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M orfologia da Língua Inglesa GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro EDUCAÇÃO POPULAR E CULTURA EM EDUCAÇÃO Patricia Marreiro Dos Santos; Suzy Cristina Rodrigues e Luciano Gamez MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA Organizadora Diana de Castro Atagiba C M Y CM MY CY CMY K 20/11/2019 17:26:50eBook Completo para Impressao - Fundamentos da Educacao - Aberto.indd 1 LIVRO 1 EDUCAÇÃO POPULAR LIVRO 2 ESTUDOS CULTURAIS EM EDUCAÇÃO Educação Popular (Livro 1) Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz Diretor-presidente: Jânio Diniz Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira Créditos Institucionais Todos os direitos reservados © 2019 by Telesapiens Educação Popular Olá! O meu nome é Patricia Marreiro. Sou graduada em Pedagogia pela Faculdade Joaquim Nabuco - Recife; Pós-graduada em Metodologia do Ensino a Distância pelo Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU - Recife. Possuo uma vasta experiência no Ensino a Distância, atuando desde 2012 na área, atuei como professora conteudista e executora. Atualmente sou Professora - tutora no curso de Pós-graduação a distância da UNINASSAU; cursos de Pós-graduação na área de Educação; atuando principalmente nas disciplinas de Metodologia Científica e TCC da IES. Sou apaixonada pelo conhecimento e a educação. Adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou agradecida e feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo, sempre! Bons estudos! Olá! O meu nome é Suzy Cristina Rodrigues e sou graduada em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí, pós-graduada em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Santa Catarina e em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Regional de Blumenau. Atuo como Administradora Pública de carreira no Estado de Santa Catarina, além de ser professora no Grupo Ser Educacional, no Centro Universitário de Brasília e na IDTALEM Educacional do Brasil. Atuei como Professora nos cursos Técnicos de Transação Imobiliária e Hospedagem, professora - tutora no curso de Graduação EaD da UFSC. Possuo experiência profissional na área de Administração com ênfase em áreas diversas, além de ser palestrante cadastrada na Marketplace Base SA. A AUTORA PATRICIA MARREIRO DOS SANTOS SUZY CRISTINA RODRIGUES ICONOGRÁFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam: OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendizagem; + OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito; CITAÇÃO Parte retirada de um texto; RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens; TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo; DEFINIÇÃO Definição de um conceito; IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado; ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo; DICA Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo; SAIBA MAIS Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins; +++ EXPLICANDO DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado; SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema ou exercício; EXEMPLO Explicação do conteúdo ou conceito partindo de um caso prático; CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre o tema em estudo; PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra; REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão. SUMÁRIO UNIDADE 01 A Educação Popular, seu conceito e histórico ......................10 Educação Popular .....................................................................10 Conceito............................................................................12 Histórico da Educação Popular ................................................14 Paulo Freire e a Educação Popular na América Latina ....25 O saber surge e circula: Educação Popular .........................27 Movimentos da Educação Popular ...........................................29 Movimento de Cultura Popular .......................................30 Centros Populares de Cultura ..........................................31 O Movimento de Educação de Base ................................32 Movimento Brasileiro de Alfabetização ..........................33 Fundação EDUCAR ........................................................34 Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania ..................34 Programa de Alfabetização Solidária ...............................35 Programa Brasil Alfabetizado ..........................................35 Movimento de Alfabetização de jovens e Adultos ...........35 Educação Popular em Saúde ............................................35 Educação Popular do Campo ...........................................37 Educação Popular em Assistência Social. ........................39 Educação Popular 7 Terminologia Popular: construindo conceitos .....................41 A Educação Popular hoje ......................................................45 UNIDADE 02 Senso comum e construção científica da Educação Popular .. 54 Tipos de Conhecimento ...........................................................55 Relação entre Saber Popular e Científicos ...............................59 O perfil do educador na atuação mediante o desafio da Educação Popular .....................................................................................60 Competências e Virtudes dos Educadores ...........................61 Papéis dos Educadores (as) Populares .....................................66 Desafio da Educação Popular ...................................................73 Metodologias na educação popular ......................................76 Educação Popular como Metodologia .....................................77 Educando (a), cidadão: o (a) protagonista da sua aprendizagem. 77 Metodologia Aplicadas na Educação Popular ..........................79 Conceituando Comunidade ...................................................90 O que é uma Comunidade ........................................................91 Nova forma de Organização das Comunidades em Rede ........95 UNIDADE 03 Projetos multidisciplinares envolvendo as concepções da Educação Popular ................................................................104 Conceitos essenciais dos projetos multidisciplinares ...........104 Etapas, Objetivos dos Projetos Multidisciplinares .................110 Educação Popular8 Fontes de recursos financeiros públicos para os projetos multidisciplinares na educação popular .................................117 Fontes de recursos financeiros privados para os projetos multidisciplinares na educação popular .................................122 Iniciativas de projetos multidisciplinares na educação popular .127 Ampliando a percepção dos educadores acerca de: liberdade, justiça, igualdade e felicidade .............................................142 A avaliação na perspectiva da Educação Popular ............148 Aspectos gerais da avaliação na educação popular ................148 Princípios para buscar uma forma para avaliar melhor .........153 Estudo de caso sobre Educação Popular ............................159 UNIDADE 04 Reflexão crítica sobre o papel da Educação junto aos setores populares ...............................................................................168 Considerações sobre a Educação no Brasil ............................168 Aspectos da Constituição da República Federativa do Brasil e Lei de Diretrizes e Bases da Educação a respeito da educação ........175 Redes Interorganizacionais na Educação Popular (RIEP) ...178 Em busca da superação de barreiras escolares utilizando a educação popular .................................................................181Redes Públicas de Cooperação Federativa do campo: movimentos sociais .....................................................................................183 Educação para a Cidadania Global (ECG) .............................186 Comunidade de Aprendizagem (CA) .....................................188 Rede Internacional de Educação Popular (RIEP) ..................190 Educação Popular 9 Conselho de Educação Popular da América Latina y El Caribe (CEALL) ................................................................................192 Desafios da Educação popular nos tempos atuais .............194 Tendências da Educação Popular no Cenário Político-social Brasileiro ...............................................................................205 A Implantação e Implementação da Política Pública para a educação Popular ...................................................................206 Redes Públicas de Cooperação Federativa do Campo: Estado e Políticas Públicas ...................................................................216 Pedagogia por projetos ...........................................................218 Educação Popular10 Educação Popular 11 UNIDADE 01 CONCEITOS E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO POPULAR Educação Popular12 Na primeira unidade de nossa disciplina, conheceremos os conceitos e a história da educação popular. Iniciaremos nossos estudos conversando sobre a educação popular, seu conceito e histórico o seu público que são os cidadãos em situação de vulnerabilidade social, em especial a econômica; a sua vinculação com os movimentos sociais; os fatos relevantes; a diferença entre a educação popular da educação de jovens e adultos e demais aspectos. Em seguida abordaremos a respeito do saber que surge e circula nas representações e importâncias dos Movimentos Sociais como o Movimento de Educação de Base (MEB); Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (hoje MMC); Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua; Centro Popular de Cultura de iniciativa da União Nacional dos Estudantes (UNE). Após, estudaremos a Terminologia Popular com a criação da Rede de Educação Cidadã (RECID), uma vivência inovadora na área da Educação Popular e a promoção da Educação Popular pelos Direitos Humanos. Então, chegaremos à educação popular de hoje é entendida como o conjunto de normas fundamentado na soberania popular, na justiça social e no respeito integral aos direitos humanos, e sua valorização é imediato para a expansão e a materialização dos direitos. Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo, preparado(a)? INTRODUÇÃO Educação Popular 13 Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1. O nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: OBJETIVOS 1 Compreender o conceito; o histórico e o contexto da educação popular; 2 Identificar o surgimento do saber e as organizações da educação popular; 3 Conhecer a terminologia popular; 4 Entender o processo de educação popular nos dias de hoje. Vamos iniciar uma viagem sem volta, rumo ao conhecimento! Educação Popular14 A Educação Popular, seu conceito e histórico Você sabia que a origem da Educação Popular perpassa pelos Movimentos Sociais Populares de luta e resistência do povo na América Latina? Surgindo e se firmando como uma opção das teorias e práticas educativas, opondo-se às pedagogias e práticas tradicionais e liberais à disposição da exploração da força de trabalho, conservação da organização do poder político e domínio cultural. Nasceu e se institui a educação popular ligada a organização e mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo, ao empoderamento em busca da transformação da sociedade. SAIBA MAIS Também, os importantes fatos da concepção de educação popular brasileira podem dar significativas contribuições, entendimentos das ressignificações da educação popular de hoje e os pontos de vistas orientadores da prática educativa dos Movimentos Sociais do Campo, especificamente, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e outros movimentos que desenvolvem ações com base nas ideias de educação popular formadas no decorrer do processo histórico. Educação Popular O que vem a sua mente ao ouvir falar em educação popular? Conhece o seu significado? Se já ouviu falar e sabe o que significa vai poder rever e até mesmo reestruturar o que já sabe, agora se ainda não conhece vai ter a oportunidade de se apropriar... Educação Popular 15 Essa modalidade de educação originou-se do saber (conhecimento) construído pelos cidadãos na busca dos seus direitos - nas Comunidades, Associações de Bairros, Conselhos Comunitários, Conselhos de Direitos, Movimentos Sociais, e, atualmente nas entidades coletivas: Organizações Sociais - Organizações não Governamentais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, Redes de Filantropia, Escolas de Conselhos de Direitos e demais formas de organização com o objetivo de fomentar a educação popular a toda a sociedade. A Educação Popular, muitas vezes, é confundida com a educação de jovens e adultos, não formal e de educação comunitária, mas, esses vocábulos não são sinônimos, ainda que sejam muitas vezes nuances da educação popular. Agora acompanhe e perceba as diferenças entre elas! �Educação comunitária – voltada a educação de pessoas e grupos sociais de comunidades em situação de vulnerabilidade social. �Educação popular – é um dos ramos da educação comunitária. Busca assegurar e efetivar, por meio da educação, os direitos do povo. �Educação de jovens e adultos – é uma área especializada da educação popular para os cidadãos jovens e adultos. Processo de Educação Popular. http://bit.ly/2BfExfA ACESSE http://bit.ly/2BfExfA Educação Popular16 Dando continuidade ao nosso aprendizado conceituando a educação popular, no entendimento de três autores da área. Lembrando que existem outras definições e conceitos de educação popular. Conceito Iniciaremos com o conceito de Paulo Freire – precursor da educação popular no Brasil e na América-latina. A educação de adultos era entendida a partir de uma visão das causas do analfabetismo, como educação de base, articulada com as “reformas de base”, defendidas pelo governo popular/ populista de João Goulart. Os CPCs (Centros Populares de Cultura), extintos logo depois do golpe militar de 1964 e o MEB (Movimento de Educação de Base), apoiado pela Igreja e que durou até 1969, foram profundamente influenciados por essas ideias: https://bit.ly/2v3OHQX. SAIBA MAIS Entendo a educação popular como o esforço de mobilização, organização e capacitação das classes populares; capacitação científica e técnica. Entendo que esse esforço não se esquece, que é preciso poder, ou seja, é preciso transformar essa organização do poder burguês que está aí, para que se possa fazer escola de outro jeito. Há estreita relação entre escola e vida política (FREIRE, 1993, P.19). DEFINIÇÃO https://bit.ly/2v3OHQX Educação Popular 17 Figura 1: Educação popular Fonte: pixabay Veremos o conceito da educação popular na visão de Ebenezer Takuno de Menezes de e Thais Helena dos Santos. Na concepção de Menezes, Santos (2001) compreende o termo que tem origem relacionada aos movimentos sociais e define uma intervenção nos processos sociais e políticos pela educação, visando uma transformação social para uma vida mais justa. DEFINIÇÃO Avançamos com o conceito de Carlos Rodrigues Brandão. Um saber da comunidade torna-se o saber das frações (classes, grupos, povos, tribos) subalternas da sociedade desigual. Em um primeiro longínquo sentido, as formas – imersas ou não em outras práticas sociais, através das quais o saber das classes populares ou das comunidades sem classes é transferido entre grupos ou pessoas, são a sua educação popular. (BRANDÃO, 1986, p. 26) https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/Educação Popular18 Compreendido o conceito da educação popular passaremos ao estudo da evolução histórica da educação popular. Histórico da Educação Popular Vamos agora compreender os fatos históricos da Educação Popular no Brasil. Vimos que há uma confusão literária em relação aos significados da Educação Popular. Para que você entenda melhor trataremos da sua evolução histórica no Brasil, esclarecendo como aconteceu o processo de educação das classes populares. �Momento 1 – Aparecimento da Educação Popular anteriormente à Proclamação da República pretendendo ajudar no processo da libertação dos escravos, em 1888, para dar conhecimento dos direitos, da necessidade de libertação aos os escravos e embasar o movimento operário socialista no fim do século XIX. Figura 2: Escravos e os seus direitos e a necessidade de sua libertação. Fonte: pixabay �Momento 2: Na Primeira República, a classe elitizada economicamente e politicamente pouco importaram-se pouco com a educação popular - priorizavam outros fatos considerados mais relevantes como a política de suspensão de seus privilégios. https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular 19 �Momento 3: O Movimento Operário, nos anos de 1889 a 1909, tinha a Educação Popular como uma maneira de compreender os grupos de trabalhadores, que reivindicavam o ensino profissional e técnico, gratuito e a extensão do ensino básico. Com essa atitude os trabalhadores tornaram-se os guardiões dos ideais de igualdade, justiça e distribuição de renda - desejando adicionar o saber científico, ao saber elaborado por meio dos conhecimentos inseridos na prática do trabalhador e com esse movimento a educação passou a ter uma natureza de formação política em função aos ideais de igualdade, justiça social e distribuição de riqueza. Figura 3: Ideais de justiça social Fonte: pixabay Observem a iniciativa criativa dos operários! �Momento 4: Foi um período em que os operários criaram as bibliotecas populares e escolas operárias destinadas às crianças e aos adultos - mantidas por eles e com recursos públicos, por causa da disputa ocorrida com as entidades religiosas. Com o passar do tempo, foi surgindo dificuldade de profissionais qualificados para o trabalho nas atividades de Educação Popular, dificultando o seu funcionamento. https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular20 Figura 4: Bibliotecas populares Fonte: pixabay Seguimos com o quinto momento! �Momento 5: Mesmo sendo a educação popular um esforço de mobilização, organização e capacitação das classes populares - era desfavorável o pleito pelo ensino gratuito e público dos operários anarco-sindicalistas e anarquistas. Desconfiados argumentavam que essa modalidade de ensino beneficiava os interesses do clero e da burguesia, então se isolavam dos demais trabalhadores que solicitavam as escolas para os seus filhos. Tais operários libertários lideravam o grupo dos “contra a ordem” nos anos de de 1910 a 1922 – entendiam a educação popular como a luta contra o Estado, a luta contra a igreja, contra o capital, e favorável a liberdade. Em consequência os fundamentos das práticas educativas baseavam-se na razão e não na fé, com a finalidade de formar seres humanos livres. Figura 5: Escolas operárias. Fonte: pixabay https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular 21 �Momento 6: A Educação Popular, partir de 1922, passou a ter outro significado, além de lutar a favor da escola pública, universal, laica e gratuita, também, passou a lutar pela escola “unitária‟, isto é, por uma mesma forma de ensino para todos. Assim, a educação, nesse período, é implementada pela junção do ensino ao trabalho produtivo, administração colaborativa das escolas com os trabalhadores e formação politécnica. Nesse período, a contribuição do Partido Comunista foi expressiva na Educação Popular, pois influenciam na politização das massas. Figura 6: lutar por educação é defender a justiça Fonte: pixabay �Momento 7: Os operários, os libertários e os comunistas (as três forças políticas) determinantes no tempo da Primeira República e demais momentos históricos do Brasil, demonstraram a seu cuidado com a formação do poder popular, sendo que cada uma possui o seu propósito de luta. Sendo que a necessidade da concepção de Educação Popular materializou- se a partir do aparecimento das classes populares no cenário político. https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular22 Figura 7: As três forças políticas - os operários, os libertários e os comunistas Fonte: pixabay Vejamos o cenário político do aparecimento das classes populares! Percebe-se no decorrer da Primeira República, que a educação estava ligada à possibilidade de estruturação da sociedade de com maior justiça social, colaboração entre os cidadãos (pessoas), mais igualitária, estimulando a melhoria do bem-estar social dos vulneráveis, nessa situação dos trabalhadores. �Momento 8: Já no processo histórico do Brasil - nos períodos de reconstrução da democracia, percebemos, um intenso alvoroço das classes menos favorecidas, com uma imensa quantidade de atividades orientadas as suas reivindicações. De outra forma, entre de 1937 até o início da década de 1940, o Brasil tive um governo autoritário, que coibiu severamente as lutas e os pedidos dos movimentos populares - a Educação Popular também sofreu limitações de finalidade por parte desses governos. Iniciando da Nova República, na década de 1930, percorre- se por um tempo de sustentação do nacional desenvolvimentismo (substituição de importações ou sociedade urbano-industrial), encerrado em 1964 com a Ditadura Militar. https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular 23 Figura 8: Ditadura militar, repressão política Fonte: pixabay �Momento 9: Aconteceu concomitantemente nesse período de 1937 a 1945, a ditadura do Estado Novo – com grande repressão política, e consequente enfraquecimento da Educação Popular. Figura 9: Estado Novo Fonte: pixabay https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular24 Entraram em confronto dois projetos de desenvolvimento para o Brasil, o liberalismo e o nacionalismo. Tais projetos de desenvolvimento constituíram uma imensa radicalização no cenário político brasileiro dos movimentos políticos - representados pelos integralistas de caráter fascista de extrema direita e pelos comunistas de esquerda. �Momento 10: A Educação popular, na década de 1950, fica mais forte. Passada a Segunda Guerra Mundial e com a retomada da democracia, firma a junção da esquerda e do setor industrial em favor do desenvolvimento - o país atravessava nesse período um forte processo de industrialização. E, os trabalhadores desfrutaram de maior liberdade e contribuição nas modificações acontecidas. Passando a educação a ser debatida, por ser um perído de novas teorias e práticas pedagógicas, visando a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - aprovada pelo Congresso Nacional em 1961. O Ministério da Educação (MEC) deu o seu apoio as convicções da educação popular, com o apoio do MEC as diversas instituições e movimentos populares, os impactos do ensino-aprendizagem da educação popular foram implantados ou ampliaram no Nordeste, nas Ligas Camponesas e do Movimento Agrário. Esses movimentos rurais e organizações, nos anos de 1960, constituíram-se contrários ao emergente cenário,nesse tempo o desenvolvimentismo industrial e as forças políticas tinham privilégios. Concomitante a esse fato, nos bastidores do cenário político e econômico construía-se a Teoria do Capital Humano - subsidiando a elaboração de um conceito tecnicista, onde os custos da educação são vistos como os investimentos no “capital humano”. Vejam que só a partir de 1960, com o entendimento de Paulo Freire – colaborador do pensamento pedagógico, com visão emancipatória da educação popular e o aparecimento dos movimentos populares, que se pesquisa uma pedagogia das classes populares. Educação Popular 25 �Momento 11: Tempo marcado pelo Golpe da Ditadura Militar de 1964. Começou o processo de consolidação do projeto de modernização brasileira. Foi divulgado, nesse período, um projeto de desenvolvimento subordinado e ligado ao capital internacional – acontecendo na sociedade um embate entre democracia e direitos sociais contra a ditadura. Figura 10: Golpe de 1964 da Ditadura Militar. Fonte: https://bit.ly/2VboRFa �Momento 12: Teve início à organização dos chamados “Novos Movimentos Sociais”, em 1978, assim, aconteceu o ressurgimento das lutas populares com o intuito de pleitear a flexibilidade política e o regresso ao estado de legalidade. Figura 11: Novos movimentos sociais Fonte: pixabay https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular26 �Momento 13: Chegando na década de 1980 deu-se a importância para a retomada da convicção dos direitos, na formação de um novo desenho de sociedade, da ligação da educação e do protagonismo das classes populares, no anseio da concreta participação das classes populares na cena política. Observa a sociedade sobre o que está sendo concebido pela sociedade civil, no ambiente das práticas educativas e escolas públicas, proporcionando o empenho intelectual de elaboração de uma concepção pedagógica brasileira e peculiar - a educação popular é vista como conceito de prática social. Com a volta do debate sobre a educação e a pedagogia são melhorados os indicadores qualitativos e quantitativos, sendo atingida a dimensão dos direitos do ser humano, enquanto indivíduo social e cultural, e não somente como ferramenta do mercado de trabalho. Por outro lado, as pessoas são marginalizadas por fatores macrossociais (abrange parte da sociedade) e a pela própria escola. A escola é vista como um espaço de luta e possíveis contribuições para a desmistificação das contrariedades sociais e para a liberdade dos grupos populares. Figura 12: Educação pública na esfera dos direitos do ser humano Fonte: pixabay E chegamos ao último momento histórico do nosso estudo! https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular 27 �Momento 14: A Educação Popular que se alicerça neste momento e concentra teoricamente uma concepção de educação. Tal projeto educativo é simbolizado pela educação dos e por meio dos movimentos sociais populares. Os termos “povo sujeito de sua história” e “protagonismo popular” traduzem a direção das práticas educativas deste conceito de Educação Popular. O embate fundamental desse tempo de construção histórica – definido como de crise civilizatória, refere-se ao de supressão e recolonização contra a resistência. Figura 13: Crise civilizatória Fonte: pixabay É determinado o elo entre educação e política, educação e projeto de sociedade e entre educação e classe social. Aconteceu o surgimento e o ressurgimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT); a Articulação dos Movimentos Populares ou Sindicais (ANAMPOS); as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); diversas Pastorais Populares; os Movimentos de Bairros; o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Também, ocorreu a rearticulação dos Movimento de Justiça e Direitos Humanos; Movimento Negro Unificado (MNU); Movimento Sindical (CUT, CGT, USI); Movimento dos Trabalhadores Sem Terra; Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua; Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (hoje MMC); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); o Movimento de Luta pela Moradia (MLM). https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular28 Além, desse acontecimento a década de 1990 foi marcada como um período de crise expressado na ausência de soberania nacional; na destituição de direitos; no bloqueamento do desenvolvimento societal; no processo de globalização; no alargamento da distância entre ricos e empobrecidos; na crise de valores; na crise dos referenciais socialistas; na violência e numa sociabilidade pautada pela razão instrumental e competitividade. Estudamos os acontecimentos históricos educação popular no Brasil, agora iremos aprender sobre a educação na América Latina e o pioneiro na educação popular Paulo Freire. Fique atento (a)! Observem que a Educação Popular atingiu mais intensidade com o processo de modernização brasileira. Desse jeito, foi dada à educação popular a missão de oposição a esse projeto de modernidade – com início nos anos sessenta, setenta e oitenta. Porém, na década de oitenta, a Educação Popular passou por várias interpretações sobre a sua concepção educacional. Também, nesse período, contamos com a participação de militantes e intelectuais, - como Frei Beto, Victor Valla, Celso de Rui Beisiegel, Marcos Arruda e outros – os quais colaboraram imensamente para o pensamento e prática da Educação Popular no Brasil, com muitos movimentos e organizações populares. REFLITA Educação Popular 29 Paulo Freire e a Educação Popular na América Latina O movimento pela educação popular, na América Latina, teve início na década de 1950 com uma acentuada história de ideias, práticas e acontecimentos na área da educação popular. Do ponto de vista do pensamento crítico sobre a educação, a educação popular compreende uma das heranças mais bonitas da América Latina ao pensamento pedagógico plural e universal. EXPLICANDO MELHOR+++ Em grande parte, esse fato está ligado à vivência e experiência internacional de um dos seus mais notáveis representantes: Paulo Freire por onde esteve semeou os fundamentos de uma concepção emancipadora da educação popular. Nas últimas décadas, as sementes brotaram em diversas organizações e grupos agregando organização popular e conscientização. Diferentemente das idealizações educacionais originadas da burocracia ou da pedagogia com boas intenções, a educação popular tem origem, na América Latina, na chama dos conflitos populares, dentro e fora do Estado. Mas, quando Paulo Freire iniciou o ensino-aprendizagem na educação popular? Paulo Freire começou a lecionar na Educação Popular nos anos de 1960, momento em que o índice de analfabetismo estavam acima dos parâmetros do país que atravessava um processo de desenvolvimento. Sendo que os conflitos no campo da cultura popular foi resolutiva para a definição de pressupostos teóricos metodológicos que conseguissem interferir na realidade social. Tal modelo de crescimento ocasiona a desigualdade, miséria e violência e impede o desenvolvimento. Essa situação espelha uma das nuances da questão social - entendida como a maneira em que se concebe a forma de produção capitalista e a sua vinculação com o trabalho. Educação Popular30 Figura 14: Paulo Freire e a educação popular Fonte: https://bit.ly/2q9dnoC Concebida a educação popular como uma visão geral da educação, contrariou à educação de adultos, estimulada pela educação estatal, e vem ocupando os espaços que a educação de adultos oficial não considerou relevantes. Um dos fundamentos provenientes da educação popular tem sido a criação de uma nova teoria embasada alicerçada na profunda consideração pelo pensamento linear que apresentam os ramos populares em sua prática cotidiana, questionando-o, apontando a teoria incluída na prática popular, teoria ainda não percebidapelo povo, problematizando-a, adicionando-lhe um raciocínio mais severo, científico e completo. No fim da década de 50, tinha-se duas possibilidades mais consideráveis na educação de adultos - a compreendida como educação libertadora, como “conscientização” (Paulo Freire) e concebida como educação funcional (profissional), ou seja, o condicionamento de mão-de-obra mais produtiva, vantajosa ao projeto de desenvolvimento nacional dependente. Nos anos de 70, essas duas teorias permaneceram, a primeira percebida essencialmente como educação não formal – opção à escola – e, a segunda, como substituta da educação formal. Aqui no Brasil, amplia-se o sistema MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), com premissas opostas aos de Paulo Freire. Já em 1958 aconteceu o 2º Congresso Nacional de Educação de Adultos, no qual Paulo Freire participou. Apareceu a ideia de um programa permanente de enfrentamento do problema da http://www.sonoticiaboa.com.br/2014/03/11/obra-completa-de-paulo-freire-gratis-para-download/ Educação Popular 31 alfabetização que desencadeou no Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, liderado por Paulo Freire e eliminado pelo Golpe de Estado de 1964, após de um ano de funcionamento. Seguimos com o próximo tópico o saber surge e circula. O saber surge e circula: Educação Popular A educação popular começa nas trocas das interações e da conversa permeado entre os sujeitos e se afirmando como educação transformadora? O conhecimento é flexibilizado – construído e reconstruído, baseando-se no diálogo, no crescimento do ser humano, pela conscientização e qualidade de seres incompletos. Como atividade educacional e fundamento pedagógico, a educação popular, está inserida em todos os continentes em forma de ideias e práticas diferenciadas. De acordo com Brandão (2006), a primeira experiência de educação com as classes populares, a que se deu, sucessivamente, o nome de educação de base - no Movimento de Educação de Base (MEB), por exemplo, de educação libertadora e mais tarde de Educação Popular, surge no Brasil no começo da década de 1960. Nasce, no interior de grupos e movimentos da sociedade civil, alguns deles associados a setores de governos municipais, estaduais, ou da federação. Começa como um movimento de educadores, que trazem, para o seu âmbito de trabalho profissional e militante, teorias e práticas do que então se chamou de “cultura popular”, e se considerou como uma base simbólico-ideológica de processos políticos de organização e mobilização de setores das classes populares, para uma luta de classes dirigida à transformação da ordem social, política, econômica e cultural vigente. SAIBA MAIS Educação Popular32 Figura 15: Movimento pela educação popular Fonte: pixabay Paulo Freire é considerado um dos intelectuais brasileiros que teve a sensibilidade e conseguiu entender os ideais dos oprimidos e transformando isso uma bandeira de luta, essa característica de Paulo Freire é devida a sua aptidão intelectual de estruturar o grupo dos trabalhadores na década de 1960 a fim de refletir o momento em que atravessavam e transformar isso em mecanismo de luta política - a exemplo os movimentos de cultura popular (estudaremos no próximo tópico). IMPORTANTE Liderada por Paulo Freire a alfabetização de adultos, foi fator agregador das massas, estratégia de extinção do analfabetismo, que ajudou no fortalecimento das classes populares no enfrentamento à violência. Essa a experiência de alfabetização ocorrida em Angicos (RN), em 1963, liderada por Paulo Freire e sua equipe foi reconhecida nacional e internacionalmente. O método dessa vivência aconteceu pelo período de 40 horas, onde se conseguiu alfabetizar 300 trabalhadores(as) rurais. https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ Educação Popular 33 Figura 16: Experiência de alfabetização de Paulo Freire e sua equipe. Fonte: pixabay Angicos 50 anos – vídeo do MEC https://www.paulofreire.org/videos ACESSE Em seguida, abordaremos alguns movimentos ligados à educação popular, os quais obtiveram destaque nacional ao longo da história. Movimentos da Educação Popular Abordaremos sete acontecimentos (movimentos) da educação popular brasileira: 1. Movimento de Cultura Popular (MCP); 2. Centros Populares de Cultura (CPCs); 3. Movimento de Educação de Base (MEB); 4. Movimento Brasileira de Alfabetização (MOBRAL); 5. Fundação EDUCAR; https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-%C3%A1rvore-id%C3%A9ia-educa%C3%A7%C3%A3o-4142336/ https://www.paulofreire.org/videos Educação Popular34 6. Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC); 7. Programa de Alfabetização Solidária (EJA); 8. Programa Brasil Alfabetizado (PBA); 9. Movimento de Alfabetização de jovens e Adultos (MOVA); 10. Educação Popular em Saúde (EPS). 11. Educação Popular no Campo (EPC). 12. Educação Popular em Assistência Social (EPAS). Esses movimentos não aconteceram, obrigatoriamente, nesta ordem e isolados, pois uns se entrelaçam com outros em linha paralela. Começaremos a com o movimento de Cultura Popular. Figura 17: Movimentos da educação popular Fonte: https://bit.ly/2RbOfZz Movimento de Cultura Popular Criado em Recife o MCP, em 1960, referenciando o francês peuple et culture (povo e cultura), nasceu da ação empreendedora de intelectuais, estudantes, e artistas pernambucanos conjuntamente com à prefeitura de Recife, quando Miguel Arraes era o gestor. O seu objetivo era incentivar a alfabetização de adultos e proporcionar acesso da cultura a https://tiraduvida.info/eja-2018-inscricoes-2-semestre-2018/ Educação Popular 35 todas as pessoas. Desta forma, a ideia era descobrir uma maneira própria, isto é, formular uma estratégia educativa baseada na cultura e nos hábitos locais. As suas atividades pretendia a conscientização dos cidadãos por meio da educação de base e alfabetização, objetivando à formação da convicção política que preparasse a população para a participação social. Desta forma, os estudantes adaptavam-se a viver como cidadãos, conscientes de seus direitos e deveres podendo agir na sociedade transformando-se e sendo alfabetizados. Em função do golpe militar tal movimento foi eliminado, em 1964, e diversos dos participantes foram presos e exilados em outros países e entre eles Paulo Freire. Seguimos para o próximo movimento de cultura e educação popular. Centros Populares de Cultura A formação dos CPCs é produto da organização de jovens intelectuais da União Nacional dos Estudantes (UNE) e artistas ligados ao Teatro de Arena de São Paulo, em 1961, pelo governo estadual da Paraíba. Acabando o movimento em 1963 por motivo da perseguição militar iniciou. O acesso à cultura pela classe baixa renda, era a meta dos CPCs, assim os participantes deste movimento utilizavam música, peças teatrais e demais maneiras para difundir a cultura aos cidadãos e em seguida por meio de livros onde começou a alfabetização. O intuito era instituir um movimento dirigido às diferentes parcelas de trabalhadores afim de disseminar, promover, difundir o teatro político. Por meio do circo “Tomatão” os participantes do movimento percorriam os bairros ofertando palestras; filmes; espetáculos; exposição de artes; assistência jurídica e médica classe popular e periférica. Também, obtiveram destaque pelas atuações com teatros de rua elaborados em simbologia popular e por novas formas de conceber cultura, arte e novas posturas. Educação Popular36 Também estavam entre os movimentos realizados os programas e as campanhas desenvolvidos para combater o analfabetismo como exemplo a campanha de educação popular (CEPLAR) – as técnicas de Paulo Freire prevaleciam para informar as pessoas da situação vivida sendo o propósito fundamental: a conscientização. Por ser considerado uma ação de metodologia comunista foi extinto com a ditadura militar. Será apresentado o terceiro movimento de cultura e educaçãopopular. O Movimento de Educação de Base Originado, também, nos primeiros anos da década de 1960, era uma ação da Igreja Católica, com apoio do governo federal, buscava auxiliar a alfabetização da população, com ênfase na rural, preparando-a para intervir em diálogos da época, especialmente sobre a reforma agrária. As dinâmicas de animação e as escolas radiofônicas eram aplicadas como instrumento, metodologia, para o desenvolvimento do trabalho, a fim de promoverem a interação e relaxamento do grupo. O movimento atravessou por diferentes momentos de suas atividades, fluxos e refluxos, mas jamais deixou de existir. Atualmente, deseja condições para retomar sua proposta original. A educação era concentrada na conscientização do ser, como sujeito crítico de uma sociedade. Assim, a igreja importava-se com a formação crítica do cidadão, para que, se desprendesse do pensamento ideológico ocasionado pelos dominantes e conduzisse na transformação da sociedade, dessa forma, precisaria partir dos anseios e dos meios populares de libertação. IMPORTANTE Passamos ao quarto movimento de cultura e educação popular. Educação Popular 37 Movimento Brasileiro de Alfabetização Passados os anos 60 os movimentos dispuseram de um olhar mais considerável pelas autoridades e em 1967 apareceu o movimento com o período maior da época o MOBRAL, o qual foi implantado pela Lei n° 5.379 de 15 de dezembro de 1967, o país atravessava o tempo da ditadura, de imposição - esse movimento era influenciado imensamente pelo método Freiriano, pois o aprendizado era por meio das palavras geradoras, porém tais palavras não eram originadas através de diálogos com os alunos sobre o contexto do dia-a-dia, em um processo construtivo de aprendizagem, esses termos (palavras) passaram a ser apresentadas pelos tecnocratas, objetivando a aprendizagem básica, apenas o que era essencial aprender. Lei n° 5.379 de 15 de dezembro de 1967 - Provê sobre a alfa- betização funcional e a educação continuada de adolescentes e adultos. http://bit.ly/2MfWwsC SAIBA MAIS Esse movimento ofertava programas que visavam a profissio- nalização, o desenvolvimento do vocabulário e cultura, a aprendizagem da escrita e leitura, entre outras funções, mas as atividades muito automáticas, com isso os estudantes não assimilaram o aprendizado realmente, mais sim uma repetição do conhecimento, não alcançavam uma formação crítica necessária para a vida em sociedade. IMPORTANTE Educação Popular38 Conheceremos agora o Programa da Fundação EDUCAR. Fundação EDUCAR Esse movimento foi substituto do MOBRAL em 1985 e entendeu até 1990, sendo transferido os recursos financeiros do MOBRAL para o EDUCAR, assim as intenções de ambos não divergem. Assegurava a educação de pessoas excluídas ou não ingressaram na escola em idade adequada. Avançamos para o sexto programa de educação. Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania Implantado oficialmente, em 11 de setembro de 1990, pela Presidência da República, cuja finalidade era a redução de 70% do analfabetismo brasileiro, no período de cinco anos. Foi instiuída em novembro do mesmo ano, por Decreto, uma Comissão do PNAC – para tratar das atividades do programa. O Governo Federal pretendia complementar as atividades de alfabetização suspensas pela inatividade da Fundação Educar, objetivando, no ano internacional da alfabetização, estabelecido pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a participação do Brasil. Previa a proposta governamental o Art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - o esforço prioritário do estado a fim de sensibilizar todas as áreas da sociedade e executar os recursos financeiros na erradicação do analfabetismo e da universalização do ensino fundamental, no primeira década da promulgação da Constituição. O Governo Brasileiro com os seus ideais de modernização deparou-se com um dos fatores mais críticos do atraso e subdesen- volvimento do país – o analfabetismo. A questão era como se proceder diante dessa situação e que parâmetros se basear para sanar parte da dívida social do Brasil? Educação Popular 39 Programa de Alfabetização Solidária Surgiu, em 1997, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, tinha com o propósito de inserir os cidadãos não alfabetizados na Educação de Jovens e Adultos (EJA), os educadores capacitavam-se sendo uma educação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e passado o tempo esse programa passou a ser chamado de AlfaSol, transformando-se em uma organização não-governamental e até hoje o programa faz-se existe em algumas regiões do país. Programa Brasil Alfabetizado O seu principal objetivo era de erradicar do analfabetismo e também pretendia a inclusão social dos cidadãos analfabetos, foi criando em 2003, no Governo Lula. A metodologia utilizada da alfabetização a curto prazo, por meio de cartilhas por exemplo. Movimento de Alfabetização de jovens e Adultos Sendo que em paralelo ao PBA institui-se o MOVA, em 1990, baseado em Paulo Freire - pretendendo também a extinção do analfabetismo e a inclusão social. Contudo, o ensino inspirava-se na visão de mundo dos estudantes, incluída a criticidade nas discussões dos temas geradores, esse programa permanece até 2013 em alguns locais e foi relevante à história do analfabetismo nacional, devido a alfabetizar mais de 200.000 (duzentas mil pessoas). Vamos nos apropriar de como ocorre a educação popular em saúde. Educação Popular em Saúde Pode-se afirmar que o marco da educação popular em saúde é a educação sanitária uma maneira de estruturar as práticas educativas popular em saúde. E, qual o início dessas práticas? Educação Popular40 Iniciada, no fim do século XIX e fortalecida ao longo do século XX, em um contexto social de mudanças - extinção da escravidão, emergência de novas formas de organização econômica e do trabalho, desenvolvimento do comércio, aparecimento das primeiras indústrias, expansão desordenada das cidades, doenças como a varíola, febre amarela, peste bubônica, e as doenças transmissíveis - ocasionaram muitas mortes e danos econômicos e, o aumento da desigualdade social, da pobreza. A área da saúde compõe um sistema de práticas educativas, em vários espaços desenvolve-se ações de educação em saúde – nos domicílios, consultórios, grupos, nas praças, entrada dos serviços, domicílios, praças e, também na rua. Visualmente, as operações de educação em saúde são promovidas nos panfletos, cartazes, nas campanhas e outros materiais encontrados nos serviços de saúde, nos demais espaços sociais fortalecedores das atividades educativas como a internet, televisão e redes sociais. Em novembro de 2017, o Ministério da Saúde (MS) instituiu a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP-SUS) – sugere metodologias e tecnologias para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A PNEP-SUS consiste em uma prática orientada para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, a produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS. São quatro eixos estratégicos da educação popular em saúde: � Participação, controle social e gestão participativa; � Formação, comunicação e produção de conhecimento; �Cuidado em saúde e a; � Intersetorialidade e diálogos multiculturais. Educação Popular 41 Essas metodologias e práticas da EPS permitem a interação e integração entre os trabalhadores e usuários, as equipes de saúde e os espaços das práticas populares de cuidado, o cotidiano dos conselhos e dos movimentos populares, dando novo significado aos saberes e práticas. A Resolução n. 15, de 30 de março de 2017 que homologa o Plano Operativo para a implantação da Política de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). http://bit.ly/2MJUzUf SAIBA MAIS Vídeo de Educação Popular em Saúde, Formação em Debate. http://bit.ly/2oIBEBaUniversidade Aberta do SUS. https://www.unasus.gov.br ACESSE Agora vamos conhecer um pouco sobre a educação popular do campo. Educação Popular do Campo Os processos de educação para o campo seguiram da necessidade de modernizar a educação, diante de um ensino conservador. A educação do campo trouxe o papel transformador de atitudes, as interações entre mulheres e homens do campo, o grau de suas pretensões, e contribuir com a sua participação no processo de mudança tecnológica. https://www.unasus.gov.br/ Educação Popular42 Esse processo foi viável por meio de uma educação envolvida com a organização socioeconômica educação e agrária. Mas, essa modalidade de educação deixou de lado fatores relevantes e essenciais ao completo desenvolvimento do campo - desconsideram aspectos estruturais, impossíveis de serem separados do processo de ensino-aprendizagem. As questões estruturantes que não podem estar separadas da educação no campo - a imensa variedade e diferenças das condições sociais de vida na agricultura e produção; a relação submissão da população rural trabalhadora a uma organização e a um fluxo de crescimento da agricultura que favorece os interesses da propriedade fundiária e do capital; e a situação agrária que tem a problemática da terra como o ponto de ligação das diversas lutas e anseios dos trabalhadores rurais. Esses conflitos para o total desenvolvimento do território do campo brasileiro foram encobertos por programas educacionais, com a finalidade, de certa forma, recompensar falhas. Quanto, as políticas voltadas à educação rural - foram orientadas à disseminação de métodos e produtos agrícolas e alcançou um número pequeno de produtores. O problema agrário pulsante não entrou nos debates educacionais organizados pelos programas de governo – a explicação é o conservadorismo, o qual também esclarece as atitudes sobre a educação na área rural brasileira. Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas. http://bit.ly/2Bcdsd1 SAIBA MAIS Educação Popular 43 Finalizaremos a nossa abordagem apresentando a educação popular de Assistência Social. Educação Popular em Assistência Social. Essa modalidade de educação popular ligada a Assistência Social tem origem nos serviços sociais iniciados em ações de filantropia, em especial, os serviços sociais de entidades religiosas – como exemplo as Igrejas que ofereciam auxílio as pessoas e famílias carentes. Hoje essa ajuda ainda acontece, pois infelizmente ainda temos na sociedade cidadãos e famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social. Com o avançar dos tempos, os cidadãos organizaram-se em Associações de Bairros, Conselhos Comunitários, Conselhos de Direitos, Movimentos Sociais,Organizações Sociais - Organizações não Governamentais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, Rede de Educação Permanente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Redes de Filantropia, Escolas de Conselhos de Direitos e demais formas de organização com o objetivo de fomentar a EPAS aos cidadãos e trabalhadores da Assistência Social. Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil (CF/1988) no seu Art. 6 - Direitos Sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparado a Educação Popular de Assistência Social vem desenvolvendo-se com maior participação e conscientização da sociedade. Educação do campo por Paulo Rodrigues Brandão. http://bit.ly/2qh3zZz ACESSE Educação Popular44 Em 2013 foi instituída a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS – PNEP/SUAS estabelece os princípios e diretrizes para a instituição da perspectiva político-pedagógica fundada na educação permanente na Assistência Social, para qualificar os (as) gestores, trabalhadores, conselheiros e usuários dos serviços socioassistenciais. Vamos agora para sugestões para você alimentar seu banco de dados: Política Nacional de Educação Permanente do SUAS. http://bit.ly/35DEtEv. Escola Aberta do Terceiro Setor. http://bit.ly/2BkjoRf. Educação Popular de Assistência Social em Florianópolis, Santa Catarina. http://bit.ly/35CcYv2 ACESSE RESUMINDO As modalidades de Educação Popular são retratadas pelas intervenções nos e dos movimentos populares. O que se deseja que você aluno observe são as descrições de suas ações a maneira pela qual criam a prática educativa associada à conscientização sobre os direitos. Ora pela forte influência da cultura, ora pela ideologia da busca pela alfabetização, elas não estariam fora do processo formativo, da proposta de formação do indivíduo frente a luta maior por seus direitos. Educação Popular 45 Terminologia Popular: construindo conceitos Existem termos e conceitos que fazem parte da educação popular, e precisamos ficar atentos (as) a eles! Vamos conhecer esses termos e conceitos, iniciando com o conceito de Direitos Humanos – o qual dá significado aos demais conceitos, que vamos estudar. Direitos Humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação. Estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS -ONU, 2019). E o que vem a ser sociedade? Sociedade conjunto de indivíduos politicamente organizados que partilhando de objetivos comuns dão sentido à vida e justificam a concepção do homem como um ser de relações, capaz de fazer história própria. Contrato através do qual duas ou mais pessoas associam recursos e esforços para alcançar um objetivo comum (Glossário de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná, 2019). DEFINIÇÃO Seguimos para o próximo conceito essencial, para a educação! Educação Popular46 �Comunitário – comum a vários indivíduos, relativo a sociedade. O conceito de comunidade será estudado na unidade 2. Agora, vamos ao conceito de popular! �Popular – No dicionário Aurélio online o vocábulo popular é entendido como o homem do povo, relativo ou pertencente ao povo, que é usado ou comum entre o povo, que é do agrado do povo, vulgar, notório, democrático, o povo, com interpretações distintas dependendo de quem a faça e com quais finalidades. Figura 18: Origem da palavra popular. Fonte: pixabay Compreendido os conceitos de Direitos Humanos, Socie- dade, Comunitário, podemos entender o conceito de Classe! Classe - termo usado para dar a ideia de que existem distâncias sociais significativas na sociedade. Isso quer dizer que indivíduos e grupos são diferentes entre si e ocupam lugares diferentes na sociedade (INFOESCOLA, 2019). DEFINIÇÃO https://pixabay.com/pt/photos/educa%C3%A7%C3%A3o-dicion%C3%A1rio-palavra-390765/ Educação Popular 47 Vejamos o conceito de cidadão! Cidadão - indivíduo que pertence a uma sociedade organizada, sendo titular de direitos e obrigações; quem participa da vida social e política através do voto e de outras formas; cidadão do mundo: pessoa que exerce sua participação social e política independentemente de fronteiras (ABC DOS DIREITOS HUMANOS, 2003). Conceito de cidadania – relacionado ao conceito de cidadão! Cidadania - definida como o pleno pertencimento dos indivíduos a uma comunidade política por meio de um status, isto é, situação social que garante aos indivíduos direitos e deveres, liberdades e restrições, poderes e responsabilidades (DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2007). Outros conceitos que perpassam pela educação popular são os justiça social e desenvolvimentointegral do ser humano. Confira! Justiça Social - no Brasil, a justiça social tornou-se um dos pilares da constituição brasileira de 1988. Hoje, as políticas sociais estão incluídas em iniciativas dos governos federal, estadual e municipal, em colaboração com a sociedade civil. As políticas econômicas e sociais buscam garantir o direito à saúde e educação e acesso aos bens de consumo, lazer e novas tecnologias, através do aumento da renda e capacidade de consumo (SITE BRASIL.GOV, 2019). Seguimos para o conceito de Desenvolvimento Integral do Ser Humano! Este conceito de desenvolvimento integral no contexto da educação integral diz respeito a compreensão de que a educação, enquanto processo formativo, deve atuar pelo desenvolvimento dos indivíduos nas suas múltiplas dimensões: física, intelectual, social, emocional e simbólica (CENTRO DE REFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL, 2019). Educação Popular48 Vamos saber mais sobre a construção desses termos e conceitos! Atravessou a Educação Popular por diversos momentos de educação e estruturação, desde a procura da compreensão até a defesa dos direitos humanos prejudicados pelas ditaduras militares, sangrentas e violentas, as quais ceifaram a vida de diversos (as) militantes populares. A educação popular atestou o otimismo guerreiro da operação de alfabetização da Nicarágua, o sistema de Educação Popular de adultos manipulado com ataques, até a convivência com a Educação Popular que elaborava peças pequenas de artesanato, reunia roupas usadas e sussurrava com ódio, remoendo raiva junto com a falta de oportunidades de trabalho na periferia urbana. Entendida a educação uma maneira preferida na promoção dos direitos humanos - priorizar a formação de agentes públicos e sociais para influenciarem no segmento escolar e não escolar, inserindo os sistemas de educação, justiça e segurança, saúde, comunicação e informação, mídia e outros. Assim, precisa-se integrar e aperfeiçoar os ambientes de participação existentes, como também criar espaços novos e condições corporativas de formação e monitoramento das políticas públicas de direitos humanos no País. Faz-se necessário, em tempos de crise, a compreensão do motivo de algumas experiências educacionais no segmento popular conseguiram resultados e outras não. E, quais as lições podemos obter dos trajetos já percorridos, como impulsionar e reavivar o sonho sobre as análises teórico-práticas para a elaboração de um projeto de Educação Popular. Ao longo desses 50 (cinquenta) anos, podemos considerar que, aconteceu a expansão da Educação Popular embasada nos fundamentos teórico metodológicos freirianos como método de atividade com as áreas populares - sistemas públicos de educação, movimentos sociais, movimentos de alfabetização, sindicatos, afinal, existe, no agrupamento da sociedade, movimentos e Educação Popular 49 grupos que resistem dia-a-dia à predominância capitalista, por meio de um costume (práxis) da Educação Popular. O sonho da possibilidade de transformação da sociedade - é o sonho que alimenta as classes populares. Cativeiro Social – Desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti em 2018. http://bit.ly/2OTjOGn ACESSE Procure conhecer mais sobre as redes de educação popular - https://www.paulofreire.org/redes SAIBA MAIS Vamos agora entender como está a educação popular atualmente! A Educação Popular hoje Estudante você aprendeu sobre o histórico; o conceito e o processo de educação popular; as diferenças entre educação comunitária, popular e jovens e adultos; a terminologia popular e agora entenderemos como está a educação popular nos dias de hoje. Vamos lá! A Educação Popular, na contemporaneidade, é entendida como o conjunto de normas fundamentado na soberania popular, na justiça social e no respeito integral aos direitos humanos, e sua valorização é imediato para a expansão e a materialização dos https://www.paulofreire.org/redes Educação Popular50 direitos. Recebe notoriedade, pois ela recupera a sua direção ao desenvolvimento humano integral, dignificando, identificando os grupos socialmente excluídos e, com eles, voltando a luta histórica por um projeto emancipador anticapitalista; novas bandeiras são incorporadas, nesse cenário, como a defesa socioambiental. Já como idealização geral da educação, ela atravessou por inúmeros momentos epistemológicos educacionais e organizativos, a contar da procura do entendimento, nos anos 50 e 60, e a defesa por uma escola pública popular e comunitária, nos anos 70 e 80, até chegar a escola cidadã, nos últimos tempos, numa junção de entendimentos, consensos e divergências. Estudamos que a educação popular não se traduz somente na EJA, mas esta faz parte da educação popular! Dizemos de “jovens e adultos” lembrando-nos à “educação de adultos”, pois aqueles que cursam os programas de educação de adultos, compreendem na sua maioria, os jovens trabalhadores. Atualmente, uma das simbologias mais presentes da educação popular está na EJA. Esses batalham para conquistar melhores condições de vida (moradia, alimentação, emprego, saúde, transporte, etc) que estão na origem do problema do analfabetismo. Implicam no seu processo de alfabetização fatores como os baixos salários, o desemprego e as precárias condições de vida. A educação popular vem tornando-se em um modelo teórico que trata de reunir e desagrupar as temáticas originadas das lutas populares, busca apoiar com as manifestações sociais e os partidos políticos que retratam essas lutas. Preocupa-se em reduzir a influência da crise social na pobreza, e ouvir o desespero e à indignação moral do oprimido, do pobre, do analfabeto, da mulher, do indígena, do camponês, do negro, e do trabalhador industrial. Educação Popular 51 Assim as perspectivas de futuro dessa modalidade de educação são grandes e seus fundamentos iniciais estão presentes, como a obra de Paulo Freire, em diversas práticas educativas: a educação como produção e não simplesmente como transmissão do conhecimento; o foco nos aspectos gnosiológicas da prática educativa; a defesa de uma educação para a liberdade - base da vida democrática; a busca da educação emancipadora; a defesa da educação como um ato de diálogo; da razão de ser das coisas; a recusa do autoritarismo, da manipulação, da ideologização que surge também ao estabelecer hierarquias rígidas entre o professor que sabe (e por isso ensina) e o aluno que tem que aprender (e por isso estuda); a noção de uma ciência aberta às necessidades populares e um planejamento comunitário e participativo. A grande quantidade de noções que baseiam a educação popular, fragmentada hoje pelo mundo, como paradigma teórico, elevando-a um plano diverso da educação tradicional, bancária, e a educação como razão instrumental, nos aponta que nosso otimismo não é infundado. OBSERVAÇÃO + Figura 19: Educação popular hoje Fonte: https://glo.bo/2YakuKa Educação Popular52 Todas as teorias e práticas da educação popular são contrárias à educação do colonizador - não uma recusa bajuladora ou oportunista, mas uma recusa carinhosa e ilusória; uma recusa que admite questionar das próprias condições de literatura científica e das conclusões atingidas, para impedir a ilusão da razão prática. Um conjunto de perspectivas que convergiram em diversas opiniões, entre elas, a procura de uma ciência social e educativa integradora, radical, cognitiva e afetiva, e, ao mesmo tempo, heurística, consciente de que é impossível dividir a ciência dos interesses humanos. Os princípios de Educação Popular entendido por Delors (1999) e Frigotto (1995), na visão de Paludo (2005) se enraizaram na década de 1990, sofrendo um impacto expressivo. De outro jeito aos acontecimentos na década anterior, este entendimento sobre a educação e o referencial teórico que a subsidia, declinam, em parte, na exclusão. Segundo o estudo realizado pelo Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL), a EducaçãoPopular está atravessando um momento de resgate das raízes e de continuidade do processo de redefinições. Uma das mais importantes iniciativas foi a criação da Rede de Educação Cidadã (RECID), em 2003, uma vivência inovadora na área da Educação Popular, a qual conversa com os distintos É real que, a educação popular atualmente se forma numa mistura de teorias e de práticas. Nas diversas partes do mundo, elas têm em comum, a missão com os mais pobres, isto é, com a emancipação humana. São possibilidades plausíveis, íntegras, fundamentadas, continuadamente comparadas com a severidade dos fatos. EXPLICANDO MELHOR+++ Educação Popular 53 atores: indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, pescadores, Movimentos dos Direitos Humanos, Movimentos de Mulheres, Movimento Urbano dos sem Tetos, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento dos Sem Terra e Movimento Hip Hop. Ligada, pela ótica pedagógica, administrativa e política ao governo federal realiza um papel fundamental para a valorização dos direitos humanos no Brasil, uma vez que possui dimensão em todo território nacional. Articula a RECID diversas parcelas da população, movimentos sociais populares e instituições, acolhendo fraternalmente a missão de realizar um processo sistemático para mobilizar e sensibilizar a Educação Popular de grupos sociais e vulneráveis economicamente, possibilitando a conversa e a participação dinâmica no combate à miséria, concretizando um plano popular, democrático e soberano de federação. Chegamos ao final da unidade I, espero que tenham gostado do assunto e assimilado o aprendizado. Bons estudos! Quer se aprofundar neste tema? Recomendo o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Instituto Paulo Freire. www.paulofreire.org. SAIBA MAIS Escola Cidadã: http://bit.ly/2INVTV5 ACESSE http://www.paulofreire.org/ Educação Popular54 Educação Popular 55 UNIDADE 02 EDUCAÇÃO POPULAR ENQUANTO CIÊNCIA E O EDUCADOR Educação Popular56 Caros alunos (a) nesta unidade estudaremos a educação popular enquanto ciência e o educador. Iniciaremos o nosso estudo conversando sobre o senso comum e a construção coletiva da educação popular, classificação do conhecimento, os tipos de conhecimentos, relação entre o saber popular e científico. Na sequência trataremos a respeito do perfil do educador na atuação mediante o desafio da educação popular, as competências e virtudes dos educadores, papéis dos educadores (as) populares, desafio da educação popular. Após, compreendermos as metodologias na educação popular, a educação popular como metodologia, educando (a), cidadão: o (a) protagonista da sua aprendizagem e as metodologias aplicadas na educação popular. Por fim, entenderemos o conceito de comunidade, comunidade escolar, comunidade virtual, comunidade global, as novas formas de organização das comunidades em redes. Ao longo desta unidade letiva você vamos mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Educação Popular 57 1 2 3 4 Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2. O nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: OBJETIVOS Entender as diferenças e o ponto em comum dos saberes popular e o científico; Identificar os aspectos do perfil do (a) educador (a): as competências, habilidades, atitudes e virtudes; Demonstrar as metodologias na educação popular e; Compreender o conceito de comunidade e a abordagem de comunidade em redes. Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Educação Popular58 Senso comum e construção científica da Educação Popular Estamos iniciando o estudo da unidade 2: Educação popular enquanto ciência e o educador. Bom, qual saber apareceu primeiro, a sabedoria popular ou a científica? Estudos comprovaram que o saber popular é anterior a techne grega e, assim, ao saber científico. SAIBA MAIS O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do “conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de água e que, se não a receber de forma “natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dóis aspectos: a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. b) Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação ( LAKATOS, MARCONI, 2003, p.76). Educação Popular 59 ACESSE Os tipos de conhecimentos. http://bit.ly/35BOAto Seguimos com os tipos de conhecimento. fiquem ligados! Tipos de Conhecimento Os estudiosos classificam o conhecimento em popular, filosófico, religioso (teológico) e científico. Estudaremos cada um deles. � Saber Popular Dizemos que o conhecimento popular nasce com o ser humano. Por exemplo, quando uma pessoa olha para o céu e o observa, e então afirma que vai chover – esse é o saber popular, que é empírico, espontâneo e intuitivo. DEFINIÇÃO Conhecimento popular é o conhecimento do povo, que nasce da experiência do dia-a-dia por isso é chamado também de empírico […] o conhecimento que, em geral, o lavrador tem das coisas do campo. Ele interpreta a fecundidade do solo, os ventos anunciadores de chuva, o comportamento dos animais […]. Embora de nível inferior ao científico, o conhecimento popular ou empírico não http://bit.ly/35BOAto Educação Popular60 deve ser menosprezado, pois constitui a base do saber e já existia muito antes de o homem imaginar a possibilidade da ciência (RAMPAZZO, 2002, p. 18). DEFINIÇÃO (CONTINUAÇÃO) Os saberes populares são um conjunto de conhecimentos desenvolvidos por grupos pequenos - famílias, comunidades), baseados em experiências ou em superstições e crenças, e passados de um indivíduo para outro, especialmente por meio da linguagem falada e gesticulada (Suzi Cristina Rodrigues, 2019). Figura 1: Saber popular Fonte: Pixabay (2019) Você sabe as formas de expressão dos saberes populares? São manifestados nos chás medicinais, culinária, mandingas, artesanatos e outros, são parte da cultura de uma localidade e de comunidades. Obtém-se os conhecimentos empiricamente, isto é, pelo fazer, passados e reconhecidos de geração em geração – geralmente pela linguagem falada e gesticulada e atitudes. Educação Popular 61 ACESSE Vivência na aldeia http://bit.ly/2VGHCyK A educação popular como um saber de experiência http://bit.ly/2OPEfnC � Saber Científico E, como surgiu o saber científico? O início do conhecimento científico tem base na experiência de dados. Praticamente, a totalidade dessa experiência, porém, essa experiência é laboratorial e quase distante do ambiente experiencial da vida humana. DEFINIÇÃO O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade: tem pouco mais de trezentos anos e surgiu no século XVIII com Galileu (1564 – 1642). Isso não significa que antes não houvesse nenhum saber rigoroso, pois, desde a Grécia antiga (século VII a.C), os homens aspiram por a um conhecimento racional que se distingua do mito e do saber comum (conhecimento empírico) (RAMPAZZO, 2002, p. 19). Conhecimento científico significa a informação e o saber resultantes da busca constante de saber das coisas e de estudos (Suzi Cristina Rodrigues, 2019). http://bit.ly/2VGHCyK http://bit.ly/2OPEfnC Educação Popular62 Figura 2: Saber científico Fonte:Frepik As ciências são subsidiadas na experimentação e em análises matemáticas e estatísticas caracterizam-se por mensurar as coisas. Sua linguagem é a da quantificação, sendo que os aspectos metafísicos não são parte de seu processo de explicação, apenas os dados comprováveis. O foco está nos resultados obtidos da experiência no laboratório. O produto dessa experiência tornou a ser chamado de conhecimento científico ou saber científico. ACESSE Ciência na Educação Popular http://bit.ly/2plGq7S Etapas do Método Científico http://bit.ly/31iGWAK http://bit.ly/2plGq7S http://bit.ly/31iGWAK Educação Popular 63 � Saber Filosófico � Saber Teológico DEFINIÇÃO DEFINIÇÃO A Filosofia se interessa não por um particular aspecto da realidade, por este ou por aquele problema, mas por tudo, por todas as inúmeras questões que interessam a reflexão humana, iluminada pela razão, e em busca das causas mais profundas, indo além dos dados próximos e experimentais (RAMPAZZO, 2002, p. 22). A verdade pode ser encontrada tanto pelo caminho da investigação quanto pelo da revelação. O conhecimento teológico baseia- se exatamente nesta fé: Deus falou aos homens por meio de intermediários que transmitiram Sua mensagem. Podemos afirmar que a teologia é uma reflexão racional e sistemática que, porém, parte dos dados da fé; e, por isso, pressupõe a fé (RAMPAZZO, 2002, p. 22). Relação entre Saber Popular e Científicos Nos dias atuais, o diálogo a respeito da relação entre o saber popular e o saber científico materializa-se nas atividades educativas, que abrangem os princípios da educação popular Educação Popular64 em programas ou projetos de governos e, especialmente, nos voltados a grupos sociais, que expressam as políticas de inclusão social. IMPORTANTE Hoje, o saber científico apresenta o mesmo fundamento do saber popular – a experiência, estabelecida pela relação causa-efeito. Avançando pela procura do novo - a intervenção do pensamento por meio das elaborações de possibilidades a serem demonstradas, unindo, desde o começo, a experiência à mesma relação O perfil do educador na atuação mediante o desafio da Educação Popular O (A) Educador (a) que atua ou tem a pretensão de trabalhar na área da educação popular, como os demais profissionais de outras áreas, possui um perfil idealizado para o trabalho. Vamos conhecer o conceito de perfil. Perfil - reunião das qualidades pessoais ou profissionais que torna alguém apto para um trabalho, cargo, atividade [...](http:// bit.ly/2pnuhPE). DEFINIÇÃO http://bit.ly/2pnuhPE http://bit.ly/2pnuhPE Educação Popular 65 Competências e Virtudes dos Educadores No exercício do seu trabalho o educador (a) popular precisa apresentar as competências para a profissão. Você sabe o que é competência? Confira! DEFINIÇÃO “Competência significa a qualidade que uma pessoa possui e que é percebida pelos outros. Não adianta possuir competências, é necessário que as outras pessoas reconheçam a sua existência. Elas são dinâmicas, mudam, evoluem, são adquiridas ou perdidas “ (CHIAVENATO, p. 184, 2008). As competências individuais estão relacionadas à maneira de interagir do indivíduo, como: os conhecimentos, as habilidades individuais e os atributos pessoais como fundamento para o exercício da função de educador(a) em uma organização educacional. E, como percebemos a competência individual nas pessoas? Pelas suas divisões: o conhecimento do indivíduo; a sua capacidade intelectual, física e emocional; as suas habilidades e as tarefas que é capaz de realizar; os resultados que se espera dele (a) e sua capacidade motivacional para demonstrar essas características. Também as competências técnicas são pré-requisitos para ocupar e desempenhar a função de educador (a) popular. As competências técnicas são adquiridas em processos de formação profissional, como: curso de graduação e pós- graduação; qualificação e aperfeiçoamento profissional; educação permanente e continuada e outros. Educação Popular66 SAIBA MAIS Conhecimento (saber) – aprender a aprender, aprender continuamente, aumentar o conhecimento, aumentar o capital intelectual. Habilidade (saber fazer) – aplicar o conhecimento, saber pensar e agregar valor, transformar o conhecimento em algo concreto e produtivo. Competência (saber fazer acontecer – aplicar a habilidade, alcançar metas e objetivos, transformar a habilidade em resultado (CHIAVENATO, p. 185, 2008). O conhecimento pode visto como uma oportunidade para as organizações educacionais valorizarem os (as) educadores, apreciando e aplicando as suas ideias. Também pode ser considerado uma ameaça, que os (as) educadores levam consigo o seu conhecimento, se as organizações educacionais não os (as) valorizarem. Assim, as organizações devem ficar atentas em aprender e manter esse conhecimento, caso contrário correm o sério risco de serem prejudicadas. Veremos a seguir a classificação das habilidades (saber fazer): �Habilidade Técnica: capacidade de usar as ferramentas instrumentos de trabalho, escolher os processos ou aplicar os métodos de uma área de especialização. �Habilidade Humana: capacidade de trabalhar em grupo e equipe. com outras pessoas. �Habilidade Conceitual: capacidade intelectual de coordenar e integrar todos os interesses e atividades da organização educacional com a visão sistêmica, isto é, ver a organização como um todo e de compreender a dependência das suas partes. Educação Popular 67 Um educador (a) popular também deve possuir virtudes para o desempenho do seu trabalho. A definição de virtudes na visão do dicionário Aurélio: DEFINIÇÃO Disposição constante do espírito que nos induz a exercer o bem e evitar o mal. O conjunto de todas ou qualquer das boas qualidades morais. Ação virtuosa. Austeridade no viver. Castidade, pudicícia. Qualidade própria para produzir certos e determinados resultados […] (http://bit.ly/31jyFfT). Figura 3: Virtudes do (a) educador (a) Fonte: Pixabay Vejamos as virtudes do educador no entendimento de Freire (1982 p, 1-8): Discurso e Prática 1. Ser coerente entre o que se diz e o que se faz A primeira virtude ou qualidade que gostaria de destacar é a virtude da coerência. Coerência entre o discurso que se fala e que anuncia a opção e a prática que deveria estar confirmando este discurso. http://bit.ly/31jyFfT Educação Popular68 Palavra e Silêncio 2. Saber trabalhar a tensão entre a palavra e o silêncio outra virtude que emerge a experiência é a virtude de aprender a lidar com a tensão entre a palavra e o silêncio. Esta é uma grande virtude que nós, educadores, devemos criar. O que eu estou querendo dizer, com isto? Trata-se de trabalhar a tensão permanente que se cria entre a palavra do educador e o silêncio do educando, entre a palavra dos educandos e o silêncio do educador. (...) Subjetividade / Objetividade 3. Trabalhar criticamente a tensão entre a subjetividade e a objetividade Outra virtude é a de trabalhar de forma crítica a tensão entre subjetividade e objetividade, entre consciência e mundo, entre ser social e consciência. (...) Aqui e Ali 4. Diferenciar o aqui e agora do educador do aqui e agora do educando Outra virtude do educador e da educadora é como não só aprender mas viver a tensão entre o aqui e agora do educador e o aqui e agora dos educandos. Porque na medida em que não compreendo a relação entre o “meu aqui” e “o aqui” dos educandos é que começo a descobrir que o meu “aqui” é o “lá” dos educandos. Não existe “lá” sem “aqui”, o que é óbvio. (...) Espontaneísmo / Manipulação 5. Evitar o Espontaneísmo sem cair na manipulação Existe outra virtude que é evitar cair em práticas espontaneístas sem cair em posturas manipuladoras. O contrário destas duas posições é o que chamo de uma posição radicalmente democrática. (...) Teoria e Prática 6. Vincular teoria e prática Outra virtude é a de viver intensamente a relação profunda entre a prática e a teoria, não como superposição,mas como unidade contraditória. Viver esta relação de tal maneira que a prática não possa prescindir da teoria. (...) Paciência / Impaciência 7. Praticar uma paciência impaciente outra virtude é a de aprender a experimentar a relação Educação Popular 69 tensa entre paciência e impaciência, de tal maneira que jamais se rompa a relação entre as duas posturas. (...) Texto e Contexto 8. Ler o texto a partir da leitura do contexto finalmente, eu diria que tudo isto, que estou dizendo, tem a ver com a relação entre a leitura do texto e a leitura do contexto. (...) Percebam que há semelhanças na definição de virtudes conforme o dicionário Aurélio e das virtudes do educador no entendimento de Paulo Freire. Também observe que para Paulo Freire essas virtudes são de todos (as) os (as) educadores (as), sejam profissionais da educação infantil, do ensino médio, do ensino técnico e profissionalizante, do ensino superior e outros. +++ EXPLICANDO DIFERENTE ACESSE http://bit.ly/2ISeAac + OBSERVAÇÃO Freire acreditava que as virtudes do educador(a) são inatas da sua essência, pertencem ao ser, nascem com eles (as), e quando tornam- http://bit.ly/2ISeAac Educação Popular70 se educadores tais virtudes fazem parte da sua atuação profissional na busca pela mudança de uma sociedade mais justa. + OBSERVAÇÃO (CONTINUAÇÃO) SAIBA MAIS “Estas virtudes não podem ser vistas como algo, com o qual algumas pessoas nascem ou um presente que uns recebem, mas como uma forma de ser, de encarar, de comportar-se, de compreender, tudo o que se cria através da prática, na busca da transformação da sociedade. Não são qualidades abstratas, que existem independentes de nós, ao contrário, que se criam conosco (e não individualmente). As virtudes das quais vou falar não são virtudes de qualquer educador, mas daqueles que estão comprometidos com a transformação da sociedade injusta e na criação de uma sociedade mais justa” (FREIRE, 1985, p. 01). Papéis dos Educadores (as) Populares São várias as associações dos papeis do (a) educador (a) popular – mediador (a), facilitador, ponte e outros. Mas, a grande parte relaciona o educador (a) ao papel de mediador (a) do processo dialógico desde o qual conhecimentos novos são produzidos pelos grupos - o educador e os educandos, concomitante. Educação Popular 71 Figura 4: Papel do (a) Educador (a) Fonte: Pixabay Compreendidos o perfil, as competências e as virtudes dos educadores, falaremos sobre os papéis dos educadores (as). Esse profissional possui uma função, atribuição um dever no processo de ensino-aprendizagem. SAIBA MAIS Na visão de Freire, “o papel do professor e da professora é ajudar o aluno e a aluna a descobrirem que dentro das dificuldades há um momento de prazer, de alegria” (2003, p. 52). Essa afirmação de Paulo Freire nos faz entender que o papel do professor (a) é de auxiliadores no processo de ensino- aprendizagem. Dessa maneira é necessário praticar o diálogo onde educador e educando – por meio da concretização de suas finalidades alcançam o acesso do saber historicamente construído pelo exercício cultural da humanidade. Educação Popular72 ACESSE O valor de ser educador http://bit.ly/2OLAS14 O órgão gestor da educação no Brasil, Ministério da Educação (MEC), entende que há profissionais de educação, classificados – maneira mais conhecida, em: educador (a); professor(a); docente; mediador(a); instrutor(a); tutor(a) e monitor (a). ACESSE Profissionais da educação. http://bit.ly/2IPPpor Seguimos descrevendo os tipos de profissionais da educação. Vamos iniciar com o conceito de educador (a), importante ao nosso estudo. DEFINIÇÃO Educador - que ou o que se ocupa de educação: um bom educador; pedagogo; professor http://bit.ly/35G1PJI http://bit.ly/2OLAS14 http://bit.ly/2IPPpor http://bit.ly/35G1PJI Educação Popular 73 Perceba que a definição do dicionário é semelhante a classificação do profissional de educação do MEC! Seguimos com mais um conceito de educador (a). DEFINIÇÃO é o sujeito responsável por coordenar, na relação com o outro, os processos de. Isso significa que o educador é um profissional que investe no processo de desenvolvimento do, sempre ciente do que ele, efetivamente, necessita aprender. (http://bit.ly/33xiNaZ). Acontece de confundirem o (a) educador (a) popular com educador (a) social, mas as duas denominações não são sinônimas. O (a) educador (a) popular realiza a mediação no processo de ensino-aprendizagem para os cidadãos voltado à busca e conscientização dos seus direitos no sentido amplo (direitos humanos, direitos civis, direitos constitucionais de educação, saúde, assistência social, alimentação, segurança, habitação e outros). Já o (a) educador (a) social faz a mediação no processo de ensino-aprendizagem para os cidadãos voltado à busca e conscientização dos seus direitos de assistência social. Percebeu que a assistência social está incluída no trabalho do (a) educador(a) popular! ACESSE Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) - Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. http://bit.ly/33xiNaZ) Educação Popular74 Lei n 9.384, de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://bit.ly/2MiDAJW ACESSE (CONTINUAÇÃO) Ou fator a ser esclarecido no perfil do educador é a hierarquia - relação de poder entre professor (a) e aluno (a). Sendo o (a) educador (a) é um profissional com formação específica, diferentes dos conhecimentos dos alunos - sem que essa situação se traduza em maior ou menor valorização aos saberes dos (as) educadores (as) e, sim, aceitar que são conhecimentos próprios das experiências, vivências e formação dos educadores. Há uma relação de hierarquia no processo de ensino- aprendizagem da educação popular, mas essa hierarquia deve ser vista como uma maneira de organizar o trabalho pedagógico visando sempre a socialização dos saberes e a integração harmônica e respeitosa das relações entre os educadores e os estudantes. Conheça os renomados (a) educadores (as) brasileiros (as)! �Nísia Floresta Viveu no Brasil entre 1810 e 1885, em um período em que as mulheres não tinham acesso à educação formação. Estudou em um convento de carmelitas em Pernambuco, onde futuramente teve contato com ideais liberais. Foi educadora, escritora, feminista e abolicionista. Escreveu 15 livros, publicou artigos sobre direitos das mulheres e fundou no Rio http://bit.ly/2MiDAJW Educação Popular 75 de Janeiro uma escola para meninas. Inspirada nos ideais liberais e iluministas, reivindicou que as mulheres tivessem acesso às mesmas oportunidades que os homens e destacou que a exclusão das mulheres dos espaços de educação sufocavam suas potencialidades, tanto na ciência como em cargos públicos. (http://bit.ly/2ppfBzo) �Macaé Evaristo Mulher e negra, ocupou com resistência e persistência cenários de política quase sempre dominados por homens brancos. Ocupou importantes espaços de gestão da educação em Minas Gerais e em todo o país. Sua trajetória se destaca pelo engajamento em um projeto de educação e de país que integre a diversidade brasileira, traduzido na educação integral. Para ela, a educação só consegue avançar em termos de inclusão e qualidade quando é capaz de entender e atender sujeitos na sua integralidade, acolhendo comunidades e territórios (http://bit. ly/2ppfBzo) �Maria Victoria Benevides Educadora, socióloga, cientista política e militante, tornou-se referência em educação para os direitos humanos e democracia. No período em que vigorava o Ato Institucional nº 5 , estudou em uma universidade pública onde discutiu abertamente sobre política e democracia. Tornou-se professora titular da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) em 1985, aos 43 anos. A educadora se destaca pela atenção a temas como cidadania ativa, participação popular, orçamento participativo, reforma política, violência policial e educaçãoem direitos (http://bit.ly/2ppfBzo) http://bit.ly/2ppfBzo http://bit.ly/2ppfBzo http://bit.ly/2ppfBzo http://bit.ly/2ppfBzo Educação Popular76 �Anísio Teixeira. O educador Anísio Espínola Teixeira introduziu no país o conceito de escola gratuita e para todos. O educador baiano, que viveu de 1900 a 1971, entendia a escola como uma instituição democrática, que oferecesse as mesmas oportunidades a filhos da classe alta e do proletariado. Defendia os princípios de um sistema educacional público, gratuito e obrigatório - que, mais tarde, fariam parte da Constituição. Fundou a Universidade de Brasília (UnB) e a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (antigo nome da Capes). A participação de Anísio foi também fundamental na elaboração e aprovação da Lei de Diretrizes e Bases de 1961, que definiu os rumos da educação no Brasil (http://bit.ly/31hHF55) �Darcy Ribeiro Darcy Ribeiro era professor, etnólogo, antropólogo, ensaísta e romancista, nascido em Montes Claros (MG), em 1922. Formou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1946), com especialização em Antropologia. Ribeiro foi Diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do MEC (1957-61) e participou, com Anísio Teixeira, da defesa da escola pública e da criação da Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor. Foi Ministro da Educação e Secretário de Educação do Rio de Janeiro, quando ficou encarregado de implementar os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), escolas de tempo integral com projeto político-pedagógico inovador. Faleceu em Brasília, em 1997 (http://bit.ly/31hHF55) Seguiremos os estudos com os desafios da educação popular. http://bit.ly/31hHF55 http://bit.ly/31hHF55 Educação Popular 77 Desafio da Educação Popular Para se entender a educação como transformação social, é necessário perceber o ser humano não simples recipiente de conteúdos, e sim como o indivíduo que tece a sua história de vida, e como resultado, apto a problematizar suas relações com o mundo. Sendo que o relacionamento do professor e aluno para Paulo Freire, inicia-se do reconhecimento das condições sociais, econômicas e culturais dos alunos, suas famílias e a sua localidade. Alguns fatores devem ser observados pelo (a) educador (a) popular no desempenho dos seus trabalhos. Vamos saber quais são eles. �Não foram as classes marginalizadas da sociedade que impuseram a si mesmas a submissão; �Essa classe ficou limitada no acesso a seus direitos, isto é, tiveram os seus direitos violados a exemplo o direito a educação; �Os projetos políticos pedagógicos, muitas vezes, não possibilitam o entendimento da vivência na prática do dia-a-dia da relação entre gestores (as), educadores (as) e colaboradores (as) pela coletividade escolar; �É necessário à concepção de um coletivo pela educação popular. +++ EXPLICANDO DIFERENTE O relacionamento de ensino- aprendizagem entre educando(a) e educador(a) deve transcender os limites da sala de aula e integrar todas as áreas que fazem o ambiente escolar viável. No Educação Popular78 Que diz respeito a educação popular assimilar que ela é focada na conscientização e no conhecimento dos direitos dos cidadãos, a fim de exercerem a sua cidadania e assim se viverem como seres integrais. +++ EXPLICANDO DIFERENTE O analfabetismo também é um desafio a ser erradicado, pois no Brasil existe ainda muitos cidadãos analfabetos, essa situação social é um obstáculo considerável no acesso ao direito à educação e informação – essenciais ao gozo pleno dos direitos dos cidadãos, assim como do exercício da plena cidadania! ACESSE A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas. http://bit.ly/33zpZDy Na ótica do educador (a) popular - o seu grande desafio é pela formação permanente e continuada, buscar bases teórico- práticas, ao exercício do ensino-aprendizagem. Estar atualizado sobre as matérias e assuntos do universo da educação popular, compreender o contexto e as características do sujeito, da comunidade e da sociedade – a fim de atingir o grandioso objetivo da efetivação dos direitos aos cidadãos por meio da educação popular. http://bit.ly/33zpZDy Educação Popular 79 ACESSE Formação Docente numa Perspectiva da Educação Popular. http://bit.ly/2J8asTJ Programas do MEC voltados à formação de professores. http://bit.ly/2ppJks0 CURIOSIDADE Você sabia que as informações e os conhecimentos em educação popular têm de ser registrados e transmitidos? Esse, também é um dos desafios dessa área da educação? Na atual sociedade da informação e do conhecimento o (a) educador (a) popular precisa pensar em meios de registrar e disseminar as informações e os conhecimentos dessa área específica do saber – para que a busca das informações seja rápida e eficaz e os conhecimentos compartilhados. Passamos a mais um desafio da educação popular. A implantação e implementação das Políticas Públicas de Educação Popular nas suas diversas áreas educação indígena, quilombola, habitação, trabalho, alimentação, saúde, direitos humanos e outros. Uma vez que a educação popular busca assegurar e consolidar os direitos dos cidadãos. http://bit.ly/2J8asTJ http://bit.ly/2ppJks0 Educação Popular80 SAIBA MAIS O grande problema do educador não é discutir se a educação pode ou não pode, mas é discutir onde pode, como pode, com quem pode; é reconhecer os limites que sua prática impõe. É perceber que o seu trabalho não é individual, é social e se dá na prática de que ele faz parte (FREIRE, 2001, p. 98). Avançamos com o próximo tópico - às metodologias na educação popular. Metodologias na educação popular Iremos estudar neste tópico as metodologias, também chamadas de técnicas e métodos utilizados na prática da educação popular. RESUMINDO A educação popular é pautada nos princípios da ética, a solidariedade e a transformação social. O programa Nacional de Educação Popular – foi um modelo baseado na metodologia da educação popular, sugerido pelo ministro da educação Paulo de Tarso, implantado no governo do presidente João Goulart e coordenado pelo educador Paulo Freire. Educação Popular 81 ACESSE Decreto nº 53.465, de 21 de Janeiro de 1964 - Institui o Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura e dá outras providências. http://bit.ly/33zeHz8 Educação Popular como Metodologia A Educação Popular é uma metodologia de educação que considera os saberes antecedentes das populações, de maneira geral, em especial daquelas cujo acesso à educação foi negado em razão da situação de exclusão social, em particular. Apesar disso, a técnica não se limita à simples escolarização podendo acontecer em outros ambientes não-escolares como associações de bairro, fábricas, cooperativas, sindicatos, Conselhos de Direitos Humanos – a exemplo o Conselho da Criança e do Adolescente, Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Conselho Estadual de Trabalho e Emprego e ou mesmo na escola formal e na universidade. Essa modalidade de educação observa atentamente o povo em suas realidades culturais, condição econômica, território e de produção da vida objetivando a construção de novos saberes. Construção que o método prioriza como tecido em conjunto. Educando (a), cidadão: o (a) protagonista da sua aprendizagem. Você já ouviu falar no protagonismo na educação? Vamos saber o que isso significa. O (A) educando (a) como protagonista de seu aprendizado significa em tese ofertar a ele (a) autonomia, http://bit.ly/33zeHz8 Educação Popular82 incentivando-o (a) na busca da informação e a construção do seu conhecimento, sendo o (a) agente desse processo. Figura 5: Educando (a) como protagonista do seu aprendizado Fonte: Pixabay Mas, o (a) educadora vai deixá-lo (a) sozinho (a) no processo de ensino-aprendizagem? Isso não quer dizer que o (a) aluno (a) vai ficar a própria sorte, o (a) professor(a) irá mediar o processo de ensino-aprendizagem com o devido acompanhamento dos seus projetos do início ao fim. Nesse novo modelo, o (a) educador (a) faz com que, nessa caminhada, os (as) estudantes pesquisem os conteúdos e descubra o melhor modo de entendê-los. ACESSE Debate Virtual: Competências para formar o cidadão do século XXI. http://bit.ly/2BdC3yr Vamos conhecer as metodologias aplicadas na educação popular. http://bit.ly/2BdC3yr Educação Popular 83 Metodologia Aplicadas na Educação Popular � Metodologia Dialética-dialógica-libertadora Caracteriza-se a sua metodologia como processo participativo de construção coletiva e popular. A metodologia participativa com as diferentes partes envolvidas sustenta que a maneira de fazer, de certa forma, é o que se quer fazer e o para que se faz. Pretende despertar o senso crítico e estimular o diálogo entre as partes para uní-las em um processo de construção coletiva, numa perspectiva solidária. Figura 6: Processo participativo de construção coletiva e popular. Fonte: Pixabay (2019) Tendo como premissa de quem faz é quem sabe, mas quem pensa sobre o que realizar faz melhor e quem faz também realiza o sentido do que faz, dessa forma significa a metodologia popular, ao concomitantemente: � Percurso em que educadores assumem uma postura respeitosa e propõe meios de participação e de colaboração. � Percurso do qual o ponto de partida é a afirmação de que todo ser humano é capaz, que os indivíduos desenvolvem Educação Popular84 capacidades diversas. Os seres oprimidos possuem o interesse em superar a atrofia mental, cultural e física a que foram submetidas e o processo de a emancipação inicia por pessoas que estão dispostas a um processo de transformação individual e social. � Percurso que pretende resgatar a autoestima das pessoas, união de esforços, de organização para a busca e a conquista de seus direitos e para se empoderar como responsável do seu destino coletivo. �De modo prático, percurso, afirmação e propósito – são espaços distintos, cada um é um processo (sistema) com início, meio e fim, pois precisam um do outro e tem uma relação de interdependência. SAIBA MAIS Quantas vezes você já ouviu falar na necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De prepará-los para questionar a realidade? De unir teoria e prática? De problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey (1859-1952), filósofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. No Brasil inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da educação (Disponível em: . Acesso em: 07 mai 2019). Educação Popular 85 ACESSE Educação popular. http://bit.ly/35v9ytM �Metodologia de Paulo Freire Paulo Freire – Patrono da Educação Brasileira elaborou uma metodologia de alfabetização fundamentada nas experiências vividas pelas pessoas. Ele exercitava as ditas “palavras geradoras” a partir da realidade (ambiente) do cidadão, em vez de efetivar a alfabetização utilizando as cartilhas e ensinar, por exemplo, “ a menina brinca” e o “garoto joga bola”. Esclarecendo um indígena poderia aprender as palavras “caboclo”, “tatu” “oca” e outras, um trabalhador do campo aprenderia “plantação”, “adubo”, “tomate” e etc , um trabalhador (a) da indústria iria aprender “ matéria-prima”, “produção”, “máquina”, outras – com base na decodificação fonética dessas palavras, construía-se novos termos, aumentava-se o vocabulário e se compreendia e ampliava a visão de mundo. Figura 7: Alfabetização fundamentada nas experiências vividas pela pessoas Fonte: Pixabay (2019) http://bit.ly/35v9ytM Educação Popular86 Vejamos as etapas do método de alfabetização de Paulo Freire! 