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FACULDADE NOVE DE JULHO
DIRETORIA DE SAÚDE III
CURSO DE PSICOLOGIA
ANÁLISE DO FILME: M8 QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA
UNINOVE
SÃO PAULO
2021
FACULDADE NOVE DE JULHO
DIRETORIA DE SAÚDE III
CURSO DE PSICOLOGIA
INTEGRANTES DO GRUPO
Cristina Alves Leal 1519200334
Grazieli Estefani Marques Milani de Jesus 1519200150
Josefa Borges da Silva Souza RA 1519200410
Kerolin Karina Diniz Carmo RA 1519200048
Sâmela Santana Dias Pereira - RA: 1519200577
Stefany Oliveira Souza da Silva 1519200365
Sthefany Santos Barros RA:1519200331
Viviane Cristina Oliveira Souza da Silva 1519200364
Viviane dos Santos Ramos Pontes 1519200525
ANÁLISE DO FILME M8 QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA
Psicologia Social: Aspectos Históricos e
Epistemológicos sob a supervisão da Prof.ª
Vanessa Marinho Pereira
UNINOVE
SÃO PAULO
2021
RESUMO
O filme “M8 – Quando a morte socorre a vida”, conta a história de Mauricio, jovem,
negro da comunidade que inicia seus estudos através do sistema de cotas, em uma
universidade federal de Medicina. Em sua aula de Anatomia, o personagem se depara com
um corpo de um homem negro, identificado como M8 – Indigente. Com isto, Mauricio
embarca na aventura para descobrir a origem e história do cadáver ao longo de seu semestre
acadêmico, além de lidar com as diferenças de realidade e seus conflitos e conexão com o
lado espiritual. O protagonista conta com o auxílio de amigos e destaca o sofrimento das
mães que sofrem a perda de seus filhos desaparecidos, abraçando as causas sociais e dando
ênfase a genocídio de negros.
Além da rotina e sobrevivência de um jovem negro, o filme retrata a importância da
religiosidade e/ou ancestralidade, bem como racismo e demais preconceitos, tais como
classes sociais e relação interracial.
Um longa de 2019, estreia em 03 de dezembro de 2021, no Brasil, duração 84
minutos, na plataforma Netflix. Direção: Jeferson De. Roteiro: Carolina Castro, Felipe Sholl,
Jeferson De. Produção: Carolina Castro, Iafa Britz. Fotografia: Cristiano Conceição Trilha
Sonora: Plínio Profeta. Estúdio: Buda Filmes, Migdal Filmes. Montador: Moema Pombo,
Quito Ribeiro. Distribuidora: Paris Filme. Elenco: Juan Paiva (Maurício), Mariana Nunes
(Mãe do Maurício), Zezé Motta, Lázaro Ramos, Ailton Graça, Rocco Pitanga, Léa Garcia,
Tatiana Tibúrcio e Raphael Logan.
ANÁLISE
O Filme aborda traços do Racismo Brasileiro, religiosidade, angústias, desigualdade
social, a comunidade e sua realidade. O protagonista Mauricio é um jovem negro, de
comunidade, cotista na Faculdade Federal de Medicina, sofre preconceito racial e encara a
desigualdade social já no seu primeiro dia de aula, sendo confundido por um colega de classe
como sendo um dos funcionários da instituição.
Maurício sendo o único aluno negro da turma, sente-se deslocado, considerando que
seus colegas são brancos, com condições socioeconômicas privilegiadas e apresenta
dificuldade para enfrentar o ambiente que foi negado durante toda nossa história, trazendo
uma realidade do racismo estrutural no Brasil.
O racismo é existente, se exprime na história de muitos, estrutura as relações, divide
grupos. É um problema grave e precisa ser tratado como tal. No Brasil, o racismo
desenvolveu-se de forma particular, porque o Estado nunca o legitimou, mas foi e ainda é
presente nas práticas sociais e nos discursos. Ou seja, aqui temos um racismo de atitudes,
ainda que não reconhecido pelo sistema jurídico e também negado pelo discurso de harmonia
racial e não-racista da nação brasileira (Guimarães, 1999).
Na sociedade brasileira a séculos, negado e ocultado por essa mesma sociedade não é
agradável, pois nos tira da nossa zona de conforto, nos atinge e nos cobra movimento. Por
conta disso, nem sempre é simples abrir-se para o debate e combate a essa prática que exclui
e em seu extremo, mata. Diante dos fatos cotidianos envoltos na temática de relações raciais e
a constituição dos sujeitos, os problemas que surgem são de interesse e intervenção da
psicologia social, pois a desigualdade racial desenvolve feridas emocionais que profissionais
terão que lidar e saber conduzir com profundidade e fundamentação na dimensão histórica e
na subjetividade de cada indivíduo, estando comprometidos com o processo de acolhimento,
fortalecimento, emancipação e promoção da igualdade racial.
