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66 9. Bombas São equipamentos mecânicos que fornecem energia mecânica a um fluido incompressível, com o objetivo de promover o seu escoamento a uma determinada vazão e sob desejadas condições de transferência. No caso de fluidos compressíveis são denominados compressores e ventiladores. 9.1. Classificação das bombas Classificação mais útil: maneira como a energia é fornecida ao fluido que está escoando. Dividem-se em 2 grandes grupos: - bombas cinéticas ou dinâmicas (centrífugas) - bombas de deslocamento positivo 9.2. Bombas centrífugas: o que consiste? A energia é fornecida continuamente pela bomba ao fluido, aumentando a sua energia cinética. Posteriormente a energia cinética é transformada em energia de pressão. 9.2.1. Bombas centrífugas: princípio de funcionamento São as bombas mais utilizadas na indústria de alimentos. O líquido entra axialmente na conexão da sucção. O impulsor gira dentro da carcaça e seu movimento produz uma zona de vácuo (centro) e outra de alta pressão (periferia). Figura 9.1. Esquema de uma bomba centrífuga. O fluido entra no centro do rotor devido à esse vácuo e é acelerado pelas pás que giram a alta velocidade. Pela ação da força centrífuga, o fluido é descarregado na voluta ou no 67 difusor, onde é desacelerado devido à expansão da seção de escoamento. Assim, a energia cinética é convertida a energia de pressão. Quanto maior é o número de palhetas, maior é o controle da direção do movimento do fluido e menores são as perdas por turbulência. Bomba com Difusor: o fluido escoa através de uma série de palhetas fixas formando um anel difusor. Isso permite uma mudança mais gradual na direção para o fluido e uma conversão mais eficiente da energia cinética em energia de pressão que a de voluta simples. A uma determinada velocidade, a altura desenvolvida por uma bomba centrífuga varia com a vazão volumétrica. À vazão zero, a altura desenvolvida pela bomba é máxima, e com o aumento da vazão a pressão desenvolvida cai. Na prática, a vazão de descarga é regulada por uma válvula de controle situada na linha de descarga. Figura 9.2. Escoamento dentro de uma bomba centrífuga. a) Bomba de voluta simples. b) Bomba com difusor. Vantagens das bombas centrífugas: a) Construção simples b) Baixo custo c) Fluido é descarregado a uma pressão uniforme, sem choques ou pulsações d) A linha de descarga poderia ser estrangulada (parcialmente fechada) ou completamente fechada sem danificar a bomba e) É capaz de manusear líquidos com grandes quantidades de sólidos f) Pode ser acoplada diretamente a motores g) Não há válvulas envolvidas na operação de bombeamento 68 h) Menores custos de manutenção que outros tipos de bombas Desvantagens das bombas centrífugas: a) Não pode ser operada a altas pressões b) Sujeita à incorporação de ar e normalmente precisa ser escorvada c) A máxima eficiência da bomba se localiza em um curto intervalo de condições d) Não manuseia líquidos altamente viscosos eficientemente Tipos de escoamento: - axial: descarrega o fluido na periferia axialmente (adequado para altas vazões, mas desenvolve baixas pressões) - radial: descarrega o fluido na periferia radialmente (desenvolve altas pressões, mas só é adequado para baixas vazões) - misto Tipos de entrada: - simples: utilizada em pequenas unidades - dupla: quando há entradas simétricas em ambos os lados do impulsor. Nesse caso há melhor distribuição dos esforços mecânicos, além de proporcionar uma área de sucção maior, o que permite trabalhar com uma menor altura positiva na sucção (NPSH). Com isso, há uma diminuição na possibilidade de cavitação. Tipos de rotores: - fechado: é o mais usado em bombas centrífugas e manuseia líquidos límpidos. - semi-aberto: incorpora uma parede usualmente no fundo do rotor, onde estão as palhetas. Sua função é reduzir a pressão no centro do rotor e prevenir que matéria estranha se aloje no fundo do rotor e interfira na apropriada operação da bomba. - aberto: palhetas montadas sobre o eixo. Tem a vantagem de manipular líquidos com sólidos em suspensão e tem a desvantagem de que pode sofrer maior desgaste. Número de rotores: - Um rotor: simples estágio - Vários rotores: múltiplos estágios que permitem o desenvolvimento de altas pressões. 