tradições romanas. A herança se enfraquece, mas não desaparece. E, para além da linguagem comum e dos sistemas econômicos aparentemente divergentes, talvez continue sendo ela a melhor garantia de eventuais aproximações entre os direitos das várias nações. No link a seguir, você encontra o caminho para um artigo que relaciona as fontes de Direito no período romano e a metáfora das fontes: https://goo.gl/rjtxxq ALVES. J. C. M. Direito romano. Rio de janeiro: Forense, 2007. CRUZ, S. Direito romano. Coimbra: Almedina, 1969. GAIO. Institutas do jurisconsulto Gaius. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. GAUDEMET, J. O milagre romano: os homens e a herança no mediterrâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1988. Leituras recomendadas GILISSEN, J. Introdução histórica ao Direito. Lisboa: Calouste, 2008. ROLIM, L. A. Instituições de Direito romano. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. O Direito e as estruturas políticas no Império Romano72 Portfólio ATIVIDADE O Império Romano foi, com certeza, o berço da cultura latina, da qual todo o ocidente recebeu influência, de uma forma ou de outra. A bem da verdade, o Império Romano e, consequentemente, a cultura que ele criou foram, dentro daquele período de tempo, a globalização da Antiguidade. Dentre muitos fatores e características que justificam ou explicam essa dominação, alguns reverberam e projetam-se até os dias atuais. Em um texto de Jean Gaudemet (1988, p. 27), encontra-se a seguinte colocação: “Nascida num solo pobre, onde colinas de tufo emergiam de terrenos pantanosos, entre uma montanha rude e uma costa sem relevo, Roma oferece um exemplo único da passagem de uma aldeia de algumas cabanas a um Império que se acreditou universal. Sucessão de acasos felizes ou gênio de um povo obrigado a triunfar sobre condições hostis?” Você aceitou o desafio proposto por aquele autor e pretende responder à seguinte pergunta: o que caracteriza o Império Romano política e juridicamente? Para responder a essa pergunta, você precisa contextualizar o ouvinte, criando um relatório que contenha as seguintes partes: 1) Identificar temporalmente o período compreendido. 2) Apresentar uma noção histórica da estrutura política e os demais fatores jurídicos e culturais daquela etapa, apontando o resultado daquele período nos dias de hoje. Pesquisa AUTO ESTUDO O IMPÉRIO ROMANO: ESTRUTURA POLÍTICA E SOCIAL https://www.youtube.com/watch?v=2knFOVTtfI8