1. Investigação – o (a) educando (a) e o (a) educador (a) procuram as palavras e temáticas centrais, no ambiente vocabular do (a) estudante e do meio onde ele (a) vive. 2. Tematização – professor (a) e aluno (a) codificam e decodificam essas temáticas, objetivando o seu significado social, conscientizando-se do mundo onde vivem. 3. Problematização – estudante e professor procuram a superação de uma primeira visão encantada por uma visão crítica do mundo, iniciando a transformação do ambiente vivido. A perspectiva freiriana explicitava que não há conhecimento pronto e acabado – está continuamente em construção, isto é a educação de uma pessoa é um processo construtivo ao longo da vida. Qual a diferença do método freiriano dos outros métodos? O diferencial está na abordagem política, crítica e libertadora. Deixando de lado as questões os pontos de vistas políticas e partidárias, o método desenvolvido por Paulo Freire é bastante interessante e de acessível aplicação. A metodologia utiliza muitos conceitos andragógicos, defendidos por diversos educadores que mantinham contato com Freire, a exemplo, Pierre Furter, colega na Universidade de Genebra, nos anos 70, vindo após ao Brasil para estudar e conhecer a metodologia freiriana. RESUMINDO A experiência de alfabetização ocorrida em Angicos (RN), em 1963, liderada por Paulo Freire e sua equipe foi reconhecida nacional e internacionalmente. O método dessa vivência Educação Popular 87 RESUMINDO (CONTINUAÇÃO) aconteceu pelo período de 40 horas, onde se conseguiu alfabetizar 300 trabalhadores(as) rurais. ACESSE O PENSAR EDUCAÇÃO EM PAULO FREIRE: Para uma Pedagogia de mudanças http://bit.ly/2qh7sxE �Método Analítico (MA) é um método intuitivo de alfabetização, voltado para as crianças, com significativas contribuições da pedagogia norte-americana, que surgiu entre o final do século XIX e início do século XX. O MA analisa o todo (palavra), iniciando com palavras frases ou contos, fazendo que as crianças compreendam o sentido de um texto. estimulando a leitura e deixando o aluno a vontade. Deve-se considerar as habilidades dos alunos, priorizar as habilidades de ouvir, falar e escrever. Compreende três etapas: Palavração; Sentenciação e Contos e Historietas. 1. Palavração – apresenta-se a palavra acompanhada da imagem ao aluno, sendo os detalhes da palavra as sílabas, a palavra é composta e decomposta. 2. Sentenciação - visualização e memorização das palavras na formação de novas palavras. http://bit.ly/2qh7sxE Educação Popular88 3. Contos e historietas - é um método de sentenciação, como ideia fundamental. Dando entendimento a criança que a leitura é a descoberta do que está escrito, decompondo pequenas histórias em partes menores. ACESSE Percurso Histórico e Métodos de Alfabetização. http://bit.ly/2Mg0vp4 Método da experiência criadora uma contribuição interessante do MA foi o desenvolvimento pela educadora Ieda Dias da Silva - que se fundamentou na perspectiva da abordagem analítica em alfabetização na Rede Pública de Ensino, nos anos 60 e 70. Ieda publicou a cartilha O Barquinho Amarelo, a partir da experimentação de sua obra por outras educadoras, com a sua observação direta. A autora em entrevista disse sentir- se responsável pela concretização de um trabalho social, pelo contato que teve com as crianças de todo o Brasil, quando das suas viagens como formadora de professores. Figura 8: Método da experiência criadora Fonte: http://bit.ly/31jFtdw http://bit.ly/2Mg0vp4 http://: http://bit.ly/31jFtdw Educação Popular 89 ACESSE O fazer pedagógico e as propostas oficiais para a alfabetização em Mato Grosso do Sul: da pretensão à prática. http://bit.ly/2VTO59L O Barquinho Amarelo. http://bit.ly/31dguZe �Educação Popular em Direitos Humanos (EPDH) - supõe uma metodologia fundamentada nas relações entre as pessoas, respeitando e valorizando a diversidade - não como um aspecto de separação e de isolamento (distanciamento), e sim como uma premissa de fraternidade, comunhão e de solidariedade. Essa modalidade acontece na escola, no cotidiano.ACESSE EDUCAÇÃO POPULAR E DIREITOS HUMANOS Pautas Pedagógicas para a Atuação. http://bit.ly/2OPiJiQ SAIBA MAIS Educação popular para os direitos humanos na escola […] assume um posicionamento de que, ao tratar das questões da comunidade, http://bit.ly/2VTO59L http://bit.ly/31dguZe http://bit.ly/2OPiJiQ Educação Popular90 vai além dessas questões, desenvolvendo atividades pedagógicas que se pautam pelas discussões, pelo diálogo entre profissionais da escola e a comunidade, promovendo, enfim, atitudes de esclarecimento de questões mais gerais da sociedade. SAIBA MAIS (CONTINUAÇÃO) Esse caminho é o que parece possibilitar uma educação, agora popular, em condições de garantir valores como a pluralidade de idéias e a alteridade, garantindo maiores espaços à promoção da igualdade de oportunidades, participação e exercício da autonomia Educação popular para os direitos humanos no cotidiano […] a sua implementação direciona-se pelo exercício da crítica, como a capacidade humana de discernir as dimensões positivas e negativas de cada fenômeno, decidindo-se a partir desse processo mental. Ora, no cotidiano, as reivindicações populares vão se constituir como elementos educativos dessa educação e se concretizar como componentes dos direitos humanos. São as reivindicações gerais pela qualificação para o trabalho, educação básica para todos, a participação política nos grupos sociais e mesmo reivindicações pela educação política nos movimentos sociais e partidos políticos (http://bit. ly/2pk5vA7_cap_3_artigo_03.pdf) �A Economia Solidária (ES) é uma maneira de produção, pensamento e relacionamento iniciada da geração de trabalho e renda que tem como probabilidade metodológica a Educação Popular. Agrega empreendimentos econômicos solidários: startups sociais, cooperativas e associações. Existem outros meios de estruturação relacionadas à ES como: organizações quilombolas e indígenas, agricultura camponesa, fábricas recuperadas e outras. http://bit.ly/2pk5vA7 http://bit.ly/2pk5vA7 Educação Popular 91 Figura 9: Produção, pensamento e relacionamento iniciados da geração de trabalho e renda Fonte: Pixabay (2019) SAIBA MAIS Estratégias de educação popular – voltada para a economia solidária. http://bit.ly/2VJWWue �Metodologia de Intervivência Universitária também é possível ousar, criar e inovar nas metodologias de educação popular. Prestem atenção, nessa interessante iniciativa! Aconteceu em 2012, a iniciativa pioneira de interveniência universitária e educação popular, no município de Mato Grande, territórios potiguares, no Rio Grande do Norte. O seu marco foi o desenvolvimento de uma ação de extensão, com foco na promoção do protagonismo de jovens, aplicando a metodologia de interveniência universitária, a fim de pesquisar sobre o perfil sociodemográfico e das variáveis comportamentais dos jovens participantes na ação. Realizou-se atividades como de disseminação do conhecimento e domínio de tecnologia, voltada para a inclusão social, por meio de intercâmbios, alternâncias e diálogos de experiências do dia-a-dia, de educandos (as) http://bit.ly/2VJWWue Educação Popular92 do sistema público de Educação Básica, e o universo do conhecimento técnico-científico dispostos nas Instituições de Ensino Superior (IES). ACESSE Grupo de Pesquisa Incubadora OASIS. http://bit.ly/33BGHCa SAIBA MAIS O referido projeto, ao contemplar a aplicação de recursos de Educação Popular no desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras de estudantes da Educação Básica, do sistema público de ensino, vinculados à agricultura familiar, caracteriza-se como esforço de desenho e consolidação de tecnologia social na perspectiva do empreendedorismo social. O projeto foi desenvolvido pela Incubadora Organização de Aprendizagens e Saberes em Iniciativas Solidárias – OASIS vinculada ao Programa de Pós - graduação em Administração – PPGA/UFRN e, mais especificamente, à linha de pesquisa Políticas Públicas e Governança que, em sentido amplo, centra- se em estudos de “políticas de emprego, educação, saúde, assistência social, previdência, transporte, moradia, saneamento básico, tributárias, entre outras - em âmbito nacional, regional, estadual e municipal” e de “novas formas tecnológicas e gerenciais no setor público, particularmente os processos de http://bit.ly/33BGHCa Educação Popular 93 terceirização, privatização, agências reguladoras, organizações sociais, agências executivas, parcerias e consórcios” (http://bit. ly/31iV90k) �Método Educação da Vida desenvolvida por Masaharu Taniguchi fundador da Organização Social Seicho-no-ie, de cunho filosófico, trata da educação, focada na “reeducação do adulto” e no “sorriso, elogio e palavras de incentivo”. Tem como objetivo, acreditando na essência boa da criança, fazê-la crescer através do amor com sabedoria. Esta metodologia é conhecida como A prática do Diário de Elogios, aplicada pela elaboração de uma lista das qualidades manifestadas do (a) educando (a) no momento com a finalidade de se enxergar uma concepção positiva de si mesmo e do outro (educação do ser integral) e dessa maneira fazer surgir as demais qualidades que estão no universo da potencialidade temporariamente. Esta tese fundamenta-se na ideia de que apenas “ o que for reconhecido pela mente humana que passa a se manifestar objetivamente”. Como resultado desta prática temos o direcionamento da atenção da mente para a perspectiva positiva e iluminada dos (as) educandos (as) e a abstração do foco mental dos aspectos que necessitam ainda serem melhorados; a elevação da autoestima, da autoconfiança e a revelação das potencialidades já existentes – que estavam ocultas, e tornam-se evidentes para os (as) educadores (as), familiares e sociedade. SAIBA MAIS A professora Liliana Catais Martins de Souza, membro atuante da Associação Regional dos Educadores da Seicho-No-Ie da cidade de São José do Rio Preto (SP), foi convidada pela Secretaria da http://bit.ly/31iV90k http://bit.ly/31iV90k Educação Popular94 SAIBA MAIS (CONTINUAÇÃO) Educação de Rondônia para uma apresentação realizada no mês de agosto de 2015, demonstrando a eficácia da prática conhecida como Diário de Elogios. Na ocasião, foram convidados os professores, profissionais da área e autoridades locais, dando ênfase na participação dos educadores da zona rural (http://bit.ly/2VKlJ1n). ACESSE O Despertar da Capacidade Infinita na Educação Fundamental. http://bit.ly/32h8844 http://bit.ly/33zlvga Educação da Vida da Seicho - http://bit.ly/2VLWOKJ Conceituando Comunidade Na unidade 1, tópico 3 do nosso e-book você estudou as terminologias e conceitos da educação popular. Vamos relembrar dois deles, que são complementares ao conceito de comunidade. Atenção! http://bit.ly/2VKlJ1n http://bit.ly/32h8844 http://bit.ly/33zlvga http://bit.ly/2VLWOKJ Educação Popular 95 Comunitário é comum a vários indivíduos, relativo a sociedade. Sociedade conjunto de indivíduos politicamente organizados que partilhando de objetivos comuns dão sentido à vida e justificam a concepção do homem como um ser de relações, capaz de fazer história própria […]. O que é uma Comunidade Nessa linha de pensamento podemos inferir que comunidade é um grupo de pessoas que possuem e buscam objetivos em comum, estão interligadas, interagem e inter- relacionam-se entre si, no ambiente em que se encontram. Esses compartilhamentos de experiências e vivências em comum acontecem no território, local e/ou global, aonde residem, convivem, trabalham, estudam, por meio presencial e/ou virtual. SAIBA MAIS Projeto Popular para o Brasil. http://bit.ly/2Mi01Pj Projeto Comunidade e Escola. http://bit.ly/2OWwlJ0 DEFINIÇÃO http://bit.ly/2Mi01Pj http://bit.ly/2OWwlJ0 Educação Popular96 Conceitualmente vamos conhecer o que vem a ser comunidade. DEFINIÇÃO Comunidade qualquer conjunto de indivíduos ligados por interesses comuns (culturais, econômicos, políticos, religiososetc.) que se associam com frequência ou vivem em conjunto. Grupo de pessoas com características comuns, inseridas numa sociedade maior que não compartilha de suas características básicas; sociedade (Dicionário Michaelles online, 2019). ACESSE O que é comunidade? http://bit.ly/2MNevWx CURIOSIDADE Sabia que um bloco de carnaval ou uma escola de samba é uma das representações de uma comunidade? Sim, esses grupos sociais expressam a cultura de uma região. http://bit.ly/2MNevWx Educação Popular 97 ACESSE Bloco Galo da Madrugada, em Recife. https://glo.bo/2MlNDOl Figura 10: Comunidade Fonte: Pixabay (2019) DEFINIÇÃO Comunidade escolar constitui o grupo formado por educadores, educandos, pais e/ou responsáveis dos educandos (as) colaboradores da escola, onde a vivência e participação na escola é estimulada, com a finalidade do ótimo desempenho do processo de educação (Suzi Cristina Rodrigues, 2019). https://glo.bo/2MlNDOl Educação Popular98 ACESSE A participação da comunidade escolar http://bit.ly/35FBXNN DEFINIÇÃO Segundo Rheingold (1993) a comunidade virtual é uma agregação cultural formada pelo encontro sistemático de um grupo de pessoas no ciberespaço. ACESSE Comunidades Virtuais – um novo espaço de aprendizagem. http://bit.ly/2VGsLnY DEFINIÇÃO Comunidade Global composta por grupos de cidadãos de diversas localidades do mundo, com culturas diversas, em torno de objetivos comuns. http://bit.ly/35FBXNN http://bit.ly/2VGsLnY Educação Popular 99 ACESSE Comunidade global para a educação. http://bit.ly/2qcj5FW As comunidades na contemporaneidade operam no formato redes de cooperação, isto é, um modo de organização para compartilhar o saber (conhecimento). No nosso caso disseminar as informações e conhecimentos na área da educação popular. Estudamos a Rede de Educação Cidadã (RECID) tópico 4 da unidade 1 do nosso e-book. Lembra? Conheceremos outros exemplos de redes de cooperação aplicadas na educação popular. Nova forma de Organização das Comunidades em Rede �Rede do Instituto Paulo Freire formada por instâncias nacionais e mundiais, as quais tratam de assuntos sobre a educação. As instâncias que compõe a rede são Fórum Mundial de Educação, Fórum Social Mundial, Associação Brasileira de Organizações não Governamentais, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Rede Planetária foi lançada durante a Rio+20, Carta da Terra, Fórum Estadual da Diversidade Etnicorracial e Fórum Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes. http://bit.ly/2qcj5FW Educação Popular100 SAIBA MAIS O Fórum Mundial de Educação é um movimento pela cidadania planetária e pelo direito universal à educação. Constitui-se em um espaço de constante diálogo entre todas e todos os que, no mundo globalizado, levam adiante projetos de educação popular e de enfrentamento ao neoliberalismo, seja em esferas públicas, governamentais ou não, coletivas ou de pesquisa (http://bit. ly/35BsF5B). ACESSE Fórum Mundial de Educação http://bit.ly/2BgSIko SAIBA MAIS A Campanha Nacional pelo Direito à Educação constitui-se em uma rede que articula mais de 200 grupos e entidades distribuídas por todo o país, incluindo movimentos sociais, sindicatos, organizações não-governamentais nacionais e internacionais, fundações, grupos universitários, estudantis, juvenis e comunitários, além de centenas de cidadãos que acreditam na construção de um país justo e sustentável por meio da oferta de uma educação pública de qualidade (http://bit.ly/35BsF5B). http://bit.ly/35BsF5B http://bit.ly/35BsF5B http://bit.ly/2BgSIko http://bit.ly/35BsF5B Educação Popular 101 ACESSE Campanha Nacional pelo Direito à Educação http://bit.ly/33zW5iB SAIBA MAIS A Rede Planetária foi lançada durante a Rio+20, no contexto da 2ª Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental. É constituída por redes, fóruns, organizações, movimentos sociais e coletivos, afinados com os princípios e valores explicitados no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis com Responsabilidade Global (https://www.paulofreire.org/redes). ACESSE Rede Planetária http://bit.ly/2Mjdnef http://bit.ly/33zW5iB https://www.paulofreire.org/redes Educação Popular102 SAIBA MAIS O Fórum Estadual da Diversidade Etnicorracial (FEDER) é composto por diversas instituições da sociedade civil e do poder público. A partir do diálogo constante dos participantes, busca a efetiva implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 (http:// bit.ly/35BsF5B). ACESSE Fórum Estadual da Diversidade Etnicorracial http://bit.ly/32m7Fxu �Rede Nacional de Mobilização Social (COEP) criada com a finalidade de combater a fome, erradicar a miséria, reuniram-se 33 (trinta e três) dirigentes - entre eles o sociólogo Herbert José de Sousa (Betinho) de empresas, federais e estaduais, fundações e autarquias, para formalizar a criação da RNBS em agosto de 1993. A COEP é organizada por três redes a Rede de Organizações, a Rede Comunidades e a Rede de Pessoas ou Rede Mobilizadores. A Rede de Organizações conta com organizações de âmbito nacional (universidades, empresas, órgãos governamentais, entidades de classe e organizações não governamentais, entre outros), atuando de forma articulada (http://bit.ly/2MiRQ5d). A Rede Comunidades envolve hoje diretamente cerca de 90 comunidades em todos os estados brasileiros. É no trabalho com (http://bit.ly/35BsF5B (http://bit.ly/35BsF5B http://bit.ly/32m7Fxu http://bit.ly/2MiRQ5d Educação Popular 103 as comunidades que a proposta de atuação do COEP se torna mais efetiva, não somente pela transformação que possibilita na vida das pessoas de baixa renda, mas também pelo trabalho em parceria e cooperação resultado da articulação em rede. A Rede COEP viabiliza o encontro de comunidades e organizações, ampliando o impacto da ação individual, criando sinergia e facilitando processos de capacitação e troca de experiência (http://bit.ly/2MiRQ5d). A Rede de Pessoas ou Rede Mobilizadores possui mais de 44 mil pessoas cadastradas, espalhadas por 1,8 mil municípios brasileiros nas 27 unidades da federação. Criada em 2003, a Rede Mobilizadores reúne pessoas com experiências e saberes diversos, movidas por ideais de justiça e equidade social, tendo sua página na Internet como espaço de encontro para que tenham acesso à capacitação e a informações qualificadas. Promove a troca de experiências para aprimorar práticas, replicar iniciativas bem sucedidas e mobilizar as pessoas para que atuem de forma organizada em prol dos eixos de atuação do COEP (http://bit. ly/2MiRQ5d). O Laboratório Herbert de Souza - Tecnologia e Cidadania – Laboratório Betinho, criado em parceria com a Coppe/UFRJ tem como objetivo aprimorar estratégias metodológicas articulando desenvolvimento tecnológico e inovação social, a partir da experiência acumulada pelo COEP ao longo de sua trajetória voltada ao desenvolvimento de comunidades vulneráveis (http://bit.ly/2MiRQ5d). ACESSE Criação da Rede Nacional de Mobilização Social. http://bit.ly/2ONq822 http://bit.ly/2MiRQ5d http://bit.ly/2MiRQ5d http://bit.ly/2MiRQ5d http://bit.ly/2MiRQ5d http://bit.ly/2ONq822 Educação Popular104 Rede de Filantropia criada em 2002, com o objetivo de compartilhar conhecimentos técnicos sobre a gestão do terceiro setor. O terceiro setor é formado pelas organizações da sociedade civil organizada – Associações; Fundações; Conselhos; Institutos; Entidades filantrópicas; Movimentos Sociais e Organizações Não Governamentais (ONGs); Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OCIPs) estas organizações efetuam trabalho nas área de educação, saúde, meio ambiente, habitação, cultura, assistência social e outras, para auxiliar o estado. +++ EXPLICANDO DIFERENTE ACESSE Rede de Filantropia https://www.filantropia.ong/ Chegamos ao final da unidade 2, espero que tenham gostado do assunto e assimilado o aprendizado. Bons estudos! https://www.filantropia.ong/ Educação Popular 105 UNIDADE 03 VISÃOPRÁTICA DA EDUCAÇÃO POPULAR Educação Popular106 Nesta unidade abordaremos a visão prática da educação popular. O nosso estudo começará com a introdução dos conceitos sobre os projetos multidisciplinares envolvendo as concepções da educação popular; como também as definições de planejamento, plano, equipe, multidisciplinaridade, projeto multidisciplinar e indicadores; compreenderemos as etapas, objetivos dos projetos multidisciplinares; o que vem a ser a Interdisciplinaridade, transdisciplinariedade e pluridisciplinariedade. Logo a seguir apresentaremos algumas fontes de recursos financeiros públicos e privados para os projetos multidisciplinares na educação popular e seus exemplos. Conversaremos na sequência sobre a ampliação a percepção dos educadores acerca de: liberdade, justiça, igualdade e felicidade. Explicaremos após a avaliação de projetos multidisciplinares nos segmentos da educação popular - conceito de avaliação e princípios. Por fim, reconheceremos o estudo de caso na educação popular como estratégia de pesquisa, compreendendo a definição e classificação do método de pesquisa de estudo de caso. INTRODUÇÃO Educação Popular 107 1 2 3 4 Olá. Bem-vindo a nossa Unidade 3. O nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: OBJETIVOS Conhecer o conceito de projetos populares multidisciplinares; Entender os princípios da liberdade, justiça, igualdade e felicidade no trabalho do (a) educador (a) popular; Explicar a avaliação de projetos multidisciplinares nos segmentos da educação popular e; Reconhecer o método de pesquisa do estudo de caso na educação popular. Vamos aprimorar nossos conhecimentos juntos? Educação Popular108 Projetos multidisciplinares envolvendo as concepções da Educação Popular Caro (a) aluno (a), iremos estudar neste tópico sobre a prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos multidisciplinares na educação popular. Mergulhem nesse estudo interessante! Conceitos essenciais dos projetos multidisciplinares Iniciaremos o nosso estudo conceituando planejamento educacional, projetos, plano, equipe, multidisciplinariedade, indicadores educacionais, os quais são fatores fundamentais para o entendimento do conceito de projetos multidisciplinares na educação popular. O primeiro conceito a ser entendido é o planejamento educacional. Atenção! Segundo Coaracy ( 1972 apud SANT’ANNA et al., 1988, p.14) o planejamento educacional consiste em um processo contínuo que se preocupa com o para onde ir e quais as maneiras adequadas para chegar lá, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo. DEFINIÇÃO Educação Popular 109 A Pedagogia Libertadora e o Planejamento Educacional relacionam-se. Vamos conhecer o pensamento de Danilo Gandin a respeito dessa relação: No planejamento, é fundamental a ideia de transformação da realidade. Isto quer dizer que uma instituição (um grupo) se transforma a si mesma tendo em vista influir na transformação da realidade global. Quer dizer, também, que fez sentido falar em planejamento acima e além da administração - como uma tarefa política, no sentido de participar na organização na mudança das estruturas sociais existentes. Quer dizer, finalmente, que planejar não é preencher quadrinhos para dar status de organização séria a um setor qualquer da atividade humana (GANDIN, 2000, p. 55). Seguimos com o próximo conceito projeto: Projeto é um design, um esboço de algo que desejo atingir. Está sempre comprometido com ações, mas é algo aberto e flexível ao novo. A todo o momento você pode rever a descrição inicialmente prevista para poder levar a avante sua execução e reformulá-la de acordo com as necessidades e interesses dos sujeitos envolvidos, bem como da realidade enfrentada (PRADO; ALMEIDA, 2009, p.61). SAIBA MAIS DEFINIÇÃO Educação Popular110 Prestem atenção a mais uma definição de projeto: Projeto é uma ação desencadeada dentro de um período de tempo determinado, geralmente para criar algo que não existia antes. Rotina é um conjunto de ações que se repetem continuamente, cuja duração é indefinida dentro da instituição (GANDIN, 2000, p. 28). DEFINIÇÃO DEFINIÇÃO Projeto de Intervenção voltado à Educação em Direitos Humanos e Educação Para a Paz, com ênfase na questão de gênero e violência, em colégios da rede pública de ensino de ponta grossa. http://bit.ly/2WejvHI ACESSE Seguimos com o conceito de plano. Plano compreende o documento que descreve e formaliza o planejamento e o projeto de uma ou mais temáticas da educação popular (RODRIGUES, 2019). http://bit.ly/2WejvHI Educação Popular 111 Vamos em frente compreendendo o conceito de equipe. Equipe consiste em um time formado por multiprofissionais com a finalidade de planejar, executar, monitorar e avaliar projeto (s) em determinada área da educação popular (RODRIGUES, 2019). Agora vamos compreender o conceito de multidiscipli- naridade: A multidisciplinaridade se caracteriza por uma ação simultânea envolvendo diferentes disciplinas em torno de um tema comum. Nesse caso, os conhecimentos disciplinares estão no mesmo nível hierárquico e se apresentam de forma estanques, não existe nenhuma relação e cooperação entre elas (PRADO; ALMEIDA, 2009, p.59). Para que você tenha mais informações, acesse Projeto Educarte. http://bit.ly/2pdjjwt ACESSE Espero que goste, pois o intuito é esse, alimentar sua bagagem de conhecimentos. Analisando os conceitos de projetos e multidisciplinaridade e, relembrando o que estudamos nas unidades 1 e 2 – em especial o conceito e as área da educação popular elaboro o meu conceito de projeto multidisciplinar na educação popular: http://bit.ly/2pdjjwt Educação Popular112 Delineia ideias, estruturadas por projetos, a respeito das temáticas da educação popular (Direitos Humanos, idosos, crianças, adolescentes, mulheres, pessoas com deficiência, população indígena, quilombola e do campo, população LGBT - lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros, trabalho e renda, saúde, educação, assistência social e outras) aplicando a cultura da diversidade, junto a equipes multiprofissionais (profissionais de diferentes formações), com a troca de saberes, experiências e vivências (RODRIGUES, 2019). Vamos a mais informação preciosa, acesse: Projeto de iniciação científica em Direitos de Cidadania no Brasil - Direitos Fundamentais Constitucionais e Humanos: http://bit.ly/33UJdns Projeto Popular para o Brasil: http://bit.ly/2WdaJKh ACESSE Os indicadores são fontes de informações quantitativas (numérica) com significado qualitativo com a finalidade de fundamentar os planejamentos, os projetos, os programas e as políticas públicas. Prosseguimos com o conceito de indicadores educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) – faz parte da estrutura do Ministério da Educação (MEC). Vamos lá! http://bit.ly/33UJdns http://bit.ly/2WdaJKh Educação Popular 113 Eles atribuem valor estatístico à qualidade do ensino, atendo- se não somente ao desempenho dos alunos, mas também ao contexto econômico e social em que as escolas estão inseridas. Eles são úteis principalmente para o monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, contribuem para a criação de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à sociedade pela escola (http://bit.ly/32IsJP3). Conheça as estatísticas sobre a educação escolar indígena no Brasil: http://bit.ly/344rfip Conheça breve perfil da educação escolar quilombola (EEQ) no Brasil. : http://bit.ly/2JmwMcc Conheça o panorama da educação do campo no Brasil.:http://bit. ly/2Ne9mHa RESUMINDO ACESSE http://bit.ly/32IsJP3http://bit.ly/344rfip http://bit.ly/2JmwMcc http://bit.ly/2Ne9mHa http://bit.ly/2Ne9mHa Educação Popular114 Etapas, Objetivos dos Projetos Multidisciplinares Organiza-se os projetos em etapas para proporcionar o seu planejamento, execução e monitoramento, isto é, a fim de facilitar o processo de gestão de projetos. Conforme Gadin (2003) as partes de um projeto são essencialmente: a. Objetivo, com os “o quê” e “para quê” (tomados do plano) muitas vezes aparecendo sob os títulos de objetivo e de finalidade; b. Justificativa (breve), se parecer necessário; c. Localização, dizendo onde serão desdobradas as atividades do projeto; d. Cronograma, dizendo quando acontecerá cada atividade; e. Metodologia, descrição circunstanciada das atividades, incluindo todas as orientações necessárias para que o projeto aconteça no espírito que o gerou; f. Recursos humanos, indicação de pessoas com a respectiva habilitação que serão necessárias para a execução do projeto; g. Recursos físicos e financeiros, dizendo o que será gasto e de onde sairão os recursos; h. Critérios de eficiência, em que se descreva o resultado que seria aceitável como consequência da execução do projeto. Educação Popular 115 Podem ser adicionadas mais etapas e/ou essas serem adaptadas, conforme a necessidade e o interesse da equipe de projetos. Os projetos multidisciplinares tomam forma de um documento organizado de acordo com as partes do projeto. Os projetos multidisciplinares possuem como objetivo proporcionar a interdisciplinaridade, viabilizando a identificação de pontos em comum existentes entre os conteúdos ministrados levando – os assim a serem utilizados e entendidos no dia a dia. + OBSERVAÇÃO Interdisciplinaridade. Representa um nível mais elevado de interação entre as disciplinas, um nível hierárquico superior onde procede a coordenação das ações disciplinares. Há, portanto, uma organização e articulação voluntária coordenada das ações disciplinares orientadas por um interesse comum. Isso significa que na interdisciplinaridade há cooperação e diálogo entre os conhecimentos disciplinares (PRADO; ALMEIDA, 2009, p.59). VOCÊ SABIA? Educação Popular116 Figura 1: Interdisciplinaridade dos projetos multidisciplinares na educação popular Fonte: Pixabay Confira a iniciativa do Núcleo de Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão em Economia Solidária e Educação Popular (NUPLAR) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Quero que você acesse estes links, é de suma importância para o seu aprendizado. http://bit.ly/2p2djqp Na obra Planejamento: Como Prática Educativa do professor Danilo Gandin aborda as metodologias do planejamento e planos na educação. http://bit.ly/2p4y9FF ACESSE http://bit.ly/2p2djqp http://bit.ly/2p4y9FF Educação Popular 117 Concebendo que os conteúdos ministrados tenham uma aplicabilidade na vida cotidiana do discente, ou seja, que não sejam apenas disciplinas isoladas, sem sentido ou decoradas simplesmente para fazer um teste. Estas ligações podem simplificar o processo de ensino – aprendizagem, uma vez que ajudam a construir o conhecimento de forma mais agradável e participativa. A multidisciplinaridade tem como base o princípio de que nenhuma fonte de conhecimento é por si completa, ou seja, interagindo com outras fontes farão surgir novas compreensões da realidade. Isto nos remete a mais um conceito. Prestem atenção! A transdisciplinaridade não significa apenas que as disciplinas colaboram entre si, mas significa também que existe um pensamento organizador que ultrapassa as próprias disciplinas e a interdisciplinaridade ( (PRADO; ALMEIDA, 2009, p.60). DEFINIÇÃO Trabalhar com projetos pode representar uma excelente estratégia para propiciar a criação do conhecimento coletivo, pois permite que o estudante possa romper com sua inércia e passe a interagir de várias formas diferentes durante toda a etapa de execução do projeto. O ensino por meio de projetos, além de consolidar a aprendizagem, contribui para a formação de hábitos e atitudes e para aquisição de princípios que podem ser utilizados em Educação Popular118 situações alheias a vida escola. Trabalhar em grupo faz com que o aluno tenha flexibilidade no pensamento, auxiliará no desenvolvimento da autoconfiança para que este possa entrar numa outra atividade proporcionando também a aceitação do próximo, facilitando a divisão de trabalho e a responsabilidade na comunicação entre os colegas. Figura 2: O trabalho em grupo como estratégia nos projetos multidisciplinares Fonte: Pixabay O conhecimento construído através dos Projetos Multidisciplinares deve possibilitar a análise crítica de valores sociais, desenvolver o respeito mútuo – uma vez que requer uma maior interação entre os alunos – e fortalecer a aquisição de hábitos saudáveis, pois faz com que o aluno se reconheça como elemento integrante do processo e permite maior conscientização sobre os diversos aspectos relacionados às situações cognitivas, afetivas e sociais ao permitir o uso de estratégias individuais e grupais nas práticas e resoluções de problemas. Educação Popular 119 Figura 3: O conhecimento construído por meio dos projetos multidisciplinares Fonte: Pixabay Realize a leitura sobre as Relações Pedagógicas na Educação Infantil: um enfoque na afetividade. Assim, poderão entender às às situações cognitivas, afetivas e sociais. http://bit.ly/2pXS4Wz. ACESSE O que vem a ser a interação entre os alunos nos projetos multidisciplinares? A seguir verifique: Na pluridisciplinaridade existe algum tipo de interação entre os conhecimentos disciplinares, embora, eles estejam no mesmo nível hierárquico. Há uma relação entre os domínios disciplinares indicando a existência de alguma cooperação entre eles (PRADO; ALMEIDA, 2009, p.59). http://bit.ly/2pXS4Wz Educação Popular120 Leia o artigo (O planejamento participativo no contexto da Comunicação Popular e Comunitária publicado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom). http://bit.ly/2Nq9i7p ACESSE Para o desenvolvimento de um projeto multidisciplinar voltado para a educação popular temos que ter em mente alguns aspectos entre eles estão: �Respeitar a materialidade das origens; �Construir e consolidar uma matriz pedagógica articulada com trabalho e cultura; �Realizar uma educação laica e politicamente responsável, no tocante às questões de gênero, etnia e classe, com vistas às emancipações humanas; �Reconhecer e readaptar a dinâmica e os espaços de ensino e aprendizagem. http://bit.ly/2Nq9i7p Educação Popular 121 Resumindo é respeitar: o conhecimento; as vivências; o meio sócio cultural; as histórias e as práticas e as suas realidades. + OBSERVAÇÃO Fontes de recursos financeiros públicos para os projetos multidisciplinares na educação popular Para viabilizar os projetos multidisciplinares na educação popular necessitamos de recursos financeiros. Nas esferas da administração pública (federal, estadual, municipal) temos disponíveis Fundos Públicos e Fundos Sociais para o financiamento das Políticas Sociais no Brasil. ACESSE Fundo Público e o financiamento das Políticas Sociais no Brasil. http://bit.ly/33ZtQKv http://bit.ly/33ZtQKv Educação Popular122 Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis nºs 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 demarço de 1999. VOCÊ SABIA? Figura 4: O trabalho em grupo como estratégia nos projetos multidisciplinares Fonte: Pixabay Educação Popular 123 Fundo Social - Criado pela Lei 12.351, de 2010, o fundo é formado por recursos recebidos pelo governo a partir da exploração do petróleo da camada pré-sal. Atualmente, os recursos são destinados exclusivamente à educação pública, com prioridade para a educação básica, e à saúde (http://mds.gov.br/). VOCÊ SABIA? Mas, como conseguir recursos para os projetos? Então, na área social temos o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS); Fundo Nacional do Idoso (FNI); Fundo de Apoio à Pessoa com Deficiência (FAPD); Fundo Nacional para a Criança e ao Adolescente (FNCA). Também nessas esferas públicas está disponível o Fundo Nacional de Saúde (FNS), o qual pode ser utilizado para o financiamento de projetos na área de saúde e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) destinado a projetos e programas e políticas educacionais do Ministérios da Educação (MEC). Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. https://www.mdh.gov.br/ ACESSE http://mds.gov.br/ https://www.mdh.gov.br/ Educação Popular124 A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é mantida pelo Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS): O FNAS, instituído pela Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, tem por objetivo proporcionar recursos e meios para financiar o benefício de prestação continuada e apoiar os serviços, programas e projetos de assistência social. Cabe ao Ministério da Cidadania, como órgão responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, gerir o Fundo Nacional de Assistência Social, sob orientação e controle do CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social (http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/ assistencia-social/fnas-fundo-nacional-assistencia-social/fnas- institucional). Você pode acompanhar a execução do FNAS no Portal Transparência do Governo Federal: http://mds.gov.br/ Meu caro(a), você sabia que o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS) dispõe de um Fundo Social voltado a projetos em áreas sociais? Confira! VOCÊ SABIA? Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Constituído com uma parcela dos lucros anuais do BNDES, o Fundo Social apoia investimentos de caráter social, nas áreas de inclusão produtiva, serviços urbanos, saúde, educação, desportos, justiça, meio ambiente e outras vinculadas ao desenvolvimento regional e social. Nos últimos anos, o BNDES Fundo Social tem direcionado grande parte dos investimentos http://mds.gov.br/ Educação Popular 125 em projetos de inclusão produtiva, tendo como público-alvo agricultores familiares e seus empreendimentos, observados os termos da Lei nº 11.326 de 2006, com ênfase em mulheres, jovens, produtores que adotem sistemas agroecológicos e povos e comunidades tradicionais (http://bit.ly/2pQC2Os). E com relação o Apoio aos Projetos Sociais? A Fundação Banco do Brasil apoia projetos sociais voltados ao desenvolvimento sustentável, à inclusão sócioprodutiva e à reaplicação de tecnologia social. São realizados investimentos não reembolsáveis em parceria com instituições sem fins lucrativos com mais de dois anos de existência por meio da celebração de convênios ou contratos. O processo se inicia com a apresentação de proposta em função de editais de chamadas públicas ou ações específicas da Fundação BB em parceria com as agências do Banco do Brasil. As ações específicas da Fundação BB em parceria com as agências do Banco do Brasil, especialmente as chamadas para Projetos de Inclusão Socioprodutiva (PIS) e Voluntariado BB FBB, devem ser acessadas junto às agências BB locais (https://fbb.org.br/pt-br/menu-pt-br/sobre-nos). Os editais públicos podem ser acessados na página. http://bit.ly/2PutnvZ ACESSE http://bit.ly/2pQC2Os http://bit.ly/2PutnvZ Educação Popular126 Fontes de recursos financeiros privados para os projetos multidisciplinares na educação popular Já na esfera privada os fundos, para a promoção dos projetos, são implantados por ações da Sociedade Civil Organizada, na maioria das vezes, através das Organizações Sociais (OS) e em parceria com empresas adeptas a Projetos e Programas de Responsabilidade Social, bem como por doações de pessoas (mantenedores/pessoa física) e organizações (pessoa jurídica). A maior parte dos financiamentos de projetos sociais, inclusive os da educação popular, são subsidiados pelos fundos mantidos por OS. Figura 5: Responsabilidade social Fonte: Pixabay Educação Popular 127 Figura 6: Captação de recursos Fonte: Pixabay Responsabilidade Social acontece quando as organizações, de forma voluntária, adotam posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar social dos seus funcionários e da comunidade aonde está localizada. + OBSERVAÇÃO Com o intuito de auxiliar a captação de recursos para as OS nasceu a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) Educação Popular128 A ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos é uma organização sem fins lucrativos composta por captadores e mobilizadores de recursos e que tem como principal objetivo estabelecer uma ampla rede nacional, fortalecendo os laços entre os profissionais que atuam na área e propiciando condições para o intercâmbio técnico, a troca de experiências e o desenvolvimento comum da profissão. Criada em 1999, a ABCR tem como missão promover, desenvolver e qualificar a atividade de captação de recursos, vista hoje como um dos grandes desafios do Terceiro Setor. Entre suas principais metas, destacam-se a de trabalhar para assegurar a credibilidade e representatividade da profissão e a de apoiar, indiretamente, organizações sociais na importante tarefa de construir uma sociedade mais justa (http://bit.ly/346pvVZ) SAIBA MAIS ACESSE Iniciativas da ABCR. http://bit.ly/32KSIFG Avançamos apresentando alguns fundos geridos por OS. Internacionalmente o Fundo de Democracia das Nações Unidas (UNDEF) disponibiliza recursos financeiros para o aporte de projetos de promoção à democracia e aos Direitos Humanos. http://bit.ly/346pvVZ http://bit.ly/32KSIFG Educação Popular 129 Fundo de Democracia das Nações Unidas (UNDEF) convida organizações da sociedade civil brasileira a solicitar financiamento para projetos de promoção e apoio à democracia […] Os projetos têm duração de dois anos e recaem sob uma ou mais das oito áreas do edital: igualdade de gênero; ativismo comunitário; Estado de Direito e direitos humanos; ferramentas para o conhecimento; empoderamento da juventude; mídia e liberdade de informação; e fortalecimento da interação da sociedade civil com o governo; e processos eleitorais (http://bit.ly/36436u4). IMPORTANTE Fundo de Democracia das Nações Unidas (UNDEF). http://bit. ly/347m4ON ACESSE http://bit.ly/36436u4 http://bit.ly/347m4ON http://bit.ly/347m4ON Educação Popular130 Outro fundo de cunho mundial é o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com a missão de assegurar que cada criança e cada adolescente tenha seus direitos humanos integralmente cumpridos, respeitados e protegidos. Criado em 1946 para ajudar a reconstruir os países mais afetados pela Segunda Guerra Mundial, o UNICEF passou a atuar em outras nações quatro anos depois. Hoje, está presente em 191 países. [...] Portanto, o UNICEF cumpre seu papel com responsabilidade, garantindo a transparência de suas ações e desenvolvendo seu programa baseado em pesquisas e dados atualizados, que permitem conhecer a realidade das crianças e dos adolescentes no País. O UNICEF tem ainda como prioridade promover a participação cidadã de adolescentes em suas famílias, comunidades e nos espaços e políticas que lhes dizem respeito, bem como ajudar no enfrentamento da discriminação racial e étnica. O UNICEF mobiliza recursos e experiências de diferentes atores sociais para ajudar a garantir os direitos das criançase adolescentes. A organização realiza, por exemplo, parcerias estratégicas com o setor corporativo, contribuindo para colocar a causa da infância e da adolescência no “DNA” das empresas. (http://bit.ly/33WYt34). Visando a promoção dos Direitos Humanos no Brasil foi instituído o Fundo Brasil de Direitos Humanos voltado às Organizações da Sociedade Civil (OS) e a Justiça Social. Sendo o seu público-alvo e protagonistas: mulheres, pequenos(as) agricultores(as), comunidades tradicionais, povos indígenas, quilombolas, população carcerária, vítimas de violência e grupos impactados por empreendimentos urbanos e grandes obras de infraestrutura. A Missão do Fundo Brasil é promover o respeito aos direitos humanos no Brasil, construindo mecanismos inovadores e sustentáveis que canalizem recursos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social (http://bit.ly/2pXYogL). http://bit.ly/33WYt34 http://bit.ly/2pXYogL Educação Popular 131 Vídeo Institucional do Fundo Brasil de Direitos Humanos. http://bit.ly/31NiAPC Instituidores. http://bit.ly/2PjmrBy ACESSE No eixo da Justiça Social foi criado o Fundo de Impacto para Justiça Social por meio de uma iniciativa do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) e outras entidades. O Fundo de Impacto para Justiça Social, um fundo coletivo criado em 2018 em parceria com o Impact Hub Floripa e a Semente Negócios, é uma rede de pessoas e empresas que se mobilizam para garantir os direitos humanos e reduzir as iniquidades sociais (http://bit.ly/2PjmrBy). Iniciativas de projetos multidisciplinares na educação popular Seguimos com alguns exemplos de iniciativas de projetos multidisciplinares na educação popular pelas Organizações Sociais (OS). Fiquem atentos! http://bit.ly/31NiAPC http://bit.ly/2PjmrBy http://bit.ly/2PjmrBy Educação Popular132 Conhecemos na unidade 2 o conceito e a classificação das Organizações Sociais (OS) – na forma de Institutos, Associações, Fundações, Organizações não Governamentais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Lembraram que as OS realizam trabalhos e ações nas áreas de atuação do Estado como Direitos Humanos, saúde, educação, assistência social, meio ambiente, tecnologia, inovação, habitação, trabalho e renda e outras. Essas OS auxiliam na implantação e implementação de projetos, programas, planos e políticas públicas nessas áreas. Também estudamos, nas unidades 1 e 2, os Direitos Humanos - direitos universais aos seres humanos e ao exercício da cidadania. As Organizações das Nações Unidas (ONU) - órgão internacional composta por países reunidos voluntariamente para atuarem pela Paz Mundial e desenvolvimento mundial. A ONU efetua campanhas (projetos) em temáticas e causas em Direitos Humanos. RESUMINDO ACESSE Para saber mais acesse: http://bit.ly/346rhq7 http://bit.ly/346rhq7 Educação Popular 133 Já imaginou viver em um mundo livre de estigma e discriminação, onde todos possam usufruir dos mesmos direitos e oportunidades? Por isso, o UNAIDS e seus 11 copatrocinadores da família da ONU trabalham o ano todo para promover a iniciativa #ZeroDiscriminação. O objetivo é combater qualquer tipo de estigma e discriminação tendo como resposta a promoção da tolerância, da compaixão e paz. O processo de transformação rumo a sociedades e comunidades livres de preconceitos pode ser conquistado pelo respeito à diversidade e pela defesa dos direitos humanos (http://bit.ly/2MNNPWI). SAIBA MAIS Em maio de 2013, o Ministério da Justiça e o Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil lançaram a versão brasileira da Campanha Coração Azul contra o tráfico de pessoas. Com o slogan “Liberdade não se compra. Dignidade não se vende. Denuncie o tráfico de pessoas”, a campanha busca mobilizar a sociedade brasileira contra esse crime. Implementada pelo UNODC em outros 10 países, ela tem como símbolo o Coração Azul, que representa a tristeza das vítimas deste tipo de crime e lembra a insensibilidade daqueles que compram e vendem seres humanos. O uso da cor azul também demonstra o compromisso da ONU com o combate ao tráfico de pessoas. A cantora Ivete Sangalo é a Embaixadora Nacional da Boa Vontade para Prevenção e Combate ao Tráfico de Pessoas da Campanha Coração Azul (http://bit.ly/2pdw3Di). http://bit.ly/2MNNPWI http://bit.ly/2pdw3Di Educação Popular134 IMPORTANTE Pessoal vejamos as iniciativas na área da Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no mundo e no Brasil (UNESCO), também realiza projetos e ações nas áreas de Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura, Comunicação e Informação. Instituída com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-Membros – hoje são 193 (cento e noventa e três) Países – na busca de soluções para os problemas que desafiam nossas sociedades. EDUCAÇÃO. No setor de Educação, a principal diretriz da UNESCO é auxiliar os países membros a atingir as metas de Educação para Todos, promovendo o acesso e a qualidade da educação em todos os níveis e modalidades, incluindo a educação de jovens e adultos. Para isso, a Organização desenvolve ações direcionadas ao fortalecimento das capacidades nacionais, além de prover acompanhamento técnico e apoio à implementação de políticas nacionais de educação, tendo sempre como foco a relevância da educação como valor estratégico para o desenvolvimento social e econômico dos países. (http://bit. ly/2NezEsB) Para saber mais acesse: http://bit.ly/3644Qn6 ACESSE http://bit.ly/2NezEsB http://bit.ly/2NezEsB http://bit.ly/3644Qn6 Educação Popular 135 Presente em todos os continentes do mundo a Seicho-no-ie do Brasil – uma Organização Social fundada no Japão, com forte atuação no Brasil por meio do seu departamento de Educadores desenvolve diversos projetos promovendo a “Educação da Vida” - Projetos na Escola – pesquisas, palestras, reuniões de estudos, seminários e oficinas nas escolas das redes pública e privada; Projeto Maracajaú Sustentável – alternativas para a comunidade enfrentar os seus problemas: desemprego, violência, fome, drogas e outros e o Projeto Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA). Educando a vida com autonomia. Fevereiro de 2013 começou bem no CEIMAR – Centro de Educação Integrada de Maracajaú. Foi iniciado o projeto “Educando a vida com autonomia”, com a participação de trinta educadores. O objetivo foi possibilitar a melhoria da qualidade do ensino, conciliando a necessidade de se dar mais atenção aos educandos que permanecem em tempo integral na escola, com observações sobre como acontece a construção da própria imagem pelo educando e o reconhecimento da autonomia por esses educandos. Desenvolvido pela equipe do CEIMAR, o projeto tem duração prevista para dois anos. “Ou enquanto necessitarmos — educadores e educandos — de aprofundamento para executar um roteiro com autonomia”, explica a coordenadora pedagógica, Sandra Cristina. O tema do projeto, “Liberdade e autoridade (autonomia)”, surgiu de pesquisa de campo na própria escola e de estudos de Howard Gardner, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Maria Montessori e Elvira de Souza, em especial. Ele é direcionado para o Fundamental I e II (do 4º ao 9º ano). Segundo a coordenadora Sandra Cristina da Silva, a equipe estudou as inteligências de Howard Gardner, o livro Liberdade e Autoridade, de Paulo Freire, e temas correlatos baseados nos autores Lauro de Oliveira Lima e Maria Montessori, principalmente. Educação Popular136 Estes estudos foram muito úteis para trabalhar a questão da autonomia. Posteriormente, um estágio da equipe no Projeto ncora favoreceu o andamento com os roteiros de estudo e tutorias em sala de aula. “Estamos desenvolvendo um projeto semelhante desde 2011, com todas as salas de aula, fazendo mudanças de professorescom a intenção de melhorar os alunos com déficit de leitura e escrita”, lembra a coordenadora. “O projeto de autonomia, contudo, prossegue demonstrando para os alunos que eles têm capacidade infinita e várias inteligências para serem trabalhadas e valorizadas”, conclui (http://bit.ly/2Ncif42). Exposição do Projeto MOVA. http://bit.ly/2Jk3bQr ACESSE Outra iniciativa relevante e interessante nos projetos interdisciplinares na educação popular chama-se Social Good Brasil que une tecnologias e competências humanas para o bem comum. O SGB existe para potencializar as competências humanas e as tecnologias exponenciais para que mais pessoas e organizações ajam para resolver problemas da sociedade, contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS). Utilizamos as tecnologias e a ciência de dados para inspirar, conectar e colocar SAIBA MAIS http://bit.ly/2Ncif42 http://bit.ly/2Jk3bQr Educação Popular 137 as pessoas para inovar e agir com esse propósito. Fazemos isso por meio de eventos e capacitações para protagonistas sociais, empreendedores e organizações impulsionarem o impacto social de suas ações, negócios e projetos para uma escala exponencial http://bit.ly/33X0Kv8 SAIBA MAIS Para auxiliar e seus estudos, acesse este endereço, http://bit.ly/34cRhjJ. O Instituto Latino-Americano de Empreendedorismo, Inovação e Desenvolvimento Sustentável (Instituto Êxito) tem a finalidade de construir e disseminar a cultura e o conhecimento no empreendedorismo, sendo o seu público- alvo estudantes de instituições públicas de ensino e jovens em situação de vulnerabilidade social – onde a ação de empreender servirá como alternativa de fonte de renda a esse público e suas famílias em especial. ACESSE (CONTINUAÇÃO) http://bit.ly/33X0Kv8 http://bit.ly/34cRhjJ Educação Popular138 Também o Instituto aceita ideias de negócios sobre as temáticas da educação popular dos cidadãos interessados em empreender. Á proposta do seu método de trabalho é interdisciplinar, integrado, construtivo e participativo, dentro de um enfoque qualitativo e quantitativo em formato de rede. Este Instituto oferece programas de desenvolvimento pessoal e profissional para um público que deseja empreender. O objetivo primacial do Êxito é despertar o empreendedor que existe dentro de cada jovem, com atenção, sobretudo, para os jovens carentes e estudantes de instituições de ensino públicas, de nível médio (escolas públicas) e universitário (http://bit. ly/2Wb3SRA). A Fundação Itaú estabeleceu programas na área da educação em duas frentes de atuação. Desde 1993, desenvolvemos diversos programas comprometidos com a melhoria da educação pública brasileira. http://bit.ly/2MMt0Ln SAIBA MAIS As famílias necessitam satisfazer a sua necessidade de moradia, ter um lar onde possam estar seguras e conviver com os familiares traz conforte a todos os integrantes da família e auxilia na organização familiar para o trabalho, estudos, convivência na comunidade e sociedade, etc. Para compreendermos essa situação apresento o trabalho das Organizações Sociais Habitat para a Humanidade e Teto Brasil protagonistas em projetos na área de habitação. http://bit.ly/2Wb3SRA http://bit.ly/2Wb3SRA http://bit.ly/2MMt0Ln Educação Popular 139 Habitat Brasil. Missão: incentivar as pessoas a construírem juntas casas, comunidades e esperança, procurando assim transformar o amor de Deus em ação. Visão: Um mundo onde toda pessoa tenha um lugar digno para viver. Princípios: Demonstrar o amor de Jesus Cristo. Foco na moradia. Advogar por moradias adequadas. Promover a dignidade e a esperança. Apoiar o desenvolvimento sustentável e transformador. Habitat para a Humanidade - Um Lar.t http://bit.ly/2NdiITr ACESSE TETO é uma organização que atua em 19 países da América Latina, que busca superar a pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias, por meio do engajamento comunitário e da mobilização de jovens voluntários e voluntárias http://bit.ly/346poK6 http://bit.ly/2NdiITr http://bit.ly/346poK6 Educação Popular140 A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) operacionaliza o Projeto OAB Cidadã com a função de aproximar os (as) Advogados (as) da população com o objetivo de orientá-la quanto aos seus direitos garantidos pela Constituição Federal. IMPORTANTE A OAB Cidadã traz para perto da comunidade Advogados plenamente capacitados a informar, orientar, auxiliar e esclarecer dúvidas sobre os mais variados temas que afetam diretamente a vida das pessoas. Garante também através de parceria, uma série de serviços que fortalecem o exercício pleno de cidadania http://bit.ly/2MKGhEa. O Instituto Paulo Freire (IPF) é mantenedor da Casa da Cidadania Planetária (CCP) cujo propósito é o desenvolvimento de projetos, programas e a colaboração aos fóruns de discussão e mobilização social no âmbito local, regional, nacional e internacional. Visando essencialmente a cooperação no exercício da cidadania planetária, ativa e crítica, nos diversos ambientes educacionais, na contexto da cultura de sustentabilidade. +++ EXPLICANDO DIFERENTE Meu caro(a), o conceito de cidadania planetária tem a ver com a consciência, cada vez mais necessária de que, assim como nós, este planeta, como organismo vivo, tem uma história. Nossa história faz parte dele. Não estamos no mundo; viemos do mundo. A Terra somos nós e tudo o que nela vive em harmonia dinâmica, compartilhando o mesmo espaço e o mesmo destino. http://bit.ly/2MKGhEa Educação Popular 141 Educar para a cidadania planetária implica uma reorientação de nossa visão de mundo da educação como espaço de inserção do indivíduo não numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo. O Programa Município que Educa (MqE) é uma iniciativa do Instituto Paulo Freire (IPF) que busca contribuir para o desenvolvimento das municipalidades por meio da gestão municipal compartilhada, colaborativa, com ênfase na dimensão educativa de todas as ações locais. https://www.paulofreire.org/ O Programa de Educação para a Cidadania Planetária (PECP) reconhece a Terra como um organismo vivo do qual os seres humanos são parte, portanto reconhece que a sobrevivência do Planeta depende um processo educacional permanente voltado à formação de uma comunidade global com consciência de pertencimento e interdependência, capaz de reconhecer o que é melhor em termos individuais (pessoais) e coletivos (públicos) e de zelar pela sustentabilidade do ambiente em que vive (http:// bit.ly/32LAnrS). O Programa de Mobilização Social é responsável pela integração das diversas ações do Instituto Paulo Freire (IPF) no tocante à participação e articulação nos fóruns de discussão e movimentos sociais locais, regionais e planetários. Para tanto, busca contribuir para o fortalecimento dos movimentos de mobilização social que o IPF faz parte, com ênfase na área de educação para a cidadania planetária, ampliando o diálogo entre a pedagogia freiriana e as temáticas de cada um desses espaços democráticos de discussão. https://www.paulofreire.org/ http://bit.ly/32LAnrS http://bit.ly/32LAnrS Educação Popular142 Agora, vamos saber sobre atuação do Instituto Ser Educacional, o qual faz parte da estrutura do Grupo Ser Educacional. Instituto Ser Educacional. Instituto sem fins lucrativos. Desenvolve projetos sociais de demanda espontânea e induzida nas mais variadas áreas de atuação das instituições. Promove, apoia e estimula ações de Responsabilidade Social voltadas à comunidade e aos stakeholders do Grupo Ser Educacional. Para saber mais acesse os links: http://bit.ly/2Jp0jlo http://bit.ly/32IF4ml O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA institui as Escolas de Conselhos visando a efetivação dos direitos desses cidadãos. Conheça! As Escolas de Conselhos apresentam-se com relevantes estratégias para consolidação de núcleos de referência para formação continuada de conselheiros dos direitose conselheiros tutelares e proporcionam a tais atores as condições necessárias para superarem, progressivamente a carência de preparo para o exercício de suas funções de forma a assegurar uma atuação qualificada dos atores na promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes (http://bit.ly/2MKIPlI). ACESSE http://bit.ly/2Jp0jlo http://bit.ly/32IF4ml http://bit.ly/2MKIPlI Educação Popular 143 Para você aprender mais, acesse - Escola de Conselho de Pernambuco (PE). http://bit.ly/366MO3H Você sabia que para promover os direitos das mulheres o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) criou a Universidade Livre Feminista: É um projeto feminista, construído de forma coletiva e colaborativa, cujo objetivo é congregar, catalisar e fomentar ações educativas, culturais, artísticas; de produção de conhecimento e compartilhamento de saberes acadêmicos, populares e ancestrais, numa perspectiva contracultural feminista, antirracista e anticapitalista. Através da Universidade Livre pretendemos promover a reflexão e a troca de ideias, vivências e experiências entre mulheres de diferentes identidades e campos de atuação (político, artístico, cultural, acadêmico, comunitário), assim como com outros grupos e indivíduos (http://bit.ly/2qDNVaG). VOCÊ SABIA? ACESSE http://bit.ly/366MO3H http://bit.ly/2qDNVaG Educação Popular144 Apoiando os direitos dos idosos a Fundação Britânica, desde 1947, uma iniciativa da British Society (Sociedade Britânica) e o Consulado-Geral Britânico de São Paulo trabalha com os projetos Cuidar e Multiplicar em benefício da população idosa do Brasil: Ciente de que o envelhecimento é um processo inerente à vida e de que se trata de uma realidade que envolve mudanças biológicas, psicológicas, econômicas, sociais e culturais, a Fundação Britânica de Beneficência atua na promoção da dignidade e do bem-estar da parcela da população com 60 anos de idade ou mais que, por algum motivo, teve sua autonomia e seus vínculos de proteção e de cuidado comprometidos pelo tempo. O trabalho da Fundação, que se divide em alguns Programas cuidadosamente desenvolvidos por nossa equipe, tem gerado alto impacto e feito a diferença na vida de inúmeros idosos que precisaram, precisam e ainda precisarão de assistência ao longo de suas vidas (http://bit.ly/32ZF9SA). Cartilha Direito das Pessoas Idosas do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. http://bit.ly/2BFtQmR ACESSE Cartilha para orientar sobre Direitos da Pessoa Idosa e prevenir violência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. http://bit.ly/2Wb7XVU http://bit.ly/32ZF9SA http://bit.ly/2BFtQmR http://bit.ly/2Wb7XVU Educação Popular 145 Agora conheceremos o trabalho da Organização Social Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (EDUCAFRO) voltada à população afrodescendente. O objetivo geral da EDUCAFRO é reunir pessoas voluntárias, solidárias e beneficiárias desta causa, que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres em geral, nas universidades públicas, prioritariamente, ou em uma universidade particular com bolsa de estudos, com a finalidade de possibilitar empoderamento e mobilidade social para população pobre e afro-brasileira. A Educafro tem a missão de promover a inclusão da população negra (em especial) e pobre (em geral), nas universidades públicas e particulares com bolsa de estudos, através do serviço de seus voluntários/as nos núcleos de pré- vestibular comunitários e setores da sua Sede Nacional, em forma de mutirão. No conjunto de suas atividades, a Educafro luta para que o Estado cumpra suas obrigações, através de políticas públicas e ações afirmativas na educação, voltadas para negros e pobres, promoção da diversidade étnica no mercado de trabalho, defesa dos direitos humanos, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação. http://bit.ly/2JqiNCi ACESSE Para saber mais acesse o link: http://bit.ly/2pdRwfl. http://bit.ly/2JqiNCi http://bit.ly/2pdRwfl Educação Popular146 A Companhia de Bebidas das Américas - Ambev seleciona organizações da sociedade civil para receberem apoio na gestão. Não há recurso financeiro previsto neste edital, mas uma série de aulas e mentorias em temas como gestão de pessoas, orçamento, projetos, desdobramento de metas e também captação de recursos. O foco são ONGs que trabalham com desenvolvimento, capacitação, educação e geração de oportunidades para crianças e jovens de comunidades de vulnerabilidade social. Dentre as selecionadas, somente a que tiver melhor avaliação final receberá da Ambev um aporte financeiro ao final do programa http://bit.ly/2Pjxs5P VOCÊ SABIA? Ampliando a percepção dos educadores acerca de: liberdade, justiça, igualdade e felicidade Aluno(a), o nosso estudo deste tópico, necessariamente, precisamos iniciar pelos Princípios Fundamentais e os Objetivos Fundamentais dispostos na Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988: PRE MBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, http://bit.ly/2Pjxs5P Educação Popular 147 na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 3 º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Observaram que os princípios de Liberdade, Justiça, Igualdade e Felicidade perpassam pelos Princípios Fundamentais e os Objetivos Fundamentais da CF/88? Assim, para refletir sobre esse tema devemos levar em consideração que o educador (a) é alguém que tem condições de realizar um movimento de ação pedagógica que defenda que o trabalho educativo pode e deve ser pautado nos princípios da liberdade, justiça, igualdade e felicidade. Nesse sentido podemos afirmar que os professores são privilegiados por poderem contribuir tão diretamente na construção dessa educação libertadora que tanto buscamos ao longo dos anos. Educação Popular148 O (a) educador (a) tem o poder sobre o processo educativo por ele ter em sua formação docente e, principalmente, em sua vida, as experiências necessárias para articular conhecimentos científicos com a realidade. Tem na reflexão de sua própria história e na identificação de que é sujeito dela, ferramentas fundamentais para tomar parte deste papel transformador da educação brasileira. Leandro Karnal, Liberdade e Felicidade http://bit.ly/2BFO9Aq Não há Liberdade sem Disciplina. http://bit.ly/2BGTac0 ACESSE Figura 7: O (a) educador(a), a liberdade, justiça, igualdade e felicidade. Fonte: Pixabay http://bit.ly/2BFO9Aq http://bit.ly/2BGTac0 Educação Popular 149 Através das várias disciplinas e dos níveis educativos o (a) educador (a) constrói-se a educação brasileira, pelo fato desses também terem sido alunos (as), vivenciaram as relações educativas desta realidade. Deste modo, estas vivências o possibilitaram perceber sua posição real, além da formação técnica indispensável para o trabalho docente. Fiquem atentos! Para falarmos sobre esse tema não podemos esquecer os princípios da Revolução Francesa que nos mostra como a liberdade, fraternidade e igualdade são tão importantes para a formação de uma sociedade livre e pensante capaz de modificar toda a estrutura educacionalcom projetos que levem os alunos a um senso crítico e democrático. Revolução Francesa (1789 - 1799) http://bit.ly/2pOPsdQ ACESSE O Bem do Aluno e a Justiça como Dimensões Éticas da Docência: Concepções de Professores. http://bit.ly/2BLwgA9 Paremos para refletir, o educador precisa se lembrar que a liberdade consagra os pilares de um Estado Democrático de Direito assim não há justiça sem a liberdade em suas diferentes formas, Liberdade de expressão, de opinião de ir e vir. A liberdade em sua forma mais completa é que vai permitir aos cidadãos e aos educadores exercerem sua função com responsabilidade e com excelência. REFLITA http://bit.ly/2pOPsdQ http://bit.ly/2BLwgA9 Educação Popular150 Figura 8: Pilares de um Estado Democrático de Direito Fonte: Pixabay No ambiente escolar, o qual é formado por diversas pessoas como: alunos, professores, supervisores, diretores, cozinheiros, zeladores, pais, agentes de segurança, entre outros, cada um tem um papel importante, principalmente, como gente, em permitir que todos os envolvidos possam exercer a liberdade de ser, esta que insistimos ser o princípio para a educação. Fundamentos para uma Educação na Diversidade. http://bit.ly/2NhhDKg. ACESSE http://bit.ly/2NhhDKg Educação Popular 151 O conceito de aprendizagem está relacionado ao processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, também enfoca uma mudança de comportamento, que se obtém por meio das experiências construídas por fatores emocionais, relacionais, neurológicos e ambientais. Sendo assim, o aprender seria o resultado dessa interação entre as estruturas mentais e ambientais. Assim chegamos ao ponto alto do nosso pensamento. Sabemos que são muitos os desafios impostos à nossa profissão. Eles são de natureza política e pedagógica e passam pela precarização da carreira e das condições de trabalho que, muitas vezes, não são favoráveis nem ideais. Diante de todos os obstáculos e dificuldades, questiono: é possível combinar o ensino e felicidade? Eu acredito que sim e você? É claro que, muitas vezes, os profissionais são responsabilizados pelo fracasso da escola ou vistos como vítimas das condições em que desenvolvem seu trabalho. E em meio ao mar revolto da iniciação profissional, ambiguidades e contradições do emprego, ainda é possível perceber os tons de ânimo, alegria daqueles que iniciam no magistério atualmente. Educação Popular152 Por fim podemos afirmar que ser educador(a) é ensinar e educar, mas também aprender com seus alunos e constantemente renovar suas aprendizagens. É passar horas planejando, revendo, estudando, para preparar apenas alguns minutos de aula. Ser professor é sentir-se realizado e feliz com as conquistas dos seus alunos. É sentir orgulho na construção do caráter de todos eles. É dar tudo todos os dias, pedindo apenas em retorno o sucesso daqueles que arduamente prepara para o futuro. É indicar caminhos e deixar que seus alunos optem pelos que mais lhes convêm. Por isso que devemos ampliar nossos pensamentos em temas como a liberdade, igualdade, justiça e a felicidade por são esses os pilares para se formar um bom profissional da educação pois é essa consciência que o fará com que o professor busque conhecer melhor a realidade do aluno, se colocando no lugar dele, repensando sobre a sua realidade que muitas vezes é tão diferente do educador. Esse sentimento de igualdade pode fazer com que os nossos olhos se abram para enxergarmos a melhor forma de trabalhar o conteúdo que temos que transferir com mais eficiência e sabedoria. A avaliação na perspectiva da Educação Popular Aspectos gerais da avaliação na educação popular Na atualidade um tema que está sendo muito discutido é a avaliação educacional que consiste em maneiras para auxiliar o (a) educador (a) no processo de ensino-aprendizagem. Nesse processo, o desenvolvimento do educando é tido como fator mais importante. No passado a avaliação era vista como uma vilã, que servia em muitos casos apenas para dar nota ao aluno, que Educação Popular 153 eram utilizadas para definir quem seria aprovado ou reprovado. Porém, sabemos hoje que a prática avaliativa não tem mais essa finalidade, hoje visa o benefício do aluno, do professor e todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem. O que vem a ser a avaliação na perspectiva da educação popular? DEFINIÇÃO Como a educação popular busca a efetivação dos direitos dos cidadãos e acontece nas comunidades; nas formas de organização da sociedade civil - Movimentos Sociais, Conselhos de Direitos, Conselhos Comunitários, Redes de Mobilização Social; Organizações Sociais, e outras maneiras estudadas nas unidades 1 e 2; o seu método de avalição é diferenciada, ou seja, não utiliza as modalidades de avaliação tradicional das instituições de ensino tradicionais. Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. É a forma de acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los com suas eventuais dificuldades (VASCONCELLOS, 1995, P.43). Educação Popular154 +++ EXPLICANDO DIFERENTE Na educação popular a avaliação adota uma natureza formativa, dessa maneira intenta uma postura dialética - engloba a avaliação como um dos aspectos do processo de aprendizagem. O seu propósito principal é levantar as deficiências dos (as) educandos (as) e cuidar das suas dificuldades até o seu completo aprendizado. A avaliação na educação popular compõe-se de aspectos qualitativos e quantitativos. Os fatores qualitativos – expressados pela conscientização do gozo dos seus direitos como cidadão, o exercício da cidadania e a participação e contribuição na sociedade. Por sua vez, os fatores quantitativos são representados por números (índices; taxas; percentuais; indicadores – cujo conceito foi apresentado na unidade 1 deste e-book). Figura 9: Pilares de um Estado Democrático de Direito Fonte: Pixabay Educação Popular 155 No processo de ensino – aprendizagem, o bom desenvolvimento do aluno é tido como fato prioritário. E para que isso aconteça o (a) educador (a) precisa ter uma prática pedagógica reflexiva pois somente assim ele conseguirá diagnosticar deficiências na aprendizagem. Para que isso de fato aconteça o (a) educador (a) precisa conhecer e compreender o estágio que cada um dos seus/suas educandos (as) está para que ele possa trabalhar fazendo – os avançar no que se refere os conhecimentos necessários. Com base em tais conhecimentos podemos pensar em mudanças de paradigmas para uma nova cultura escolar. O mesmo acontece com o processo avaliativo em seu desenvolvimento e aperfeiçoamento ao longo do processo de aprendizagem. Dessa maneira o (a) educador (a) passa a ter responsabilidade direta na qualidade desse processo pois o resultado dele comprova o sucesso dos (as) educandos (as). Apesar de parecer óbvio, se quisermos avaliar nossos alunos de forma processual é preciso faze-lo todos os dias, em todos os momentos em que for possível exemplo: quando o aluno solicita a nossa ajuda para resolver alguma questão; durante a correção de exercícios; através das dificuldades em realizar as tarefas de casa. Para realizarmos uma avaliação de fato todas as situações precisam ser avaliadas tendo a mesma importância. O que vai fazer a grande diferença no que se refere aos instrumentos utilizados no processo avaliativo é o tratamento dado aos resultados obtidos. Na educação popular esse processo de avaliar o aluno no decorrer do dia-a-dia é muito importante pois será através dessa verificação de aprendizagem que o educador irá tomar decisões sobre o processo de ensino-aprendizagem e encaminhamentos dos resultados obtidos durante a verificação. Dessa forma o Educação Popular156 professor poderá ajudar o aluno que nãoaprendeu até que ele aprenda avaliando seus avanços. O erro passa a ter menos importância para o acompanhamento do processo pois será um indicador significativo das condições concretas do aluno avaliado. Primeiro ponto para mudarmos a forma de avaliação não só na educação popular como na educação de forma geral é entendermos que existe uma diferença entre avaliação e nota, a avaliação é um processo que precisa de uma reflexão crítica sobre a prática, podendo desta forma verificar os avanços e dificuldades e o que se fazer para superar esses obstáculos. A nota seja na forma de número ou conceitos é uma exigência do sistema educacional. Assim avaliar é algo bem mais complexo que apenas atribuir notas sobre um teste ou prova que se faz, ela deve ser inserida ao processo de aprendizagem do aluno. Partindo dessa análise podemos afirmar que a avaliação é um momento reflexivo sobre teoria e prática no processo ensino- aprendizagem. Ao avaliar o aluno o professor estará constatando as condições de aprendizagem dos alunos, para depois definir os meios que ajudaram os alunos a aprenderem melhor. Avaliação da Aprendizagem Escolar e o Pensamento de Paulo Freire: algumas aproximações http://bit.ly/2p5fhGy ACESSE http://bit.ly/2p5fhGy Educação Popular 157 Princípios para buscar uma forma para avaliar melhor Na avaliação da educação popular o (a) educador (a) devem estar atentos a todos os acontecimentos diários do processo de ensino-aprendizagem, realizando atividades inovadoras. Mas, como o educador (a) posiciona-se diante dessas situações? Apresentando algumas opções que para Vasconcellos (1995) são chamadas de princípios: 1. Primeiro princípio: é preciso abrir mão do uso autoritário da avaliação Quando a avaliação é considerada como mera verificação da aprendizagem de nossos alunos, o que importa é utiliza-la como poder de controle, especialmente daqueles alunos que são considerados difíceis, ou seja, sem nota não conseguiremos mantê-los sob controle. Assim não podemos desviar o objetivo principal da avaliação que é saber o que ele aprende é não o castiga-lo. Tendo clara essa função da avaliação passaremos a nos empenhar para que aconteça a transformação real, através de novas práticas e atitudes. Lembrando a vocês que não conseguiremos mudar totalmente e muito menos de uma vez, mas plantaremos a semente da inovação que garantirá que essa mudança irá ocorrer com o tempo. Por fim, temos que lembrar que a avaliação não é apenas do aluno, mas também do currículo, do material didático, das condições de trabalho, da escola, do professor no geral da sociedade e na educação popular isso é muito mais importante porque ela se dá em outra perspectiva e realidade. 2. Segundo princípio: é preciso alterar a metodologia de trabalho em sala de aula A avaliação não é o único problema que enfrentamos. Uma nova prática avaliativa requer, necessariamente, novas práticas Educação Popular158 metodológicas. Isso significa que não basta mudar a forma de avaliar se não mudarmos as formas de organização de nossas aulas. Na educação popular o educador precisa colocar esse princípio em prática de uma forma mais direta pois a essência dessa educação é explorar o universo do aluno, ou seja, a avaliação precisa partir do ponto de onde os alunos estão e não de onde deveriam estar. Assim a avalição não tem que se importar com o que foi dado, mas sim com o que foi assimilado. Esse princípio representa uma significativa mudança metodológica. O conteúdo deve ser mais significativo e a metodologia mais participativa, para diminuir a necessidade de recorrer a nota como instrumento de opressão. Se nós como educadores conseguirmos dar aulas mais criativas e mais interessantes, os nossos alunos se interessarão mais pelas aulas. VASCONCELLOS diz “Não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória, num processo de ensino passivo, repetitivo, alienante” (VASCONCELLOS, 1995, p. 55). Podemos concluir desse princípio que uma prática metodológica mais colaborativa nos ajudará a criar uma sólida aprendizagem que privilegia a problematização, o debate, a pesquisa, a experimentação e tantas outras práticas mais participativas que ajudarão o professor a avaliar o aluno. Essa avaliação poderá ser através de exercícios, de aulas dadas pelos alunos, de seminários e etc.. Essas avaliações revelaram ao professor o percurso que o aluno estará fazendo até chegar na construção do conhecimento. 3.Terceiro princípio: redimensionar o uso da avaliação Na educação popular o processo de redimensionar o uso da avaliação é essencial já que está educação tem uma forma diferente de ensinar o conteúdo aos alunos, aí eu pergunto “De que adiantaria modificar a forma de dar aulas se a forma de avaliar fosse tradicional?”. Essa é uma pergunta que deve Educação Popular 159 ser feita todos os dias pelos docentes da educação popular e da educação tradicional para podermos repensar como vamos modificar a realidade. Nesse sentido, não há como deixar de criticar a prova como instrumento meramente verificativo. Apesar de ser muitíssimo utilizada nas práticas atuais, em se tratando de avaliação processual, esse instrumento não cumpre um papel significativo. Aplicar a prova, nos moldes tradicionais, provoca uma ruptura com o processo de ensino-aprendizagem da educação popular, porque ela favorece a ênfase à nota, que acaba servindo apenas para classificar o aluno e não para diagnosticar a realidade avaliada. Não é fácil implementar mudanças, mas precisamos mudar a forma de avaliar nossos alunos. Devemos ser mais criativos para diversificarmos a forma como avaliamos o conhecimento. Por exemplo podemos fazer avaliações em dupla ou em grupos, elaborando questões interdisciplinares ou deixando que os alunos elaborem questões ou propostas de trabalho. Por fim, podemos introduzir novas práticas de reflexão sobre a experiência de avaliação e precisamos discutir com os alunos o que eles acham do método avaliativo adotado. Se quisermos avaliar e não apenas verificar conhecimentos mecanicamente memorizados, temos que avaliar tudo o que acontece em sala de aula durante todo o processo de aprendizagem, ou seja, sempre que for preciso devemos avaliar para ajudar o aluno, não apenas para atribuir-lhe uma nota. 4. Quarto princípio: temos que redimensionar o conteúdo da avaliação. Como escolher o que devemos cobrar em uma avaliação? Será que o que perguntamos em uma prova é realmente o que o aluno precisa saber? As respostas para essas questões devem ser encontradas nos objetivos do ensino. Freitas (1995) defende que a avaliação não pode estar desvinculada dos objetivos. O que pretendemos com o conteúdo que passamos aos nossos Educação Popular160 alunos? Tendo essa resposta, teremos a resposta para as duas primeiras perguntas. Para uma prática avaliativa transformadora temos, necessariamente, que deixar de fazer avaliação de cunho meramente decorativo. O enunciado de uma questão não pode ser mais importante do que a própria capacidade de resolução de um problema. Para mudar, precisamos fugir do uso de questionários que só enfatizam a memorização, podemos fazer a avaliação observando as atitudes, os valores, os interesses, os esforços dos alunos, a participação, o comportamento, o relacionamento, a criatividade, a iniciativa, etc. A educação popular pede essa avaliação mais sócio – afetiva para saber como esse aspecto influência positiva ou negativamente no desenvolvimento cognitivo dos mesmos. 5. Quinto princípio: é extremamente necessário alterar a nossa postura diante dos resultados Esse princípio deve ser considerado como um dos mais importantes para que realmente ocorra uma mudança em nossa prática meramente verificativa. Se não pararmos de agir com a intenção de apenas quantificar o que nossos alunos sabem e depois publicarmos os resultados, de nada vai adiantar tentarmos implementar qualquer um dos princípios anteriormente apresentados.Como educadores precisamos entender que o erro nos revela que o aluno precisa de ajuda. Através do erro é que vamos saber como ajudar o discente ou em que ele precisa de nossa ajuda. Se não pudermos fazer nada pelo os que não aprenderam, então qual será o nosso papel? Será que somos capazes de ensinar somente alunos que não tem dificuldade? Na educação popular a dificuldade de aprendizagem também se torna um desafio para o professor que precisa se reinventar a todo momento observando com cuidado cada indivíduo. Isso faz com que a avaliação seja individual de acordo com os problemas de cada aluno. Nesse sentido o professo precisa ter uma atitude urgente para implementar ferramentas que o auxiliem no diagnóstico da aprendizagem uma delas é a Educação Popular 161 avaliação sócio – afetiva citada anteriormente, outro exemplo é o uso do conselho que funciona como uma forma coletiva de conhecer o aluno e obter maiores informações sobre o mesmo, além disso o conselho propicia a tomada de decisões descentralizadas. O educador poderá dividir a reponsabilidade em aprovar ou reprovar o aluno de acordo com outras visões e de acordo com a realidade apresentada no dia a dia. 6. Sexto princípio: criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos professores e à comunidade acadêmica Dificilmente conseguiremos grandes mudanças se não trabalharmos na conscientização dos educadores. Essa é a forma de ampliar o grupo de adesão às novas concepções de avaliação e consequentemente de educação. Só muda quem adquire consciência e desejo de mudança. Para finalizar vemos que as sugestões apresentadas podem não representar nada se não conseguirmos mexer com nossas concepções e se não mudarmos a situação avaliada. De qualquer modo, novas práticas avaliativas fazem-se necessárias, mesmo que sejam pequenas e que aconteçam, inicialmente, apenas no interior de uma sala de aula. Temos que começar de alguma forma, mas precisamos agir para mudar as concepções e as práticas avaliativas, mas isso não quer dizer que deixaremos de avaliar. Ao contrário, é ser mais exigente e avaliar muito mais. Além disso, não podemos mais avaliar apenas o aluno, pois todo o sistema faz parte do processo, inclusive o nosso trabalho como professores também precisa ser avaliado constantemente para obtermos o sucesso que almejamos. + OBSERVAÇÃO Educação Popular162 Educação popular em saúde: avaliação de uma prática com usuários diabéticos insulinodependentes sugestões em conjunto para solucioná-las. http://bit.ly/2Jp7Wbw Avaliação da Educação Indígena no Plano Nacional de Educação – 2006. http://bit.ly/35ZjnQW ACESSE A partir dos princípios apresentados, temos alguns instrumentos que podem nos auxiliar ao longo do processo de avaliação formativa da aprendizagem de nossos alunos. São eles: Painel Integrado: Essa atividade permite ao aluno, por meio da pesquisa, ter um conhecimento mais aprofundado sobre um assunto e uma visão geral sobre temas correlatos. Permite ao professor acompanhar o desenvolvimento do aluno e sua capacidade de compreensão por meio do estudo individual, num primeiro momento, e coletivo no segundo momento. Prova escrita dissertativa: O objetivo dessa atividade é verificar o desenvolvimento das habilidades intelectuais (raciocínio lógico, organização das ideias, clareza de expressão, originalidade, capacidade de fazer relações entre fatos, ideias e coisas, capacidade de aplicação de conhecimentos, etc.) A prova escrita dissertativa corresponde a um conjunto de questões ou temas, que exigem respostas com as palavras dos próprios alunos. Observação como instrumento de investigação: A observação visa a investigar, informalmente, as características individuais e grupais dos alunos, tendo em vista identificar fatores que influenciam a aprendizagem e o estudo das matérias http://bit.ly/2Jp7Wbw http://bit.ly/35ZjnQW Educação Popular 163 e, na medida do possível, modificá-los. Através da observação é possível desenvolver a capacidade de percepção dos comportamentos manifestos ou não dos alunos. Diário reflexivo: Esse instrumento tem como objetivo registrar diariamente o conteúdo estudado, através de conceitos básicos trabalhados em sala de aula, na percepção do aluno. Ao final de um conteúdo trabalhado, o aluno é convidado a escrever sobre o conceito básico da aula dada. O professor recolhe e faz observações na aula seguinte a partir do que o aluno conseguiu registrar da aula. Auto-avaliação: Visa à autocrítica e à co-responsabilidade em relação ao desenvolvimento intelectual do aluno. A auto-avaliação colabora para promover a socialização e o amadurecimento do mesmo. Portfólio: Seu objetivo é encorajar a reflexão e o estabelecimento de objetivos. O aluno tem a oportunidade de relatar suas experiências durante o processo de aprendizagem e refletir sobre elas. O portfólio é uma coleção de itens que revela, conforme o tempo passa, os diferentes aspectos do desenvolvimento do aluno. Através do portfólio o aluno consegue perceber sua evolução acadêmica. Conselho de turma: Por fim, ousamos propor que a avaliação aconteça de forma coletiva. Que haja momentos para que professores e alunos possam discutir os problemas de aprendizagem e propor as soluções. Estudo de caso sobre Educação Popular Pessoal vamos estudar a estratégia de pesquisa do estudo de caso. Fiquem ligados! Educação Popular164 RESUMINDO Na unidade 2 do e-book. Conhecimento científico significa a informação e o saber resultantes da busca constante de saber das coisas e de estudos (RODRIGUES, 2019). Este procedimento metodológico está inserido no conhecimento científico e, é amplamente utilizado no ensino superior. Prosseguimos com duas definições de estudo de caso. DEFINIÇÃO […] uma estratégia de pesquisa orientada para a compreensão das dinâmicas que emergem de contextos singulares” (EISENHARDT, 1989, p. 534). […] se concentra no conhecimento experimental do caso – inserção e vivência pelo pesquisador no contexto pesquisado e coloca atenção nos seus diversos contextos, como o social e o político” (STAKE, 2006, p. 444). Educação Popular 165 ACESSE Vamos assistir o vídeo do Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER) sobre O Estudo de Caso como Prática Pedagógica para compreendermos melhor o seu conceito. Prestem atenção! http://bit.ly/2PlrtxE A metodologia de estudo de caso apresenta características elencadas por Yin (2005), que podemos sintetizar: � possui significado e é completo, ou seja, um estudo de relevância com o alcance do resultado final e sem prejuízo do tempo ou ausência de recursos; � considera as perspectivas alternativas: as evidências a partir das perspectivas diferentes; � conter evidências satisfatórias, quer dizer as evidências consistentes contribuem para uma ótima conclusão; � elaboração instigante, isto é, com clareza, atrativa aos leitores do início ao fim. Stake (2006) classifica o estudo de caso em três categorias: Intrínseco: provoca um interesse verdadeiro no referido caso, levando em conta a sua particularidade e especificidade. A sua escolha não se deve pelo fato de que ele possa representar outros casos, nem para o fim de uma generalização ou para a construção de uma teoria. http://bit.ly/2PlrtxE Educação Popular166 Instrumental: serve essencialmente para a generalização ou para o aprofundamento de um problema particular. Ele possibilita a geração de insights e ajuda a refinar uma teoria. Múltiplo ou coletivo: consiste na aglomeração de diversos estudos de caso de tipo instrumental, que são similares em natureza e descrição. Vejamos na prática a aplicação da técnica de estudo de caso. Fiquem atentos Para saber mais acesse o link: http://bit.ly/2BLzofm. ACESSE Quando sabemos que essa estratégia de pesquisa está sendo aplicada? Ao estudar um (a) educador (a) estuda com os seus (as) alunos (as) certa obra, independente da área do conhecimento e/ ou profissional, está realizando um estudo de caso. Emgrande parte das vezes estuda-se casos reais: em direitos humanos, da população de rua, prisional e campo, saúde, assistência social, educação, crianças e adolescentes, mulheres, idosos, povos indígenas e quilombolas e outros. Porém há situações em que o estudo de caso é construído por meio da imaginação pelos alunos (as) e educadores (as). Tanto no estudo de caso reais ou de situações construídas são pesquisados os recursos humanos e materiais a serem utilizados e as suas possíveis soluções. http://bit.ly/2BLzofm Educação Popular 167 Conforme a complexidade do caso estudado aplica-se as técnicas relacionadas as metodologias de estudo por pesquisa e/ ou de experimentação. Essas técnicas são usadas afim de analisar e formular estratégias e táticas. É imprescindível a definição dos casos que serão estudados, possibilitando de maneira cíclica aos educandos (as) disporem de suas aptidões e novas competências. Casos típicos: aqueles que podem servir de modelo para variações dentro de uma determinada linha de ação. Na hotelaria, por exemplo, escolher uma pousada ou um hotel que exemplifique a categoria em que está incluído; Casos extremos: aqueles que representam as pontas da linha que atravessa o setor profissional – da simplicidade à complexidade; do recato ao exibicionismo; da modéstia ao luxo. Pode-se, assim, formar uma visão do espectro de manifestações coberto por cada área; casos anômalos: aqueles que se desviam da “normalidade”, ou seja, os que não se comportam dentro das normas estabelecidas para cada área segundo o senso comum. Não significa que sejam ruins, talvez apenas inconvenientes. O que não quer dizer que não possam, em determinadas circunstâncias, ser convenientes e renovadores. É para isso que os estudamos. Para saber as razões e maneiras do seu desvio e o que pode nos ensinar (SANZ 2003, p. 128). SAIBA MAIS Educação Popular168 Aluno (a) para enriquecer o seu conhecimento façam a leitura do artigo Educação popular: metodologia de pesquisa como processo educativo. Para saber mais acesse o link: http://bit.ly/365BPrh. ACESSE Chegamos ao final da unidade 3, espero que tenham gostado do assunto. Bons estudos! Educação Popular 169 UNIDADE 04 ANÁLISE DE CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO POPULAR Educação Popular170 Nesta unidade estudaremos a análise de cenários da educação popular. O nosso estudo inicia com a Reflexão Crítica sobre o Papel da Educação junto aos Setores Populares; as considerações sobre a Educação no Brasil; Aspectos da Constituição da República Federativa do Brasil e Lei de Diretrizes e Bases da Educação a respeito da Educação e as Redes Inter organizacionais na Educação Popular (RIEP). Na sequência avançamos com o tópico Superando os Muros Escolares e Quebrando Barreiras: uma Busca a partir da Educação Popular; as Redes Públicas de Cooperação Federativa do campo: movimentos sociais; a Educação para a Cidadania Global (ECG); a Comunidade de Aprendizagem (CA); a Rede Internacional de Educação Popular (RIEP); o Conselho de Educação Popular da América Latina y El Caribe (CEALL) e a Articulação Feminina do Mercosul. Após, apresentaremos Abordagem da Educação Popular em Direitos Humanos: O desenvolvimento integral do ser humano Rede de Desenvolvimento Humano (RDH) Conversão do saber popular em conhecimento científico voltado para a transformação social Inclusão social por meio da educação popular Instituição e desenvolvimento de Escolas Cidadãs Organização curricular que privilegie a integração teórico-prática Formação de educadores (as) com sólido domínio da dimensão concreta da realidade econômico-político-social Implantação da Política Nacional em Educação Popular. Dando continuidade para o próximo tópico conversaremos a respeito dos Desafios da Educação Popular nos Tempos Atuais. Finalizamos esta unidade com as Tendências da Educação Popular no Cenário Político-Social Brasileiro; a Implantação e Implementação de Políticas Públicas para a Educação Popular; as Redes Públicas de Cooperação Federativa do Campo: Estado e Políticas Públicas e a Pedagogia por Projetos. INTRODUÇÃO Educação Popular 171 1 2 3 4 Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 4 – análise de cenários da educação popular . Nesta unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das seguintes competências profissionais: OBJETIVOS Reconhecer a importância da educação como estratégia para a construção do futuro justo e igualitário aos cidadãos brasileiros; Entender o uso da estrutura de redes nas relações da educação popular; Apresentar os principais desafios da educação popular na contemporaneidade; Compreender as tendências possíveis da educação popular no cenário político-social brasileiro. Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Educação Popular172 Reflexão crítica sobre o papel da Educação junto aos setores populares Considerações sobre a Educação no Brasil Embora a Educação brasileira nos últimos anos tenha atingido significativos avanços, este campo do saber e da política depara-se com desafios grandes a serem enfrentados pelo Estado brasileiro. Ainda, que atingidas quase a totalidade da cobertura da população do nível fundamental em idade escolar de 7 a 14 anos, a qualidade do ensino e da gestão escolar; continuam a ser problemas graves as desigualdades referentes às condições de acesso e permanência das crianças e jovens na escola e nas universidades. Desta forma, um dos caminhos para a melhoria da educação nacional passam pela formulação de estratégias e execução de ações para a educação a fim de proporcionar um futuro mais justo e igualitário, em consequência a elevação qualitativa e quantitativa dos indicadores educacionais. Neste momento poderíamos destacar o papel fundamental de um profissional moldado para desenvolver o indivíduo de forma integral, o Pedagogo, vamos conhecê-lo melhor? O pedagogo: qual seu papel? O pedagogo é o agente social que identifica e valoriza o educador e o educando dentro do processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, usaremos diferentes formas de entender a própria pedagogia, a partir das quais se projeta o papel a ser desempenhado pelo profissional de pedagogia. Educação Popular 173 Pedagogia do Domínio Passa pela dimensão da sala de aula para o sistema multidimensional, integrando outras variáveis: equipe educativa e pedagógica, recursos humanos e materiais do ambiente educativo. Essas diferentes variáveis tornam-se as alavancas de uma gestão, seja ela pedagógica educacional ou empresarial. As pedagogias do domínio, sistemáticas, são portadoras de uma redefinição do trabalho pedagógico e de sua atividade: é a própria organização que se torna ação. Desta forma, podemos dizer que a pedagogia do domínio se baseia em uma dupla dimensão: a primeira é a da educabilidade do aluno, a segunda é a da funcionalidade, dimensão organizacional e pedagógica que supõe que existe uma solução de ensino que garante esse domínio. O domínio é a característica compartilhada entre as capacidades do aluno e as do sistema de oferecer possibilidades de aprender. O termo “domínio”, associado a “mestre”, evidencia a deslocação das preocupações em discussão, o domínio é um dos objetivos projetados da atividade pedagógica, onde já sabemos que o sujeito do domínio não é mais o professor, e sim o aluno. CURIOSIDADE Você sabia que a pedagogia se constrói como análise e operacionalização das condições do domínio dos objetivos visados (no que se refere a conhecimentos, competências e/ou habilidades) pela atividade educacional? Educação Popular174 Pedagogia Diferenciada Podemos definir pedagogia diferenciada como um aspecto mais aprimorado da pedagogia do domínio. É representada como articulação racional entre as necessidades específicas dos indivíduos, os contextos de ensino e os objetivos nacionais de escolaridade obrigatória que devem possibilitar a definição dos conteúdos e dos processospedagógicos adaptados. A pedagogia diferenciada não é uma pedagogia no sentido de uma solução global assim como ocorre na pedagogia do domínio, mas, uma solução adaptada de diferentes maneiras, ela é uma ferramenta de concepção da organização da atividade pedagógica entre seus públicos, os métodos e as aprendizagens. A pedagogia diferenciada relativiza, portanto, o lugar do método e o debate sobre os métodos, as pedagogias são concebidas como caminhos possíveis de serem dirigidos, ultrapassando a metodologia diversificada para se desenvolver no âmbito dos dispositivos pedagógicos e educativos, em suma a pedagogia diferenciada é uma pedagogia de meios. Estes são os princípios da diferenciação pedagógica que pode ser definida como pedagogia diferenciada e da discriminação positiva, o empreendimento pedagógico participa da sociedade e de seus modos de circulação dos saberes, a pedagogia se inscreve tanto no desenvolvimento individual como no da comunidade, eis a importância do papel do pedagogo. Educação Popular 175 Voltando aos indicadores educacionais, essa decisão é condição essencial à promoção do desenvolvimento e à diminuição das desigualdades sociais no Brasil. Nos últimos 20 (vinte) anos o País vem trabalhando neste sentido e obtendo alguns bons resultados. Avançamos com a organização do Sistema Educacional Brasileiro, definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei 9.394 de 20/12/1996), conforme a quadro 1. RESUMINDO É o sistema que ensina, afirma a pedagogia do domínio; é o sistema que é aprendiz, destaca a pedagogia diferenciada e da autonomia. As duas funções, aprender e ensinar, pertencem ao mesmo sistema pedagógico e se planejam uma pela outra. No sistema o professor não é apenas a pedagogia do mestre, mas, o lugar de uma prática, de uma experiência. A situação pedagógica tem um universo próprio, uma lógica própria: a colocação em prática dos saberes e o dispertar da autonomia. Educação Popular176 Quadro 1: Sistema educacional brasileiro Fonte: IBGE, 2008 Educação infantil Destinada a crianças de 0 a 6 anos de idade. Compreende creche e pré-escola. Ensino fundamental Abrange a faixa etária de 7 a 14 anos e com duração de 8 anos. É obrigação do Estado garantir a universalidade da educação neste nível de ensino. Ensino médio e médio profissionalizante Duração variável entre 3 e 4 anos. Ensino superior Compreende a graduação e a pós- graduação. Os cursos da graduação têm duração de 4 a 6 anos. Na pós-graduação, a Ensino superior duração varia de 2 a 4 anos, para os cursos de mestrado, e entre 4 a 6 anos, para o doutorado. Além desses níveis, o sistema educacional atende aos alunos portadores de necessidades específicas, preferencialmente, na rede regular de ensino. Esse atendimento ocorre desde a educação infantil l até os níveis mais elevados de ensino. Atende, também, ao jovem e ao adulto que não tenham seguido ou concluído a escolarização regular, na idade própria, através dos cursos e exames supletivos Educação Popular 177 No período de 2007 a 2014 foi mantida a tendência de declínio das taxas de analfabetismo e de crescimento da taxa de escolarização do grupo etário de 6 a 14 anos e do nível de educação da população. O diferencial por sexo persistiu em favor da população feminina. O nível de instrução cresceu de 2007 para 2014, sendo que o grupo de pessoas com pelo menos 11 anos de estudo, na população de 25 anos ou mais de idade, passou de 33,6% para 42,5%. O nível de instrução feminino manteve-se mais elevado que o masculino. Em 2014, no contingente de 25 anos ou mais de idade, a parcela com pelo menos 11 anos de estudo representava 40,3%, para os homens e 44,5%, para as mulheres. https://bit.ly/2r5gQ7P Desde a Constituição de 1934 do Governo de Getúlio Vargas a Educação já era considerada “direito de todos”. Daquele período, também, surgiram os primeiros esforços para a implantação de um sistema educacional de âmbito nacional. Porém, a Constituição Federal de 1988 a educação tornou-se um “dever do Estado” e a sua oferta deve ser universal. Também se estabeleceu as responsabilidades e competências das esferas do Educação é mais um dos temas investigados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. A investigação deste tema capta anualmente um conjunto de características sobre a escolarização alcançada pela população e, em especial, sobre os estudantes, o que permite acompanhar ao longo do tempo a situação do analfabetismo e da escolarização no País, assim como do nível de educação da população. SAIBA MAIS Educação Popular178 governo para a sua oferta, assim como as fontes de recursos para o seu financiamento. Vejamos as competências governamentais na área da Educação dispostas na CF-88 e LDB, conforme a figura 2. Desde que normatizada e supervisionada pelos Conselhos de Educação, em nível federal, estadual e municipal a oferta privada ou filantrópica de serviços educacionais também é assegurada por estes instrumentos legais. Quadro 2: Política educacional – atribuições das esferas do governo Fonte: Adaptado IPEA, 2007 Esfera Atribuições União Organizar o sistema federal de ensino, financiar as instituições federais; apoiar técnica e financeiramente (de forma supletiva e redistributiva) as instituições estaduais, municipais e do Distrito Federal. Estado Trabalhar prioritariamente no ensino fundamental e médio. Municípios Operar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. ACESSE Estrutura organizacional da educação brasileira.https://bit. ly/2WGfHzw Educação Popular 179 Aspectos da Constituição da República Federativa do Brasil e Lei de Diretrizes e Bases da Educação a respeito da educação No decorrer da disciplina de educação popular estudamos a sua origem junto às classes sociais excluídas, discriminadas e vulneráveis; nos Movimentos Sociais; com o passar do tempo ela passou a ser disseminada entre às Comunidades; à Sociedade Civil Organizada – ainda em Movimentos Sociais e às Organizações não Governamentais (ONGs). Então, essas Comunidades, passaram a ser organizadas em Redes e a Educação Popular tomou corpo perpassando pela Educação em Direitos Humanos; Educação para a Cidadania Global; Educação Inclusiva; Educação Cidadã e outras. ACESSE ACESSE Estrutura organizacional da educação brasileira. https://bit. ly/2WB0gsh Tendências da educação brasileira.https://bit.ly/2JGE0Yv Educação Popular180 Em 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88) – considerada símbolo da história democrática no Brasil, garantindo a direitos de cidadania e a busca por igualdade e justiça social - fundamentos, princípios e direitos que a Educação Popular já buscava - antes da promulgação da CF/88. Esses fundamentos, princípios e direitos estão claramente expressos nos Princípios Fundamentais (Arts. 1 – 5). Vamos destacar, especialmente, entre fundamentos, princípios e direitos: a cidadania; a dignidade da pessoa humana; construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; prevalência dos direitos humanos; defesa da paz; cooperação; direito à vida, à liberdade, à igualdade, educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, a assistência aos desamparados. Você sabe o que é educação, a luz da LDB? Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (LDB - 96). Vejamos o que diz a nossa Carta Magna de 1988, Título VIII, sobre os pilares da educação, um dos nossos Direitos Sociais – regulamentado por Lei específica! Os três princípios nucleares da educação. Confira!“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Educação Popular 181 Colaboração expressa o trabalho conjunto, atuação espontânea, pelo interesse em ajudar. Distingue-se da atuação sistêmica. Existem momentos nessa relação, circunstâncias, fatos em que acontece a reciprocidade. Esses princípios nucleares estão também presentes no Título II, da Lei 9.394/96 - Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB). Atenção! “Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Tanto a CF como a LDB conceituam a educação dentro de uma visão do desenvolvimento integral do ser humano, estudados na unidade 1. Institui-se na LDB os princípios e fins da educação nacional, referente à ministração do ensino: Art. 3º I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ACESSE LDB – Art. 1 - 3, Educação, Princípios e Fins da Educação Nacional. https://bit.ly/34t8pll Educação Popular182 ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (LDB/96). Redes Interorganizacionais na Educação Popular (RIEP) As redes são novas forma de organização das comunidades no mundo globalizado. Recordam que iniciamos o estudo das Redes na unidade 2? Nesse momento, vamos estudá-las como uma estratégia de articulação junto aos setores da educação popular. Passamos ao seu conceito. Confira! Redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, compartilham os mesmos códigos de comunicação. Uma estrutura social com base em redes é uma estrutura social com base em redes é um sistema altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio [..]. Mas, a morfologia de rede é uma fonte de drástica reorganização das relações de poder (CASTELLS, 1999, p. 498). Agora, veja outra definição de Redes. Forma de organização social flexível combinada às estruturas sistêmica e matricial onde as relações acontecem por meio da interação, integração e compartilhamento de saberes, informações, experiências e vivências dos temas da educação popular (Suzy Cristina Rodrigues, 2019). Educação Popular 183 Vamos em frente apresentando as variáveis estabelecidas por Mandell (1990), que nos ajudam a analisar os diversos tipos de redes: � níveis de congruência de valores e de concordância sobre os objetivos, quer dizer, a compatibilidade dos membros; � o ambiente em que acontece a captação de recursos, levando em conta a potencialidade de captação de cada membro, a disponibilidade de fundos e o seu monitoramento e; � o ambiente social e político em que atua, delimita o modelo de distribuição de poder e de conflitos. Nas redes interorganizacionais como o nome sugere as estruturas em rede há a participação de diversas organizações sociais, assim definimos redes interorganizacionais: Essa nova gestão organizacional em redes se caracteriza por sistemas sociais que interagem de forma contributiva para com seus membros, o que possibilita a transferência de conhecimento, a elevação do nível de confiança e assim permite que os atores sociais trabalhem de forma eficaz na obtenção dos seus objetivos (CRUZ, QUANDT e MARTINS, 2008). Educação Popular184 Figura 1: Redes Interorganizacionais Fonte: Pixabay O Ministério da Educação (MEC) trabalha a Educação por meio de Redes a exemplo da nossa disciplina de Educação Popular: a Rede de Educação Especial, Rede de Educação para a Diversidade e a Rede de Educação Inclusiva. Nas demais áreas da Educação: a Rede de Educação Básica, Rede do Ensino Médio, Rede de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, Rede do Ensino Superior. Educação Popular 185 Vamos estudar no tópico 2 as Redes Públicas de Cooperação Federativa da área: Movimentos Sociais e no tópico 4 as Redes públicas de Cooperação Federativa da área: Estado e Políticas Públicas. Em busca da superação de barreiras escolares utilizando a educação popular Para um instante e reflita… o que o tema deste tópico quer nos dizer! O que isso significa ultrapassar os muros escolares e as barreiras em busca da educação popular? Quer dizer que esta área do saber e os atores envolvidos devem romper as barreiras, os obstáculos e murros ultrapassando o tempo, espaço e a distância, interagindo com o mundo globalizado. Vamos saber mais? A Rede de Educação para a Diversidade (REDE) é um grupo permanente de instituições públicas de ensino superior dedicado à formação continuada de profissionais de educação. O objetivo é disseminar e desenvolver metodologias educacionais para a inserção dos temas da diversidade no cotidiano das salas de aula. São ofertados cursos de formação continuada para professores da rede pública da educação básica em oito áreas da diversidade: relações étnico-raciais, gênero e diversidade, formação de tutores, jovens e adultos, educação do campo, educação integral e integrada, ambiental e diversidade e cidadania (https://bit. ly/2N9ZRK7). SAIBA MAIS Educação Popular186 Retomamos os Princípios Fundamentais da CF-88: Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- americana de nações. Note que são mencionados a cooperação, progresso e integração dos povos e da humanidade, em especial da América Latina – pelo fato do Brasil estar localizado nesta área geográfica. Aqui, está evidente a quebra de barreiras, incluindo a educação popular. Na unidade 1, tópico 1 do nosso e-book a educação popular no Brasil surgiu com o Movimento Social de conscientização dos escravos da necessidade de suas libertações, antes da Proclamação da República. E, daí por diante outros movimentos surgiram até os dias de hoje. Na América Latina, teve início na década de 1950 com uma acentuada história de ideias, práticas e acontecimentos na área da educação popular, liderada por Paulo Freire. O conceito de educação Popular na percepção de Freire (1993) como o esforço de mobilização, organização e capacitação das classes populares; capacitação científica e técnica. Entendo que esse esforço não se esquece, que é preciso poder, ou seja, é preciso transformar essa organização do poder burguês que está aí, para que se possa fazer escola de outro jeito. Há estreita relação entre escola e vida política. Também estudamos na unidade 2, tópico 4 a Nova Forma de Organização das Comunidades em Rede. Lembra? Educação Popular 187 Agora, que você já refletiu sobre o tema deste tópico do nosso estudo … chegamos à conclusão que superar os muros escolares e quebrar as barreiras, a partir da educação popular significa a organização da comunidade em forma de rede e pelos movimentos sociais de amplitude não apenaslocal, mas sim global – ultrapassando o espaço e o tempo. Redes Públicas de Cooperação Federativa do campo: movimentos sociais A mobilização dos entes participantes, mesmo com a adesão voluntária, requer uma ideia mobilizadora ou ideia-força, que os conduza a definir, conjuntamente, um objetivo comum a ser atingido por meio de articulação, com manutenção da personalidade dos entes. Por esse fato, são chamadas de redes comunitárias, ou redes de compromisso social. Já vimos o conceito de redes no tópico anterior. Introduziremos o conceito de Redes Públicas de Cooperação Federativa voltadas aos Movimentos Sociais, no âmbito local, como subsistema do ambiente federativo. Prestem atenção! ACESSE Movimento Brasileiro de Educadores Cristãos - MOBREC: https://bit.ly/2r0fQll Educação Popular188 Figura 2: Redes de Cooperação de Movimentos Sociais Fonte:Pixabay Percebeu que na definição desta modalidade de Redes está inserida a cooperação? Mas, o que vem a ser cooperação nessas redes? DEFINIÇÃO Rede social local ou rede pública de cooperação: campo Movimentos Sociais é aquela que se tece com a mobilização de pessoas físicas e/ou jurídicas a partir da percepção de um problema que rompe ou coloca em risco o equilíbrio da sociedade ou as perspectivas de desenvolvimento sustentável local com destaque para questões sociais, ambientais e institucionais (INOJOSA, 1999, p. 121). Educação Popular 189 Cooperação é a forma de relacionamento entre as organizações, atuando essas em um problema comum ou co-problematização. Acontece o compartilhamento na maneira de atuação e a estabilidade necessária e sistematização (Suzi Cristina Rodrigues, 2019). Quadro 3: Características das Redes Públicas de Cooperação Federativa da Área: Movimentos Sociais Fonte: Adaptado Loiola e Moura, 1996 Mostra-se como uma organização muito complexa, principalmente, devido às variáveis: atores envolvidos, caráter das relações estabelecidas e foco de atuação. Variáveis Características Atores envolvidos Organizações Não Governamentais e populares de várias áreas, sindicatos, associações de profissionais, políticos e outros. Caráter das relações Informalidade e baixa formalidade. Foco de atuação Interesses e projetos, culturais coletivos e políticos. Processo Captação de recursos e intercâmbio. Princípios e valores Cooperação, solidariedade e conflitos equacionados. Interações Horizontais. Ambiente Flutuações e mudanças. Engajamento Voluntário. Racionalidade Comunicativa e Instrumental. Educação Popular190 Os resultados dos trabalhos executados nesse tipo de redes são considerados exitosos quando contribuem para solução e problemas sociais e ambientais, que se propõem a resolver ou a administrar. Educação para a Cidadania Global (ECG) Dentro de uma proposta de educação sem fronteiras, inclusiva, integradora, interativa de conhecimentos, vivências e experiências a ECG agrega o conceito de cidadania global. Ela está alinhada aos objetivos da educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) e se fundamenta na educação para os direitos humanos, a educação para a paz e a educação para a compreensão internacional. A saber o conceito da ECG, atenção! A ECG visa a equipar alunos de todas as idades com valores, conhecimentos e habilidades que sejam baseados e promovam o respeito aos direitos humanos, à justiça social, à diversidade, à igualdade de gênero e à sustentabilidade ambiental. SAIBA MAIS O Observatório da Sociedade Civil é o canal de notícias da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong). Sua proposta editorial passa por construir um ambiente cada vez mais favorável à atuação das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), ampliando os espaços de mobilização e participação social e fortalecendo a democracia brasileira. Neste sentido, o Observatório trabalha para dar visibilidade à atuação das entidades, ampliando a transparência e qualificando o debate social a respeito do tema. https://bit.ly/2C5w0MF Educação Popular 191 Além de empoderar os alunos para que sejam cidadãos globais responsáveis, a ECG oferece as competências e as oportunidades de concretizar seus direitos e suas obrigações, com vistas a promover um mundo e um futuro melhores para todos. Para a UNESCO, cidadãos globais são indivíduos que pensam e agem para um mundo mais justo, pacífico e sustentável. (Educação para a Cidadania Global: abordagem da UNESCO, 2015, p. 2). Fundamenta-se a Educação Cidadania Global em três áreas de aprendizagem ou dimensões conceituais: cognitiva, socioemocional e comportamental, estão inter-relacionadas e integradas no processo de aprendizagem. Essas dimensões constituem os quatro pilares da educação descritos no relatório “Learning: the treasure within” (“Educação: um tesouro a descobrir”), que são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. 1. Cognitiva: conhecimento e habilidades de reflexão necessárias para entender melhor o mundo e suas complexidades; 2. Socioemocional: valores, atitudes e habilidades sociais que contribuam para o desenvolvimento emocional, físico e psicossocial dos alunos e lhes permitam viver com os outros de forma respeitosa e pacífica; 3. Comportamental: comportamento, desempenho, aplicação prática e engajamento. ACESSE UNESCO. Educação para a Paz, Desenvolvimento Sustentável e Cidadania Global. https://bit.ly/2JJwLz3 Educação Popular192 Vamos introduzir um conceito atual de comunidade de aprendizagem. Comunidade de Aprendizagem (CA) Conversamos sobre o conceito de comunidade na unidade 2, tópico 4 do e-book e vimos: Comunidade qualquer conjunto de indivíduos ligados por interesses comuns (culturais, econômicos, políticos, religiosos etc.) que se associam com frequência ou vivem em conjunto. Grupo de pessoas com características comuns, inseridas numa sociedade maior que não compartilha de suas características básicas; sociedade (Dicionário Michaelles online, 2019). Neste tópico introduziremos uma definição importante e contemporânea no nosso estudo a Comunidade Global chamada de Comunidade de Aprendizagem. Comunidade de Aprendizagem. Trata-se de uma inovação na educação incluindo a educação popular, uma vez que insere nas práticas educativas a transformação social, a aprendizagem dialógica, a equidade SAIBA MAIS É uma proposta de transformação educacional que busca melhorar a aprendizagem e a convivência de todos os estudantes. Baseado nos Princípios da Aprendizagem Dialógica e em um conjunto de Atuações Educativas de Êxito, o projeto leva práticas comprovadamente eficazes para a sala de aula e para a gestão escolar. https://bit.ly/2C5qh9s Educação Popular 193 social e a convivência com atitudes solidárias entre outros aspectos. Vamos conhecer as ações desenvolvidas por essa comunidade. Projeto: É um projeto baseado em um conjunto de Atuações Educativas de Êxito voltadas para a transformação educacional e social, que começa na escola, mas integra tudo o que está ao seu redor. Queremos atingir uma educação de êxito para todas as crianças e jovens que consiga ao mesmo tempo eficiência, equidade e coesão social. https://bit.ly/2JN1LhU Fases de Transformação: Os resultados, claro, não surgem da noite para o dia é preciso que a escola e a comunidade passem por uma série de etapas para que a Comunidade de Aprendizagem atinja seu objetivo maior: o da transformação educacional e social. Essas fases são as seguintes: 1. Sensibilização; 2. Tomada de decisão; 3. Sonho; 4. Seleção de prioridades e 5. Planejamento https://bit. ly/2Na0frZ Atuações Educativas de Êxito: O projeto de pesquisa europeu Includ-ed identificou e analisou Atuações Educativas de Êxito – práticas que efetivamente aumentam o desempenho acadêmico e melhoram a conivência e atitudes solidárias em todas as escolas observadas. Atua nos eixos: Grupos Interativos; Tertúlias Dialógicas; Biblioteca Tutorada; Formação de familiares; Participaçãoeducativa da comunidade; Modelo dialógico de prevenção e resolução de conflitos e Formação pedagógica dialógica https:// bit.ly/2WAFqsQ Educação Popular194 Aprendizagem dialógica na Comunidade: Compreende o Diálogo igualitário; a Inteligência cultural; a Criação de sentido; a Solidariedade; a Dimensão instrumental e a Igualdade de diferenças. É a concepção de aprendizagem que fundamenta as Comunidades de Aprendizagem e que se baseia em sete princípios corroborados por contribuições de alguns dos autores mais relevantes na área da educação, como por exemplo, Vygotsky, Bruner, Wells, Paulo Freire, Habermas, Chomsky, Scribner e Mead. https://bit.ly/34mULjx Rede Internacional de Educação Popular (RIEP) Esta rede internacional integra docentes e pesquisadores universitários que estudam e compartilham a educação popular, defende a participação da comunidade universitária na educação de adultos, pelo despertar da solidariedade e objetivo comum entre os (as) acadêmicos (as) envolvidos (as). Os (as) universitários (as) trabalham com grupos vulneráveis e marginalizados das comunidades e movimentos sociais da sociedade civil. A Rede Internacional de Educação Popular (REP) foi criada em 1997, resultado de discussões entre um grupo pequeno de educadores de adultos universitários do Reino Unido e colegas da Universidade de Barcelona, em Espanha (Martin et al., 1999). ACESSE Trechos da pesquisa INCLUD-ED. https://bit.ly/2PGjKKz Educação Popular 195 São os objetivos da Rede de Educação Popular: Objetivos de curto-prazo: � possibilitar a interação dos (as) educadores (as) e pesquisadores (as) universitários interessados e comprometidos com a educação popular e; � estabelecer relações atuantes e solidárias a nível nacional e internacional. Objetivos a longo-prazo: � dinamizar a ação das relações entre ativistas locais, trabalhadores e acadêmicos comprometidos diplomaticamente; � elaborar e disseminar recursos educativos para as atividades social e política; � reassegurar e revigorar a educação de adultos, como segmento integral dos movimentos sociais progressistas. CURIOSIDADE Aconteceu no dia 04 de junho de 2019 o XIX Congresso Internacional de Educação Popular - MOBREC/SM XXVIII Seminário Internacional De Educação Popular - MOBREC/SM VI Seminário Internacional de Educação Profissional do Instituto Federal Farroupilha I Seminário Internacional de Educação Profissional da UFSM tem como objetivo proporcionar encontro e reflexão entre os educadores de Santa Maria e região, buscando resgatar o sentido de ser professor, ser aluno, da ciência e do conhecimento, da Escola e da comunidade, na construção de sujeitos felizes e comprometidos com a transformação da realidade. Educação Popular196 Conselho de Educação Popular da América Latina y El Caribe (CEALL) Trata-se de um movimento de Educação Popular, que funciona como Rede, opera e monitora processos de transformação educacional, cultural, social, política, e econômica das sociedades latino-americanas e caribenhas, em cenários locais, regionais e nacionais, interagindo com a sociedade global, em benefício da soberania, democracia, justiça social e integração dos povos, na concepção dos direitos humanos, da interculturalidade crítica, da igualdade de gênero, e de uma opção política ética, pedagógica e emancipatória. Trabalha com as linhas de ação: �Educação popular e novos paradigmas: realiza atividades por meio de projetos a respeito da educação popular na América Latina e diálogos sobre os novos paradigmas de emancipação social e política. � Incidência política da Sociedade Civil: prospectar o CEAAL como rede fortalecedora dos processos local e SAIBA MAIS Desafiado pelos debates e práticas desenvolvidos nos últimos anos no CEAAL e pela urgência de um compromisso renovado nos processos políticos, educacionais, sociais, culturais, ambientais e de gênero em nossa América Latina, e tomando como marco os mandatos da Assembleia de Cochabamba definimos nossa identidade como um movimento de educação popular. https://bit.ly/32bTb2y Educação Popular 197 global de defesa dos cidadãos e ações das Organizações não Governamentais Sociais (ONGs). Foram definidos os eixos estratégicos prioritários do Plano de Ação Global (2016-2020), na IX Assembleia Geral do CEAAL, realizada na cidade de Guadalajara. �Eixo 1: A formação política; �Eixo 2: Educação feminista popular e; �Eixo 3: Economia solidária. Articulação Feminina do Mercosul (AFM) AFM é uma corrente de pensamento e ação política que tem como eixo central de sua estratégia o desenvolvimento de um campo político feminista em nível regional e global. Por isso, muitas das iniciativas implementadas desde a sua criação, na primavera de 2000, têm como objetivo gerar e incentivar o debate, por meio de diálogos e encontros com a diversidade de sujeitos feministas políticos e suas organizações, bem como desenvolver campanhas de comunicação. Social Seu principal objetivo é ajudar a gerar as mudanças necessárias para que os direitos das mulheres na América Latina e no Caribe possam ser expandidos e exercidos em sua totalidade. https://bit. ly/2WyZ2Oe CURIOSIDADE ABONG - Organização em Defesa dos Direitos e Bens Comuns passa a integrar o Comitê de Coordenação de Articulação latino-americana de organizações da sociedade civil. https://bit. ly/2PIrRpU Educação Popular198 Desafios da Educação popular nos tempos atuais O que vem a nossa mente quando pensamos em desafios? Ah! Possivelmente pensamos em superar obstáculos e barreiras. Realmente os desafios são compostos desses fatores e também dos propósitos, visão estabelecidos que se chocam nos obstáculos e barreiras. No nosso estudo vamos conversar sobre alguns desses desafios frente a educação popular na atualidade, sabendo da possibilidade de encontrarmos outros desafios. Vamos lá! �Abordagem da Educação Popular em Direitos Humanos: Fundamentada nos princípios teórico-metodológicos freirianos, vem delineando uma pedagogia baseada na educação como prática humanizada, processo de dialógico, percurso para o compartilhamento nas decisões da esfera pública, com a finalidade de construir realidades justas com sustentabilidade. ACESSE Educação popular, ontem e hoje: perspectivas e desafios. https:// bit.ly/2NcWcLQ As Conquistas e Desafios da Educação Popular e suas Interfaces com os Movimentos Sociais.https://bit.ly/2N8XbfK Educação Popular 199 A Educação em Direitos Humanos, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) articula as dimensões: a. Apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; b. Afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; c. Formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, ético e político; d. Desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e. Fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações. O que nos indica esta abordagem? Aponta que a educação libertadora somente se apoia com o reconhecimento dos direitos humanos e sua efetividade no cotidiano da vida social. DEFINIÇÃO A definição considerada para a Educação em Direitos Humanos é de um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos. https://bit.ly/2PKo8Ir Educação Popular200 Uma vez que, os Direitos Humanos (DH) caracterizam- se pela universalidade e indivisibilidade. São universais pois abrangerem a todos os seres humanos, sem os distinguir e indivisíveis porque não há hierarquia entre os direitos: todas as pessoas são essenciais,visto que contribuem para uma vida digna em que o acesso deve estar disponível a todos. A concepção de direitos humanos possui como pilar a cultura de paz. Determina normas e princípios entre as nações, pretendendo o bem comum alinhado com a visão de mundo da sociedade contemporânea. Os Direitos Humanos protege as pessoas e grupos contra ações que violam as liberdades fundamentais e na dignidade humana. No Brasil há o entendimento que os DH compõe-se dos direitos civis ligados à liberdade democrática: às diversidades sociais (religiosa, raça, gênero e orientação sexual), direito ao voto, à informação, à moradia e dos direitos sociais relacionados aos direitos fundamentais: o direito à vida, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à alimentação, à saúde, à educação, à profissionalização, ao esporte, ao lazer, à cultura, e à convivência familiar e comunitária. Acrescenta-se a esses os direitos à terra, ambientais, entre outros. A ASSEMBLEIA GERAL proclama A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. https://bit.ly/338Fcfe �O desenvolvimento integral do ser humano: Este desafio está estreitamente relacionado ao direito a Vida dos cidadãos na sua amplitude universal, onde as pessoas possam Educação Popular 201 ser dotadas de potencialidades e oportunidades para trilharem os seus caminhos nesta vida. Convergindo para este desafio o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) formulou o conceito de desenvolvimento humano elaborado. Vamos conhecê-lo! O conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser. https://bit.ly/32b2bVm No e-book da unidade 1 estudamos a definição do desenvolvimento integral do ser humano. O conceito de desenvolvimento integral no contexto da educação integral diz respeito a compreensão de que a educação, enquanto processo formativo, deve atuar pelo desenvolvimento dos indivíduos nas suas múltiplas dimensões: física, intelectual, social, emocional e simbólica (CENTRO DE REFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL, 2019). Dentro dessa perspectiva vamos conhecer três as iniciativas contemporâneas. Iniciamos com a concepção de Educação Integral do Ministério da Educação (MEC), o Centro de Referência de Educação Integral e a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH). Educação integral representa a opção por um projeto educativo integrado, em sintonia com a vida, as necessidades, possibilidades e interesses dos estudantes. Um projeto em que crianças, adolescentes e jovens são vistos como cidadãos de direitos em todas as suas dimensões. Não se trata apenas de seu desenvolvimento intelectual, mas também do físico, do cuidado Educação Popular202 com sua saúde, além do oferecimento de oportunidades para que desfrute e produza arte, conheça e valorize sua história e seu patrimônio cultural, tenha uma atitude responsável diante da natureza, aprenda a respeitar os direitos humanos e os das crianças e adolescentes, seja um cidadão criativo, empreendedor e participante, consciente de suas responsabilidades e direitos, capaz de ajudar o país e a humanidade a se tornarem cada vez mais justos e solidários, a respeitar as diferenças e a promover a convivência pacífica e fraterna entre todos. https://bit. ly/2NcCjUQ O MEC possui programas voltados à Educação Integral: o programa de educação infantil integral que atende crianças de zero a cinco anos; no ensino fundamental o programa Mais Educação e o programa Ensino Médio Inovador. A Educação Integral é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais. https://bit.ly/2C878Us ACESSE Programa Mais Educação: https://bit.ly/36COdPQ Educação Integral: https://bit.ly/2PGd3YR Conceito de Educação Integra: https://bit.ly/34oRJv1 Educação Popular 203 Vejamos as características da Educação Integral no entendimento do Centro de Referência em Educação Integral: a. proposta contemporânea alinhada as demandas do século XXI, sendo o seu foco a formação de sujeitos autônomos, críticos, e responsáveis consigo e com o mundo; b. inclusiva pois identifica a singularidade dos sujeitos, suas múltiplas personalidades e se apoia na composição da pertinência do projeto educativo para todos (as); c. proposta de acordo com a visão de sustentabilidade, pois envolve os processos educativos contextualizados e com a interação contínua entre o aprendizado e a prática; d. Oportuniza a equidade ao admitir o direito de acesso e aprendizado de todos (as) referente à educação diferenciada e diversificada pela interação com diversos saberes e agentes, espaços, linguagens, recursos, em síntese são as condições fundamentais ao enfrentamento das desigualdades educacionais. Rede de Desenvolvimento Humano (RDH) instituída em 1990, surgiu no processo de redemocratização no Brasil, frente as questões relevantes para a sociedade brasileira – feminismo e ambientalismo, sendo exemplo para o trabalho em parceria com outras organizações nesses temas percorrendo Brasil. Atualmente, atua estrategicamente incentivando as parcerias para os objetivos significativos como: a efetividade de direitos para as mulheres, defesa da justiça ambiental e o enfrentamento ao racismo. O fato de o Brasil sediar a ECO-92 criou um campo muito propício para a mobilização de diferentes setores do movimento de mulheres nacional e internacional que confluíram através do Planeta FEMEA, estratégia da qual a REDEH foi uma das principais arquitetas. O desdobramento dessa mobilização se propagou por diversos anos e ganhou muitos matizes. O trabalho da REDEH focalizou-se em traduzir para a prática recomendações de políticas públicas de gênero endossadas Educação Popular204 pela comunidade global nos Planos de Ação que resultaram das grandes conferências globais da ONU dos anos 90, especialmente a ECO 92 e Beijing 95. Isso fez com que desde seu início a REDEH se destacasse como uma organização pioneira, inovadora nos conceitos e na prática. O elenco dos produtos contidos neste site é um indicador dessa trajetória. Foram muitos os cursos de formação destinados a públicos variados, gestoras locais, professores/as, lideranças comunitárias, jovens. Significativas foram também as campanhas e publicações que abriram caminhos para que novos atores, novas organizações ocupassem espaço e iniciassem novas interlocuções no cenário nacional. https://bit.ly/2NDBnbl Conversão do saber popular em conhecimento científico voltado para a transformação social: Esta conversão é necessária para a implantação e implementação da Política Pública em Educação Popular. +++ EXPLICANDO DIFERENTE A Educação Popular compreende um processo coletivo de construção do conhecimento desenvolvido em conjunto com as (os) educadores (as) e a habilidade de entender a realidade de forma crítica a fim de modificá-la e o domínio crítico dos acontecimentos e suas origens possibilite a compreensão dos fatos e do processo da luta entre as classe, auxiliando a ruptura dos meios de alienação, a procura e a conquista do real e sua transposição. Educação Popular 205 Estudamos na unidade 2 os Saberes Populare Científico Conhecimento popular é o conhecimento do povo, que nasce da experiência do dia-a-dia por isso é chamado também de empírico […] e o Conhecimento científico é o conhecimento racional que se distingue do mito e do saber comum (conhecimento empírico) (RAMPAZZO, 2002, p. 18 - 19). Inclusão social por meio da educação popular: Inclusão Social é o processo que possibilita à população excluída socialmente, partilhar bens e serviços sociais produzidos pela sociedade, garantindo a efetivação dos direitos, acesso à segurança, justiça, cidadania e representação política. (PEQUENO DICIONÁRIO: ASSISTÊNCIA SOCIAL DE A a Z, 2001, p. 22) Quando a educação popular surgiu era voltada exclusivamente para a parcela da população excluída e vulnerável. Nos tempos atuais, a educação popular deve ser universal, quer dizer, o acesso ao seu estudo deve ser oportunizado a todas as pessoas sem distinção. E, assim elaborar alternativas para a contribuição da reflexão nos espaços de aprendizagem a respeito das expectativas e vivências dos cidadãos de maiores possibilidades de inserção social. Porém, sabemos que ainda existem as desigualdades sociais e não podemos desconsiderá-las. Então, como promover a oferta e o acesso da educação popular aos cidadãos em situação de exclusão social e vulnerabilidade social? Por meio de ações dos Entes Governamentais e da Sociedade Civil, temo a possibilidade de incluir os povos indígenas, quilombolas e do campo; pessoas com deficiência etc. Exclusão Social Processo heterogêneo, multidimensional, espacial e temporal que Educação Popular206 impossibilita parte da população a partilhar bens e recursos produzidos pela sociedade. Conduz à privação, ao abandono e à expulsão dos espaços sociais (DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2007, p. 41). � Instituição e desenvolvimento de Escolas Cidadãs: esse modelo de escola foi elaborado pelo Patrono da Educação no Brasil Paulo Freire. Propõe especialmente tal modelo uma nova escola; gestora do conhecimento; compartilhamento do saber entre educandos (as) e educadores (as) e a comunidade; com projeto político-pedagógico ético; construtora de sentido e plugada no mundo; formação para a cidadania, direitos e deveres; autoridade e liberdade, experiências profundas da democracia e vivências nas comunidades. Escola Cidadã defende a educação permanente e tem uma formatação própria para cada realidade local, de modo a respeitar as características histórico-culturais, os ritmos e as conjunturas específicas de cada comunidade, sem perder de vista a dimensão global do mundo em que vivemos. Para tanto, o seu projeto político- pedagógico é elaborado com base na realização de um diagnóstico da realidade escolar chamado Etnografia da Escola, que possibilita a construção de um currículo escolar fundamentado na criação de espaços interculturais, por sua vez trabalhado na perspectiva inter e transdisciplinar, que levam em conta a dimensão da razão e da emoção, portanto, a técnica, a sensibilidade e a criatividade. Nesse sentido, a Escola Cidadã é democraticamente organizada e pedagogicamente alegre, criativa e ousada (INSTITUTO PAULO FREIRE, 2019). Educação Popular 207 Figura 3: Escola Cidadã Fonte:Pixabay Direitos e Deveres dos Cidadãos A democracia é um regime político, ou seja, uma certa maneira de organizar as relações de poder no seio de um grupo social soberano, ou política. O princípio fundador da democracia é a afirmação de que toda a relação de poder entre societários e entre cidadãos se enraíza naqueles que obedecem e não naqueles que mandam, quer o façam em seu nome próprio ou em nome de um princípio transcendente, Deus, a Nação, a História, a Classe ou a Raça. https://bit.ly/2C9hsLS Escola Cidadã - algumas reflexões sobre a democratização da escola pública. https://bit.ly/36qSG80 ACESSE Educação Popular208 �Organização curricular que privilegie a integração teórico-prática: um currículo elaborado e aplicado com práticas pedagógicas e metodologias integradoras das teorias e práticas - considerando o conhecimento (saber); habilidade (saber fazer) e a competência (saber fazer acontecer, proporciona resultados de qualidade no processo de ensino-aprendizagem da educação popular. � Formação de educadores (as) com sólido domínio da dimensão concreta da realidade econômico-político-social: a qualificação e a capacitação das (os) educadores (a) que já atuam e virão a atuar nessa área do saber, por meio da educação continuada e permanente é imprescindível para a efetivação do processo de ensino-aprendizagem da educação popular. � Implantação e implementação da Política Nacional em Educação Popular: Existem iniciativas de políticas públicas para alguns dos campus da educação popular, a exemplo temos a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS) implantada em 2013. No ano de 2014 foi instituído o Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas, mostrando o avanço das políticas sociais neste segmento. Mas, ainda temos de continuar avançando e ampliando a implantação e implementação das políticas públicas em educação popular. No próximo tópico falaremos mais sobre esse tema. Fiquem ligados! Hoje a educação popular busca, em todos os contextos, ligar o local e o global. Em todos os cenários, processa-se por meios de educação e de ação pontuais em determinada localidade, buscando intencionalmente a promoção dos laços de solidariedade internacional, possibilitando que os pleitos locais se tornem parte do pleito internacional pela justiça e paz. Educação Popular 209 Tendências da Educação Popular no Cenário Político-social Brasileiro Olhamos para o passado para compreendê-lo, melhorar o momento presente e avançarmos com as visões de futuro. Você deve estar se perguntando … o que isso tem a ver com a educação popular? Na nossa disciplina estudaremos três tendências da educação popular no Brasil: Implantação e Implementação de Políticas Públicas para a Educação Popular; Redes Públicas de Cooperação Federativa do Campo: Estado e Políticas Públicas e Pedagogia por Projetos. Antes temos de saber o que são as tendências e cenários na educação popular. Compreendem as situações referentes a educação popular e as suas áreas com probabilidades de acontecer nacionalmente e internacionalmente (Suzy Rodrigues, 2019). Políticas de Educação Não-Formal nas Américas, África e Ásia: Contribuições para a Construção do Capital Social e Humano. https://bit.ly/2JKCEwd ACESSE Educação Popular210 Figura 4: Tendências e cenários na educação popular no Brasil Fonte: Pixabay Percebeu que foi mencionado o âmbito nacional e internacional? Porém, o tópico do nosso estudo abordará apenas no âmbito nacional. A Implantação e Implementação da Política Pública para a educação Popular Você já deve ter ouvido falar em política pública, no seu trabalho; estudo; nas mídias de comunicação; conversas na comunidade, família e amigos. Ou, ainda pode não ter ouvido falar desse termo! Esse instrumento de gestão do Estado é muito importante para a sociedade. Então, bora conhecer o seu conceito. A primeira definição é do professor Leonardo Secchi. Para Secchi (2014) política pública é uma diretriz para a resolução de um problema público. Educação Popular 211 Seguimos com a segunda definição de política pública. […] são diretrizes, princípios norteadores de ação do Poder Público; regras e procedimentos para as relações entre o Poder Público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamento) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. Nem sempre, porém há compatibilidade entre as intervenções e declarações de vontade e as ações desenvolvidas. Devem ser consideradas também as“não ações”, as omissões, como forma de manifestação de políticas, pois representam opções e orientações dos que ocupam cargos (TEIXEIRA, 2002, p. 3). Nesse sentido entendo a política pública como: Políticas Públicas são na integralidade planos, projetos, programas, metas e ações estabelecidos pela administração pública nas esferas federal, estadual e municipal, para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público (Suzy Rodrigues, 2019). O que são Políticas Públicas? https://bit.ly/34qTcBi ACESSE Educação Popular212 Você deve estar se questionado … o que quer dizer implantar e implementar políticas públicas? De modo geral: Figura 5: Políticas Públicas Fonte:Pixabay Implementar políticas públicas: estabelecer planos, projetos, programas, metas e ações sobre as áreas da educação popular. Implementar políticas públicas: efetivar planos, projetos, programas, metas e ações nos segmentos da educação popular. Tanto para a implantação como para a implementação deve observar fatores como: a diversidade étnica-racial, cultural e de gênero; a inclusão social, econômica e financeira, a acessibilidade; a faixa etária e outros aspectos penitentes. Esses fatores visam o pleno exercício da cidadania. Educação Popular 213 O Brasil vem apresentando iniciativas de políticas públicas em educação popular. Lembram que na unidade 1 conhecemos algumas delas. Observem o quadro 4, que apresenta algumas iniciativas de políticas públicas para a educação popular. Quadro 4: Políticas públicas para a educação popular no século XXI Algumas Assinalações sobre a Educação Popular. https://bit. ly/2PIpByU ACESSE Política Pública Órgão Ano Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH). Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. 2003 Programa Brasil Alfabetizado - jovens, adultos e idosos. Ministério da Educação. 2003 Educação Escolar Quilombola – Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Ministério da Educação. 2003 Programa Conexões e Saberes – diálogos entre a universidade e as comunidades populares (PET). Ministério da Educação. 2006 Educação Popular214 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE). Ministério da Educação. 2008 Política Nacional de Educação Indígena – Territórios Etnoeducacionais (TEEs). Ministério da Educação. 2009 Programa Nacional do Livro Didático para Educação de Jovens e Adultos (PNLD/EJA) – jovens, adultos e idosos. Ministério da Educação. 2009 Programa Nacional de Educação do Campo (PRONACAMPO). Ministério da Educação. 2012 Educação para os Povos Ciganos. Ministério da Educação. Resolução Resolução CNE/CEB nº 3, de 16 de maio de 2012 2012 Política Nacional do Idoso (PNI). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. 2010 Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único de Assitência Social (PNEP/SUAS) Ministério do Desenvolvimento Socia e Combate a Fome. 2013 Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres (PNPM). Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2013 Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP/ SUS). Ministério da Saúde. 2013 Educação Popular 215 Fonte: Elaborada pela Autora, 2019 Atualmente, o Governo Federal promove a equidade, valorização da diversidade e inclusão por meio da Secretaria de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão, a qual faz parte da estrutura do MEC. Aborda as temáticas e modalidades de educação estabelecidas em Lei: Educação Especial; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo; Educação Escolar Indígena; Educação Escolar Quilombola; Educação para as Relações Étnico-raciais e Educação em direitos humanos. https://bit.ly/2Ny1foU Outra iniciativa recente do Estado são as cívico-militares, em localidades carentes a exemplo do ensino médio integral. A Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares é responsável por essa política pública. O Ministério da Educação pretende construir 108 escolas de educação básica cívico-militares no Brasil até 2023. A expectativa, segunda a pasta, é levantar 27 escolas por ano, uma em cada estado do país. Até o final da operação, a meta é atender 108 mil alunos. As escolas cívico-militares são instituições não militarizadas, mas com uma equipe de militares da reserva no papel de tutores. https://bit.ly/2r7Uy5u I Plano Nacional de Educação Escolar Indígena (PNEEI) – em elaboração. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. 2019 Educação para as Relações Étnicos-Raciais. https://bit.ly/2WBdMw1 ACESSE Educação Popular216 Uma das mais importantes contribuições em políticas públicas para a educação popular é o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH). Vamos conhecê-lo! PNEDH é uma política pública que consolida um projeto de sociedade baseado nos princípios da democracia, da cidadania e da justiça social, por meio de um instrumento de construção de uma cultura de direitos humanos que visa o exercício da solidariedade e do respeito às diversidades. A estrutura do documento estabelece concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação, contemplando cinco grandes eixos de atuação: Educação Básica; Educação Superior; Educação Não-Formal; Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública e Educação e Mídia. Em 2018 completou 70 anos, que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos DH como um referencial comum de direitos humanos para todas (os) no mundo. ACESSE Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. https://bit. ly/2Ny9iCh Educação Popular 217 Quais os principais instrumentos legais fundamentam as políticas públicas em educação popular? A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 e o Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas de 2014. Esses instrumentos dão base para a implantação e implementação dos planos; programas; projetos e as políticas públicas voltadas para a educação popular – realizado o devido diagnóstico e tramites legais e administrativos dessas políticas públicas. O que é o Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas? Este Marco insere-se no âmbito do processo de construção da Política Nacional de Educação Popular, da Política Nacional de Participação Social, das políticas e programas para a juventude. (MARCO DE REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO POPULAR PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS, 2014, p. 7). Há 70 anos: adotada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. https://bit.ly/2N9Q4nf ACESSE Educação Popular218 Figura 6: Marco de Referência da Educação Popular para as políticas públicas Fonte:Pixabay Quais os objetivos do Marco de Referência? […] promover um campo comum de reflexão e orientação de práticas coerentes com a perspectiva metodológica proposta pela educação popular do conjunto de programas, projetos e políticas com origem, principalmente, na ação pública, e contemplando os diversos setores vinculados a processos educativos e formativos das políticas públicas do Governo Federal (MARCO DE REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO POPULAR PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS, 2014, p. 16). O Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas apresenta Princípios e Diretrizes para as Ações de Educação Popular nas Políticas Públicas, a saber: Educação Popular 219 I - Emancipação e poder popular. II – Participação popular nos espaços públicos. III- Equidade nas políticas públicas fundamentada na solidariedade, na amorosidade. IV- Conhecimento crítico e transformação da realidade. V– Avaliação e sistematização de saberes e práticas. VI – Justiça política, econômica e socioambiental. E, quem participa da implantação e implementação das políticas públicas de educação popular? As (os) cidadãs (os); a comunidade; a Sociedade Civil Organizada – Movimentos Sociais, Organizações Não Governamentais e o Estado (instituições públicas federais; estaduaise municipais). Com o propósito de contribuir com as políticas públicas de educação popular o Centro de Referência em Educação Integral (ONG), entende que a Política de Educação Integral para assegurar a qualidade e equidade deve ser fundamentada: Políticas Públicas de Educação Integral. Planejamento da Gestão Educacional – definição clara de desafios, metas e estratégias; Alinhamento entre todos os atores envolvidos no sistema: convergência de esforços em todos os níveis; Modelo de gestão estruturado e sustentável que articule, de maneira dialógica, a secretaria e as escolas; Marcos legais que garantam sustentação a política; Articulação intersetorial que garanta complementaridade as estratégias escolares. https://bit.ly/2JJx3pP Educação Popular220 Redes Públicas de Cooperação Federativa do Campo: Estado e Políticas Públicas As redes de cooperação do campo: Estado e Políticas Públicas ou redes estatais, são consideradas de natureza complexa devido as suas variáveis e especificações. O que significa essa modalidade de Rede? Rede de cooperação campo Estado e Políticas Públicas - Redes de Estado ou Redes de Políticas Públicas são produtos da parceria entre os órgãos da estrutura do Estado, nas esferas federal, estadual e municipal, ou destas com organizações não estatais, autorizadas na forma da lei para prestação de serviços públicos descentralizados ou terceirizados (A AUTORA, 2019). Elas podem ser classificadas em dois grupos: �Redes estatais puras: formadas somente por organizações da estrutura do Estado. �Redes associadas aos setores e sistemas da administração pública: apresentam estruturas hierárquicas para a prestação de serviços públicos. ACESSE Políticas Públicas: um enfoque na participação cidadã e no controle social. https://bit.ly/2JKGZiS Educação Popular 221 Quadro 5: Variáveis e especificações das Redes de Políticas Públicas Fonte: Adaptado de Loiola e Moura (1996) O que são serviços públicos? Serviços públicos prestados sãos os bens ou serviços prestados em nome do governo pelos ministérios a indivíduos ou organizações externas (TROSA, 2010, p. 176.) A prestação de serviços públicos pelo Estado efetiva-se não apenas para: demandas sociais (saúde, educação, segurança e outras), atendimentos direitos aos cidadãos, também estão incluídas as infraestruturas de uso comum e a intervenção nos agentes da sociedade e do mercado. Embora sejam poucas as redes estatais admitem a formação de redes puras horizontais, quer dizer, a atuação independente e Variáveis Características Atores envolvidos Agentes governamentais, governos locais e outros. Caráter das relações Formalidade e informalidade. Foco de atuação Problemas, projetos concretos e gestão de processos complexos e ações. Processo Associação de recursos e intercâmbio. Princípios e valores Cooperação, respeito mútuo, reconhecimento de competências e conflitos equacionados. Interações Centro animador, operador catalisador, hierarquia e não hierarquia. Ambiente Efêmero e grupo definido. Engajamento Adesão por interesse e competência. Racionalidade Comunicativa e Instrumental. Educação Popular222 isolada. São representadas pelas redes intermunicipais, a exemplo dos consórcios municipais dispostos como “cooperativismo horizontal” em contraposição ao “municipalismo autárquico”. Como vimos essa modalidade de Rede pode realizar parcerias com organizações não estatais, quanto estabelecem essas parcerias são chamadas de redes híbridas. O que são as Redes Híbridas? Constituídas de entes estatais e não estatais aceitando vários formatos devido a potencialidade de colaboração público-privado (comunidades, terceiro setor e iniciativa privada) e das propriedades de gestão das redes, o que dá origem a modelos de atuação com inúmeras composições (Suzy Rodrigues, 2019). Pedagogia por projetos Essa metodologia de ensino-aprendizagem constitui-se em uma tendência para a educação brasileira e internacional em todos os seus setores, inclusive a educação popular, devido a sua proposta inovadora de trabalhar temas por meio de projetos, onde o (a) educando (a) realiza intervenções na sua realidade, isto é, o ensino se dá pelas experiências. O que significa a Pedagogia por Projetos? De acordo com Buck Institute for Education (2008), a Pedagogia de projetos pode favorecer o trabalho do professor para conseguir um alto desempenho junto com seus alunos, com foco na aprendizagem de qualidade e possibilitando uma possível interferência junto à comunidade. […] os principais componentes do mosaico Pedagogia de Projetos: 1. Desenvolvimento de um espírito comunitário de equipe e consequentemente, da autodisciplina. 2. Respeito Educação Popular 223 e convívio com a multiplicidade de pensamentos e experiências. 3. Reconhecimento e prática da interdisciplinaridade. 4. Construção e exercício do diálogo, levando à transdisciplinaridade e à multiculturalidade. 5. Exercício de novas formas de organização e autoridade, limitando no tempo a hierarquia e marginalizando o autoritarismo. 6. Vivência da realidade. 7. Desenvolvimento de visão prospectiva. 8. Desenvolvimento de visão perspectiva. 9. Desenvolvimento de visão crítica. 10. Desenvolvimento das práxis como interação da teoria com a prática. 11. Apropriação pelo grupo dos conhecimentos e saberes Lidamos, assim, com uma pedagogia do raciocínio e da ação, na qual aprendemos a pensar e a fazer num processo único e indissolúvel, mas cujo resultado final não pertence a qualquer indivíduo, pois é fruto do empenho e da competência de todos (SANZ, 2003, p.78- 79). Chegamos ao final da unidade IV, espero que tenham gostado do assunto e assimilado o aprendizado. Bons estudos! Educação Popular224 BIBLIOGRAFIA UNIDADE 01 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação Popular na escola. Petrópolis: Vozes, RJ 2006. 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Presidente do Conselho de Administração - Janguiê Diniz Diretor-presidente - Jânyo Diniz Diretor de Operações - Adriano Azevedo Diretor de M&A - Décio Lima Diretor de CSC - Joaldo Diniz Diretor Financeiro - João Aguiar Diretor de Relações com Investidores - Rodrigo Alves Diretora Acadêmica - Simone Bérgamo Diretor de Recursos Humanos - Wellington Maciel Diretora de Marketing - Magaly Marinho Diretor de EaD - Enzo Moreira Diretor de Pós-Graduação - Marcovan Porto Gerente de Operações de EaD - Walter Octaviano Gerente Acadêmica de EaD - Fernanda Furuno Coordenadora de Material Didático de EaD - Manuela Martins Edição (Design Instrucional): Paula Maria da Silva, Adriana Ferreira, Márcia Gouveia, Rebecca Freitas e Carlos Mello Preparação de Originais: Heloisa Brown Revisão: Anderson França, Márcia Santos e Heloisa Portes Projeto gráfico e diagramação: Sérgio Ramos, Mário Gomes e Tiago da Rocha Ilustração: Wictor Bernardo Gamez, Luciano. Estudos Culturais em Educação, Guia de Estudos. Recife: Grupo Ser Educacional, 2019. Estudos Culturais em Educação ISBN: 9788521636526 Apresentação do autor Luciano Gamez Luciano Gamez é psicólogo e professor adjunto na Universidade Federal de São Paulo. Leciona as disciplinas de Ensino e Aprendizagem no Curso Superior de Tecnologia em Design Educacional. Realiza pesquisas na Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência, do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina na Unifesp. Atualmente está em estágio pós-doutoral na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal. Como pesquisador está interessado nos fenômenos da aprendizagem e do desenvolvimento humano, e no estudo de teorias e modelos educacionais que integrem o uso de tecnologias digitais, ou analógicas, à Educação. Sumário Unidade 1 – Educação, cultura e sociedade 1.1 Educação e cultura: aspectos conceituais 1.2 Cultura: aspectos conceituais 1.3 Educação: aspectos conceituais 1.4 Cultura e educação: relações de diálogo 1.5 Cultura e sociedade Unidade 2 – Ensino da cultura 2.1 Prática pedagógica em cultura e o cotidiano escolar 2.2 Por uma perspectiva interdisciplinar no ensino da cultura: a articulação dos saberes no dia a dia da sala de aula Unidade 3 – Multiculturalismo 3.1 Processos didático-pedagógicos e as múltiplas dimensões da cultura 3.2 A emergência das questões do multiculturalismo e suas implicações para a educação escolar Unidade 4 – Cultura e conhecimento científico 4.1 Processo de construção da cultura da humanidade e objeto da produção do conhecimento científico 4.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – diversidade cultural 1 4 9 18 25 30 40 42 65 a 76 79 96 110 112 134 Carta ao aluno Prezado(a) estudante Seja bem-vindo(a) à disciplina de Estudos Culturais em Educação. Nela você irá refletir sobre o conceito de cultura e de que modo se pode estabelecer a relação entre cultura, educação e sociedade, compreendendo como ela se dá na prática e no cotidiano das relações pessoais, escolares e sociais. Para isso, você irá estudar, inicialmente, algumas bases teóricas da cultura e sua inserção na educação e na sociedade. Parte-se do princípio de que a cultura não é algo dado à partida, nem é aleatório, mas sim um processo efetivo de construção da história da humanidade, e, portanto, com ele se relaciona. Você verá também quais são os campos e áreas de conhecimento da cultura, entendendo-a como uma forma de manifestação e representação dos diferentes povos, que se desenvolvem no mundo também a partir de suas distintas expressões culturais. Nesta disciplina, entende-se que a cultura, ou a falta dela, é um meio de inclusão ou exclusão social. Por este motivo, ênfase é dada nas questões que envolvem o ensino da cultura, bem como seus aspectos didáticos e metodológicos que propiciem vivências e experiências no âmbito cultural. Por fim, você verá a importância de incentivar os professores no reconhecimento da cultura local, enfatizando os fenômenos e aparelhos culturais, tendo em vista o desenvolvimento educacional da humanidade. viii Para concluir, os Parâmetros Curriculares Nacionais e o ensino das diversas manifestações culturais também são apresentados e discutidos. Espera-se, portanto, que com esta disciplina você seja capaz de desenvolver um conjunto de competências que permitam respeitar a diversidade cultural, compreendendo as diferenças de natureza étnico-racial, social, cultural, religiosa, faixas geracionais, necessidades especiais, entre outras, de modo a favorecer os processos de ensino e aprendizagem em ambiente escolar. Bons estudos! ix Objetivos gerais da disciplina Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: l compreender as bases teóricas da cultura relacionadas com a educação; l procurar estabelecer diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento cultural; l compreender a necessidade de promover o respeito à diversidade cultural, às diferenças de natureza étnico-racial, social, cultural, religiosa, faixas geracionais, necessidades especiais, entre outras; l incentivar nos alunos a prática da pesquisa, da investigação dosmodos de aprender e de vida das diferentes culturas, para o favorecimento dos processos de ensino e aprendizagem em ambiente escolar; l conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino das diversas manifestações culturais. x 1 Unidade 1 Educação, Cultura e Sociedade 2 Unidade 1 Objetivos da Unidade Ao fi nal desta unidade, esperamos que você seja capaz de: • refl eti r sobre o conceito de cultura e suas diferentes formas de expressão e manifestação; • refl eti r sobre o conceito de educação e sua caracterização; • compreender a relação entre cultura e educação, analisando algumas de suas bases teóricas; • entender a relação entre cultura e sociedade e seus impactos na estrati fi cação social e nos contextos escolares. Contextualizando Pense na seguinte situação: você recebe um convite de um organizador de eventos para representar o Brasil em um encontro das nações, com o desafi o de apresentar a cultura brasileira para representantes de outros países, referindo como a cultura é abordada nas escolas do ensino básico em geral. Você aceitaria esse convite? Se sim, qual o primeiro passo a dar para preparar a sua comunicação? Que aspectos precisará considerar? Que elementos da cultura brasileira você acha relevante abordar e de que modo irá estabelecer a relação entre cultura, educação e sociedade? 3 Apesar de interessante e atraente o convite, não é fácil tratar desse assunto, pois quando nos referimos à cultura, à educação e à sociedade, principalmente a relação entre essas áreas, por qual porta iremos entrar primeiro? Quem influencia quem? Será a educação influenciada pela cultura ou a cultura influenciada pela educação? De que forma esta relação advém da sociedade e provoca também impactos sociais? Tentar responder essas questões é, como mostra a Figura 1, procurar saber quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? 1 Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Crédito: © Wavebreak Media Ltd | 123rf.com. Dadas as dimensões e divergências culturais do nosso País, será que ainda podemos falar em cultura brasileira, sabendo, a priori, que os hábitos culturais, sociais, comportamentais são tão diferentes e mudam tanto de região para região? Existirá um núcleo comum referente à cultura que podemos caracterizar como genuinamente brasileiro, sabendo que a cultura de nosso País sofre também, ela própria, as influências das diversas expressões culturais dos diferentes povos e etnias que compõem o Brasil? Em suma, não podemos falar de uma única cultura brasileira, mas de diversas culturas plurais que formam esse grande mosaico multicultural brasileiro, resultado de um processo intenso de aculturação (veja adiante o significado desse conceito). Tendo em vista toda a diversidade cultural, e tudo o que ela envolve, qual seria o ponto de partida para começar a abordar a relação entre educação e cultura, entendendo que a própria cultura traz em si mesmo diferentes formas de expressão, seja pelas artes, 4 hábitos e costumes, ou mesmo formas diferentes de ser e estar no mundo? Ainda, a que iremos nos referir quando abordarmos o tema educação, visto que ele em si é igualmente amplo? Existi rá uma possível defi nição de educação que seja aceita e “agrade a gregos e troianos”? O que pesou mais para transformar e recaracterizar o campo de atuação da pedagogia: (i) a infl uência da cultura sobre as ações desenvolvidas; (ii) a infl uência da sociedade sobre as condutas sociais; (iii) ou, ainda, a infl uência da cultura sobre as condutas sociais que desembocaram nas mudanças educacionais? Será que existem outras possíveis combinações dessas três variáveis? Para refl etir Sabemos, no entanto, que a educação e a cultura são duas áreas extremamente importantes, sobretudo em se tratando de pensar novas formas de educação que promovam a formação de cidadãos críti cos, pautados pelos princípios da cidadania, capazes de adquirir e desenvolver competências específi cas para atuarem na sociedade e intervirem de forma cívica. Para analisar essa relação, vamos começar pela História. Na anti guidade, o pedagogo era o escravo que conduzia as crianças aos mestres encarregados do ensino. A parti r daí, por extensão, o pedagogo tornou-se sinônimo de mestre preceptor, e hoje esse profi ssional é o responsável por tratar de questões que se referem aos diversos aspectos das ciências da educação (Mialaret, 1999). Para iniciar essa discussão, apesar de não sabermos quem infl uenciou quem, talvez devêssemos começar por tentar compreender o signifi cado dos termos, a começar pelo signifi cado de cultura. Após isso, quem sabe, talvez seja mais fácil estabelecer as devidas relações no estudo destes temas. Mas antes de prosseguir a leitura, tente defi nir em seu caderno de anotações o que entende por cultura, por educação e por sociedade. Depois, compare com elementos deste texto. Como há muitas maneiras de dizer o que esses termos signifi cam, escreva 5 o que lhe vier à cabeça quando pensar em uma definição para esses conceitos, sem se preocupar se estão certos ou errados, ou mesmo incompletos. Entendendo os Conceitos 1.1 Educação e cultura: aspectos conceituais Supondo que você já redigiu uma definição para o termo cultura (e também educação e sociedade), repare e compare se na sua definição aparecem palavras como conhecimento, arte, hábitos, gostos, costumes, status, jeito de falar, de vestir, valores, fé, moral, lei, normas, ou mesmo as aptidões e saberes do ser humano, ou outras formas de ser e de estar, de uma pessoa, organização, família, ou mesmo de um povo, ou seja, da sociedade como um todo. Será então que o conceito de cultura pode ser definido como o conjunto de todos esses elementos, ou dos aspectos em comum que caracterizam um dado conjunto de ações realizadas por um certo grupo de pessoas? Se respondeu sim, está no bom caminho. Mas isso não é tudo. Sabemos que a cultura muda e é influenciada por vários fatores e cada país tem a sua própria cultura, pois são características que definem os gostos, os hábitos, as formas de ser e estar de um povo, que inclusive podem ser influenciados, quem diria, pelo clima do local, como temperaturas mais quentes ou mais frias, como ilustrado nas Figuras 2 e 3. Você acha que as temperaturas incidem sobre o modo de ser das pessoas? 2 Clima tropical. 6 Crédito: © pakhnyushchyy | 123rf.com. 3 Inverno nas regiões temperadas. Crédito: © Marian Vejcik | 123rf.com. E pensando no Brasil, quais serão as nossas características culturais, visto que predominantemente o clima é tropical? Será que quem olha de fora vê e valoriza de forma diferente a cultura de quem vive no local? Na visão das pessoas dos outros países, o Brasil e a cultura brasileira se caracterizam pela alegria do povo brasileiro, visto também que essa característica pode ser observada na música, igualmente alegre, como o samba ou o carnaval, e que fortemente fazem parte da cultura de nosso País. O carnaval, como ilustra a Figura 4, é um bom exemplo disso. 7 4 Carnaval, samba e alegria. Crédito: © Mike Flippo | 123rf.com. Pensando por esse caminho, é possível imaginar facilmente quais são os elementos que caracterizam e diferenciam a cultura dos ingleses, dos franceses, dos alemães, dos italianos, espanhóis, portugueses, americanos, ou dos japoneses? Os estereóti pos da cultura popular são positi vos ou não do ponto de vista social? Para refl etir 6 Um dia em Londres, na Inglaterra. Crédito: © Dmitry Naumov | 123rf.com. 7 A capital francesa e seu charme turísti co. Crédito: © Iakov Kalinin | 123rf.com. 8 O charme das cidades alemãs. © jakobradlgruber | 123rf.com. 9 O Coliseu de Roma, Itália. © Frederic Prochasson | 123rf.com. 8 13 A harmonia dos pagodes japoneses integrados à paisagem. © Itsaret Yannasit | 123rf.com. 10 As touradas espanholas. © Felipe Caparros Cruz | 123rf.com. 11 A beleza dos azulejos portugueses. © Joerg Sinn | 123rf.com.12 A Estátua da Liberdade estadunidense. © Pongpon Rinthaisong | 123rf.com. Para refl eti r sobre os “estereóti pos” das diferentes culturas, leia o Relatório Mundial da Felicidade, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. O propósito do relatório é medir e comparar mudanças de felicidade em escala mundial, tendo em vista a necessidade e importância de equilibrar os indicadores de bem-estar social no mundo. Ao consultar esse relatório você irá observar que o Brasil não está assim tão no topo do ranking dos países mais felizes. Veja por que em: <htt p://canaldafelicidade.com.br/ relatorio-mundial-da-felicidade-2018-paises-mais-felizes-do-mundo/#lista%2010>. Saiba mais 9 Se os brasileiros são culturalmente conhecidos pela alegria, pelo samba e futebol, já os portugueses são conhecidos pelo fado, patrimônio musical mais famoso na cultura portuguesa, como ilustra a Figura 5, que, ao contrário da brasileira, reflete uma característica muito forte do povo português: o saudosismo, que muitas vezes leva, inclusive, à sensação de melancolia. 5 O fado expressa toda a melancolia portuguesa. © Jacek Sopotnicki | 123rf.com. Observe a sequência de figuras a seguir e pense nas características culturais de cada um desses povos. O que as caracteriza? Quais são os “estereótipos” mais conhecidos associados às culturas dos povos dessas nações? Pense em hábitos, comidas típicas ou expressões culturais (incluindo música, teatro, cinema, literatura) que os caracterizam. Pense também nos níveis de felicidade desses povos e quais deles seriam os mais felizes a seu ver. 1.2 Cultura: aspectos conceituais Agora pense na sua resposta para os níveis de felicidade que estabeleceu anteriormente para os povos e compare com o que está identificado no ranking. Talvez você perceba que os estereótipos não correspondem sempre à realidade. 10 A origem da palavra cultura é antiga e remonta ao tempo dos povos romanos que a utilizavam com o sentido agrícola, ou seja, referindo-se ao cultivo da terra para a produção. Ainda hoje esse sentido pode ser atribuído e utilizado quando nos referimos, por exemplo, à cultura da cana-de-açúcar (Figura 14), à cultura da soja, do arroz etc. 14 Cultura da cana-de-açúcar, um dos muitos significados da palavra. Crédito: © lzflzf | 123rf.com. Mas do ponto de vista da ciência e, em específico, das ciências sociais, o termo cultura é utilizado para definir um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, normalmente aprendidos e transmitidos ao longo do tempo, de geração em geração, de forma idêntica, ou transformada, adaptadas e/ou incorporadas, por meio da vida em sociedade, constituindo o que podemos chamar de herança social. Visto por esse ângulo, cultura não pode ser vista como o conjunto de conhecimentos e competências que alguns têm e outros não têm, apesar de várias pessoas assim se referirem ao termo. A cultura está para além do indivíduo, é viva, flexível, não é estática, e está impregnada nas pessoas e nos lugares sem que, muitas vezes, elas próprias se deem conta disso. A cultura relaciona-se com tudo aquilo que o homem acrescenta à natureza, ou seja, tudo o que o homem faz que não foi dado ao nascer pode ser considerado o produto de uma ação cultural. Neste sentido, cultura é sempre uma construção, que pode ser individual ou coletiva. Posto desta forma, é possível perceber que, dentro de uma mesma sociedade, 11 grupos disti ntos (de diferentes classes sociais, associações profi ssionais, organizações religiosas, ou proveniente de diferentes regiões etc.) podem não só dar signifi cados diferentes para um mesmo acontecimento ou dado, bem como reagir de formas também muito disti ntas, expressando diferentes ati tudes ou reações em face de um mesmo fenômeno social. Deste modo, entende-se que as formas de organização de signifi cados e métodos, ou formas de conduta e organização de um dado grupo social, podem também ser chamadas de cultura, mesmo que sejam apenas cultura de um grupo. Por exemplo, ao observar a Figura 15, que mostra um rapaz em uma manifestação popular na Avenida Paulista, em São Paulo, vesti ndo a camiseta verde e amarela, qual signifi cado a esse ato você atribui? Trata-se de um jogo do Brasil na Copa do Mundo, ou trata-se de um protesto políti co? No caso de protesto políti co, diria que as pessoas assim vesti das são de orientações políti cas mais voltadas para a direita ou para a esquerda? Será o homem produto da cultura, ou a cultura é, ela própria, o produto da ação humana, e por consequência é também por ela infl uenciada? Conduzimos o nosso próprio ambiente cultural de forma autônoma e independente, ou ele é exatamente fruto de nossas construções coleti vas sociais? Para refl etir 12 O meio em si age para o indivíduo como fonte de conhecimento. Porém, tal conhecimento é construído a parti r da ati vidade dos indivíduos interagindo com esse meio. Assim, podemos dizer que o meio é natural e socialmente consti tuído pela cultura. De acordo com o pensador russo Vygotsky, os processos de linha social e cultural do desenvolvimento originam-se sempre entre pessoas, isto é, têm sua raiz inicialmente no plano da relação com os outros e depois surgem no plano estritamente individual. Para Vygotsky, os processos psicológicos superiores (como atenção voluntária, memória lógica, pensamento abstrato) realizam-se não apenas individualmente, mas a parti r das relações interpessoais, quer dizer, mediante a interação do sujeito com os outros (Gamez, 2013). De olho Na prática 13 15 Manifestação popular na Avenida Paulista. Crédito: © Filipe Frazao | 123rf.com. Como se pode constatar, há várias formas de olhar para a cultura a fim de compreendê-la ou tentar descrevê-la, e essa forma de olhar vai em si também se transformando com o passar do tempo, visto que as visões também mudam, transformando inclusive a própria cultura em um movimento cíclico de mudanças que acompanham as transformações sociais, que se refletem no meio, caracterizando, assim, um movimento infindo. Um bom exemplo disso é pensarmos hoje em dois objetos que sempre tiveram vidas separadas até que alguém um dia teve a brilhante ideia de integrá-los, ou seja, a câmera digital e o telefone celular ilustrados na Figura 16. Quando essa ideia foi dada pelo seu idealizador provavelmente causou estranheza em muitas pessoas que pensaram que essa junção jamais daria certo, por serem objetos tão diferentes e para usos tão diversos. Hoje, ao olharmos para o uso que as pessoas fazem dos seus aparelhos de telefone celular e a maneira como se comportam nas redes sociais, ou mesmo fora delas, é facilmente perceptível compreender que houve uma enorme mudança cultural na forma como as pessoas se posicionam no mundo, se comunicam com as demais, e fazem os registros das suas impressões sobre esse mundo. É uma mudança cultural que afeta não apenas a forma como os indivíduos agem no meio, mas também a maneira como toda a sociedade, inclusive pessoas de diferentes gerações, ou até mesmo empresas, escolas e governo passam a se comportar. Muda-se o tempo, mudam-se as tecnologias, mudam-se os métodos, procedimentos, hábitos, costumes, tudo muda como um reflexo das transformações a que diariamente estamos sujeitos. 14 16 Tecnologia digital: os antigos dispositivos viraram múltiplas funções de um mesmo aparelho. Crédito: © scanrail | 123rf.com. Isto posto, pergunta-se: Vygotsky traz uma resposta a esse questionamento. Observe e reflita: Com esse conceito, Vygostsky ressalta que a individualização do sujeito é formada a partir das experiências propiciadas pela cultura. Isto significa que seu desenvolvimento cognitivo envolve processos, que se constituem pela imersão na cultura para a formação da sua individualidade. Seu processo de desenvolvimento, como um sujeito diferenciado do outro, é formado pela relaçãocom o outro, e nessa troca estabelece sua própria individualidade. Em outras palavras, o sujeito é constituído socialmente, mediado pela cultura, porém preservando sua composição individual (Gamez, 2013). A noção de que a cultura é um processo integrante na construção do conhecimento e constituição do indivíduo é central para a concepção de aprendizagem vygostskyana. Devemos entender esse pressuposto como um processo de dupla via, uma vez que também a cultura incorpora a experiência dos indivíduos. Várias derivações podem advir do termo cultura. A seguir são apresentadas algumas definições que você poderá encontrar no que se refere ao estudo desse tema, sem, no entanto, ter a pretensão de esgotar esse assunto. Observe e reflita de que modo poderá estar sofrendo influências ou influenciando o seu meio e pense em exemplos que sejam reflexo de suas próprias vivências. Para saber mais sobre cada um dos termos, procure nos dicionários, livros ou na internet seus significados. 15 Aculturação O termo aculturação refere-se a um processo dinâmico de mudança social e cultural, decorrente do contato da pessoa com outras pessoas de culturas diferentes, quando postas em contato direto e contínuo umas com as outras. É um processo que implica, geralmente, a transmissão e assimilação de certos elementos da cultura de uma sociedade para a outra, podendo, inclusive, levar à desintegração de uma ou de várias culturas sob a influência desses contatos que se estabelecem entre os seus integrantes. São exemplos dos processos de aculturação a assimilação no Brasil das culturas dos diversos povos, desde o processo de colonização que envolveu os portugueses, os índios e os escravos, até as imigrações que contribuíram para formar a cultura brasileira, que é influenciada por todas essas culturas em um grande processo de aculturação. Contracultura O termo contracultura está ligado ao questionamento de valores vigentes e instituídos na cultura ocidental, relacionado com a busca por novos e diferentes valores. Refere-se, portanto, a um movimento de contestação social que teve seu auge nos anos 1960, inspirado na defesa da liberdade, uma característica do pensamento existencialista de Jean Paul Sartre. O movimento ocorreu, sobretudo, na América Latina, Europa e Estados Unidos. Na prática, configurou-se pela forma como alguns jovens colocaram-se socialmente, adotando posturas consideradas, para muitos, antissociais, ao adotarem estilos diferentes e mais liberais de ser. Um exemplo dessa postura foi o movimento hippie, ilustrado na Figura 17, que almejava também alguma forma de transformação da sociedade a partir da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político. 17 Movimento hippie, um exemplo de contracultura dos anos 1970. Crédito: © Francesco Carniani | 123rf.com. 16 Cultura popular O termo cultura popular define-se a partir das diversas formas de manifestação popular, que normalmente são expressas por diferentes linguagens artísticas, tais como a dança, a música, as festas de bairro, a literatura, o folclore, entre outras formas de manifestação da cultura, das crenças ou dos padrões comportamentais de um povo, de uma dada região, e de seus hábitos e modos de vida. A cultura popular tem, então, a participação ativa das pessoas desses lugares que produzem e manifestam tais formas de expressão e cultura local/regional, normalmente transmitidas de geração em geração pelas famílias. As expressões da cultura popular muitas vezes estão atreladas ao desejo de dar voz à voz do povo, quando é calada e silenciada de algum modo. É o caso, por exemplo, como ilustra a Figura 18, das expressões em grafite, ou mesmo das pichações na cidade por pessoas da periferia, que, ao inserirem suas marcas nos centros urbanos, fazem lembrar da existência da periferia e das injustiças sociais, separação de classe, diferenças no acesso à cultura e oportunidades. A cultura popular, desta forma, é o conhecimento gerado pelo povo de um lugar e difere da cultura erudita, da cultura de elite, da cultura ensinada nas escolas. 18 Uma das várias formas de cultura popular, o grafite, se espalha pelos muros e paredes das grandes cidades mundiais. Crédito: © Mirko Vitali | 123rf.com. Do ponto de vista econômico, a cultura popular também faz girar a economia, sobretudo quando é alimentada pela indústria da música, do cinema, do rádio ou da televisão, e 17 até mesmo da indústria livreira ou informática. Outra forma de alimentar a economia da cultura popular consiste no incentivo ao folclore e na promoção de eventos temáticos concebidos para disseminar e gerar renda a quem dela vive e encontra aí o seu sustento. No meio acadêmico, a cultura popular também recebe seu destaque pela disciplina de estudos culturais populares, que se destina ao estudo da cultura popular, bem como das pesquisas e investigações científicas levadas a cabo por estudantes ou docentes que a investigam. Alta cultura Na contramão do termo cultura popular está também a noção de alta cultura, que é um termo muito empregado no discurso acadêmico, sobretudo no meio artístico, para designar a “arte refinada”, que tem como significado o conjunto de produtos culturais realizados por meio de grande rigor técnico, levando em conta a tradição e a beleza, a partir de ideais estéticos e intelectuais advindos dos movimentos artísticos que exerceram forte influência na constituição dos valores da aristocracia. A noção de pessoa nobre e culta tem sido associada a esse conceito de alta cultura, infelizmente, pois o acesso, ou a fata dele, às escolas e instituições educacionais que normalmente disseminam esse conhecimento também é estratificado e gerador de grandes diferenças culturais. Refere-se aqui ao estudo das letras, ao cultivo das regras de etiqueta, ao estudo das artes plásticas clássicas, especialmente esculturas e pinturas, ao estudo da poesia, literatura e música clássica, à ópera, à filosofia e à história, incluindo o estudo da alta gastronomia e até a prática de “esportes finos” como o golfe, ilustrado na Figura 19, ou o hipismo e a esgrima, que são todos conteúdos associados à elite, ao “bom gosto” clássico e erudito da alta burguesia e que, naturalmente, impõe uma diferença de classes, visto que o acesso a esse conhecimento se dá também de diferentes formas em diferentes meios sociais e econômicos. 