9.2.2. Bombas centrífugas: tipos e escorva Podem ser: 69 - fluxo axial: simples ou múltiplos estágios - impulsor aberto ou fechado - fluxo misto sucção simples auto-escorvante estágio simples - fluxo radial sucção dupla não-escorvante multi-estágio Nos dois últimos casos, o impulsor pode ser aberto, semi-aberto e fechado. A bomba centrífuga deve estar cheia de líquido antes de começar a funcionar, ou seja, deve estar escorvada. Quando a bomba está cheia de ar, a pressão desenvolvida é muito pequena, devido à baixa densidade do ar, porque a altura desenvolvida pelo fluido é a mesma, independente do fluido, mas a pressão não. g V VrgHP ρωρ � == (9.1) 9.3. Bombas de deslocamento positivo: o que consiste? A energia é fornecida periodicamente, mediante superfícies sólidas móveis, que deslocam porções de fluido desde a sucção até a linha de descarga. A pressão de saída é regulada através de válvulas de descarga. 9.3.1. Bombas de deslocamento positivo: princípio de funcionamento: alternativas e rotativas. As bombas de deslocamento positivo liberam um determinado volume de fluido de acordo com a velocidade, sem levar em conta a pressão do sistema (desconsiderando o deslizamento). Quando a vazão do processo diminui, a pressão desenvolvida aumenta e o fluxo da bomba deve ser dirigido para outro lugar, de maneira que se evite a sobre- pressurização. Para proteger a bomba e o sistema, o fluido deve ser desviado a um by-pass, ou aliviado dentro da própria bomba, enviando o fluido da zona de alta pressão (descarga) para a de baixas pressões (sucção). Válvulas de alívio internas: Muitos fabricantes fornecem bombas que incorporam válvulas de alívio de bomba internas. Essas válvulas devem ser consideradas somente como um dispositivo de segurança e não devem ser usadas em controle de processos. Quando uma válvula de alívio interna se aproxima do valor máximo de pressão permitido, esta se abre e o fluido é dirigido internamente para a zona de sucção da bomba. Operações desse tipo proporcionam proteção contra a sobre-pressurização do sistema e limita a possibilidade de destruição da bomba e de componentes do sistema. As válvulas de alívio internas são projetadas para proteger o sistema por curtos períodos de tempo. Quando o fluido recircula 70 dentro da bomba, a potência introduzida pela bomba se dissipa na forma de calor, aumentando a temperatura do produto com o tempo de recirculação. Não é incomum que no alívio; até mesmo quando o período de tempo é curto, a temperatura do produto suba ao ponto em que o líquido evapore na zona de baixas pressões. Quando ocorre tal situação a cavitação aparece do lado de altas até baixas pressões e a destruição prematura da bomba ocorre. Figura 9.3. Cavitação de uma bomba de deslocamento positivo. Alívio externo e válvulas de by-pass: No projeto do sistema de processo, quando se utilizam bombas de deslocamento positivo e o risco de queda de vazão existe é necessário considerar um arranjo de by-pass externo que devolva o líquido para a sucção. Uma válvula de by-pass externa ou outro dispositivo de controle abrirão a uma pressão pré-determinada, permitindo que somente o volume de fluido necessário para manter a vazão de processo saia para o sistema. Quando se dimensiona uma válvula de by-pass externa ou outro dispositivo de controle, estes devem ser capazes de manipular a máxima capacidade da bomba na diferença de pressão necessária para retornar o fluido ao by-pass. Isto inclui perdas por atrito na tubulação,em válvulas e acessórios, bem como da energia potencial. 