Nas questões raciais dentro das instituições como em ambientes de trabalho,
shoppings, supermercados, entre outros, é possível trazer à luz situações de cunho racista que
na maioria das vezes por não termos consciência racial.“A prática de racismo institucional
pode ser considerada a principal responsável pelas violações de direitos dos grupos raciais
subalternizados” (CREPOP, 2017, p. 48).
Após uma aula de Anatomia, a colega ofereceu uma carona de volta para casa e ao
chegar no bairro questiona se o mesmo é perigoso. Mauricio, por ter crescido no bairro,
afirma tratar-se apenas de um local humilde.
Outro tema relevante é a sua conexão com a religião da Umbanda, herdada de sua
mãe. Ao ter contato com um corpo (identificado como M8) em sua aula de Anatomia, cria-se
um vínculo com o intuito de desvendar as razões para o cadaver do homem negro estar ali
como indigente. De certa forma, o protagonista se enxerga no lugar do morto. O jovem tem a
sensação de que o defunto quer se comunicar, e entra em uma batalha interna para descobrir o
caso.
Todos os dias ao passar pelo trajeto com destino a sua casa, o mesmo se depara com
um protesto de mães negras, humildes e desamparadas, em busca de seus filhos
desaparecidos. Maurício sente que precisa fazer algo diante da situação, pois sente que o
homem estudado em sua aula de Anatomia, se trata de um dos filhos desaparecidos, tendo em
vista que foi advertido por uma líder espiritual que o M8 está tentando se comunicar com ele.
Sendo assim, começa a investigar a origem do falecido, entrando em uma crise interna
de identidade, por sentir que tem mais semelhança com os corpos do que com seus colegas de
classe. Em uma tentativa de dar um enterro digno para o Indigente, o protagonista tenta
convencer a universidade a cessar os estudos com o corpo e enterrá-lo. Ao negarem o pedido,
o jovem furta o M8, levando-o para as mães protestantes para realizarem uma despedida em
memória aos seus filhos.
Podemos destacar as questões políticas sociais, pois, o filme retrata a realidade vivida
por pessoas negras na sociedade, onde ressalta o descaso com a população da comunidade e
trazendo notoriedade ao genocídio dos negros, considerando a quantidade de corpos sem
identificação. A história traz à tona a ausência da representatividade nas universidades.
Conforme estudado em sala de aula a humilhação social que os estudamos sofrem, é
possível identificar os fenômenos históricos sociais de humilhação crônica sofrida por pobres
e seus ancestrais. ”A humilhação vale como uma modalidade de angústia e, nesta medida,
assume internamente – como um impulso mórbido – o corpo, o gesto, a imaginação e a voz
do humilhado.” (Gonçalves Filho, 1998, p.).
Verifica-se a necessidade e a importância dos movimentos sociais, através de grupos
de apoio para dar voz os negros. Como a exemplo no momento em que Maurício pensou em
desistir, a importância de intervenções para as suas reivindicações em esfera do poder
público, que contribuíram para a sociedade.
A rede de apoio define-se como um sistema social aberto, em reorganização
constante, construída individual e coletivamente por grupos de pessoas
com quem o sujeito mantém contato e estabelece vinculações, permitindo a
ligação do sujeito ao meio social, seu reconhecimento pelos demais e um
sentimento de identidade. Dessa rede provém o apoio social e seus
benefícios, como o aumento da autoconfiança, do nível de satisfação com a
vida, do sentido de controle sobre a própria vida, da capacidade de enfrentar
problemas e do bem-estar (Estanislau, 2018).
Portanto, o filme faz um convite à reflexão para um sistema que se mostra indiferente diante
dos desaparecimentos comrelação aos jovens negros assasinados.
REFERÊNCIAS
M8 - Quando a morte socorre a vida” Direção: Jeferson De. País/Ano: Brasil – 2019.
Gênero: drama, Onde assistir: Netflix e Apple TV. Assistido em 12/10/2021 às 15:30h -
Netflix. Indicação da obra: Netflix e Apple TV.
Conselho Federal de Psicologia Relações Raciais: Referências Técnicas para atuação de
psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017. 147 p. ISBN: 9788589208673 1. Psicólogos 2. Políticas
Públicas 3. Relações Raciais. Acesso em 13 de setembro de 2021.
GUIMARÃES, A. S. A. Combatendo o racismo: Brasil, África do Sul e Estados Unidos.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 14(39), 103-117, 1999

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