18 Se pensarmos que o signifi cado do vocábulo educação, do ponto eti mológico, quer diz alimentar e criar, quem alimenta quem e quem cria o quê? Será o professor que alimenta os alunos com seus conhecimentos e experiências, ou serão os alunos que alimentam as experiências educacionais práti cas do professor dando a elas mais consistência? Ainda olhando para esse aspecto, é o professor que cria, propondo suas aulas, estratégias e dinâmicas, ou a criação é dos alunos que fazem acontecer na práti ca o que um professor planeja? Ou será que ambos alimentam e criam ao mesmo tempo em uma relação de retroalimentação recíproca? Para refl etir 21 Ambiente educacional tradicional. Crédito: © dolgachov | 123rf.com. 22 Ambiente educacional não tradicional. Crédito: © Graham Oliver | 123rf.com. 19 19 Prática do golfe pela elite – alta cultura. Crédito: © epicstockmedia | 123rf.com. A questão aqui é de que modo o acesso da classe mais favorecida economicamente à cultura mais erudita e clássica pode estar associado ao conceito de beleza estética e bom gosto, ou ao contrário? Outra questão é se a massificação de produtos culturais, que dispensa um nível maior de educação para sua apreensão, é um movimento da indústria cultural de incentivo ao consumismo? Enfim, o termo alta cultura é muito criticado por qualificarem-no de elitista, conservador e reacionário, sobretudo quando ele é empregado para designar os produtos do conhecimento que requerem mais instrução e apuro intelectual para seu mais pleno proveitocognitivo e estético, ainda que muitos neguem essa tendência e esse uso tradicional da expressão. Cultura organizacional Cultura organizacional é a cultura existente em uma organização. Ela se compõe pelas práticas de trabalho adotadas institucionalmente, e também pelos hábitos, comportamentos, crenças e valores, princípios, pressupostos, políticas internas e externas e pelo seu clima organizacional. Normalmente os funcionários e colaboradores da organização são influenciados pela cultura organizacional disseminada, ou mesmo implícita, sendo que seus comportamentos e formas de pensar e agir no ambiente de trabalho devem ser coerentes com essa cultura. A cultura organizacional estabelece a identidade da organização perante as outras organizações, a identidade profissional de seus colaboradores e os vínculos que se estabelecem entre as pessoas e a organização. É papel da cultura organizacional gerir os processos, fluxos e ambientes de trabalho, 20 Diversos estudos relacionam as característi cas dos ambientes familiares e escolares com os aspectos da personalidade e do desenvolvimento cogniti vo, socioemocional e fí sico das crianças e seus impactos na vida adulta. Quer a personalidade quer a identi dade, são frutos das infl uências que recebemos na infância. Nesse senti do, a educação pré-escolar, ou seja, antes dos seis anos de idade, tem recebido cada vez mais atenção de pesquisadores, que demonstram os impactos e efeitos da educação mesmo nessa tenra idade, como ilustra a Figura 23. estabelecendo maior coerência na forma de agir dos funcionários, e o comprometi mento desses com os interesses coleti vos. Visto que no interior das organizões existem muitas diferenças culturais entre as pessoas que lá trabalham ou colaboram de algum modo, a cultura organizacional contribui para a formação de uma só cultura para todos se guiarem. Mas também o relacionamento das organizações com o meio externo se refl ete no comportamento de vendas do consumidor. Por exemplo, as políti cas de fi delização do cliente refl etem os impactos da cultura organizacional, uma vez que se estabelece um relacionamento entre as organizações e seu público em geral. Quando a imagem da organização é positi va e os clientes estão sati sfeitos, os impactos nos resultados por ela alcançados são também positi vos, ou seja, um refl exo direto que a cultura organizacional exerce no meio externo. Quando o clima organizacional é bom, as pessoas trabalham mais sati sfeitas e isso também gera impactos positi vos para ambos. Nem sempre a cultura organizacional é explícita, orientada por padrões organizacionais, pois envolve também um conjunto de senti mentos e emoções geradas pelo clima organizacional expresso nas relações de afeti vidade no trabalho entre as pessoas e a organização, como ilustra a Figura 20. De olho 21 20 Clima organizacional. Crédito: © Antonio Guillem | 123rf.com. A cultura organizacional pode também ser fruto da cultura de seus fundadores, ou da cultura local, ter origem histórica e estar relacionada com o ambiente onde ela é instalada, seguindo por vezes a cultura existente dessas localidades, ou de seus idealizadores. Portanto, é dinâmica e modifica-se com o tempo, já que também sofre influência do ambiente externo e de mudanças sociais, mas também influencia esse meio e essa sociedade. 23 Educação na infância. Crédito: © Oksana Kuzmina | 123rf.com. 22 Além da cultura principal da organização, podem existir também as subculturas, que se referem a um conjunto de particularidades culturais de um subgrupo que se diferencia da cultura dominante, mas sem se desprender dela. Às vezes, as subculturas podem ser tão fortes que chegam a concorrer com a cultura principal. As subculturas podem ser geográficas, departamentais ou situacionais. Os valores centrais da cultura dominante estão presentes nessas subculturas, porém são incluídos valores adicionais e particulares de alguns grupos, equipes ou departamentos. A contracultura também pode existir nas organizações, incentivada por grupos de pessoas que reagem contra os valores tradicionais, com os quais estão insatisfeitas e buscam mudanças e inovações na cultura atual. Cibercultura O termo cibercultura provém da união das palavras cibernética e cultura, portanto, relaciona a tecnologia, o virtual e a cultura. Está associada às formas de relação e às trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias, graças à convergência das telecomunicações com a informática. Contempla, portanto, todos os fenômenos ligados ao ciberespaço e às formas de comunicação mediadas por computadores. O termo passou a ser utilizado após a disseminação do uso da rede de computadores ou de outros dispositivos eletrônicos de acesso à internet, tais como smartphones, tablets ou outros dispositivos utilizados que permitem às pessoas acessarem informações, gerar ou produzir conhecimento na rede. É também um campo de estudo relacionado com os fenômenos sociais associados ao impacto da internet, social e individualmente, e de outras formas de comunicação em rede entre as pessoas, objetos e coisas, como, por exemplo, os cursos on-line, as comunidades de aprendizagem on-line, os jogos virtuais, sociais, e de multiusuários, as mídias sociais, realidade aumentada, comunicação via mensagens de texto, áudio ou vídeo, que popularizaram o uso da internet, possibilitando, assim, maior aproximação entre as pessoas. Ainda por cibercultura nos referimos ao conjunto de práticas exercidas por pessoas conectadas a uma rede computacional, sendo, basicamente, a transposição das culturas humanas realizada por meio de um espaço onde estão todos conectados. Por se tratar de um espaço em expansão, mais pessoas e grupos conectados passam cada vez mais a trocar informações, saberes e conhecimentos e gerar novos conhecimentos em rede. 23 Além de Pierre Lévy, outros autores também fazem uso do termo, como Lev Manovich, Andy Hawk, Margaret Morse, Arturo Escobar e David Hakken. Talvez, uma das mais anti gas defi nições de educação seja aquela dada por Durkeim (1911). Para ele, a pedagogia é a teoria práti ca da educação. Posto de outro modo, é a “ciência da educação das crianças”, e disti ngue-se assim da educação, que se refere a uma ação exercida sobre alguém. Esse autor defende que a educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão amadurecidas para a vida social. Nesse senti do, entende que a educação tem por objeti vo suscitar na criança um certo número de estados fí sicos, intelectuais e morais que dela reclamam, quer a sociedade políti ca no seu conjunto, quer o meio social ao qual parti cularmente se desti na. Pode-se observar na defi nição de Durkeim o papel dado ao educador que prati camente é um dos principais responsáveis por contribuir para o amadurecimento da criança, como se ela fosse uma folha de papel vazia na qual devam ser preenchidas com informações. Por isso essa defi nição não pode ser aceita atualmente, pois sabemos que pensar dessa maneira é um equívoco, sabendo que os fi ns e os métodos da educação devem ser constantemente revistos. Mudam-se os tempos, mudam-se os métodos, sobretudo se considerarmos que a ciência e a experiência aumentam o nosso conhecimento sobre a criança, sobre o homem, sobre a sociedade e, sobretudo, sobre a cultura. Importante Uma vez tendo compreendido o conceito de cultura, veja agora aspectos relevantes sobre o conceito de educação. Em seguida, você será convidado a analisar a relação entre os dois campos do conhecimento. 1.3 Educação: aspectos conceituais 24 A palavra educação deriva do latim e tem dupla origem. A primeira, educare, que quer dizer alimentar, e a segunda, educere, que significa puxar para fora, conduzir para, ou posto em outras palavras, criar. Podemos dizer então que, pela raiz etimológica da palavra, o termo educação significa alimentare criar. Esta questão é interessante analisar, pois são estas as duas tendências que há muito causam conflito na educação e que têm gerado inúmeras divergências entre educadores e cientistas da educação. Isto, em razão da noção defendida por muitos teóricos, ao longo da história, de que, antes de mais nada, é necessário alimentar a criança com um conjunto significativo de conhecimentos, ou criar essa criança para dela extrair todas as suas potencialidades latentes à medida que biologicamente amadurece. Qual dessas duas visões seria a mais correta? O ambiente tradicional ou não tradicional ilustrado nas Figuras 21 e 22 resulta em diferenças de aprendizado. Podemos dizer que são as experiências advindas do meio é que dariam às crianças a maior parte do arcabouço de conhecimento de que elas necessitam e possuem, ou a visão de que, biologicamente, a criança já traria em si alguma predisposição inata e conhecimentos intrínsecos que precisam ser potencializados e extraídos como a revelação de um dom preexistente? Antes de responder a essa questão, que muito preocupou os teóricos das ciências da educação ao longo dos anos, podemos observar que a língua contemporânea tem feito uso do termo “educação” com significações bastante diferentes, embora todas correspondam em si ao mesmo domínio semântico. Definir um termo tão polissêmico é difícil, pois educação pode expressar muitos significados, sendo os principais: a educação como atividade e processo, a educação como efeito ou resultado, a educação como relação, a educação como tecnologia, referindo-se aos métodos e técnicas empregadas. (Cabanas, 2002). São muitas as dimensões possíveis da educação. Segundo Cabanas (2002), podemos dizer que ela tem uma dimensão: pessoal, social, relacional, cultural, política, artística, existencial, econômica, psicológica, jurídica, racional, afetiva, institucional, histórica, laboral, ética e comercial. Educação é isso tudo e mais um pouco, por isso é difícil encontrar uma definição precisa para este termo. Mialaret (1999), por exemplo, ao tentar apresentar o conceito de educação aponta que há quatro diferentes sentidos ao uso do referido termo. 25 O primeiro deles é de que falar de educação, antes de mais nada, consiste em evocar uma insti tuição social, um sistema educati vo, visto que a educação enquanto insti tuição possui as suas próprias estruturas e regras de funcionamento. Um segundo senti do é aquele que a linguagem corrente uti liza, ou seja, entender a educação como o resultado de uma ação. Por exemplo: recebe-se uma boa ou má educação; alguém é o produto de uma educação clássica por oposição a um outro que recebeu uma educação técnica. Trata-se, portanto, de um senti do focado no plano do indivíduo como produto ou parte de um dado sistema educati vo. Quando o termo é usado nesse senti do, é a parti r desses produtos que se avalia o sistema educati vo ou Diversos estudos consideram a educação da população brasileira – a sua falta, ou baixo nível de escolaridade – como sendo a causa de pobreza, criminalidade e desemprego (Bonadia, 2008). Pesquisas sobre as desigualdades escolares realizadas ao longo do século XX demonstram uma forte correlação estatí sti ca entre a origem social dos alunos e seu rendimento escolar (Glória, 2005; Seabra, 2017). Importante a educação tomada no senti do da primeira acepção. Daí os projetos de reforma da educação-sistema para melhorar a educação-produto. O terceiro senti do da palavra educação refere-se ao próprio processo que junta de uma maneira prevista ou imprevista dois ou vários seres humanos, os coloca em comunicação e em situação de mútuas trocas e modifi cações recíprocas. Assim entendida, vê-se que a educação vai muito além do quadro escolar no qual habitualmente está inserida, e que a educação-processo é um fato generalizado que se observa em todas as idades da vida e em todas as circunstâncias da vida humana. O quarto senti do atribuído à palavra educação está relacionado com o “conteúdo”, quer dizer, com os programas (o currículo), visto que uma educação, com efeito, caracteriza-se também pelo ti po de ati vidades que são propostas (e sobre as quais desenvolve), pelo conjunto de conhecimentos e de informações que oferece aos alunos. Este conjunto pode ser de dominante literária, cientí fi ca, técnica, artí sti ca, enfi m, das diferentes áreas do conhecimento. 26 Independentemente do sentido que se atribua ao termo educação, nos moldes de Mialaret (1999), é preciso reforçar que ela está totalmente atrelada à cultura e às questões de ordem social. Por exemplo, se tomada no sentido de que ser educado é ter bons comportamentos, então o seu sentido é se comportar de acordo com o que uma dada cultura define como comportar-se bem, e poderão aí haver muitas diferenças consoante as diferentes etiquetas sociais existentes em cada povo ou cultura. Mialaret (1999) reflete ainda sobre as várias extensões da cultura, diferenciando pelo menos quatro delas. A primeira extensão refere-se à relação de idade e educação, ou seja, a idade do sujeito a quem a educação se destina. Até muito pouco tempo atrás se valorizou a ideia de que a idade para iniciar a educação seria a ”idade da razão”, que, na maior parte dos países, começa por volta dos seis anos de idade, incluindo o Brasil. Será que essa é realmente a melhor idade para começar a educação, considerando que todos nós sabemos a enorme importância que os primeiros anos de vida e as características do meio familiar exercem sobre o desenvolvimento interno da personalidade das pessoas? A educação dada pelas famílias, pelos jardins de infância e escolas maternais constituem, portanto, os primeiros elos de uma longa corrente que passará pelo ensino fundamental e vai se prolongar até muito tarde na vida do indivíduo. Mas será que a educação deve ser pensada prioritariamente para o contexto da infância até a adolescência, ou deve também ser focada em outras faixas etárias? A educação dada na escola se estende por um período cada vez maior. Na maior parte dos países, a idade para terminar a escolaridade obrigatória é entre os 16 e os 18 anos, porém, nas últimas décadas, assiste-se inúmeras iniciativas voltadas para a educação permanente, ou educação contínua, ou educação ao longo da vida (life long learning). Trata-se de uma forma de educação que se destina a adultos, como sugere a Figura 24, que já partilham a vida profissional e que não têm como objetivos principais a aquisição de um diploma. 27 Um exemplo de desintegração entre educação e cultura pode ser observado nas situações em que ocorre um choque cultural, ou seja, quando uma pessoa que é educada com base em certos princípios se vê na situação de ter que conviver dentro de uma cultura diferente, seja onde mora, no trabalho ou mesmo onde estuda. A difi culdade de se desconectar da sua cultura original no novo ambiente é o que causa o choque cultural, visto a necessidade da pessoa de ter que se encaixar aos novos padrões e adotar comportamentos e/ou senti mentos semelhantes aos do local, ou seja, de assimilar a nova cultura. Um exemplo dessa situação pode ser visto no fi lme “Bem-vindo a Marly-Gomont” (Bienvenue à Marly-Gomont), do diretor Julien Rambaldi, baseado em uma história real. Em uma época em que não era comum negros nas faculdades de medicina na França, o jovem doutor Seyolo Zantoko (interpretado por Marc Zinga), nascido no Congo, se forma em Paris e vai trabalhar em um pequeno vilarejo francês muito provinciano. O choque cultural é retratado no fi lme pela difi culdade de aceitação do novo médico negro pelas pessoas da cidade, mas também pela esposa e fi lhos que se mudam do Congo para morar na França, enfrentando várias difi culdades para se adaptarem ao novo lar. O fi lme aborda também o preconceito e a discriminação racial, e o processo de aculturação dos novos habitantes à cidadee o da cidade para com eles. Na prática 28 24 A educação ao longo da vida. Crédito: © Mark Bowden | 123rf.com. Mialaret (1999) reforça que a formação de adultos tem se desenvolvido consideravelmente, quer no seio das empresas, quer dentro de outros organismos. Nesse sentido, podemos citar, por exemplo, as universidades corporativas. Como refere o autor, é tão vasto esse campo que já existem cientistas da educação defendendo que hoje o termo correto para se referir ao estudo da educação deveria ser Ciências da Educação e da Formação. Nessa linha de pensamento, não se pode esquecer a universidade para a terceira idade e as investigações em gerontologia, que constituem os fundamentos da educação destinada aos que terminaram a vida profissional. Assim, conclui o autor, não é exagero nenhum dizer que educação se destina a todas as idades da vida da pessoa, desde que nasce até que morre, e que se apresenta sob variadas formas, com objetivos diferentes, mas, incontestavelmente, trata-se sempre de educação. A segunda extensão entende que a educação não é apenas o resultado da instituição escolar. Os sociólogos frequentemente evidenciam a importância da escola paralela e demonstram que as aquisições e as informações que uma criança possui quando deixa a escola provêm, em uma porcentagem bastante significativa, também da escola paralela, não apenas da institucional. Fora da escola a criança recebe do meio em que vive um conjunto variado de estímulos que também podem ser (nem sempre é o caso) muito enriquecedores, como o que é veiculado na imprensa, rádio, televisão, internet, ou até mesmo a experiência cotidiana na vida de uma criança. Ou seja, é por meio de sua atividade pessoal, reforça o autor, que a criança explora o meio, aprende muitas coisas, descobre relações de ordem causal, e o meio também a educa de uma certa maneira (e vice-versa). Mialaret (1999) vai dizer ainda que as mídias de massa impõem novos desafios aos educadores que devem 29 pensar a sua uti lização e exploração em contextos educacionais. Por essa razão, não se pode recusar a este conjunto de ações a denominação geral de ações educati vas na medida em que elas transformam o sujeito e nela imprimem certos caracteres de sua vida ulterior, isto é, a educação envolve toda a vida da criança, mesmo que se considere que se trata de uma extensão demasiado longa para o senti do do termo educação. A terceira extensão aponta que, durante muito tempo, a educação só se interessou pela inteligência ou tão somente pela memória, e mais recentemente foi caminhando para uma formação total do indivíduo, sendo que a educação atual não tem como fi m único fazer da criança um ser inteligente, mas antes contribuir para desenvolver nela a sua personalidade de forma equilibrada, rica, repleta de potencialidades, melhorada pelo desenvolvimento de novas apti dões, sendo que esta forma de ser deve se adaptar, se transformar, se aperfeiçoar com o contato de situações novas, reencontradas, escolhidas ou por ela suportadas. Por fi m, a quarta extensão está ligada aos processos educacionais e aos níveis nos quais se situam. As situações educati vas não estão limitadas unicamente a um mestre perante seu aluno, nem mesmo a um professor diante de um grupo. Pode-se exercer uma ação educati va de inúmeras maneiras e esta se dá na relação entre várias pessoas ao mesmo Tendo em vista que a educação e a cultura complementam-se nessa relação dialógica para construir o conhecimento, pense em quais serão os maiores desafi os que competem aos educadores, quando dedicam-se a preparar os alunos para que sejam cidadãos e agentes ati vos, promotores de mudanças sociais necessárias, e que tenham capacidades para intervirem em suas comunidades locais de forma cívica e cidadã. Qual é a postura que um professor deve adotar em sala de aula no trato com seus alunos? Como formar cidadãos partí cipes e críti cos, que estabeleçam uma boa relação entre si, com o espaço urbano e promovam trocas pessoais e culturais, valorizando as diversas formas de expressão individual e artí sti ca? Como preparar nossos alunos para que possam dinamizar os diversos equipamentos culturais e criar oportunidades de desenvolvimento cultural, social e educacional, promovendo mais dinamismo nas relações entre si? Para refl etir 30 Essas são questões fundamentais que todo educador deverá ter como pano de fundo se quiser provocar alguma diferença e mais valia ao seu trabalho docente. A Figura 25 ilustra a diferença de ati tude na relação de docência e discência quando se promove maior cooperação e abertura ao diálogo. 25 Relação docente e discente. Crédito: © rawpixel | 123rf.com. tempo. Por exemplo, o professor, o coordenador, o diretor, o porteiro, todos exercem, à sua maneira, uma ação educati va, quer direta ou indiretamente, mas são as ações que procuram agir sobre um dado grupo de alunos, a fi m de que recebam uma “boa educação”. Após essa refl exão inicial, Mialaret (1999) se pergunta se é possível então chegar a uma defi nição para o termo educação? Ele refl ete sobre essa possível defi nição referindo, inicialmente, que há centenas de defi nições de educação postas pelos autores, mas como Para estudar o conceito de sociedade, leia a resenha do professor Marti ns (2013), professor ti tular do departamento de sociologia da Universidade de Brasília, sobre a obra On society de Anthony Elliot e Bryan Turner (2012). Marti ns (2013) afi rma que Saiba mais 31 as concepções de educação variam muito de autor para autor, acabam por se tornar em discussões “estéreis”, visto que cada autor defende o termo à sua maneira e criti ca os autores que apresentam defi nições diferentes das suas. Mesmo assim ele arrisca uma defi nição que você verá a seguir. Mialaret (1999) reforça então, e nisso estamos de acordo, que este trabalho de elaboração corresponde a uma ati vidade contí nua de investi gação e refl exão; sendo um trabalho que não termina nunca, porque as próprias condições da educação modifi cam-se constantemente. Apesar disso, ensaia uma defi nição considerando-a a parti r das seguintes premissas: l Alguém ou um grupo (A) l Age sobre (M) l Alguém ou um grupo (E) Cultura e classe social estão de algum modo relacionadas? Por que as pessoas de classes sociais mais nobres possuem mais acesso à cultura do que as classes menos favorecidas e vulneráveis da sociedade? É possível então estabelecer uma relação entre classe social e nível cultural, com as relações estéti cas? Quer dizer, existi rá uma relação entre o belo e o feio, o bom gosto ou o mau gosto, com o nível cultural e classe social a que um indivíduo pertence? Essa questão é relevante socialmente e deve ser abordada? Em caso afi rmati vo, é socialmente justa esta realidade, ou é preciso mudá-la? Para refl etir os autores saem em defesa do conceito de sociedade, afi rmando que a própria noção de sociedade tornou-se crescentemente problemáti ca nos diais atuais, em função dos processos de globalização econômica, políti ca e cultural que consti tui, atualmente, uma das faces mais salientes das sociedades contemporâneas. 32 Pela letra (A), o autor refere-se aos seres humanos, animais ou objetos, ou ainda estruturas sociais. Exemplos disso são os pais, ou educadores, que exercem uma ação sobre os outros, ou estruturas sociais que determinam em parte as nossas condutas, a nossa educação. Pela letra (M), deve-se perguntar de que ação se trata e quais são os métodos utilizados para agir sobre. Pela letra (E), o autor entende que para muitos pode se tratar dos alunos, mas não apenas eles, ou seja, são todos os indivíduos que eventualmente sejam objeto de um processo educativo. Que significações então pode-se dar tanto para (A) como para (M), ou (E)? O autor afirma que pode haver, ainda, uma inversão de papéis. Ou seja, pode-se dizer que, em certas situações, o conjunto (E) representao papel do conjunto (A) e a ação exerce-se de (E) para (A). Sim, pois é incontestável, por exemplo, que as novas gerações (jovens teoricamente não amadurecidos, como diria Durkeim (1969)) exercem uma ação sobre as outras gerações (que teoricamente são menos jovens, estão educadas e maduras). Exemplos dessas inversões podem ser vistos pelas ações dos jovens sobre seus pais, ou de estudantes sobre seus professores. Por fim, Mialaret (1999 p. 30) propõe sua definição referindo que [...] o fato educação é uma ação exercida sobre um sujeito ou grupo de sujeitos, que, aceite e mesmo requerida pelo sujeito ou grupo de sujeitos em ordem a uma modificação profunda, a ação age de tal forma que provoca o aparecimento de novas forças vivas nos sujeitos e faz com que estes mesmos sujeitos se tornem elementos ativos dessa ação sobre si exercida. Posto isto, define o que se entende por uma educação válida e eficaz, que, segundo ele, quer dizer passar do plano da realidade para o juízo de valor. Ou seja, que uma boa educação é também caracterizada (Mialaret, 1999, p. 30): − Por um conjunto coerente de objetivos escolhidos e definidos por A e E. − Pela escolha de processos M, de tal maneira que haja, por um lado, adequação entre os processos escolhidos e os objetivos determinados, e por outro, entre os processos e leis biológicas, psicológicas e psicossociológicas que regem 33 o funcionamento de E (sem que para tanto haja de se aceitar o princípio da universalidade e da estabilidade destas leis). − Por um sistema de retroação (avaliação contí nua em senti do lato) que permita uma constante reti fi cação de iti nerários, uma adaptação sempre cada vez mais ajustada de A M e E, e uma possível reapreciação críti ca dos objeti vos escolhidos e do conjunto do sistema. Esta defi nição formal de uma boa educação pode receber, segundo as opções fi losófi cas adotadas, este ou aquele conteúdo. 26 O refi namento da alta sociedade. Crédito: © Roman Samborskyi | 123rf.com. 27 A dura e sofrida realidade das classes mais baixas. Crédito: © Riccardo Lennart Niels Mayer| 123rf.com. Depois de observar atentamente as descrições e interpretações anteriores, torna- se claro que a “cultura” quando vista de forma “socialmente conservadora” é capaz de estabelecer grandes barreiras sociais, como se pode abstrair das Figuras 26 e 27. Tal barreira se impõe pelo preço dos bilhetes de acesso à cultura, evidenciado nos diferentes equipamentos culturais em oferta para a população. Será a educação uma saída para romper com a estrati fi cação social e cultural, quando a própria educação pode ser, ela mesma, também uma forma de segregação social? Para refl etir 34 1.4 Cultura e educação: relações de diálogo Uma vez compreendido o conceito de cultura e o de educação, vamos avançar para a compreensão das formas de diálogo que se pode estabelecer entre a cultura e a educação. Para isso, é importante revisar conceitos teóricos trazidos por autores que se dedicaram ao estudo desse tema, e como contributo adicional apresenta-se a experiência de Portugal e suas respectivas concepções educacionais, para compararmos com a do Brasil. Nesse sentido, para começar, saliente-se que a educação deve ter uma função determinante, garantindo a aprendizagem e ensino de qualidade para todos, como um exercício de cidadania e de inserção social. Princípios governamentais que determinam diretrizes educacionais podem ser observados, por exemplo, no documento contendo as linhas orientadoras da Educação para a Cidadania, da Direção-geral da Educação (2012), em Portugal. Segundo essas diretrizes, “a prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela sociedade”. Posto isto, ainda de acordo com esse documento, o exercício da cidadania implica uma tomada de consciência que se traduz em adotar atitudes e comportamentos, em um modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social. Baseado nessas premissas, a Direção-geral da Educação do governo português estabeleceu linhas orientadoras para o exercício da cidadania nas escolas, afirmando que “a escola constitui um importante contexto para a aprendizagem e o exercício da cidadania”. Nesse sentido, consideram fundamental o estudo de diversos temas transversais à sociedade, tais como: educação para os direitos humanos; educação ambiental/desenvolvimento sustentável; educação rodoviária; educação financeira; educação do consumidor; educação para o empreendedorismo; educação para a igualdade de gênero; educação intercultural; educação para o desenvolvimento; educação 35 para a defesa e a segurança; educação para a paz; voluntariado; educação para as mídias; dimensão europeia da educação; educação para a saúde e a sexualidade. No Brasil, o documento orientador que se assemelha ao português são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que também orientam os professores no “esforço diário de fazer com que as crianças dominem os conhecimentos de que necessitam para crescerem como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu papel em nossa Para concluir esta unidade, e retomando o exemplo inicial da diferença de cultura entre os povos, pense de que maneira as culturas estrangeiras exercem infl uência no comportamento das pessoas em decorrência da globalização. Entendo que a globalização se consti tui no modo como os mercados de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando mercadorias e pessoas, dos seus costumes, tradições, comidas, produtos tí picos, entre outros aspectos, graças à troca e liberdade de informações que a globalização pode proporcionar entre os povos. As infl uências são sempre positi vas, ou há também infl uências negati vas nesse processo? Pense a respeito. Para refl etir Sugestão de livro Para refl eti r acerca da relação entre Cultura e Educação e Sociedade, leia também o livro clássico Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, um romance escrito em 1931 no qual os produtos da educação são niti damente defi nidos tendo em vista certo equilíbrio social. Neste livro, o personagem principal sente-se insati sfeito com o mundo onde vive por ser fisicamente diferente das outras pessoas, que conservam costumes antigos do passado. O livro trata de aspectos sociais como o preconceito, respeito social e a relação entre sociedade, educação e cultura. Saiba mais 36 sociedade”. Nesse sentido, também enfatizam o estudo de temas relacionados com o meio ambiente, a saúde, sexualidade e questões éticas relativas à igualdade de direitos, à dignidade do ser humano e à solidariedade. O conjunto das proposições expressas nos PCNs respondem [...] à necessidade de referenciais a partir dos quais o sistema educacional brasileiro se organize, a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos princípios democráticos. Essa igualdade implica necessariamente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes (BRASIL, MEC/SEF, 1997). Ambos os referenciais não se constituem em guias ou programas prescritivos a serem seguidos, mas são importantes instrumentos de apoio que, no âmbito da autonomia de cada estabelecimento de ensino, poderão ser utilizados e adaptados em função das opções a definir em cada contexto particular. Outra contribuição importante para estabelecer o diálogo entre educação e cultura é apresentada por Guerra e Quintela (2007). Para esses autores, cultura pode ser entendida comoum instrumento ao serviço do alcance de graus de desenvolvimento, mas também como um fim desejável, dando sentido à própria construção humana. Esses autores reforçam o pressuposto de que a sociedade herda constantemente um conjunto de elementos culturais, que podem ser de natureza material ou imaterial, e que esses elementos constituem a memória social e coletiva, sendo precisamente esses elementos culturais, bem como os seus diferentes aparatos, que, partilhados, dão o sentimento de identidade e pertença social. Do ponto de vista da educação e do ensino da cultura, esses mesmos autores reforçam que: [...] o desenvolvimento das competências dos cidadãos, principalmente no que se refere ao campo das artes e da cultura, nomeadamente na sensibilização e formação dos públicos, na qualificação (artística, técnica e empreendedorismo) dos criadores e agentes culturais, e os mecanismos de inserção e valorização profissional no sector se assumem como fundamental, tratando-se de um desafio que passa pelo 37 da articulação com o setor da educação), pela integração da arte e da cultura no quotidiano das populações (contribuindo para o desenvolvimento sócio-cultural dos cidadãos e da qualidade de vida, num quadro de crescente coesão social), pelo reforço da formação (ensino artístico, técnico, competências ao nível da gestão e empreendedorismo) e apoio à criação e produção artística e cultural (articulação entre cultura e inovação), pela promoção do emprego (técnico e artístico) e da empregabilidade e pelo fomento da profissionalização, dos percursos profissionais e da acreditação; regulamentação profissional. Assim, ainda na visão de Guerra e Quintela (2007), “a educação e a cultura complementam-se em uma relação dialógica na construção do conhecimento com potencialidades da utilização de atividades culturais, artísticas e criativas na implementação de soluções inovadoras”. Os autores referem que tais soluções inovadoras visam “ao fomento da participação social, de novos formatos educativos/formativos, na valorização da componente lazer nas vivências quotidianas, no apoio social etc., e com enorme potencial dinamizador das comunidades e dos atores sociais”. Ainda no que se refere às relações que se estabelecem entre a educação e a cultura observa-se que elas se expressam também no estudo de disciplinas correlatas. São, então, exemplos dessas relações dialógicas de conhecimento disciplinas relacionadas com educação, como se verá a seguir, enunciadas por Mialaret (1999). História da educação e da pedagogia – Permite descobrir as origens das tradições educativas. Compreender a evolução dos processos de mudança, as etapas, as acelerações e desacelerações, possibilitando fazer um balanço mais claro e, sobretudo, mais inteligível da situação da educação atual. Fornece, a partir das comparações, elementos de reflexão e de compreensão indispensáveis para a cultura geral dos educadores. Ela comporta ainda vários ramos que se complementam, mas que não atingiram todos o mesmo nível de desenvolvimento. Outra orientação possível é a história dos métodos e das técnicas pedagógicas, e também a história das instituições pedagógicas, considerando que a história não é um simples olhar para o passado, mas também para o presente e para o futuro. incremento da sensibilidade dos indivíduos para as artes e formação de públicos (fomento da sensibilização para as artes e para os consumos culturais, num desejável estreitamento 38 Sociologia da educação – Nada mais é do que uma parte da sociologia, ancorada em Durkeim (1969), com sua perspectiva histórico-sociológica e também com o pensamento de Pierre Bordieu. As transformações políticas e sociais da sociedade, os problemas sociais (por exemplo, desemprego) são fenômenos estudados na sociologia da educação, como as questões levantadas por Bordieu, a democratização do acesso à educação, das desigualdades de oportunidades de sucesso em função das origens sociais das pessoas, ou das questões de gênero, ou de raça, etnia. Outra perspectiva é aquela que aborda o currículo em função das transformações sociais. Não esquecer que nesse âmbito nasce também a pedagogia institucional. Etnologia da educação – Refere-se à estrutura da família, das instituições escolares. Estuda a maneira como se educam as crianças em meios étnicos e socioculturais diferentes, e a sua enorme diversidade de processos e procedimentos, mas descobre-se traços comuns a todos os homens, a todas as sociedades. Tem a finalidade de estudar os fatos tal qual aparecem, e por si mesmos, para os descrever, compreender, comparar, explicar, sem emitir sobre eles juízos normativos e sem pensar necessariamente na sua aplicação. Pode também perguntar por que vias, e em que domínios precisos, a etnologia se revela útil aos que têm por função estudar os problemas da educação. Demografia escolar – Visto que a instituição escolar é povoada de alunos, o estudo de suas populações é muito importante para compreender como é o sistema funcional sob esse aspecto, pois esse estudo: l fornece dados sobre o estado da população dos alunos; l mede os comportamentos de escolarização (assiduidade escolar); l debruça-se sobre as diferenças de nível cultural nas diferentes gerações; l faz a análise dos resultados e tendências dos números da educação. Economia da educação – Trata-se do estudo do orçamento da educação, dos custos etc. e, também, dos problemas de justiça social. Administração escolar – Corresponde a um domínio de estudos amplo, sendo que, em uma de suas fronteiras, compreende a relação educativa direta pelas condições de existência que lhe proporciona, e na outra ponta extrema abrange todos os problemas sociopolíticos da organização 39 do sistema escolar, tendo em consideração também as situações de educação, os métodos e as técnicas pedagógicas. Educação comparada – Parte das teorias da educação que dizem respeito à análise e às interpretações das diferentes práticas e políticas em matéria de educação nos diferentes países e em culturas diferentes. Ela se preocupa em recolher e classificar todas as informações (do ponto de vista descritivo e do ponto de vista quantitativo) que se referem aos sistemas escolares, às escolas, à administração e às finanças, aos professores e aos alunos, aos programas e aos métodos de ensino, às disposições legais etc. Em seguida, procura explicar por que as coisas são como são, analisando os dados recolhidos à luz da evolução histórica dos diferentes sistemas, ou mostrando qual foi a influência dos fenômenos sociais, econômicos, tecnológicos, religiosos e filosóficos, assim como dos preconceitos raciais ou nacionais. O seu objetivo é tentar oferecer um conjunto de princípios gerais que possam ajudar os reformadores a prever. Outras áreas correlatas são também enunciadas por Mialaret (1999) como disciplinas relacionadas com a educação e que estudam as condições do ato educativo, como, por exemplo, fisiologia da educação, psicologia da educação, psicossociologia da educação, antropologia da educação, as ciências da comunicação, entre várias outras. 1.5 Cultura e sociedade No início desta unidade você foi convidado a definir o conceito de sociedade. Mas esse conceito é muito amplo, estudado pela sociologia por meio de obras clássicas do pensamento de Durkeim, Bourdieu, Karl Marx, Augusto Comte, Bauman, Giddens, entre diversas outras importantes personalidades que não serão diretamente objetos de estudo aqui. Dando continuidade, para refletir sobre a relação entre cultura e sociedade, incialmente leia e pense a partir da afirmação de Oscar Wilde, um influente escritor e dramaturgo britânico, famoso por suas célebres frases escritas há mais de cem anos, que Zygmunt Bauman apresenta em seu livro A cultura no mundo líquido moderno (2013). Para Wilde, “os que encontram belos significados nas coisas belas são os cultos. [… ] Elessão os eleitos para os quais as coisas belas só significam a beleza”. A análise que se propõe neste item cultura e sociedade está baseada na referida obra de Bauman (2013), procurando-se aqui ressaltar os principais pontos discutidos por esse autor. Sobre a afirmação anterior de Oscar Wilde, Bauman (2013) deflagra a ideia de cultura como um dispositivo que marca as diferenças de classe, atribuindo à beleza o elemento social que causa o separatismo, 40 sendo ela o resultado de uma opressão e imposição da classe dominante, que não só a consome, mas também produz e chancela seu conceito. Desta forma, refere criticamente que “os eleitos são os escolhidos, ou seja, os que cantam a glória dos valores que eles mesmos apoiam, garantindo simultaneamente sua própria vitória nos concursos de música”. Inevitavelmente, aponta Bauman, “irão encontrar belos significados na beleza, já que são eles que decidem o que ela significa”. E conclui que “os escolhidos não são eleitos em virtude de sua compreensão do que é belo, mas porque a declaração ‘isso é belo’ é impositiva porque foi proferida por eles e confirmada por suas ações”. Esse questionamento é propositalmente polêmico e deve gerar muita reflexão a fim de estabelecer as devidas mudanças sociais tão necessárias no contexto educacional. É necessário tocar nesta “ferida”, por mais que doa, pois infelizmente o maior acesso à cultura tem sido apenas privilégio de poucos. Mas essa é uma herança histórica, e infelizmente ainda hoje carregamos os resquícios da segregação e estratificação social ocasionada pelo acesso ou não à cultura. Bauman (2013), em sua reflexão sobre as peregrinações sobre o conceito de Cultura, cita ainda o pensamento do célebre cientista social Pierre Bourdieu (1966, 1984), que denuncia as ocorrências das desigualdades sociais já há algumas décadas, ou seja, que toda contribuição artística costumava ser endereçada a uma classe social específica, e somente a ela – e era aceita apenas ou basicamente por essa classe. “O triplo efeito dessas contribuições artísticas – definição de classe, segregação de classe e manifestação do pertencimento a uma classe – era, segundo Bourdieu (1966, 1984), sua razão de ser, a mais importante de suas funções sociais, talvez seu objetivo oculto, quando não declarado.” Ainda segundo o pensamento de Bourdieu, refere Bauman (2013), “as obras de arte destinadas ao consumo estético apontavam, assinalavam e protegiam as divisões entre as classes, marcando e fortalecendo legivelmente as fronteiras que as separavam”. Deste modo, o autor reforça que “para traçar fronteiras de maneira inequívoca e protegê-las com eficiência, todos os objetos de arte, ou pelo menos uma maioria relevante deles, precisavam ser alocados em ambientes mutuamente exclusivos”. Bauman (2013) continua sua peregrinação pelo conceito de cultura afirmando que “havia o gosto das elites, naturalmente relacionado à “alta cultura”, o gosto médio ou “filisteu”, típico da classe média, e o gosto “vulgar”, venerado pela classe baixa e que misturá-los era tão difícil quanto juntar fogo e água”. Por fim, o autor reforça criticamente, e com razão, que nessa visão “a cultura, definitivamente, não tolera a mélange”; referindo-se à obra La distinction, de Bourdieu (1966), “a cultura manifestava-se acima de tudo como um dispositivo útil, conscientemente destinado a assinalar diferenças de classe e salvaguardá-las: como uma tecnologia inventada para a criação e proteção das divisões de classe e das hierarquias sociais”. 41 Ainda para responder à provocação descrita na Seção Para Refletir, apoia-se em Bauman, que, ao citar novamente Bourdieu, este sugere que há os benefícios da beleza e a necessidade dela na sociedade. Para Bordieu (1984), [...] embora os benefícios não sejam ‘desinteressados’, são benefícios, e embora a necessidade não seja obrigatoriamente cultural, ela é social; e é bem provável que tanto os benefícios quanto a necessidade de distinguir a beleza da feiura, ou a sutileza da vulgaridade, permaneçam enquanto houver a necessidade e o desejo de distinguir a alta sociedade da baixa sociedade, o connoisseur de gosto requintado das massas vulgares e sem gosto, da plebe, do zé-ninguém. Com essas afirmações é possível compreender que historicamente a cultura, ou o acesso a ela, tem sido utilizada deliberadamente como um instrumento de estratificação social. Infelizmente, no Brasil, essa evidência é ainda muito presente. Caberá então à educação quebrar as barreiras dessa forma de inclusão ou exclusão social que se dá por meio do acesso ou não à cultura? Aqui, o conceito de cultura definitivamente não deve ser entendido como refinamento. Infelizmente, para muitos, cultura foi historicamente associada ao conceito de um agente da mudança do status quo, e não de sua preservação, ou como refere Bauman (2013), [...] o propósito inicial do conceito de ‘cultura’ não era servir como registro de descrições, inventários e codificações da situação corrente, mas sim o de um instrumento de navegação para orientar a evolução social rumo a uma condição humana universal, uma missão proselitista, planejada e empreendida sob a forma de tentativas de educar as massas e refinar seus costumes, e assim melhorar a sociedade e aproximar ‘o povo’, ou seja, os que estão na ‘base da sociedade’, daqueles que estão no topo. Por fim, para concluir suas peregrinações acerca do conceito de Cultura, Bauman (2013) afirma que “a cultura se assemelha hoje a uma das seções de um mundo moldado como uma gigantesca loja de departamentos em que vivem, acima de tudo, pessoas transformadas em consumidores”. Segundo ele, “tal como nas outras seções dessa megastore, as prateleiras estão lotadas de atrações trocadas todos os dias, e os balcões são enfeitados com as últimas promoções, as quais irão desaparecer tão instantaneamente quanto as novidades em processo de envelhecimento que eles anunciam”. Bauman (2013) refere, por fim, que “os comerciantes desses produtos e os autores dos anúncios dependem do casamento da arte da sedução com o impulso do potencial cliente de conquistar a admiração de seus pares e desfrutar uma sensação de superioridade”. 