9.3.2. Bombas alternativas 9.3.2.1. Bombas tipo pistão O princípio de funcionamento é similar ao de uma seringa. Quando o pistão move-se para a esquerda, a pressão no cilindro é reduzida. Então: - A válvula de retenção na linha de sucção se abre (pressão externa > pressão interna) e o líquido escoa para dentro, devido à diferença de pressões. 71 - A válvula de retenção da linha de descarga se mantém fechada. Quando o pistão chega ao final do cilindro: - o movimento se inverte e o pistão começa a mover-se para a direita - aumenta a pressão no cilindro e a válvula de admissão fecha. - a pressão aumenta até que a válvula de retenção de descarga se abre e o líquido sai pressurizado. Figura 9.4. Esquema de uma bomba de pistão. 9.3.2.2. Bombas de diafragma Na Figura 9.5a) a válvula de ar direciona ar pressurizado para o lado do diafragma "A". O ar comprimido é diretamente aplicado à coluna líquida separada por diafragmas elastoméricos. O diafragma age como uma membrana de separação entre o ar comprimido e o líquido. Movimentando o diafragma com ar ao invés do eixo, a carga se equilibra e a tensão mecânica é removida do diafragma, estendendo muito a vida do diafragma. O ar comprimido afasta o diafragma do bloco central da bomba. O diafragma oposto é puxado pelo eixo conectado ao diafragma pressurizado. O diafragma "B" está agora sem ar; porque o ar atrás do diafragma foi forçado para a atmosfera através da saída de exaustão da bomba. O movimento do diafragma "B" em direção ao bloco central da bomba cria um vácuo dentro da câmara "B". A pressão atmosférica força o fluido para dentro da bomba fazendo com que a esfera fique fora do seu assento. O líquido está livre para passar através da válvula esfera e preencher a câmara de líquido. Na Figure 9.5b) pode-se observar que quando o diafragma pressurizado, o diafragma "A", alcança o limite da pressão de descarga, a válvula de ar redireciona ar pressurizado Pistão Válvulas de retenção Linha de descarga Linha de sucção cilindro 72 para o lado do diafragma "B". O ar pressurizado força o diafragma "B" para longe do bloco central ao mesmo tempo que puxa o diafragma "A" para o bloco central. O diafragma "B" força o interior da válvula esfera sobre seu assento, devido às forças hidráulicas desenvolvidas. Estas mesmas forças hidráulicas erguem a esfera da válvula de descarga para fora do seu assento, forçando o fluido a escoar através da descarga da bomba. O movimento do diafragma "A" para o bloco central da bomba cria um vácuo dentro da câmara de líquido "A". A pressão atmosférica força o fluido para dentro da bomba. A esfera da válvula é forçada para fora do seu assento, permitindo que o fluido seja transferido para encher a câmara líquida. Na Figura 9.5c) pode-se notar que quando a câmara "B" está completamente pressurizada, a válvula de ar novamente redireciona ar para o lado do diafragma "A", e se inicia a exaustão do diafragma "B". Quando a bomba alcança seu ponto de partida original, cada diafragma passou por um esvaziamento de ar ou uma pressurização na descarga do fluido. Isto constitui um ciclo completo de bombeamento. A bomba pode levar vários ciclos para tornar-se completamente escorvada dependendo das condições da aplicação. a) b) c) Figura 9.5. Princípio de funcionamento da bomba de diafragma. A cavitação é uma situação que pode ocorrer em qualquer tipo de bomba. Acontece, principalmente, quando a bomba está descarregando menos líquido que sua capacidade, devido a uma redução ou falta de fornecimento de líquido para a bomba. Elevação excessiva da pressão de sucção, NPSH insuficiente, ou operação a velocidades muito altas são causas comuns da cavitação. Erosão do metal, vibração e ruído são problemas provenientes da cavitação. Enquanto que uma cavitação severa é, normalmente, acompanhada por ruído excessivo e dano na bomba, a cavitação moderada poderia produzir somente uma pequena redução na eficiência da bomba e desgaste moderado de partes da 73 bomba. As bombas de diafragma, como outras bombas, não succiona líquidos; mas sim reduzem a pressão na câmara de sucção, e a pressão externa, que é normalmente a atmosférica, empurra o líquido para dentro da bomba. Para qualquer bomba com um determinado tamanho de linha de sucção, a capacidade ou a máxima velocidade é fixa pelo NPSH do sistema. Uma bomba de diafragma pode ser particularmente vulnerável a uma condição de "sucção com pouco líquido", porque geralmente está bombeando uma pasta viscosa, carregada de sólidos. De fato, a maioria dos casos de baixas vazões pode ser localizado a condições de sucção com pouco líquido, devido a uma elevada energia potencial ou linha de sucção muito longa, ou uma combinação de ambos. É igualmente possível que a bomba sofra cavitação, embora a bomba possa esteja com a "sucção inundada". Isso pode ser devido ao fato de tentar descarregar mais do que pode ser puxado pela linha de sucção, que é muito longa e/ou o diâmetro é muito pequeno. Caso a pasta seja bastante "consistente", só será possível bombear uma quantia muito menor que a capacidade total da bomba. A cavitação é prejudicial ao diafragma, porque na sucção o diafragma está sendo puxado mecanicamente pelo eixo conectado ao diafragma pressurizado. Sob cavitação, as condições de escoamento são limitadas e o dano à bomba de diafragma duplo se limitará, provavelmente, aos diafragmas, se comparado aos numerosos componentes caros que se danificam em outros tipos de bombas. 9.3.3. Bombas rotativas Na Figura 9.6 pode-se observar o princípio de funcionamento das bombas rotativas. a) b) c) Figura 9.6. a) Posição 0o: O fluido escoa através do lóbulo superior. O selo é no lóbulo inferior. b) Posição 90o: O fluido escoa através do lóbulo inferior. O selo é no lóbulo superior. c) Movimento reverso: Direção reversível de rotação, reverte o fluxo. 74 Dentre as bombas rotativas, a de lóbulos é a mais amplamente usada na indústria de alimentos. 9.4. Bombas sanitárias As bombas sanitárias são especificamente projetadas para manusear alimentos. Conseqüentemente devem preencher uma série de requisitos para serem adequadas: a) Altamente resistentes à corrosão b) Facilmente desmontáveis para limpeza c) Não pode bater o alimento, nem provocar a formação de espuma d) O sistema de lubrificação não deve contaminar o alimento e) O atrito entre as partes internas deve ser mínimo para não haver incorporação de elementos metálicos no alimento f) As gaxetas devem vedar perfeitamente a carcaça. g) O desenho mecânico das superfícies deve apresentar curvas suaves, sem espaços mortos, nos quais o alimento possa acumular-se Figura 9.7. Bomba de lóbulos sanitária. 9.5. Condições ótimas de utilização das bombas Todas as bombas têm condições ótimas de utilização, ou seja, são mais adequadas para um determinado tipo de fluido, em uma faixa de pressão e a uma dada vazão volumétrica. Assim, na seleção de uma bomba adequada para um sistema deve-se conhecer estas características de operação. As bombas centrífugas são construídas de modo a fornecerem uma ampla faixa de vazões, desde uns poucos l/min até 3.104 l/min. As pressões de descarga podem atingir centenas de atmosferas. Elas trabalham com líquidos límpidos, líquidos com sólidos abrasivos ou ainda, com alto conteúdo de sólidos, desde que o líquido não seja muito viscoso (acima de 500 centi-Stokes). 