42 Essa ideia é retratada na Figura 28. Observe-a e pense de que forma o seu comportamento de consumo é influenciado pela sedução que os produtos e o marketing exercem sobre você. 28 Uma das funções do marketing – seduzir o consumidor. Crédito: © Wavebreak Media Ltd | 123rf.com. Em suma, Bauman (2013) conclui que “a cultura da modernidade líquida não tem um “populacho” a ser esclarecido e dignificado; tem, contudo, clientes a seduzir, sendo que a sedução, em contraste com o esclarecimento e a dignificação, não é uma tarefa única, que um dia se completa, mas uma atividade com o fim em aberto”. Por fim, para ele, “a função da cultura não é satisfazer necessidades existentes, mas criar outras – ao mesmo tempo que mantém as necessidades já entranhadas ou permanentemente irrealizadas”. Conclusão da Unidade Nesta unidade você foi convidado a refletir sobre os conceitos de cultura, educação e sociedade e a relação entre essas áreas do conhecimento. Você viu que a cultura não é apenas a expressão de um povo, dos seus hábitos e costumes, mas também é algo permanentemente construído. Nesse sentido, somos frutos da cultura, mas também influenciamos e somos partícipes ativos no desenvolvimento social quando influenciamos a cultura ou somos por ela influenciados. 43 Você viu ainda que existe uma relação muito forte entre cultura e sociedade. No entanto, o acesso à cultura não é oferecido a todos. Com isso, as sociedades contribuem para criar estratificações sociais e aumentar as desigualdades. Sendo a cultura a expressão máxima da criatividade humana, cabe o desenvolvimento de políticas educacionais de promoção da cultura, sendo esse um compromisso que todo cidadão deve assumir. A educação podeser a via de acesso aos diferentes aparelhos culturais e promotora de ações que visem à redução das desigualdades. Para isto, será necessário fazer funcionar a máquina pública e privada a fim de garantir maior igualdade de oportunidades no acesso à cultura. Será isso possível? Guerra e Quintela (2007) assumem que as políticas públicas para o setor da cultura deverão ser equacionadas tendo como quadro de referência as prioridades de promoção da competitividade, de desenvolvimento do potencial humano e de valorização territorial, sendo importante que essas políticas culturais respondam não apenas aos desafios anteriormente mencionados, como garantam a sua melhor articulação com outras políticas, no campo econômico, da educação e formação, das cidades, do desenvolvimento rural, da inclusão social. Você viu também que uma das maneiras mais evidentes de observarmos as relações de interdependência e de diálogo entre a educação, a sociedade e a cultura se dá pela observação da amplitude da área de conhecimento que envolve esses campos de estudo, por meio das disciplinas que estudam as condições gerais e locais da educação, descritas com base nos textos de Mialaret (1999). Esse assunto é amplo, não é mesmo? Não pare agora. Continue estudando. A unidade seguinte tratará de aspectos relacionados com a prática pedagógica no cotidiano escolar, bem como os aspectos da multiculturalidade e seus impactos no fazer pedagógico. 44 Referências BAUMAN, Zygmunt. A cultura no mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental: Brasília, MEC/SEF, 1997. BONADIA, P. R. A relação entre o nível de escolaridade e a renda no Brasil. 2008. Monografia. Faculdade de Economia e Administração do Ibmec, São Paulo, 2008. BOURDIEU, P. Distinction: a social critique of the judgement of taste. Translated by Richard Nice. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1984. BORDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. Revista Francesa de Sociologia, Paris 7(3), p. 325-347, 1966. In: NOGUEIRA, M. A; CATANI, A. Escritos de Educação. 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Contextualizando A educação escolar, seja ela pública ou privada, na contramão do que temos observado em muitas situações, não pode ser focada apenas na lógica do depósito de conteúdos, limitando-se o professor, na sua ação docente, a transmiti r conhecimentos como se os alunos fossem recipientes vazios que precisam ser preenchidos, cabendo ao professor abastecê-los com conteúdos e mais conteúdos. Nossos alunos não são uma caixa vazia (Figura 1). Eles trazem experiências, práti cas, vivências, conhecimentos e, sobretudo, cultura, que são expressados pelas suas ati tudes, comportamentos, hábitos, enfi m, seus modos de vida. Para considerar a experiência dos alunos nos processos educacionais, notadamente no planejamento pedagógico, esta unidade convida você a romper com a ideia de uma educação baseada no paradigma instrucionista e incenti va a refl eti r sobre 42 a escola enquanto um espaço permeado pela diversidade cultural, sendo que, nesse espaço, inúmeras repercussões poderão ocorrer a partir do cruzamento das diferentes culturas. 1 Alunos não são recipientes vazios a serem preenchidos com conteúdo. Crédito: © ferli | 123rf.com. Nesse sentido, entende-se que as práticas educativas não se restringem apenas ao ambiente escolar, ou aos processos de escolarização, mas são práticas que se estendem também à sociedade em geral, cabendo às cidades o papel de educar os cidadãos, mas também ser educada por eles, em uma relação recíproca, promovendo respeito às diferenças e à diversidade. Partindo dessa premissa, entende-se que, na educação escolar atual, cabe aos educadores, estejam eles em ambiente formais ou não formais, o desenvolvimento de práticas pedagógicas que visem entender e atender às diferentes necessidades dos alunos, da sociedade e dos grupos, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, multicultural, principalmente em se tratando de não excluir nem desconsiderar as classes populares e os grupos culturalmente marginalizados. Por tudo isso, entende-se aqui que educar é também um ato político atrelado às mudanças sociais, tecnológicas, e essa noção será explorada. Entendendo os Conceitos 43 2.1 Prática pedagógica em cultura e o cotidiano escolar Na sociedade moderna, compreender a cultura e as nuances de suas diferentes formas de expressão e refletir sobre os seus impactos na vida humana é algo que deveria passar pelo ensino da cultura como disciplina do currículo escolar. Deste modo, ao incluir a cultura no cotidiano escolar, as escolas trariam para si a abertura de novas experiências que podem ampliar significativamente o aprendizado, impactar as relações de ensino e aprendizagem e as relações humanas em geral. Pensar a cultura escolar e a prática pedagógica tem sido objeto de estudo e pesquisa de vários educadores preocupados com a melhoria da qualidade educacional. A exemplo disso, Tura (2016) reflete sobre a escola enquanto um espaço permeado pela diversidade cultural, afirmando que, nesse espaço, as repercussões desse cruzamento de culturas oferece uma grande possibilidade de se desenvolver uma prática pedagógica que vise entender e atender às diferentes necessidades a partir de uma perspectiva intercultural. As diferenças poderão enriquecer os ambientes escolares e reconfigurar práticas pedagógicas, já que na escola, e não apenas nelas, mas também em outros espaços educacionais, sociais e/ou culturais, poderão habitar múltiplas culturas que convivem simultaneamente nesses espaços que habitamos. Nesse sentido, como sugere a Figura 2, a docência é um exercício permanente de dar voz aos alunos para que essas diferenças culturais possam ser exploradas. 44 2 Escolacomo espaço de trocas culturais e parti cipação ati va dos alunos. Crédito: © Mark Bowden | 123rf.com. No fundo, refere o autor, a cultura escolar e a práti ca pedagógica confi guram-se como sistemas simbólicos, ou seja, como uma rede de signifi cados que são social e culturalmente construídos. Vemos assim, a cultura como um processo em construção, indissociável dos contextos sociais. Como discuti do na unidade anterior, entende-se que a cultura infl uencia o comportamento, determinando, muitas vezes, as formas de relacionamento social, políti co e econômico da sociedade, sendo, portanto, um processo dinâmico e atrelado às mudanças sociais. Tura (2016) afi rma ainda que, em grande parte, essas mudanças são decorrentes do desenvolvimento das novas tecnologias da informação e comunicação, que, exatamente por facilitar a divulgação de imagens, textos, signifi cados, códigos e linguagens, realizando um mix cultural que atravessa as velhas fronteiras, produzem formações culturais híbridas. A Figura 3, a seguir, ilustra a complexidade que o emaranhado de informações pode provocar, ao mesmo tempo que mostra o fl uxo contí nuo e universal que essa troca promove, bem como o trânsito da rede. Como se dará o refl exo dessa vasta complexidade, que também é cultural, nas práti cas pedagógicas dos professores? De que modo o coti diano escolar pode ser afetado pela multi plicidade de culturas híbridas? Ao pensar as relações de interação multi cultural, como se dão essas formas de relacionamento na sua escola? Caso não seja professor, pense a parti r da faculdade em que você estuda. Os valores são frequentemente revistos e reafi rmados ou permanecem intactos por alguma forma de dominação cultural? Há alguma cultura predominante que orienta e determina, de alguma forma, as práti cas pedagógicas? E que impactos essas formas de interação têm no aprendizado? Algo pode ou precisa ser mudado? Pense a respeito! Para refl etir 45 3 Fluxo de comunicação em rede. © Maksym Yemelyanov | 123rf.com. Conti nuando com o pensamento de Tura (2016), ela nos faz lembrar que, como vivemos em sociedades multi culturais, envolvidas por culturas com forte dinamismo de mudança, Já que professores e alunos encontram-se diante de muitos impasses que acompanham as transformações ocorridas nas sociedades contemporâneas, que refl exos essa situação pode ocasionar nas culturas docente e discente? Como a escola deve agir perante a necessidade de se reorganizar para acomodar as transformações culturais, sociais, econômicas e políti cas, decorrentes das novas formas de interação social mediada pelas novas tecnologias? Para refl etir devemos começar a pensar a construção de uma cultura escolar entendendo que, no interior desse espaço, observa-se uma forma muito própria de interação das diferentes 46 culturas que habitam esse ambiente pedagógico e que, de diversas maneiras, vão afirmando seus valores e conteúdos ou resistindo às imposições de uma dominação cultural. Na Unidade 1 você estudou conceitos importantes relacionados com a cultura, como, por exemplo, o conceito de cultura organizacional. Entendendo aqui a escola como uma organização educativa, terá ela própria uma cultura escolar que provavelmente você é capaz de identificar e descrever? Pensando sobre essa cultura escolar, ela é percebida por todos, incluindo alunos, professores, assistentes, coordenadores, diretores, porteiros? Todos partilham de valores comuns a esse ambiente de trabalho, estudo e promoção do conhecimento? E de que forma suas práticas de trabalho ou de estudo estão relacionadas com os valores, crenças e princípios da cultura dessa escola? Há políticas definidas que ajudam a preservar as diferentes identidades culturais e promover a igualdade? Há preconceitos que podem ser identificados no posicionamento de algumas das pessoas com quem você estuda ou trabalha? As diferenças que advêm dessa diversidade cultural são de fato exploradas, ou mesmo respeitadas no cotidiano escolar? Todas essas questões podem estar ligadas ao conceito de cultura escolar de que propõe Tura (2016). Sabemos que a tecnologia, principalmente o uso que se faz dela, modificou a forma de o homem se relacionar com o mundo e com os outros e assumiu maior projeção no mundo acadêmico e na sociedade. Nossos alunos já se acostumaram a ter voz ativa e a se expressar, individualmente ou em grupo, no âmbito social, econômico e político, por isso, as práticas pedagógicas docentes não podem caminhar à margem das transformações sociais, culturais, tecnológicas, devendo elas se adaptarem a essas mudanças para construir um diálogo profícuo com os alunos. Sendo assim, comece agora mesmo a pensar: como mudar as práticas pedagógicas de modo a acomodar as múltiplas transformações sociais e promover a interculturalidade? Todas essas questões não o fazem pensar sobre o currículo, sobre os métodos pedagógicos, sobre as práticas didáticas, sobre as teorias educacionais que definem os princípios da ação docente? Estudar, compreender e pôr em prática os pressupostos teóricos dos grandes pensadores clássicos em educação ajudam bastante os docentes a orientarem suas práticas. Supõe-se, aqui neste texto, que você já os conheça e tenha estudado alguns desses autores e movimentos educacionais. Ao longo da história foram formuladas diversas teorias destinadas a explicar os processos de ensino e aprendizagem, ou seja, tentativas de explicar quais as diferentes formas de ensino e de que modo elas impactam a forma como os indivíduos aprendem. De forma 47 didática podemos chamar a essas tentativas explicativas de teorias da educação, ou teorias educacionais. Essas teorias podem ser compreendidas por todas as reflexões acerca do processo educacional, ou, como refere Bertand (1998), dizem respeito à análise dos problemas e das proposições de mudança no contexto educacional, trazendo, na maior parte do tempo, reflexões sobre as finalidades da educação, sobre a noção de aprendizagem, sobre os papéis dos professores e dos alunos, sobre os conteúdos a serem trabalhados e sobre a pertinência social e cultural da educação. Posto de outra forma, as teorias educacionais são conjuntos sistematizados de percepções e de representações da realidade que servem de referência para promover algum tipo de mudança, não apenas em contexto educacional, mas também nos contextos organizacional, social e cultural. As teorias, os modelos, os paradigmas e as filosofias educacionais não são termos sinônimos, pois podem ser utilizados de forma distinta. Teorias educacionais, modelos educacionais, paradigmas em educação, filosofias da educação, qualquer uma dessas expressões tem um sentido próprio que o distingue dos demais. Assim, a noção de paradigma insiste na estrutura de conhecimento de um dado domínio; essa estrutura torna-se um modelo a seguir. Por exemplo, há uma certa forma de fazer a pesquisa em educação e esta forma de fazer é ensinada e exigida. O conceito de filosofia da educação refere-se mais às considerações gerais sobre as relações entre a educação, a sociedade, o ambiente e o conhecimento. A noção de modelos educacionais coloca a atenção sobre as regras e os valores que devem orientar o planejamento da educação e a organização das atividades pedagógicas. Há, portanto, um lado prático e prescritivo mais evidente na noção de modelo do que no conceito de paradigma ou de filosofia da educação. Entende-se geralmente por teoria um conjunto de ideias, organizadas mais ou menos sistematicamente sobre um dado sujeito. Há, contudo, que considerar que os graus de sistematização das teorias educacionais variam muito de um autor para outro e de uma corrente para outra. Certos autores concordam sobre a importância de descrever os fundamentos filosóficos de suas teorias. Outros autores dão mais ênfase à descrição das estratégias pedagógicas necessárias para promover a mudança de umarealidade cotidiana. 48 Qualquer teoria educacional, desse modo, contém uma parte subjetiva: o ângulo de visão daquele que a propõe. Uma teoria educacional é sempre fundamentada na representação da realidade educativa de um dado teórico e, portanto, está sujeita à interpretação. É importante notar, por outro lado, que a escolha de um tema dominante, efetuado pelos teóricos, não significa o abandono, por ele, dos outros aspectos educacionais. A maior parte dos teóricos da educação que enfatiza, por exemplo, o desenvolvimento da autonomia da criança, tem também uma boa compreensão sobre a importância da sua inserção na sociedade. Apenas para citar algumas diferenças nas distintas concepções educacionais, podemos mencionar, por exemplo, a perspectiva de alguns teóricos. Adler propõe formar bons cidadãos, no sentido patriota. Já Gagné insiste na necessidade de garantir, sistematicamente, no enfoque do ensino, que estudantes possuam uma boa inserção na sociedade. Rogers afirma que uma sociedade não pode progredir sem que os indivíduos que a compõem evoluam no plano pessoal. Vemos, por exemplo, que as teorias da educação de Rogers e Adler colocam uma evidência maior sobre a educação crítica do sistema atual e das proposições de mudança. Desse modo, vemos que Rogers questiona, por um lado, o sistema tradicional, e propõe, por outro, ênfase na personalidade do aprendiz como fundamento da educação. Essa visão rogeriana insiste no fato de que é o aprendiz que se dá ao conhecimento em função de seus próprios interesses e objetivos. O aprendiz é o coração do modelo rogeriano. Quanto a Adler, nos Estados Unidos, ele insiste sobre o valor primeiro da transmissão da cultura geral. Sem cultura geral, sem considerar o contexto histórico, simplesmente não há educação, ele afirma. A necessidade de classificar as teorias educacionais deve-se à grande quantidade de teóricos, abordagens educacionais e suas diferentes concepções de aprendizagem. Essa quantidade e suas dicotomias não facilitam nem a compreensão nem a escolha de orientações específicas que possam ajudar a promover as mudanças eventuais no contexto educacional. Existem várias propostas de classificação das teorias educacionais, ou seja, tentativas de estabelecer uma taxonomia das teorias educacionais. Todas são válidas e possuem uma lógica específica, estabelecida por quem a propõe. Uma delas é apresentada por Bertrand (1998), que as classifica em sete categorias específicas, a saber: teorias metafísicas, 49 teorias humanistas, teorias psicocognitivas, teorias sistêmicas, teorias sociocognitivas, teorias sociais e teorias clássicas. A classificação por ele proposta leva em conta a evolução vertiginosa dos movimentos cognitivos e sociocognitivos, bem como as diversas pesquisas sobre os processos do conhecimento, as tecnologias de comunicação e informação e as didáticas socioculturais que influenciam o pensamento em educação. É importante notar que os critérios que norteiam esta classificação são estabelecidos em função de quatro elementos polarizadores e reflexivos sobre o contexto educacional: l o sujeito (nesse caso, o estudante); l os conteúdos (as matérias e disciplinas); l a sociedade (os outros, o mundo, o ambiente e o universo); l as interações pedagógicas entre estes agentes. Sujeito Interações Sociedade Conteúdos 4 Elementos polarizadores das teorias educacionais. Adaptada de Bertrand (1998). A Figura 4 ilustra a posição das teorias contemporâneas em relação aos quatro elementos polarizadores dessas teorias. A seguir, apresentam-se as características de cada um desses elementos, que nos permitem correlacionar as diferentes categorias teóricas propostas por Bertrand (1998). a. Quando a ênfase está no sujeito 50 Pelo menos duas grandes correntes educacionais se constituem em função de a ênfase teórica estar localizada nas características do sujeito: a corrente metafísica (ou espiritualista) e a corrente humanista (ou personalista). A questão principal na corrente metafísica é a relação transcendental e espiritual entre o homem e o universo. O ser humano acessa, por meio de suas intenções e intuições, uma dimensão espiritual de sua relação com o universo. As religiões e as filosofias metafísicas orientam as reflexões nesse setor do pensamento educativo. Já a corrente humanista, igualmente chamada de personalista, libertária ou orgânica, se caracteriza por focar na dinâmica interna da pessoa, suas necessidades, desejos, pulsões, energia etc. b. Quando a ênfase está nos aspectos sociais A ênfase no aspecto social aparece nas teorias que definem o objetivo da educação como uma forma de promover importantes transformações na sociedade (teorias sociais), geralmente em uma perspectiva de promover maior justiça social. A educação é fundamentalmente uma questão de estruturas sociais e culturais. Ela deve desempenhar um papel importante na transformação da sociedade e da cultura. Veremos que um número considerável de teorias educacionais se propõe a formar pessoas para que possam ser protagonistas dessas mudanças sociais. c. Quando a ênfase está no conteúdo Com ênfase no conteúdo estão as teorias clássicas (acadêmicas), nas quais os conhecimentos a ensinar, como a literatura clássica e a matemática, possuem uma estrutura objetiva e independente do sujeito ou da sociedade. Esses valores e esses conteúdos existem em si e pouco importa a psicologia humana e as estruturas sociais. Podemos distinguir duas abordagens teóricas importantes neste item: os tradicionalistas, que se interessam pelo retorno dos valores clássicos, e os generalistas, que valorizam o desenvolvimento de habilidades, tal como o pensamento crítico, a reflexão lógica etc. d. Quando a ênfase está nas interações entre sujeito, sociedade e conteúdo Ligando os três elementos, sujeito − sociedade − conteúdo, encontram-se as interações que fundamentam as abordagens teóricas mais didáticas, ou seja, as teorias psicocognitivas, as teorias sistêmicas (ou tecnológicas) e as teorias sociocognitivas. As teorias sistêmicas/ tecnológicas se interessam essencialmente pela modelização das interações entre um 51 sujeito, a sociedade e os conteúdos. O ser humano se define, então, como uma entidade que trata da informação e que se alimenta com a ajuda dos diferentes meios. As teorias psicocognitivas referem-se essencialmente às didáticas construtivistas concebidas a partir da psicologia da aprendizagem. As teorias sociocognitivas se interessam particularmente pelos impactos dos fatores culturais e sociais sobre a aprendizagem. A Figura 5, a seguir, mostra o quadro geral das teorias contemporâneas na educação. Teorias Clássicas Conteúdo Teorias Psicanalíticas, Sistêmicas e Sociocognitivas Interações Teorias Metafísicas e Personalistas Sujeito Teorias Sociais Sociedade 5 Quadro geral das teorias contemporâneas de educação. Adaptada de Bertrand (1998). Como mencionado anteriormente, existem muitas categorizações elaboradas por diversos autores, tal como a que estamos mencionando, proposta por Yves Bertrand, que enuncia sete grandes grupos teóricos. Dando continuidade ao que ele propõe, apresenta-se um breve resumo de cada uma dessas sete grandes abordagens que ele categoriza como as principais teorias contemporâneas da educação. a. Teorias metafísicas Para começar, vamos detalhar uma antiga corrente educacional que ressurge no início dos anos 1970. Trata-se da corrente metafísica, também chamada de espiritualista ou transcendental, que fascina particularmente as pessoas preocupadas com a dimensão espiritual da vida sobre a Terra e sobre os sentidos da vida. Os adeptos das teorias metafísicas da educação se interessam pela relação entre o sujeito e o universo em uma 52 perspectiva metafísica. Essas teorias cabem, geralmente, na classificação das correntes socioculturais da chamada Nova Era (Nouvele Âge), e elas sepreocupam muito com os valores que foram descritos nos textos milenares. As religiões e as filosofias orientais alimentam as reflexões sobre esta perspectiva educacional. O budismo zen e o taoismo, por exemplo, são frequentemente citados como fontes dominantes desta corrente educativa. Fazem parte da abordagem metafísica as teorias educativas de Harman, de Fotinas, de Maslow, de Leonard, de Ferguson, de Krishnamurti e de Barbier centradas nos valores ditos espirituais. A pessoa deve aprender a se libertar do que conhece e ir além, a fim de elevar-se a um nível espiritual considerado superior. Ela deve dominar o seu desenvolvimento espiritual utilizando suas energias interiores e canalizando-as para atividades como meditação e contemplação. A energia se encontra no interior da pessoa. Ela se apresenta sob diversas denominações, tal como Deus, o Tao, o invisível, a energia divina etc. O ser humano deve se colocar em contato com a divindade que está presente nele e em todo o universo. Ele deve atender, por intuição, a esta natureza divina e espiritual, que deve guiá-lo e na qual ele deve ter confiança. b. Teorias humanistas As teorias humanistas, também chamadas de personalistas, libertárias, não diretivas, orgânicas, pulsionais, livres ou abertas, apoiam-se essencialmente na noção de si, de liberdade e de autonomia da pessoa. É a pessoa, em situação de aprendizagem, que deve dominar seu processo educativo utilizando suas energias interiores. As teorias educativas reagrupadas nesta categoria insistem muito no papel de facilitador que devem ter os educadores na relação com seus alunos. O educador deve visar, continuamente, a autoatualização do aluno. A reflexão de Rogers é um exemplo desta visão de educação, que insiste na liberdade do aluno, no seu desejo e sua vontade de aprender. Há uma proliferação nos anos 1960 e 1970 das escolas livres, abertas, alternativas, inspiradas em uma abordagem de desenvolvimento integral da pessoa. c. Teorias psicocognitivas As teorias psicocognitivas preocupam-se com o desenvolvimento do processo cognitivo dos alunos, tais como: o raciocínio, a análise, a resolução de problemas, as representações, as concepções prévias, as imagens mentais, a metacognição etc. Os fundamentos das teorias educativas psicocognitivas encontram-se frequentemente enraizados nas pesquisas da psicologia cognitiva, que se debruçam sobre os diferentes aspectos da aprendizagem. As 53 teorias cogniti vistas se interessam, principalmente, pelos processos internos do indivíduo. Já os comportamentalistas (behavioristas) dedicam-se aos efeitos do ambiente sobre a aprendizagem e, mais precisamente, nas relações funcionais entre organização do ambiente Ao refl eti r sobre o tema práti cas pedagógicas, ou mesmo mudanças nessa práti ca, é imperioso trazer ainda para essa discussão o pensamento de Paulo Freire, que defi ne esse conceito de forma a integrar os aspectos da cultura na ação docente. Apesar da atual polêmica em torno desse pensador e de algumas críti cas formuladas aos seus princípios teóricos, sobretudo de pessoas alinhadas com os valores das políti cas de governo em vigência no Brasil, que rejeitam algumas abordagens de sua teoria, não se pretende aqui, ao citá-lo, fazer qualquer ti po de apologia a movimentos de esquerda ou movimentos parti dários, mas antes analisar e discorrer de que forma o estudo desse autor, como também o de outros, contribui para esse debate. Isso se põe, principalmente, pelo fato de que compreender alguns dos seus princípios teóricos permiti rá a você agir de modo coerente com o discurso que temos traçado neste texto, ou seja, o do aceite às diferenças, respeito para com a diversidade e compreensão da cultura como elemento simbólico de um povo. Importante pedagógico e o comportamento no ser humano. Nessa categoria se encontram também as teorias construti vistas, que dão ênfase ao processo de construção do conhecimento. d. Teorias sistêmicas As teorias sistêmicas, igualmente chamadas de tecnológicas ou tecnossistêmicas, geralmente colocam o foco no melhoramento da mensagem por meio do uso de recursos tecnológicos apropriados. O termo tecnologia traz, nesse senti do, um signifi cado muito 54 amplo, pois compreende os procedimentos que encontramos tanto nas abordagens sistêmicos como no design dos processos de ensino. Esta corrente compreende também os materiais didáti cos de comunicação e tratamento da informação, mediada pelo computador, televisão, vídeo etc. A tendência recente da abordagem sistêmica recai para o ensino e a aprendizagem mediados por recursos muti midiáti cos, sites web, redes sociais, ambientes informati zados de aprendizagem, soft wares educacionais interati vos e educação on-line. Os objeti vos consistem, por exemplo, em produzir novos ambientes digitais fazendo apelo a conteúdos e ferramentas de inteligência arti fi cial, realidade aumentada, simulando cenários da vida real por meio de experiências laboratoriais, uti lizando aparelhos tecnológicos que contêm Freire (2001), assim como diversos outros autores, entende que o ser humano é fruto do meio social, das suas experimentações, sofrimentos, do que herda ou adquire do contexto social que cria e que o recria. Por esta noção, ele explica, cabe-nos compreender que o ser humano é um ser histórico e cultural, que não pode ser explicado somente pela biologia, pela genéti ca, pela cultura, nem somente por sua consciência, ou tampouco como puro resultado das transformações que se operaram neste mundo. O ser humano, para o autor, “é um ser que vive, em si mesmo, a dialéti ca entre o social, sem o que não poderia ser, e o individual, sem o que se dissolveria no puro social, sem marca e sem perfi l” (Freire, 2001 p. 35). Esse conceito pode ser observado no fi lme Being there (1979), dirigido por Hal Ashby; nele, o personagem Chance (Peter Sellers), um homem ingênuo, passa toda a sua vida cuidando de um jardim e vendo televisão, seu único contato com o mundo. Curiosamente, tudo dito por Chance ou até mesmo o seu silêncio é considerado genial. De olho 55 grandes quanti dades de recursos sonoros, visuais, sensiti vos, entre outros. A maior parte das pesquisas no âmbito da corrente sistêmica/tecnológica evidencia as capacidades e potencialidades computacionais de tratar a informação e facilmente gerar múlti plas fontes de informação, como as imagens, sons, escrita etc. É o que chamamos de multi mídia. As pesquisas referem-se, então, ao melhoramento da qualidade da interação entre a pessoa e o computador. Essas pesquisas têm um impacto nas questões pedagógicas e discutem os efeitos do uso de tecnologias como ferramentas que proporcionam as mudanças no contexto educacional. e. Teorias sociocogniti vas As teorias sociocogniti vas enfati zam os fatores culturais e sociais na construção do conhecimento. É, portanto, uma questão de interação social e cultural que dá suporte à pedagogia e à didáti ca. É notável a presença desta corrente educacional em países como a França, os Estados Unidos e o Canadá, corroborada pelos resultados de pesquisa dos seus inúmeros pesquisadores que se perguntam sobre o domínio da corrente cogniti va no âmbito das pesquisas em educação. Nota-se, parti cularmente, que os problemas são colocados por uma visão bastante psicológica da educação e que esta abordagem insiste muito na interação social e cultural do conhecimento. As teorias sociocogniti vas descrevem as condições sociais e culturais de ensino e de aprendizagem. Certas teorias dedicam-se a analisar as interações sociais de colaboração A grande arte na função docente é conciliar todas essas variáveis de forma coerente com princípios pedagógicos que se refl itam em ações igualmente coerentes com os discursos teóricos que orientam as práti cas. Pensar no modo como se organiza a coerência do trabalho pedagógico nem sempre é o que está na prioridadedos planejamentos educacionais de muitos professores e, por essa razão, às vezes as práti cas por eles adotadas podem resultar em más experiências de ensino e aprendizagem. Importante 56 na construção do conhecimento e propõem uma pedagogia colaborativa, a fim de sensibilizar os alunos sobre esta forma de trabalhar. Outras focam nos fundamentos culturais da educação e propõem incluir na pedagogia a necessária dimensão cultural, opondo-se aos movimentos cognitivos mais individualistas, que estão apenas preocupados com a natureza dos processos do conhecimento. f. Teorias sociais As teorias sociais se debruçam sobre os princípios de que a educação deve resolver o conjunto de problemas sociais culturais e ambientais. A educação terá, por princípio, a missão de preparar os alunos para encontrar a solução para esses problemas. Os temas favoritos dos pesquisadores são: as desigualdades sociais e culturais, a hereditariedade social e cultural, as diferentes formas de segregação, o elitismo, os problemas do 6 Grandes arranha-céus. Crédito: © Gui Yongnian | 123rf.com. 7 Comunidades habitacionais. Crédito: © Donatas Dabravolskas | 123rf.com. 8 Contraste urbano da desigualdade 1. Crédito: © Paul Prescott | 123rf.com. 9 Contraste urbano da desigualdade 2. Crédito: © Chon Kit Leong | 123rf.com. 57 ambiente, os impactos negativos da tecnologia e da industrialização (e da globalização) e a degradação da vida no planeta Terra. g. Teorias clássicas As teorias clássicas, também chamadas de acadêmicas, funcionalistas, tradicionalistas ou generalistas, focalizam a sua atenção na transformação do conhecimento geral. Elas normalmente se opõem às formações especializadas. Dois grupos de pensadores se localizam nesta corrente acadêmica: os tradicionalistas e os generalistas. Os tradicionalistas defendem a transmissão do conhecimento clássico, independentemente da cultura e das estruturas sociais atuais. Os generalistas se atêm a uma formação geral, preocupados com o espírito crítico, a capacidade de adaptação, a abertura de espírito etc. Em ambas as posições, o papel do educador consiste em transmitir os conteúdos e o papel do estudante em os assimilar. As teorias clássicas focam na exposição, pelos seus mestres, dos conhecimentos que formam o coração da cultura geral. Elas enfatizam, principalmente, a excelência visada e o esforço máximo fornecido no estudo e no trabalho. Os valores aos quais nos referimos mais frequentemente são as disciplinas, o trabalho, o respeito à tradição e os valores democráticos e cívicos. Agora que reviu os modelos teóricos propostos, você se identifica com alguma dessas propostas ou com o pensamento dos principais autores dessas abordagens? Nessa linha de pensamento, que enfatiza a ação docente relacionada com as diferenças entre os vários modelos educacionais, e focalizando a questão das políticas educacionais para esse debate, enfatiza-se que, apesar de as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon terem demonstrado a importância da emoção e da afetividade nos processos de conhecimento, como apontam Lima e Braz (2012), as políticas públicas ainda priorizam um ensino de bases tecnicistas e disciplinar, sendo preocupação da educação tradicional o desenvolvimento cognitivo e técnico do alunado, que valoriza a ingestão de informações, como sugere a Figura 6, ou seja, a formação de um indivíduo voltado para o exercício de uma profissão específica, com projeção no mercado de trabalho, com características voltadas para a informação, atribuindo-se à educação atual um sentido utilitarista e tecnicista que não valoriza os padrões de afetividade, de valores estéticos, de cidadania e sustentabilidade planetária, pois não são aspectos priorizados na matriz curricular. Ainda segundo Lima e Braz (2012), na educação tradicional, contextos voltados para a valorização de nossa cultura, do lúdico, da criatividade, sensibilidade, costumes regionais, são minorizados em prol da democratização do ensino e de uma cultura educacional que 58 privilegia a globalização e a massificação de ideias constituídas para o desenvolvimento socioeconômico dos países. As autoras reforçam ainda que as artes e o trabalho exaltando o subjetivo e a utilização da psicologia como meios possíveis de melhoria social ainda são encarados como formações não tão necessárias ao desenvolvimento humano e, portanto, necessitam de um tratamento diferenciado não contemplado pela educação básica. Sendo assim, concluem, formam-se pessoas menos sensíveis, despreocupadas com o outro, com o bem-estar do planeta e das pessoas a sua volta. Isto nos faz pensar que esta forma de trabalho se configura como práticas pedagógicas que desvalorizam os aspectos culturais e intersubjetivos de cada pessoa. Vejamos, então, como Freire (2001) sugere que se configurem as práticas educativas. Várias são as obras do autor que nos permitem compreender esse conceito, inclusive outras bem mais conhecidas, mas neste texto dá-se ênfase a seu livro Política e educação, onde ele refere que o primeiro aspecto a sublinhar para pensar nas práticas é que a prática educativa é uma dimensão necessária da prática social, como a prática produtiva, a cultural, a religiosa etc. Para ele, a prática educativa, enquanto prática social, em sua riqueza, em sua complexidade, é um fenômeno típico da existência, por isso mesmo, um fenômeno exclusivamente humano. Partindo dessa premissa, ele conclui que a prática educativa seja histórica e tenha historicidade. Reforçando o tema das práticas pedagógicas, pode-se dizer então, na abordagem freireana, que toda situação educativa implica: l Presença de sujeitos − o sujeito que, ensinando, aprende e o sujeito que, aprendendo, ensina. l Objetos de conhecimento a ser ensinados pelo professor (educador) e a ser apreendidos pelos alunos (educandos) para que possam aprendê-los. l Objetivos mediatos e imediatos a que se destina ou se orienta a prática educativa. l Métodos, processos, técnicas de ensino, materiais didáticos, que devem estar em coerência com os objetivos, com a opção política, com a “utopia”, com o “sonho” de que o projeto pedagógico está impregnado. 59 Uma vez isso posto, a abordagem freireana sugere que aprender e ensinar são ações que fazem parte da existência humana, histórica e social, como dela fazem parte também, refere o autor, a criação, a invenção, a linguagem, o amor, o ódio, o espanto, o medo, o desejo, a atração pelo risco, a fé, a dúvida, a curiosidade, a arte, a magia, a ciência, a tecnologia. Ou seja, é importante compreender que o ato de ensinar e de aprender permeia todas estas ati vidades humanas que não podem estar desconectadas da história social dos indivíduos. O que ele quer nos dizer com isso é que não é possível para o ser humano não estar, de algum modo ou de outro, envolvido em certa práti ca educati va, pois o ser humano, durante toda sua vida, jamais para de se educar. Aqui, entende-se que a práti ca educati va, nessa lógica, não necessariamente está restrita à escolarização, mas que há outras formas de se educar mediadas pela interação social e pela cultura. É nesse âmbito que se fará presente a possibilidade de experimentar a inter e a multi culturalidade, ao trazer para o contexto da educação ao longo da vida o conceito de cidades educadoras, já conhecidas em diversos projetos pelo mundo afora, tão bem trabalhado e apresentado na abordagem freireana que estamos estudando. 2.1.1 Cidades educadoras e o respeito às dife- renças no cotidiano escolar Antes de compreender o conceito de cidades educadora, pense na cidade onde vive, e se ela se assemelha, de algum modo, com alguma das fi guras a seguir. Agora que analisou essas imagens, pense que, para compreender o conceito de cidades educadoras, parte-se do princípio de que enquanto educadora a cidade É tarefa docente refl eti r sobre o que historicamente pode ser feito afi m de contribuir para a transformação do mundo, onde haja mais respeito pela diversidade. Importante 60 é também educanda, sendo que a tarefa educati va das cidades se realiza também no resgate e disseminação de sua memória, comunicada e estendida aos seus habitantes por seus museus, centros de cultura, de arte, entre outros aparelhos culturais. Daí a necessidade, enfati zada por Freire (2001), de se desenhar políti cas públicas educacionais que não restrinjam o cidadão em seu direito de se educar. Acontece que esse acesso à cultura no Brasil é bem desigual, como se pode observar pelas Figuras 6 a 9. Muito dessa disparidade se dá por falta de recursos fi nanceiros, seja por parte das pessoas, ou até mesmo dos próprios locais. As múlti plas realidades econômicas impõem restrições no acesso à cultura, que é marcada pela desigualdade entre as disti ntas regiões do País, no mesmo estado, entre as cidades da capital, do litoral ou do interior, e inclusive dentro do mesmo município, onde se observa a diferença na oferta cultural entre os grandes centros urbanos e a periferia. Privados de acesso aos equipamentos da cultura, seja pela deles nos locais, ou mesmo pela falta de dinheiro para os acessar, o desenvolvimento cultural das pessoas vai se dando de maneira diferenciada, marcando cada vez mais a enorme estrati fi cação social e diferença de classes em nosso País, como sugere a Figura 10. Muitas vezes o interesse pela cultura acaba comprometi do, inclusive, fruto dessa desigualdade criada histórica e socialmente. Um exemplo práti co de um modelo educacional a ser seguido é o da Finlândia. Há várias reportagens e arti gos sobre os exemplos do modelo fi nlandês que você pode procurar na internet. Para saber mais, comece pela reportagem da revista Exame no link <htt ps://exame.abril.com.br/revista-exame/o-valor-da-educacao/>. Na prática 61 10 Estratificação social e falta de acesso à cultura. Crédito: © Roman Bodnarchuk | 123rf.com. A noção de cidade educadora deve estar, então, atrelada aos incentivos do poder público, que deveria trabalhar na perspectiva de promover maior acesso da população à cultura. Isso nem sempre ocorre, também, por questões de orçamento público ou de prioridades dos governos locais. Há municípios com recursos tão escassos, ou com prioridades políticas tão díspares, que a cultura e a educação ficam relegadas a um segundo plano. 11 Estratificação social e acesso à cultura. 62 Crédito: © Ufuk Uyanik | 123rf.com. Ao refl eti r sobre essa problemáti ca, entende-se que a ação docente pode ser uma possível saída dessa triste realidade nacional? As práti cas educati vas a serem propostas pelos professores devem ser permeadas pelos elementos da cultura e esta incenti vada no interior das escolas. Mas isso nem sempre é fácil, pois os próprios professores são, muitas vezes, víti mas dessa estrati fi cação cultural. Por isso enfati za-se aqui o papel políti co do Estado e do poder público no compromisso com a cultura e a educação. Haverá, realmente, a possibilidade de não integrar a educação e a cultura na práti ca pedagógica? É possível pensar a educação dissociando-a da políti ca? Ao considerar a relação entre cultura, educação e sociedade, que temos vindo a estudar, é importante que você reflita como pôr em práti ca um modelo de ensino que possa orientar sua práxis em sala de aula? Existi rá um modelo ideal que possa ajudar você, futuro professor, a fazer com que os alunos se interessem mais pelo que lhe será apresentado? Como esti mular maior interesse nesses alunos, que, segundo relatos de professores em exercício na rede pública e privada, se mostram tão alheios à escola e desinteressados em nela aprender? Haverá uma forma de atuar em sala de aula que seja dinâmica e fuja do tradicional “cuspe e giz” que todos nós já vimos um dia em nossas vidas enquanto alunos, ou mesmo como professores? Considerando que a geração atual de alunos vive sob a infl uência constante e permanente das tecnologias digitais de comunicação e informação, como usar as novas tecnologias em sala de aula para transformar e melhorar a experiência de ensino e aprendizagem dos alunos e dos docentes? E como fazer uso desses recursos tecnológicos quando a escola não os tem? Qual será o papel de um novo educador que acaba de sair da faculdade: reproduzir os velhos modelos, ou tentar fazer diferente? De que modo? Como os professores poderão se manter moti vados em seus trabalhos, considerando os salários que recebem e as difi culdades que enfrentam no coti diano escolar? Essas são apenas algumas das perguntas que, longe de poderem ser respondidas fácil e rapidamente, devem permear, sem dúvida, as práti cas pedagógicas dos docentes ao longo de toda sua vida e orientar as ações que defi nem em boa parte o coti diano escolar. Para refl etir 63 A existência da educação não se dá sem uma política educativa que estabeleça prioridades, metas, conteúdos, meios, e para Freire (2001), também os sonhos e as utopias. Neste sentido, ele reforça a importância de [...] termos sonhos de um mundo menos feio, em que se diminuam as desigualdades, as discriminações de raça, de sexo, de classe, devendo-se incorporar aos ensinamentos das Cidades educativas o direito ao cidadão a viver numa verdadeira democracia, o direito de ser diferente de ser respeitado nessa diferença. Caberá então às Cidades educativas, reforça o autor, ensinar a seus filhos que não é preciso se esconder da condição de judeus, de árabes, de alemães, de suecos, de norte-americanos, de brasileiros, de africanos, de latino-americanos de origem hispânica, de indígenas não importa de onde, de negros, de louros, de homossexuais, de crentes, de ateus, de progressistas, de conservadores, para gozar de respeito e de atenção (Freire, 2001 p. 14). 12 Direito à expressão das diferenças e à diversidade. Crédito: © Stefan Holm | 123rf.com. Como base no pensamento do autor e pela análise da Figura 13, você concorda que pode residir aí o papel educacional e político do Estado? Caberá ao poder público das cidades o papel de estimular as suas instituições pedagógicas, culturais, científicas, artísticas, religiosas, políticas, financeiras, de pesquisa para que se empenhem em campanhas com o objetivo de promover a cultura entre as crianças, os adolescentes e os jovens para 64 pensarem e discutirem o direito de serem diferentes sem que isso signifique correr risco de serem discriminados, punidos? O que cabe aos nossos educadores fazer em relação a isso? O cotidiano escolar, em sua dinâmica tão complexa, deve ser permeado por atividades nas quais a disseminação da cultura e o respeito às diferenças seja uma premissa de base. É na escola, no dia a dia da sala de aula, nos intervalos, nas tarefas que se pede aos alunos em aula, no trato pessoal, na relação entre os professores e alunos, entre os funcionários da escola que se pode marcar a diferença nas atitudes que promovam o respeito mútuo. O cotidiano escolar, e o que nele acontece, é também reflexo dos sonhos idealizados dos professores, do diretor da escola, dos coordenadores pedagógicos, dos alunos. O sonho é aqui entendido como um desejo, mesmo que utópico, de um mundo melhor, onde se pode fazer a diferença. É também na escola, onde passamos boa parte de nossas vidas e formamos o nosso caráter, que construímos nossos ideais, por isso enfatiza-se aqui a importância e a responsabilidade dos educadores em formar o cidadão com criticidade, para que, no futuro, sejam eles a promoverem a igualdade e o respeito às diferenças fora do cotidiano escolar. Todos queremos um mundo melhor e nós professores temos realmente o poder de fazer alguma diferença pela educação. 13 Formação de cidadãos críticos. Crédito: © gstockstudio | 123rf.com. Para concluir este tópico que apresentou partes importantes do pensamento de Freire (2001), enfatizando sua noção