75 1 4 3 As bombas alternativas de pistão só podem ser utilizadas para deslocamento de fluidos clarificados e limpos, não podendo manusear fluidos abrasivos. São utilizadas para altas pressões, que somente são alcançadas para esses tipos de bombas, porém fornecem baixas vazões. Por outro lado, as bombas de diafragma são específicas para líquidoscorrosivos, soluções alcalinas, polpas, etc. As bombas rotativas são especificamente indicadas para fluidos viscosos, porém não abrasivos. Por isso são usadas, especialmente, com sucos concentrados, chocolate e geléias. 9.6. Conceitos e definições 9.6.1. Altura de projeto Na escolha de uma bomba para um determinado serviço, uma série de magnitudes deve ser calculada. Aplicando o balanço de energia mecânica a um sistema entre os pontos 1 e 2 da Figura 9.8, tem-se que: Figura 9.8. Diagrama de um sistema com bomba 0ˆ 2 1 1 1 2 2 2 2 =++ ++− ++ fÊWvgzPvgzP αραρ Ou ainda: g W g Ê g vz g P g vz g P f ˆ2 1 1 1 2 2 2 2 −=+ ++− ++ αραρ Na equação (9.3), cada um dos termos tem dimensão de usual encontrar o balanço de energia expresso dessa forma em bombas. Também é comum denominar cada um desses termos co 2 (9.2) (9.3) comprimento. É bastante literatura específica de mo alturas. Assim, P/ρ g é 76 a altura de pressão, 2v /α g é a altura de velocidade, z é a altura de posição, - gW /ˆ− é a altura total a ser fornecida pela bomba e Êf/g é a altura de atrito. Pode-se então definir: Altura na descarga: g vz g PH αρ 2 2 2 2 2 ++= (9.4) Altura na sucção: g vz g PH αρ 2 1 1 1 1 ++= (9.5) Substituindo as expressões (9.4) e (9.5) na equação (9.3) obtém-se: Altura de projeto: g E HH g WH f o ˆˆ 12Pr +−=−= (9.6) Portanto, a altura de projeto é o trabalho por unidade de peso de fluido que escoa. Este é o trabalho que efetivamente chega ao fluido, isto é, o que deve ser fornecido ao sistema para obter-se a vazão de projeto. 9.6.2. Relação entre altura de projeto e vazão É interessante analisar como varia a altura de projeto, ou seja, o trabalho que deve ser fornecido ao fluido em função da vazão para diversos tipos de sistemas. Considere o sistema da Figura 9.9, no qual só há perdas por atrito. Aplicando o balanço de energia mecânica entre os pontos 1 e 2 tem-se: (a) (b) Figura 9.9. Variação da altura de projeto em função da vazão (b) para um sistema no qual há somente perdas por atrito. HPro V� 77 0V� Para sistemas como o ilustrado na Figura 9.10, no qual existe um acréscimo de energia potencial, o balanço de energia é: 2 2Pr 42 ˆ +∆== − D V D LfzH g W Fo π � (9.7) (a) (b) Figura 9.10. Variação da altura de projeto com a vazão (b) para um sistema que tem um acréscimo de energia potencial. Quando o sistema é semelhante ao da Figura 9.11, no qual há decréscimo de energia potencial, a relação entre altura de projeto e vazão resulta em: (a) (b) Figura 9.12. Sistema em que há redução de energia potencial (a) e curva da projeto em função da vazão. HPro V� HPro altura de V� 78 (1) Nesse caso, a simples ação da gravidade, sem a ajuda da bomba, fornece uma vazão 0V� . Para obter-se vazões maiores que 0V� é necessário instalar uma bomba que forneça o trabalho adicional requerido e, no caso de vazões menores que 0V� deve-se extrair trabalho do sistema. 9.6.3. Trabalho da bomba. Capacidade Define-se como altura desenvolvida pela bomba, o trabalho por unidade de peso do fluido, que a bomba é capaz de fornecer ao fluido, que escoa em uma determinada vazão. Essa altura pode ser calculada através do balanço de energia mecânica aplicado entre a sucção e o recalque da bomba: )()()(ˆ 2 1 2 2 12 12 g vvzz g PP g WH b αρ −+−+−== (9.8) onde: H= altura desenvolvida pela bomba bŴ = trabalho por unidade de massa fornecido pela bomba Na maioria dos casos, os termos de energia cinética e potencial são desprezíveis em relação à energia de pressão, no volume de controle considerado, entre a sucção e o recalque da bomba. Desta maneira: )(ˆ 12 g PP g WH b ρ −≅= (9.9) ou seja, a altura total desenvolvida pela bomba é proporcional à diferença de pressão entre a sucção e o recalque. O valor da altura desenvolvida pela bomba é determinado experimentalmente pelos fabricantes desses equipamentos e fornecido no que se denomina curva característica da bomba. (2) 79 A vazão volumétrica de trabalho de uma bomba é denominada na bibliografia como capacidade da bomba e normalmente é expressa em m3/h. 9.6.4. Ponto de operação do sistema Para que um sistema alcance uma determinada vazão é necessário fornecer uma certa altura de projeto a ele. Então, para realizar esse serviço é necessário uma bomba que operando nessa vazão desenvolva a altura necessária. A vazão na qual a altura de projeto é igual à altura desenvolvida pela bomba denomina-se ponto de operação do sistema, ou seja: g W g W b ˆˆ =− (9.10) Na seção 9.9 analisar-se-á a determinação gráfica do ponto de operação de um sistema. 9.6.5. Potência útil e potência do eixo. Eficiência Define-se como potência útil, a potência fornecida ao fluido na vazão mássica desejada: )ˆ(ˆ bbu WVWmgHmWútilPotência ���� ρ==== (9.11) Devido às perdas por atrito nos diversos componentes das bombas, fugas internas de líquido da zona de alta pressão à de baixa, etc., a potência que o elemento acionador (motor) fornece ao eixo da bomba, denominada potência no eixo ( eiŴ ) ou potência no freio, deve ser maior que a potência útil transmitida ao fluido. A relação entre a energia ou trabalho útil produzido por um sistema e o trabalho consumido por ele é chamado eficiência: consumido u W WEficiência � � ==η (9.12) No caso das bombas tem-se vários tipos de eficiência: I. Bombas centrífugas (a) Eficiência da bomba ou eficiência mecânica (b) Eficiência elétrica (c) Eficiência global II. Bombas rotativas (a) Eficiência da bomba ou eficiência mecânica 80 Bomba eW� eiW� úW� Fluido pressurizado (b) Eficiência do redutor (c) Eficiência elétrica (d) Eficiência global (e) Eficiência volumétrica III. Bombas alternativas (a) Eficiência da bomba ou eficiência mecânica (b) Eficiência elétrica (c) Eficiência global (d) Eficiência volumétrica Determinação das eficiências: Eficiência da bomb Eficiência elétrica: Eficiência global: Eficiência volumétr As eficiênc eficiências volumét A eficiência bombas pequenas e uma eficiência mec 9.6.6. Altura de s Motor elétrico Potência elétrica a ou mecânica: ica: ias dos motores ricas para as bom mecânica das b de 70 a 90 % e ânica entre 30 e ucção disponíve ei u mec W W � � =η e ei e W W � � =η e u emecg W W � � =⋅= ηηη succionadvolume descarregavolume v =η elétricos são altas, gera bas de deslocamento pos ombas de deslocamento p m bombas maiores. As b 50% para fluidos de proce l (NPSH) Potência no eixo Potência útil (9.13) (9.14) (9.15) o do (9.16) lmente em torno de 95%. As itivo variam entre 90 e 100%. ositivo varia de 40 a 50% em ombas centrífugas apresentam sso e de até 75% para água. 81 1 Há um limite de pressão de vácuo que pode se atingir na sucção de uma bomba. Caso a bomba trabalhe abaixo desse limite, ocorrerá um fenômeno denominado cavitação. Esse limite existe, pois em uma determinada pressão de vácuo, dependendo da temperatura e volatilidade do líquido pode-se alcançar a ebulição. Assim, formam-se bolhas de vapor que viajam da zona de baixa pressão na bomba (sucção) até a zona de alta pressão (saída do impulsor). Neste ponto colapsam, produzindo fortes correntes de líquido que provocam erosão nas partes metálicas da bomba. Durante a cavitação gasta-se energia para acelerar o fluido, o que resulta em uma perdade eficiência da bomba. A altura de sucção disponível em um sistema, conhecida na literatura inglesa como NPSH (Net Positive Suction Head), é utilizada para avaliar a possibilidade de cavitação de uma bomba. NPSH define-se como: g v g PP NPSH sucvapsuc αρ 2)( + − = (9.17) onde: Psuc= pressão absoluta na sucção Pvap= pressão de vapor do líquido à temperatura de sucção vsuc= velocidade na sucção α = fator de correção de energia cinética O NPSH disponível para um sistema como por exemplo o da Figura 9.13 será: g v g PP NPSH sucvap sistema αρ 2 2 )( + − = (9.18) Figura 9.13- Tanque e bomba. O balanço de energia mecânica entre os pontos 1 e 2 é: 2 82 0)()( 21 2 2 12 12 =++−+− → g Ê g vzz g PP f αρ (9.19) Isolando P2/ρ g na equação (9.19) e substituindo em (9.18): g Ê zz g PP NPSH fvap sistema 21 12 1 )( )( →−−− − = ρ (9.20) Considerando a bomba, observa-se que abaixo de um certo valor de NPSH ela começa a cavitar. Os fabricantes fornecem este valor de NPSH requerido pela bomba, em função da vazão. Assim, a cavitação ocorre quando: NPSH disponível no sistema ≤ NPSH requerido pela bomba Portanto, deve-se operar o sistema a uma altura de sucção disponível maior que a requerida pela bomba. NPSH disponível no sistema > NPSH requerido pela bomba Pela equação (9.20) pode-se observar que o valor de NPSH em um sistema decresce com a altura a que se deve elevar o fluido com a temperatura, que aumenta a pressão de vapor no equilíbrio e com as perdas por atrito na tubulação. Conseqüentemente, essa condição fixa a altura de líquido que uma bomba pode succionar em um determinado sistema, para que não haja cavitação. 9.7. Fatores que influenciam a escolha da bomba Fatores que devem ser levados em consideração na seleção de uma bomba: a) Vazão volumétrica do fluido a ser transferido: determina o tipo e a bomba a ser usada b) Energia a ser vencida no sistema: cinética + potencial + pressão + atrito c) Propriedades do fluido: alimento possui diferentes pHs e temperaturas, e vão desde um líquido homogêneo de baixa viscosidade a pastas e espumas com duas fases. - Comportamento reológico - Densidade - Natureza corrosiva ou erosiva do líquido: isso decide o material da tubulação. Tamanho e forma das partículas em suspensão poderia causar erosão na bomba. - Deformação devido ao cisalhamento: alguns alimentos podem sofrer indesejáveis alterações nas suas propriedades devido às forças de cisalhamento que o fluido é submetido na bomba. 83 - Propriedades lubrificantes: algumas bombas não podem manusear material não- lubrificante. d) Temperatura: cavitação e) Necessidades higiênicas: limpeza e agentes esterilizantes. 9.8. Curvas características das bombas Recebem o nome de curvas características das bombas, os diagramas que os fabricantes fornecem aos possíveis usuários, onde estão expressos em forma de gráfico, a altura desenvolvida pela bomba, eficiência, potência no eixo e NPSH em função da capacidade da bomba (V� ). 9.8.1. Bombas centrífugas 9.8.1.1.Curvas características As bombas centrífugas fornecem uma vazão constante, sem flutuações que pode ir desde zero até sua capacidade máxima, variando a altura desenvolvida pela bomba. O fabricante também deve fornecer o NPSH da bomba. Na Figura 9.14 pode-se observar uma curva característica de bomba centrífuga. Figura 9.14. Curva característica de uma bomba centrífuga. 84 A B Instalação em série HA HB HA+ HB 9.8.1.2.Sistemas em série e em paralelo Sistema em série Várias bombas podem ser operadas em série, ou seja, conectadas sucessivamente, em linha, com a finalidade de fornecer alturas maiores do que forneceriam individualmente. Operam à mesma vazão, sendo a altura fornecida igual à soma das alturas desenvolvidas por cada bomba. As curvas características da instalação em série são obtidas pela adição das alturas de cada bomba para uma determinada vazão de processo. Figura 9.15. Curva característica de um sistema de bombas centrífugas em série Para uma determinada vazão de trabalho tem-se: BAsérie HHH += (9.21) A eficiência do sistema em série pode calcular-se como: eiBeiA série WW gHV �� � + = ρη (9.22) onde eiBeiA WW �� e são as potências no eixo gastas nas bombas A e B respectivamente. Sistema em paralelo A adição de duas ou mais bombas em paralelo é útil nos sistemas em que se requer vazões variáveis. As bombas ajustam suas vazões de tal maneira que mantém constante as diferenças de pressão entre os pontos 1 e 2. Essas bombas devem fornecer alturas V� 85 Instalação em paralelo HA HB B AV� BV� BA VV �� + praticamente iguais. As curvas características de um sistema em paralelo são obtidas adicionando as vazões das bombas para cada altura. Para uma mesma altura desenvolvida pela bomba: BAparalelo VVV ��� += (9.23) A eficiência do sistema em série pode calcular-se como: eiBeiA paralelo WW gHV �� � + = ρ η (9.24) onde eiBeiA WW �� e são as potências no eixo gastas nas bombas A e B respectivamente. Figura 9.16. Curva característica de um sistema de bo 9.8.1.3.Influência da viscosidade As curvas características de uma bomba cen obtidas para água a temperatura ambiente. Quando fluido, sua performance não será a mesma. Caso o seguintes mudanças: (1) a bomba desenvolverá m reduzida; (3) a potência requerida no eixo aumentará. A mbas centrífuga trífuga (simila a bomba é usa fluido seja ma enor altura; V� s em paralelo res à Figura 9.14) são da para deslocar outro is viscoso ocorrerá as (2) a capacidade será 86 As curvas características para fluidos de viscosidade superior ou inferior à da água pode ser obtida a partir das curvas para água, utilizando o gráfico da Figura 9.16. Este gráfico é válido para bombas centrífugas convencionais e fluidos newtonianos. Os dados a serem entrados são altura de projeto (head), vazão volumétrica e viscosidade cinemática. Os parâmetros de correção são: CE: Fator de correção da eficiência CQ: Fator de correção da vazão CH: Fator de correção da altura de projeto Figura 9.16. Diagrama para correção da viscosidade em bombas centrífugas. 9.8.2. Bombas de deslocamento positivo 9.8.2.1.Influência da viscosidade 87 A viscosidade influencia bastante a performance das bombas de deslocamento positivo, em especial, nas rotativas, pois as mesmas são usadas para fluidos de média e alta viscosidade. Como muitas dessas bombas não tem grande capacidade de sucção, líquidos muito viscosos podem limitar a capacidade da bomba a altas velocidades, pois não conseguem fluir para dentro da carcaça suficientemente rápido para enchê-la totalmente. Assim, as bombas trabalham muito abaixo da sua capacidade volumétrica. Na tabela 9.1 mostra-se a redução de velocidade aconselhada por um fornecedor para um determinado tipo de bomba. Tabela 9.1. Tabela de redução de velocidade de bombas rotativas com a viscosidade cinemática Viscosidade cinemática (cSt) % redução da velocidade de rotação 133 2 178 6 222 10 444 14 1333 30 2222 50 4444 55 6667 57 8889 60 Por exemplo, uma bomba que trabalha a 800 rpm, bombeando o fluido de calibração, se for utilizado no transporte de um líquido de 2222 cSt, deve ter sua velocidade de rotação modificada para 400 rpm. Com o aumento da viscosidade do líquido, o consumo de potência cresce, enquanto a eficiência da bomba decresce, de maneira semelhante ao que ocorre com as bombas centrífugas. Sistema em série Sistema em paralelo